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segunda-feira, 25 de janeiro de 2021

Gastos com a dívida pública cresceram 33% em 2020







 GASTOS COM A DÍVIDA PÚBLICA CRESCERAM 33% EM 2020
Maria Lucia Fattorelli
Rodrigo Ávila
Rafael Muller
25.01.2021


Neste estudo, apresentamos o gráfico do Orçamento Federal Executado (pago) em 2020 e mostramos o imenso privilégio dos gastos com a chamada dívida pública e seus mecanismos, em especial os operados pelo Banco Central, o que comprova a urgente necessidade de realização de auditoria integral, com participação social, a fim de enfrentarmos esse perverso Sistema da Dívida, que tem transformado o nosso rico país em um dos mais injustos e desiguais do planeta. É hora de virar o jogo! 


Orçamento Federal Executado (pago)em 2020 = R$ 3,535 TRILHÕES 

Inclui gastos do “Orçamento de Guerra” autorizado pela Emenda Constitucional 106/2020 

Fonte: https://www1.siop.planejamento.gov.br/QvAJAXZfc/opendoc.htm?document=IAS 

%2FExecucao_Orcamentaria.qvw&host=QVS%40pqlk04&anonymous=true&sheet=SH06 


Nota: Consulta em 15/1/2021. Orçamento Fiscal e da Seguridade Social. Inclui o chamado “Orçamento de Guerra”, aprovado 

por meio da Emenda Constitucional 106/2020 no contexto da pandemia. Gráfico por Função, com exceção das Funções 

“Encargos Especiais” e “Assistência Social”, cujas parcelas foram desmembradas de acordo com a natureza da despesa. A 

Função “Encargos Especiais” foi desmembrada em “Juros e Amortizações da Dívida” (GND 2 e 6); “Transferências a Estados e 

Municípios” (Programa 0903), e “Outros Encargos Especiais” (compostos principalmente de gastos de R$ 50 bilhões com o 

cumprimento de Sentenças Judiciais, e gastos de R$ 58 bilhões com garantias dadas aos bancos no âmbito do PRONAMPE, no 

valor de R$ 38 bilhões, e no âmbito do Fundo Garantidor de Investimentos no valor de R$ 20 bilhões, relacionados a empréstimos concedidos a micro, pequenas e médias empresas). A Função “Assistência Social” foi desmembrada para destacar a parcela referente ao “Auxílio Emergencial”, mostrada separadamente no gráfico. 


Privilégio dos gastos com a Dívida Pública reforçam a necessidade de Auditoria 

O gráfico do orçamento federal divulgado anualmente pela Auditoria Cidadã da Dívida (ACD) já se tornou o carro-chefe das publicações da entidade, pois a sua apresentação didática facilita a compreensão da sociedade em relação à distribuição dos recursos federais. 


O gráfico referente ao ano de 2020 inclui os gastos do chamado “Orçamento de Guerra” autorizado pela Emenda Constitucional 106/2020 para o período da pandemia da Covid-19, e mostra que, mais uma vez, a maior fatia do orçamento federal foi destinada aos pagamentos de juros e amortizações da dívida pública. Em 2020, os gastos com essa dívida atingiram R$ 1,381 TRILHÃO, quantia 33% superior ao valor gasto em 2019, privilegiando principalmente grandes bancos e investidores nacionais e estrangeiros. 


A inclusão dos gastos do chamado “Orçamento de Guerra” influenciou as seguintes rubricas orçamentárias, que receberam recursos extraordinários, conforme Tabela 1: 


Tabela 1 

RUBRICAS ORÇAMENTÁRIAS QUE RECEBERAM RECURSOS 

EXTRAORDINÁRIOS EM 2020 

FUNÇÃO VALOR PAGO (R$) 

Assistência Social (Auxílio Emergencial) * 

292.945.434.082 

Assistência Social (Outros) 36.676.414.868 

Transferências a Estados e Municípios 79.147.025.919 

Outros Encargos Especiais** 69.908.770.096 

Saúde 39.744.108.114 

Comércio e Serviços 3.077.317.353 

Educação 937.175.533 

Defesa Nacional 519.228.108 

Ciência e Tecnologia 423.585.688 

Direitos da Cidadania 241.131.755 

Segurança Pública 196.547.991 

Relações Exteriores 90.291.347 

Administração 54.306.279 

Previdência Social 53.832.356 

Comunicações 2.223.204 

Trabalho 902.055 

Transporte 159.202 

TOTAL 524.018.453.951 


Fonte: https://www1.siop.planejamento.gov.br/QvAJAXZfc/opendoc.htm?document=IAS 

%2FExecucao_Orcamentaria.qvw&host=QVS%40pqlk04&anonymous=true&sheet=SH06 


Nota*: O valor do Auxílio Emergencial pago a quase 70 milhões de pessoas (inicialmente R$ 600,00/mês e reduzido para 

R$300,00) somou R$ 292,94 bilhões em 2020. 

Nota**:O Tesouro Nacional destinou R$ 58 bilhões ao Fundo Garantidor de Operações (FGO) e ao Fundo Garantidor de Investimentos (FGI), prestando garantias, às custas de emissão de títulos da dívida pública, aos empréstimos feitos pelos bancos às micro, pequenas e médias empresas no contexto da pandemia, sendo R$ 38 bilhões referentes ao PRONAMPE e R$ 20 bilhões a outros empréstimos no âmbito do FGI. Esse aporte de recursos extraordinários majorou o Orçamento Federal Executado em R$ 524,02 bilhões no ano de 2020, o que obviamente afetou a representação gráfica percentual das diversas rubricas orçamentárias, especialmente se compararmos com dados de anos anteriores. 


Para ilustrar e ajudar a compreensão da evolução dos gastos federais, apresentamos o comportamento de alguns gastos selecionados na tabela 2 a seguir: 


Tabela 2 

Valores Nominais destinados para rubricas selecionadas com base em dados do Orçamento 

Federal Executado em 2019, no total de R$ 2,711 trilhões, 

e em 2020, no total de R$ 3,535 trilhões 

Participação Participação Valor Valor Variação Rubricas percentual no percentual no Variação Nominal Nominal Percentual Orçamentárias total do total do 

Fonte: Orçamento Federal Executado (pago) em 2019, detalhado em: https://auditoriacidada.org.br/conteudo/graficodo-

orcamento-federal-2019-2/ e Orçamento Federal Executado (pago) em 2020, detalhado no início deste texto. 


A tabela 2, acima, evidencia a inaceitável redução dos gastos federais em Educação, tanto em termos 

nominais com o percentuais, o que denota o descaso com as universidades públicas, institutos de educação federais, de pesquisa e outras instituições que produzem o conhecimento indispensável ao nosso desenvolvimento socioeconômico. Mostra também que apesar dos aportes de recursos extraordinários realizados em 2020, em áreas importantes como Saúde e Transferências para Estados e Municípios, o maior crescimento nominal de gastos está localizado nos gastos com juros e amortizações da dívida pública, que aumentou R$ 344 bilhões. Conforme também representado no gráfico do orçamento executado em 2020, o Auxílio Emergencial está sendo tratado 

separadamente de “AssistênciaSocial” para não provocar distorção comparativa. 

Porque os gastos com a Dívida Pública cresceram proporcionalmente mais que todas 

as demais rubricas orçamentárias 


Os gastos com juros e amortizações da dívida pública consumiram a quantia de R$ 1,381 Trilhão em 2020, representando a maior fatia do orçamento federal, sendo também o gasto que apresentou o maior crescimento nominal, como antes detalhado, 33% superior ao valor gasto em 2019. 


Dentre as explicações para essa elevação dos gastos com a dívida, ressaltamos o impacto das emendas 

constitucionais 95/2016 e 106/2020, além do elevado custo dos juros aplicados sobre a dívida pública, os gastos com variação cambial da dívida externai, as emissões para dar garantias aos bancos para que eles emprestassem às pequenas empresas, além do volume de vencimentos de títulos em 2020ii . O crescimento espantoso das operações compromissadas operadas de forma abusiva pelo Banco Central, que chegaram a superar R$1,7 trilhão em setembro/2020, também representam um gasto extorsivo com o que denominamos Bolsa-Banqueiro. 


O governo tem alegado que R$ 302 bilhões de gastos com a pandemia teriam sido viabilizados pela emissão de títulos da dívida interna federal. Porém, cabe ressaltar que cerca de R$ 70 bilhões desse montante são referentes a títulos emitidos para dar garantias públicas aos bancos para que estes emprestassem para pequenas empresas, por exemplo, através do Pronampe e do Programa de financiamento de folha de pagamento. Adicionalmente, há que se ressaltar que possuíamos recursos na Conta Única do tesouro, provenientes de outras fontes, suficientes para arcar com os gastos com a pandemia, e temos detectado, desde 2014, a utilização desses recursos para pagar dívida pública, conforme diagrama “A mentira do déficit financiado por endividamento”, inserido mais adiante. 


A Emenda Constitucional 95 (EC-95) deixou os gastos da chamada dívida pública fora do teto de gastos, sem controle ou limite algum, enquanto todos os gastos relacionados à manutenção da estrutura do Estado e serviços prestados à população estão submetidos a injustificado teto rebaixado, o que tem paralisado a possibilidade de investimentos em áreas essenciais, deixando a população desassistida em seus direitos constitucionais básicos. 

O impacto dessa restrição imposta pela EC-95 tem sido sentido de forma dramática durante a pandemia, tanto na área da saúde -diante da insuficiência de hospitais, serviços de saúde em geral, equipamentos, pesquisa científica, inovações tecnológicas, profissionais de saúde e até materiais básicos de proteção e tratamento, como oxigênio, seringas etc. – como em áreas correlatas que interferem diretamente no agravamento do quadro pandêmico, como saneamento básico, transporte público, moradia, educação, assistência, entre várias outras. O drama que temos enfrentado mostra que a mera possibilidade de flexibilização da EC 95 para gastos urgentes em 2020 tem sido completamente insuficiente para reparar o estrago decorrente da histórica insuficiência de investimentos que deixaram de ser feitos durante anos, devido à priorização dos gastos com a dívida pública. 


Por sua vez, a Emenda Constitucional 106 (EC-106) incluiu impressionantes privilégios oportunistas para os bancos e para os gastos financeiros com a dívida pública. Diante do estado de calamidade pública decorrente da pandemia, em vez de reduzir a zero os juros ou suspender o seu pagamento, a fim de destinar mais recursos para as áreas sociais e salvar vidas, a EC 106 fez o contrário e privilegiou ainda mais os rentistas durante a pandemia. 

Liberou totalmente o pagamento de juros, inclusive por meio da emissão de novos títulos da dívida, suspendendo a aplicação do Art. 167, III, da própria Constituição Federal, agravando assim a situação das contas públicas e aumentando a transferência de renda e riqueza dos mais pobres para os mais ricos. Os dados revelam o aumento dos gastos com a dívida pública em R$ 344 bilhões, alcançando a cifra de R$ 1,381 trilhão em 2020, equivalente a 472% do valor gasto como “Auxílio Emergencial”. 


