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quinta-feira, 9 de maio de 2019

Ladislau Dowbor: A era do capital improdutivo.



Site: http://dowbor.org/


Minicurrículo:
Ladislau Dowbor é economista e professor titular de pós-graduação da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo. Foi consultor de diversas agências das Nações Unidas, governos e municípios, além de várias organizações do sistema “S”. Autor e co-autor de cerca de 40 livros, toda sua produção intelectual está disponível online na página dowbor.org.


Ladislau Dowbor, formado em economia política pela Universidade de Lausanne, Suiça; Doutor em Ciências Econômicas pela Escola Central de Planejamento e Estatística de Varsóvia, Polônia (1976). Atualmente é professor titular no departamento de pós-graduação da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, nas áreas de economia e administração. Continua com o trabalho de consultoria para diversas agências das Nações Unidas, governos e municípios, além de várias organizações do sistema “S” (Sebrae e outros). Atua como Conselheiro no  Instituto Polis, IDEC, Instituto Paulo Freire, Conselho da Cidade de São Paulo e outras instituições.

A sua área principal de atuação é o ensino e organização de sistemas de planejamento. Nos anos 1970, foi professor de finanças públicas na Universidade de Coimbra. A convite do ministro Vasco Cabral, tornou-se coordenador técnico do Ministério de Planejamento da Guiné-Bissau (1977-81).

Foi consultor do Secretário Geral da ONU, na área de Assuntos Políticos Especiais (1980-81). Dirigiu vários projetos de organização de sistemas de gestão econômica, na qualidade de Assessor Técnico Principal de projetos das Nações Unidas, em particular na Guiné Equatorial e na Nicarágua. É consultor de vários governos, particularmente para a organização de sistemas descentralizados de gestão econômica e social (Costa Rica, Equador, África do Sul).

No período 1989-92 foi Secretário de Negócios Extraordinários da Prefeitura de São Paulo, respondendo em particular pelas áreas de meio ambiente e de relações internacionais.

É autor e co-autor de cerca de 40 livros, e de numerosos artigos. Destacam-se os livros   “Formação do Terceiro Mundo”, Brasiliense, 15 edições; “O que é capital?”, Brasiliense, 10 edições; “Aspectos econômicos da Educação”, Ática, 2 edições; “Introdução ao Planejamento Municipal”, Brasiliense. O seu livro sobre “Formação do Capitalismo no Brasil”, publicado em diversos países, conta com a versão brasileira atualizada pela Brasiliense, em 2010.

Em 1994 publicou “O que é Poder Local?” pela Brasiliense; “Informática e os Novos Espaços do Conhecimento”, São Paulo em Perspectiva, SEADE, bem como Descentralização e Governabilidade, na Revista do Serviço Público, ENAP, Brasília, Jan/Jul 1994, também publicado na Latin American Perspectives, California, Jan. 1998. Urban Children in Distress: practical guidelines for local action pela revista Development: Journal of the Society for International Development, 1996:I, Oxford, Cambridge 1996.

Em 1996 publicou Da Globalização ao Poder Local: a Nova Hierarquia dos Espaços na coletânea “A Reinvenção do Futuro”, editada pela Cortez. Em 1998 foram publicados “Os Desafios da Globalização”, coletânea organizada com Octavio Ianni, Paulo Rezende e outros, e “A Reprodução Social, estudo de sistemas de gestão social”, ambos pela Vozes. Em 2001 lançou “O Mosaico Partido: a economia além das equações”, publicado na França, Espanha e nos Estados Unidos. Publicou também a coletânea “Desafios da Comunicação” (org.) e “Democracia Econômica” (2008), pela Editora Vozes.

Ao longo dos últimos anos, tem trabalhado no desenvolvimento de sistemas descentralizados de gestão, particularmente no quadro de administrações municipais, envolvendo sistemas de informação gerencial, políticas municipais de emprego, políticas integradas para criança de risco e gestão ambiental.

Recentemente, suas pesquisas giram em torno das dinâmicas do sistema financeiro nacional e internacional. Deste estudo já foram publicados os seguintes livros: “A Era do Capital Improdutivo” (Autonomia Literária, 2017), “Os estranhos caminhos do dinheiro” (FPA, 2013), “O pão nosso de cada dia: os processos produtivos no Brasil” (FPA, 2015) e “Juros extorsivos no Brasil: como o brasileiro perdeu o poder de compra”, (Ética, 2016).

