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segunda-feira, 1 de janeiro de 2024

Humberto Gessinger - Quatro Cantos de Um Mundo Redondo

Humberto Gessinger -
Quatro Cantos de Um Mundo Redondo


Humberto Gessinger - Quatro Cantos de Um Mundo Redondo
https://www.stereophonica.com.br/lp-humberto-gessinger-quatro-cantos-de-um-mundo-redondo

"Quatro Cantos de Um Mundo Redondo", o novo lançamento musical de Humberto Gessinger, estará disponível em todas as plataformas digitais, bem como em LP e cassete pela Deck Disc.


O álbum conta com 10 músicas gravadas entre Porto Alegre e Estocolmo, na Suécia. As canções "NO DELTA DOS RIOS", "ESPANTO" e "VAGA SEMELHANÇA" foram gravadas pelo Power Trio, composto pelo próprio HG, Rafa Bisogno (bateria) e Felipe Rotta (guitarra), repetindo nas gravações o mesmo poder e talento que acompanhamos ao vivo nos shows.


A canção "AEIOU", de autoria do saudoso Bebeto Alves, apresenta o vocal luxuoso de Duca Leindecker e a guitarra de Marcelo Corsetti, longevo parceiro de Bebeto. Com Fernando Petry no baixo, Diego Dias nos teclados e Luigi Vieira na bateria, formou-se um quarteto para gravar "TOXINA" e "UM BRINDE".


No já tradicional "Trio Acústico", encontramos novamente Nando Peters com seu baixo upright e Paulinho Goulart no acordeon, contribuindo para as músicas "A NOITE INTEIRA", "COMEÇA TUDO OUTRA VEZ" (parceria com Roberta Campos) e "MAIS QUE SOMBRAS".


A faixa "FEVEREIRO 13", dedicada à filha Clara, conta com participação da própria. A canção foi gravada no lendário estúdio Atlantis em Estocolmo, lar do grupo ABBA e local de gravação de outros grandes nomes da música mundial, como Led Zeppelin, Genesis, Roxette, The Hives, entre outros.


“Quatro Cantos de Um Mundo Redondo” chega as plataformas digitais em 26 de Setembro. 



01 ESPANTO 


ESPANTO 

(Humberto Gessinger)

Irradiação Fóssil (Universal MGB)


Por que o espanto?

Tô bem no meu canto

E o outono é uma bela estação


Cabelos brancos

Dentes amarelos

O contrário é só ilusão

Por que o espanto?

Não é pra tanto! 


Quem vê um santo

Com pés de barro 

Vê o que quer: viés de confirmação

Se a cabeça bate dentro do peito

O afeto afeta a razão

Por que o espanto?

Não é pra tanto!


Por que o espanto?

Não é pra tanto!


Tudo bem, segue o jogo

Tudo bem, separa o joio do trigo

Tudo bem, segue o jogo

Tudo bem, cuidado com o fogo, amigo


Por que o espanto?

Não é pra tanto!


Por que o espanto?

Não é pra tanto!


Vida que segue

Segue o jogo

Nos quatro cantos

De um mundo redondo

E frágil

 


02 - No Delta Dos Rios 

No Delta Dos Rios 

(Humberto Gessinger)

Irradiação Fóssil (Universal MGB)


Vai por mim, nada pode dar errado

A não ser o que pode dar errado

Mas isso nós sabemos desde a pré-história

E desde que se saiba tudo se transforma


Vai por mim, estarei por ti se der errado

Vai por mim, estarei aqui, braços abertos

Tudo certo, tudo certo

Tudo certo 


Quando o zagueiro se lança numa aventura

E o lateral avança sem cobertura

O maestro quebra a batuta e rasga a partitura

Será ouro de tolo? Será um touro Miura?

Ouro de tolo? Touro Miura?


Vai por mim, estarei por ti se der errado

Vai por mim, estarei aqui, braços abertos

Tudo certo, tudo certo

Tudo certo

 

Quando chega a hora, ninguém segura

Água mole em pedra dura

Abre as asas, fura a bolha, abala as estruturas

No delta dos rios nasce a nova cultura

No delta dos rios, no delta dos rios





03 - A.E.I.O.U

A.E.I.O.U
(Bebeto Alves)
Warner Chappell Music

Reescrever 
Todos os sentidos, significados
De toda e qualquer palavra
Geografia desse pensamento

Reescrever desde menino
O pó da terra, o sol do mato
O céu azul anil
O afeto que se encerra em nosso peito

Reescrever o AEIOU
De dó, acorde primeiro
Acorde primeiro
Acorde primeiro
 
Recuperar
Retornar-se
Reescrever-se
AEIOU, AEIOU
AEIOU


04 - Toxina


Toxina

(Gessinger)

Irradiação Fóssil Prod. Art. e Arquitetura Ltda. (Universal Pub. MGB)


Tenso, tenso, ele insiste

Ranço, ranço, não desiste

Eu Penso, logo evito

O tiroteio, prato cheio pro algoritmo


Tiozão tóxico, esteta da treta

Vive nas cavernas de outro planeta

Tiozão tóxico, esteta da treta

Direto das cavernas de outro planeta

Online 


Sempre atrás 

de um mal maior pra dar barato

Chato, chato

Prato cheio pro algoritmo

Faniquito 

Favorito do algoritmo


Tiozão tóxico, esteta da treta

Vive nas cavernas de outro planeta

Agarrado nos últimos centavos do passado

Apavorado com o tic-tac acelerado

Soterrado na areia da ampulheta


Tiozão tóxico, esteta da treta

Esteta da treta online



05 - Um Brinde


Um Brinde
(Humberto Gessinger)
Irradiação Fóssil Prod. Art. e Arquitetura Ltda. (Universal Pub. MGB)

Um brinde (Um brinde)
A tudo de ruim (Como assim?)
Que ficou pra trás (Agora sim!)

Um brinde 
A tudo de ruim 
Que ficou pra trás 

Neblina
Cortina de fumaça 
Trágica trapaça
Derrubaram o farol

Um brinde
Ao fim de um pesadelo
Nuvens pesadas
Marcha da insensatez

Um brinde
Ao fim de uma era
Bora, galera
A espera acabou

Um brinde 
A tudo que ficou pra trás 
Um brinde 
Ao nascer do sol, nosso farol

Um brinde 
A tudo que ficou pra trás 
Um brinde 
Ao nascer do sol, nosso farol

Um brinde, um brinde, um brinde
Um brinde, um brinde, um brinde
Um brinde
Um brinde


06 Fevereiro 13 

Fevereiro 13 
(Gessinger)
Irradiação Fóssil (Universal MGB)

Te desejo
Tudo de bom e necessário
Tú mereces
Tudo de bom e necessário

Gosto desse papo de lugar de fala
E sobre como as luzes da cidade
Atrapalham os pássaros

O final dos tempos 
É só um sinal dos tempos
Te desejo um futuro leve e cintilante

Tú mereces
Tudo de bom e necessário

Que o teu mundo seja sempre pequeno
Tão pequeno quanto é grande a tua alma
Estocolmo é um porto alegre

Transatlântico é nosso amor

Todo dia é algum aniversário
Muito além do calendário
12 peixes no aquário
Em qualquer fuso horário

Tudo de bom…



07 - A Noite Inteira 

 A Noite Inteira 
(Gessinger)
Irradiação Fóssil (Universal MGB)

A gente poderia 
Conversar a noite inteira
Mas amanhã é segunda-feira
Eu tenho contas a pagar
Eu tenho que apagar a luz
Eu quero estar dormindo 
Quando o despertador tocar

A gente poderia conversar a noite inteira
Falando sério só de brincadeira
Mas eu quero dormir um sono profundo
Eu quero estar em outro mundo 
Quando o sol raiar

A gente poderia 
Conversar a noite inteira
Poderia até deixar 
A luz acesa a noite inteira
Mas, por favor, esqueça
Eu quero tirar da cabeça 
Tudo que mereça atenção

A gente pode conversar 
Sobre o que há de mais sagrado
E ao mesmo tempo 
Cometer os maiores pecados
Pode falar de liberdade 
Sem sair da prisão
Pode falar sobre o céu 
Sem tirar os pés do chão



08 - Vaga Semelhança 

Vaga Semelhança 
(Humberto Gessinger)
Irradiação Fóssil (Universal MGB)

A distância que eu venci 
E o rastro que ficou
Guardam entre si 
Vaga semelhança
Se a conta não fechar 
Antes de fechar o bar
Concordo em discordar 
Das nossas lembranças

Pontos de vista
Contos de fadas
Ponto de fuga
Encontro das linhas
Lá no fim da estrada

A cidade em que eu nasci 
E aquela que nasceu em mim
Guardam entre si
Vaga semelhança
O império encolheu
Colheu o que plantou
Do que havia só restou 
Vaga semelhança

Pontos de vista
Contos de fadas
Há um ponto cego
Encontro de egos
Que não leva a nada

O mapa e a cidade
O fato e a lembrança
Guardam entre si
Vaga semelhança




09 - Mais Que Sombras  


Mais Que Sombras  
(Gessinger / Peters)
Irradiação Fóssil (Universal MGB) / Direto

Ao menos temos pôr do sol
Mesmo que seja por tabela
Quando o prédio envidraçado
Que faz sombra de manhã
Reflete o sol pela janela

Ao menos temos um ao outro
Mesmo que seja por tabela
Quando a bateria morre
Nasce um rosto refletido
Na escuridão da tela  

Pra esquecer 
Como estamos longe do ideal
Pra saber 
De onde vem a nossa sede
E entender 
Que as sombras na parede

Não somos nós
Somos mais que sombras 
Não somos nós
Somos mais que sombras 
Não somos nós


10 - Começa Tudo Outra Vez

Começa Tudo Outra Vez
(Roberta Campos / Gessinger) 
Roma Editora (Deck) / Irradiação Fóssil Prod. Art. e Arquitetura Ltda.  (Universal Pub. MGB)

Quando olho pra você
Seus olhos têm tanto a me dizer
Espera aí, te busco no portão
Te levo pela mão, me abrace por favor

Se sente no sofá, te faço um café
Eu canto pra você, te faço uma canção
Te dou meu coração pra você me guardar

Depois que a noite terminar 
O dia vai nascer você nos meus braços
Depois que a gente acordar
Começa tudo outra vez

Quando olho pra nós dois em paz 
Nas fotos de um mural
Esqueço onde estou
De onde vim, como cheguei
Quem foi que nos fotografou

Eu vejo o dia clarear e o que vem depois
Quando olho pra nós dois
Sorrindo no mural
Entre contas a pagar
Compromissos a esquecer
Tele-entregas a chamar
Medos a vencer
Ainda temos um ao outro pra sonhar




Um brinde: Em paz versão 2023 / 2024


Em Paz
Humberto Gessinger


Há quem faça contas
Há quem vá as compras
Quando mais um ano chega ao fim
Hora de escrever cartões
Hora de rever os planos
Mais um ano chega ao fim
Quem venha em paz
O ano que vem
Que venha em paz
O que o futuro trouxer
Cai a neve na vitrine
E a gente derrete ao sol
Neste natal tropical
Os cachorros da vizinhança vão latir
Sob fogos de artifício
Pensarão que é o fim
Mas será só o início
Quem venha em paz
O ano que vem
Que venha em paz
O que o futuro trouxer
Há quem ignore o calendário
Há quem fique de olho no horário
Quando mais um ano chega ao fim
Quem venha em paz
O ano que vem
Que venha em paz
O que o futuro trouxer



Humberto Gessinger apresenta sete inéditas no álbum 'Quatro cantos de um mundo redondo'
No disco solo, programado para 26 de setembro, artista gaúcho também regrava música do conterrâneo Bebeto Alves e reaviva composição que deu para Serguei nos anos 1990.


 Terceiro álbum solo gravado por Humberto Gessinger em estúdio com músicas inéditas (ou o quarto se contabilizado o disco Humberto Gessinger Trio editado em 1996), Quatro cantos de um mundo redondo tem lançamento programado para 26 de setembro. O disco reúne 10 músicas gravadas em trio, em quarteto e em formato solo pelo artista gaúcho.

No álbum, Gessinger apresenta sete músicas inéditas de lavra própria – como Fevereiro 13, Espanto, No delta dos rios, Toxina e Um brinde – e grava pela primeira vez A noite inteira (1991), música que compôs em 1990 e que cedeu para o primeiro álbum do lendário roqueiro Serguei (1933 – 2019), além de rebobinar Começa tudo outra vez (2021), parceria com a artista mineira Roberta Campos apresentada pela cantora há dois anos no álbum O amor liberta (2021) em gravação feita com o próprio Gessinger.

Fora da seara autoral, Gessinger celebra o legado do conterrâneo Bebeto Alves (1954 – 2022) – nome importante do rock gaúcho falecido em novembro – com registro de A E I O U (1983), música composta por Bebeto e lançada pelo autor há 40 anos no álbum ao vivo Notícia urgente (1983). Duca Leindecker pôs voz na gravação de A E I O U.

O repertório do álbum Quatro cantos de um mundo redondo também inclui a música Mais que sombras – parceria de Gessinger com o baixista Nando Peters (“Escrevi para a música de Peters uma letra inspirada no sol que entra pela janela do meu estúdio pela manhã e, no fim da tarde, retorna refletido na fachada de vidro do prédio em frente ao meu”, detalha Gessinger) – e Vaga semelhança, música em que Gessinger versa sobre a subjetividade da memória, apontando a distância entre fato e lembrança.

Gravado entre estúdios de Porto Alegre (RS), cidade natal do artista, o álbum Quatro cantos de um mundo redondo tem faixa feita no histórico estúdio Atlantis, em Estocolmo, na Suécia. Trata-se de Fevereiro 13, música composta por Gessinger para a filha Clara, residente na cidade sueca.

Sucessor do EP de remixes Água Gelo Vapor (2021) na discografia solo do artista, o álbum Quatro cantos de um mundo redondo tem edições previstas em LP e cassete pela gravadora Deck. O disco foi masterizado por Fábio Roberto no estúdio Tambor, na cidade do Rio de Janeiro (RJ).


Multi-instrumentista, Gessinger toca baixo nas músicas gravadas em power trio (completado pelo guitarrista Felipe Rotta e pelo baterista Rafa Bisogno), manuseia violão e viola caipira nas faixas feitas com trio acústico (com Nando Peters no baixo e Paulinho Goulart no acordeom) e pilota guitarra de 12 cordas nas músicas formatadas em quarteto integrado por Diego Dias (teclados), Fernando Petry (baixo) e Luigi Vieira (bateria).

O álbum Quatro cantos de um mundo redondo será promovido por Humberto Gessinger com turnê pelo Brasil que parte de Porto Alegre (RS), cidade que abriga o show programado para 30 de setembro no Auditório Araújo Vianna.


Quatro Cantos de Um Mundo Redondo saiu no final de setembro


FERNANDO BARTMANN/DIVULGAÇÃO/JC
Em sintonia com estes aspectos artísticos e pessoais, Humberto fala: "Sete das dez músicas, eu compus no último ano". Além destas, existem duas músicas que ele já havia escrito há mais tempo. Sobre a mais recente, Humberto detalha: "Escrevi Fevereiro 13 para minha filha, Clara, que foi estudar em Estocolmo".
Clara acabou ficando por lá, arranjou emprego e se casou com um sueco, o que obriga Humberto e a mulher, Adriane Sesti, a irem pelo menos uma vez por ano visitar a filha. "Quando as coisas começaram a se encaminhar profissional e emocionalmente para a Clara na Suécia, comecei a estudar a cultura escandinava e fiquei fascinado". Mas, apesar da admiração pelo país nórdico - "Uma civilização que compreende bem como é viver de forma coletiva" -, ele descarta qualquer possibilidade de mudança: "Acho que seria muito difícil morar longe da língua materna."
O novo disco traz duas novas parcerias no currículo de Humberto. A primeira com Roberta Campos e uma outra com Nando Peters, que toca baixo no trio acústico. Humberto também gravou AEIOU, uma canção de Bebeto Alves (que faleceu em novembro do ano passado) e que ele considera figura fundamental para música gaúcha feita a partir dos anos 70. Nesta nova versão, Humberto convidou dois amigos – dele e de Bebeto – para participar da gravação, Duca Leindecker, nos vocais, e Marcelo Corsetti, na guitarra. “Essas músicas compõem o primeiro bloco de lançamento. Elas traçam uma linha interessante entre passado e presente, cidade e mundo. Pouca Vogal e AEIOU”, diz Gessinger.
Marcelo Corsetti vê pontos de confluência entre os trabalhos de Humberto Gessinger e o de Bebeto Alves. “Ele foi um grande parceiro, um incentivador e um divulgador de muito do que Bebeto produziu e, por tabela, o que nós do Blackbagual, fizemos”, conta, recordando que a proximidade surgiu em 2009 quando foi feito o documentário sobre Bebeto, Mais uma Canção. “Ele sempre esteve presente em nossa história, dividindo as composições e o palco no Milonga Orientao e, às vezes, simplesmente nos prestigiando, num canto da plateia, como um ouvinte atento”.
“O Humberto é genial, fora da curva. Um cara que sabe escolher as notas e as palavras, dentro e fora de suas canções, como ninguém”, elogia Duca Leindecker, que nos últimos anos sempre esteve próximo de forma pessoal e artística de Humberto. “Tive a sorte de formar um duo com ele e compartilhar ideias e soluções musicais, sempre aprendendo muito”. Duca também destaca o que considera mais importante nessa troca musical. “Acho que o mais legal da nossa parceria é valorizar as nossas diferenças abrindo espaço para o melhor de cada um. Sou muito grato pela sua amizade e generosidade”.
Em outra linha, Juarez ressalta ainda que Humberto soube ampliar seus horizontes musicais, buscando pontos de contato com artistas que pareciam distantes, como os músicos Luiz Carlos Borges e Renato Borghetti. “Dessa maneira, ele manteve os admiradores daquele tempo das bandas de rock e conseguiu criar um novo público”.
“Para mim, ele sempre foi um ídolo. O Humberto tem um aspecto que talvez nunca tenha sido totalmente reconhecido, o grande instrumentista que ele é. Desde os primeiros momentos, lá com os Engenheiros, ele já se mostrava um cara com uma visão musical acima do nível estabelecido no mundo em que circulava”, elogia Corsetti, lembrando que depois de sete anos de convites Humberto aceitou gravar uma música instrumental em seu disco de 2022. “Foi uma grande alegria, pois eu não buscava o cara que é uma estrela, e sim o grande contrabaixista/guitarrista/ gaitista/pianista/violeiro que ele é”.

quarta-feira, 2 de agosto de 2023

8 Situações que você deve manter o silêncio!

8 SITUAÇÕES QUE VOCÊ DEVE MANTER O SILÊNCIO

1 - Quando você está buscando uma resposta que só pode vir de dentro de você. Preserve seu campo de energia.

2 - Quando estiver planejando um novo movimento na sua vida, só fale quando estiver concretizado. As opiniões alheias sempre contêm cargas emocionais e energias influentes que não são compatíveis com o que o seu coração vibra.

3 - Quando o outro está falando como se sente. Ouça com o coração aberto.


4 - Quando alguém não deixa você terminar o que está falando, de toda forma ela não está te escutando verdadeiramente.


5 - Quando estiver em um momento de reflexão e análise sobre suas próprias ações e comportamentos. Você deve sentir o que faz sentido para você, e não para o senso comum.


6 - Quando alguém está passando por um momento intenso de dor ou tristeza, muitas vezes o silêncio amoroso pode ser mais valioso do que palavras.


7 - Quando alguém está compartilhando uma opinião que você discorda, nunca há necessidade de entrar em conflito.


8 - Quando estiver em um momento de meditação ou oração, o silêncio é o portal de conexão com a sua alma e com Deus."


Por Caio Costa

terça-feira, 11 de julho de 2023

A VERDADEIRA HISTÓRIA DO TETRIS - TECNOLOGIA DO METAVERSO

 TECNOLOGIA –

A VERDADEIRA HISTÓRIA DO TETRIS

Ela não teve tiros, perseguições, beijos nem outras coisas que aparecem no filme da Apple. Mas teve geopolítica, pirataria, colapso da URSS — e um aquário que chamou a atenção da Microsoft. Conheça a saga do segundo gamemais popular de todos os tempos — contada por seu criador.
Texto Fernanda Ezabella e Bruno Garattoni


UMA ESPIÃ SEXY, um comunista malvado, pancadaria rolando solta e uma perseguição

maluca de carros pelas ruas de Moscou. O filme sobre a história do jogo Tetris, lançado em

março no serviço Apple TV+, está cheio de clichês de ação. “E um filme de espionagem

turbinado”, diz Alexey Pajitnov, rindo. Ele é um senhor bonachão de 68 anos, que se expressa

em inglês macarrônico, e o inventor de Tetris: o segundo game mais popular de todos os

tempos, com 520 milhões de cópias vendidas (só atrás da franquia Mario). E isso sem contar as

versões piratas, disponíveis em mais de 50 plataformas.


A perseguição de carro não aconteceu. Mas a espiã é real — e as trapaças milionárias

também. Pajitnov criou Tetris em junho de 1984, nas horas vagas do seu trabalho como

programador de software na Academia de Ciências de Moscou. “Era só uma brincadeira, não

havia grandes ambições”, conta ele em uma conversa por vídeo da sua casa no subúrbio de

Seattle (EUA), onde mora hoje. Quando inventou o jogo, ele tinha 29 anos e estava na

Academia há cinco. Conseguiu o emprego após completar o mestrado em matemática no

Instituto de Aviação de Moscou. Pajitnov se interessava por quebra-cabeças desde a

adolescência, embora a educação não fosse muito empolgante. “Havia muita ideologia, muita

besteira para estudar e atividades muito, muito idiotas. Eu tentava ficar longe disso, mas era

inevitável”, diz.

Na Academia de Ciências, o modus operandi soviético se manifestava em um sistema

de trabalho rígido, altamente hierarquizado. Mas era uma das melhores instalações científicas

da URSS, dedicada aos avanços de tecnologia espacial e nuclear. “Os chefes diziam e você

obedecia. Francamente, não era tão ruim, não tenho muito do que reclamar.”

Pajitnov trabalhava no centro de computação da Academia, onde desenvolvia

softwares em duas áreas incipientes: reconhecimento de voz e inteligência artificial. “Era

trabalho teórico. Nós usávamos poucas centenas de kilobytes de memória”, diz. “O melhor

que consegui fazer foi comandar as pecinhas de Tetris com a voz: ‘esquerda, esquerda,

esquerda, soltar!”, lembra ele, animado. “Essa versão [com comandos de voz] nunca deixou

meu computador”, conta ele.

Pajitnov também recebia em sua mesa vários gadgets para testar. Tetris veio de uma

dessas novidades: o Elektronika-60, um computador soviético com processador de 16 bits, 128

kilobytes de memória RAM e disquetes para armazenamento. Para a época, era bem

interessante — e, o melhor, Pajitnov podia usá-lo à vontade (naquele tempo, era preciso

marcar hora para utilizar os computadores, grandes mainframes que – também no Ocidente –

tinham de ser compartilhados pelos pesquisadores ou funcionários de empresas).