A EC-106 incluiu também, em seu Art. 7º, a possibilidade de o Banco Central atuar como um mero agente no mercado de balcão e adquirir papéis podres dos bancos, sem qualquer limite, podendo gastar trilhões de reais que irão impactar no crescimento da dívida pública sem contrapartida. Em 2020, o Banco Central chegou a expedir uma circular sobre tal operação, como analisamos em https://auditoriacidada.org.br/conteudo/por-que-gastar-trilhoespara-comprar-papel-podre-analise-da-circular-4-028-do-banco-central-por-maria-lucia-fattorelli/ , mas ainda não realizaram compras de papéis podres dos bancos, tendo em vista que o referido Art. 7º está sendo questionado junto ao Supremo Tribunal Federal, por meio da Ação Direta de Inconstitucionalidade ADI 6417, conforme peças disponíveis em
https://auditoriacidada.org.br/conteudo/acao-direta-de-inconstitucionalidade-ec-106-art-7/


O principal fator de crescimento da dívida pública federal em 2020 está localizado no crescimento espantoso das operações compromissadas operadas de forma abusiva pelo Banco Central, que chegaram a superar R$1,7 trilhão em setembro/2020, conforme detalhado em capítulos da novela “Assalto aos Cofres Públicos” disponível em

https://auditoriacidada.org.br/conteudo/assalto-aos-cofres-publicos-pl-3-877-2020-pl-9-248-2017-plp-19-2019-e-plp112-2019/


Na prática, tais operações se prestam a remunerar diariamente a sobra de caixa dos bancos, embora não 

exista amparo legal para isso, por isso, para agradar aos bancos, se busca aprovar o PL 3.877/2020iv , que não só visa “legalizar” tal remuneração injustificada aos bancos, como também a deixar sem limite ou parâmetro algum, eternizando a BOLSA-BANQUEIRO injustificada! 


Analisando-se detalhadamente os dados oficiais v reproduzidos na Tabela 3 a seguir, percebe-se claramente que o crescimento da dívida bruta do governo geral neste ano, até outubro/2020, foi de R$ 1,075 trilhão, sendo que a maior parte desse crescimento se deve ao aumento espantoso de R$ 589,2 bilhões no estoque das “Operações Compromissadas”. 


Tabela 3 

Reprodução da tabela divulgada pelo Banco Central 

https://www.bcb.gov.br/content/estatisticas/docs_estatisticasfiscais/Notimp3.xlsx Tabelas 17 e 19 

É evidente que o agravante crescimento da dívida pública está relacionado a esse mecanismo operado pelo 

Banco Central, sob a desculpa de necessidade de controle de liquidez, sendo que em 2020, o próprio Banco Central 

injetou R$ 1,2 trilhão de liquidez nos bancos a partir de março de 2020, como amplamente noticiadovi . A justificativa 

para tal injeção de liquidez foi a alegação de que os bancos iriam facilitar empréstimos às empresas, mas aconteceu o 

contrário conforme detalhado no Capítulo 2 da novela “Assalto aos Cofres Públicos” disponível em 

https://auditoriacidada.org.br/conteudo/assalto-aos-cofres-publicos-pl-3-877-2020-pl-9-248-2017-plp-19-2019-e-plp112-2019/ . 


O dinheiro que deixou de ser emprestado às empresas e à sociedade em geral foi destinado aos depósitos ilegais junto ao Banco Central, aumentando a remuneração da sobra de caixa dos bancos às custas do crescimento da dívida pública e dos gastos com essa chamada dívida. O rombo das contas públicas se encontra aí, nos gastos do Banco Central, como detalhado em recente artigo https://auditoriacidada.org.br/conteudo/tesouro-gastou-quase-r-3tri-com-o-banco-central-desde-2010/ , e não na estrutura do Estado que se quer destruir com as propostas que tramitam no Congresso Nacional e visam aumentar ainda mais os privilégios da chamada dívida pública, conforme citado no artigo disponível em https://auditoriacidada.org.br/conteudo/extra-classe-pecs-em-analise-no-congressoaniquilam-estrutura-do-estado-e-aumentam-privilegios-dos-bancos-por-maria-lucia-fattorelli/ . 

As micro, pequenas e médias empresas enfrentaram imensas dificuldades para acessar crédito bancário, o que foi minorado somente quando o Tesouro Nacional liberou R$ 58 bilhões aos bancos, às custas de mais emissão de títulos da dívida pública que mais uma vez influenciaram em seu crescimento em 2020, para privilegiar os bancos que se negarama cumprirsua missão essencial que érealizarempréstimos! 


Historicamente, os juros têm sido o principal fator de crescimento da dívida pública. Inicialmente, é preciso 

lembrar que apenas uma parte dos títulos públicos que compõem a Dívida Pública Mobiliária Federal interna 

(DPMFi) são remunerados com base na Selic, e a maior parcela corresponde a títulos prefixados ou remunerados 

com base em outros indicadores. Por essa razão, apesar da Selic ter caído e se encontrar no patamar de 2% ao ano, a 

taxa média de remuneração dos títulos da dívida federal pelo Tesouro Nacional nos últimos 12 meses de 2020 foi de 

8,4% ao ano, ou seja, quase 4 vezes o valordaSelic.vii 


É importante ressaltar esse aspecto, diante dos diversos discursos equivocados de que o problema do 

endividamento público estaria solucionado face à queda da Selic. Os dados demonstram que o rombo provocado 

pelos gastos com a dívida pública segue imenso, consumindo recursos que deveriam se destinar às urgentes 

necessidades sociais, especialmente em tempos de pandemia. 


Natureza dos Gastos com a Dívida Pública 


Preliminarmente, é preciso ressaltar que o próprio Tribunal de Contas da União já declarou que a dívida 

pública brasileira não tem servido para investimentos no país, conforme trecho de palestra disponível em 

https://auditoriacidada.org.br/video/tcu-afirma-que-divida-nao-serviu-para-investimento-no-pais/ . 


Ora, se não tem servido para investimentos, para que tem servido? Em recente artigo disponível em 


https://auditoriacidada.org.br/conteudo/para-que-tem-servido-a-divida-publica-no-brasil-por-maria-lucia-fattorelli/ 


mostramos que a dívida pública brasileira tem sido formada por diversos mecanismos financeiros ilegais e 

ilegítimos, como a remuneração da sobra de caixa dos bancos antes mencionada, por exemplo, mas o principal fator 

de crescimento histórico da dívida decorre da aplicação de juros elevadíssimos, como atestam diversos documentos 

oficiais. 


Exatamente para esconder o histórico peso dos juros da dívida, grande parte dessa despesa com “juros” tem 

sido contabilizada como se fosse “amortização”, como denunciado pela Auditoria Cidadã da Dívida desde a CPI da 

Dívida Pública realizada na Câmara dos Deputados (Ver Relatório apresentado ao Ministério Público disponível em: 

https://auditoriacidada.org.br/conteudo/relatorio-especifico-de-auditoria-cidada-da-divida-no-1-2013/ . 


O gráfico divulgado anualmente pela Auditoria Cidadã da Dívida (ACD) é construído com dados oficiais 

disponibilizados pelo governo federal, e soma os gastos com juros e amortizações da dívida exatamente por causa 

dessa manobra de contabilização de juros como se fosse amortização, conforme explicação resumida em 

https://auditoriacidada.org.br/explicacao/ . 


Em 2020, por exemplo, o governo contabilizou oficialmente como “juros da dívida” apenas o valor de R$ 

347 bilhões, enquanto o valor efetivamente gasto com tais juros ficou muito acima disso. Calculando-se uma 

estimativa extremamente conservadora, que não considera os juros incidentes sobre emissões de dívida federal 

ocorridas durante o ano, obtém um gasto com juros da dívida federal de no mínimo R$ 515 bilhões em 2020. Essa 

estimativa foi obtida mediante a multiplicação do custo médio da dívida federal divulgado pela Secretaria do 

Tesouro Nacional, de 8,4% a.a., pelo estoque da dívida pública federal no início de 2020, no valor de R$ 6,137 

trilhões viii . Essa estimativa mostra que o valor mínimo dos juros em 2020 teria sido de R$ 515 bilhões, enquanto o 

valor do gasto com juros informado pelo governo no SIAFI foi R$ 347 bilhões, nitidamente inferior ao valor 


efetivamente pago. Isso ocorre devido à contabilização de grande parte dos juros como se fosse “amortização”, como 

temos denunciado há anos! 


Considerando a completa ausência de transparência em relação aos gastos com juros que são computados 

como “amortização”, as rubricas “juros” e “amortizações” precisam ser somadas para representar os gastos com a 

dívida públicaem cadaano, como temosrepresentado nos gráficos da ACD divulgados anualmente. 


Alguns analistas ignoram ou desconhecem a contabilização de juros como se fosse amortização, e têm 

criticado o gráfico divulgado pela ACD. Alegam, equivocadamente, que os gastos com a dívida não deveriam incluir 

os pagamentos referentes às amortizações, que, segundo eles, seriam correspondentes a mera “rolagem” ou 

“refinanciamento”, ou seja, o pagamento de amortizações com recursos obtidos com novos empréstimos. Segundo 

eles, tratar-se-ia apenas de mera trocade dívida velha por nova, sem representarnenhum gasto orçamentário. 


Tal crítica não tem respaldo nos dados oficiais e mostra desconhecimento do processo de contabilização dos 

gastos com a chamada dívida pública. A dita “rolagem” não representa somente amortizações efetivas, mas inclui o 

pagamento de grande parte dos juros da dívida, como antes mencionado, os quais são contabilizados como se fossem 

“rolagem” exatamente para não mostrar o imenso peso dos juros para os cofres públicos e escapar da restrição 

prevista no Art. 167, III, da Constituição Federal, privilegiando os gastos financeiros com a dívida, em detrimento de 

investimentos de interesse social, como temos denunciado há anos. 


É preciso ressaltar ainda que, em 2020, a parcela de R$ 458 bilhões, empregada no pagamento de juros e 

amortizações é proveniente de fontes que nada tem a ver com novos empréstimosix , ou seja, quase meio trilhão de 

reais também não se enquadrariam no conceito de “rolagem”. Esses R$ 458 bilhões correspondem a receitas 

provenientes de lucros das empresas estatais, lucros do Banco Central, recebimento de dívidas que a União écredora, 

remuneração da conta única do Tesouro nacional, ou seja, recursos provenientes de outras fontes distintas da emissão 

de novos títulos da dívida, e que poderiam se destinar a outros gastos públicos de interesse da sociedade, em especial 

nas áreas de Educação, SaúdeeAssistênciaSocial, mas estão sendo consumidos nos pagamentos da dívida. 


Esse fato é mais uma evidência da importância da realização da auditoria com participação social, pois a 

ferramenta da auditoria revela e prova as manobras feitas para desviar recursos públicos para os privilegiados 

rentistas, como a destinação desses R$ 458 bilhões em 2020, por exemplo, que poderiam ter feito grande diferença 

no enfrentamento dapandemia, masforam consumidos nos gastos com achamadadívida. 