Toda sua produção está disponível na home-page dowbor.org

Ladislau Dowbor
Website: dowbor.org
E-mail: ladislau@dowbor.org
Facebook https://www.facebook.com/prof.LadislauDowbor
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Twitter: ldowbor



A era do capital improdutivo
http://dowbor.org/blog/wp-content/uploads/2012/06/a_era_do_capital_improdutivo_2_impress%C3%A3oV2.pdf




Ladislau Dowbor, autor de "A Era do Capital Improdutivo" @ RecordNews


"Reduzir a inflação quebrando a economia não é sinal de recuperação econômica". É assim que Ladislau Dowbor, autor de "A Era do Capital Improdutivo", último lançamento da Autonomia Literária editado com Outras Palavras, acaba com a falácia da recuperação econômica em entrevista a Heródoto Barbeiro na Record News. Ladislau demonstra o contrário: a riqueza está se concentrando ainda mais e crise está se agravando. "Fazer aplicação financeira rende muito mais do que fazer investimento produtivo. Por mais aplicações financeiras que você faça, em títulos, dólares e etc., não aparece um par de sapatos nem mais uma casa construída na economia. Isso explica porque nós tivemos em dois anos seguidos uma queda de 3.5% e 3.8% no PIB enquanto que, no mesmo período, os bancos tiveram um aumento da taxa de lucro entre 20% a 30%" ao ano", conclui o economista.




Juros atraentes e impostos baixos explicam porque tanta gente tira dinheiro da produção e prefere viver de aplicações no Brasil. Uma das consequências é o processo de desindustrialização do país. O economista e professor da PUC-SP Ladislau Dowbor fala sobre essa realidade.


O Brasil e o capital improdutivo
O economista e professor Ladislau Dowbor esteve na livraria da Tapera para debater a conjuntura econômica brasileira e seu livro "A Era do Capital Improdutivo".



Redução da Desigualdade, com Dowbor e Neiman
Na nona e última aula da série UM BRASIL Sustentável, o canal reúne o economista e professor de pós-graduação da PUC-SP, Ladislau Dowbor, e o pesquisador e professor do curso de Ciências Ambientais da Unifesp, Zysman Neiman, para debater o desafio da redução da desigualdade no Brasil e no mundo.

Esta série é uma parceria do UM BRASIL com a Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), a Rede de Ação Política pela Sustentabilidade (Raps) e o Programa de Mestrado em Análise Ambiental Integrada da Unifesp. Com coordenação pedagógica do Prof. Dr. Zysman Neiman, o curso UM BRASIL Sustentável: visões, desafios e direções será formado por entrevistas e debates com personalidades de destaque nacional na área de políticas públicas e sustentabilidade.


A era do capital improdutivo e a obsolescência do trabalhador
Conversa realizada no dia 17/04/2018, sobre "A era do capital improdutivo e a obsolescência do trabalhador", com Ladislau Dowbor, economista e professor da PUC-SP, formado em Economia, pela Universidade de Lausanne, na Suíça e Doutor em Ciências Econômicas pela Escola Central de Planejamento e Estatística de Varsóvia, na Polônia; e Samira Schatzmann, economista e professora da PUC-SP, graduada em Economia pelo Mackenzie, com mestrado em Economia do Desenvolvimento na UFRGS.



Videoteca - A Era do Capital Improdutivo - A Nova Arquitetura do Poder

A Era do Capital Improdutivo - A Nova Arquitetura do Poder

Organização: Núcleo de estudos do Futuro - NEF / PUC-SP

Prof. Dr. Arnoldo José de Hoyos Guevara

Moderador(a): Rosa Alegria

Conferencista: Prof. Dr. Ladislau Dowbor

O livro destrincha como a financeirização, sistemicamente controlando e manipulando o fluxo das riquezas e recursos naturais, dilacera as economias no Brasil e mundo afora ao forçar os governos eleitos a cumprir agendas refutadas pelas urnas, concentrando as riquezas e aumentando as desigualdades. Sobretudo quando desviam grande parte do orçamento público para o pagamento de altos juros da dívida, engordando ainda mais as forças do capital financeiro em detrimento de políticas públicas de saúde, educação, previdência e segurança




TUTAMÉIA entrevista professor Ladislau Dowbor
tutameia.jor.br é o serviço jornalístico criado por Eleonora de Lucena e Rodolfo Lucena



A era do capital improdutivo – Prof. Dr. Ladislau Dowbor
Sala de Leitura
Lançamento do Livro – A era do capital improdutivo. A nova arquitetura do poder: dominação financeira, sequestro da democracia e destruição do planeta
Conferencista: Prof. Dr. Ladislau Dowbor – PUC-SP



Ladislau Dowbor: "O Bolsa Banqueiro custa 400 bilhões de reais"
O economista da PUC-SP falou a CartaCapital durante o IV Salão do Livro Político. Nesta entrevista ao diretor executivo Sérgio Lirio, Dowbor comenta sobre seu livro “A Era do Capital Improdutivo”, lançado em 2017.