Ele começou a escrever programas para testar o Elektronika. Surpreendeu-se com o

resultado, e foi ficando ambicioso. “Decidi que queria criar um jogo para dois usuários, algo

sofisticado, como um jogo de xadrez. Eu coloco uma peça, você coloca outra e por aí vai. Tive

um sonho que poderia usar pentaminós para criar esse jogo. Peraí, deixa eu te mostrar.”

Pajitnov se levanta para pegar na prateleira uma caixa desse jogo, e exibir as peças

vermelhas na câmera do computador. Pentaminó é um quebra-cabeça geométrico inventado

na Inglaterra, no começo do século 20, que se tornou popular em muitos lugares, inclusive na

URSS.

Ele tem peças de madeira de 12 formatos diferentes, cada uma formada por cinco

quadradinhos. “Você joga como se fosse um quebra-cabeça, vai criando configurações

diferentes.” O problema maior, diz Pajitnov, é na hora de guardar as peças de volta na caixa.

“Aí você está ferrado, porque é muito difícil encaixá-las”, brinca.

Para simplificar o jogo no computador, as pecinhas foram reduzidas para sete

formatos em vez de 12, com cada uma formada por quatro quadrados em vez de cinco.


Pajitnov criou a palavra Tetris juntando essa característica (“tetra” é quatro em grego) com o

nome do seu esporte preferido, o tênis. Como o Elektronika-60 não tinha interface gráfica e só

exibia texto, Pajitnov usou letras para formar as pecinhas, que caíam da parte de cima da tela

até formar linhas na parte de baixo. A ideia de fazer as linhas completadas desaparecerem veio

depois. ‘Levei umas três semanas até ter algo jogável”, lembra. Aí, imediatamente ficou

viciado. “Eu não conseguia parar de jogar, e meus colegas também não.”

Tetris chamou a atenção, e cópias do jogo foram distribuídas nos países do bloco

soviético. Até que, em 1988, uma cópia acabou indo parar na feira Consumer Electronics Show,

em Las Vegas. Lá, o empresário e desenvolvedor de jogos holandês Henk Rogers se encantou

com o game — e foi até a URSS atrás dele.

Com a cara (de pau) e a coragem, viajou para Moscou sem conhecer ninguém ou

qualquer reunião marcada. No lobby de seu hotel havia uma moça que se dizia tradutora e o

ajudou a chegar ao local certo, o Ministério do Comércio Exterior. Ela era, como mostrado no

filme, uma espiã. E Rogers sabia disso: “Todos os intérpretes à espera no hotel eram da KGB.

Mas ela era linda e divertida, enquanto os outros pareciam moribundos e tristonhos”, disse ele

ao jornal inglês Guardian.

Mas o resto da história da espiã, que inclui um beijo na boca, é delírio hollywoodiano.

A verdade é que foram dias longos, com negociações demoradas e meticulosas entre Rogers e

Nikolai Belikov, o chefão da Elektronorgtechnica (Elorg), agência estatal responsável pelo

comércio de hardware e software. Foi aí que o animado Rogers conheceu o tímido Pajitnov.

“De cara gostei da atitude dele. Ele não tentava esconder nada e logo colocou as

cartas na mesa. Ficamos amigos rapidamente”, conta o russo. “Foi o primeiro desenvolvedor

de jogos que conheci — essa profissão não existia no meu país. Então eu estava animado. Era

uma chance de discutir tudo sobre o jogo e outros títulos.”

Mas na mesa de negociações entre Rogers e a Elorg, monitorada por uma comitiva de

dez autoridades russas,” Pajitnov não apitava nada; era só um consultor. Como não existia

propriedade intelectual na URSS, e Tetris havia sido desenvolvido num computador do

governo, o russo preferiu evitar dor de cabeça e cedeu os direitos ao Estado por dez anos. “Eu

não teria chance se tentasse ir atrás de dinheiro. E sabia que o jogo era bom. Queria que fosse

publicado e não esquecido”, lembra.

No filme, Pajitnov vive maus bocados por se aproximar demais de Rogers. Chega até a

perder o apartamento. Durante nossa conversa, o russo ri disso — que é mera ficção. “O

roteirista me perguntou o que seria uma situação fundo do poço para mim, e nós conversamos

até chegar nessa solução.” Mas e os apuros de Belikov? No filme, o diretor da Elorg leva uma

surra por se opor a Valentin Trifonov, um burocrata malvado que tenta desviar os direitos do

game.

“Ah, não, era só um joguinho Fala sério!”, responde Pajitnov. Na vida real, não só

Belikov não apanhou, como se deu bem. Quando a URSS acabou, ele transformou Elorg numa

empresa privada e recebeu direitos autorais sobre as vendas de Tetris até 2005, quando sua

firma foi comprada por Rogers e Pajitnov por US$ 15 milhões (US$ 23 mihões em valores


atuais). Valentin Trifonov, por sua vez, não existiu. (Mas o nome sim: é de um político que

participou da Primeira Revolução Russa, em 1905.)

Assim que o Ocidente descobriu Tetris, houve uma guerra para obter os direitos

comerciais do jogo em várias plataformas (PC, consoles, fliperamas etc.). O filme mostra

bastante isso, mas de forma pouco precisa — e aqui há algumas pecinhas para encaixar.

O empresário britânico Robert Stein havia se deparado com o jogo em 1986, numa

viagem à Hungria, país do bloco soviético onde Tetris se espalhava via cópias piratas. Stein

tentou contato com o governo soviético, mas não teve resposta — e aí fez uma proposta, de

10 mil libras, diretamente para Pajitnov. Antes mesmo de fechar negócio, saiu revendendo

licenças do jogo mundo afora. “Ele considerou um telex (tipo primitivo de fax] meu como um

consentimento total para publicar Tetris, o que achei uma trapaça”, diz Pajitnov. “Eu só

comentei que estávamos na expectativa. Não era um contrato.”

Stein repassou os direitos à Mirrorsoft, do magnata inglês Robert Maxwell (dono do

tabloide Daily Mirror, uma potência editorial na época). A Mirrorsoft, por sua vez, revendeu-os

para a Spectrum Holobyte e para a Atari. “O jogo chegou a computadores da Europa toda, e

nada foi pago”, diz Pajitnov, que aparentemente não guarda rancor. “Eles fizeram um bom

trabalho no lançamento. Criaram uma embalagem, colocaram musiquinha, e eu até ganhei um

prêmio numa competição de jogos na Europa.”

No filme, Robert Maxwell se encontra com o líder soviético Mikhail Gorbachev, para

pressioná-lo em troca dos direitos exclusivos sobre Tetris. “A pressão política de Maxwell era

enorme. Tinha gente com medo até de falar com ele”, lembra Pajitnov. Na vida real, a reunião

de Maxwell com Gorbachev chegou a ser marcada, mas não aconteceu — foi cancelada após

um terremoto na Armênia, que desviou a atenção do líder soviético. No fim das contas,

Maxwell ficou apenas com os direitos do jogo para PC.

As primeiras versões ocidentais de Tetris se aproveitavam do fascínio com o país

escondido na cortina de ferro. A exuberante Catedral de São Basílio e bonecas matryoshkas

apareciam nas telas e nas propagandas do jogo, bem como uma musiquinha que se tornou

sinônimo do game (e é, na verdade, uma canção folclórica russa do século 19). Pajitnov achou

tudo aquilo meio brega, mas entendeu a lógica.

Após sua visita à URSS, em 1988, Henk Rogers ficou com os direitos para os consoles

de videogame. Ele ofereceu US$ 1,2 milhão em royalties garantidos para a Elorg, mais US$ 1,30

a cada cartucho vendido (em valores atualizados). Isso não é nada pelos padrões do mercado

de hoje; mas era muito mais do que o rival Stein havia oferecido. Rogers repassou a licença

para a Nintendo. Só que havia um problema: Maxwell já tinha vendido à Atari os direitos de

Tetris para videogames — que ele na verdade não possuía.

O filme mostra as duas empresas brigando no tribunal, com vitória da Nintendo. Isso

aconteceu, mas inicialmente a Atari levou a melhor: chegou a lançar o jogo para o console

Nintendo 8 bits. Um mês depois, a Justiça dos EUA mandou a empresa recolher e destruir

todos os cartuchos de Tetris — que, a partir dali, só a própria Nintendo poderia fabricar. O

console portátil Game Boy, lançado pela Nintendo em 1989, já veio com Tetris na caixa. O


game foi decisivo para transformá-lo em um fenômeno — nos primeiros três anos, o Game

Boy vendeu 9 milhões de unidades só nos EUA.

Mas Pajitnov ainda não tinha recebido nada pelo game. Continuava na mesma. Quer

dizer, na mesma não: a União Soviética vivia seus últimos dias, e a vida dos russos piorava

rapidamente. Aí Pajitnov emigrou para os EUA: foi trabalhar com o amigo e parceiro Henk,

produzindo games. Fez um software chamado El-Fish, uma espécie de screensaver que

transformava a tela do computador em aquário, e acabou contratado pela gigante Microsoft.

"Todo mundo reclamava da burocracia da Microsoft. Mas comparada à do meu país, não era

nada", diz, com bom humor. Pajitnov tocou cinco projetos na empresa de Bill Gates (incluindo

Pandora's Box, um programa para PC que incluía 350 puzzles), na qual ficou até 2005. Sua

última obra por lá foi Hexic HD, uma espécie de releitura do Tetris desenvolvida para o console

Xbox. Lembra bastante o megassucesso gratuito Candy Crush, que seria lançado uma década

depois (e já foi baixado mais de 2,7 bilhões de vezes).

Hoje, Henk e Pajitnov são donos da Tetris Company, que administra os direitos

comerciais do game. Ele continua um fenômeno — tem até um campeonato mundial,

disputado todo ano nos EUA. O maior vencedor é o americano Jonas Neubauer, com sete

títulos nas 13 edições (só não foram mais porque Neubauer morreu de problemas cardíacos

aos 39 anos, em 2021). Há várias estratégias para jogar. Nos últimos anos foram surgindo

novas técnicas, como o hypertapping (apertar o controle muitas vezes para mover as peças

mais rápido) e o t-spin — girar a peça "T" no último segundo, para encaixá-la num espaço

apertado.

Em Tetris 99, lançado em 2019 para o Nintendo Switch, finalmente se tornou possível

jogar online, contra qualquer pessoa — justamente o que Pajitnov queria fazer, lá no começo

dos anos 1980. Nesse modo, a cada vez que você completa e elimina uma linha, ela vai para a

tela do adversário, complicando a vida dele. Pajitnov adora jogar assim, mas diz que não é

muito bom. "Você precisa escolher uma estratégia e focar nela. Mas o meu estilo, e que eu

recomendo, é só jogar e se divertir." É inevitável: uma hora você não vai mais conseguir formar

as linhas e eliminar as pecinhas. Aí o tabuleiro transborda, e o jogo acaba. O desfecho é

sempre o mesmo. A graça está no caminho que leva até ele — tanto em Tetris quanto na vida.


COMO JOGAR BEM As estratégias do americano Jonas Neubauer, sete vezes campeão mundial.


1- SEJA DENSO – Faça blocos compactos com encaixes perfeitos - mesmo que isso acabe

formando pilhas altas e deixando um vazio ao lado. Eventualmente, o jogo dará a você uma

peça que se encaixa perfeitamente no "poço" - e você completará várias linhas e uma só vez.

2- APRENDA A GIRAR – Rotacionar as pecinhas, enquanto elas estão caindo, é essencial para

jogar bem. Tente se lembrar de que você pode girar cada uma no sentido horário ou anti-

horário. Iniciantes costumam girar as peças só no sentido horário, desperdiçando cliques e

tempo. 3- ANTECIPE AS LANCES – O jogo mostra, em uma janelinha no canto direito da tela,

qual peça você receberá em seguida. Crie o hábito de olhar para essa janelinha assim que


possível (quando a peça atual ainda estiver caindo). Você ganha tempo, e já se prepara para a

próxima peça. 4- VELOCIDADE > PERFEIÇÃO – As suas decisões não têm de ser perfeitas. É

melhor ser capaz de agir rápido especialmente quando as peças começam a cair mais

depressa. "Um mestre de Tetris pode olhar um menu [de restaurante], e escolher em menos

de 10 segundos", disse Neubauer. 5- FIQUE CALMO – "De vez em quando, você vai errar. Não

entre em pânico. É só construir em volta." Vá preenchendo os espaços ao lado do "buraco"

que se formou, e uma hora você conseguirá desfazer a lacuna.


 TECNOLOGIA DO METAVERSO

A ideia de que estava para surgir um mundo virtual

unificado e totalmente imersivo impulsionou um mercado bilionário de propriedade digital e

fez o Facebook mudar de nome. Parecia o início de uma nova era. Mas não rolou. Entenda o

que deu errado, o que vingou de fato — e se o conceito de metaverso ainda tem futuro. Texto

RAFAEL BATTAGLIA Edição: ALEXANDRE VERSIGNASSI


“SERÁ O SUCESSOR DA INTERNET MÓVEL”, disse Mark Zuckerberg sobre o metaverso

em outubro de 2021 durante a Connect, a conferência anual do Facebook voltada à realidade

virtual.

“Isso é muito Black Mirror”, disse provavelmente qualquer um que assistiu àquela

apresentação. Durante uma hora, Zuckerberg navegou por hologramas, jogos imersivos e

festas virtuais repletas de avatares para mostrar como a tecnologia poderia, no futuro, mudar

a maneira como as pessoas trabalham, estudam, fazem exercícios — e se relacionam.

A aposta foi alta. “Todos os nossos produtos, incluindo aplicativos, agora

compartilham uma nova visão: ajudar a dar vida ao metaverso.” Para concretizar a decisão,

Mark anunciou que a empresa-mãe do Facebook (dona também do WhatsApp e do Instagram)

estava mudando de nome para Meta.

O anúncio balançou o mercado de tecnologia — e não demorou para que outras

empresas do setor abraçassem a ideia: em janeiro de 2022, a Microsoft adquiriu a

desenvolvedora de jogos Activision Blizzard (Call of Duty, World of Warcraft, Candy Crush) por

US$ 68,7 bilhões, sob a justificativa de que o acordo ajudaria a gigante a construir o seu

próprio metaverso.

Em 2022, um relatório da consultoria McKinsey estimou que o metaverso poderia

movimentar US$ 5 trilhões até 2030. O Citibank foi ainda mais longe: US$ 13 trilhões (para

comparar, todo o PIB anual do Brasil é de “apenas” US$ 2 tri).

A apresentação de Zuckerberg foi também uma espécie de manifesto. O bilionário

ressaltou que o metaverso não seria construído apenas pela Meta — e sim por um esforço

coletivo das empresas tech. Ele advertiu que os investimentos seriam altos e não teriam

retorno imediato — mas que a tecnologia se estabeleceria em um prazo de cinco a dez anos.


Ao que parece, ninguém quer esperar tanto tempo assim.

Menos de dois anos após o anúncio da Meta, o interesse pelo metaverso minguou. A

Microsoft fechou o AltspaceVR (ambiente de realidade virtual adquirido pela empresa em

2017) e demitiu vários funcionários ligados ao HoloLens, seu óculos VR. Disney e Walmart, que

haviam iniciado projetos na área, também andaram para trás. Nos primeiros cinco meses de

2023, os investimentos em startups de metaverso somaram US$ 664 milhões — uma queda de

77,4% em relação ao mesmo período de 2022 (US$ 2,9 bi).

Na Meta, a divisão Reality Labs, de realidade virtual, perdeu US$ 13,7 bilhões em

2022. A empresa, que havia anunciado 10 mil vagas na Europa voltadas ao metaverso, fez o

contrário: cortou 10,6 mil pessoas (de diversas áreas) desde o início de 2023, em três rodadas

de demissões. A companhia chegou a valer US$ 1 trilhão em 2021. Agora, é cotada em mais

modestos US$ 700 bi.

O metaverso implodiu? Existe algum futuro para ele? E o que significa metaverso,

afinal? É o que veremos nas próximas páginas.


MEIO SCI-FI, MEIO REALIDADE

O metaverso é a convergência de duas ideias que existem há décadas: realidade

virtual e a de uma segunda vida digital. A palavra apareceu pela primeira vez em 1992 no livro

Snow Crash, do escritor americano Neal Stephenson (“meta” vem do grego e significa “além”).

Na obra distópica de Stephenson, um mundo virtual serve de refúgio às pessoas

depois que a economia global colapsou. É uma “avenida” com 6 mil km de extensão (cinco

vezes o diâmetro da Terra), onde vivem 120 milhões de avatares.

Snow Crash virou um queridinho do mundo tech. O livro inspirou os criadores do

Google Earth (há uma versão fictícia do app no romance, imaginada obviamente bem antes da

versão real). Também era leitura obrigatória para os desenvolvedores do Xbox. Stephenson

popularizou o metaverso — mas não foi o primeiro a escrever sobre o conceito.

Em 1935, um conto do escritor Stanley G. Weinbaum já detalhava uma invenção bem

parecida com um óculos VR. Nas décadas seguintes, Isaac Asimov, Philip K. Dick, William

Gibson e outros pesos-pesados da ficção científica escreveram suas próprias versões de

realidades digitais alternativas.

Nos anos 1970, surgiram os MUDs, primeiros jogos de RPG para computador. Eram só

texto na tela, mas já ofereciam ao jogador algum nível de controle sob um mundo virtual. Em

1986, a Lucasfilm (empresa por trás de Star Wars) lançou Habitat, um jogo para o computador

Commodore 64 em que era possível criar visualmente ambientes e personagens (num 2D

pixelado, mas já estava valendo).

No mundo de Habitat, os usuários definiam as leis e tinham de negociar recursos para

sobreviver. Foi um sucesso. Chegou a ter quatro milhões de jogadores (que se conectavam via

linha telefônica), e foi o responsável pela popularização do termo “avatar” para se referir ao


“corpo” virtual de alguém (a palavra vem do sânscrito e tem a ver com a manifestação de

divindades hindus na Terra).

O sucessor mais notório de Habitat foi o Second Life, lançado em 2003. A Linden Labs,

empresa responsável pelo game, nunca o definiu como tal — mas como um ambiente 3D em

que usuários (os “residentes”) são capazes de reproduzir todos os aspectos cotidianos:

estudar, trabalhar, passear, namorar.

No Second Life, dava para ter aulas de esqui, viver como um samurai e frequentar

galerias de arte. Todas as transações (de imóveis, produtos e serviços) eram feitas com uma

moeda própria, o dólar Linden (L$) — que podia ser trocado por dólar de verdade.

O trunfo do Second Life foi atrair empresas de vários setores — que viram na

plataforma a chance de ganhar dinheiro no mundo real. Amazon, Sony, Adidas e Disney foram

algumas das multinacionais que apostaram nesse metaverso. A Nissan, por exemplo, instalou

uma concessionária virtual para vender cópias digitais de seus carros. A agência de notícias

Reuters fundou um “escritório” para cobrir o que acontecia por lá. E Harvard ofereceu um

curso de direito exclusivo.

Em 2006, a jogadora Ailin Graef foi capa da revista Business Week após ter conseguido

lucrar US$ 1 milhão vendendo terrenos virtuais no Second Life. No ano seguinte, a Linden Labs

criou um mercado de ações para dar um gás nas empresas que operavam ali. Em 2009, a

economia da plataforma era avaliada em meio bilhão de dólares — e usuários transformaram

seus L$ ganhos ali em US$ 55 milhões no mundo real.

O hype, contudo, passou. Para rodar bem, o Second Life exigia bons processadores e

placas gráficas — coisa rara na primeira década do século 21. Além disso, era um ambiente

pouco seguro: notícias falsas, tentativas de golpe e falhas de privacidade eram recorrentes. A

plataforma existe até hoje — só que mal se ouve falar dela.


AS APOSTAS RECENTES

Em 2015, O Facebook comprou a Oculus VR, fabricante de dispositivos de realidade

virtual, por US$ 2 bilhões. A empresa estava de olho no Oculus Rift, uma das grandes apostas

do mercado de videogames. Em 2019, lançou a linha de óculos Quest e anunciou a produção

de Horizon Worlds, o metaverso da empresa (que ainda não tinha essa alcunha, diga-se, e seria

lançado em 2021).

Enquanto isso, outras plataformas começaram a despontar na rede: os metaversos

baseados em NFTs.

Você deve ter ouvido falar que NFT é a sigla em inglês para “token não-fungível”. Tá, e

daí? “Token” significa objeto virtual. “Não-fungível” é “não substituível” — algo como a

escritura de uma casa. Um NFT, então, é justamente isso: um objeto virtual com escritura. Se

você adquiriu um objeto com registro NFT, ele pertence a você.


As NFTs só são possíveis graças às redes de blockchain, que surgiram para registrar

transações envolvendo criptomoedas de forma eterna — e inviolável. A primeira rede dessa

linha a desenvolver um sistema para emitir essas escrituras digitais foi a Ethereum, cuja

moeda, que também se chama Ethereum (ETH), é a segunda maior cripto do mundo: US$ 227

bilhões de valor de mercado; perde apenas para o Bitcoin (US$ 529 bi).

As NFTs viralizaram entre 2021 e 2022 muito por conta das artes digitais: galerias

online comercializavam “JPEGs com escritura” a preços altíssimos, dada a exclusividade da

coisa (igualzinho ao mercado de arte do mundo real). Mas elas também despontaram em

outro setor: o de metaversos com terrenos virtuais à venda.

Esses metaversos são ambientes virtuais “descentralizados”. Isso porque os

“registros” dos terrenos não ficam armazenados em um único servidor central, mas

espalhados em máquinas de milhares de usuários (essa é outra essência das redes de

blockchain, além da inviolabilidade). Nesses metaversos, há uma quantidade finita de “terra

disponível para construir casas, shoppings, cassinos, museus...

Qualquer um pode comprar e vender esses lotes — há, inclusive, imobiliárias

especializadas em propriedades virtuais. A lógica é a mesma do mundo real: nas áreas mais

movimentadas do metaverso, os terrenos custam mais; nos “subúrbios”, menos. Também dá

para comprar e vender acessórios de avatares via NFT.

As transações acontecem via cripto. Os metaversos mais célebres dessa linha são o

Decentraland e o The Sandbox, lançados em 2020. E cada um possui a sua própria moeda: a do

Decentraland é a MANA e funciona na rede do Ethereum; a do Sandbox é a SAND e opera em

outra rede, a da Binance.

O interesse em torno de Decentraland, Sandbox e cia. cresceu após o anúncio da

Meta, em 2021. Assim como o Second Life, esses metaversos atraíram grandes marcas e gente

interessada em fazer dinheiro. O Decentraland, por exemplo, vendeu por US$2,4 milhões um

terreno no seu distrito de moda. Atraiu patrocínio de empresas como Nike, Louis Vuitton e

Burberry. No auge, chegou a valer US$ 1,4 bilhão.

O Sandbox, por sua vez, recebeu eventos das grifes Gucci e Balenciaga e alcançou US$

1,3 bilhão em valor de mercado. É nessa plataforma que aconteceu a maior venda de um

terreno virtual até agora: o equivalente a US$ 4,3 milhões por um naco de metaverso, em

2021.

Só tem um problema: as transações que acontecem nessas plataformas são altamente

especulativas. Quem entra nesse negócio espera que os terrenos se valorizem para que, no

futuro, possam revender a um preço maior.

