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quarta-feira, 9 de abril de 2014

Texto Completo do FRED do Fluminense contra as torcidas organizadas

O atacante Fred, do Fluminense, publicou no Facebook e no Twitter um alerta sobre o perigo de reação violenta de torcidas organizadas do clube em caso de desclassificação na Copa do Brasil, na próxima quinta-feira. Ele revela no texto, intitulado "manifesto contra as torcidas organizadas", que no fim de semana passado grupos de torcedores invadiram a sede do clube nas Laranjeiras para agredir os jogadores. Segundo o relato do atleta, ele teve que sair às pressas do local, acelerando o carro e quase provocando um acidente.
Fred se mostra preocupado com as consequências de uma eventual desclassificação do Fluminense, diante do Horizonte, do Ceará, no Maracanã. O time precisa ganhar por 2 a 0 ou três gols de diferença para evitar a eliminação, já que saiu derrotado por 3 a 1 no jogo de ida.
"Após o 'recado' dado no último fim de semana - quando um bando de marginais, travestidos de torcedores, foi para a porta das Laranjeiras ameaçar os jogadores do time -, o futebol brasileiro está prestes a viver mais uma tragédia anunciada nesta quinta-feira, caso o Fluminense não elimine o Horizonte pela Copa do Brasil", escreveu o atacante tricolor.
Em seu longo desabafo, Fred lembra o episódio de três anos atrás, quando foi perseguido na rua por torcedores do Fluminense que o tinham visto num bar em Ipanema. " Em 2011, vivi uma situação parecida aqui mesmo no Fluminense e, desde então, optei por não aceitar esse tipo de intimidação", afirma.
O jogador demonstra ter perdio a paciência com as torcidas organizadas. Segundo ele, são sempre os mesmos, "um bando de à toa", não mais do que vinte pessoas. "Os integrantes de torcidas organizadas não têm direito sequer de reclamar quando o time perde", diz o jogador. Fred argumenta: "Nem ingresso eles pagam". O jogador destaca ainda que muito menos há o direito de agredir ou intimidar jogadores. E acusa: "Ser membro de torcida organizada no Brasil já virou profissão, meio de vida. Há casos de presidentes de facções que se elegem ou conseguem cargos políticos".

Confira a íntegra do comunicado de Fred:

"Após o "recado" dado no último fim de semana - quando um bando de marginais, travestidos de torcedores, foi para a porta das Laranjeiras ameaçar os jogadores do time -, o futebol brasileiro está prestes a viver mais uma tragédia anunciada nesta quinta-feira, caso o Fluminense não elimine o Horizonte pela Copa do Brasil.
Sábado passado, ao sair do meu trabalho, me deparei com cerca de 20 desocupados rodeando meu carro em cima do passeio, praticamente dentro do clube. Os cinco seguranças do time até tentaram conter a fúria desses bandidos… Mas foi em vão! Minha reação, e única defesa, foi acelerar o carro, mesmo correndo o risco de machucar quem estivesse na frente, tendo em vista que começaram a bater no vidro e na lataria do meu veículo. Pra completar, quase provoquei um acidente, pois vinha um caminhão e não vi. Graças a Deus, nada de mais grave aconteceu.
Fui embora indignado, revoltado, pensando se realmente vale a pena tanto esforço e dedicação diários para esse clube que aprendi a respeitar e a gostar. Só no domingo me dei conta de que apenas 20 pessoas (geralmente, as mesmas) estavam matando a minha vontade de dar alegria a milhões de torcedores de verdade, aqueles que vibram com as conquistas e sofrem com as derrotas, mas sem partir pra agressão, pois entendem que nem sempre é possível vencer. Em 2011, vivi uma situação parecida aqui mesmo no Fluminense e, desde então, optei por não aceitar esse tipo de intimidação.
Esse bando de à toa deveria se reunir para protestar contra a falta de segurança pública, educação, saneamento básico, saúde… Ameaçar não trabalhadores e pessoas de bem como eu, mas, sim, os políticos COMPROVADAMENTE corruptos. Eles prestariam um serviço muito maior à sociedade. Mas, em vez disso, surgem do nada às 15h30 de uma quinta-feira - como ocorreu na semana passada - para xingar atletas. Isso quando não conseguem o número do telefone dos jogadores e ficam mandando mensagens com ameaças de morte.
Quantos "Kevins" ainda terão de pagar com suas próprias vidas? Quantos centros de treinamentos terão de ser invadidos? Mais quantos inocentes terão de ser espancados até a morte? Ou será que somente quando um jogador for espancado alguma providência mais enérgica e eficaz será tomada contra esses bárbaros? Ficam as perguntas. O esvaziamento dos estádios de futebol não pode ser uma mera coincidência. As bandeiras que antes tremulavam nas arquibancadas, hoje se transformaram em armas brancas nas mãos desses bandidos.
Quando a imprensa publica tais atos de agressão e vandalismo cometidos pelas organizadas, essas matérias são exibidas entre elas como troféus e, quem os pratica, são tratados como “heróis” internamente. O enfoque deveria ser outro. É preciso questionar os prós e os contras dessas facções, que exploram de maneira ampla a imagem dos times sem pagar royalties; são as principais responsáveis pelas mortes nos dias de jogos e perdas de mandos de campo por seus times; possuem marginais infiltrados; afastam os verdadeiros torcedores dos estádios; e que, por fim, ganham ingressos e até transporte gratuito das diretorias da maioria dos clubes, que insistem em manter uma relação obscura com esse tipo de organização.
Resumidamente, na minha opinião, os integrantes de torcidas organizadas não tem direito sequer de reclamar quando o time perde - tendo em vista que nem ingresso eles pagam -, quanto mais de agredir ou intimidar jogadores. Ser membro de torcida organizada no Brasil já virou profissão, meio de vida. Há casos de presidentes de facções que se elegem ou conseguem cargos políticos.
Lutarei com a arma que tenho. Por isso, a partir de hoje, as comemorações dos meus gols não serão mais para as torcidas organizadas. Meus gols serão dedicados exclusivamente aos verdadeiros torcedores do Fluzão, a não ser que a lei seja mais rigorosa ou os responsáveis por essas facções revejam o papel que elas deveriam exercer, que é apoiar o time do coração incondicionalmente, principalmente nos momentos de dificuldade, pois é quando mais precisamos de incentivo."


O duro desabafo de Fred no Facebook contra torcedores do Fluminense que invadiram o clube na semana passada e teriam ameaçado jogadores — entre os quais, ele próprio —, recebeu nesta quarta-feira uma resposta de um suposto grupo de sócios.

O grupo, autodenominado Vence o Fluminense, também usou as redes sociais para rebater a nota oficial do atacante. Segundo eles, os torcedores que protestaram nas Laranjeiras não eram de facções organizadas, mas “apenas sócios” ligados ao Vence o Fluminense.
Veja trechos da nota em resposta a Fred:
“Com muita tristeza, nós, do grupo político Vence o Fluminense, somos obrigados a nos manifestar sobre as declarações do jogador Fred, expostas na sua rede social no dia 8/4/2014. Infelizes colocações o jogador Fred fez a respeito dos últimos protestos ocorridos no clube, colocações estas em que, para blindar as suas frágeis atuações, preferiu se referir a torcedores organizados como marginais e vândalos.
Primeiramente, devemos destacar que o protesto fora organizado por sócios do clube através de conversas realizadas nos jogos. Todos os protestos foram pacíficos, se limitando a cânticos de indignação a atual situação do clube.
(...) Em nenhum momento os protestos fugiram de tons de indignação, se limitando às arquibancadas do nosso estádio histórico. Em nenhum momento ocorreu qualquer convocação ou reunião com torcidas organizadas no sentido de as mesmas aderirem ao protesto (...).
Cumpre destacar a atitude de ditadura imposta pela diretoria do F.F.C, que determinou aos seus seguranças que impedissem a entrada de torcedores que iriam protestar, sob a ameaça de expulsar os mesmos e excluí-los do quadro de sócios (...). Apenas temos conhecimento de que torcedores foram protestar no portão da saída dos jogadores, de forma pacífica, como todos os protestos, quando o jogador Fred, de forma robusta, jogou seu veículo na direção dos torcedores, conforme o mesmo assume na sua publicação no facebook. (...)
É notório que o aludido jogador praticou tal conduta assumindo os riscos decorrentes da sua atitude, no qual o pior não aconteceu. (...)
Agora, o mesmo jogador (...) vem a público chamar torcedores organizados de vândalos? Marginais? (...) Não estamos defendendo torcedores organizados, estamos defendendo a torcida do F.F.C. (...) Desta forma, apoiamos as torcidas organizadas do F.F.C, repudiando todas as declarações sem qualquer fundamento do jogador Fred, expostas em um momento no qual o mesmo tenta de todas as formas tirar o foco das suas atuações pífias. (...)”