Em Discussão Convida: A Era do Capital Improdutivo
No programa Em Discussão Convida, o deputado estadual Raul Marcelo, do PSOL recebe Ladislau Dowbor, professor de economia e escritor, para falar sobre seu novo livro ''A ERA DO CAPITAL IMPRODUTIVO'' e fazer uma reflexão da situação econômica do Brasil.



Ladislau Dowbor vê a pauta econômica de Bolsonaro
Um presidente fraco e incapaz é tudo o que a aristocracia financeira mais quer. É preciso evitar o desmonte do país -- e reconstruir alternativas



Entrevista com Professor Ladislau Dowbor: "O golpe da finança internacional no mundo"
Participação do Professor Ladislau Dowbor no Duplo Expresso de 25 de março de 2018


Dowbor: Um novo modo de produção?

Autor lança, em novo livro, hipótese ousada. Estaríamos vivendo transição do capitalismo para outro sistema — baseado não na indústria, mas no conhecimento. Ele pode suscitar um mundo muito mais democrático e igualitário quanto o oposto



Vivemos um tempo de sobressaltos, incertezas e esperanças (tênues, porém reais). Ao traçar um vasto panorama deste período – e ao enxergá-lo com a ousadia dos que não desistiram de transformar o mundo – O Capitalismo se Desloca, de Ladislau Dowbor, é um roteiro indispensável a quem quer que situar-se sem a fleugma dos indiferentes. Portanto, assumindo posições.
Em obra anterior, A Era do Capital Improdutivo, o autor havia se debruçado sobre uma regressão central do sistema. Para acumular riquezas, já não é preciso produzir nada: basta ter recursos para aplicar no cassino financeiro global – que suga trabalho e recursos de toda a sociedade. Esta distorção cria uma “nova classe: o 0,1% que, apartado dos dramas do planeta despreza os serviços públicos, os direitos sociais e a preservação da natureza.
No novo livro, Dowbor vai além. Investiga o que está por trás da financeirização. Revela uma metamorfose mais ampla– capaz diz ele, de levar a um novo modo de produção. Assim como o feudalismo baseava-se na terra e o capitalismo na fábrica, o novo sistema terá como base o conhecimento. Um dos grandes méritos do trabalho que você tem em mãos é apresentar o conjunto de autores que têm refletido a respeito, e suas ideias: de Jeremy Rifkin a Joseph Siiglitz; de Shoshana Zuboff a David Harvey, Eric Toussaint e Zygmunt Bauman; de Alvin Tofler a Manuel Castells e Immanuel Wallerstein.
Dowbor dá um passo a mais. Ele demonstra que o novo sistema – que chama, provisoriamente, de “informacional” –, poderá tanto suscitar um mundo muito mais democrático, igualitário e capaz de rever as relações entre humanidade e natureza quanto seu oposto. Para onde caminhamos? Está presente, argumenta o livro, a ameaça distópica de uma lógica em que a liquidez é o valor maior e permite, a uma ínfima minoria, capturar a riqueza coletiva. Mas abriu-se, também, uma brecha para que a produção de riquezas baseie-se em redes de compartilhamento, apoiadas na lógica do conhecimento livre e no acesso de todos ao Comum; a serviços públicos (Saúde, Educação, Habitação e Transporte de excelência); a livros, trabalhos científicos, filmes, músicas, obras culturais de todo tipo. Em especial, há a possibilidade de uma nova democracia, que combine informação de profundidade para todos com processos de decisão distribuída, como os orçamentos participativos digitais.
A obra de Ladislau instiga por mostrar que o futuro está em aberto. O declínio do capitalismo não assegura nada. Pode vir um sistema muito mais – ou menos – democrático, equânime e capaz de interagir com a natureza. Cabe a cada um posicionar-se. Nada melhor que fazê-lo com consciência do que está em jogo.
Entrevista Ladislau Dowbor: A Era do Capital Improdutivo