Vale o mesmo para as criptos envolvidas. Como a MANA e a SAND são emitidas pelas

companhias por trás desses metaversos, a cotação delas no mercado significa dinheiro em

caixa para essas empresas. Em 2021, a MANA chegou a subir de US$ 0,08 para US$ 4,80 a

unidade. Uma alta de 5.900%. A SAND, de US$ 0,04 para US$ 7,53, 18.725%. Só que o valor das

criptos necessárias para comprar os terrenos depende de o assunto “metaverso” se manter

em alta. Do contrário, essa óbvia bolha estouraria.


E foi exatamente o que aconteceu.


O FIM DO HYPE

Na segunda metade de 2022, o Facebook já tinha vendido 15 milhões de cópias do seu

óculos de VR Quest 2 (no momento, as vendas estão em 20 milhões). Contudo, só havia 300

mil usuários ativos no Horizon Worlds (hoje, menos ainda: 200 mil). O que aconteceu?

O Horizon tinha bugs frequentes. Além disso, os gráficos eram inferiores ao que a

Meta havia prometido. Em um caso emblemático, Mark Zuckerberg tirou uma “selfie” do seu

avatar dentro do jogo para divulgar que o serviço estava se expandindo para França e Canadá

(nunca chegou ao Brasil). O visual do personagem, que parecia saído de um game do começo

dos anos 2000, virou piada.

Em outubro, uma reportagem do The New York Times ouviu funcionários da Meta e

deu detalhes sobre o clima conturbado da empresa. Aquela altura, 42% dos trabalhadores não

entendiam as estratégias da companhia sobre metaverso. As principais reclamações vinham da

alta rotatividade e da troca de funcionários à medida que os objetivos de Zuckerberg

mudavam. Eram poucos os funcionários que de fato usavam o Horizon Worlds.

“Se nós não amamos o nosso produto, como esperar que os usuários o amem?”, disse

Vishal Shah, vice-presidente da divisão de metaverso da companhia, em um comunicado

interno — não era uma crítica, mas um pedido pela maior presença dos empregados da Meta

dentro do Horizon. Pelo jeito, não era o que bastava para a coisa engrenar.

Em 2022, o mercado perdeu a paciência com os maus resultados do Horizon. A Meta

perdeu dois terços do seu valor de mercado, fechando o ano em US$ 320 bilhões. Se o

metaverso de Zuckerberg ia mal, imagine os outros. No final do ano passado, uma pesquisa do

DappRadar, empresa que monitora dapps (apps descentralizados, na sigla em inglês), mostrou

que os metaversos de NFTs estavam vazios: o Decentraland tinha 650 usuários ativos por dia;

The Sandbox, Só 522.

As empresas alegaram que as informações estavam incompletas: a Dapp só

contabilizou as transações diárias de NFTs (e não se espera mesmo que todos lá dentro façam

comércio de itens todos os dias). O Decentraland disse que o número real de usuários era de 8

mil por dia; o Sandbox, 39 mil. Mesmo assim, era pouco de qualquer jeito. As cotações da

MANA e da SAND, que já vinham em queda desde 2021, despencaram de vez. Hoje, ambas

estão abaixo de US$ 0,50. Os lotes virtuais, consequentemente, baratearam. O preço médio do

“metro quadrado” no Decentraland, por exemplo, tombou de U$ 6.000 em 2021 (o dobro do

Leblon) para US$ 5. Mas fica a pergunta: você quer mesmo gastar o seu dinheiro com isso?


UM FUTURO REALISTA O prejuízo no plano do metaverso não foi a única causa da

desvalorização da Meta. Já faz algum tempo que a empresa enfrenta desafios para manter

usuários — e ganhar dinheiro com eles. A concorrência do TikTok afastou os mais jovens do


Instagram e praticamente sepultou o Facebook, que mesmo antes do app chinês já tinha

desabado na preferência desse público. E uma mudança nas configurações de privacidade da

Apple no início de 2022 fez com que as redes sociais da Meta passassem a receber menos

dados de cada perfil que as acessava pelos aparelhos da empresa da maçã. Isso dificultou a

venda de anúncios, que é de onde vem a grana da Meta.

O metaverso, então, era a aposta da companhia para uma nova fonte de renda. O

problema, talvez, tenha sido colocar todos os ovos numa única cesta. Para Matthew Ball,

consultor e autor do livro A Revolução do Metaverso, a atitude da empresa estimulou

previsões irreais sobre quando a tecnologia deslancharia. “O foco intenso no metaverso em

um curto período de tempo, com alguns argumentando que ele já estava aqui (ou estava

prestes a acontecer), desapontou muita gente”, disse Ball ao New York Times.

No início de 2023, Zuckerberg estabeleceu o “ano da eficiência”, para a Meta. Além de

enxugar o quadro de funcionários, o CEO anunciou investimentos em inteligência artificial. Em

uma carta aberta divulgada no final de março, ele falou sobre os planos da empresa para

incorporar a IA em seus produtos. Mark também citou o metaverso — mas com muito menos

ênfase. A nova postura ajudou a Meta a recuperar terreno, com o valor de mercado subindo

daqueles US$ 320 bi para os atuais US$ 700 bi.

Game over para o metaverso? Não dá para cravar. No começo de junho, a Apple

lançou o Vision Pro, o seu óculos VR em desenvolvimento há sete anos. O gadget, que será

vendido a US$ 3,5 mil, é um aparelho de “realidade mista”: funciona tanto em realidade virtual

(100% imersiva, como o Quest da Meta) quanto em realidade aumentada, com elementos

sobrepostos ao ambiente (tipo Pokémon Go). A altíssima resolução das imagens (60 vezes

maior que a tela do iPhone) pode dar um novo boost ao conceito de metaverso. Mas isso só o

tempo dirá.

O mundo dos games é o que oferece um futuro plausível para o metaverso. Criado em

2006, o Roblox é uma plataforma de interação via avatares que permite criar novos mundos (e

jogos dentro deles). Trata-se de um fenômeno: possui 66 milhões de usuários ativos (a maior

parte deles, jovens de até 13 anos); a cada dia, os usuários criam 15 mil novos joguinhos

(chamados de “experiências”).

Dá para acessar o Roblox via computador, dispositivo móvel ou do Xbox. Os planos de

expansão da empresa almejam experiências online mais imersivas. Mas a companhia é

cautelosa, e já afirmou que um metaverso pleno ali dentro ainda está longe.

A Epic Games também tem projetos para os metaversos dos seus jogos. Um dos

planos é desenvolver ferramentas que ajudem os usuários do Fortnite a ganhar dinheiro com

suas criações na plataforma — estimulando, assim, uma economia interna do jogo. O CEO da

Epic Games, Tim Sweeney, é um dos principais defensores de que o metaverso ainda é uma

tendência em crescimento.

O conceito por trás do termo “metaverso” inclui algo utópico: a promessa de uma

plataforma única, que englobe todas as que já existem (permitindo, assim, a livre circulação de

avatares entre elas). É por isso que o termo costuma aparecer por aí no singular, não no plural.


Mas se trata de um sonho distante. Para que ele se torne realidade, é preciso que os sistemas

conversem entre si por meio de protocolos-padrão. É o que rolou nos anos 1990, quando

consórcios internacionais de cientistas estabeleceram as bases para a internet de hoje.

As empresas tech, então, precisariam trabalhar juntas — algo pouco provável. “O

modelo de negócio da maioria dessas companhias é baseado na não-transparência’, diz

Beatrys Rodrigues, pesquisadora de tecnologias emergentes na Universidade Cornell (EUA).

Não apenas por questões de privacidade e de segurança: a fonte de renda delas vem,

justamente, dos dados que elas possuem de cada usuário. “Por que elas compartilhariam

isso?”

O problema não para por aí. A euforia do metaverso começou durante a pandemia.

Sem ter como sair de casa, a ideia de um mundo virtual imersivo parecia atraente. Pode até

ser que ele vingue no futuro. Mas não há como garantir. Se o lockdown nos ensinou algo,

afinal, é: a parte da vida que realmente importa está do lado de fora das telas.

PSICOLOGIA – A NEUROCIÊNCIA DO FLOW

 PSICOLOGIA – A NEUROCIÊNCIA DO FLOW Esquecer do mundo externo, perder a noção de

tempo e ficar totalmente imerso naquilo que está fazendo. Se você reconhece essa sensação,

provavelmente já experienciou o “estado de fluxo”. Conheça o estado mental responsável pelo

sucesso de atletas e artistas — e saiba como ajudar sua mente a atingi-lo. Texto Maria Clara

Rossini Edição Alexandre Versignassi


FIZ TODAS AS RECOMENDAÇÕES que encontrei em livros e pela internet: desliguei as

notificações do celular, tentei focar ao máximo no que estou fazendo e minimizei qualquer

possibilidade de distração que me tirasse do momento presente. Para escrever este texto, me

propus a entrar em um estado mental de intensa concentração, conhecido pela psicologia

como flow, ou estado de fluxo.

Essa é a situação que combina a alta performance em determinada tarefa com o baixo

esforço para realizá-la. Quando o cérebro assume esse modus operandi, o indivíduo não vê

mais o tempo passar, fica imerso na atividade, não se preocupa com autocríticas nem pensa

em qualquer outra coisa. A tarefa que desencadeia o flow se torna recompensadora e

prazerosa por si só.

É bem provável que você já tenha experimentado o flow em algum momento da vida

— seja praticando um esporte, tocando um instrumento ou mesmo jogando videogame. O

estado de fluxo aparece no filme Soul, da Pixar: ali, as “almas” das pessoas que entram em

flow são transportadas para uma outra dimensão, onde ficam inteiramente absortas naquilo

que estão fazendo. No mundo real, as pessoas costumam se referir a esse lugar mental como

“a zona” (the zone, em inglês, o idioma original do termo).

Para entrar nessa zona invejável, o desafio da tarefa em questão não pode ser maior

que a habilidade do indivíduo — isso só geraria ansiedade e frustração por não conseguir

realizá-la. Mas também não pode ser menor, o que deixaria a pessoa entediada. O equilíbrio

entre desafio e habilidade é o segredo para atingir o estado de fluxo.


Alguns autores já tentaram traduzir o fenômeno em palavras, bem antes de a

psicologia catalogá-lo. O alemão Nietzsche apelidou a coisa de estado de Rausch —

intoxicação”. Na filosofia taoísta, a sensação está relacionada ao Wu Wei, o princípio da “ação

sem esforço”. Já quem sistematizou as características do flow como as conhecemos foi o

croata Mihaly Csikszentmihalyi, na década de 1970.

Esse psicólogo (cuja pronúncia do sobrenome é “cíkzen-mihalí”) identificou o estado

de fluxo enquanto fazia pesquisas sobre criatividade. Após conversar com músicos, atletas,

gestores e trabalhadores de fábrica, ele notou que muitos usavam a palavra “fluida” para

descrever a sensação, como se agissem guiados por um fluxo. Daí o nome.

Já entrei em flow enquanto escrevia diversos textos: é como se as palavras fluíssem

para a página, como foi descrito pelos entrevistados de Csikszentmihalyi. Mas, justamente

neste texto sobre flow, pareço estar tendo alguma dificuldade. E não é à toa. Uma das “regras”

do estado de fluxo é que ele não funciona sob demanda. Não surge quando você quer, mas

espontaneamente — e, em geral, você só percebe o que aconteceu quando sai dele.

Foi a partir de entrevistas e questionários que Csikszentmihalyi descobriu a

universalidade do flow. Agora, técnicas de neuroimagem começam a desvendar o que ocorre

no cérebro durante esse estado.


O ESFORÇO SEM ESFORÇO

Os cérebros de outras espécies de mamíferos são proporcionalmente menores

quando comparados ao nosso. Isso é explicado, em parte, por uma região chamada córtex pré-

frontal, que é mais desenvolvida nos humanos. Ela é a responsável pelo raciocínio lógico, pelo

planejamento.

Não seria absurdo pensar que os momentos de alto desempenho — seja escrever um

livro, pintar um quadro ou tocar um instrumento — exigem mais atividade dessa região do

cérebro. Olhando de fora, temos a impressão de que cada palavra, pincelada ou nota musical

foi pensada para se encaixar perfeitamente na obra.

Mas dentro do crânio do artista ocorre justamente o contrário. Estudos feitos com

ressonância magnética funcional e fNIRS (métodos distintos que monitoram o fluxo de sangue

pelo cérebro) mostram uma redução da atividade do córtex pré-frontal durante o flow. Ou

seja, Monet não decidia nem planejava onde iria cada cor de tinta — tudo funciona no modo

automático. Esse mesmo padrão cerebral está relacionado a atividades habituais, como

escovar os dentes, tomar banho, trocar de roupa. São tarefas que exigem pouquíssimo esforço

mental, mas que executamos muito bem. “A gente pode definir o flow como um estado de

maior eficiência do hábito”, diz Dráulio de Araújo, professor do Instituto do Cérebro da UFRN

que estuda estados alterados de consciência. “Não é simplesmente fazer automaticamente,

mas fazer da forma mais adequada possível.”


A menor atividade do córtex pré-frontal também significa menos “filtros” sobre

nossas ações. Quem está em flow não se preocupa com os julgamentos externos e internos —

o que torna a expressão da atividade mais intensa.

Que o diga Ayrton Senna. Em 1988, ele descreveu perfeitamente um estado de fluxo.

Na classificação para o GP de Mônaco daquele ano, Senna garantiu o primeiro lugar no grid

com 1,4 segundo de vantagem sobre o companheiro de equipe, Alain Prost — um assombro;

0,4 já seria considerado muito. “Eu já não estava dirigindo de forma consciente. Me senti em

outra dimensão. O circuito virou um túnel para mim, no qual eu só ia, ia, ia...”

Outra área da massa cinzenta que “desliga” durante o flow é o córtex cingulado

anterior. Dentre outras funções, ele está relacionado ao direcionamento da atenção. Sabe

aquele esforço para prestar atenção a uma aula ou uma reunião chata? Isso não rola no flow:

quando você entra nesse estado, o foco ocorre de forma natural, como se não houvesse mais

nada no mundo. Um enxadrista entrevistado por Csikszentmihalyi definiu bem: “O teto

poderia cair, mas, contanto que não caísse na sua cabeça, você nem ia perceber”.

O flow guarda características semelhantes ao hiperfoco: um estado de concentração

intensa, mais frequente em pessoas que fazem parte do espectro autista ou possuem

transtorno de déficit de atenção. Mas, diferente de estar concentrado em ler um livro, o

estado de fluxo exige a realização de uma tarefa ativa na qual você tenha alguma habilidade.

Não coincidentemente, as regiões do cérebro mais atuantes durante o flow são aquelas

associadas a funções motoras.

Durante esse estado mental também há picos de atividade em áreas relacionadas à

recompensa (núcleo accumbens, por exemplo). A realização da tarefa promove descargas de

neurotransmissores que causam prazer, como dopamina, serotonina, noradrenalina e

endorfinas. Não é à toa que diferentes pesquisas associam momentos de flow a maiores

índices de bem-estar, autoestima e felicidade.

Para se sentir bem durante uma tarefa, você precisa saber que está indo bem nela.

Receber um “feedback” imediato de você mesmo é outro ponto que facilita o flow: acertar as

notas enquanto toca uma partitura, capturar peças do oponente durante uma partida de

xadrez, fazer curvas fechadas de pé embaixo na classificação para o GP de Mônaco....

Como você viu no início do texto, não existe receita de bolo para entrar no estado de

flow. Mas a boa notícia é que algumas pessoas aprenderam a manuseá-lo a seu favor — e dá

para aprender com elas.


O SEGREDO DOS CRAQUES

Todo mundo pode sentir flow, mas é fato que atletas atingem esse estado com mais

frequência. “Quando as habilidades de dois atletas de alta performance empatam, quem

ganha hoje ou amanhã vai ser decidido nos detalhes”, diz Araújo. “E esses detalhes podem ser

decididos pelo estado de flow. Ali é o limite da expressão de tudo que eles treinaram e

aprenderam até o momento.”


Os desportistas levam isso a sério. O psicólogo do esporte George Mumford,

considerado o mestre do flow, já trabalhou com os maiores craques da NBA. “Eles sabem o

que é estar ‘na zona’ e o que é ‘estar em flow’. Quando eu falo sobre isso, eles são todos

ouvidos”, disse em entrevista à ABC News. Michael Jordan e Kobe Bryant já atribuíram diversas

vitórias ao treinamento que fizeram com Mumford.

O psicólogo aposta na meditação mindfulness como uma maneira de acessar o estado

de fluxo mais facilmente. Ela nada mais é do que uma técnica de meditação focada no

momento presente. Em vez de “transcender”, o principal intuito do praticante é colocar a

mente no aqui e agora.

Essa também é uma das abordagens de Aline Wolff, psicóloga que acompanha atletas

de alta performance, incluindo a ginasta Rebeca Andrade. Ela ressalta que certas práticas antes

da competição geralmente facilitam a sintonização nesse estado mental. “Se um atleta tiver

um monitoramento de metas, uma boa rotina pré-competição e praticar mindfulness se

possível todos os dias, ele terá uma tendência maior a entrar no estado de flow.”

Não é necessário ser uma lenda do basquete ou uma medalhista olímpica para seguir

passos como estabelecer objetivos claros, adotar uma rotina e meditar. Se as suas habilidades

não lhe permitem entrar em flow dando um mortal para trás, talvez você sinta o mesmo

prazer no seu emprego.

O livro Flow: a Psicologia do Alto Desempenho e da Felicidade dá exemplos de

cirurgiões, açougueiros e operários que relatam atingir esse estado durante o trabalho. Um

soldador, por exemplo, contou que consegue ter momentos de flow na fábrica ao estabelecer

pequenos recordes de tempo, que tenta bater todos os dias.

Atividades ligadas à gestão podem oferecer mais desses momentos. Uma pesquisa

buscou avaliar esse tema oferecendo um pager a 78 profissionais de diferentes áreas. O

aparelho apitava em horários aleatórios ao longo do dia: sempre que ouvisse o bipe, o usuário

deveria relatar se estava em estado de fluxo ou não. 64% dos trabalhadores na posição de

gerência relataram o flow em algum momento do trabalho, em comparação com 51% dos

funcionários de escritório e 47% dos operários.

Embora exista alguma diferença na porcentagem de flow em cada ocupação.

podemos concordar que ela não é tão grande. Desde que os pré-requisitos sejam cumpridos

(metas claras e desafio equilibrado com a habilidade), qualquer ofício pode desencadear o

estado de fluxo e, consequentemente, gerar prazer.

Por outro lado, os participantes do estudo relataram baixas taxas de flow durante os

momentos de lazer (cerca de 16%). Isso porque estamos acostumados a realizar atividades

passivas no tempo livre — e você não vai entrar em fluxo enquanto assiste TV ou vê vídeos no

TikTok.

Mas há uma atividade comum de lazer capaz de gerar enxurradas de flow — jogar

videogame. Pensa só: eles proporcionam uma experiência de imersão; estabelecem metas

claras; oferecem um feedback imediato de sua performance (você sabe se está indo bem ou


mal); e, principalmente, regulam o desafio de acordo com as habilidades do jogador (por meio

de níveis).

Os videogames se encaixam tão bem no conceito que passaram a ser usados para

desencadear o estado de fluxo em participantes de pesquisas sobre o tema (Tetris, o assunto

da pág. 46, uma das opções mais usadas). Isso também explica por que os games são tão

viciantes, principalmente para adolescentes: os jovens podem ainda não ter descoberto outras

atividades que geram flow. Obviamente, o ideal é transportar esse estado para tarefas

produtivas. De outra forma, elas serão apenas fonte de tédio.

Em suma, o estado de fluxo é maneira mais intensa de viver o presente. Lembre-se de

que o futuro é só uma criação do seu córtex pré-frontal; e que o passado são páginas viradas.

O único tempo que existe de fato é o aqui e o agora. Mergulhe nele, e deixe o fluxo te levar.


O CAMINHO DO FLOW O principal pré-requisito para atingir o estado de fluxo está resumido

no gráfico ao lado. Qualquer pessoa pode entrar em flow, desde que a tarefa proposta esteja

equilibrada com sua habilidade. – ANSIEDADE: Uma tarefa muito desafiadora gera estresse e

frustração em quem tenta realizá-la. O ideal é escolher algo de nível igual ou ligeiramente

maior que a sua capacidade. – TÉDIO: Uma vez que você adquire habilidade suficiente em

determinada tarefa, não vale ficar no mesmo nível. Não ter a sensação de progresso desmotiva

o individuo, gerando tédio em vez de flow.


REQUISITOS PARA ATINGIR O ESTADO DE FLUXO Não dá para escolher quando entrar em flow -

mas você pode começar pelos quatro pontos abaixo. - O desfio deve ser equilibrado com a

habilidade - Escolha de objetivos claros - Concentração intensa e focada no momento

presente. - Autofeedback imediato – saber se você está indo bem, na tarefa.


CARACTERÍSTICAS DO FLOW Além do envolvimento profundo na tarefa, o estado de fluxo tem

outras propriedades. - Sensação de controle sobre a ação. - Diminuição da autoconsciência e

da auto crítica. - Mudança na percepção do tempo – que pode ser dilatada ou contraída. - A

experiência se torna recompensadora por si só.


4#3 BIOLOGIA – TERRA DE GIGANTES Em 1874, um naturalista alemão depressivo propôs que

os primeiros animais foram colônias de células chamadas coanócitos, que formaram as

esponjas-do-mar. Mas pesquisas recentes apontam outro caminho para a evolução de seres

grandes como nós – que passa por células-tronco e pinta um panorama mais colorido para a

origem da fauna na Terra. Texto Bruno Vaiano Edição Alexandre Versignassi


ERNST HAECKEL ERA estudante de medicina, filho de um conselheiro da corte

prussiana, e “provavelmente o homem mais bonito que eu já havia visto”, escreveu um de

seus alunos. Ele e sua prima de primeiro grau, Anna, eram apaixonados desde a adolescência

— o que, longe de ser um problema, era o sonho de todo clã aristocrático da Europa no século

19: Darwin, por exemplo, se casou com sua prima, e o irmão dela, com a irmã de Darwin. A

ideia era manter a herança na família e preservar o poder dos sobrenomes.

Haeckel era o partidão perfeito, não fosse um problema: sua semelhança com Darwin

não parava no casamento endogâmico. Ele também queria ser naturalista. O que, no século

19, equivalia a contar para seu tio-do-pavê-e-futuro-sogro que você largaria Medicina da USP

para ser músico. Para convencer a família de que conseguiria sustentar sua prima-noiva, ele

saiu em turnê pelo sul da Europa, estudando animais marinhos nas praias e desenhando-os em

minúcias.

Deu certo. Haeckel escreveu best sellers, virou professor universitário e suas

ilustrações foram uma sensação. Com a grana no bolso, casou-se com Anna. Um ano e meio

depois, aos 29 anos, ela morreu (talvez de febre tifoide, mas não houve diagnóstico). Deprê e

niilista, ele abandonou a fé religiosa e abraçou de vez a evolução por seleção natural. Viciou-se

em trabalho, dormia quatro horas por noite, e começou a traçar imensas árvores da vida na

Terra, que indicavam o grau de parentesco entre as espécies.