Ademais, a utilização desses R$ 458 bilhões em 2020 para pagar dívida demonstra que ao contrário do 

discurso de que a dívida pública estaria supostamente financiando áreas sociais, na realidade, a dívida tem subtraído 

recursos das áreas sociais desde a crise fabricada em 2014, como explicado em recente artigo disponível em 

https://auditoriacidada.org.br/conteudo/a-mentira-do-deficit-orcamentario-por-rodrigo-avila/ , ilustrado no diagrama 

a seguir: 


Enquanto países desenvolvidos continuamente tomam empréstimos para investir na economia, gerando 

resultado em termos de desenvolvimento, renda e arrecadação tributária – e subsequentemente tomando novos 

empréstimos para novamente impulsionar a economia – no Brasil novos títulos têm sido sucessivamente para pagar 

juros e amortizações de dívidas anteriores, transferindo sistematicamente renda e riqueza dos mais pobres para os 

muito ricos e condenando o país à injustiça social e ao atraso tecnológico. Ainda assim, alguns analistas revelam a 

sua incompetência ou má fé, ao afirmar que a chamada “rolagem” não teria nenhum significado orçamentário ou 

econômico, quando os dados comprovam o contrário. 


Por fim, alguns analistas chegam ao disparate de afirmar que devido ao fato de a maior parte da dívida 

pública se denominar em moeda nacional, se poderia simplesmente emitir moeda aos trilhões e quitá-la, entregando 

esses trilhões de reais aos detentores dos títulos da dívida, sem qualquer verificação por meio da auditoria. Os que 

apoiam esse cego pagamento da dívida ignoram toda a composição ilegal, ilegítima e até fraudulenta de grande parte 

da chamada dívida pública. Propor pagamento de dívida sabidamente marcada por ilegalidades comprovadas até por 

diversas Comissões Parlamentares de Inquérito no Congresso Nacional é a mesma coisa que propor abertamente o 

desvio de dinheiro público para a corrupção, para desonerações tributárias escandalosas, e outros privilégios 

absurdos que só favorecem àqueles que jásão muito ricos. 


Os referidos analistas também ignoram a atual política monetária suicida do Banco Central (BC), que 

remunera a sobra de caixa dos bancos sob alegação de “controle de liquidez”. Ou seja, mesmo que a dívida fosse 

toda paga em dinheiro, o BC logo recolheria este valor, e aumentaria a remuneração aos bancos e rentistas sobre este 

montante majorado, pagando-lhes juros diários, exacerbando ainda mais os privilégios dos bancos, como verificado 

em 2020 quando o BC liberou o pacote de liquidez deR$1,2 trilhão, antes comentado. Interessante observar que os 

mesmos analistas que defendem tal privilégio dos bancos costumam também defender o PL 3.877/2020, que dá ao 

presidente do BC, costumeiramente proveniente do setor financeiro, a prerrogativa de remunerar livremente, sem 

limite ou parâmetro algum, à vontade, asobra de caixa dos bancos. 


Defender emitir e destinar trilhões para pagar cegamente a dívida pública antes de uma auditoria significa 

doar essa montanha de recursos públicos abertamente para o setor financeiro, pois os bancos são os maiores 

detentores de títulos públicos, e também para grandes rentistas que já são os mais ricos do país. Tal ato agravaria 


ainda mais a concentração de renda e riqueza, além do impacto ambiental devido à elevação do consumo dos ricos, 

colocando toda acapacidade produtivado país a serviço de uma eliteque não trabalha evive de juros. 


Ademais, os que defendem o completo pagamento da dívida pública antes de realizar a auditoria, mediante 

emissão de moeda aos trilhões, sem qualquer restrição, contraditoriamente reconhecem que há uma restrição para a 

emissão de moeda: o limite da capacidade instalada da economia, que poderia sim ser aumentada, porém, de forma 

paulatina, ou seja, sempre há um limite para esta capacidade. Portanto, a entrega de moeda para o setor rentista 

sempre vai significar aretirada de renda eriquezadaclasse trabalhadoraem benefício da classe rentista. 


A Auditoria Cidadã da Dívida sempre foi favorável à emissão de moeda, porém, para investimentos sociais, 

e não para acobertar fraudes e acentuar ainda maisa concentração de renda e riqueza no país. 


Conclusão 


Os dados resumidos no presente estudo comprovam mais uma vez a necessidade de auditoria da dívida, 

especialmente no Brasil. Enquanto diversos países tomam empréstimos para investir na economia real, aumentando a 

atividade econômica e gerando resultado em termos de desenvolvimento socioeconômico, emprego, renda e 

arrecadação tributária, no Brasil a natureza da chamada dívida pública tem sido marcada por mecanismos financeiros 

sem qualquer contrapartida real, juros elevadíssimos, juros sobre juros, e contratação de nova dívida sucessivamente 

parasustentar esse Sistema da Dívidax. 


Esse funcionamento distorcido do endividamento público no Brasil tem minado nossas possibilidades de 

desenvolvimento socioeconômico, condenando o rico Brasil a um atraso tecnológico inaceitável, pois a riqueza 

produzida pela classe trabalhadora é transferida para os que vivem de juros, beneficiando grandes bancos e 

investidores nacionais e estrangeiros. 


Precisamos avançar com a realização da auditoria da dívida, com participação cidadã, e interrompermos 

imediatamente os inaceitáveis mecanismos que usurpam o instrumento do endividamento público e têm consumido 

recursos que deveriam ser destinados ao atendimento das necessidades sociais e ao nosso desenvolvimento 

socioeconômico, como temos denunciado na campanha É HORA DE VIRAR O JOGO, disponível em 

https://auditoriacidada.org.br/e-hora-de-virar-o-jogo/ . 


AUDITORIA JÁ! 

ÉHORA DE VIRAR O JOGO! 


iEm2020, a dívida externa aumentouR$138bilhões, emgrandepartedevidoà desvalorizaçãocambial.Fonte: 

https://www.bcb.gov.br/content/estatisticas/docs_estatisticasfiscais/Notimp3.xlsx Tabela 17 

iiEm2020, essemontanteaumentouemR$162,4bilhões(Fonte:Tabela 3.3doarquivodisponível em 


https://sisweb.tesouro.gov.br/apex/f?p=2501:9::::9:P9_ID_PUBLICACAO_ANEXO:7155 

iiihttps://www.tesourotransparente.gov.br/visualizacao/painel-de-monitoramentos-dos-gastos-com-covid-19 

ivOPL 3.877/2020deautoria doSenadorRogérioCarvalhodoPT/SE, assimcomooPL 9.248/2017, deautoria de 

Michel Temer, HenriqueMeireleseIlanGoldfajn, eoPLP112/2019, enviadoporPauloGuedes, RobertoCamposNeto 

eJairBolsonaro, criama figura do“DepósitoVoluntárioRemunerado”aosbancospeloBancoCentral para “legalizar” 

a remuneraçãodiária da sobra decaixa dosbancosàscustasderecursospúblicos.VerINTERPELAÇÃOEXTRAJUDICIAL 

AOS DEPUTADOS https://auditoriacidada.org.br/parlamentares-recebem-interpelacao-extrajudicial-para-barrar-a-pl3877-

2020-na-camara-dos-deputados/ 


vhttps://www.bcb.gov.br/content/estatisticas/docs_estatisticasfiscais/Notimp3.xlsx Tabelas17e19 

vihttps://www.gov.br/pt-br/noticias/financas-impostos-e-gestao-publica/2020/03/banco-central-anuncia-conjuntode-

medidas-que-liberam-r-1-2-trilhao-para-a-economia 


viiFonte:Tabela 4.2doarquivodisponível em https://sisweb.tesouro.gov.br/apex/f? 

p=2501:9::::9:P9_ID_PUBLICACAO_ANEXO:10880 


viiiFonte: https://sisweb.tesouro.gov.br/apex/f?p=2501:9::::9:P9_ID_PUBLICACAO_ANEXO:10880 –Tabela 2.1 -

Estoqueda dívida pública federal, incluindoa dívida empoderdoBancoCentral, dadoqueoTesouropaga jurosaoBC 

porestestítulos, valoresestesutilizadosna remuneraçãoda sobra decaixadosbancosecobertura deoutros 

prejuízosdoBancoCentral, emoperaçõesdeswap, porexemplo.Ocustomédioda dívida pública federal foi obtido 

na Tabela 4.2(taxadejurosmédia nosúltimos12mesesterminadosemnovembro/2020 –últimodadodisponível). 

ixFonte: https://www1.siop.planejamento.gov.br/QvAJAXZfc/opendoc.htm?document=IAS 

%2FExecucao_Orcamentaria.qvw&host=QVS%40pqlk04&anonymous=true&sheet=SH06 


Consulta em15/1/2021.Ovalorfoi obtidoverificando-sea fontedosGND2e6noanode2020. 

xhttps://auditoriacidada.org.br/conteudo/para-que-tem-servido-a-divida-publica-no-brasil-por-maria-lucia-fattorelli/ 



domingo, 10 de janeiro de 2021

Alysson Mascaro - O Capitalismo é a crise.

 





























                        











Alysson Leandro Barbate Mascaro 

(Catanduva, 1976) é um jurista e filósofo do direito marxista brasileiro.


É Professor de graduação e do programa de pós-graduação lato sensu da Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo (Largo São Francisco - USP) 

e da Universidade de Santa cecília (UNISANTA - Santos). Livre-Docente em Filosofia e Teoria Geral do Direito pela Universidade de São Paulo. 

Doutor em Filosofia e Teoria Geral do Direito pela Universidade de São Paulo. 

Graduado em Direito pela Universidade de São Paulo. Advogado. Professor Emérito e implantador de Cursos de Graduação 

e Pós-Graduação em Direito em várias instituições no Brasil.


Autor, dentre outros livros, de "Crise e Golpe", sobre a crise político-econômica no Brasil de 2014, e "Estado e Forma Política", ambos da Editora Boitempo. 

Pela Editora Atlas, é autor de "Filosofia do Direito" e "Introdução ao Estudo do Direito". 

Mascaro atua principalmente nos seguintes temas: Filosofia e Teoria Geral do Direito, Marxismo, Estado e Política.




2016 - 2019

Direito da saúde: aspectos econômicos e regulatórios

Descrição: O Direito da Saúde, compreendido como o sistema normativo jurídico objetivo que regula as atividades sanitárias 

e a produção e distribuição de bens e serviços de saúde, apresenta desafios significativos nas mais diversas regiões do mundo. 

No Brasil, particularmente, as dificuldades financeiras e técnicas de atenção universal mediante o SUS (Sistema Único de Saúde) 

abre campo para a oferta privada direta, ou mediante instrumentos de saúde suplementar. 

Tal situação cria um ambiente complexo, em que relações de oferta de bens e serviços públicos a partir de uma lógica universal 

compete com instrumentos privados, os quais raramente podem ser considerados como pura e simplesmente pautados pelo livre mercado. 

Destarte, ações estatais de política de oferta se combinam com instrumentos regulatórios, os quais não se restringem à 

ANS (Agência Nacional de Saúde Suplementar) e à ANVISA (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), mas se espraiam por outras instâncias normativas 

e de estabelecimento de políticas públicas. Nesse contexto, é necessário cotejar os instrumentos regulatórios e seu emprego com a análise 

e avaliação econômica da produção e distribuição dos bens e serviços de saúde. Para tanto, programa-se um amplo levantamento dos instrumentos 

regulatórios e a estrutura orgânica e institucional associada, de modo a verificar, tanto em âmbito nacional, quanto estadual e local, 

a efetividade de tais meios e as possíveis alternativas..


Integrantes: Alysson Leandro Barbate Mascaro - Coordenador / Jose Augusto Fontoura Costa - Integrante / Renato Poltronieri - Integrante.