Brasilianas - Ladislau Dowbor
Projeto Brasilianas é coordenada pelo jornal GGN. Um dos objetivos é ampliar o acesso aos materiais produzidos pelas universidades e agregar ao debate público conhecimentos acadêmicos e jornalísticos.
Colaboração PUC-SP

Convidado:
Ladislau Dowbor
Professor de Pós-Graduação em Economia na PUC-SP

Apresentação
Luiz Augusto de Paula Souza (Tuto)
Assistente para assuntos de comunicação da reitoria na PUC-SP



Entrevista com Ladislau Dowbor



Maria Lydia entrevista Ladislau Dowbor, economista/PUC-SP, sobre a crise econômica
O impacto da impopularidade do governo Temer e da crise política sobre a economia Brasileira na entrevista do dia com Maria Lydia Flandoli.



Ladislau Dowbor: mercado financeiro aposta no quanto pior melhor
Em meio à crise política, os agentes do mercado financeiro se movimentam para manter altos ganhos de capitais, sem compromisso com a distribuição de riqueza.



O PIB é uma conta errada, afirma o economista Ladislau Dowbor
Economista e professor titular no departamento de pós-graduação da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, Ladislau Dowbor é especialista em economia internacional e um grande defensor do chamado FIB – Felicidade Interna Bruta. Segundo o professor o PIB – Produto Interno Bruto não é mais um indicador adequado para medição de riqueza de um país. “O PIB não mede os resultados para nós, [ele] não mede, por exemplo, a saúde. Ele mede quanto de esforço estamos despendendo, então não mede a produtividade desses recursos”, comenta.



PROFESSOR LADISLAU DOWBOR


Ladislau Dowbor







Introdução do livro:

Todos temos as nossas crises prediletas. São as crises dos valores, das pandemias, da demografi a, da economia, da energia, da especulação financeira, da educação, da pasteurização cultural, de identidades, da banalização da vida, da miséria que explode no mundo, da falta de água que já atinge mais de um bilhão de pessoas. A questão não é mais escolher a crise que nos pareça mais ameaçadora. A verdadeira ameaça vem de uma convergência impressionante de tendências críticas, da sinergia de um conjunto de comportamentos até compreensíveis, mas profundamente irresponsáveis e frequentemente criminosos, que assolam nossa pequena espaçonave.
O objetivo geral aqui não é fazer um muro das lamentações ou um elenco das nossas desgraças. O ser humano de hoje não é significativamente melhor nem pior do que foram as gerações que nos precederam. O central é que as instituições que nos regem, as regras do jogo da sociedade, tanto podem nos levar a dinâmicas extremamente positivas – por exemplo a fase da social-democracia
entre 1945 e 1975 nos chamados países desenvolvidos – como pode nos jogar em conflitos absurdos e destrutivos, por mais tecnologia, conhecimento e riqueza que tenhamos.
O caos que progressivamente se instala no mundo está diretamente ligado ao esgotamento de um conjunto de instituições que já não respondem às nossas necessidades de convívio produtivo e civilizado. Criou-se um hiato profundo entre os nossos avanços tecnológicos,
que foram e continuam sendo espetaculares, e a nossa capacidade de convívio civilizado, que se estagna ou até regride.
Trata-se de uma disritmia sistêmica, um desajuste nos tempos. Este desafio tem sido corretamente conceituado como crise civilizatória.
Faz parte também desta crise civilizatória o desajuste nos espaços. A economia se globalizou, com corporações transnacionais e gigantes financeiros operando em escala mundial, enquanto os governos continuam sendo em grande parte nacionais e impotentes frente aos fluxos econômicos dominantes. Os instrumentos políticos de regulação permanecem fragmentados em cerca de 200 países que constituem o nosso planeta político realmente existente. Com a desorganização que disso resulta,
populações inseguras buscam soluções migrando ou apoiando movimentos reacionários que julgávamos ultrapassados.
O mundo está claramente maduro para uma governança planetária, para que volte a haver um mínimo de coerência entre os espaços da economia e os espaços da política. Os fragmentos de governança global que surgiram com a Organização das Nações Unidas (ONU), o Banco Mundial, o Fundo Monetário Internacional (FMI), a Organização Mundial do Comércio (OMC)
e semelhantes, ou ainda as reuniões ad hoc como as de um G8, G20 ou BRICS, claramente apontam para uma necessidade de repensar a articulação dos espaços e a geração de um sistema diferente de governança.