Nem todos os insights de Haeckel estavam certos. Mas, dentre suas hipóteses de

arrepiar os cabelos da Igreja, uma, em particular, sobrevive na biologia: nós (e todos os

animais da Terra) somos netos do Bob Esponja.


QUESTÕES POROSAS

As esponjas são tubos de células que se apoiam em rochas, no fundo do mar. A água

entra pelas paredes desses cilindros, que filtram os nutrientes e deixam o resto sair pela

abertura no topo. Elas não têm tecidos ou órgãos especializados, como acontece com nosso

sangue, rins ou pulmões. Todo o corpo se dedica à tarefa de caçar petiscos microscópicos,

passivamente. São os animais mais simples que existem.

Em 1874, Haeckel percebeu que as células filtradoras de comida das esponjas, os

coanócitos, têm exatamente a mesma arquitetura de micróbios aquáticos chamados

coanoflagelados. Eles são criaturinhas microscópicas inofensivas e onipresentes nas águas da

Terra, com um quinto da largura de um fio de cabelo, formadas por uma célula só.

Pertencem ao reino Protista, aquele em que os biólogos põem as coisas que eles não

sabem direito o que são (rs). Um saco de gatos taxonômico. Protistas não são fungos, animais

nem plantas. Mas suas células têm estruturas complexas que esses seres vivos grandões

também apresentam — como um núcleo para guardar o DNA, e usinas de geração de energia

chamadas mitocôndrias. Por isso, animais, plantas, fungos e protistas formam, juntos, o grupo


dos eucariontes, em oposição aos procariontes, que são as bactérias e outros seres mais

despojados, sem núcleo nem mitocôndria.

Existem protistas multicelulares, visíveis a olho nu, como as algas (pois é, elas não são

plantas). Mas muitos, como as amebas e protozoários, são feitos de uma célula só. É o caso

dos coanoflagelados. Vistos no microscópio, eles têm a forma de uma bola em cima de um

cone. Como a silhueta de um buraco de fechadura, ou de um peão de xadrez. A bola é a célula

em si, onde fica o DNA e o resto do maquinário biológico. Já o cone é formado por 30 ou 40

microvilosidades, filamentos que parecem tentáculos de uma água-viva. Do centro desse cone,

emerge um filamento maior, chamado flagelo, parecido com o que equipa os espermatozoides

— e com a mesma função: nadar. O conjunto da obra fica assim: —>O

E de se imaginar que esse rabinho ficasse atrás, empurrando a célula, como ocorre

com o espermatozoide. Mas a verdade é que ele nada ao contrário, com o cone e o rabinho

para frente. Como um avião com hélice no nariz: O<—

O coanoflagelado se move assim porque as microvilosidades atuam como “boca”: vão

captando bactérias e pequenas partículas de material orgânico que pairam na água. (Embora

tenha um centésimo de milímetro, esse serzinho ainda é dez vezes maior que uma bactéria

comum — a mesma diferença entre você e uma coxa de frango.)

A sacada de Haeckel foi que uma esponja do mar funciona como uma colônia de

coanoflagelados, que se uniram em uma muralha para aumentar a área de captação de

comida. A diferença é que eles abanam coletivamente seus flagelos — lembre-se, os

“rabinhos” — para sugar a água para dentro da esponja, e não para se mover. Um é Maomé

indo à montanha, o outro atrai a montanha para Maomé. Os coanócitos das esponjas atuais

seriam herdeiros de coanoflagelados. Protistas em carreira solo que se juntaram para formar o

primeiro animal, o ancestral comum de toda a fauna da Terra.

Vale esclarecer algo: isso não quer dizer que nossos ancestrais sejam os mesmos

coanoflagelados que hoje nadam pelados em Santos. Eles eram, isso sim, um protista pré-

histórico, que existiu há uns 700 milhões de anos, muito parecido tanto com os

coanoflagelados quanto com as células das esponjas — e cuja linhagem se bifurcou para dar

origem a ambos. Do mesmo jeito que nós não descendemos de chimpanzés, e sim de um

primata que não era nem humano, nem chimpanzé. É assim que as árvores darwinianas

funcionam, com ramificações, e não como uma fila do ponto A ao ponto B.

Mais de um século depois, a semelhança anatômica percebida por Haeckel se revelou

uma semelhança genética. Descobrimos que, de fato, os coanoflagelados são os protistas que

têm DNA mais parecido com o dos animais. Nossos parentes de uma célula só já têm genes

que, em nós, foram reaproveitados para produzir proteínas adesivas (que servem para

construir corpos colando” células umas nas outras) e moléculas de sinalização. que permitem

comunicação entre células. Eles já são, em suma, equipados para trabalhar em grupo.

Hoje, as 37,2 trilhões de células do corpo humano se distribuem em mais de 200 tipos,

altamente especializados: neurônios, óvulos, os cones e bastonetes da retina... Sozinhas, cada

uma delas é tão complexa quanto — ou até mais complexa que — qualquer coanoflagelado. E


todas contêm um núcleo com uma cópia completa do material genético. Mas todas topam ser

funcionárias da empresa Corpo. Isso significa ceder os direitos reprodutivos aos gametas e se

relegar à posição de célula somática, que não faz bebês.

Considerando que toda a vida na Terra evoluiu movida pelo instinto de produzir

crianças, esse é um passo organizacional e tanto: uma prova de que crescer confere vantagens

suficientes (como evitar ser comido por predadores) para compensar a perda de

independência reprodutiva. O altruísmo celular se provou uma estratégia viável para

prevalecer na seleção natural.


CARAMBOLAS

A hipótese esponjosa de Haeckel permaneceu incólume, por 140 anos, como nossa

melhor explicação para a origem dos animais. Até que apareceram as carambolas-do-mar —

nome popular dos ctenóforos, bichos aquáticos translúcidos e gelatinosos, que lembram

águas-vivas com forma de bola de rugby. Em 2017, um estudo comparativo de genomas

identificou as carambolas, e não as esponjas, na raiz da irradiação dos animais. E essa

conclusão tem respaldo no registro fóssil: no sul da China, há um fóssil de carambola de 631

milhões de anos na formação geológica de Doushantuo – uma data que corresponde à época

mais aceita para a origem dos seres multicelulares.

Nem uma coisa nem outra são suficientes para tirar o trono pioneiro das esponjas.

Afinal, sempre dá para encontrar um fóssil mais antigo neste exato momento, uma potencial

esponja de 890 milhões de anos está gerando debate entre paleontólogos. O registro

geológico não é uma foto perfeita da realidade, principalmente quando estamos tratando de

animais moles, que geralmente se decompõem sem deixar rastro. Além disso, análises

filogenéticas estão sujeitas a alguma incerteza: métodos e pesquisadores diferentes extraem

conclusões distintas dos mesmos DNAs.

Seja como for, essas duas descobertas reacendem o debate. E afora as carambolas, há

um outro front de pesquisa que desafia as ideias de Haeckel: a investigação de protistas ainda

mais estranhos que os coanoflagelados, que alternam entre estágios de vida uni e

multicelulares. Vide o caso dos mofos do lodo – que não são mofos, e não vivem

necessariamente no lodo.


DA LAMA AO CAOS

O Dictyostelium discoideum, nome do mofo do lodo mais conhecido, começa a vida

como uma ameba microscópica – um protista de célula única. Quando falta comida, essas

amebas se agregam e começam a formar uma lesma visível a olho nu, chamada

pseudoplasmódio, que tem algo entre 2 mm e 4 mm, é composta por mais de 100 mil

indivíduos e age como um organismo só.


A colônia é tão coordenada que uma molécula chamada fator de indução de

diferenciação entra em cena e faz exatamente o que o nome diz: induz as amebas de cada

região da lesma a se diferenciar, assumindo papéis distintos na locomoção. A gosma rasteja

atrás de um local quente e úmido, escolhe um bom ponto e então se transmuta em algo muito

similar a um cogumelo: um pilar que sai do solo e sustenta uma estrutura arredondada na

ponta. Esse é o corpo frutificante, que vai soltar esporos no ambiente, dando origem a amebas

bebês que reiniciam o ciclo.

Um comportamento alienígena semelhante aparece em outro ser ameboide, chamado

Capsaspora owczarzaki. Em um certo estágio da vida, ele pode tanto se agregar em colônias

como se blindar em pequenos cistos individuais. O Capsaspora não faz nada tão legal quanto

os mofos do lodo, mas sua relevância é outra: ele é um parente muito mais próximo dos

animais. Pertence ao grupo Filozoa — que inclui nós e os protistas mais parecidos.

Um casal de biólogos marinhos australianos, Sandie e Bernard Degnan, da

Universidade de Queensland, descobriram em 2019 que o padrão de expressão dos genes do

Capsaspora e de alguns coanoflagelados que formam grupos é muito parecido com o das

células das esponjas. Mas não com o dos coanócitos, que eram os candidatos de Haeckel. E sim

com o dos arqueócitos, um outro tipo de célula que recheia o bicho. Elas são células-tronco,

que podem se transmutar em qualquer outra parte do animal, incluindo os próprios

coanócitos.

Isso leva a um quadro diferente dos primeiros anos de fauna terráquea, em que os

animais não evoluíram a partir de bolas de células idênticas, e sim a partir de células que

conseguiam se metamorfosear para exercer funções diferentes ao longo de seus ciclos de vida.

Os primeiros animais seriam colônias mutantes, formadas por células-tronco que assumiam

personas biológicas conforme a necessidade. Com a evolução de bichos mais complexos, esses

coringas foram empacando em formas especializadas e perdendo a versatilidade – o processo

que deu origem aos órgãos e tecidos que nos formam hoje.

Isso não diz nada sobre esponjas ou carambolas serem os primeiros animais, mas

mostra o quão estranhas as primeiras esponjas e carambolas podem ter sido em comparação a

seus descendentes atuais. Imagina-se que os oceanos do Ediacarano — o primeiro período

geológico com fósseis de animais, que começa há 630 milhões de anos — eram um berçário

pacato de vida multicelular, sem presas e predadores. Havia apenas seres boiando e filtrando

nutrientes. No nível microscópico, porém, eles talvez fossem mais sofisticados do que damos

crédito. Ninhos de células versáteis como David Bowie, que eram Ziggy Stardust em um dia e

Alladin Sane no dia seguinte. Ch-ch-chch-changes.


GIGANTES DE LABORATORIO Existe um ramo das pesquisas sobre multicelularidade em que os

biólogos submetem células solitárias a pressões seletivas, em laboratório, para fazer com que

elas se juntem. Entenda um desses estudos, realizado no Instituto de Tecnologia da Geórgia,

nos EUA. 1- O experimento começou com leveduras, os fungos de uma célula só que

fermentam pão e cerveja. Eles foram postos em tubos de ensaio. Os mais pesados, que

afundavam mais rápido, eram selecionados e passados para um novo tubo. Os biólogos


repetiram o processo 60 vezes. 2- A ideia é que as leveduras pesadas tendem a ser blocos com

mais de uma célula, como dois pães de queijo que saem grudados do forno. Esses “siameses”

nascem quando uma levedura tenta se reproduzir se dividindo ao meio e não consegue

completar o processo por causa de uma mutação no gene ACE2. 3- Sessenta filtragens depois,

já havia grupos razoavelmente grandes de células coladas. Mas eles ainda eram microscópicos.

Para aumentá-los, os cientistas mexeram no DNA do fungo para que ele não conseguisse mais

respirar oxigênio e gerasse energia por fermentação, um processo menos eficiente. 4-

Resultado: os grupos de leveduras fermentadoras cresceram tanto que ficaram visíveis a olho

nu. Já os que respiram oxigênio precisam permanecer pequenos, porque o gás não chega até o

meio da colônia se ela é grande demais. É por problemas assim que nós evoluímos um sistema

circulatório, que distribui o gás usando o sangue.


Fonte: artigo “Oe novo evolution of macroscopic multicellularity”, por G. Ozan Bozdag e

outros.

terça-feira, 13 de setembro de 2022

Ciro Gomes : Textos, vídeos, imagens para você convencer e ser convencido sobre o melhor voto.







Qualquer pesquisa séria feita nestes dias, no Brasil, vai captar um inquietante momento de imobilidade. Tanto pode ser aquela paradeira que precede um quadro definitivo, como aquele silêncio que antecede um grande tsunami.

A segunda hipótese é fora de dúvida a mais provável. E explicamos com base em nossas “qualis” e “quantis”.

Vamos a fatos e números 👇

74% dos brasileiros não estão felizes com seu voto. 68% não querem mais clima de briga entre dois grupos. Mesmo os chamados votos “duros” de Lula e de Bolsonaro não estão cem por cento decididos. Sabem apenas o que não querem. Não o que querem.

Quase metade dos eleitores de Lula lamenta que ele tenha se envolvido em corrupção e que “só fale do passado”. Só vota nele para impedir que Bolsonaro continue.

Um terço dos eleitores de Bolsonaro sabe que ele é mentiroso e incompetente – mas relevam ou fantasiam isso – porque querem, a qualquer custo, impedir a volta do PT.

37% dos eleitores de Lula e 30% dos eleitores de Bolsonaro mudariam sem pestanejar o voto para Ciro, caso se convencessem da nossa possibilidade de vitória. (Vem daí, e não da balela de vitória em primeiro turno, ou de medo de golpe, a pregação do tal “voto inútil”).

Mesmo os que dizem já estar decididos no voto, revelam, quando questionado mais profundamente nas qualis, que só tomarão a decisão definitiva na “última semana ou no dia da eleição”.

Para quem estuda profundamente o tema, é o caso mais curioso, nas eleições brasileiras, de um “suposto voto decidido menos decidido de toda história”.

Mais surpreendente ainda é o teste que fizemos em várias qualis (e que você mesmo poderá testar, ou enviar  para os amigos, usando o link). É arrasador o efeito vira voto pró-Ciro para os que assistem “O dever da esperança”. 

Vamos maratonar?
















Minhas irmãs e meus irmãos,


Eu sou daqueles que gostam de ver o sol nascer.


E de assistir, a subida aos céus, do aro flamejante da esperança.


Eu sou também dos que gostam de ver o sol do meio-dia acender sobre o mundo a chama da rebeldia.


Eu sou daqueles que não usam a noite para dormir, mas para

sonhar e construir a aurora radiante do novo dia.


É por isso que trago hoje para vocês a voz da Rebeldia da Esperança.


Rebeldia e esperança são as duas únicas energias capazes de retirar o Brasil das trevas e da estagnação onde nos encontramos.

Elas têm que estar juntas e aliadas.

Uma separada da outra não consegue, não alcança!

A rebeldia sem esperança é a rebeldia sem causa.

E a esperança sem rebeldia é um sonho que nasce moribundo.


Mas quando se juntam rebeldia, esperança e um novo Projeto Nacional de Desenvolvimento está firmado um elo inquebrantável.

Uma corrente capaz de eletrizar o Brasil e levá-lo adiante.

Mas esta não é uma tarefa isolada de um presidente.

É de toda uma nação de pé, mobilizada para transformar profundamente o Brasil.

De pé, a cantar um hino de amor à rebeldia e um cântico de fé à esperança.


Meus irmãos e minhas irmãs,


Mesmo que alguns não saibam – e outros tentem esconder – o Brasil foi sempre rebelde e esperançoso.

Mesmo hoje, quando um aparente marasmo parece cobrir tudo, esta mistura de rebeldia e esperança está latente em atitudes e ações de heroísmo individual.


É ela que anima a mãe solteira que se agarra à vida como uma leoa a defender seus filhos.


É ela que dá energia ao trabalhador que acorda na madrugada ainda escura, e parte para o trabalho espremido no metrô ou no ônibus velho e desconfortável.


É ela que move os milhões de empreendedores individuais que enfrentam todos os obstáculos para manter seus negócios e, quando fracassam, recomeçam outra vez.


É ela que dá força ao pequeno produtor rural que se recusa a irrigar sua lavoura com lágrimas e prefere irrigá-la com o suor do seu trabalho honesto.


É ela que alimenta o estudante pobre, ávido de conhecimento, a desafiar, sem medo, a falta de dinheiro e de tempo para estudar.


É ela que energiza o crente em Deus, que lança suas preces ao céu, mas que sabe que a primeira redenção se dá na terra, com o trabalho honesto e produtivo.


Esta poderosa energia vem dos primórdios da nossa história.

Lutamos contra diversos opressores em busca da nossa liberdade.

Lutamos contra a escravidão, em dezenas de rebeliões de negros brilhantes e destemidos.

A esperança nos batizou mesmo antes que nascêssemos!


Ela foi o signo da profecia de que nesta terra nasceria uma nova civilização.

De que aqui seria o laboratório do Espírito Santo.

De que aqui se misturariam todas as raças e todas as culturas dando uma nova feição de humanidade ao mundo.

A parte principal destas profecias ainda está por se cumprir.

Só depende de nós fazer com que tudo isso se materialize mais rápido.

Quero ser o presidente deste lindo povo para juntos, ajudarmos a acelerar o cumprimento destas e outras profecias.

Quero ajudar libertar o Brasil das garras do ódio e da mediocridade paralisante.

Ajudar o Brasil a retomar seu destino e colocá-lo no centro das decisões mundiais.


Quero ser o presidente da Rebeldia da Esperança!


Minhas irmãs e meus irmãos,


São imensos os desafios que o mundo tem pela frente: buscar novas formas de defesa ambiental, novos modelos econômicos, novas formas institucionais para a política, novas formas de relação de trabalho, novas tecnologias, novo modelo de relação entre as nações, além da emergente e imponderável questão sanitária trazida pela pandemia, que parece longe de acabar.

Por força dela, inclusive, estamos fazendo esta nossa convenção de forma virtual.


No Brasil, como nossos políticos não têm rebeldia, nem trazem esperança, estes desafios são particularmente gigantescos.

Muitos dos pretensos líderes vivem imersos em uma bolha de picaretagem, oportunismo e ignorância, o que faz com que não pensem e não formulem novas ideias.


Na verdade, o centro do mundo deles é a subserviência aos seus patrões, que sempre lucram nas costas do povo.

Por isso, mantém há décadas a mesma política econômica que paralisa o país, aumenta a pobreza e amplia a desigualdade.

Eles fazem isso porque têm patrões poderosos, visíveis ou ocultos. Nacionais ou multinacionais.

Trabalham, na verdade, para estes sanguessugas e não para o povo batalhador.

Eu sou bem diferente deles.


Meu patrão é o povo e minha pátria a minha patroa!


Meus irmãos e minhas irmãs,


Nunca vou me cansar de dizer que por mais de 50 anos, de 1930 a 1980, fomos o país que mais cresceu no mundo.

E nunca vou me cansar de dizer que depois disso viemos em progressivo declínio, até que sobreveio a estagnação dos últimos dez anos.

Paramos no tempo e no espaço.

Enquanto boa parte do mundo avançava, nós começamos a andar para trás. Caranguejos atolados no mangue do atraso.

Gosto de lembrar, com amarga tristeza, que em 1980 nosso PIB per capita era 15 vezes maior que o chinês.

Hoje não alcança 79%.


Estamos perdendo nossa grandeza, exaurindo nossas riquezas, destruindo nosso meio ambiente e ampliando nossa pobreza.

E por que tudo isso aconteceu se, como antes, estamos debaixo do mesmo belo céu azul, abençoado pelo Cruzeiro?

Se pisamos a mesma terra fértil e somos o mesmo povo lindo e trabalhador?

A resposta é simples: unicamente por conta da política e dos políticos.


Desde o famigerado Consenso de Washington, em 1989, que poderosos estrangeiros e seus asseclas nacionais conseguiram domesticar a política e encapsular a economia, dos países mais pobres, na camisa de força do neoliberalismo.


E o resultado disso?

Fracasso sobre fracasso, tragédia sobre tragédia.

Desemprego, fome, desmantelamento de indústrias e estados nacionais, explosão de refugiados a vagar perdidos pelo mundo.

Aqui no Brasil, estagnação completa ou crescimentos curtos e enganadores.

Voos de galinha para a renda e consumo do povo e permanentes voos de abutre para os rapinadores.

Lucros imensos para os especuladores financeiros e migalhas para os pobres, em ridículas políticas compensatórias, que, ao invés de os envergonhar, servem curiosamente de orgulho e bazófia para alguns que se dizem de esquerda.


Nos empurraram para o quintal do mundo, e nós aceitamos!

Um quintal, sem tecnologia, sem mão de obra qualificada, sem mercado internacional de manufaturados, com uma indústria nacional enfraquecida. E nós aceitamos!

Nos mergulharam num primitivismo produtivo e educacional. E nós aceitamos!

Sem inclusão produtiva e qualificadora, sem participação nas decisões internacionais. E nós aceitamos!

Sem condições de explorar suas próprias riquezas, sem gerar poupança interna e dependendo sempre do capital especulativo internacional a quem oferecíamos lucros com os maiores juros do mundo.

E nós aceitamos!


Que triste espelho em que nos miramos, que régua estreita com que nos medimos!

Tantos erros, enganação e manipulação grosseira só poderiam resultar nessa tragédia que é o governo Bolsonaro.


Minhas irmãs e meus irmãos,


Hoje estamos entre os países mais desiguais e que menos crescem no mundo.

Com um dos maiores índices de desemprego e com um dos menores níveis de qualidade de ensino do planeta.

Estamos entre os que menos investem em tecnologia, pesquisa e formação de mão de obra.

Estamos entre os menos preparados para ingressar na economia do conhecimento.

Estamos virando analfabetos digitais, tateando no mundo das novas tecnologias e da inteligência artificial.

Paradoxalmente, isso ocorre em um dos países com mais vitalidade cultural e humana, e de mais potencial de crescimento.

A incompetência de Bolsonaro apenas agravou uma situação que piorava ano após ano.

E a pandemia – em si mesma e em sua má gestão – apenas sacudiu instrumentos, políticas e instituições já carcomidas por décadas. E foi potencializada criminosamente pela política genocida que já nos ceifou mais de 620 mil vidas.


Pergunto: é este o legado de longo prazo deixado por partidos de esquerda e centro esquerda que ocuparam o poder por mais de vinte anos?

Seria mesmo nosso destino cair, na sequência, nas mãos de uma direita obscurantista e criminosa, como a de Bolsonaro, que piorou tudo, mas que não pode ser condenada isoladamente?


Seria exagero dizer que os presidentes, apesar de diferentes em muitas coisas, foram iguaizinhos em economia, e que o modelo econômico que copiaram uns dos outros nos trouxe a este beco sem saída?


Seria absurdo mostrar, que, com diferenças apenas de escala e formatos, eles copiaram e repetiram os mesmos projetos e programas na área social, mudando apenas seus nomes?


Seria mentira afirmar que eles, sem exceção, impuseram um tipo de governança que tem o conchavo e a corrupção como eixos?

Não, não é exagero, é pura realidade.


Este desmonte – e repetição do mesmo modelo – já vem de muito tempo.

Collor escancarou a porteira, Fernando Henrique preparou a mesa do banquete e Lula condimentou melhor os pratos.

Depois de servir cerimoniosamente os tubarões, Lula distribuiu, com compaixão de filantropo, as sobras para os mais pobres.