2016 - Atual

Filosofia do Direito Contemporânea: Técnica, Poder e Crítica

Descrição: Na proposição de divisão da filosofia do direito contemporânea em três grandes continentes, juspositivismos, não-juspositivismos e 

filosofias críticas do direito, cada uma dessas correntes apresenta características e impasses próprios, que conformam o campo de sua problemática teórica. 

Enquanto para os primeiros trata-se de compor um inventário do estado atual das técnicas da operação jurídica, 

tentando sempre integrar-lhe mais e mais ferramentas de ação, para o não-juspositivismo a questão principal é justamente a problematização 

dos valores e dos campos de ação sobre os quais repousa essa técnica. É dizer que, para estes, cumpre prioritariamente indagar sobre as nervuras 

do poder que institui e dá possibilidade de existência e legitimidade à esfera do jurídico. Mas apenas à altura do enfoque crítico é que podemos 

colocar tanto a técnica quanto a teia do poderio que o delimita em perspectiva. Assim, só a teoria crítica é capaz de inserir o fenômeno do direito 

na totalidade estruturada do mundo contemporâneo, dando não apenas as razões do seu ser, mas estabelecendo os parâmetros da sua permanência, 

transformação e eventual desmoronamento. Por isso, a terceira perspectiva impõe-se como marco incontornável e ponto alto do estudo jusfilosófico. 

O Projeto de Pesquisa está vinculado ao Grupo de Pesquisa "A Crítica do Direito e a Subjetividade Jurídica: Sujeito e Sujeito de direito 

no Debate Marxista e Pós-Marxista Contemporâneo" O grupo de pesquisa tem por escopo o fomento da pesquisa científica no âmbito, especialmente, 

da Filosofia e da Teoria Geral do Direito, mediante a investigação da temática da subjetividade jurídica, 

no contexto do debate marxista e pós-marxista contemporâneo. Tal investigação realizada em conjunto e individualmente possibilitará o preparo teórico 

e metodológico dos alunos participantes para a análise crítica do fenômeno jurídico tal qual se apresenta na sociedade capitalista, 

bem como para a produção bibliográfica independente..

2014 - 2016

Cidadania e Direito pelo olhar da Filosofia: Política, Regulação Econômica e Direito

Descrição: Investiga-se a conexão entre os fenômenos jurídicos e políticos a partir do referencial da filosofia marxista, 

explicitando as formas estruturais da reprodução social e política no capitalismo. A pesquisa é somada aos estudos já empreendidos pelo Grupo de Pesquisa desde 2004. 

Foca-se na relação entre Estado e capitalismo, com o fim de escolhas político-econômicas, tomando por base o papel do direito e do Estado nas crises econômicas, 

bem como na reconfiguração das relações sociais. Parte-se dos estudos teóricos de Marx e Pachukanis, também a teoria marxista francesa da regulação, 

a teoria da derivação do Estado (Joachim Hirsch). Será realizado o estudo do caso dos juros bancário no Poder Judiciário para a compreensão da atuação do Estado 

junto ao Poder Econômico. As produções específicas do grupo estão vinculadas aos currículos lattes dos participantes, incluindo artigos de periódicos, 

livros completos e capítulos, apresentação de trabalhos, orientações e demais produções técnicas..


2012 - 2013

Cidadania e Direito pelo olhar da Filosofia: Direito, Estado, Política e Capitalismo.

Descrição: O Grupo de Pesquisas 'Cidadania e Direito pelo olhar da Filosofia: Direito, Estado, Política e Capitalismo', sob a orientação do Professor Responsável, 

Prof. Dr. Alysson Leandro Mascaro, investiga as conexões entre os fenômenos jurídicos e políticos contemporâneos a partir dos instrumentos da filosofia crítica marxista, 

explicitando as formas estruturais da reprodução social e política no capitalismo. A pesquisa sobre direito e Estado soma-se aos estudos já empreendidos 

sobre a tipologia da ação jurídica e política a partir das leituras dos filósofos Georg Lukács e Ernest Bloch, bem como acerca da tipologia da ação jurídica 

e política na teoria marxista, a partir da Teoria Crítica, o Grupo de Pesquisas inicia um novo movimento. O escopo de análise presente tem por foco as relações 

da infraestrutura econômica capitalista com o Estado, em especial no quadro da crise atual do sistema. Na economia capitalista, a forma jurídica desempenha, 

junto com a forma política estatal, papel fundamental na estruturação e na reprodução da forma mercadoria. Por seus mecanismos, direito e Estado participam 

decisivamente na constituição e na regulação das relações sociais. Os estudos serão guiados por meio de uma tradição de idéias que remonta a Karl Marx, 

passando por Evgeny Pachukanis e chegando, até o presente, no pensamento de Joachim Hirsch. As produções específicas do grupo estão vinculadas aos currículos lattes 

dos participantes..


2009 - 2012

Cidadania e Direito pelo olhar da Filosofia: Tipologia da Ação Jurídica e Política na Teoria Marxista

Descrição: O projeto de pesquisa envolve alunos de Pós-Graduação "Stricto Sensu" e de Graduação em torno do aprofundamento e da sistematização da visão da cidadania, 

da política e do direito pelo olhar da filosofia marxista. No ano de 2009, iniciando as atividades, a pesquisa consistiu na análise vertical dos textos políticos 

e jurídicos de Marx. No ano de 2010, o grupo de pesquisa trabalha com a análise vertical dos textos políticos e jurídicos da tradição marxista do século XX..

Situação: Concluído; Natureza: Pesquisa.


2004 - 2006

A Cidadania Modelando o Estado

Descrição: Durante o ano de 2005, o projeto teve o financiamento do Fundo MACKPESQUISA, ocasiao em que pode iniciar uma nova etapa do trabalho contando 

com a colaboracao de alunos bolsistas da graduacao e pos-graduação. No final do ano, o grupo de pesquisa realizou um primeiro levantamento bibliográfico 

geral sobre o tema, seguindo o cronograma estabelecido no projeto. Em 2006, com a inserção de novos pesquisadores, os estudos tomaram um novo foco, 

com a proposição da divisão dos estudos em dois sub-grupos: 1) Cidadania, Constituição e Estado Democrático de Direito, no qual se realizou o estudo do conceito 

de cidadania no tempo e no espaço, observando seus reflexos no surgimento e evolução das Constituições, bem como nos modelos de Estado e de suas funções socioeconômicas;

 2) Direito e democracia na teoria política contemporânea, no qual se realizou o estudo em duas vertentes: primeiro, pesquisar o sentido que se dá ao termo 

 democracia contemporaneamente e sua relação com o conceito de cidadania em algumas das mais importantes elaborações teóricas e segundo, analisar de que forma essas 

 teorias podem contribuir para uma reflexão sobre a consolidação da democracia no Brasil. O projeto de pesquisa serviu como contributo jusfilosófico à fundamentação 

 da linha de pesquisa do Programa de Pós-Graduação..


Financiador(es): Universidade Prebisteriana Mackenzie - Auxílio financeiro.

Número de produções C, T & A: 4 / Número de orientações: 2

2004 - 2006

Cidadania e Direito pelo olhar da Filosofia: Uma nova tipologia da ação política a partir de Bloch e Lukács

Descrição: Lukács e Bloch são pensadores que se destacam na primeira metade do século XX, e suas proposições fazem parte de um certo humanismo que permeou a filosofia 

crítica de tal época. Seus diagnósticos da sociedade capitalista contemporânea são bastante incisivos na busca de alcançar as razões espirituais e ideológicas 

que se imiscuem às razões políticas e econômicas deste tipo social. Pode-se dizer que este humanismo crítico não logrou, até o presente, 

influenciar a tomada de posição política do mundo ocidental na busca de libertação e transformação. Resgatar seus pressupostos e sua lógica interna, 

além de seus objetivos e utopias, é parte de um projeto maior de concretização de uma nova cidadania e de um novo direito. 

Para uma sociedade jovem e gravemente marcada pela injustiça e pela falta de sentido, como a brasileira, Lukács e Bloch hão de se revelar como instrumentais de 

instigantes reflexões. Para isso, é preciso resgatar o que há de eminentemente jusfilosófico na produção de tais pensadores, situando historicamente seu contexto, 

procedendo a uma análise estrutural de suas idéias, e incitando, posteriormente, uma projeção de suas reflexões de filosofia do direito na sociedade brasileira atual..

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Crítica da filosofia do direito de Hegel – Introdução* 

Karl Marx 

Na Alemanha, a crítica da religião está, no essencial, terminada; e a 
crítica da religião é o pressuposto de toda a crítica. 

A existência profana do erro está comprometida, depois que sua 
celestial oratio pro aris et focis** foi refutada. O homem, que na realidade 
fantástica do céu, onde procurava um super-homem, encontrou 
apenas o reflexo de si mesmo, já não será tentado a encontrar apenas 
a aparência de si, o inumano, lá onde procura e tem de procurar sua 
autêntica realidade. 

Este é o fundamento da crítica irreligiosa: o homem faz a religião, 
a religião não faz o homem. E a religião é de fato a autoconsciência e 
o autossentimento do homem, que ou ainda não conquistou a si mesmo 
ou já se perdeu novamente. Mas o homem não é um ser abstrato, 
acocorado fora do mundo. O homem é o mundo do homem, o Estado, 
a sociedade. Esse Estado e essa sociedade produzem a religião, uma 
consciência invertida do mundo, porque eles são um mundo invertido. 
A religião é a teoria geral deste mundo, seu compêndio enciclopédico, 
sua lógica em forma popular, seu point d’honneur *** espiritualista, seu 
entusiasmo, sua sanção moral, seu complemento solene, sua base geral 
de consolação e de justificação. Ela é a realização fantástica da essência 
humana, porque a essência humana não possui uma realidade verdadeira. 
Por conseguinte, a luta contra a religião é, indiretamente, contra 
aquele mundo cujo aroma espiritual é a religião. 


* O texto “Kritik der Hegelschen Rechtsphilosophie – Einleitung” foi escrito entre dezembro 
de 1843 e janeiro de 1844 e publicado nos Anais Franco-Alemães (Deutsch-
Französische Jahrbücher) em 1844. Traduzido por Rubens Enderle e publicado pela 
Boitempo no livro Crítica da filosofia do direito de Hegel (2010). (N. E.) 
** “Oração para altar e fogão.” (N. E.) 
*** “Ponto de honra.” (N. T.) 


A miséria religiosa constitui ao mesmo tempo a expressão da miséria 
real e o protesto contra a miséria real. A religião é o suspiro da 
criatura oprimida, o ânimo de um mundo sem coração, assim como o 
espírito de estados de coisas embrutecidos. Ela é o ópio do povo. 

A supressão [Aufhebung] da religião como felicidade ilusória do 
povo é a exigência da sua felicidade real. A exigência de que abandonem 
as ilusões acerca de uma condição é a exigência de que abandonem uma 
condição que necessita de ilusões. A crítica da religião é, pois, em germe, 
a crítica do vale de lágrimas, cuja auréola é a religião. 

