No dia 23/09, sem convidados só os senadores decidindo sobre convites e quebras de sigilo, o Romário discutiu com o Senador João Alberto (PMDB/MA). O João Alberto confundiu o Romário o chamando de juiz! Todos nós sabemos que ele não foi juiz, foi um centro-avante...
Ou então confundiu o poder onde ele está: Ele está no Legislativo, que não deve julgar, deve legislar, fiscalizar e investigar...
Quero ver esse senador fazer esse discurso lá na CPI da Petrobrás ou do BNDS:
"Mas V. Exª não pode! Aqui, nesta CPI, V. Exª é juiz! Nós somos juízes! Nós vamos julgar, Presidente! V. Exª está extrapolando! Nenhum de nós aqui pode dar a opinião que V. Exª está dando! Com que isenção V. Exª vai julgar? Então, V. Exª é suspeito para ser Presidente desta Comissão."
Hahaha!... Bem vindo ao mundo real, Senador João Alberto! Todas as CPIs são políticas! Todas tem políticos investigando, julgando já com opiniões formadas, algumas inclusive estão investigando atos que eles mesmo fizeram, olha só!... Algumas conseguem provas que comprovam as opiniões formadas... Outras, por mais que tentem, espremam, forçam a barra, não sai nada...
Outras até conseguem as provas, mas dizem que não vem ao caso...
Neste vídeo vocês têm uma amostra da visão equivocada, míope e parcial de um parlamentar que deveria lutar para melhorar o esporte no nosso país. O senador João Alberto (PMDB-MA) disse que temos o futebol mais organizado do mundo. Para ele, ter perdido a Copa do Mundo em casa, por 7x1, não significou uma derrota.
Claro que Romário rebateu essa colocação absurda. A opinião do nobre senador maranhense foi dada durante a reunião, na tarde desta quarta-feira, da CPI do Futebol, aqui no Senado. Nos reunimos para votar a quebra de sigilo bancário e fiscal do ex-presidente preso da CBF, José Maria Marin. Tirem suas próprias conclusões.
No dia 29/09 foram convidados os presidentes das federações cariocas e mineira para falar da atual situação das federações e do relacionamento com a CBF. Como mineiro deu orgulho do novo presidente da FMF(32 anos) além de uma grande vergonha de como estava a Federação Mineira de futebol e como se deu as últimas eleições, com intervenção judicial!... Mas ouvir esse atual presidente me deu uma certa esperança de melhora...
A sugestão dele sobre a forma de repasse dos direitos de televisionamento é a que eu também acho a mais justa e já pedi no post "Acompanhando a CPI do Futebol - Será lúdico... mas espero que seja sério..." Eu pedi que houvesse duas parcelas: uma porcentagem igual para todos os times e outra parte dependente da classificação no campeonato... Aceito uma terceira dependente da audiência do time... desde que essa parcela não passe de 25%.
A fala do presidente da FMF me fez repensar... minha antiga opinião é que federações estaduais não deveriam existir, deveriam ser substituídas por organizações tipo o antigo "Clube dos 13", união das equipes e mantidas por elas.
Mas confesso que essa opinião é devido à má gestão das federações que tem sido mais nefastos do que benéficos... Mas ouvindo esse presidente percebo que se a Federação trabalhar corretamente com o intuito que realizar a sua função: Fomentar e organizar a prática do futebol no seu estado, então se ela fizer isso, passa a ser fundamental!
Fui no site da FMF:
Li o último jornalzinho informativo (aliás, o último não, o primeiro!)
Então eu mudo de opinião! Substituir as federações estaduais por organizações tipo união dos clubes passa a ser a minha segunda opção de solução. A primeira é entregar as federações a dirigentes competentes que façam o seu papel corretamente. A possibilidade de haver atenção ao futebol de base, feminino, do interior se for uma organização formada e mantida pelos times é mínima, pois eles olhariam apenas para os seus interesses...
Mas lamento dizer que exemplos de alguma federação fazer algo assim de fomento da prática do esporte, cuidar do futebol de base, feminino e amador é exceção e chegou tarde. Deixou um vácuo que começará a ser preenchido pelas ligas... Já existe uma liga de times nortista que organiza a Copa Verde e outra a Copa Nordeste, e a próxima liga já está virando realidade: A liga
Sul-Minas-Rio já tem presidente, dirigente língua solta que frequenta esse Blog desde Fevereiro de 2012 quando ele deu uma polêmica entrevista para o Jorge Kajuru: Alexandre Kalil. Ele se reuniu com o ainda presidente da CBF Marco Polo Del Nero para acertar sua independência da CBF.... Os dois presidentes de federação falaram da Liga dos "insurgentes", o da federação carioca disse cobras e lagartos contra a liga, está muito nervoso com ela, já o da Federação Mineira se limitou a falar que está só preocupado com as datas e calendário apertado. Antes da transcrição das reuniões vou colocar uma entrevista do Kalil sobre a criação da liga em que quando questionado se a CBF cuida bem do futebol brasileiro hoje ele respondeu:
"Deixa eu te corrigir: não é hoje, não. Nunca cuidou. A CBF sucateou o futebol para fazer aquele império. Não é hoje, não é agora. Faz 30 anos que ninguém cuida do futebol brasileiro."
Mas lamento dizer que exemplos de alguma federação fazer algo assim de fomento da prática do esporte, cuidar do futebol de base, feminino e amador é exceção e chegou tarde. Deixou um vácuo que começará a ser preenchido pelas ligas... Já existe uma liga de times nortista que organiza a Copa Verde e outra a Copa Nordeste, e a próxima liga já está virando realidade: A liga
Sul-Minas-Rio já tem presidente, dirigente língua solta que frequenta esse Blog desde Fevereiro de 2012 quando ele deu uma polêmica entrevista para o Jorge Kajuru: Alexandre Kalil. Ele se reuniu com o ainda presidente da CBF Marco Polo Del Nero para acertar sua independência da CBF.... Os dois presidentes de federação falaram da Liga dos "insurgentes", o da federação carioca disse cobras e lagartos contra a liga, está muito nervoso com ela, já o da Federação Mineira se limitou a falar que está só preocupado com as datas e calendário apertado. Antes da transcrição das reuniões vou colocar uma entrevista do Kalil sobre a criação da liga em que quando questionado se a CBF cuida bem do futebol brasileiro hoje ele respondeu:
"Deixa eu te corrigir: não é hoje, não. Nunca cuidou. A CBF sucateou o futebol para fazer aquele império. Não é hoje, não é agora. Faz 30 anos que ninguém cuida do futebol brasileiro."
Outro dia, em matéria jornalística da rede Globo, foi mostrado que entre os 6 primeiros times da classificação são paulistas e que Grêmio e Atlético eram "intrusos"!... Intruso eu chamaria o André Sanches(Intruso porque ele é deputado e essa é uma CPI do Senado), atual deputado Petista, ex-CBF, ex-Presidente do Corinthians, que detonou o clube dos 13 para ganhar um estádio. (Veja aqui)!...
Hoje ele deu outros motivos para tal ato, acusando o Clube dos 13, que vamos relembrar, quis fazer uma licitação para dar concorrência entre os canais abertos, fechados e internet para transmissão do campeonato brasileiro (deixa eu ser mais claro: peitou a Globo!). E por isso foi dissolvida...
Tanto ele quanto o Presidente da Federação carioca não mostraram-se muito entusiastas da ideia de equilibrar financeiramente o futebol brasileiro... O Rubens Lopes até falou que deve-se "tentar corrigir esse desequilíbrio financeiro, e isso passa muito pela consciência desses clubes", mas não deu solução nenhum e antes falou é assim que o futebol funciona, no mundo inteiro é assim, e é assim que deve continuar funcionando...
E o André Sanches ainda gozou a cara do presidente da FMF:
"Por que você não começa equilibrando as receitas lá no seu estado, de a mesma renda do Atlético e Cruzeiro para o Uberlândia!... "
É obvio que ele só vai fazer esse discurso para o presidente da Federação, que atualmente não decide para onde vai a verba da televisão... Duvido que ele faça a mesma proposta quando estiver na frente daqueles que podem decidir essa questão... Vai que eles aceitem...
PS.
A Veja já tentou...
A Globo está querendo acabar com a credibilidade da CPI...