Anos atrás, tínhamos uma política econômica tão selvagem e elitista, que fazia os ricos lucrarem sem parar com a inflação.

Por isso, levaram tantos anos se beneficiando dela e através dela.


A inflação era tributo cobrado dos pobres e dado aos ricos.

Chegaram ao requinte de criar uma moeda para os afortunados: a correção monetária.


Quando este ciclo se exauriu, encontraram uma fórmula engenhosamente perversa de conte-la, transformando os juros em falsa panaceia anti-inflacionária, mas que, na realidade, não passava – e não passa – de uma máquina absurda de gerar lucros para o setor financeiro, e de muleta para a falta de poupança interna.

É, igualmente, uma máquina cruel de triturar o corpo e o espírito dos setores produtivos, em especial o setor industrial.

Além de escravizar, no crediário extorsivo e na dívida aterradora, os consumidores pobres e de classe média.


O signo máximo desta época é o tal tripé macroeconômico – meta de inflação, câmbio flutuante e superávit primário- que deveria ter sido uma solução temporária, e de transição, mas que permanece até hoje, proibindo o país de crescer.

Não satisfeitos, eles continuam a enganar letrados e iletrados repetindo a mentira de que não há outra solução, senão esta.


Entre 1980 e 2010, perdemos a vocação para o crescimento, e entre 2010 e 2020 o país cresceu ZERO, pela primeira vez em 120 anos!

Mas em lugar de terem antevisto e evitado este desastre, fazendo as reformas estruturais que todos sabemos quais são, eles preferiram, por comodismo político, jogo eleitoreiro e transações escusas, manter o modelo econômico equivocado.


Meus irmãos e minhas irmãs,


Aproxima-se o momento eleitoral e eles repetem estas velhas mentiras econômicas e as mesmas velhas mentiras políticas.

Mais uma vez querem anestesiar os brasileiros dizendo que é melhor eleger quem vender uma falsa “paz e amor”, do que alguém que desafie e proponha mudanças profundas neste modelo que nos aprisiona.

Dizem que se mexermos no que aí está virá o caos, quando, na verdade, o caos virá se deixarmos tudo caminhar no rumo que eles traçaram.


A formulazinha hipócrita da falsa “paz e amor” é a mais descarada forma de servidão e corrupção que já inventaram.

Quem primeiro importou isso para o Brasil foi Fernando Henrique; e depois Lula o imitou de forma ostensiva e

desavergonhada.

Seus sucessores foram tropeçando na mediocridade repetitiva e monótona, até que os erros acumulados e a manipulação grosseira levaram a maioria dos brasileiros a votar, enganados, em um louco farsante.


Repito: por mais que tivessem personalidades e estilos diferentes, todos estes presidentes repetiram – e querem continuar repetindo – a mesma história. O mesmo modelo econômico e a mesmo governança política apoiada no conchavo e na corrupção.


Enquanto isso, o povo sofre nas favelas e a classe trabalhadora vê seus direitos subtraídos, como ocorreu com a famigerada reforma trabalhista do governo Temer, que, como venho dizendo há quatro anos, precisa ser revista e melhorada.

Mas esta revisão tem de ser feita de maneira inteligente e sem submissão a pressões de nenhum dos lados.

Não pode servir para ampliar a informalidade e a precarização do trabalho. Nem para destruir os sindicatos.

Tampouco pode ceder a ativismos desenfreados de corporações, nem fechar os olhos para novas realidades dos mercados nacional e mundial.


A confusão entre o público e o privado é um dos traços mais arraigados e onipresentes da vida brasileira.

Isso vem de muito tempo, passando de presidente a presidente, até chegar ao famigerado Jair Bolsonaro.

Todos lançaram seus juramentos e compromissos no fogo da volúpia e aliaram-se ao que havia – e há – de mais sórdido na política.

Mentiram e mentem dizendo que esta é a única forma que se tem para governar.

Na verdade, é o triste refúgio dos que governam de costas para o povo. Sem ouvi-lo e sem buscar seu apoio permanente.


Alguns vendem agora uma falsa versão de união nacional, cujas pontas do iceberg são as manobras feitas para substituir a vontade do eleitor por acordos de cúpula.

As uniões nacionais são lindas e históricas quando feitas em torno de projetos precisos, transparentes e corretos.

E desastrosas quando feitas em torno de conchavos, de acordos de poder pelo poder; ou de ideias românticas e memória afetiva supostamente generosas, mas insinceras e comprometidas em suas origens e essências.

Na história do mundo, algumas uniões nacionais feitas às pressas contra um inimigo comum, confundiram a percepção correta dos personagens: era fácil enxergar o inimigo a combater, mas difícil, porém, de distinguir o projeto e o melhor aliado a se aproximar.


Minhas irmãs e meus irmãos,


Nós sabemos bem quais os inimigos a combater.


Eles são a pobreza, a violência, a fome, a desigualdade, o desemprego, o subemprego, o baixo salário, a péssima educação, a saúde precária, o baixo crescimento, a desindustrialização, a corrupção, o racismo, a opressão da mulher e a destruição das pessoas e do meio ambiente.

Nós sabemos quais as armas que devemos empunhar.


A principal, e mais abrangente delas, é um moderno Projeto Nacional de Desenvolvimento que privilegie a produção em lugar da especulação, que gere bons empregos, que estruture um cenário macroeconômico favorável a quem produz, que modifique a política de juros altos, a estrutura tributária distorcida, a má qualidade dos gastos públicos e que amplie o investimento nas áreas da educação, da ciência e da tecnologia.

Ou seja: que desmonte o tal tripé econômico e coloque de pé uma economia dinâmica e moderna, com inflação controlada, sem desequilíbrios e sem déficit fiscal.


Quem está dizendo que isto é possível é uma pessoa que foi prefeito, governador e ministro da Fazenda, sem um só dia de déficit, com inflação controlada, e grandes obras e projetos.


Sei muito bem da importância de um país viver sem inflação e com equilíbrio fiscal. E sei como fazê-lo.


Sei da importância do equilíbrio fiscal para se ter juros menores, e, em consequência, diminuir as despesas do governo, abrindo mais espaço para financiar o crescimento e melhorar a qualidade dos serviços públicos.

Mas sei, também, que é possível conseguir este equilíbrio sem sacrificar os mais pobres nem levar o país para a estagnação e o atraso.

Precisamos fazê-lo não para agradar banqueiros ou especuladores, mas exatamente para não ficarmos sob seu jugo ou sua tutela.


Um caminho errado para conseguir isso é através de uma política burra e draconiana como o famigerado “Teto de Gastos” de Temer, que deixa de fora a principal e mais extorsiva despesa, os juros, e aprisiona o investimento público em uma camisa de força.


Este tal teto de gastos é a maior fraude já cometida contra o povo brasileiro. Ele só controla os investimentos que beneficiam o povo. E deixa totalmente livre a despesa financeira.

Isso é um roubo, uma vergonha, uma insensatez!

O orçamento da União é de 4,8 trilhões de reais. Mas só se discute e controla 1,8 trilhão, que é o dinheiro da saúde, da educação, da infraestrutura etc.

Já os 3 trilhões de despesas com juros, amortização e renegociações correm soltos para as mãos dos banqueiros.

Correm tão sem limite como a falta de vergonha dos que defendem tamanho absurdo.

Para vocês terem uma ideia: com apenas 1% de aumento dos juros decretado pelo Banco Central, nossa dívida aumenta em 33 bilhões de reais, em poucos segundos.

Prometo, portanto, acabar com esta ficção fraudulenta chamada Teto de Gastos e colocar em seu lugar um modelo que vai tocar o país adiante, sem inflação e com equilíbrio fiscal verdadeiro.


Um Projeto Nacional de Desenvolvimento pactuado entre os setores público e privado, conseguirá isso e muito mais.


Porque ele prevê tanto o desenvolvimento científico e tecnológico como a redução de desigualdades entre as pessoas e entre as regiões, trazendo profundas melhorias nos indicadores.


Mentem os que dizem que nosso Projeto Nacional de Desenvolvimento é gestado em velhas ideias estatizantes.

O estado que idealizamos não é o Leviatã opressor.


Ao contrário, ele é pensado como o elo de uma parceria democrática entre os setores público e privado, capaz de reorientar a gestão pública para que ela ajude a alcançar as metas conjuntamente traçadas e pactuadas pelos dois setores.

Um setor público que seja um ente dinâmico e moderno, que atue de forma matricial, monitorando e cobrando resultados, e premiando o bom desempenho.


É este o caminho que estão trilhando as principais economias capitalistas do mundo, como os EUA, Alemanha e França,

que criaram planos para recuperar suas indústrias e suas posições na economia mundial, incluindo elevados gastos em infraestrutura, pesquisa e desenvolvimento.


Por que então ficarmos na contramão do mundo, como os últimos teleguiados pelas balelas do neoliberalismo?


Chega dessa discussão farsante e primária entre Estado Mínimo ou Estado Máximo!

O que nos interessa é o Estado Inteligente. O estado que atue junto ao setor privado e abra, junto com ele, as portas da economia do conhecimento.

O estado que saiba investir em setores estratégicos, geradores de futuro, mas que por serem de alto risco e de retorno lento, não atraem o interesse privado imediato.


Meus irmãos e minhas irmãs,


Sou talvez o pré-candidato que mais fala de macroeconomia e o único que tem um plano delineado -e publicado em forma de livro- para ser discutido com a sociedade.


Mas quero ser também o candidato que anuncia com transparência e coragem, com rebeldia e com esperança, atos concretos para melhorar a vida das pessoas e do país.


Por isso reafirmo, em alto e bom som, que taxarei, sim, as grandes fortunas; que cobrarei, sim, impostos sobre lucros e dividendos; que modificarei, sim, a estrutura tributária para acabar com a pouca vergonha e a injustiça do pobre e da classe média pagarem mais impostos do que os ricos, e para poder desonerar compensatoriamente a produção, de forma seletiva e bem planejada, acabando o festival de desonerações sem controle e sem retorno.


Podem tremer de medo os apenas 50 mil privilegiados deste sistema injusto de impostos!

E podem vibrar de esperança os mais de 210 milhões de brasileiros que serão beneficiados.


Resolverei, sim, o endividamento de mais de 60 milhões de brasileiras e brasileiros, prisioneiros do SPC e do Serasa. Podem tremer de medo as cinco ou seis famílias de banqueiros, e os poucos milhares de especuladores que lucram com isso.

E vibrem de esperança milhões e milhões de pais de família e todo o setor produtivo que se beneficiarão com a recuperação do poder de compra dos trabalhadores.


Mudarei, sim a criminosa política de preços e de gestão da Petrobrás.

Podem tremer de medo os tubarões que dela se apossaram e que querem tomá-la, em definitivo, dos brasileiros.

Mas vibrem de alegria milhões e milhões de compatriotas que pagarão combustível mais barato e poderão gritar de novo: “O Petróleo é Nosso”.


Quero ser o presidente capaz de corrigir os desvios macroeconômicos e de traduzir imediatamente seus resultados em obras e projetos.

Por isso, faço questão de antecipar agora algumas propostas bem concretas:


Lançarei um Plano Emergencial de Pleno Emprego para abrir 5 milhões de vagas nos dois primeiros anos de governo.


Lançarei o Programa Internet do Povo para facilitar o acesso da população pobre a internet. Com financiamento de smartphones em 36 meses sem juros; Wi-fi gratuito em áreas comunitárias dos bairros mais populosos e nas pequenas cidades mais pobres; cursos de informática on line gratuitos; e cursos profissionalizantes e gratuitos de games.


Implantarei o modelo Minha Escola, Meu Emprego, Meu Negócio, unindo ensino, trabalho e assistência profissional, além de garantir estágios remunerados pelo governo.


Construirei Escolas de Tempo Integral nos bairros mais pobres e populosos das grandes cidades.


Implantaremos um Programa de Reforma Urbana e de Regularização Fundiária para legalizar a posse do terreno e da casa, entre outras ações, e um projeto para financiar, em dez anos, a reforma de moradias populares, com contratação de mão de obra, preferencialmente da própria família ou da comunidade.


Implantaremos o Programa Renda Mínima Universal Eduardo Suplicy, englobando os pagamentos feitos pelo Auxílio Brasil, o Seguro Desemprego e a Aposentadoria Rural.


Vamos criar estoques reguladores de feijão, arroz e outros cereais e alimentos, para baixar o preço da comida.


E vamos garantir gás de cozinha pela metade do preço para famílias de renda mensal de até três salários-mínimos.


Vamos dar uma atenção superespecial e prioritária à defesa do meio ambiente. A nossa pauta ambiental tanto será um instrumento vigoroso de proteção dos nossos ecossistemas, como de oportunidade de investimentos para o país.


Isso através do incentivo ao desenvolvimento de novas fontes de energia; a reorientação do uso do petróleo; alterações na forma de produzir carnes e outros alimentos; enfim, a implantação

de uma moderna infraestrutura de baixo uso de carbono.


Saberemos provar e convencer todos os brasileiros que a floresta em pé vale incomparavelmente mais do que a floresta derrubada e de que da nossa Amazônia sairão os novos remédios que irão revolucionar a farmacologia mundial.


Minhas irmãs e meus irmãos,


Há um problema grave, que afeta seriamente o país.

Por sua complexidade, tem servido, de um lado, para demagogia, falsas soluções, mentiras e manipulações; e, de outro, tem ajudado o fortalecimento político e o enriquecimento ilícito de muita gente.


Trata-se da corrupção, um problema que afeta e desafia todos os países e que, entre nós, tem características bem próprias.

A corrupção no Brasil se expressa por uma aliança, um acerto, entre parcelas das elites políticas e econômicas para capturar e dominar o destino do país.

Trata-se de um problema causado não apenas por defeitos morais, mas por profundas falhas políticas e institucionais.

Enfrentar a corrupção deve ser tarefa de uma política

de Estado e meios institucionais que a enxerguem com a visão de um clínico geral.

Que sabe que ela é uma doença interligada a outras, mas capaz de tratamento.


Ao lado de um gabaritado grupo de juristas, cientistas políticos e homens públicos, estou elaborando um plano de combate à corrupção que colocarei em discussão pública até o próximo mês de março.

Terá como principal característica uma ação preventiva permanente, apoiada no resgate da institucionalidade, isenção e na capacidade de trabalho dos órgãos de controle e punição.


Nele não haverá espaço para estrelismos e efeitos especiais, nem para espetáculos de conquista de plateias e de eleitores.

Os que agem desta forma, produzem efeitos negativos para a sociedade e também para si mesmo.

Proclamam combater a corrupção quando, na verdade,

terminam por fortalecer esta hidra de tantas cabeças e de

tantos disfarces.

É o caso do notório Sergio Moro, de glória efêmera como juiz e agora candidato a se derreter em contradições, mentiras e despreparo.

Como juiz, semeou nulidades e desrespeito ao processo legal.

Como candidato, está propondo a criação de uma esdrúxula corte anticorrupção que agiria da forma autoritária como ele agiu e que se submeteria à tutela estrangeira, como ele se submeteu.

Seria um Tribunal de Exceção, que violaria cláusulas pétreas e que só foi instituído no mundo, em regimes autoritários.

No fundo, Moro faz de tudo para esconder a prova cabal de seu fracasso, da sua parcialidade e de sua incompetência.

O fato de ter contribuído, ao mesmo tempo, para a eleição de Bolsonaro – ao tirar Lula da disputa em 2018 – e de Lula estar agora apto a concorrer, porque, como juiz parcial, transformou um processo técnico em panfleto político.

Hoje seu currículo é um rosário de vergonhas: foi lambe botas de Bolsonaro, é juiz condenado por suspeição e está sendo investigado por ter virado sócio do escritório estrangeiro que administra a massa falida da Odebrecht e da OAS, empresas que ele condenou e ajudou a quebrar.

Mas ele não cansa em tentar transformar farsa em heroísmo, agora fantasiado de candidato sem ter o menor preparo para o cargo.


Meus irmãos e minhas irmãs,


O lavajatismo que ainda impregna setores minoritários do nosso aparato de justiça, junto com a podridão bolsonarista que tem células espalhadas no aparelho policial, produziram recentemente uma ação criminosa e injusta contra mim, que foi imediatamente rechaçada por amplos setores da sociedade.


Estão eles redondamente enganados, se pensam que irão me intimidar com este tipo de abuso e prepotência.

Sou um homem honesto, meu atestado são os meus quarenta anos de vida pública, sem nenhum processo de corrupção.

Não tenho medo de agentes públicos criminosos e confio no veredito final da Justiça soberana.


Além do moderno plano de combate à criminalidade política ao qual já me referi, estou também preparando, com competentes técnicos, um moderno plano de segurança pública, antiviolência e rigoroso no combate ao crime.


Vou resumi-lo em poucas palavras: rigor, foco, prevenção, tecnologia e integração. Ele tem a mesma filosofia de divisão de tarefas do SUS, integrando esforços federais, estaduais e municipais, sob a coordenação estratégica do governo federal.


Na parte tecnológica, que será uma das principais responsabilidades do governo federal, vamos implantar um eficiente sistema de mega dados, através de uma superplataforma que integrará fichas criminais, banco de DNA, sistema de reconhecimento facial, monitoramento on line de áreas estratégicas e aperfeiçoamento dos radares das nossas fronteiras.


Vamos incrementar, também, um programa de fortalecimento e modernização da Polícia Federal e da Força Nacional de Segurança, com aumento de contingente, equipamentos e aprimoramento dos modelos de treinamento.


Este plano, que enfrentará com rigor a criminalidade tanto de forma preventiva como repressiva, não repetirá os erros do governo Lula, que optou pelo encarceramento em massa de jovens pobres e negros, sem combater os chefões do crime organizado e sem ir à raiz do problema da criminalidade.

Tampouco terá a demagogia criminosa e farsesca de Bolsonaro que quer transferir parte do trabalho da polícia para o braço armado do próprio cidadão.


Minhas irmãs e meus irmãos,


Nada mais rebelde e esperançoso do que uma verdadeira democracia.


Uma democracia dinâmica, de alta intensidade e plena de instrumentos institucionais capazes de garantir os direitos individuais e coletivos.


Uma democracia capaz de diminuir as desigualdades e garantir a busca quase utópica da igualdade plena.


Capaz de multiplicar oportunidades para todos através da educação, formação e do bom emprego.


Capaz de praticar justiça social, justiça política e justiça tributária, cobrando mais a quem deva pagar mais e distribuindo mais a quem mais precisa.


Capaz de assegurar a plena administração da justiça, baseada em leis verdadeiramente justas e igualitárias.


Capaz de manter um equilíbrio saudável entre as práticas do sistema representativo e novos mecanismos de decisão popular direta, administrada em circunstâncias periódicas.

Que possa privilegiar tanto as decisões nos parlamentos quanto em plebiscitos.

Que saiba incorporar as novas tecnologias como mecanismos permanentes de consultas, garantindo a manutenção viva da expressão da vontade popular.

Ninguém julga melhor que o povo, e seu julgamento não pode ficar restrito às eleições, como determinavam e ainda determinam as democracias liberais clássicas.

Uma nova democracia, de alta intensidade, permitirá a busca constante de aperfeiçoamento institucional, não apenas com a lenta lubrificação de velhas estruturas, mas com o surgimento de novas mecanismos ainda mais eficientes.


Com o aperfeiçoamento constante dos contratos políticos, sociais e econômicos para que se possa viver melhor, produzir melhor, criar mais e melhor riqueza que se reverta em benefício de todos.

Uma das nossas principais tarefas será lutar por nosso aperfeiçoamento democrático e demonstrar ao povo brasileiro, por atos, mais do que por palavras, que democracia e sobrevivência andam juntas.

As iniciativas urgentes e amplas de que precisa o Brasil para resgatar seu povo não serão tomadas, como estamos vendo, por um governo a serviço de interesses estreitos e minorias sectárias.

Nem por governos de autoritários de toga ou de profissionais do conchavo.

Identificar democracia com sobrevivência e vitalidade fará a causa democrática brilhar no imaginário de nosso povo.

Aperfeiçoada e modernizada ela continuará sendo o melhor dos regimes, inclusive porque é o único que permite ao povo corrigir os erros políticos que eventualmente cometer.

É sem dúvida o que vai ocorrer neste ano glorioso de 2022, quando comemoramos o Bicentenário da Independência e o centenário do nosso líder imortal Leonel Brizola.


A velha democracia parece hoje uma deusa cansada e pessimista.

Os perigos que a ameaçam são frutos de suas próprias contradições.

Ela gerou seus próprios inimigos na pulsão dialética de certas contradições insolúveis e de fracassos constantes.


Cabe a nós, em todos os países do mundo, encontrarmos as formas de reinventá-la.


O Brasil tem um papel decisivo nisso tudo. Como tem papel decisivo em tudo que signifique o futuro e o destino do mundo. Seja na questão ambiental, seja na questão política, seja muito especialmente na questão cultural.


Cultura para mim é tudo que alimenta a imaginação humana.

Que ilumina o futuro e remove as sombras que o impedem um povo de caminhar.

Nesta perspectiva, a cultura vem antes de tudo e sobrevive a tudo.

Alimenta, cria e recria a política; alimenta cria e recria o espírito dos povos.

Por isso a política cultural será um dos eixos centrais do meu governo.


Minhas irmãs e minhas irmãs, repito, Minhas irmãs e minhas irmãs,


Quero governar com todos os brasileiros, mas principalmente com – e para vocês – queridas e heroicas mulheres.

Vocês são 52% da população e, mesmo assim, são sistematicamente esquecidas e humilhadas. São vítimas do subemprego, da violência e da discriminação.


Vocês, bravas e competentes mulheres brasileiras, continuam a ganhar 23% menos que os homens para fazer o mesmo trabalho. Este absurdo tem que ser corrigido!


O Brasil é o quinto país com o mais feminicídios e o penúltimo país da América Latina em cargos políticos ocupados por mulheres. Este quadro tem que ser revertido!


O Brasil tem que ter a consciência e o orgulho de ser um país feminino. Com novas ideias, trabalho, paz, coragem e liberdade o Brasil vai aprender a respeitar as mulheres e a garantir os seus direitos.


Minhas irmãs e meus irmãos,


Ao lado de vocês, bravos guerreiros do PDT, e da maioria do povo brasileiro, quero continuar a ampliar e modernizar a grande obra de Brizola em várias áreas.


No meu querido Ceará, já transformamos a educação na menina dos olhos do governo e da sociedade e temos hoje a melhor educação pública do Brasil, com reconhecimento internacional.

Faremos isso também em todo o país, com o apoio do PDT e a benção e inspiração do nosso líder imortal.


Sei que muitos que ouvem este discurso devem estar querendo me perguntar: Ciro, com que recursos políticos e financeiros você fará tudo isso?


Eu respondo: com a força do povo, com a boa política, com a boa técnica e com as bênçãos de Deus.


E complemento: transformando em realidade um moderno Projeto Nacional de Desenvolvimento que sabe criar, produzir e distribuir riquezas com a velocidade que o país necessita.


Faremos isso com o apoio de um congresso renovado, que terá a participação decisiva da bancada ampliada do PDT, uma bancada que terá a experiência de vocês, amigos senadores e deputados, aqui ao meu lado, seja presencialmente ou virtualmente.