A política sendo o que é, a tendência mais geral é buscarmos os culpados, sejam eles à direita ou à esquerda. A mídia, que hoje penetra em quase todos os domicílios do planeta, saberá navegar nos ódios que se geram. Confirmar preconceitos rende mais, em pontos de audiência, do que explicitar os problemas. Isso nos leva a personalizar os problemas em vez de compreender as dinâmicas. Um pouco de bom senso sugere a busca de melhor compreensão do que está dando errado e de regras do jogo que nos permitam fazer o planeta funcionar.
Antes de tudo, precisamos com bom senso restabelecer o cuidado com o mau senso na política. De forma geral, política tem mais a ver com emoções, esperanças e temores do que com racionalidade. Hitler era um psicopata? Muito mais importante é entender como os grandes grupos econômicos o apoiaram, como mais da metade dos médicos alemães aderiu ao partido nazista e como a população finalmente votou e o elegeu. A eleição de um Donald Trump me preocupa como preocupa democratas em todo o planeta. Mais preocupante do que o personagem, no entanto, é o fato de uma nação rica, com tantas universidades e cultura pujante como os Estados Unidos o eleger. E as pessoas terem sido sensíveis aos seus argumentos, que afinal não eram argumentos, mas expressões emocionais, inseguranças e ódios com os quais elas puderam se identificar.
Uma governança que funcione não se constrói com ódios. Exige uma visão racional do que pode funcionar, inclusive levando em conta as irracionalidades. Vamos resolver o drama da desigualdade e das migrações construindo um muro? Um condomínio cercado chamado USA? A realidade é que o sistema herdado, o chamado neoliberalismo, já não cabe no mundo contemporâneo.
O mundo precisa reinventar os seus caminhos.
O presente livro articula diversas pesquisas que desenvolvi nos últimos anos, aqui ampliadas e reunidas sob uma visão sistêmica. Elas têm como denominador comum ou eixo norteador a busca da governança, de um processo decisório que funcione. Os dados desses estudos anteriores foram atualizados. Pesquisas, estudos e discussões atuais foram acrescentados. Vamos sucessivamente
caracterizar os desafios sistêmicos, delinear a nova arquitetura do poder na fase do capitalismo global, analisar os impactos geradores da financeirização para finalmente apresentar como este processo se materializou na crise brasileira mais recente. Um reparo relativamente à confiabilidade da nossa análise.
A área econômica é, hoje, tão vinculada com a política – por sua vez profundamente enraizada nas nossas emoções, heranças familiares, ódios corporativos ou o que seja – , que a informação científica é frequentemente rejeitada em bloco por simples convicção de que se trata de informação inimiga. Este tratamento tribal da análise permite que nos Estados Unidos por exemplo, os democratas considerem o problema climático como real enquanto os republicanos consideram que é uma invenção sem fundamento. Os republicanos seriam menos científicos? Como pode a ciência ser filtrada desta maneira por emoções políticas e por identificações de clãs? A realidade é que é tão fácil considerar racional e científico aquilo que confirma os nossos preconceitos. Não somos naturalmente objetivos. E isso me preocupa.
Duas precauções: primeiro tomei o cuidado neste trabalho de apontar, o mais rigorosamente possível, as fontes primárias das informações. Ou seja, não trabalho com comentários de um jornal que favoreça minha opinião, mas com a fonte primária da instituição que elaborou as estatísticas e que, portanto, tem de responder perante outras instituições de pesquisa. Além disso, cada informação
aqui está apresentada junto com o link que permite ao leitor verificar na fonte a exatidão ou não dos dados mencionados.
Há tempos organizei na Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC/SP) um curso sobre Fontes Primárias de Informação Econômica, tentando reforçar a capacidade dos futuros economistas trabalharem com dados mais do que com opiniões. Pensar, como se sabe, é trabalhoso. Muitos preferem ter opinião.
Segundo, na medida do possível, busco a objetividade. Isto é escorregadio: como todos nós, tendo a achar mais objetivo o que me convence ou reforça a minha visão. Com os anos, aprendi a importância de prestar atenção aos dados que destoam da minha visão: claramente trata-se de algo que necessita ser checado. Talvez a leitura mais genial nesta área seja o pequeno livro de Gunnar Myrdal, A Objetividade na Pesquisa Social. Antigo, mas excelente. Basicamente, ele mostra que melhor do que pretender apresentar “apenas os fatos” é declarar logo de início nossas convicções e valores, porque isso ajuda muito o leitor a se situar. Livro antigo e muito disponível na nossa biblioteca de emergência que é a Estante Virtual. O que são minhas convicções? O motor que me move é uma profunda indignação. Hoje 800 milhões de pessoas passam fome, não por culpa delas, mas por culpa de um sistema de alocação de recursos sobre o qual elas não têm nenhuma influência. A impotência