Rubens Lopes(Presidente da Federação de Futebol do Estado do Rio de Janeiro) e
Castellar Modesto Guimarães Neto(Presidente da Federação Mineira de Futebol)
Dirigentes evitam responder sobre CBF e pedem união entre os clubes
A CPI do Futebol recebeu nesta terça-feira (29) dois
presidentes de federações estaduais de futebol para uma audiência
pública. Rubens Lopes, da Federação de Futebol do Estado do Rio de
Janeiro (Ferj), e Castellar Modesto Guimarães Neto, da Federação Mineira
de Futebol (FMF), defenderam a união entre os clubes para superar os
problemas financeiros.
Os presidentes foram questionados pelos senadores a respeito das atividades da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), que é o foco da atuação da CPI. No entanto, evitaram dar respostas diretas e conclusivas.
— Não sei de nenhuma irregularidade da CBF e não conheço nenhum fato específico que possa agregar às investigações desta comissão — disse Guimarães, respondendo a um questionamento do presidente da CPI, senador Romário (PSB-RJ), que indagou aos convidados se saberiam apontar irregularidades na entidade.
O vice-presidente do colegiado, senador Paulo Bauer (PSDB-SC), quis saber se a CBF consulta as federações estaduais a respeito da escolha dos locais para jogos da seleção brasileira. Os contratos de organização de amistosos do time nacional estão entre os alvos da CPI do Futebol.
— Isso é prerrogativa exclusiva da presidência da CBF. As federações não têm nenhuma participação. Nunca fomos consultados – afirmou Lopes. O presidente da Ferj opinou que as federações não deveriam mesmo participar desse processo, porque, para ele, acomodar os interesses de 27 estados seria “um inferno”.
Bauer também perguntou sobre os repasses financeiros da CBF aos estados e sobre uma possível influência da cúpula da entidade no resultado das últimas eleições internas, por meio de “abuso de poder econômico”. Lopes e Guimarães também negaram conhecimento. O presidente da Ferj disse que os repasses de verbas estão discriminados no balanço da federação, mas não mencionou valores, e o mandatário da FMF observou que uma liminar do Supremo Tribunal Federal (STF) o impede de falar publicamente do assunto.
A solução, na visão dos dirigentes, seria uma maior união dos clubes em torno de seus interesses comuns. Castellar Guimarães Neto comparou o modelo atual de negociação, em que cada clube acerta individualmente com a emissora, com o que existia na época do Clube dos 13 – uma associação entre as principais agremiações do país para negociação coletiva dos direitos de transmissão do Campeonato Brasileiro, hoje extinta.
— Vejo como fundamental e necessária a revisão do formato dos contratos de televisão. Antes, os clubes tinham, por meio do Clube dos 13, uma mesa redonda onde discutiam seus interesses, que eram levados de forma conjunta. Hoje, falta por parte deles uma organização maior — avaliou.
Para Guimarães, é impossível chegar a uma repartição igualitária das verbas devido à diferença de tamanho e importância dos clubes, mas é possível reduzir o abismo. Ele citou como bom exemplo o modelo adotado pelo futebol inglês. Lá, explicou, o montante destinado a cada clube da primeira divisão é composto de três partes: a primeira é um valor igual para todos, a segunda depende da classificação do time na temporada anterior e a terceira é relacionada com a audiência atingida pelos jogos do qual o clube participou.
Rubens Lopes, da Ferj, também reconheceu que o aspecto econômico é um fator de desequilíbrio das competições, mas ressaltou que esse cenário é o mesmo em todos os países que são potências do futebol. Ele conclamou os clubes a atuarem juntos em prol do melhor para todos.
— Os clubes deveriam repensar a sobrevivência do produto. Precisam entender que, nessa atividade comercial, você precisa do seu adversário. Eu posso ter o monopólio de um supermercado [por exemplo], mas, no futebol, preciso competir com alguém. A previsibilidade do resultado é um fator de desinteresse.
— Os homens já têm o seu caráter formado, e não é o fato de ficar muito tempo à frente de uma entidade que vai fazer com que ele se corrompa ou não — respondeu Castellar Guimarães Neto.
— É uma prerrogativa legal. Enquanto a lei prever isso e os eleitores entenderem que assim deva ser, não vejo nenhum problema. Existem parlamentares que têm 30, 40 anos de mandato — comparou Lopes.
Os presidentes foram questionados pelos senadores a respeito das atividades da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), que é o foco da atuação da CPI. No entanto, evitaram dar respostas diretas e conclusivas.
— Não sei de nenhuma irregularidade da CBF e não conheço nenhum fato específico que possa agregar às investigações desta comissão — disse Guimarães, respondendo a um questionamento do presidente da CPI, senador Romário (PSB-RJ), que indagou aos convidados se saberiam apontar irregularidades na entidade.
O vice-presidente do colegiado, senador Paulo Bauer (PSDB-SC), quis saber se a CBF consulta as federações estaduais a respeito da escolha dos locais para jogos da seleção brasileira. Os contratos de organização de amistosos do time nacional estão entre os alvos da CPI do Futebol.
— Isso é prerrogativa exclusiva da presidência da CBF. As federações não têm nenhuma participação. Nunca fomos consultados – afirmou Lopes. O presidente da Ferj opinou que as federações não deveriam mesmo participar desse processo, porque, para ele, acomodar os interesses de 27 estados seria “um inferno”.
Bauer também perguntou sobre os repasses financeiros da CBF aos estados e sobre uma possível influência da cúpula da entidade no resultado das últimas eleições internas, por meio de “abuso de poder econômico”. Lopes e Guimarães também negaram conhecimento. O presidente da Ferj disse que os repasses de verbas estão discriminados no balanço da federação, mas não mencionou valores, e o mandatário da FMF observou que uma liminar do Supremo Tribunal Federal (STF) o impede de falar publicamente do assunto.
Clubes
O senador Omar Aziz (PSD-AM) pediu para os presidentes comentarem o que chamou de “mesmice” do futebol brasileiro: um número reduzido de times concentrando as disputas de títulos e o dinheiro dos contratos de televisão.A solução, na visão dos dirigentes, seria uma maior união dos clubes em torno de seus interesses comuns. Castellar Guimarães Neto comparou o modelo atual de negociação, em que cada clube acerta individualmente com a emissora, com o que existia na época do Clube dos 13 – uma associação entre as principais agremiações do país para negociação coletiva dos direitos de transmissão do Campeonato Brasileiro, hoje extinta.
— Vejo como fundamental e necessária a revisão do formato dos contratos de televisão. Antes, os clubes tinham, por meio do Clube dos 13, uma mesa redonda onde discutiam seus interesses, que eram levados de forma conjunta. Hoje, falta por parte deles uma organização maior — avaliou.
Para Guimarães, é impossível chegar a uma repartição igualitária das verbas devido à diferença de tamanho e importância dos clubes, mas é possível reduzir o abismo. Ele citou como bom exemplo o modelo adotado pelo futebol inglês. Lá, explicou, o montante destinado a cada clube da primeira divisão é composto de três partes: a primeira é um valor igual para todos, a segunda depende da classificação do time na temporada anterior e a terceira é relacionada com a audiência atingida pelos jogos do qual o clube participou.
Rubens Lopes, da Ferj, também reconheceu que o aspecto econômico é um fator de desequilíbrio das competições, mas ressaltou que esse cenário é o mesmo em todos os países que são potências do futebol. Ele conclamou os clubes a atuarem juntos em prol do melhor para todos.
— Os clubes deveriam repensar a sobrevivência do produto. Precisam entender que, nessa atividade comercial, você precisa do seu adversário. Eu posso ter o monopólio de um supermercado [por exemplo], mas, no futebol, preciso competir com alguém. A previsibilidade do resultado é um fator de desinteresse.
Mandatos
Os presidentes das federações também debateram a limitação dos mandatos de dirigentes esportivos, uma medida frequentemente citada entre as necessárias para moralizar o futebol brasileiro. O senador Paulo Bauer ressaltou que seria impossível exigir essa atitude da CBF sem que as federações também o fizessem. Ambos os dirigentes rejeitaram a proposta:— Os homens já têm o seu caráter formado, e não é o fato de ficar muito tempo à frente de uma entidade que vai fazer com que ele se corrompa ou não — respondeu Castellar Guimarães Neto.
— É uma prerrogativa legal. Enquanto a lei prever isso e os eleitores entenderem que assim deva ser, não vejo nenhum problema. Existem parlamentares que têm 30, 40 anos de mandato — comparou Lopes.