Eu e nosso grande presidente e amigo Carlos Lupi não pouparemos esforços e sacrifícios para ajudá-los na renovação dos seus mandatos.


E esta valorosa bancada seguramente se ampliará com a chegada de novos companheiros de primeiro mandato.


Neste grande movimento de transformação do Brasil, contaremos ainda com o apoio decisivo dos governadores e deputados estaduais que elegeremos; como também, saberemos buscar o apoio de líderes de outros partidos sinceramente empenhados na busca por um país melhor.


Realizaremos esta grande obra com o apoio direto do povo.

Não com o apoio abstrato, de um povo metafórico, mas com a participação diária e cotidiana do povo de carne, osso, alma e coração.


O apoio popular será decisivo em todas as horas e em todos os minutos, mas de forma muito especial no meu primeiro ano de governo.


Ele será o ano das grandes reformas e faremos isso sem paralisar o país nem perturbar a marcha da sua vida normal.


Sob o olhar vigilante do povo, estimularei democraticamente o congresso para que vote, ainda no primeiro semestre, as reformas pactuadas.


Este será o período da Grande Reforma e tudo que for aprovado nele será submetido depois à aprovação popular, através de plebiscito.


Repetiremos rito semelhante no meio do governo, quando lançaremos as reformas complementares.

Neste momento, reexaminaremos tudo que não esteja funcionando bem e já começaremos a preparar o país para o meu sucessor.


Sim, porque entre as primeiras reformas estará o fim da reeleição. Depois de cumprido este mandato voltarei para o meio do povo e de lá definirei o meu novo papel.


Minhas amigas e meus amigos,


Para encerrar, quero renovar minha crença na rebeldia e na esperança encarnadas no povo brasileiro.

O Brasil não precisa de simples faxina, maquiagem ou puxadinhos, como defendem os outros concorrentes.

A nação deseja profundamente mudar não apenas o nosso modelo político e econômico, mas também o regime moral.


Somos o único que pode mudar o modelo econômico e a forma velha e corrupta de governar, porque temos projeto, coragem e experiência


Vamos, minhas irmãs e meus irmãos, colocar nossa pátria de pé, em um grande movimento de rebeldia e esperança!

Vamos arrancar a pedra de gelo que parte do Brasil ainda tem no peito e transformá-la em água para dar de beber a quem tem sede de vida e de justiça.


Darei até a última gota de meu suor, de meu sangue, da minha energia nesta missão histórica!


Sou rebelde porque me recuso a perder a esperança.


Tenho esperança porque sou rebelde.


É assim, juntos e iguais que vamos mudar o Brasil.


Que Deus nos abençoe, que Deus abençoe o Brasil.


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Twtes:

Para repetir as práticas realizadas na melhor educação pública do Brasil.

Para equilibrar de forma justa a carga tributária brasileira. 

Contra o capital especulativo, contra o Oligopólio Cartelizado dos Bancos;

Por um Projeto Nacional de Desenvolvimento:

#PrefiroCiro 

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Nunca foi tão fácil decidir!!
De um lado: Fascismo.
Do outro: Democracia.
Do outro: Democracia, Novo modelo econômico, Nova governança política.
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Tabela de pontos "Vira Votos para o Ciro Gomes":
ex-Indeciso: 0,5 Pontos
ex-Branco/Nulo: 1 Ponto
ex-Outro candidato: 1,25 Pontos
ex-Lula: 1,5 Pontos
ex-Bolsonaro: 2 Pontos
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Uma das maiores sequelas que o governo Bozo vai deixar para a história brasileira, é baixar tanto o nível do sarrafo da expectativa de um bom governo, que qualquer governo muito mais ou menos possa parecer fantástico.
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Em toda a minha vida, voto útil seria votar no terceiro lugar das pesquisas para tentar tirar o segundo do segundo turno. Nunca vi esse voto útil que está tendo campanha esse ano...
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O Ciro Gomes tem uma vantagem nessas eleições:

Quem votou no Lula e está com vergonha do Alckmin ou do Pallocci não tem coragem de votar no Bozo.

Quem votou no Bozo e está com vergonha das rachadinhas ou dos apartamentos pagos com dinheiro vivo não tem coragem de votar no Lula.
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Como acho que o maior problema do Brasil é a desigualdade social e a melhor saída para resolver esse problema é educação pública de qualidade, vou dar o meu voto para o projeto que fez 82 das 100 melhores escolas públicas do país se concentrar em apenas um estado...
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Fora Roberto Campos Neto!
E qualquer um que diga que vai mantê-lo!
O Déficit está no Banco Central e não na previdência!
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Queremos tirar não só o Bolsonaro, mas também Roberto Campos Neto, Henrique Meireles, Joaquim Levy, Geraldo Alkimin, Marcos Lisboa, Geddeu Vieira, Eunício Oliveira e Oligopólio Cartelizado dos Bancos
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Já dei a chave do cofre para o Lula levar 100% dos votos do Ciro no 1º turno.
Só o Lula escrever um livro projetando que o Brasil vire um país melhor que a Espanha em indicadores sócio-econômico num prazo menor que 30 anos, mostrando quanto custa e de onde vem o dinheiro. Fácil!
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Então vamos unir a esquerda!!!
Quem propôs Autonomia ao Banco central para lá,
Quem vociferar contra para cá.
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Então vamos unir a esquerda!!
Quem prefere usar o dinheiro público para criar a maior entidade privada de ensino para lá, 
os responsáveis pelas melhores escolas públicas de ensino básicas para cá.
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Então vamos unir a esquerda!!
Quem veta a auditoria Cidadã da dívida pública para lá,
quem se comprometeu com ela publicamente para cá.
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Então vamos unir a esquerda!!
Quem nomeia Henrique Meireles presidente do Banco Central para lá,
quem é contra para cá.
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Então vamos unir a Esquerda!!
Quem escreve cartinha aos (banqueiros) brasileiros para lá. 
Quem nega o teto de gastos em plena Globo news para cá.
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O Real-Esquerdista quer um Estado forte na EXECUÇÃO dos gastos públicos.
O Fake-Esquerdista quer um estado forte na ARRECADAÇÃO para poder enricar os bancos.
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O Anti-PTsimo elegeu o Bolsonaro. Nós politizados temos que mostrar para a população que o PT é Neo-liberal e transformar essa revolta em Anti-Neo-Liberalismo.
Se não o problema permanecerá!
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Então vamos unir a esquerda!!
Quem se preocupa com as questões identitárias, religiosas e sexuais para lá, quem pauta a economia aqui.
(Olha a guerra híbrida!)
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Chances da direita ganhar com pautas identitárias/morais/religiosas: 50%
Chances da direita ganhar com pautas econômicas: 10%

(Olha a guerra híbrida aí!!)
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A população desempregada é a maioria da população.
Hoje temos muito trabalho a ser feito: casas/saneamento/ máscaras/respiradores artificiais, alimentos.
Porque não conseguimos ligar um ao outro?
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Os governos PTstas foram razoáveis para o Brasil.
Algumas coisas boas, algumas coisas ruins.
Os governos Temer/Bolsonaro destruíram as coisas boas e mantiveram todas as ruins.
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"Alguém duvida que seu eu tivesse escrito uma carta aos (banqueiros) brasileiros eu já não era um ex-presidente da república no Brasil?"
Ciro Gomes
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Garanto que (usando os termos do querido Cabo Daciolo) todos aqueles que retirarem a trava dos olhos que atrapalham a sua visão irão seguir a única via que vai salvar o Brasil dessa encalacrada:
Um projeto nacional de desenvolvimento! 
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Bozo : Não é coveiro.
Lula: Não é procurador nem policial.
Ciro: Não é idiota!
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Não vote com medo, vote com esperança!
O Brasil pode se tornar um país no nível de uma Espanha em termos de indicadores sócios econômicos. Basta planejar direitinho. Projeto Nacional de Desenvolvimento Já! 
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Temos que tirar esse Bozo do poder e também acabar com a fonte de onde ele veio.
Se continuarmos no caminho de ser um buracão para tirar ferro e óleo ao lado de um grande pasto para tirar carne e soja, em 79ºlugar no IDH, vai gestar 80 Bozos iguais ou pior que esse!
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O Bozo pode contar as mentiras que for, para os estrangeiros que for, não existe mentiroso/canalha que me fará votar em ladrão-de-merenda-espancador-de-professor!
O Lula pode dizer sobre aborto a aberração que for que não existe demagogo que me fará votar em canalha
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É chocante quando vemos que as opções são:

1) Melhor educação pública do país.
Ou
2) Ladrão-de-merenda-espancador-de-professor.
Ou
3) Genocida-burro-e-inútil

E o sujeito escolhe qualquer coisa diferente de Melhor educação pública do país.
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-Ei?! Quer apostar que o Ciro Gomes não passa do 1° turno?
-Aposto o País.
Se o Ciro Passar para o segundo turno e vencer as eleições ganhamos o país com o mínimo de projeto para o seu desenvolvimento.
Se o Ciro não conseguir, perdemos o país que vai para o Brejo... Aposta feita?
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Me ajuda?
Foi o Lula que nomeou o Presidente do "Bank of Chicago" Henrique Guedes para o Super-ministério da economia por 8 anos ou foi o Bolsonaro que nomeou o "Boston Boy"  Paulo Meireles para presidente do Banco Central do Brasil por 4 anos? 
Me confundi aqui...
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Se está chegando agora: 

Bem vindo a "Turma Boa"! 

O próximo passo é: 

citar de cor os 4 complexos industriais que vão tirar o Brasil dessa encalacrada, 

saber quando é que a história do Tatu no Toco é aplicada 

e completar a frase: Pão é Trigo; e Trigo é ...
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Momento histórico brasileiro:
Estamos num país destruído pelo Oligopólio Cartelizado dos Bancos que financia o Oligopólio Cartelizado dos meios de comunicação que alimenta uma polarização odienta e inútil que cristaliza os interesses dos primeiros. 
Tem muita gente querendo mudar
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Torcida organizada é o C@r@lh0!!
Respeite a quantidade de horas de estudo lendo e ouvindo os principais atores políticos contemporâneos do Brasil para enfim chegar a conclusão 
BEM PENSADA E ESTUDADA,
que o melhor caminho para o Brasil é o
Projeto Nacional de Desenvolvimento!
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Quando há uma palestra de mais de duas horas debatendo o passado/presente/futuro do país, o jornal escuta toda a palestra e a manchete que sai no jornal é um inútil debate sobre a expressão usada em uma frase, aí você descobre mais coisas sobre o jornal do que sobre o palestrante
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Ciro na Firjan:
Vou viabilizar a renda mínima Eduardo Suplicy, ao tributar grandes fortunas.
O mundo inteiro cobra imposto sobre lucro e dividendos menos o Brasil.
Jornal O globo ao noticiar Ciro na Firjan:
Ciro foi contra os favelados.
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Vamos raciocinar uma coisa aqui:
Hoje tem muito engenheiro e arquiteto dirigindo UBER é por falta de casas, saneamento básico, obras para construir, ou é porque os responsáveis para levar os engenheiros e arquiteto até o que deve ser construído estão falhando dramaticamente?
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Quem é progressista empodera o coletivo,
estabelece coesão ao redor de projeto, de ideias,
de linhas de atuação para que as ideias enraizadas no povo
tenham continuidade.
Porque nada sério e transformador acontece no lapso de uma vida.
Ciro Gomes

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O Bozo combateu inflação que não é de demanda com juros altos. 
O Lula também.

O Bozo produziu os maiores lucros bancários da humanidade baseado em dinheiro público com as Operações compromissadas. 
O Lula também.

O Bozo desindustrializou drasticamente o Brasil.
O Lula também.
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VOU VOTAR NO CIRO
Eu me considero 

Linha auxiliar do Projeto Nacional de Desenvolvimento.

Eles que lutem para provar que eu seja linha auxiliar de qualquer outra coisa...
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Antes de ir para as urnas e 
apertar dois dígitos lá que decidirá qual o melhor futuro do país, faça só esse exercício:

Grave o áudio e mande para mim.
Atente-se a parte: Sem passar vergonha
(versão Lula)

Vai ser bom para o Brasil, garanto!
#PrefiroCiro #Dia12ComCiro12

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Antes de ir para as urnas e 
apertar dois dígitos lá que decidirá qual o melhor futuro do país, faça só esse exercício:

Grave o áudio e mande para mim.
Atente-se a parte: Sem passar vergonha
(versão Bozo)

Vai ser bom para o Brasil, garanto!
#PrefiroCiro #Dia12ComCiro12
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12 motivos para votar no Ciro Gomes















=========  Agora as mesmas proposta na linguagem do povão ==============














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PND

PROJETO
Plano de trabalho que estabelece objetivos, prazos, métodos de supervisão, coordenação, avaliação e controle. Um projeto nacional pressupõe uma visão de país, baseada num diagnóstico realista sobre a história e o momento atual do Brasil, e numa proposta de onde queremos chegar, de que Brasil queremos e podemos ser. Para tanto, é preciso refletir a curto, médio e longo prazo. Esse projeto deve ser fruto de um profundo debate democrático, sedimentando uma aliança entre os trabalhadores, os empresários e a academia brasileira.


NACIONAL
Na economia globalizada, as condições de empreendimento e financiamento continuam sendo dramaticamente nacionais e desiguais. Os juros no Brasil são muito mais altos do que no resto do mundo; a taxa de câmbio brasileira é desfavorável à produção industrial; e a infraestrutura – carente de investimentos pelo galope da dívida pública em função dos altos juros – não é competitiva internacionalmente. Uma política nacional, nesse contexto, não implica em protecionismos indiscriminados que favoreçam setores nacionais não competitivos, apenas por serem nacionais. Mas, dentro de um projeto, requer que sejam consideradas as novas formas de produção e a velocidade dos ciclos tecnológicos dos dias atuais.

O Estado Nacional deve induzir os setores estratégicos, estimular os campos em que o Brasil possui um protagonismo natural, formular políticas tarifárias e cambiais favoráveis, investir em ciência e tecnologia. Em suma, deve coordenar nosso projeto nacional, como ocorre em todos os países avançados.

DESENVOLVIMENTO
Para superar o subdesenvolvimento e a dependência não basta o crescimento econômico. É necessário romper com a condição de subdesenvolvido e dependente e recolocar o Brasil na divisão internacional do trabalho por meio do desenvolvimento tecnológico, produtivo e, sobretudo, humano. Não há país desenvolvido onde as pessoas vivam mal.

Um projeto nacional de desenvolvimento, em um país com os níveis de desigualdade do Brasil, deve ter como obsessão criar as condições para a promoção da justiça social, deve reparar dívidas históricas do país com o próprio povo, gerando oportunidades menos desiguais, ao mesmo tempo em que dinamiza esse gigante mercado interno que pode converter em sustentável o ciclo de desenvolvimento que merecemos, e iremos, ter no nosso país.


PROJETO NACIONAL DE DESENVOLVIMENTO
Ciro Gomes e a Política Industrial no Brasil

A política industrial ainda é o centro de um projeto nacional
Os apelos a uma economia “pós-industrial” ainda são nada mais que discurso de nações altamente industrializadas. Embora em todo o mundo o padrão seja a diminuição da participação da indústria no PIB, é a produção de alto valor agregado que garante equilíbrio e vantagens na balança comercial. Se nos tornarmos uma nação exclusivamente agro exportadora, seremos condenados à miséria e a uma posição periférica global, sem recursos para sustentar padrões de consumo de produtos importados de alto valor agregado.

Temos que pactuar entre governo, patrões e empregados uma nova política industrial no bojo de um projeto nacional de desenvolvimento. Uma nação tem que escolher o que vai importar e o que vai produzir internamente para financiar seu consumo. Nenhuma nação hoje pode produzir tudo e muito menos importar tudo.

Não temos política industrial
A queda nos preços das commodities agrícolas e minerais e nossa desindustrialização tornaram nosso balanço de pagamentos insustentável. A indústria que já respondeu por 36% do PIB em 1985 voltou aos níveis de participação de 1910 e pode chegar neste ano a 9% do PIB. Reverter esse cenário requer o planejamento, investimento e comando do Estado. Nos últimos três anos a indústria brasileira voltou a experimentar processos de desmanche e desnacionalização. Não tem acesso a crédito com taxas de juros de padrões internacionais, não tem escala por causa de nosso ainda pequeno mercado interno e está três gerações atrasada tecnologicamente. Enfrenta também uma taxa de câmbio irreal e depreciada e não tem qualquer proteção, como têm as indústrias nacionais dos países desenvolvidos. Ao contrário, o atual governo se move para jogar no mercado internacional, para ser esmagada, o que restou de nossa indústria de mãos e pernas atadas no mercado internacional para ser esmagada. Como se não bastasse, o único concessor de crédito no país a taxas de juros compatíveis com a atividade produtiva, o BNDES, tornou-se alvo do discurso neoliberal, que ao identificá-lo como a última defesa da empresa nacional, busca criminalizar suas atividades de crédito.

O princípio básico: partir de base primária sólida
O Brasil foi o país que experimentou, entre 1930 e 1980, a industrialização mais vertiginosa do século XX. Não precisamos descobrir um caminho para a industrialização, mas voltar a trilhá-lo, adaptando-o aos novos tempos e circunstâncias. Para reindustrializar o país não cabem a estatização ou o protecionismo generalizado, nem cabe priorizar, num primeiro momento, o desenvolvimento de setores altamente tecnológicos nos quais estamos em posição totalmente retardatária. De início, temos que eleger setores que não possuam grande atraso tecnológico e agreguem valor a produtos que exportamos em estado bruto, nos quais teremos vantagens comparativas. Pode ocorrer, nessa primeira fase, a eleição de quatro setores:

Complexo industrial do petróleo e gás, que gera um rombo de 25 bilhões nas contas com o exterior. Apesar de autossuficientes, ainda exportamos petróleo em estado bruto e o importamos transformado em derivados que podemos facilmente produzir aqui.
Complexo industrial da saúde, que gera um déficit de 20 bilhões de dólares nas nossas contas, embora grande parte dos componentes químicos e remédios importados esteja com patente vencida. A criação de institutos de engenharia reversa, por exemplo, resolveria esse problema em alguns anos e baratearia muito o custo de nossa saúde e remédios.
Criação de um complexo industrial do agronegócio, setor que gera 90 bilhões de superávit, mas no qual 40% dos custos de produção são de importados. O Brasil não produz defensivos nem implementos agrícolas, assim como não processa os cereais e frutas que produz, vendendo-os em estado bruto.
Complexo industrial da defesa, responsável por 20 bilhões em gastos anuais que poderiam ser maiores. O Brasil não pode prescindir de uma indústria capaz de produzir em território nacional itens básicos de defesa, nem pode continuar dependendo de GPS ou satélites estrangeiros para a própria defesa.
Ciro e o caminho para reindustrializar e crescer
Ciro defende que nenhuma experiência de sucesso econômico no mundo se deu sem cinco fatores. O primeiro é uma taxa de juros baixa, que equivalha a menos que o lucro médio dos negócios produtivos. Isso é necessário, pois ninguém corre o risco de investir em produção industrial quando pode ganhar mais, em segurança, com rendimentos de juros. O segundo fator é uma alta taxa de poupança interna, ou seja, o país tem que reinvestir grande parte do que produz.

A China tem sua formação bruta de capital em torno de 40% do PIB, enquanto o Brasil mantém 15%. O terceiro é uma forte coordenação entre governo, com capacidade de investimento, empreendedores e uma academia dedicada a produzir os avanços tecnológicos necessários para o crescimento. O quarto fator é o investimento maciço em educação, pois isso aumenta a produtividade da força de trabalho e o desenvolvimento científico. O quinto fator é a manutenção de uma taxa de câmbio realista, estável, que evite o populismo fácil do consumo de importados e dê segurança para o desenvolvimento de setores industriais nacionais. Essa clareza de nossa situação é mais um motivo pelo qual estamos “Todos com Ciro”.


A rede está furada
Ciro Gomes
Debate fundamental é sobre como construir um arcabouço fiscal sustentável

Com uma metáfora de pescaria ("Banco Central age como se estivesse pescando com uma linha fina", 31/10), 
o sempre elegante economista Arminio Fraga fez, em sua coluna na Folha, uma análise sobre as dificuldades da economia brasileira.

A qualidade de forma e a massa de informações do texto, contudo, não conseguem esconder que ele não acredita mais cegamente no modelo 
que defende e que ajudou a aplicar. Para não perder a metáfora piscosa, e apoiado nas entrelinhas do seu texto, 
eu mudaria o título do seu artigo para "A rede está furada".

De forma coerente, pois é o autor do tal tripé macroeconômico 
(meta de inflação, câmbio flutuante e superávit primário), Arminio tenta defender o modelo, 
mas não consegue ocultar as contradições insustentáveis desse desenho após 22 anos de prática contínua e insuficiente.

Penso que a manutenção desse modelo é a causa importante de nosso desastre. 
E sustento minha opinião na melhor literatura e na experiência de gestor público que não praticou nem um único dia de déficit fiscal, 
mesmo tendo sido prefeito, governador e ministro da Fazenda que ajudou a consolidar o Plano Real.

Vamos aos números: quando FHC assume, em 1995, a dívida pública era de 38% do PIB, 
a carga tributária representava 27,5% do PIB e havia um patrimônio "privatizável" de US$ 100 bilhões! 
Apenas oito anos depois de aplicado o novo modelo de "responsabilidade" fiscal, 
a dívida foi a 78% do PIB, a carga tributária a 32% do PIB e foram torrados os recursos da privatização! 
O que causou essa impressionante derrocada fiscal? 

Juros reais mais altos do mundo.

Entre 1980 e 2010, perdemos a vocação para o crescimento e, entre 2010 e 2020, 
o país cresceu zero pela primeira vez em 120 anos! 
Foram seis anos de PT, dois anos de Michel Temer (MDB) e dois de Jair Bolsonaro. 
Apesar de retóricas diferentes, todos aplicaram o mesmo modelo.

Dizem os manuais que juros altos são a ferramenta que bancos centrais têm para dissuadir demanda agregada excessiva. 
No entanto, sabe quando foi a última explosão de demanda agregada no Brasil? 
Em 1994 e nunca mais! Eu era nessa época o ministro da Fazenda e administrei a crise fazendo um choque de ofertas 
e trazendo de fora as mercadorias que faltavam.

No mundo todo, não se atacam com juros os preços administrados pelo governo, preços sazonais 
e custos incrementados pelo derretimento da moeda. 
Mas veja o que aconteceu na última semana: 
o aumento da taxa Selic incorporará em dívida para o Tesouro cerca de R$ 75 bilhões por ano, 
o dobro do que custará o auxílio que é odiado pelos amantes do teto de gastos.

No Brasil, promoveu-se uma política cambial cretina e corrupta. 
Cretina porque os políticos descobriram a maravilha de promover o nacional consumismo para fins eleitorais, 
e corrupta porque um tal swap cambial suja a taxa de câmbio e virou paraíso da informação privilegiada.

Concordo que a chave para mudarmos os desequilíbrios da economia passa pela construção de um arcabouço fiscal sustentável no tempo. 
Fluxo, mas especialmente estoque, como enfatiza Arminio. Mas não é admissível que a forma de conseguir equilíbrio fiscal seja proibir 
o país de crescer, como prega o atual modelo.