de não poder prover o alimento ao filho é um sentimento terrível. Milhões de crianças morrem todo ano. Ao dia, cerca de cinco vezes mais do que as vítimas nas Torres de Nova Iorque. A injustiça tão presente e a empáfia dos ricos que ostentam o seu sucesso sem ver as desgraças que reproduzem, francamente, me deixam puto da vida. Por isso, a minha motivação mais poderosa é entender o “porquê”, os mecanismos, as alternativas. Até porque eu ficar puto da vida não resolverá grande coisa. É relativamente fácil apontar os culpados e esperar que eles desapareçam. Mas eles não vão desaparecer, porque o problema não está apenas nas pessoas e sim no sistema, na forma de organização social, no processo decisório que impera numa sociedade, a chamada governança. Na minha convicção, os caminhos estão na construção de uma sociedade mais esclarecida, com governos
e empresas legalmente obrigados a funcionar de maneira mais transparente, com sistemas de gestão mais descentralizados e comunidades mais participativas. Em suma, sociedades mais democráticas. Para quem já leu os livros anteriores que escrevi como A Reprodução Social, Democracia Econômica, O Mosaico Partido ou O Pão Nosso de Cada Dia, ficará clara a minha visão
propositiva. De nada adianta gritar e odiar. Precisamos pensar de maneira organizada como se tomam as decisões no sistema atual e quais alternativas se abrem, nesta era de tanta tecnologia e tanta riqueza mal aproveitadas.
O último ponto desta introdução, a minha trajetória. Trabalhando aos vinte e poucos anos de idade no Jornal do Commercio do Recife, ainda nos anos 1960, fiquei abismado com o nível de riqueza e opulência por um lado, e de miséria e truculência por outro. Não há ciência, não há religião, não há ética que justifiquem isso. Decidi estudar economia para tentar entender como podia se manter tanta barbárie e primitivismo e como, ao mesmo tempo, essa situação podia ser apresentada como se fosse natural. A partir daí começaram meus problemas. Lutei contra a ditadura porque achava - e acho - que lutar contra uma ditadura não é só legítimo, é um dever. Exilado, fiz mestrado e doutorado na Polônia socialista, terra dos meus pais. Ali me dei conta das bobagens que se escrevia sobre o socialismo. De certa forma, parei de acreditar nos “ismos” de qualquer gênero e passei a buscar o que funciona.
Ensinei economia do desenvolvimento e finanças públicas na Universidade de Coimbra, depois trabalhei sete anos em diversos países da África, no quadro das Nações Unidas, vínculo profissional que me permitiu avaliar situações econômicas e sociais também na Ásia e em diversos países da América Latina. Passei a acreditar menos ainda em “ismos” e a buscar, cada vez mais, o
que efetivamente funciona: um tipo de pragmatismo civilizado pela convicção de que não basta que funcione apenas para as elites. Determinadas coisas não podem faltar para ninguém.
O travamento ideológico, na falta de poder refutar argumentos, tende a refutar a pessoa. É mais fácil. Francamente, eu poderia dizer que não é meu problema. Mas como sei que não haverá soluções se não se ampliar fortemente o número de pessoas que entendem o que está acontecendo, continuo teimoso e sigo organizando e disseminando informação, da forma mais clara possível. E da forma mais honesta que consigo.
Já nos anos 1990, quando a então primeira-dama e antropóloga Ruth Cardoso me pediu para ajudar com a Comunidade Solidária, ajudei durante quatro anos sem remuneração. Na esquerda me criticaram, diziam que eu estava “dormindo com o inimigo”. Hoje, tenho como evidente que a política redistributiva e de inclusão dos governos Lula, que apoiei fortemente, constitui um caminho
importante, ainda que com limitações estruturais que apresento no texto que se segue. Na direita me criticaram, diziam que sou “petista”, o que aparentemente é mais fácil do que enfrentar os argumentos e raciocinar sobre os nossos desafios reais. Peço que me poupem. Eu sou apenas corintiano, o que nem sempre é fácil. Tenho três quartos de século, dirigi ministérios
econômicos em diversos países, fui consultor do Secretário Geral da ONU, tenho mais de quarenta livros escritos. Meu problema não é agitar uma bandeira ideológica ou bater panelas que só ecoam desinformação. Eu apenas faço a lição de casa: leio, estudo, ensino e escrevo. Aproveite.

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