A crítica arrancou as flores imaginárias dos grilhões, não para que 
o homem suporte grilhões desprovidos de fantasias ou consolo, mas 
para que se desvencilhe deles e a flor viva desabroche. A crítica da religião 
desengana o homem a fim de que ele pense, aja, configure a sua 
realidade como um homem desenganado, que chegou à razão, a fim de 
que ele gire em torno de si mesmo, em torno de seu verdadeiro sol. A 
religião é apenas o sol ilusório que gira em volta do homem enquanto 
ele não gira em torno de si mesmo. 
Portanto, a tarefa da história, depois de desaparecido o além da 
verdade, é estabelecer a verdade do aquém. A tarefa imediata da filosofia, 
que está a serviço da história, é, depois de desmascarada a forma 
sagrada da autoalienação [Selbstentfremdung] humana, desmascarar a 
autoalienação nas suas formas não sagradas. A crítica do céu transforma-
se, assim, na crítica da terra, a crítica da religião, na crítica do 
direito, a crítica da teologia, na crítica da política. 

A exposição que se segue* – uma contribuição a esse trabalho – não 
se ocupa diretamente do original, mas de uma cópia, a filosofia alemã 
do Estado e do direito, pela simples razão de se referir à Alemanha. 

Se nos ativermos ao status quo alemão, mesmo que da única maneira 
adequada, isto é, negativamente, o resultado permaneceria um 
anacronismo. Mesmo a negação de nosso presente político é já um fato 
empoeirado no quarto de despejo histórico das nações modernas. Se 
nego as perucas empoadas, fico ainda com as perucas desempoadas. 
Quando nego a situação alemã de 1843, não me encontro nem mesmo, 
segundo a cronologia francesa, no ano de 1789, quanto menos no centro 
vital do período atual. 

A história alemã, é verdade, orgulha-se de um desenvolvimento que 
nenhuma nação no firmamento histórico realizou antes dela ou chegará 
um dia a imitar. Tomamos parte nas restaurações das nações modernas, 
sem termos tomado parte nas suas revoluções. Fomos restaurados 
primeiramente porque outras nações ousaram fazer uma revolução e, 
em segundo lugar, porque outras nações sofreram contrarrevoluções; 
no primeiro caso, porque nossos senhores tiveram medo e, no segundo, 
porque nada temeram. Tendo nossos pastores à frente, encontramo-nos 
na sociedade da liberdade apenas no dia do seu sepultamento. 

Uma escola que legitima a infâmia de hoje pela de ontem, que considera 
como rebelde todo grito do servo contra o açoite desde que este seja 
um açoite venerável, ancestral e histórico; uma escola à qual a história, 
tal como o Deus de Israel fez com o seu servo Moisés, só mostra o seu 

* Marx refere-se à sua intenção de publicar um estudo crítico da Filosofia do direito de 
Hegel, a que o presente ensaio serviria de introdução. O estudo crítico corresponde ao 
texto aqui publicado, nas páginas que antecedem esta introdução. (N. E.) 
a posteriori – a Escola histórica do direito* –, tal escola teria, assim, inventado 
a história alemã, não fosse ela uma invenção da história alemã. 
Um Shylock, mas um Shylock servil, que sobre seu título de crédito, 
seu título de crédito histórico, germânico-cristão, jura por cada libra de 
carne cortada do coração do povo. 

Em contrapartida, entusiastas bonacheirões, chauvinistas alemães 
por sangue e liberais esclarecidos por reflexão buscam nossa história de 
liberdade além de nossa história, nas primitivas florestas teutônicas. Mas, 
se ela só pode ser encontrada nas florestas, em que se diferencia a história 
da nossa liberdade da história da liberdade do javali? Além disso, é 
conhecido o provérbio: o que para dentro da floresta se grita, para fora 
da floresta ecoa. Assim, deixemos em paz as antigas florestas teutônicas! 

Mas declaremos guerra à situação alemã! Sem dúvida! Ela está abaixo 
do nível da história, abaixo de toda a crítica; não obstante, continua 
a ser um objeto da crítica, assim como o criminoso, que está abaixo do 
nível da humanidade, continua a ser um objeto do carrasco. Em luta 
contra ela, a crítica não é uma paixão da cabeça, mas a cabeça da paixão. 
Não é um bisturi, mas uma arma. Seu objeto é seu inimigo, que 
ela quer não refutar, mas destruir. Pois o espírito de tal situação já está 

* Tendência nas ciências históricas e jurídicas que surgiu na Alemanha no fim do século 
XVIII. Seu representante mais destacado foi o jesuíta F. K. von Savigny. (N. T.) 
Savigny, defensor da tese de que o direito refletia a própria “alma” de um povo – sua 
cultura, seus costumes –, sendo, portanto, refratário a qualquer reformulação do direito 
orientada pelos princípios racionalistas, foi professor de Marx na Universidade 
de Berlim entre 1836 e 1837 e o influenciou quanto ao método de estudo, já que era 
uma prerrogativa da Escola Histórica o estudo exegético dos textos e documentos 
relacionados ao seu objeto de investigação. Entretanto, muito maior impacto na formação 
intelectual de Marx teve o principal adversário de Savigny, Eduard Gans, um 
hegeliano de tendências progressistas – bastante influenciado por Saint-Simon – que 
propugnava que as leis deveriam ser constantemente transformadas de modo a acompanharem 
o próprio desenvolvimento da Ideia. (N. E.) 
refutado. Ela não constitui, em si e para si, um objeto memorável, mas 
sim uma existência tão desprezível como desprezada. A crítica para si 
não necessita de ulterior elucidação desse objeto, porque já o compreendeu. 
Ela não se apresenta mais como fim em si, mas apenas como meio. 
Seu pathos essencial é a indignação, seu trabalho essencial, a denúncia. 

Trata-se de retratar uma pressão sufocante que todas as esferas sociais 
exercem umas sobre as outras, uma irritação geral, passiva, uma 
estreiteza que tanto reconhece como ignora a si mesma, situada nos 
limites de um sistema de governo que vive da conservação de todas as 
indigências, não sendo ele mesmo mais do que a indigência no governo. 

Que espetáculo! A infinita e progressiva divisão da sociedade nas 
mais diversas raças, que se defrontam umas às outras com pequenas 
antipatias, má consciência e grosseira mediocridade; que, precisamente 
por causa de sua situação alternadamente ambígua e suspeitosa, são 
tratadas, sem exceção, mesmo que com diferentes formalidades, como 
existências concedidas por seus senhores. E até mesmo o fato de serem 
dominadas, governadas, possuídas, elas têm de reconhecer e admitir 
como uma concessão do céu! Do outro lado, encontram-se os próprios 
governantes, cuja grandeza está em proporção inversa ao seu número! 

A crítica que se ocupa desse conteúdo é a crítica num combate corpo 
a corpo, e nele não importa se o adversário é nobre, bem-nascido, se é 
um adversário interessante – o que importa é atingi-lo. Trata-se de não 
conceder aos alemães um instante sequer de autoilusão e de resignação. 
É preciso tornar a pressão efetiva ainda maior, acrescentando a ela a 
consciência da pressão, e tornar a ignomínia ainda mais ignominiosa, 
tornando-a pública. É preciso retratar cada esfera da sociedade alemã 
como a partie honteuse* da sociedade alemã, forçar essas relações petri


* “Parte vergonhosa.” (N. T.) 
ficadas a dançar, entoando a elas sua própria melodia! É preciso ensinar 

o povo a se aterrorizar diante de si mesmo, a fim de nele incutir coragem. 
Assim satisfaz-se uma necessidade do povo alemão, e as necessidades 
dos povos são propriamente as causas finais da sua satisfação. 
E mesmo para os povos modernos, essa luta contra o teor limitado 
do status quo alemão não carece de interesse, pois o status quo alemão 
é a perfeição manifesta do ancien régime,e o ancien régime é o defeito 
oculto do Estado moderno. A luta contra o presente político alemão é 
a luta contra o passado das nações modernas, e estas continuam a ser 
importunadas pelas reminiscências desse passado. Para as nações modernas, 
é instrutivo assistir ao ancien régime, que nelas viveu sua tragédia, 
desempenhar uma comédia como fantasma alemão. Trágica foi sua 
história, porque ele era o poder preexistente do mundo, ao passo que a 
liberdade, ao contrário, era uma fantasia pessoal; numa palavra, porque 
ele mesmo acreditou em sua legitimidade e nela tinha de acreditar. Na 
medida em que o ancien régime, como ordem do mundo existente, lutou 
contra um mundo que estava então a emergir, ocorreu de sua parte 
um erro histórico-mundial, mas não um erro pessoal. Seu declínio foi, 
por isso, trágico. 

Em contrapartida, o atual regime alemão, que é um anacronismo, 
uma flagrante contradição de axiomas universalmente aceitos – a nulidade 
do ancien régime exposta ao mundo – imagina apenas acreditar 
em si mesmo e exige do mundo a mesma imaginação. Se acreditasse 
na sua própria essência, tentaria ele ocultá-la sob a aparência de uma 
essência estranha e buscar sua salvação na hipocrisia e no sofisma? O 
moderno ancien régime é apenas o comediante de uma ordem mundial 
cujos heróis reais estão mortos. A história é sólida e passa por muitas 
fases ao conduzir uma forma antiga ao sepulcro. A última fase de uma 
forma histórico-mundial é sua comédia. Os deuses da Grécia, já mor


talmente feridos na tragédia Prometeu acorrentado, de Ésquilo, tiveram 
de morrer uma vez mais, comicamente, nos diálogos de Luciano. Por 
que a história assume tal curso? A fim de que a humanidade se separe 
alegremente do seu passado. É esse alegre destino histórico que reivindicamos 
para os poderes políticos da Alemanha. 

Mas logo que a própria moderna realidade político-social é submetida 
à crítica, logo que, portanto, a crítica se eleva aos problemas verdadeiramente 
humanos, ela se encontra fora do status quo alemão ou apreende 
o seu objeto sob o seu objeto. Um exemplo: a relação da indústria, do 
mundo da riqueza em geral, com o mundo político é um dos problemas 
fundamentais da era moderna. Sob que forma começa este problema a 
preocupar os alemães? Sob a forma de tarifas protecionistas, do sistema 
de proibição, da economia política. O chauvinismo alemão passou dos 
homens para a matéria e, assim, nossos cavaleiros do algodão e heróis 
do ferro viram-se, um belo dia, metamorfoseados em patriotas. Na Alemanha, 
portanto, começa-se agora a reconhecer a soberania do monopólio 
no interior do país, por meio da qual se confere ao monopólio a 
soberania no exterior. Por conseguinte, na Alemanha começa-se, agora, 
com aquilo que já terminou na França e na Inglaterra. A situação antiga, 
apodrecida, contra a qual essas nações se rebelam teoricamente e que 
apenas suportam como se suportam grilhões, é saudada na Alemanha 
como a aurora de um futuro glorioso que ainda mal ousa passar de uma 
teoria astuta* a uma prática implacável. Enquanto na França e na Inglaterra 
o problema se apresenta assim: economia política ou domínio da 
sociedade sobre a riqueza; na Alemanha ele é apresentado da seguinte 

* Listig, em alemão, astuto. Jogo de palavras com o nome de Friedrich List (1789-1846): 
economista e defensor do protecionismo, teórico da burguesia ascendente nos anos 
anteriores a 1848 e promotor da união alfandegária (Zolverein), da qual aproveitava-se, 
também, a Prússia. (N. T.) 
maneira: economia nacional ou domínio da propriedade privada sobre 
a nacionalidade. Portanto, na França e na Inglaterra, importa suprimir 

o monopólio que progrediu até as últimas consequências; na Alemanha, 
importa progredir até as últimas consequências do monopólio. Lá, 
trata-se da solução, aqui, trata-se da colisão. Um exemplo suficiente da 
forma alemã dos problemas modernos; um exemplo de como nossa história, 
tal como um recruta inexperiente, até agora só recebeu a tarefa de 
exercitar-se repetidamente em assuntos históricos envelhecidos. 
Se o desenvolvimento alemão inteiro não fosse além do seu desenvolvimento 
político, um alemão poderia tomar parte nos problemas do 
presente apenas na mesma medida em que um russo pode. Mas se o 
indivíduo não é coagido pelas limitações do seu país, ainda menos a 
nação é libertada por meio da libertação de um indivíduo. O fato de 
a Grécia contar com um cita entre seus filósofos* não fez com que os 
citas dessem um passo sequer em direção à cultura grega. 