Agência Senado (Reprodução autorizada mediante citação da Agência Senado)
Alexandre Kalil adianta planos da nova Liga: "Vamos cuidar de todas as divisões"
Alexandre Kalil, executivo-chefe da Liga Sul-Minas-Rio declarou que o novo torneio não precisa do aval da CBF para sair do papel. Nesta quinta-feira, Kalil encontrou-se com o presidente da confederação, Marco Polo Del Nero, para apresentar o projeto da Liga. A entidade pediu um prazo de dois dias para dar uma resposta.
- A resposta que esperamos é "conte com a gente ou não conte com a gente". No mais, a Liga é legal do ponto de vista jurídico. A liga está posta, o torneio está feito - afirmou Kalil ao GloboEsporte.com, por telefone, poucas horas após o fim da reunião. Na entrevista a seguir, o ex-presidente do Atlético-MG afirma que o Brasil está "30 anos atrasado" no assunto e faz críticas duras à CBF.
Foi boa a reunião com a CBF?
Foi ótima porque não houve confronto, não foi beligerante, não é para ter rompimento ou confronto. Foi uma reunião de gente preparada. Não estávamos no meio de moleques, de irresponsáveis. Mas sim de gente preocupada com a modernização do futebol brasileiro.
Foi ótima porque não houve confronto, não foi beligerante, não é para ter rompimento ou confronto. Foi uma reunião de gente preparada. Não estávamos no meio de moleques, de irresponsáveis. Mas sim de gente preocupada com a modernização do futebol brasileiro.
O senhor falou que o torneio teria seis datas. Antes falava-se em oito.Todo mundo tem que honrar os contratos assinados para o primeiro semestre. Vamos criar esse produto novo, mas vamos cumprir os contratos que já existem. Temos obrigação de cumprir. Não podemos pregar seriedade e valorização do produto se não cumprirmos o que já assinamos.
Isso envolve jogar os estaduais com time principal?Não tem nenhum contrato que fale em time A, time B. Cada um faz como quer, ou como já fazia. O Atlético-PR já joga o estadual com reservas.
A Liga já negocia transmissão de televisão?Ainda não. Acabamos de avisar ao mundo que temos um produto.
O sr. espera a adesão de novos participantes?Não sei. Não tenho nem ideia. Mas é claro que estamos abertos. É um negócio novo, bacana, esperamos que todo mundo queira. É um produto valorizado, só com time grande.
O sr. diz que não é para haver rompimento, confronto, mas trata-se de um desafio às Federações Estaduais...Nós estamos preparados para tudo. Somos dirigentes responsáveis.
Uma consequência da criação da Liga é o enfraquecimento das Federações.
Liga nunca pagou minhas contas. Toda vez que foi ao Atlético-MG, em seis anos que estive lá, foi para pedir algo. Isso não interessa a mim. Vão ficar mamando e chupando os clubes até morrer? A vampiragem tem limites. [As federações] têm que abrir mão de alguma coisa. Ou vamos morrer todos abraçados, é questão de sobrevivência. Nós não estamos inventando nada. A Liga copiou tudo. O cara que toma conta da Liga, que sou eu, não pode ser presidente de clube, não pode ter cargo público, não pode um monte de coisa, para poder se dedicar. Nós não queremos matar as federações, só não queremos morrer de fome. A Liga está amparada pela Lei Pelé, ela não é a primeira, já existe a do Nordeste a a Copa Verde. A CBF vai proibir de fazer o bem? Sob qual argumento? Temos que descer o futebol para o mundo real. Estamos fazendo a Liga com 30 anos de atraso.
Liga nunca pagou minhas contas. Toda vez que foi ao Atlético-MG, em seis anos que estive lá, foi para pedir algo. Isso não interessa a mim. Vão ficar mamando e chupando os clubes até morrer? A vampiragem tem limites. [As federações] têm que abrir mão de alguma coisa. Ou vamos morrer todos abraçados, é questão de sobrevivência. Nós não estamos inventando nada. A Liga copiou tudo. O cara que toma conta da Liga, que sou eu, não pode ser presidente de clube, não pode ter cargo público, não pode um monte de coisa, para poder se dedicar. Nós não queremos matar as federações, só não queremos morrer de fome. A Liga está amparada pela Lei Pelé, ela não é a primeira, já existe a do Nordeste a a Copa Verde. A CBF vai proibir de fazer o bem? Sob qual argumento? Temos que descer o futebol para o mundo real. Estamos fazendo a Liga com 30 anos de atraso.
A Liga Sul-Minas-Rio tem pretensões nacionais?
um embrião. Estou gritando isso faz mais de dez anos. E agora chegou ao caos absoluto, que tem gente presa, gente banida, agora vão nos dar a chance de fazer.
um embrião. Estou gritando isso faz mais de dez anos. E agora chegou ao caos absoluto, que tem gente presa, gente banida, agora vão nos dar a chance de fazer.
É um momento de enfraquecimento da CBF.Claro. Tudo é oportunidade. A Liga inglesa surgiu com a Margareth Thatcher, quando ela limpou tudo por lá.
O futebol brasileiro precisa de limpeza? A CBF precisa de limpeza?
O futebol brasileiro de uma conta simples: quem vende, tem que cuidar. Quando houver a Liga, vamos cuidar da Série A, B, C, da quarta divisão. Vamos ter responsabilidade na hora de dividir. Não adianta pensar que eu tenho que ganhar mais que os outros.
O futebol brasileiro de uma conta simples: quem vende, tem que cuidar. Quando houver a Liga, vamos cuidar da Série A, B, C, da quarta divisão. Vamos ter responsabilidade na hora de dividir. Não adianta pensar que eu tenho que ganhar mais que os outros.
O sr. defende divisão igual de cotas comerciais, de TV, patrocínio?
Um negócio mais generoso. Estamos falando de generosidade. Não vamos fazer mal a quem nos ajuda. Se você maltratar a cozinheira, ela vai embora e você vai ter que comer pão com manteiga. Faz parte da minha vida. Pode não ter a condição que eu tenho, mas faz parte da minha vida. Onde eu vou buscar jogador? Na segunda divisão, na terceira divisão, na base.
Um negócio mais generoso. Estamos falando de generosidade. Não vamos fazer mal a quem nos ajuda. Se você maltratar a cozinheira, ela vai embora e você vai ter que comer pão com manteiga. Faz parte da minha vida. Pode não ter a condição que eu tenho, mas faz parte da minha vida. Onde eu vou buscar jogador? Na segunda divisão, na terceira divisão, na base.
A CBF não cuida bem do futebol brasileiro hoje?
Deixa eu te corrigir: não é hoje, não. Nunca cuidou. A CBF sucateou o futebol para fazer aquele império. Não é hoje, não é agora. Faz 30 anos que ninguém cuida do futebol brasileiro.
Deixa eu te corrigir: não é hoje, não. Nunca cuidou. A CBF sucateou o futebol para fazer aquele império. Não é hoje, não é agora. Faz 30 anos que ninguém cuida do futebol brasileiro.
Mas os clubes não têm responsabilidade nisso? O presidente da CBF foi eleito por unanimidade, o anterior também.
Mas espera. E daí? Se errou antes vai continuar errando ad eternum? Agora resolvamos que não vamos mais errar. É como você dizer que adoçante engorda porque só gordo toma aquilo.
Mas espera. E daí? Se errou antes vai continuar errando ad eternum? Agora resolvamos que não vamos mais errar. É como você dizer que adoçante engorda porque só gordo toma aquilo.
O sr. espera alguma resistência à Liga?
Não. Não espero resistência de lugar nenhum.
Não. Não espero resistência de lugar nenhum.
O Corinthians, por exemplo, diz que não se interessa.
Eles podem estar felizes lá, a gente vai estar feliz aqui.
Eles podem estar felizes lá, a gente vai estar feliz aqui.
Marco Polo Del Nero tem que continuar na presidência da CBF?
Não acho nada. Hoje eu assumi responsabilidades com a Liga. Tem coisas para as quais eu não sou chamado. Eu acho que a Liga tem que dar certo e vai ser tudo bem. Ponto final.
Não acho nada. Hoje eu assumi responsabilidades com a Liga. Tem coisas para as quais eu não sou chamado. Eu acho que a Liga tem que dar certo e vai ser tudo bem. Ponto final.
Quando projeta que a Liga pode substituir o Campeonato Brasileiro?