Fred protesta e Fluminense diminui carga de ingressos doados às organizadas

Providência tem objetivo de reduzir as chances de confusão no Maracanã caso o Tricolor seja eliminado pelo Horizonte, do Ceará, na Copa do Brasil


Centroavante promete 'lutar com as armas que tem' e parar de celebrar seus gols com organizadas (Divulgação/Fluminense F.C.)
Centroavante promete 'lutar com as armas que tem' e parar de celebrar seus gols com organizadas

Os frequentes protestos da torcida do Fluminense e as ameaças aos jogadores fizeram o clube enfim decidir mudar o relacionamento com as organizadas. Após reunião nas Laranjeiras, a cúpula diretiva tricolor teria decidido diminuir a quantidade de ingressos doados às facções para a partida da Copa do Brasil contra o Horizonte, do Ceará, nesta quinta-feira,

A providência tem objetivo de reduzir as chances de confusão no Maracanã caso o Flu seja eliminado. Além disso, a Polícia Militar também se organizou previamente para impedir incidentes e deve aumentar o efetivo na partida.

A longo prazo, o planejamento do Fluminense é retomar a prática do segundo semestre do ano passado, quando nenhum ingresso era cedido aos torcedores organizados. Assim, a escolha por reduzir a carga ao invés de cortar totalmente o subsídio seria para evitar maior descontentamento.

A relação da torcida com o Fluminense tem sido conturbada nos últimos meses. Após o rebaixamento para a Série B do Campeonato Brasileiro em campo, nem o retorno nos tribunais fez com que os tricolores voltassem a confiar na equipe. O fraco futebol apresentado no Carioca e a derrota por 3 a 1 para o Horizonte pioraram a imagem da equipe, mas a gota d’água para a decisão de diminuir os ingressos cedidos foi o incidente ocorrido no último sábado. Na ocasião, cerca de 30 pessoas ligadas às torcidas organizadas abordaram jogadores na saída do treino para “cobrar” melhor desempenho.

O comportamento destes torcedores deixou o atacante Fred bastante irritado. Um dos alvos da manifestação, o jogador desabafou nas redes sociais. “Os integrantes de torcidas organizadas não têm direito sequer de reclamar quando o time perde – tendo em vista que nem ingresso eles pagam –, quanto mais de agredir ou intimidar jogadores”, reclama.

É com este péssimo clima que o Fluminense vai a campo nesta quinta-feira para encarar o Horizonte, pela primeira fase da Copa do Brasil. Após ser derrotado por 3 a 1 no Ceará, o Tricolor precisa vencer por 2 a 0 ou por três gols de diferença para se classificar no tempo normal. Devolver o placar leva a decisão para os pênaltis, enquanto qualquer outro resultado elimina o time carioca da competição.

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