Felizmente, nós, os alemães, não somos citas. 

Assim como as nações do mundo antigo vivenciaram a sua pré-história 
na imaginação, na mitologia, nós, alemães, vivenciamos a nossa 
pós-história no pensamento, na filosofia. Somos contemporâneos filosóficos 
do presente, sem sermos seus contemporâneos históricos. A 
filosofia alemã é o prolongamento ideal da história alemã. Quando, 
portanto, em vez das oeuvres incomplètes** de nossa história real, criticamos 
as oeuvres posthumes*** de nossa história ideal – a filosofia – 
então nossa crítica situa-se no centro dos problemas dos quais o presente 
diz: that is the question. 
O que, para as nações avançadas, constitui uma ruptura prática com as modernas condições políticas é, na 
Alemanha, onde essas mesmas condições ainda não existem, imediatamente 
uma ruptura crítica com a reflexão filosófica dessas condições.



* Marx refere-se, aqui, a Anacarsis, cita de nascimento, colocado pelos gregos, segundo 
Diógenes Laércio, entre os sete sábios da Grécia. (N. T.) 
** “Obras incompletas.” (N. T.) 
***“Obras póstumas.” (N. T.) 


 A filosofia alemã do direito e do Estado é a única história alemã situada 
al pari com o presente moderno, oficial. A nação alemã tem, por 
isso, de ajustar a sua história onírica às suas condições existentes e sujeitar 
à crítica não apenas essas condições existentes, mas igualmente 
sua continuação abstrata. Seu futuro não pode restringir-se nem 
à negação direta de suas condições políticas e jurídicas reais, nem à 
imediata realização de suas circunstâncias políticas e jurídicas ideais, 
pois a negação imediata de suas condições reais está em suas condições 
ideais, e ela quase tem sobrevivido à realização de suas condições 
ideais na contemplação das nações vizinhas. É com razão, pois, que 

o partido político prático na Alemanha exige a negação da filosofia. 
Seu erro consiste não em formular tal exigência, mas em limitar-se a 
uma exigência que ela não realiza seriamente, nem pode realizar. Crê 
ser capaz de realizar essa negação ao murmurar – dando as costas à 
filosofia e afastando dela sua cabeça – algumas fraseologias furiosas 
e banais sobre ela. Dada a estreiteza de seu ângulo de visão, não considera 
que a filosofia encontre-se no mesmo nível da realidade alemã 
ou até mesmo a situa falsamente abaixo da prática alemã e das teorias 
que a servem. Reivindicais que se deva seguir, como ponto de partida, 
o germe da vida real, mas esqueceis que o germe da vida real do povo 
alemão brotou, até agora, apenas no seu crânio. Em uma palavra: não 
podeis suprimir a filosofia sem realizá-la. 
O mesmo erro, apenas com fatores invertidos, cometeu o partido 
teórico, oriundo da filosofia. 
Na presente luta, esse partido vislumbrou apenas o combate crítico 
da filosofia contra o mundo alemão, sem considerar que a própria filosofia até então existente 
pertence a esse mundo e constitui seu complemento, 
mesmo que ideal. Crítico contra seu oponente, ele se comporta 
acriticamente em relação a si mesmo, na medida em que partiu dos 
pressupostos da filosofia e ou aceitou seus resultados ou apresentou 
como exigências e resultados da filosofia exigências e resultados extraídos 
de outros domínios, embora estes – pressupondo-se sua legitimidade 
– só possam, ao contrário, ser obtidos pela negação da filosofia até 
então existente, da filosofia como filosofia. Reservamo-nos o direito a 
uma descrição mais detalhada desse partido. Seu defeito fundamental 
pode ser assim resumido: ele acreditou que poderia realizar a filosofia 
sem suprimi-la. 

A crítica da filosofia alemã do direito e do Estado, que com Hegel 
alcançou sua versão mais consistente, rica e completa, consiste tanto 
na análise crítica do Estado moderno e da realidade com ele relacionada 
como na negação decidida de todo o modo da consciência política e 
jurídica alemã, cuja expressão mais distinta, mais universal, elevada ao 
status de ciência, é justamente a própria filosofia especulativa do direito. 
Se a filosofia especulativa do direito só foi possível na Alemanha – esse 
pensamento extravagante e abstrato do Estado moderno, cuja efetividade 
permanece como um além, mesmo que esse além signifique tão somente 
o além do Reno –, a imagem mental alemã do Estado moderno, 
que faz abstração do homem efetivo, só foi possível, ao contrário, porque 
e na medida em que o próprio Estado moderno faz abstração do homem 
efetivo ou satisfaz o homem total de uma maneira puramente imaginária. 
Em política, os alemães pensaram o que as outras nações fizeram. 
A Alemanha foi a sua consciência teórica. A abstração e a presunção de 
seu pensamento andaram sempre no mesmo passo da unilateralidade 
e da atrofia de sua realidade. Se, pois, o status quo do sistema político 
alemão exprime o acabamento do ancien régime, o acabamento do espinho na carne do Estado moderno, o status quo da ciência política 
alemã exprime o inacabamento do Estado moderno, a deterioração de 
sua própria carne. 

Já como oponente resoluto da forma anterior da consciência política 
alemã, a crítica da filosofia especulativa do direito não deságua em si 
mesma, mas em tarefas para cujas soluções há apenas um meio: a prática. 

Pergunta-se: pode a Alemanha chegar a uma práxis à la hauteur 
des principes*, quer dizer, a uma revolução que a elevará não só ao 
nível oficial das nações modernas, mas à estatura humana que será o 
futuro imediato dessas nações? 

A arma da crítica não pode, é claro, substituir a crítica da arma, o 
poder material tem de ser derrubado pelo poder material, mas a teoria 
também se torna força material quando se apodera das massas. A teoria 
é capaz de se apoderar das massas tão logo demonstra ad hominem, 
e demonstra ad hominem tão logo se torna radical. Ser radical é agarrar 
a coisa pela raiz. Mas a raiz, para o homem, é o próprio homem. A prova 
evidente do radicalismo da teoria alemã, portanto, de sua energia 
prática, é o fato de ela partir da superação positiva da religião. A crítica 
da religião tem seu fim com a doutrina de que o homem é o ser supremo 
para o homem, portanto, com o imperativo categórico de subverter 
todas as relações em que o homem é um ser humilhado, escravizado, 
abandonado, desprezível. Relações que não podem ser mais bem retratadas 
do que pela exclamação de um francês acerca de um projeto de 
imposto sobre cães: “Pobres cães! Querem vos tratar como homens!”. 

Mesmo historicamente, a emancipação teórica possui uma importância 
especificamente prática para a Alemanha. O passado revolucionário 
da Alemanha é teórico – é a Reforma. Assim como outrora a re


* “À altura dos princípios.” (N. T.) 
volução começou no cérebro de um monge, agora ela começa no cérebro 
do filósofo. 

Sem dúvida, Lutero venceu a servidão por devoção porque pôs no 
seu lugar a servidão por convicção. Quebrou a fé na autoridade porque 
restaurou a autoridade da fé. Transformou os padres em leigos, transformando 
os leigos em padres. Libertou o homem da religiosidade exterior, 
fazendo da religiosidade o homem interior. Libertou o corpo dos 
grilhões, prendendo com grilhões o coração. 

Mas se o protestantismo não era a verdadeira solução, ele era o 
modo correto de colocar o problema. Já não se tratava mais da luta do 
leigo com o padre fora dele, mas da luta contra o seu próprio padre interior, 
a sua natureza clerical. E se a transformação protestante dos leigos 
alemães em padres emancipou os papas leigos, os príncipes em conjunto 
com o clero, os privilegiados e os filisteus, a metamorfose filosófica dos 
clericais alemães em homens emancipará o povo. Mas, assim como a 
emancipação não se limita aos príncipes, tampouco a secularização dos 
bens se restringirá à confiscação da propriedade da Igreja, que foi, sobretudo, 
praticada pela hipócrita Prússia. Naquele tempo, a Guerra dos 
Camponeses, o fato mais radical da história alemã, fracassou por culpa 
da teologia. Hoje, com o fracasso da própria teologia, nosso status quo, 

o fato menos livre da história alemã, se despedaçará contra a filosofia. 
Na véspera da Reforma, a Alemanha oficial era a serva mais incondicional 
de Roma. Na véspera de sua revolução, ela é a serva incondicional 
de menos do que Roma: da Prússia e da Áustria, dos aristocratas rurais 
[Krautjunker] e dos filisteus. 
Entretanto, a uma revolução radical alemã parece ser colocada uma 
dificuldade fundamental. 
As revoluções precisam de um elemento passivo, de uma base material. 
A teoria só é efetivada num povo na medida em que é a efetivação de suas necessidades. 
Corresponderá à monstruosa discrepância 
entre as exigências do pensamento alemão e as respostas da realidade 
alemã a mesma discrepância da sociedade civil com o Estado 
e da sociedade civil consigo mesma? Serão as necessidades teóricas 
imediatamente necessidades práticas? Não basta que o pensamento 
procure se realizar; a realidade deve compelir a si mesma em direção 
ao pensamento. 

Mas a Alemanha não galgou os degraus intermediários da emancipação 
política no mesmo tempo em que as nações modernas. Mesmo 
os degraus que ela superou teoricamente, ela ainda não alcançou praticamente. 
Como poderia ela, com um salto mortale, transpor não só 
suas próprias barreiras como também, ao mesmo tempo, a das nações 
modernas, barreiras que, na realidade, ela tem de sentir e buscar atingir 
como uma libertação de suas próprias barreiras reais? Uma revolução 
radical só pode ser a revolução de necessidades reais, para a qual faltam 
justamente os pressupostos e o nascedouro. 

Mas, se a Alemanha acompanhou o desenvolvimento das nações modernas 
apenas por meio da atividade abstrata do pensamento, sem tomar 
parte ativa nas lutas reais desse desenvolvimento, ela compartilhou, por 
outro lado, das dores desse desenvolvimento, sem compartilhar de seus 
prazeres, de suas satisfações parciais. À atividade abstrata, por um lado, 
corresponde o sofrimento abstrato, por outro. Por isso, a Alemanha se 
encontrará, um belo dia, no nível da decadência europeia sem que jamais 
tenha atingido o nível da emancipação. Poder-se-á compará-la a um idólatra 
que padece das doenças do cristianismo. 