Esse tipo de coisa só nasce quando há vontade dos clubes. Eu não criei a Liga. Só soube depois. Os caras se juntaram, tiveram vontade e vão fazer. No dia que os clubes todos quiserem, vão fazer. O Corinthians pode estar feliz lá e nós aqui, mas daqui a pouco, se for bom para todos, chamam os paulistas, os outros...
Esse tipo de coisa só nasce quando há vontade dos clubes. Eu não criei a Liga. Só soube depois. Os caras se juntaram, tiveram vontade e vão fazer. No dia que os clubes todos quiserem, vão fazer. O Corinthians pode estar feliz lá e nós aqui, mas daqui a pouco, se for bom para todos, chamam os paulistas, os outros...
A Liga defende algum tipo de teto salarial, como na NBA, por exemplo?
Não, não. Isso é mercado. Tem que ter juízo. A falta de juízo é que nos levou a esse caos. Tem gente com dez folhas de pagamento em atraso. Não há felicidade possível quando você deve dez salários, dez meses de direito de imagem.
Não, não. Isso é mercado. Tem que ter juízo. A falta de juízo é que nos levou a esse caos. Tem gente com dez folhas de pagamento em atraso. Não há felicidade possível quando você deve dez salários, dez meses de direito de imagem.
O sr. defende profissionalização da arbitragem?
Claro.
Claro.
Como a liga pode ajudar?
Muito. Acho que precisamos ter um diretor de arbitragem, alguém que entenda muito disso, que possa escolher os árbitros de cada jogo.
Muito. Acho que precisamos ter um diretor de arbitragem, alguém que entenda muito disso, que possa escolher os árbitros de cada jogo.
O sr. está gostando do Brasileirão?
Muito. É espetacular, é espetacular.
Muito. É espetacular, é espetacular.
O que falta?
Falta pagar melhor.
Falta pagar melhor.
Quem?
Todo mundo. Todo mundo tem que pagar mais.
Todo mundo. Todo mundo tem que pagar mais.
O que o sr. espera como resposta da CBF à reunião de hoje?
A resposta que esperamos é "conte com a gente ou não conte com a gente". No mais, a Liga é legal do ponto de vista jurídico. A liga está posta, o torneio está feito
A resposta que esperamos é "conte com a gente ou não conte com a gente". No mais, a Liga é legal do ponto de vista jurídico. A liga está posta, o torneio está feito
Sai de qualquer jeito?É claro que sim. Só queremos queremos saber se são nossos amigos ou não.
Comissão Parlamentar de Inquérito, criada pelo Requerimento do
Senado Federal nº 616, de 2015, destinada a investigar a Confederação
Brasileira de Futebol (CBF) e o Comitê Organizador Local da Copa do Mundo FIFA
Brasil 2014 (COL).
ATA DA 10ª REUNIÃO
Ata Circunstanciada da 10ª
Reunião, realizada em 23 de setembro de 2015, às 15 horas e 17 minutos, no
Plenário 9 – Ala Senador Alexandre Costa do Senado Federal, sob a presidência do
Senador Romário e com a presença dos
Senadores: Humberto Costa, Ciro Nogueira,
Donizeti Nogueira, João Alberto Souza, Romero Jucá, Omar Aziz e Paulo Bauer. Deixaram de comparecer os Senadores
Zeze Perrella, Davi Alcolumbre e
Fernando Collor. Na oportunidade, foram aprovados os seguintes
requerimentos:
Requerimento
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Autoria
|
Ementa
|
91/2015
|
Senador
Romário
|
Requer alteração da segunda rodada
para oitivas do Plano de Trabalho formulado pelo Relator, de modo a ampliar o
convite, no mínimo, para todos os Presidentes dos Clubes que disputam a Série
A do Campeonato Brasileiro.
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83/2015
|
Senador
Paulo Bauer
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Transferência dos sigilos bancário e fiscal de José Maria Marin.
|
88/2015
|
Senador
Romário
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Requer informações bancárias e fiscais de José Natalio Margulies
|
89/2015
|
Senador
Paulo Bauer
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Requer sejam solicitadas ao COAF as informações financeiras de
José Maria Marin, no período de 12/03/2012 até a sua prisão na Suíça em
30/05/2015.
|
O SR. PRESIDENTE
(Romário. Bloco Socialismo e Democracia/PSB - RJ) – Boa tarde.
Havendo número regimental, declaro aberta a 10ª Reunião
da Comissão Parlamentar de Inquérito criada pelo Requerimento nº 116, de 2015,
com a finalidade de investigar a situação do futebol brasileiro.
Conforme convocação, a presente reunião destina-se à
apreciação de requerimentos.
Antes de encerrarmos a parte deliberativa, esta
Presidência tem um comunicado importante a fazer.
Está convocada para a próxima semana uma importante
audiência pública, seguindo a proposta de plano de trabalho formulado pelo
Relator, Senador Romero Jucá. Assim, nesta quarta-feira, dia 30 de setembro de
2015, serão ouvidos, em audiência pública, os seguintes convidados: Reinaldo
Rocha Carneiro Bastos, Presidente da Federação Paulista de Futebol, Rubens
Lopes, Presidente da Federação de Futebol do Estado do Rio de Janeiro,
Castellar Modesto Guimarães Neto, Presidente da Federação Mineira de Futebol,
Evandro Barros de Carvalho, Presidente da Federação Pernambucana de Futebol, e
Gustavo Vieira, Presidente da Federação de Futebol do Estado do Espírito Santo.
Portanto, seguindo a orientação constante do plano de
trabalho formulado pelo Relator, ouviremos em audiência pública todos esses
presidentes de federações de futebol, que já confirmaram a sua participação à
Secretaria desta Comissão.
Além disso, informo que o Sr. Senador Hélio José comunicou
a impossibilidade de seu comparecimento à reunião de hoje, pois participará de
reuniões de comissões do Parlatino, na qualidade de membro do Grupo Brasileiro
do Parlamento Latino-Americano, que será realizado no México entre os dias 23 e
27 de setembro.
Coloco em votação as Atas das 8ª e 9ª Reuniões.
Os Senadores que as aprovam permaneçam como se
encontram. (Pausa.)
Aprovadas.
Partimos para a parte deliberativa.
De início, esclareço que o Requerimento nº 42, de 2015,
que requer o convite do Sr. Ricardo Gomyde, candidato nas últimas eleições para
Presidente da Federação Paranaense de Futebol, foi retirado ontem pelo autor,
Senador Roberto Rocha.
Assim, o Item nº 3, relativo ao Requerimento nº 42, de
2015, não será apreciado, pois se refere ao requerimento retirado pelo autor.
Quanto às convocações dos Srs. Marco Polo Del Nero,
Ricardo Teixeira e Wagner José Abrahão, esclareço que este ainda não é o
momento adequado para chamá-los a depor perante a Comissão. Esses depoimentos
serão mais úteis à CPI quando tivermos uma quantidade maior de documentos e
informações para inquiri-los.
Nesse sentido, ficam retirados da pauta os Itens nºs 1,
2 e 4, Requerimentos nºs 11, 12 e 44, de 2015, respectivamente.
Passamos agora à apreciação, mediante votação...
(Intervenção
fora do microfone.)
O SR. PRESIDENTE
(Romário. Bloco Socialismo e Democracia/PSB - RJ) – Como ainda não temos
quórum para votação nominal, vamos deixar isso por último.
Com base no art. 121 do Regimento Interno, incluo
extrapauta requerimento de minha autoria para que possamos apreciá-lo.
ITEM 10
Requerimento
Nº 91/2015
Requer alteração
da segunda rodada para oitivas do Plano de Trabalho formulado pelo Relator, de
modo a ampliar o convite, no mínimo, para todos os Presidentes dos Clubes que
disputam a Série A do Campeonato Brasileiro.
Autoria:
Senador Romário
Os Srs. Senadores que o aprovam permaneçam como se
encontram.
Senador.
O SR. JOÃO
ALBERTO SOUZA (Bloco Maioria/PMDB - MA) – Presidente, eu não entendi bem.
Como é?
O SR. PRESIDENTE
(Romário. Bloco Socialismo e Democracia/PSB - RJ) – Na verdade, o nosso
Relator tinha feito um requerimento sugerindo seis ou sete nomes de presidentes
de Clubes. Eu estou aqui, com este Requerimento, abrindo esse leque para a
possibilidade de a gente poder chamar qualquer um dos 20 presidentes dos clubes
da primeira divisão.