Por fim, convido Arminio a se debruçar também sobre a receita pública. 
Em linha com as melhores práticas internacionais, 
proponho: corte criterioso de 20% nas renúncias fiscais; 
imposto sobre lucros e dividendos; 
tributação das grandes heranças; 
maior progressividade no Imposto de Renda e fim da pejotização, entre tantas outras ideias.

Precisamos aprofundar esse debate porque tanto a direita quanto a autorreferida esquerda defendem o atual modelo carcomido. 
E só um novo modelo econômico nos orientará ao futuro. 
O mundo está cheio de novas vivências e instituições. 
Só no Brasil o desastre tem a defesa intransigente da elite.

Vamos ao debate!
Quem é que entrega a riqueza do seu povo que está no seu próprio território ao capital estrangeiro, de mão beijada, sem ser invadido a força por tanques, aviões bombas e muito exército?



Rebeldia sem esperança é rebeldia sem causa. Esperança sem rebeldia é sonho que nasce moribundo. Mas quando se juntam rebeldia, esperança e um novo Projeto Nacional de Desenvolvimento está firmada a corrente capaz de eletrizar o Brasil e levá-lo adiante. 

Quero ajudar libertar o Brasil das garras do ódio e da mediocridade paralisante. Ajudar o Brasil a retomar seu destino e colocá-lo no centro das decisões mundiais. Quero ser o presidente da Rebeldia da Esperança! 



Meu patrão é o povo e minha pátria a minha patroa!



Collor escancarou a porteira, Fernando Henrique preparou a mesa do banquete e Lula condimentou melhor os pratos. Depois de servir os tubarões, Lula distribuiu, com compaixão de filantropo, as sobras para os mais pobres.



Por mais que tivessem personalidades e estilos diferentes, estes presidentes repetiram - e querem continuar repetindo - a mesma história. O mesmo modelo econômico e a mesma governança apoiada no conchavo e na corrupção.



Os inimigos a combater são a pobreza, a violência, a fome, a desigualdade, o desemprego, o subemprego, a péssima educação, a saúde precária, o baixo crescimento, a corrupção, o racismo, a opressão da mulher e a destruição das pessoas e do meio ambiente. 


Sei muito bem da importância de um país viver sem inflação e com equilíbrio fiscal. E sei como fazê-lo.



Prometo acabar com esta ficção fraudulenta chamada Teto de Gastos e colocar em seu lugar um modelo que vai tocar o país adiante, sem inflação e com equilíbrio fiscal verdadeiro.


Chega dessa discussão farsante e primária entre Estado Mínimo ou Estado Máximo! O que nos interessa é o Estado Inteligente. 



Mudarei, sim a criminosa política de preços e de gestão da Petrobrás. Tremam de medo os tubarões que querem tomá-la dos brasileiros. Mas vibrem de alegria milhões e milhões de compatriotas que pagarão combustível mais barato e poderão gritar de novo: “O Petróleo é Nosso”. 



A corrupção no Brasil se expressa por uma aliança, um acerto, entre parcelas das elites políticas e econômicas para capturar e dominar o destino do país. 



A cultura vem antes de tudo e sobrevive a tudo. Alimenta, cria e recria a política; alimenta, cria e recria o espírito dos povos. Por isso a política cultural será um dos eixos centrais do meu governo. 



Quero governar com todos os brasileiros, mas principalmente com - e para vocês - queridas e heroicas mulheres. 


O Brasil não precisa de simples faxina, maquiagem ou puxadinhos, como defendem os outros concorrentes. A nação deseja profundamente mudar não apenas o modelo político e econômico, mas também o regime moral.



Tenho esperança porque sou rebelde. É assim, juntos e iguais que vamos mudar o Brasil. Que Deus nos abençoe, que Deus abençoe o Brasil.


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MENSAGEM AO BRASIL
O Brasil vive a maior crise econômica, política e moral da sua história. Milhões estão desempregados ou subempregados e, no país que é o maior produtor de comida do mundo, mais da metade da população passa fome ou come menos do que é necessário. Nada disso acontece por acaso. É o resultado de um modelo político e econômico que há 30 anos condena o nosso país ao fracasso e, nos últimos dez, produziu um crescimento igual a zero.

A verdade é que, do jeito que está, o Brasil não vai sair do lugar. Os ricos vão ficar mais ricos. Os pobres vão acordar todos os dias mais pobres. A classe média vai continuar perdendo o sono tentando descobrir como manter seu padrão de vida. E os mais jovens vão seguir alimentando as estatísticas dos ‘nem nem’- nem estudam nem trabalham.

Minha rebeldia vem daí. De ver um país como o nosso caminhar para o abismo sem esboçar nenhuma reação. Chega dessa apatia! Quero chacoalhar os brasileiros e as brasileiras para fazermos as transformações que o Brasil tanto precisa e merece. Não podemos continuar achando que é normal lideramos as estatísticas mundiais de concentração de renda e desigualdade social. Ou que tenhamos um sistema político baseado na corrupção, na truculência e em ameaças cotidianas à democracia.

Uma mudança rebelde e consequente pede passagem. Tenho a maior fé que essa mudança é perfeitamente possível. E vem daí a minha esperança.

Tenho um projeto de país e não um projeto de poder. Ele está impresso num livro – Projeto Nacional: O Dever da Esperança – para que todos tenham oportunidade de conhecer, debater e questionar as minhas ideias. Elas são fruto de uma vida pública de 40 anos absolutamente limpa e dedicada a melhorar a vida do povo brasileiro. Fui deputado estadual e federal, prefeito de Fortaleza, governador do Ceará e duas vezes ministro – da Fazenda e da Integração Nacional.

Sei o que fazer e como fazer para transformar o Brasil no país que ele pode ser. Mais feliz, próspero e moderno. Estou convidando você para caminhar ao meu lado. Com rebeldia, mas sem perder a esperança. E vice-versa. Vamos nessa? Vamos mudar o Brasil?



O PROJETO
CONHEÇA O Projeto Nacional de Desenvolvimento


COMO REVITALIZAR A INDÚSTRIA
Sem uma indústria forte, capaz de diminuir as importações e ampliar as exportações, o Brasil não terá como melhorar o padrão de consumo e a qualidade de vida da maioria da população. Hoje, nossa indústria de transformação, que já respondeu por 35,9% do PIB, participa apenas com 10%, percentual equivalente ao que tinha em 1910! De forma sintética, o Projeto Nacional de Desenvolvimento prevê a criação de cinco novos complexos industriais para reverter essa situação absurda. São eles:

• Complexo Industrial de Petróleo, Gás e Bioenergia 

• Para aumentar a nossa capacidade de refino (lembrando que hoje as refinarias da Petrobras estão com 30% de sua produção criminosamente paralisada), mas também para desenvolver uma indústria petroquímica de alto valor agregado e preparar a empresa para se tornar a maior, mais moderna e tecnológica empresa de energia do mundo. 

• Complexo Industrial de Saúde 

• Para reduzir a importação de produtos que consomem cerca de US$ 19 bilhões ao ano e poderiam estar sendo feitos aqui mesmo, desde os mais básicos (leitos hospitalares, muletas, próteses, cadeiras de rodas, máscaras, etc.) até os mais sofisticados (respiradores, monitores de UTI, aparelhos de ressonância magnética e de tomografia computadorizada). E, também, para acelerar o desenvolvimento de componentes médicos com patente já vencida. 

• Complexo Industrial do Agronegócio 

• Para incentivar a criação de uma indústria de processamento de cereais e frutas, que hoje vendemos apenas em estado bruto, e, também para estimular o surgimento de uma indústria nacional de defensivos, fertilizantes e implementos agrícolas, que hoje importamos aos montes. 

• Complexo Industrial da Defesa 

• Para que as Forças Armadas tenham controle sobre seu sistema de comunicações e desenvolvam seu próprio sistema de GPS. E, também, para substituir todas as importações de munição e armas convencionais; recuperar o projeto de submarino nuclear e o programa de foguetes e de lançamento de satélites brasileiros; aumentar a transferência de tecnologias com nossos parceiros comerciais; e produzir aeronaves de combate e vigilância pela Embraer.


O PETRÓLEO É NOSSO!
Sou o único pré-candidato que está mobilizando os brasileiros para interromper a tremenda negociata que Bolsonaro e Guedes estão fazendo por debaixo do pano para privatizar a Petrobras, utilizando para isso uma extorsiva política de preços dos combustíveis. Com isso, antipatizam a nossa maior empresa junto à população e a fazem cada mais atraente aos tubarões viciados em lucros exorbitantes. Considerando que a Petrobras é uma empresa mega estratégica para o país, tanto do ponto de vista econômico como da afirmação da soberania nacional, pretendo:

• Convocar o Conselho de Administração da Petrobras já no primeiro dia de governo para pedir a mudança na atual política de preços da empresa e acabar com esse crime que é obrigar o brasileiro a pagar combustíveis em dólar; 
• Ao mesmo tempo, anunciarei que o governo irá comprar as ações dos acionistas que ficarem insatisfeitos com essa ‘desdolarização’ do preço dos combustíveis. Esta compra de papéis será feita da forma mais criteriosa possível, sempre preservando os interesses coletivos e o equilíbrio da empresa; 
• Com o aumento do controle do governo na empresa, teremos as condições políticas e empresariais para traçar um novo rumo para a Petrobras, mais afinado com os interesses presentes e futuro dos brasileiros;
• A longo prazo, quero transformar a Petrobras na maior, mais moderna e mais ecológica empresa de energia do mundo, capaz de não só de explorar petróleo e gás de forma menos poluente, como de desenvolver fontes alternativas de energia, como a eólica, a solar e o hidrogênio verde, entre outras 



MAIS EMPREGOS E COMIDA NA MESA
Minha atuação como gestor público – ministro, governador, prefeito -tem duas marcas principais: a responsabilidade fiscal e a permanente preocupação em melhorar a vida da população mais pobre e da classe média. Digo isso porque, nesse momento em que o Brasil vive a maior crise econômica e política da sua história, creio que minhas propostas representam boa parte da solução para muitos dos gravíssimos problemas que enfrentamos, incluindo o desemprego, os baixos salários, a fome e a subnutrição. Veja o que pretendo fazer para combate-los.

• Criar um Plano Emergencial de Pleno Emprego para gerar 5 milhões de vagas já nos dois primeiros anos de governo. A ideia é retomar todas as obras já licitadas que foram paralisadas ou não iniciadas, especialmente as relacionadas à habitação, saneamento, transporte público e mobilidade urbana, que geram emprego e renda mais rapidamente e também impactam diretamente a qualidade de vida da população;

• Aumentar o salário-mínimo sempre acima do PIB; 

• Mudar a política de preços dos combustíveis, hoje dolarizada, para reduzir o custo da gasolina e do diesel, o que vai aliviar o gasto das famílias e ajudar a conter a inflação. Ao mesmo tempo, vamos reduzir pela metade o preço do gás de cozinha para famílias com renda mensal até três salários-mínimos.

• Criar um programa de descontos de dívidas, como fizemos no Ceará, para limpar o nome dos 63,7 milhões de brasileiros que hoje não têm crédito porque estão inscritos no SPC ou no Serasa; 

• Implantar o Programa Renda Mínima Universal Eduardo Suplicy, englobando os pagamentos feitos pelo Auxílio Brasil, o Seguro Desemprego e a Aposentadoria Rural;

• Criar estoques reguladores dos alimentos da cesta básica para forçar a redução dos preços.


VAMOS REVOLUCIONAR A EDUCAÇÃO
Tenho muito orgulho de ter ajudado o Ceará a construir a melhor educação pública do Brasil. Hoje, 79 escolas cearenses estão entre as 100 melhores do ensino fundamental e 73 entre as 100 melhores do ensino médio. Entre essas escolas, as líderes do ranking são de Sobral, minha cidade. É esse modelo bem-sucedido que pretendo levar a todo o Brasil baseado nas seguintes propostas:

• Aposentar o ‘decoreba’ e valorizar o pensamento crítico e analítico; 
• Investir na formação e na remuneração dos professores; 
• Massificar a informatização nas escolas de educação básica; 
• Garantir apoio material à criança pobre para assegurar a sua permanência na escola;
• Viabilizar remuneração mensal para alunos do ensino médio mediante avaliação de frequência e rendimento escolar;
• Implantar Escolas Federais em Tempo Integral, as EFETIS, nos bairros mais pobres e populosos das nossas grandes cidades; 
• Criar o programa Minha Escola, Meu Emprego, Meu Negócio, unindo ensino, trabalho e assistência profissional, além de garantir estágios remunerados pelo governo, a exemplo do que já é feito no Ceará;
• Investir na universalização do acesso à creches de tempo integral, uma conquista fundamental para as crianças, seus pais e suas mães que já está prestes a acontecer em Sobral. 


MAIS SAÚDE PARA TODOS
Não podemos, no atual estágio de nosso desenvolvimento e renda per capita, ter um SUS com padrão europeu. Mas podemos, sim, ter um sistema bem melhor se revogarmos o teto de gastos, que hoje não permite o aumento progressivo dos recursos para a saúde, e se removermos problemas estruturais que estão aí há décadas, sem solução. Vamos às propostas que temos para cumprir esses objetivos:

• Enfrentar o mais dramático problema da saúde no Brasil - o preço dos medicamentos e insumos hospitalares. Para isso, seria criado o Complexo Industrial da Saúde que passaria a produzir aqui mesmo a maior parte dos medicamentos hoje importados, além de componentes químicos de medicamentos com a patente vencida;

• Revitalizar o Instituto Nacional de Propriedade Intelectual (INPI) para agilizar os pedidos de patente;

• Ampliar a informatização do sistema para reduzir despesas e melhorar a prestação de serviços on-line, incluindo a marcação de consultas e avaliação dos serviços prestados; 

• Redistribuir algumas atribuições hoje concentradas exclusivamente em médicos para outros profissionais da área, como enfermeiros, farmacêuticos, psicólogos e fisioterapeutas, o que irá agilizar o atendimento. É assim que funciona o NHS, sistema inglês que inspirou o SUS; 

• Reestruturar a formação pública em Medicina para ampliar a formação em especialidades que hoje fazem muito falta à rede pública, como as de clínico geral, anestesista, pediatra e médico intensivista; 

• Criar uma carreira de Estado para a saúde, como já há no Judiciário e no Ministério Público. A ideia é que o jovem recém-formado em uma universidade federal inicie a carreira em pequenas cidades, carentes de atendimento, e só depois seja transferido para centros maiores. Aos que não quiserem restituir o investimento do Estado com trabalho, seria dada a oportunidade de o ressarcirem em dinheiro.



COMBATE À CORRUPÇÃO E À VIOLÊNCIA
Não podemos admitir que o Brasil seja o 96º país mais corrupto do mundo, segundo ranking recém-divulgado pela Transparência Internacional. E tampouco que seja um dos mais violentos, superando até países em guerra em número de mortes violentas. Sei muito bem o tamanho do desafio que me aguarda, mas não vou me intimidar. Desde já, estou elaborando, ao lado de vários especialistas de cada área, um rigoroso plano de combate à corrupção e um moderno plano de segurança pública, sobre os quais adianto alguns pontos.

O plano de combate à corrupção, que pretendo apresentar de forma mais detalhada muito em breve, parte da premissa que essa praga se expressa por uma aliança entre parcelas das elites políticas e econômicas para capturar e dominar o destino do país. Trata-se de um problema causado não apenas por defeitos morais, mas por profundas falhas políticas e institucionais.

Por isso, enfrentar a corrupção deve ser tarefa de uma política de Estado. Nela, não haverá espaço para estrelismos e efeitos especiais, nem para espetáculos de conquista de plateias e de eleitores. Os que agem desta forma, produzem efeitos negativos para a sociedade e também para si mesmo. É o caso do notório Sergio Moro, de glória efêmera como juiz e agora candidato a se derreter em contradições, mentiras e despreparo.

No caso da segurança pública, o plano em elaboração terá a mesma filosofia de divisão de tarefas do SUS, integrando esforços federais, estaduais e municipais (Guardas Municipais, Polícia Militar, Polícia Civil e Polícia Federal), sob a coordenação estratégica do governo federal.

Na parte tecnológica, que será uma das principais responsabilidades do governo federal, iremos implantar um eficiente sistema de mega dados: uma superplataforma que integrará fichas criminais, banco de DNA, sistema de reconhecimento facial, monitoramento on line de áreas estratégicas e aperfeiçoamento dos radares das nossas fronteiras.

Vamos também fortalecer e modernizar a Polícia Federal e a Força Nacional de Segurança, com aumento de contingente, equipamentos e aprimoramento dos modelos de treinamento.

A prioridade será combater o crime organizado e as milícias, evitando repetir o modelo que o governo Lula importou dos Estados Unidos, e que prevalece deste então, baseado no encarceramento em massa de jovens pobres e negros, sem enfrentar a raiz do problema da criminalidade.



VEM AÍ A INTERNET DO POVO
Alguém já disse que a internet é a nova eletricidade. Sem ela, não há como se manter minimamente sintonizado com as atuais exigências do mercado de trabalho, da educação, da vida. Por isso, vou criar a Internet do Povo com três objetivos principais:

• Financiar a compra de smartphones em 36 prestações sem juros; 

• Instalar wi-fi de graça em áreas comunitárias das nossas maiores cidades; 

• Oferecer cursos gratuitos de informática e de profissionalização em games. 


A REFORMA TRIBUTÁRIA QUE QUEREMOS
Fui ministro da Fazenda do governo Itamar Franco, governador do Ceará, prefeito de Fortaleza, e nunca gastei mais do que arrecadava. É provável que, por isso, eu seja o único homem público brasileiro que não produziu um dia sequer de déficit. Portanto, quando falo em reforma tributária, falo em manter em dia as contas públicas e, ao mesmo tempo, em acabar com essa aberração brasileira do pobre e da classe média pagarem mais imposto que o rico. Minhas propostas não só contemplam essas prioridades, mas também explicam direitinho de onde virá o dinheiro para o governo investir na melhoria de vida da nossa população:

• Vou estimular a poupança interna e não prejudicar a competitividade dos produtos nacionais, isentando investimento, produção, exportações e emprego, e se concentrando na tributação do consumo, da renda e do patrimônio;

• Vou acabar com esse festival de desonerações sem controle e sem retorno. Pretendo diminuir em 20% todas as isenções fiscais distribuídas no país, que somam cerca de R$ 340 bilhões sem qualquer critério ou obrigação de investimento. Só essa providência arrecadaria algo ao redor de R$ 70 bilhões por ano;

• Vou regulamentar o imposto sobre grandes fortunas, previsto na Constituição de 1988, mas nunca implantado. A alíquota seria progressiva, entre 0,5% e 1%, para os patrimônios superiores a R$ 20 milhões; 

• Vou tributar os lucros e dividendos das grandes corporações empresariais, o que fiz quando fui ministro da Fazenda de Itamar Franco, mas deixou de ser feito pelos governos seguintes. Hoje, apenas o Brasil e a Estônia não cobram esse tributo;

• Vou implantar uma alíquota maior sobre as heranças e doações, de caráter progressivo para não castigar a classe média, e somente incidir sobre heranças acima de R$ 2 milhões; 

• Vou reduzir o conjunto de impostos sobre a renda a dois impostos gerais, o de Pessoa Física e o de Pessoa Jurídica;

• Vou diminuir os custos de cumprimento das obrigações fiscais das empresas, que hoje gastam em média 2.600 horas anuais para cumprir essas obrigações, contra 356 horas na maioria dos países latino-americanos.

FIM DO TETO DE GASTOS
Uma das maiores aberrações do Brasil é o chamado “Teto de Gastos”, criado pelo governo Temer e continuado com gosto por Bolsonaro e seu “Posto Ipiranga”. O tal teto proíbe aumentar os investimentos em áreas sociais e de infraestrutura, mas permite que as despesas financeiras fiquem fora de qualquer controle.

Explicando em detalhes: o orçamento da União é de R$ 4,8 trilhões, mas o Teto de Gastos só vale para os investimentos em educação, saúde, infraestrutura, etc., que somam R$ 1,8 trilhão. Não há nenhum “teto” ou controle sobre os outros R$ 3 trilhões destinados a despesas com juros, amortização e renegociações. Em outras palavras, o governo segue uma regra que proíbe o aumento de investimentos naquilo que beneficiaria diretamente a população, mas está livre para remunerar como bem entender os tubarões do mercado financeiro.

Para vocês terem uma idéia: com apenas 1% de aumento dos juros decretado pelo Banco Central, a nossa dívida pública aumenta em 33 bilhões de reais em poucos segundos. E quem ganha com isso não é o nosso povo nem o setor produtivo, muito pelo contrário.

Prometo, portanto, acabar com esta ficção fraudulenta chamada Teto de Gastos e colocar em seu lugar um modelo que vai tocar o país adiante, sem inflação e com equilíbrio fiscal verdadeiro.


GOVERNAR COM E PARA AS MULHERES
Quero governar para e com as mulheres, a exemplo do que já fiz no Ceará. Quando fui governador, por exemplo, mais da metade do orçamento estadual era administrado por mulheres. Questão de justiça e reconhecimento a elas, que são mais da metade da população brasileira – 52% - mas continuam sofrendo todo o tipo de discriminação.

Aqui, a violência contra as mulheres é tamanha que o Brasil é o quinto país com maior número de feminicídios no mundo. Elas também ganham 23% menos que os homens para fazer o mesmo trabalho e têm pouquíssimo acesso a cargos políticos – o Brasil é o penúltimo país da América Latina nesse quesito.

Vou combater esses e outros absurdos para que o Brasil tenha a consciência e o orgulho de ser um país feminino e aprenda a respeitar as mulheres e a garantir os seus direitos.


BRASIL, POTÊNCIA VERDE
A grande e indiscutível vocação do Brasil é ser a maior potência verde do planeta. Somos líderes mundiais em biodiversidade, reservas de água doce e fontes de energia limpa e renovável. Desgraçadamente, o governo Bolsonaro está mais empenhado em destruir esse patrimônio do que em transformá-lo num vetor de desenvolvimento sustentável que só o Brasil pode ter. Isso tem que mudar, já. Veja o que proponho:

• Reconstruir instituições como o Ibama, o Inpe e a Embrapa, que foram desmanteladas pelo governo Bolsonaro, assim como suas políticas de fiscalização ambiental, retomando o compromisso do Brasil com os tratados internacionais;
• Retomar o controle sobre nosso território, incumbindo o Exército de atuar contra os criminosos nacionais e internacionais que estão desmatando nossas florestas; 
• Definir uma nova política energética baseada na integração de geradores de energia renovável (solar, eólica e mini hidroelétricas privadas) ao sistema de distribuição energética; 
• Oferecer alternativas econômicas para a população amazônica, o que inclui o incentivo  ao beneficiamento do setor extrativista e a racionalização  do licenciamento de diversas culturas com valor econômico, a exemplo do látex, açaí, guaraná e cacau; 
• Utilizar o know how da Embrapa para promover o reflorestamento e o enriquecimento do solo de áreas degradadas, o que irá diversificar a agricultura e favorecer um novo modelo de desenvolvimento agropecuário. A Embrapa também irá incorporar métodos mais científicos ao manejo sustentável de florestas, ao uso da biodiversidade para fins farmacêuticos e ao aproveitamento do nosso imenso potencial hídrico, sem necessidade de alagar grandes áreas. 