Se examinarmos agora os governos alemães, veremos que, devido 
às condições da época, à situação da Alemanha, ao ponto de vista da 
formação alemã e, por fim, ao seu próprio instinto afortunado, eles são 
levados a combinar as deficiências civilizadas do mundo político moderno, 
de cujas vantagens não desfrutamos, com as deficiências bárbaras 
do ancien régime, de que fruímos plenamente, de modo que a Alemanha 
tem de participar cada vez mais, se não da sensatez, pelo menos da 
insensatez das formações políticas que ultrapassam o seu status quo. 
Haverá, por exemplo, algum país no mundo que participe tão ingenuamente 
de todas as ilusões do regime constitucional sem compartilhar 
das suas realidades como a chamada Alemanha constitucional? Ou não 
foi necessariamente ideia de um governo alemão combinar os tormentos 
da censura com os tormentos das leis francesas de setembro*, que 
pressupõem a liberdade de imprensa? Assim como os deuses de todas 
as nações se encontravam no Panteão romano, também os pecados de 
todas as formas de Estado se encontrarão no Sacro Império Romano-
Germânico. Que esse ecletismo atingirá um grau até então inédito é 
garantido, sobretudo, pela glutonaria político-estética de um rei alemão** 
que pretende desempenhar todos os papéis da realeza: o papel 
feudal e o burocrático, o absoluto e o constitucional, o autocrático e o 
democrático, se não na pessoa do povo, pelo menos na sua própria pessoa, 
e se não para o povo, ao menos para si mesmo. A Alemanha, como 
deficiência da atual política constituída num mundo próprio, não conseguirá 
demolir as específicas barreiras alemãs sem demolir as barreiras 
gerais da política atual. 

* Tomando como pretexto o atentado cometido contra o rei Luís Filipe a 28 de julho de 
1835, seu ministro Thiers apresentou no mês seguinte, na Assembleia, um projeto de 
lei essencialmente reacionário que entrou em vigor em setembro do mesmo ano. Essas 
leis foram chamadas “leis de setembro”. A justiça podia fazer juízos sumários em caso 
de rebelião e recorrer a juízes, escolhidos por ela, adotando, ao mesmo tempo, severas 
medidas contra a imprensa. Entre estas figuravam o depósito em dinheiro por parte 
dos jornais, o encarceramento e altas multas por ataques contra a propriedade privada 
e contra o sistema estatal vigente. (N. T.) 
** Trata-se de Frederico Guilherme IV. (N. E.) 

O sonho utópico da Alemanha não é a revolução radical, a emancipação 
humana universal, mas a revolução parcial, meramente política, 
a revolução que deixa de pé os pilares do edifício. Em que se baseia 
uma revolução parcial, meramente política? No fato de que uma parte 
da sociedade civil se emancipa e alcança o domínio universal; que uma 
determinada classe, a partir da sua situação particular, realiza a emancipação 
universal da sociedade. Tal classe liberta a sociedade inteira, 
mas apenas sob o pressuposto de que toda a sociedade se encontre na 
situação de sua classe, portanto, por exemplo, de que ela possua ou possa 
facilmente adquirir dinheiro e cultura. 

Nenhuma classe da sociedade civil pode desempenhar esse papel 
sem despertar, em si e nas massas, um momento de entusiasmo em que 
ela se confraternize e misture com a sociedade em geral, confunda-se 
com ela, seja sentida e reconhecida como sua representante universal; 
um momento em que suas exigências e direitos sejam, na verdade, exigências 
e direitos da sociedade, em que ela seja efetivamente o cérebro 
e o coração sociais. Só em nome dos interesses universais da sociedade 
é que uma classe particular pode reivindicar o domínio universal. Para 
alcançar essa posição emancipatória e, com isso, a exploração política 
de todas as esferas da sociedade no interesse de sua própria esfera, 
não bastam energia revolucionária e autossentimento [Selbstgefühl] 
espiritual. Para que a revolução de um povo e a emancipação de uma 
classe particular da sociedade civil coincidam, para que um estamento 
[Stand] se afirme como um estamento de toda a sociedade, é necessário 
que, inversamente, todos os defeitos da sociedade sejam concentrados 
numa outra classe, que um determinado estamento seja o do escândalo 
universal, a incorporação das barreiras universais; é necessário que 
uma esfera social particular se afirme como o crime notório de toda a 
sociedade, de modo que a libertação dessa esfera apareça como uma 
autolibertação universal. Para que um estamento seja par excellence o 
estamento da libertação é necessário, inversamente, que um outro estamento 
seja o estamento inequívoco da opressão. O significado negativo-
universal da nobreza e do clero francês condicionou o significado 
positivo-universal da classe burguesa, que se situava imediatamente ao 
lado deles e os confrontava. 

Na Alemanha, porém, faltam a todas as classes particulares não 
apenas a consistência, a penetração, a coragem e a intransigência que 
delas fariam o representante negativo da sociedade. A todos os estamentos 
faltam, ainda, aquela grandeza de alma que, mesmo que por um 
momento apenas, identifica-se com a alma popular, aquela genialidade 
que anima a força material a tornar-se poder político, aquela audácia revolucionária 
que lança ao adversário a frase desafiadora: não sou nada 
e teria de ser tudo. A cepa principal da moralidade e da honradez alemãs, 
não apenas das classes como dos indivíduos, é formada por aquele 
modesto egoísmo que afirma sua estreiteza e deixa que ela seja afirmada 
contra si mesmo. A relação entre as diferentes esferas da sociedade 
alemã não é, portanto, dramática, mas épica. Cada uma delas começa 
a conhecer a si mesma e a se estabelecer ao lado das outras com suas 
reivindicações particulares, não a partir do momento em que é oprimida, 
mas desde o momento em que as condições da época, sem qualquer 
ação de sua parte, criam um novo substrato social que ela pode, por sua 
vez, oprimir. Até mesmo o autossentimento moral da classe média alemã 
assenta apenas sobre a consciência de ser o representante universal 
da mediocridade filistina de todas as outras classes. Por conseguinte, 
não são apenas os reis alemães que sobem ao trono mal-à-propos*; cada 
esfera da sociedade civil sofre uma derrota antes de alcançar sua vitória, 
cria suas próprias barreiras antes de ter superado as barreiras que 
ante ela se erguem, manifesta sua essência mesquinha antes que sua 
essência generosa tenha conseguido se manifestar e, assim, a oportunidade 
de desempenhar um papel importante desaparece antes mesmo 
de ter existido, de modo que cada classe, tão logo inicia a luta contra a 
classe que lhe é superior, enreda-se numa luta contra a classe inferior. 

* “Inoportunamente.” (N. T.) 

Por isso, o principado entra em luta contra a realeza, o burocrata contra 
o nobre, o burguês contra todos eles, enquanto o proletário já começa 
a entrar em luta contra os burgueses. A classe média dificilmente ousa 
conceber a ideia da emancipação a partir de seu próprio ponto de vista, 
e o desenvolvimento das condições sociais, assim como o progresso da 
teoria política, já declaram esse ponto de vista como antiquado ou, no 
mínimo, problemático. 
Na França, basta que alguém queira ser alguma coisa para que 
queira ser tudo. Na Alemanha, ninguém pode ser nada se não renunciar 
a tudo. Na França, a emancipação parcial é a base da emancipação 
universal. Na Alemanha, a emancipação universal é conditio sine 
qua non de toda emancipação parcial. Na França, é a realidade, na 
Alemanha, é a impossibilidade da libertação gradual que tem de engendrar 
a completa liberdade. Na França, cada classe da nação é um 
idealista político e se considera, em primeiro lugar, não como classe 
particular, mas como representante das necessidades sociais. Assim, 

o papel de emancipador é sucessivamente assumido, num movimento 
dramático, pelas diferentes classes do povo francês, até alcançar, por 
fim, a classe que realiza a liberdade social não mais sob o pressuposto 
de certas condições externas ao homem e, no entanto, criadas pela 
sociedade humana, mas organizando todas as condições da existência 
humana sob o pressuposto da liberdade social. Na Alemanha, ao contrário, 
onde a vida prática é tão desprovida de espírito quanto a vida 
espiritual é desprovida de prática, nenhuma classe da sociedade civil 
tem a necessidade e a capacidade de realizar a emancipação universal, 
até que seja forçada a isso por sua situação imediata, pela necessidade 
material e por seus próprios grilhões. 

Onde se encontra, então, a possibilidade positiva de emancipação 
alemã? 

Eis a nossa resposta: na formação de uma classe com grilhões radicais, 
de uma classe da sociedade civil que não seja uma classe da sociedade 
civil, de um estamento que seja a dissolução de todos os estamentos, 
de uma esfera que possua um caráter universal mediante seus 
sofrimentos universais e que não reivindique nenhum direito particular 
porque contra ela não se comete uma injustiça particular, mas a 
injustiça por excelência, que já não possa exigir um título histórico, mas 
apenas o título humano, que não se encontre numa oposição unilateral 
às consequências, mas numa oposição abrangente aos pressupostos do 
sistema político alemão; uma esfera, por fim, que não pode se emancipar 
sem se emancipar de todas as outras esferas da sociedade e, com 
isso, sem emancipar todas essas esferas – uma esfera que é, numa palavra, 
a perda total da humanidade e que, portanto, só pode ganhar a si 
mesma por um reganho total do homem. Tal dissolução da sociedade, 
como um estamento particular, é o proletariado. 

O proletariado começa a se formar na Alemanha como resultado do 
emergente movimento industrial, pois o que constitui o proletariado 
não é a pobreza naturalmente existente, mas a pobreza produzida artificialmente, 
não a massa humana mecanicamente oprimida pelo peso da 
sociedade, mas a massa que provém da dissolução aguda da sociedade e, 
acima de tudo, da dissolução da classe média, embora seja evidente que a 
pobreza natural e a servidão cristão-germânica também engrossaram 
as fileiras do proletariado. 

Quando o proletariado anuncia a dissolução da ordem mundial até 
então existente, ele apenas revela o mistério de sua própria existência, uma 
vez que ele é a dissolução fática dessa ordem mundial. Quando o proletariado 
exige a negação da propriedade privada, ele apenas eleva a princípio 
da sociedade o que a sociedade elevara a princípio do proletariado, aquilo 
que nele já está involuntariamente incorporado como resultado negativo 
da sociedade. Assim, o proletário possui em relação ao mundo que está a 
surgir o mesmo direito que o rei alemão possui em relação ao mundo já 
existente, quando este chama o povo de seu povo ou o cavalo de seu cavalo. 
Declarando o povo como sua propriedade privada, o rei expressa, tão 
somente, que o proprietário privado é rei. 

Assim como a filosofia encontra suas armas materiais no proletariado, 
o proletariado encontra na filosofia suas armas espirituais, e tão logo 

o relâmpago do pensamento tenha penetrado profundamente nesse ingênuo 
solo do povo, a emancipação dos alemães em homens se completará. 