O SR. JOÃO
ALBERTO SOUZA (Bloco Maioria/PMDB - MA) – Sim. Por quê, Presidente? Qual é
a justificativa para chamar?
O SR. PRESIDENTE
(Romário. Bloco Socialismo e Democracia/PSB - RJ) – Porque, na verdade, eu
acredito que todos os 20 clubes da primeira divisão, todos da segunda divisão,
da terceira divisão e da quarta divisão podem ter, sim, uma oportunidade, nesta
CPI, para falar o que pensam do futebol, esclarecer algumas coisas e passar
para a gente, talvez, alguns dados que sejam bastante importantes neste momento
que nós estamos vivendo no futebol.
O SR. JOÃO
ALBERTO SOUZA (Bloco Maioria/PMDB - MA) –
Eu perguntaria ao Sr. Presidente: por gentileza, se houve algum contato
com os clubes. Há interesse deles em participar?
O SR. PRESIDENTE
(Romário. Bloco Socialismo e Democracia/PSB - RJ) – Não.
O SR. JOÃO
ALBERTO SOUZA (Bloco Maioria/PMDB - MA) – Presidente, na hora em que você
participa de uma Comissão de Inquérito, há uma exposição do seu nome.
O SR. PRESIDENTE
(Romário. Bloco Socialismo e Democracia/PSB - RJ) – Senador, eu não sei se
o senhor entendeu o objetivo do requerimento: é um convite. Convite as pessoas
aceitam ou não.
O SR. JOÃO
ALBERTO SOUZA (Bloco Maioria/PMDB - MA) – Ele aceita ou não aceita vir.
O SR. PRESIDENTE
(Romário. Bloco Socialismo e Democracia/PSB - RJ) – Esse é um direito
deles.
O SR. JOÃO
ALBERTO SOUZA (Bloco Maioria/PMDB - MA) – Sim. Então, o convite...
O SR. PRESIDENTE
(Romário. Bloco Socialismo e Democracia/PSB - RJ) – Antes de perguntar a
eles, a gente tem que colocar o requerimento em pauta para ser votado. A partir
do momento em que foi votado...
O SR. JOÃO
ALBERTO SOUZA (Bloco Maioria/PMDB - MA) – Mas eu quero que fique bem claro
que ele vem se quiser vir.
O SR. PRESIDENTE
(Romário. Bloco Socialismo e Democracia/PSB - RJ) – Convite é isso. Em
princípio, é isso.
O SR. JOÃO
ALBERTO SOUZA (Bloco Maioria/PMDB - MA) – Está bom, se é um convite para
vir apenas se quiser, se tiver alguma coisa a esclarecer... Não é isso?
O SR. PRESIDENTE
(Romário. Bloco Socialismo e Democracia/PSB - RJ) – Não querer vir é um
direito deles. Dependerá desta Comissão tomar outras providências ou não.
O SR. JOÃO
ALBERTO SOUZA (Bloco Maioria/PMDB - MA) – Está bem. Eu concordo,
Presidente.
O SR. PRESIDENTE
(Romário. Bloco Socialismo e Democracia/PSB - RJ) – Algum outro Senador?
O SR. DONIZETI
NOGUEIRA (Bloco Apoio Governo/PT - TO) – Eu estava com essa dúvida, mas foi
esclarecida. É convite.
O SR. PRESIDENTE
(Romário. Bloco Socialismo e Democracia/PSB - RJ) – Claro.
O SR. DONIZETI
NOGUEIRA (Bloco Apoio Governo/PT - TO) – Se ele quiser vir...
O SR. PRESIDENTE
(Romário. Bloco Socialismo e Democracia/PSB - RJ) – Ampliar o convite, no
mínimo, para todos os presidentes dos clubes.
O SR. DONIZETI
NOGUEIRA (Bloco Apoio Governo/PT - TO) – Agora ficou claro, Presidente. A
dúvida foi esclarecida.
O SR. OMAR AZIZ (Bloco
Maioria/PSD - AM) – Sr. Presidente.
O SR. DONIZETI
NOGUEIRA (Bloco Apoio Governo/PT - TO) – Acho que, como é convite, eles
virão. Haverá cidadãos e cidadãs aqui que, de repente, a gente terá que
convocar, mas eles estarão na condição de convidados.
O SR. PRESIDENTE
(Romário. Bloco Socialismo e Democracia/PSB - RJ) – Exatamente. Em
princípio, é isso.
O SR. OMAR AZIZ (Bloco
Maioria/PSD - AM) – Sr. Presidente, eu quero dizer aos Srs. Senadores que o
objetivo principal da CPI não é só achar culpados, mas achar soluções, e, para
nós acharmos soluções, precisamos ouvir o maior número de pessoas possível.
Então, acho que os presidentes de federações têm muito
a nos dizer aqui, porque você conta nos dedos de uma mão só quem realmente está
presidindo uma federação com decência, com transparência, como deve ser feito
no futebol brasileiro. Apesar de ser uma instituição privada, sem ingerência,
sem recursos públicos, ele é um patrimônio brasileiro.
Por isso, no final deste relatório... Eu achei muito
boa essa convocação para quarta-feira que vem, Presidente Romário, porque eu
acho que é com esse debate que nós poderemos construir um relatório final
apresentando propostas importantes para o futebol, para as mudanças que devem
ocorrer.
Há algumas mudanças que eu acho que o futebol
brasileiro merece ter. O tratamento dado aos clubes da Série A é um tratamento
desigual em relação aos outros clubes que vem da Série B, da Série C, da Série
D e a alguns que não estão em série alguma, até porque futebol não é só os 20
clubes da Série A. Nós não podemos só discutir os 20 clubes da Série A. Esses
20 clubes da Série A hoje não conseguem formar uma seleção brasileira. Se a gente
não trouxer jogadores de fora do País para participar, nós não conseguimos
formar.
Acho prematura a saída de jovens, crianças, do Brasil
para jogar fora. Acho prematura. Até porque muitas dessas crianças que estão
indo jogar no futebol europeu depois voltam para a Seleção Brasileira sem ter
afinidade nenhuma, sem a gente sequer saber quem são. Hoje mesmo eu vi,
espantado, um brasileiro se negar a vir defender a Seleção Brasileira para se
tornar cidadão alemão. Ele se negou. Ele pediu para ser desconvocado. Veja a
que desrespeito se chegou àquilo por que todos nós temos muito orgulho. Temos
orgulho de pessoas como você, Romário, que foi tetracampeão mundial, que nos
deu muita alegria, mas muita tristeza também, pois não era nada bom quando
fazia gol contra o meu time.
Mas eu quero dizer o seguinte: nós precisamos ter um
relatório final não apenas achando responsáveis. O mais importante desta CPI é
nós encontrarmos também a opinião de diversos segmentos que possam contribuir
para que a gente possa fazer um relatório e apresentá-lo à sociedade
brasileira. E aquelas pessoas que cometeram alguma coisa errada ou não nós
iremos encaminhar aos órgãos competentes para que eles possam tomar as
providências. Mas eu acho que é essa a grande contribuição que nós podemos dar.
Então, hoje eu fiquei realmente triste, Senador
Romário, por ver um jovem jogador brasileiro convocado se negar a vir jogar
pela seleção brasileira por preferir ter a nacionalidade alemã. Nem se cogitava
isso antigamente, mas é isso, a saída de crianças e jovens prematuramente para
jogar no futebol europeu, porque virou um negócio muito grande, muito forte, e
que quem sofre com isso é a seleção brasileira de futebol.
O SR. DONIZETI
NOGUEIRA (Bloco Apoio Governo/PT - TO) – Presidente, pela ordem.
O SR. PRESIDENTE
(Romário. Bloco Socialismo e Democracia/PSB - RJ) – Antes de V. Exª falar,
Senador, eu queria só fazer um comentário ao Senador João Alberto. Não sei se o
senhor está a par, se o senhor é sabedor de que existe uma possibilidade muito
grande, ou melhor, uma vontade grande de alguns clubes do Rio, de São Paulo,
Minas, de Porto Alegre, do Paraná, de Santa Catarina, enfim, de fazerem um
campeonato paralelo aos campeonatos estaduais, por exemplo. Esse também pode
ser um motivo para que esses presidentes desses clubes que tiverem vontade
possam vir a esta Comissão esclarecer aos membros desta Comissão algumas
dúvidas que possamos ter.