UMA NOVA DIMENSÃO CULTURAL
Não por acaso, a cultura talvez seja a dimensão da vida nacional mais perseguida pelo desgoverno Bolsonaro. Absolutamente todas as estruturas do Estado foram desmanteladas e entregues ao comando de gente que alia má fé e despreparo na mesma medida. Nossa primeira missão será reestruturar o setor e, a partir daí, trabalhar a cultura como o centro de afirmação da identidade nacional, seja democratizando acesso às suas mais diversas manifestações, seja incentivando o surgimento de uma vigorosa indústria do ramo. Aqui, algumas das nossas propostas:

• Criar um marco regulatório para consolidar em um único instrumento legal toda a regulação do setor. Através desse marco, ficariam estabelecidas políticas governamentais voltadas para: 

• Ampliar o acesso à cultural e ao lazer, criando novos espaços ou valorizando os já existentes, especialmente na periferia das nossas cidades;

• Valorizar as manifestações regionais e estimular o florescimento e a sustentação de formas artísticas mais alternativas e vanguardistas; 

• Avançar as Políticas Nacionais de Inclusão Digital para garantir acesso universal à internet 5G num futuro próximo;

• Democratizar a produção, com estímulos a cooperativas e agentes sintonizados com a espontaneidade que as novas mídias trouxeram às manifestações culturais;

• Enxergar a cultura também na sua dimensão econômica. A criação de uma indústria cultural de ponta, envolvendo a criação de serviços nacionais de streaming e a produção de filmes, séries e novelas, contribuiria para gerar mais emprego e renda, oferecer alternativas à estética internacional e projetar o nome no Brasil no exterior. 






A FALTA QUE A CORAGEM FAZ
01/02/2022
Nos últimos 30 anos, o Brasil teve governos de diferentes matizes ideológicos. Da dita esquerda até a extrema-direita. Mas todos, absolutamente todos, seguiram exatamente o mesmo modelo econômico, baseado no chamado tripé econômico - meta de inflação, câmbio flutuante e superávit primário. O que nasceu como uma solução provisória para conter uma crise no balanço de pagamentos do país, na década de 90, se perenizou.

Deu certo? Não, não deu certo. Desde a adoção do tripé macroeconômico, o Brasil, salvo esporádicos voos de galinha, deixou de crescer. Pior: entre 2010 e 2020, nosso crescimento foi igual a ZERO pela primeira vez em 120 anos. Mais uma vez, perdemos outra década inteira no pântano da estagnação. E não foi por falta de alternância no comando do país. Nessa década perdida, o Brasil foi governado durante seis anos pelo PT de Dilma e Lula e outros quatro divididos entre Temer e Bolsonaro.

Mais recentemente, o tripé macroeconômico ganhou a companhia do “teto de gastos” e o que já estava ruim piorou de vez. Na prática, o tal teto impede o crescimento do setor produtivo e a melhoria da vida do povo, pois impõe um limite de R$ 1,8 trilhão aos investimentos em infraestrutura, saúde, educação, etc. Agora, reparem: não há nenhum controle sobre os outros R$ 3 trilhões que compõem o orçamento da União e são destinados – adivinhe? - ao setor financeiro, incluindo gastos com juros, amortizações, renegociações de dívidas, etc. É ou não é um escândalo?

Aí você pode perguntar: se esse modelo econômico já provou ser incapaz de promover desenvolvimento – na verdade, é exatamente o contrário - por que, afinal, é mantido governo após governo? Eu não tenho nenhuma dúvida: é por falta de coragem para romper com um sistema apoiado no conchavo, na corrupção e nos interesses dos grandes tubarões do mercado financeiro.

Sou pré-candidato para romper com esse sistema. O PND, Plano Nacional de Desenvolvimento que venho elaborando com alguns dos mais conceituados economistas, juristas e técnicos do país, sob a liderança de Nelson Marconi, professor e mestre em economia da Fundação Getúlio Vargas, oferece a resposta do que vou colocar no lugar. Em síntese, trata-se de criar as condições necessárias para que os interesses do povo brasileiro, e não os de uma certa elite política e financeira, venham em primeiro lugar.

Tenho uma trajetória que, modéstia à parte, sustenta essa ambição. Como prefeito de Fortaleza, governador do Ceará e ministro da Fazenda jamais gastei mais do arrecadava e nem produzi um dia sequer de déficit fiscal. Por isso, peço ao nosso povo: acredite no Brasil. Acredite que podemos realizar todo o nosso potencial hoje adormecido. Venha caminhar ao lado da Rebeldia e da Esperança.



COM QUEM VOU GOVERNAR?
01/02/2022
Vou começar pelo óbvio: sou o único pré-candidato que assume o compromisso de romper com um sistema que há 30 anos condena nosso país à estagnação econômica e a intermináveis crises políticas. Mas a afirmação desse meu compromisso vem sempre acompanhada pelo questionamento sobre com que vou governar. No fundo, e constato isso com um misto de tristeza e indignação, essa dúvida simboliza a acomodação geral com um modelo fundado no conchavo e na corrupção. É como se fora dele não houvesse saída, alternativa ou solução. Não posso aceitar esse estado de coisas. Exatamente por isso o lema da minha pré-campanha é “A Rebeldia da Esperança”.

Vou governar sem capitular diante de uma certa classe política e econômica que está interessada em tudo, menos no desenvolvimento do Brasil e no bem-estar da população. Itamar Franco, a quem tiver a honra de servir como ministro da Fazenda, já provou que, sim, é possível governar dessa maneira. Ele dialogou com todos os partidos, com todos os segmentos, mas não se corrompeu. Não cedeu ao tal “governo de coalizão”, nome chique que Fernando Henrique deu ao tradicionalíssimo “toma lá da cá”.

Infelizmente, Itamar foi um hiato num ciclo de crises institucionais que, ao lado de um equivocadíssimo modelo econômico, tem impedido o Brasil de realizar todo o seu potencial. Pergunto: a não ser repúblicas de banana, que outro país viveu o que o Brasil vive há 30 anos? Collor foi cassado. Fernando Henrique e o PSDB nunca mais venceram uma eleição nacional. Lula foi preso. Dilma foi cassada. Temer foi preso. E Bolsonaro se desmoralizou complemente já no meio do mandato. Perceberam a que nos levou esse modelo político?

Por isso, tenho pedido à população que, este ano, não vote em Chico, Manuel e Maria ou no Lula, no Bolsonaro ou no Ciro. Vote numa ideia, num projeto de governo comprometido com a mudança desse modelo de governança cujo fracasso é certo. Chegou a hora de rompermos definitivamente com esse ciclo de crises, com as ilusões do passado e com a tragédia do presente. Um novo Brasil está pedindo para nascer. Um Brasil cheio de rebeldia e esperança.





DEMOCRACIA DE ALTA INTENSIDADE
01/02/2022
Falei na Convenção Nacional do PDT, que oficializou a minha pré-candidatura à presidência, que nada é mais rebelde e esperançoso do que uma democracia de alta intensidade. Na minha concepção, trata-se de uma democracia capaz de garantir os direitos individuais e coletivos e diminuir as terríveis desigualdades do nosso país pela via da geração do emprego, da justiça tributária, do acesso a uma educação e uma saúde de qualidade, pelo respeito às mulheres, pelo combate ao racismo, etc.

Viabilizar essa democracia de alta densidade exige não só um equilíbrio saudável entre as práticas do sistema representativo, mas também a incorporação de novos mecanismos de decisão popular direta, administrada em circunstâncias periódicas. Com isso, quero dizer que a participação do povo nos rumos do país não pode ficar restrita ao processo eleitoral. Ele tem que ser ouvido em todas as horas e em todos os minutos.

É exatamente isso o que pretendo fazer se tiver a honra de ser eleito, especialmente no primeiro ano de governo, que será dedicado às grandes reformas que o Brasil tanto precisa. Adianto aqui que já no primeiro semestre encaminharei essas reformas ao Congresso e tudo o que for votado deverá ser submetido depois à aprovação popular, através de plebiscito, inclusive o fim da reeleição, compromisso que assumi desde sempre. Pretendo repetir o mesmo rito no meio do governo, quando lançaremos as reformas complementares. Neste momento, reexaminaremos tudo que não esteja funcionando bem e já começaremos a preparar o país para o meu sucessor.

São essas, em linhas gerais, as bases da democracia de alta densidade que quero implantar. Entendo que a velha democracia padece de um cansaço que se reflete em contradições que ameaçam a sua própria existência. Cabe a nós, em todos os países do mundo, encontrarmos as formas de reinventa-la. O Brasil tem um papel decisivo nisso tudo. Como tem papel decisivo em tudo que signifique o futuro e o destino do mundo.




PORQUE SER
REBELDE
Porque o Brasil tem a pior concentração de renda do mundo. Aqui, os cinco mais ricos acumulam uma fortuna equivalente a tudo que os 100 milhões de brasileiros mais pobres possuem.

Porque o Brasil tem a maior taxa de juros do mundo, 40 mil indústrias e mais de 350 mil comércios fecharam as portas do governo Dilma para cá, mais de 14 milhões de pessoas estão desempregadas e 63,7 milhões com o nome sujo no SPC.

Porque a Petrobras foi completamente desvirtuada e, para enriquecer seus acionistas, deixou de servir aos interesses do povo brasileiro. Ela dolarizou o preço dos combustíveis e do gás de cozinha e passou a ter um lucro até sete vezes maior do que o de outras petroleiras ao redor do mundo.

Porque a escola pública não valoriza os professores nem prepara os alunos para o trabalho e para a vida. Porque sem creche em tempo integral as crianças não têm a atenção que merecem e os pais e mães o apoio que precisam. Porque a evasão escolar no ensino médio chega a criminosos 60%. E porque sem universidades públicas comprometidas com o desenvolvimento científico, tecnológico e de inovação, o Brasil deixa de ser uma nação soberana.

Porque a legislação, a polícia e o aparelho da justiça estão estruturados de uma forma que garante a impunidade das elites e castiga os pobres, especialmente jovens e negros das periferias. Porque a Polícia Federal, responsável por combater crimes graves, como o narcotráfico, o contrabando de armas e a corrupção no âmbito político e financeiro, têm um ridículo contingente de apenas 11 mil policiais para um país com 210 milhões de habitantes.

Porque a rede pública de saúde, apesar do heroico esforço de seus funcionários, oferece um serviço indigno ao nosso povo. Faltam profissionais, remédios, exames e consultas com especialistas. Milhões de pessoas sofrem à espera de cirurgias eletivas. Entre elas, mulheres que detectaram nódulos numa mamografia e não conseguem fazer uma pequena cirurgia para saber se o nódulo é benigno ou não. Se maligno, o tempo perdido pode ser uma sentença de morte.

Porque, sem saber, uma pessoa pobre ou de classe média paga quase 40% de impostos em seu consumo básico de telefonia, energia elétrica e remédios, por exemplo, enquanto um super rico paga menos de 6% de sua renda em impostos.

Porque o governo, que diz que não ter dinheiro para melhorar a vida do povo, deixa de arrecadar R$ 340 bilhões por ano em renúncias fiscais que beneficiam os mais ricos e absurdamente não exige nenhuma contrapartida em termos de empregos, investimentos ou inovação tecnológica. Com apenas 20% de corte nestes favores, muitos deles obtidos pela via da corrupção que se generalizou no Brasil, paga-se um ano inteiro de Bolsa Família.

Porque um motoqueiro de aplicativo paga 4% de IPVA e, se atrasar, tem a moto apreendida e sofre multas, enquanto os donos de jatinhos, iates, lanchas e helicópteros não precisam pagar esse imposto.

Porque o Brasil paga o segundo pior salário-mínimo da América do Sul (só perde para a caótica Venezuela) mesmo sendo, disparada, a maior economia da região.

Porque o Brasil, maior produtor de comida do mundo, condena mais de 20 milhões a passar fome e mais da metade da população a comer menos do que é necessário. Porque só uma em cada quatro crianças faz as três refeições diárias.

Porque o Brasil gasta bilhões de reais para financiar empregos no estrangeiro, importando coisas que poderíamos perfeitamente produzir aqui, como combustíveis e gás de cozinha, equipamentos de saúde, remédios, fertilizantes, defensivos agrícolas e artefatos militares.

Porque os latifúndios do agronegócio mais lucrativo do mundo pagam de Imposto Territorial Rural por ano o equivalente ao que a classe média de uma única cidade brasileira, como São Paulo, paga de IPTU todo mês.

Porque o governo deixa que apenas cinco bancos concentrem 84% de todas as transações financeiras do país, criando um cartel ultrapoderoso que acumula os maiores lucros do planeta, destrói empresas e empregos, arruína as finanças públicas e tudo isso sem pagar um centavo de imposto sobre seus lucros e dividendos. Cobrei esse imposto quando fui ministro da Fazenda, mas depois ele foi revogado e, desde então, só o Brasil e a pequena Estônia mantém esse absurdo privilégio.

Porque, em consequência desse cartel dos bancos, os juros do crédito pessoal, do cartão de crédito ou do cheque especial são os maiores do mundo há décadas, chegando até a enojantes 327% ao ano! Sem concorrência, o consumidor paga também, além dos maiores juros, as maiores tarifas. Os mesmos cartões de crédito nos Estados unidos cobram 17% de juros ao ano!

Porque a baderna se generalizou e é liderada pelo sistema mais corrupto e corruptor do mundo. No Brasil, capitão corrupto das rachadinhas, expulso do Exército, vira presidente cercado de generais cúmplices; o líder corrompido da esquerda promove a farra dos bancos enquanto anestesia o povo com migalhas; juiz vira político; o orçamento publico é submetido à mordaça da censura, e boa parte dos intelectuais, artistas e partidos de retórica progressista passam pano para todas as contradições que levaram nosso país à maior tragédia social, econômica e política de sua historia.

Porque a cooptação das entidades da sociedade civil impôs uma apatia generalizada. Nosso povo assiste à destruição de seus mínimos direitos sem esboçar reação. O quanto pior melhor é a energia motriz da parte podre da esquerda brasileira. O poder pelo poder impõe um silêncio mortal ao debate vital que temos que fazer com o povo sobre as causas que nos trouxeram até este momento trágico e, mais importante, sobre uma nova e fundamental aliança capaz de promover a mudança que o Brasil tanto merece e precisa.





PORQUE TER ESPERANÇA?

Porque o Brasil já provou que, com os estímulos certos, é capaz de se desenvolver rapidamente e recuperar o tempo perdido nas últimas décadas, especialmente nos últimos dez anos, quando o crescimento foi igual a zero. Basta lembrar que fomos o país que mais cresceu no mundo entre as décadas de 1930 e 1980 e, nesse período, não havia Pré-Sal e estávamos longe de ter um potencial mineral, agropecuário e tecnológico como o que temos hoje.

Porque o Projeto Nacional de Desenvolvimento (PND) que proponho vai criar um novo modelo econômico, não mais baseado no neoliberalismo representado pelo tripé macroeconômico (meta de inflação, câmbio flutuante e superávit primário), que condenou o país à estagnação e à dependência do capital estrangeiro, muito pelo contrário. Faremos tudo isto sem déficit e sem inflação. Todas as propostas do PND visam atender, única e exclusivamente, aos reais interesses do povo brasileiro.

Porque vamos estimular a poupança interna e não prejudicar a competitividade dos produtos nacionais, isentando investimento, produção, exportações e emprego, e se concentrando na tributação do consumo, da renda e do patrimônio.

Porque cortando tão somente 20% das renúncias fiscais, que hoje chegam a R$ 340 bilhões, o governo terá uma arrecadação adicional de cerca de R$ 70 bilhões por ano, o que irá melhorar consideravelmente a saúde das contas públicas.

Porque o Brasil pode arrecadar outros R$ 66 bilhões ao ano cobrando impostos sobre lucros e dividendos empresariais e mais R$ 40 bilhões cobrando uma alíquota moderadíssima, de meio por cento, sobre os grandes patrimônios, acima de 20 milhões de reais.

Porque vamos libertar a Petrobras da sanha de acionistas viciados em lucros exorbitantes e devolvê-la ao povo brasileiro: a curto prazo, aumentando a participação do Estado nas decisões estratégicas da empresa e revendo a dolarização que dita a atual política de preços dos combustíveis e do gás de cozinha; a médio e longo prazos, preparando a Petrobras para a transição energética já em curso no mundo, o que a transformará na maior, mais moderna e ecológica empresa de energia do mundo.

Porque vamos recuperar o consumo das famílias com um ousado programa de renegociação de dívidas, como o que foi feito no Ceará. Com isso, cerca de 63,7 milhões de brasileiros que hoje estão com o nome sujo no SPC vão recuperar seu crédito e o senso de dignidade.

Porque não mais permitiremos que a conta do descalabro administrativo e financeiro dos últimos governos recaia sempre sobre as costas do povo brasileiro. Vamos aumentar o salário-mínimo sempre acima do crescimento do PIB; implantar a renda mínima universal, englobando os pagamentos feitos pelo Auxílio Brasil, o Seguro Desemprego e a Aposentadoria Rural; criar estoques reguladores dos alimentos da cesta básica para forçar a redução dos preços; e reduzir pela metade o preço do gás de cozinha para famílias com renda mensal de até três salários-mínimos.

Porque é possível criar cinco milhões de novos empregos já nos dois primeiros anos de governo apenas retomando ou iniciando obras já licitadas que, por algum motivo, foram paralisadas ou nem começaram. Essas obras se concentrarão especialmente nas áreas de habitação, saneamento, transporte público e mobilidade urbana, que mais rapidamente geram emprego e renda, e também impactam diretamente a qualidade de vida da população.

Porque a política educacional adotada por estados como o Ceará e Pernambuco já provou que a escola pública pode ser tão boa ou melhor que a escola privada. Para isso, não é preciso adotar nenhuma fórmula mágica, apenas uma receita básica: planejamento, valorização dos professores, estímulo à leitura, escolas bem equipadas e informatizadas, envolvimento de pais e mães, e nomeações técnicas, e nunca políticas, para os corpos docente e diretivo.

Porque iremos implantar um Complexo Industrial de Saúde para reduzir a importação de produtos que demandam gastos de cerca de US$ 19 bilhões ao ano e poderiam perfeitamente estar sendo feitos aqui mesmo, desde os mais básicos (leitos hospitalares, muletas, próteses, cadeiras de rodas, máscaras, etc.) até os mais sofisticados (respiradores, monitores de UTI, aparelhos de ressonância magnética e de tomografia computadorizada).

Porque vamos atuar fortemente na inclusão digital da população mais carente com o programa Internet do Povo. Ele terá três objetivos principais: 1) financiar a compra de smartphones em 36 prestações sem juros; 2) instalar wi-fi de graça em áreas comunitárias das nossas maiores cidades; 3) oferecer cursos gratuitos de informática e de profissionalização em games.

Porque será criado um programa de reforma urbana e de regularização fundiária para legalizar a posse da casa e outro para financiar, em dez anos, a reforma de moradias populares e a contratação de mão de obra, que pode ser gente da própria família ou da comunidade.

Porque faremos a sempre prometida e nunca realizada reforma política, aposentando de vez o tenebroso ‘toma lá da cá’ que só produziu crises, como o impeachment de Dilma, as prisões de Lula e Temer, a desmoralização do PSDB e o descalabro de Bolsonaro. O governo manterá o diálogo com todas as correntes políticas e ideológicas, mas com base em projetos e ideias. É possível? Sim, é possível, como demonstrou o governo Itamar Franco, o qual tive a honra de servir como ministro da Fazenda.

Porque mantenho intacta a minha convicção de que o Brasil tem tudo para dar certo. Temos riquezas naturais que nenhum outro país têm e um povo que já provou a sua criatividade e talento em vários momentos da história. Podemos e devemos transformar esse potencial numa usina geradora de riqueza, bem-estar e felicidade para a grande maioria da população e não para apenas 1% de afortunados.

Porque sei que milhões e milhões de brasileiras e brasileiros estão esperando só um convite para promover as transformações que o Brasil tanto anseia. É esse convite que lhes faço. Vamos à luta para libertar esse gigante chamado Brasil. Chega de divisões, de ódio e de autodesprezo. Somos brasileiros. Fizemos o país que mais cresceu no século XX, se industrializou em trinta anos e exportou a sua cultura para o mundo todo. Não podemos assistir impávidos à destruição do nosso país e sua entrega a interesses estrangeiros. Com rebeldia e esperança, coragem e determinação, podemos e devemos mudar o Brasil. Esse é o dever que temos com nós mesmos e o maior legado que podemos deixar para as gerações que estão a caminho.














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Lu F Santos, Fred Bastos e outras 873 pessoas
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O JOGO ESTÁ PRESTES A VIRAR! A pesquisa da FSB/BTG permite uma discussão honesta e REVELADORA sobre voto útil. Mas... Será que você está preparado para essa conversa ou vai continuar negando que teremos 2º turno, caindo na mentira de seu malvado favorito? Vamos aos fatos 👇
VOCÊ QUER DERROTAR BOLSONARO? Ciro tem hoje imensa facilidade de ganhar de Bolsonaro no 2º turno - na verdade maior que qualquer adversário - visto que Lula cai a cada dia com as lembranças de tudo o que tenta, em vão, negar. Mas o povo não é bobo!
O QUE DIZ A PESQUISA? Ciro ganhará de Bolsonaro com certeza, marcando 50% contra 38%!
Lula, que ainda está a frente de Bolsonaro (51% a 38%), certamente seguirá – até o dia da eleição - perdendo votos para o crescente anti-petismo, tanto que perdeu 2 pontos em uma semana, no cenário de segundo turno contra Bolsonaro. Lula cada dia mais fraco para vencer Bolsonaro!
VOCÊ QUER DERROTAR O PT? Ciro é o mais forte adversário que Lula pode ter (e quem mais teme, vide o ataque dos últimos dias).
Contra Ciro, Lula marca hoje apenas 46% e a diferença caiu para 11%. Contra Bolsonaro, Lula chega a 51%, e a diferença é maior chegando a 13%. Certamente Ciro irá somar os votos de quem não quer mais o PT, vai ao 2º turno e vai vencer Lula!
CONCLUSÃO: Se você está triste em ir para a urna votar no menos pior, apenas pra derrotar o outro, lembre-se que Ciro pode vencer os dois! Basta que você dê a Ciro a chance que os outros dois já tiveram.
No primeiro turno, vote 12! O voto triste no menos pior você pode dar no 2º turno! Mas com certeza - com seu voto verdadeiramente útil – estaremos lá!
A fraca candidatura de Lula é a verdadeira linha auxiliar de Bolsonaro, que não merece mais uma chance. O Brasil de hoje tem fome, pobreza e economia fraca. Por isso tem pressa!
Não faz sentido o brasileiro adiar em mais 4 anos a Prosperidade e Justiça Social que Ciro está preparado para implantar no Brasil JÁ. Pense bem, vote 12, o verdadeiro voto útil para você e para o Brasil! #Dia12ComCiro12