Façamos um resumo dos resultados: 

A única libertação praticamente possível da Alemanha é a libertação 
do ponto de vista da teoria que declara o homem como o ser supremo 
do homem. Na Alemanha, a emancipação da Idade Média só é 
possível se realizada simultaneamente com a emancipação das superações 
parciais da Idade Média. Na Alemanha, nenhum tipo de servidão 
é destruído sem que se destrua todo tipo de servidão. A profunda Alemanha 
não pode revolucionar sem revolucionar desde os fundamentos. 
A emancipação do alemão é a emancipação do homem. A cabeça dessa 
emancipação é a filosofia, o proletariado é seu coração. A filosofia não 
pode se efetivar sem a suprassunção [Aufhebung] do proletariado, o 
proletariado não pode se suprassumir sem a efetivação da filosofia. 

Quando estiverem realizadas todas as condições internas, o dia da 
ressurreição alemã será anunciado pelo canto do galo gaulês. 


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Especial: É tudo um assunto só!

Outro dia discutindo sobre as manifestações do dia 15, sobre crise do governo e a corrupção da Petrobrás eu perguntei a ele se tinha acompanhado a CPI da Dívida Pública. Então ele me respondeu: Eu lá estou falando de CPI?! Não me lembro de ter falado de CPI nenhuma! Estou falando da roubalheira... A minha intenção era dizer que apesar de ter durado mais de 9 meses e de ter uma importância ímpar nas finanças do país, a nossa grande mídia pouco citou que houve a CPI e a maioria da população ficou sem saber dela e do assunto... Portanto não quis fugir do assunto... é o mesmo assunto: é a política, é a mídia, é a corrupção, são as eleições, é a Petrobras, a auditoria da dívida pública, democracia, a falta de educação, falta de politização, compra de votos, propina, reforma política, redemocratização da mídia, a Vale, o caso Equador, os Bancos, o mercado de notícias, o mensalão, o petrolão, o HSBC, a carga de impostos, a sonegação de impostos,a reforma tributária, a reforma agrária, os Assassinos Econômicos, os Blog sujos, o PIG, as Privatizações, a privataria, a Lava-Jato, a Satiagraha, o Banestado,  o basômetro, o impostômetro, É tudo um assunto só!...




A dívida pública brasileira - Quem quer conversar sobre isso? 

Escândalo da Petrobrás! Só tem ladrão! O valor de suas ações caíram 60%!! Onde está a verdade?


10 anos de Zeitgeist o documentário mais polêmico do 3° Milênio. (Projeto Vênus)


Operação Satiagraha - Operação policial de maior relevância política até 2014.


O Oswaldinho está morando nos Estados Unidos, deve ser vizinho do Pateta!

A revolução será digitalizada (Sobre o Panamá Papers)

O tempo passa... O tempo voa... E a memória do brasileiro continua uma m#rd*

As empresas da Lava-jato = Os Verdadeiros proprietários do Brasil = Os Verdadeiros proprietários da mídia.

Desastre na Barragem Bento Rodrigues <=> Privatização da Vale do Rio Doce <=> Exploração do Nióbio

Trechos do Livro "Confissões de um Assassino Econômico" de John Perkins 

Meias verdades (Democratização da mídia)

Spotniks, o caso Equador e a história de Rafael Correa.

O caso grego: O fogo grego moderno que pode nos dar esperanças contra a ilegítima, odiosa, ilegal, inconstitucional e insustentável classe financeira.



UniMérito - Assembleia Nacional Constituinte Popular e Ética - O Quarto Sistema do Mérito 

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A PLS 204/2016, junto com a PEC 241-2016 vai nos transformar em Grécia e você aí preocupado com Cunha e Dilma?!

A PEC 55 (antiga PEC 241). Onde as máscaras caem.

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Em conjunto CDH e CAE (Comissão de Direitos Humanos e Comissão de Assuntos Econômicos)

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Sugestão inovadora, revolucionária, original e milagrosa para melhorar a trágica carga tributária brasileira.


Debates/Diálogos:

Debate sobre Banco Central e os rumos da economia brasileira...

Diálogo sobre como funciona a mídia Nacional - Histórias de Luiz Carlos Azenha e Roberto Requião.

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Eu acuso... Antes do que você pensa... Sem fazer alarde...talvez até já tenha acontecido...


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(Relata "A Privataria Tucana", a Delação Premiada de Delcidio do Amaral e o depoimento coercitivo do Lula para a Polícia Federal)


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Um ano do primeiro golpe de estado no Brasil no Terceiro Milênio.


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Sobre o mensalão: Eu tenho uma dúvida!



Questões de opinião:

Questão de opinião: Maioridade penal a partir de 16 anos: seria uma boa?

Questão de Opinião: Financiamento de campanha: Público X Privado X Empresarial.

Questão de opinião: Terceirização - Temos que garantir os direitos deles ou dela? (PL 4330) (PCL 30/2015)

Eduardo Cunha - Como o Brasil chegou a esse ponto?



Sobre a Ditadura Militar e o Golpe de 64:


O Brasil Mudou. A Mídia não!

Dossiê Jango - Faz você lembrar de alguma coisa?

Comissão Nacional da Verdade - A história sendo escrita (pela primeira vez) por completo.

CPI da Previdência


CPI da PBH Ativos


Sobre o caso HSBC (SwissLeaks):

Acompanhando o Caso HSBC I - Saiu a listagem mais esperadas: Os Políticos que estão nos arquivos.

Acompanhando o Caso HSBC II - Com a palavra os primeiros jornalistas que puseram as mãos na listagem.

Acompanhando o Caso HSBC III - Explicações da COAF, Receita federal e Banco Central.

Acompanhando o Caso HSBC V - Defina: O que é um paraíso fiscal? Eles estão ligados a que países?

Acompanhando o Caso HSBC VI - Pausa para avisar aos bandidos: "Estamos atrás de vocês!"... 

Acompanhando o Caso HSBC VII - Crime de evasão de divisa será a saída para a Punição e a repatriação dos recursos

Acompanhando o Caso HSBC VIII - Explicações do presidente do banco HSBC no Brasil

Acompanhando o Caso HSBC IX  - A CPI sangra de morte e está agonizando...

Acompanhando o Caso HSBC X - Hervé Falciani desnuda "Modus-Operandis" da Lavagem de dinheiro da corrupção.

Acompanhando o Caso HSBC XI - Vomitasso!! Como foi... Como deveria ter sido....


Sobre o caso Operação Zelotes (CARF):

Acompanhando a Operação Zelotes!

Acompanhando a Operação Zelotes II - Globo (RBS) e Dantas empacam as investigações! Entrevista com o procurador Frederico Paiva.

Acompanhando a Operação Zelotes III - Aberto a CPI do CARF - Vamos acompanhar!! 

Acompanhando a Operação Zelotes IV (CPI do CARF) - Apresentação da Polícia Federal, Explicação do Presidente do CARF e a denuncia do Ministério Público.

Acompanhando a Operação Zelotes V (CPI do CARF) - Vamos inverter a lógica das investigações?

Acompanhando a Operação Zelotes VI (CPI do CARF) - Silêncio, erro da polícia e acusado inocente depõe na 5ª reunião da CPI do CARF.

Acompanhando a Operação Zelotes VII (CPI do CARF) - Vamos começar a comparar as reportagens das revistas com as investigações...

Acompanhando a Operação Zelotes VIII (CPI do CARF) - Tem futebol no CARF também!...

Acompanhando a Operação Zelotes IX (CPI do CARF): R$1,4 Trilhões + R$0,6 Trilhões = R$2,0Trilhões. Sabe do que eu estou falando?

Acompanhando a Operação Zelotes X (CPI do CARF): No meio do silêncio, dois tucanos batem bico...

Acompanhando a Operação Zelotes XI (CPI do CARF): Tarólogo bocudo dá corpo à versão da Veja.

Acompanhando a Operação Zelotes XII (CPI do CARF): Nem tudo é igual quando se pensa em como tudo deveria ser...

Acompanhando a Operação Zelotes XIII (CPI do CARF): APS fica calado. Meigan Sack fala um pouquinho. O Estadão está um passo a frente da comissão? 

Acompanhando a Operação Zelotes XIV (CPI do CARF): Para de tumultuar, Estadão!

Acompanhando a Operação Zelotes XV (CPI do CARF): Juliano? Que Juliano que é esse? E esse Tio?

Acompanhando a Operação Zelotes XVI (CPI do CARF): Senhoras e senhores, Que comece o espetáculo!! ("Operação filhos de Odin")

Acompanhando a Operação Zelotes XVII (CPI do CARF): Trechos interessantes dos documentos sigilosos e vazados.

Acompanhando a Operação Zelotes XVIII (CPI do CARF): Esboço do relatório final - Ainda terão mais sugestões...

Acompanhando a Operação Zelotes XIX (CPI do CARF II): Melancólico fim da CPI do CARF. Início da CPI do CARF II

Acompanhando a Operação Zelotes XX (CPI do CARF II):Vamos poupar nossos empregos

Acompanhando a Operação Zelotes XXI (CPI do CARF II): Entrando no mérito da questão: Ágio Interno.

Acompanhando a Operação Zelotes XXII (CPI do CARF II): Só ladrões de galinhas...

Acompanhando a Operação Zelotes XXIII (CPI do CARF II): Quem faz/fez contabilidade criativa no Brasil?!


Sobre CBF/Globo/Corrupção no futebol/Acompanhando a CPI do Futebol:

KKK Lembra daquele desenho da motinha?! Kajuru, Kfouri, Kalil:
Eu te disse! Eu te disse! Mas eu te disse! Eu te disse! K K K

A prisão do Marin: FBI, DARF, GLOBO, CBF, PIG, MPF, PF... império Global da CBF... A sonegação do PIG... É Tudo um assunto só!!

Revolução no futebol brasileiro? O Fim da era Ricardo Teixeira. 

Videos com e sobre José Maria Marin - Caso José Maria MarinX Romário X Juca Kfouri (conta anonima do Justic Just ) 

Do apagão do futebol ao apagão da política: o Sistema é o mesmo


Acompanhando a CPI do Futebol - Será lúdico... mas espero que seja sério...

Acompanhando a CPI do Futebol II - As investigações anteriores valerão!

Acompanhando a CPI do Futebol III - Está escancarado: É tudo um assunto só!

Acompanhando a CPI do Futebol IV - Proposta do nobre senador: Que tal ficarmos só no futebol e esquecermos esse negócio de lavagem de dinheiro?!

Acompanhando a CPI do Futebol V - Andrew Jennings implora: "Dont give up"! (Não desistam)!

Acompanhando a CPI do Futebol VI - O Romário é centro-avante ou um juiz?! 

Acompanhando a CPI do Futebol VII - Uma questão de opinião: Ligas ou federações?!

Acompanhando a CPI do Futebol VIII - Eurico Miranda declara: "A modernização e a profissionalização é algo terrível"!

Acompanhando a CPI do Futebol IX - Os presidentes de federações fazem sua defesa em meio ao nascimento da Liga...

Acompanhando a CPI do Futebol X - A primeira Liga começa hoje... um natimorto...

Acompanhando a CPI do Futebol XI - Os Panamá Papers - Os dribles do Romário - CPI II na Câmara. Vai que dá Zebra...

Acompanhando a CPI do Futebol XII - Uma visão liberal sobre a CBF!

Acompanhando a CPI do Futebol XIII - O J. Awilla está doido! (Santa inocência!)

Acompanhando a CPI do Futebol XIV - Mais sobre nosso legislativo do que nosso futebol



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