Então, o meu objetivo, com esse requerimento, é trazer
presidentes de clubes ou de federações para que a gente trazer coisas
positivas. Eu acredito que essas pessoas que vivem no futebol há muitos anos
têm muito o que nos contar, têm muito para nos falar e têm muito a responder
para nós, e acredito que a melhor oportunidade que nós podemos ter, nesses
últimos anos, é esta CPI.
Era isto que eu tinha a falar para V. Exª e para todos
os outros.
E uma coisa que eu quero deixar bem clara aqui é que o
meu objetivo, como Presidente desta CPI, é, eu acredito, o objetivo de todo
brasileiro decente, correto, que queira realmente uma melhora, uma repaginação
e, principalmente, uma moralização do nosso futebol.
Eu entendo que esse não é o pensamento de todos, mas é
o meu. Portanto, eu, que estou aqui desde o primeiro dia de abertura desta CPI,
lutarei, no bom sentido da palavra, com todas as minhas armas para que a gente
possa conseguir fazer aqui, nesta CPI, um relatório que seja positivo e para
que, em relação àqueles que são culpados por cometerem infrações, crimes e se
enriquecerem ilicitamente, a Polícia Federal, o Ministério Público, o TCU, seja
lá qual for o órgão responsável, tome as suas providências reais e necessárias.
Passo a palavra ao Senador Donizeti Nogueira.
O SR. DONIZETI
NOGUEIRA (Bloco Apoio Governo/PT - TO) – Primeiro, quero reconhecer que os
requerimentos que V. Exª traz hoje aqui, Presidente, vão dar uma contribuição
muito grande. Depois, a fala do Senador Omar, com sabedoria, sobre a
importância que podem ter essas pessoas que estão na lida do dia a dia com o
futebol brasileiro... Quero recordar, e reconheço, por exemplo, o trabalho do
ex-Senador Leomar Quintanilha na Federação de Futebol do Tocantins. Ali se vê
um trabalho de dedicação, de sacrifício para manter o futebol daquele Estado,
no nosso Estado, como é mantido. Então, pode haver alguns presidentes que não
pautem pela seriedade, mas penso que, por exemplo, o Senador Leomar Quintanilha
é uma pessoa que, por tudo que conheço, trabalha com muita seriedade e muita
dedicação.
Esta reunião de hoje, para mim, parece apontar para o
fato, Senador Omar Aziz, Senador Presidente e demais Senadores, de que podemos
dar uma contribuição muito grande para o Brasil, para o futebol brasileiro,
deixando registrado, como um marco, que o futebol é patrimônio do povo
brasileiro e não pode ser apropriado por alguns que querem se locupletar desse
patrimônio e enriquecer, lícita ou ilicitamente, em desfavor do povo
brasileiro.
Então, saio desta reunião de hoje, Senador Romário,
muito mais convicto de que temos um papel muito importante para cumprir aqui,
menos de punir e mais para dar rumo a isso que é tão caro, tão importante e que
faz parte da alma do povo brasileiro, que é o futebol.
Então, fico muito honrado de estar aqui e satisfeito
com o rumo que temos visto no sentido de colher bons frutos e resultados desta
CPI.
Obrigado.
O SR. PRESIDENTE
(Romário. Bloco Socialismo e Democracia/PSB - RJ) – Obrigado, Senador.
Na verdade, nós, que estamos acompanhando ultimamente
os noticiários, vemos que o nosso futebol vem realmente vivendo momentos de
vergonha. O Presidente da CBF, o principal responsável pela entidade maior do
nosso futebol, não aparece nem nos seus compromissos na FIFA, em reuniões
importantes da participação do futebol brasileiro nas nossas Olimpíadas do ano
que vem.
Então, por aí, temos a ideia de que esse senhor está
totalmente fora do contexto no que se refere a seriedade, a honestidade, e,
pelo que estou vendo das atitudes que ele ultimamente vem tomando, ele tem
total consciência de que tem culpa em muitas coisas negativas e erradas que vêm
acontecendo no nosso futebol. Espero que possamos resolver esse problema o mais
rapidamente possível, porque não é uma atitude digna, não é a atitude que se
espera de um verdadeiro presidente de uma confederação, principalmente da
nossa.
Em relação a esse assunto, Senador Omar, este é o
momento que vivemos. Realmente, é triste. As pessoas não têm mais respeito pelo
nosso futebol, as pessoas não acreditam mais no nosso futebol, porque aqueles
que comandam dão os piores exemplos, e nós temos que ficar passando por tudo
isso que temos visto e acompanhado todos os dias, pois praticamente toda hora
há uma notícia negativa.
Nós, como Parlamentares que estamos tendo a
oportunidade de participar desta CPI, como V. Exª acaba de citar, temos que
sair daqui com algum tipo de resultado positivo, não apenas punindo os que têm
que ser punidos, mas principalmente dando um rumo diferente ao nosso futebol,
levando algumas ideias, com a nossa experiência... Falo isto por mim, por ter
sido jogador de futebol durante muitos anos. Todos que têm alguma relação
direta ou indireta com o futebol querem ver o futebol de uma maneira diferente
da atual.
O SR. JOÃO
ALBERTO SOUZA (Bloco Maioria/PMDB - MA) – Presidente.
O SR. PRESIDENTE
(Romário. Bloco Socialismo e Democracia/PSB - RJ) – Senador João Alberto.
O SR. JOÃO
ALBERTO SOUZA (Bloco Maioria/PMDB - MA) – Quero voltar à linha anterior.
Acho que sou dirigente de futebol há mais de 30 anos. Eu considero o dirigente
um sacrificado. Vivemos, hoje, no país do denuncismo. Faz-se denúncia sem nenhuma
comprovação.
Eu já participei de muitas CPIs nesta Casa. Estou aqui
no Congresso desde 1979 e já vi de tudo. Sou Presidente do Conselho de Ética e
Decoro Parlamentar do Senado. Recebo muitas denúncias, porque nós estamos
vivendo na época do denuncismo, mas, se alguém não trouxer uma denúncia
comprovada, eu não dou seguimento à denúncia. Notícias de jornais, notícias de
revistas são escritas, mas eu quero é a comprovação da denúncia. Ora, se eu
chegasse a publicar o nome de qualquer Senador, eu estaria levando à opinião
pública o nome de um colega nosso, coisa que eu não faço sem uma comprovação.
Falamos muito de futebol, mas não olhamos a abnegação
dos seus dirigentes. Evidentemente, há problemas. Em todo segmento social há o
bom e há o ruim, mas eu vejo o futebol do Brasil como um dos mais organizado do
mundo. Daí essa conquistas sucessivas do Brasil. E quando saímos de uma Copa do
Mundo em quarto lugar, achamos que fomos os grandes derrotados, porque nós já
nos acostumamos a ser os primeiros.
Eu estou aqui para colaborar. Eu acho que um convite às
pessoas é interessante, porque elas vêm aqui dar o seu conhecimento para
melhorarmos o nosso futebol, mas nós nos pautarmos por notícias de jornais? V.
Exª me desculpe, Presidente, mas eu não aceito isso jamais se não houver uma
comprovação.
O SR. PRESIDENTE
(Romário. Bloco Socialismo e Democracia/PSB - RJ) – Senador, não sei se
felizmente ou infelizmente, mas discordo com cem por cento do que o senhor
acabou de falar, de praticamente tudo, de todo o seu discurso.
Primeiro, o nosso futebol não é organizado; ele é um
dos mais desorganizados do mundo.
Segundo, não temos dirigentes bons e ruins; temos ruins
e péssimos. Esta é a minha opinião. V. Exª tem a sua opinião e eu tenho a
minha.
Terceiro, uma seleção brasileira disputar uma Copa do
Mundo em casa e tomar de sete a um e ficar em quarto lugar numa Copa do Mundo
no Brasil? Se V. Exª achar que isso é um resultado positivo, desculpe-me, mas
eu não posso acreditar que o senhor tenha tido a experiência de dirigir algum
clube de futebol, porque isso não entra na cabeça de ninguém, principalmente na
minha, já que joguei futebol muitos anos, e, por sinal, muito bem, inclusive –
desculpe-me a ausência de modéstia–, e sou conhecedor de todos os problemas que
existem no futebol brasileiro e tenho, inclusive, alguns conhecimentos do
futebol mundial.
Agora, em relação às denúncias que acontecem nos
jornais, por exemplo... O senhor não pode dizer que não seja verdade que o
Marco Polo Del Nero é ladrão, é safado, é desonesto, é corrupto...
(Intervenção
fora do microfone.)
O SR. PRESIDENTE
(Romário. Bloco Socialismo e Democracia/PSB - RJ) – É um direito de V. Exª, mas eu estou
dizendo...
O SR. JOÃO
ALBERTO SOUZA (Bloco Maioria/PMDB - MA. Fora
do microfone.) – V. Exª era profissional, ganhava dinheiro para jogar.
O SR. PRESIDENTE
(Romário. Bloco Socialismo e Democracia/PSB - RJ) – Ele não é profissional
para ganhar dinheiro do jeito que ganha.
O SR. JOÃO
ALBERTO SOUZA (Bloco Maioria/PMDB - MA) – Eu nunca ganhei dinheiro para
dirigir clube.
O SR. PRESIDENTE
(Romário. Bloco Socialismo e Democracia/PSB - RJ) – Mas ele não é
profissional para ganhar o dinheiro que ele ganha ilicitamente. Ele teria que
fazer o papel dele como Presidente da Federação Paulista e, hoje, da
Confederação Brasileira, o que ele, infelizmente, não faz, tanto é que está aí,
e não sou eu que estou dizendo.
Ontem, houve uma reunião importante da FIFA. Ele seria
obrigado a estar lá representando uma comissão que foi feita em relação às
Olimpíadas do ano que vem, no que se refere ao futebol, mas ele não foi, porque
ele tem medo de sair do Brasil e, automaticamente, ser preso.
Então, esse senhor – com todo o respeito que tenho por
V. Exª, pelo seu histórico – para mim, não presta, esse senhor, para mim, é
imoral, esse senhor, para mim, é um dos cânceres que nós temos no futebol, e
câncer tem que ser extirpado, e eu serei aqui um presidente desta CPI que fará
tudo para que realmente isso aconteça, porque ele é, realmente, hoje, o grande
mal do nosso futebol. Isso aí é o que eu posso atestar e afirmar a V. Exª, cem
por cento, independentemente, inclusive, do que pensam V. Exª e outros.
O SR. JOÃO
ALBERTO SOUZA (Bloco Maioria/PMDB - MA) – Presidente, o senhor me desculpe
– eu louvo V. Exª, já torci muito por V. Exª – ...
O SR. PRESIDENTE
(Romário. Bloco Socialismo e Democracia/PSB - RJ) – Eu lhe agradeço.
O SR. JOÃO
ALBERTO SOUZA (Bloco Maioria/PMDB - MA) – ..., mas nós estamos na CPI. Somo
juízes aqui. V. Exª não pode externar a opinião que está externando.
O SR. PRESIDENTE
(Romário. Bloco Socialismo e Democracia/PSB - RJ) – Já externei.
O SR. JOÃO
ALBERTO SOUZA (Bloco Maioria/PMDB - MA) – Mas V. Exª, então...
O SR. PRESIDENTE
(Romário. Bloco Socialismo e Democracia/PSB - RJ) – É porque V. Exª vem
aqui pela primeira vez, mas eu já externo isso desde que cheguei a Brasília.
O SR. JOÃO
ALBERTO SOUZA (Bloco Maioria/PMDB - MA) – Mas V. Exª não pode! Aqui, nesta
CPI, V. Exª é juiz! Nós somos juízes! Nós vamos julgar, Presidente! V. Exª está
extrapolando! Nenhum de nós aqui pode dar a opinião que V. Exª está dando!
O SR. PRESIDENTE
(Romário. Bloco Socialismo e Democracia/PSB - RJ) – Todos podem dar sua
opinião, sim.
O SR. JOÃO
ALBERTO SOUZA (Bloco Maioria/PMDB - MA) – Não, Presidente!
O SR. PRESIDENTE
(Romário. Bloco Socialismo e Democracia/PSB - RJ) – Podemos, sim.
O SR. JOÃO
ALBERTO SOUZA (Bloco Maioria/PMDB - MA) – Nós vamos julgar!
O SR. PRESIDENTE
(Romário. Bloco Socialismo e Democracia/PSB - RJ) – Isso não é opinião,
não, Senador.
O SR. JOÃO
ALBERTO SOUZA (Bloco Maioria/PMDB - MA) – Com que isenção V. Exª vai
julgar?
O SR. PRESIDENTE
(Romário. Bloco Socialismo e Democracia/PSB - RJ) – V. Exª está equivocado.
Eu não estou dando opinião; eu estou afirmando que ele é ladrão. Estou
afirmando que ele não presta, estou afirmando que ele tem que ser preso, e será
preso. Que assim seja! É a vontade de todos. Mas respeito V. Exª.
O SR. JOÃO
ALBERTO SOUZA (Bloco Maioria/PMDB - MA) – Mas V. Exª, como juiz... Um juiz
dessa maneira, Presidente? V. Exª me desculpe! Já participei de inúmeras
comissões de inquérito aqui, e das maiores...
O SR. PRESIDENTE
(Romário. Bloco Socialismo e Democracia/PSB - RJ) – Eu não. Esta é a minha
primeira.
O SR. JOÃO
ALBERTO SOUZA (Bloco Maioria/PMDB - MA) – E sou ainda Presidente de um
Conselho de Ética. Lá, eu não me pronuncio jamais. E nenhum companheiro meu
pode se pronunciar, como V. Exª está se pronunciando. Que me desculpe V. Exª!
O SR. PRESIDENTE
(Romário. Bloco Socialismo e Democracia/PSB - RJ) – Eu respeito todas as
opiniões que as pessoas têm, principalmente a de V. Exª, mas essa é realmente a
minha opinião, é o que eu penso desde que esse senhor assumiu a CBF. Nada vai
me fazer retirar essas palavras.
O SR. JOÃO
ALBERTO SOUZA (Bloco Maioria/PMDB - MA) – Então, V. Exª é suspeito para ser
Presidente desta Comissão.
O SR. PRESIDENTE
(Romário. Bloco Socialismo e Democracia/PSB - RJ) – Isso é o que V. Exª
entende, não é? Isso é o que V. Exª entende. Eu tenho que respeitar a sua
opinião.
Outra coisa: eu tenho apenas nove meses de mandato e
estou tendo a oportunidade e a honra de presidir não só a Comissão de Educação,
Cultura e Esporte, mas também esta Comissão, que tem como objetivo maior
moralizar o futebol.
Quero dizer a V. Exª que, independentemente do tempo em
que eu estou aqui ou da minha idade, eu me sinto um verdadeiro representante e
com total autonomia para estar onde estou. Com todo respeito a V. Exª e ao que
o senhor pensa em relação às minhas atitudes e às minhas palavras, eu chego em
casa e vou dormir tranquilo quando boto a minha cabeça no travesseiro. Só para
o senhor saber.
Temos aqui...
O SR. DONIZETI
NOGUEIRA (Bloco Apoio Governo/PT - TO) – Vamos votar os requerimentos?
O SR. PRESIDENTE
(Romário. Bloco Socialismo e Democracia/PSB - RJ) – Temos aqui os
requerimentos.
Primeiro, vamos voltar ao Requerimento nº 91.
Os Srs. Senadores que o aprovam permaneçam como se
encontram. (Pausa.)
O Requerimento está aprovado.
O SR. JOÃO
ALBERTO SOUZA (Bloco Maioria/PMDB - MA) – Qual é o requerimento, Presidente?
O SR. PRESIDENTE
(Romário. Bloco Socialismo e Democracia/PSB - RJ) – É o Requerimento nº 91,
requerimento, que foi lido, relativo aos presidentes dos clubes.
O SR. JOÃO
ALBERTO SOUZA (Bloco Maioria/PMDB - MA) – De convite.
O SR. PRESIDENTE
(Romário. Bloco Socialismo e Democracia/PSB - RJ) – Sim, é um convite.
O SR. JOÃO
ALBERTO SOUZA (Bloco Maioria/PMDB - MA) – Para quem quiser comparecer,
evidentemente.
O SR. PRESIDENTE
(Romário. Bloco Socialismo e Democracia/PSB - RJ) – Vou ler o requerimento:
Requerimento nº 91/2015.
Requer
alteração da segunda rodada para oitivas do Plano de Trabalho formulado pelo
Relator, de modo a ampliar o convite, no mínimo, para todos os Presidentes dos
Clubes que disputam a Série A do Campeonato Brasileiro.
Esse é o requerimento.
Passamos agora à apreciação mediante votação pelo
processo nominal...
O SR. OMAR AZIZ (Bloco
Maioria/PSD - AM) – Sr. Presidente, para contribuir um pouco com o debate, nós
estamos chamando os dirigentes, convidando os dirigentes da Série A...
O SR. PRESIDENTE
(Romário. Bloco Socialismo e Democracia/PSB - RJ) – Na verdade, Senador...
O SR. OMAR AZIZ (Bloco
Maioria/PSD - AM) – Eu também queria, depois, se V. Exª pudesse, ouvir não
todos os dirigentes da Série B, da Série C e das outras séries, mas alguns,
para que eles pudessem embasar a gente para o relatório final do Senador Romero
Jucá, porque a gente não pode fazer um relatório apenas penando na elite do
futebol brasileiro; nós temos que fazer um relatório pensando no futebol como
um todo.
O SR. DONIZETI
NOGUEIRA (Bloco Apoio Governo/PT - TO) – Na verdade, talvez fosse o caso de
convidar um por região.
O SR. OMAR AZIZ (Bloco
Maioria/PSD - AM) – Sim, porque eu acho que eles podem dar uma contribuição.
Uma coisa é você ser dirigente de um clube como o Flamengo, como o Corinthians,
de grandes times, como o São Paulo, de outros grandes clubes...
O SR. PRESIDENTE
(Romário. Bloco Socialismo e Democracia/PSB - RJ) – do América.
O SR. OMAR AZIZ (Bloco
Maioria/PSD - AM) – ... que recebem aí, só de televisão, R$80 milhões, R$100
milhões, R$120 milhões por ano; outra coisa é ser dirigente de um clube que não
tem R$200 mil para pagar a folha no final do mês.
O SR. JOÃO
ALBERTO SOUZA (Bloco Maioria/PMDB - MA) – Como o Bacabal, lá da minha
cidade.
O SR. OMAR AZIZ (Bloco
Maioria/PSD - AM) – Como o América, lá do Rio. O Romário é do América. Ele só
diz que era América depois que passou pelo Flamengo, pelo Fluminense, pelo
Vasco. Depois, ele inventou, no final da carreira, que era América. Até então
ele não falava o que era. Hoje não. Hoje ele não é mais América, mas do Rio de
Janeiro, Senador do Rio de Janeiro.
Mas eu quero dizer, Senador Romário, que eu acho que
eles poderiam dar uma contribuição. É importante a vinda, e eu espero que todos
aceitem o convite para vir aqui colocar sua experiência da Série A...
Veja que o futebol de Santa Catarina tem um
deferencial: quatro times na Série A. Santa Catarina tem mais clubes na Série A
do que Minas, Rio, Rio Grande do Sul. São Paulo tem o mesmo número de times na
Série A. Então, Santa Catarina é uma referência positiva. O Criciúma está na
Série B, disputando a Série B.
É importante ouvir o Presidente da Federação ou quem
conseguiu fazer com que Santa Catarina chegasse a esse patamar. Não são times
de ponta, mas estão ali. São medianos e surpreendem. Estão de parabéns! Eu vi o
Figueirense disputando a Série D com o São Raimundo, em Manaus, para tentar
chegar à Série C,e hoje ele está na Série A.
Então, se essas experiências que a Federação ou os
clubes passaram foram boas para Santa Catarina, por que não podem ser boas para
outros Estados também? Para Roraima, do Senador Jucá, para o Maranhão, que tem
o Sampaio Correia, que está em quinto ou sexto lugar, bem em cima, na Série B.
Mas o Maranhão também fez uma reformulação boa nos últimos anos, deu uma
crescida o futebol do Maranhão. Tocantins, do Senador Donizeti, Piauí e outros
Estados brasileiros, que têm times que estão na Série B ou na Série C.
Senador Romário, convidar todos, não, é impossível
convidar todos, mas acho que podemos convidar aqueles dirigentes que tiveram
uma experiência boa e positiva, para trazerem para nós.
O SR. PRESIDENTE
(Romário. Bloco Socialismo e Democracia/PSB - RJ) – Boa ideia, Senador! Eu
concordo plenamente. Cada um poderia fazer um requerimento e chamar aqui um do
seu Estado, no caso, do Maranhão, do Amazonas, do Piauí, de Pernambuco, do
Ceará. O Senador Humberto é de Pernambuco.
Aprovado o Requerimento nº 91, de 2015.
Passamos à apreciação, mediante votação pelo processo
nominal, dos três requerimentos que envolvem transferência de sigilo, itens 5,
7 e 8. Podemos votar todos em bloco, desde que por votação nominal.
ITEM 5
Requerimento
Nº 83/2015
Transferência dos
sigilos bancário e fiscal de José Maria Marin.
Autoria:
Senador Paulo Bauer
ITEM 7
Requerimento
Nº 88/2015
Requer
informações bancárias e fiscais de José Natalio Margulies
Autoria:
Senador Romário
O SR. CIRO
NOGUEIRA (Bloco Apoio Governo/PP - PI) – Pergunto ao senhor, que é o autor
do requerimento, quem é essa criatura.
O SR. PRESIDENTE
(Romário. Bloco Socialismo e Democracia/PSB - RJ) – Na verdade, é um senhor
cuja prisão o FBI está pedindo. Ele é brasileiro.
O SR. ROMERO
JUCÁ (Bloco Maioria/PMDB - RR) – Ele está foragido e está envolvido nessa
questão da FIFA.
O SR. PRESIDENTE
(Romário. Bloco Socialismo e Democracia/PSB - RJ) – O item 8 é de autoria
do Senador Paulo Bauer.
ITEM 8
Requerimento
Nº 89/2015
Requer sejam
solicitadas ao COAF as informações financeiras de José Maria Marin, no período
de 12/03/2012 até a sua prisão na Suíça em 30/05/2015.
Autoria:
Senador Paulo Bauer
Como votam os Senadores?
O SR. ROMERO
JUCÁ (Bloco Maioria/PMDB - RR) – Favorável, Sr. Presidente. A relatoria dá
o parecer favorável.
O SR. PRESIDENTE
(Romário. Bloco Socialismo e Democracia/PSB - RJ) – Senador Humberto Costa.
O SR. HUMBERTO
COSTA (Bloco Apoio Governo/PT - PE. Fora
do microfone.) – Favorável, Sr. Presidente.
O SR. PRESIDENTE
(Romário. Bloco Socialismo e Democracia/PSB - RJ) – Senador Ciro Nogueira.
O SR. CIRO
NOGUEIRA (Bloco Apoio Governo/PP - PI. Fora
do microfone.) – Favorável.
O SR. PRESIDENTE
(Romário. Bloco Socialismo e Democracia/PSB - RJ) – Senador Omar Aziz.
Senador João Alberto.
O SR. JOÃO
ALBERTO SOUZA (Bloco Maioria/PMDB - MA. Fora
do microfone.) – Com o Relator.
O SR. PRESIDENTE
(Romário. Bloco Socialismo e Democracia/PSB - RJ) – Senador Paulo Bauer.
O SR. PAULO
BAUER (Bloco Oposição/PSDB - SC) – Favorável.
O SR. PRESIDENTE
(Romário. Bloco Socialismo e Democracia/PSB - RJ) – Senador Romero Jucá.
O SR. ROMERO
JUCÁ (Bloco Maioria/PMDB - RR) – Favorável.
O SR. PRESIDENTE
(Romário. Bloco Socialismo e Democracia/PSB - RJ) – Os requerimentos foram
aprovados por unanimidade.
Vou passar a palavra agora para o nosso Relator,
Senador Romero Jucá, que está prestes a se tornar um homem sério.
O SR. ROMERO
JUCÁ (Bloco Maioria/PMDB - RR) – Eu já sou, rapaz! (Risos.)
O SR. PRESIDENTE
(Romário. Bloco Socialismo e Democracia/PSB - RJ) – No bom sentido da
palavra.
O SR. ROMERO
JUCÁ (Bloco Maioria/PMDB - RR) – Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores,
cumprida a etapa de ouvir os jornalistas e também da aprovação dos
requerimentos, eu queria propor que o Presidente pudesse dar encaminhamento,
junto com a Comissão, para que, efetivamente, nós começássemos a ouvir os
membros de federações dos clubes de futebol, da forma como foi proposto, que
nós fizéssemos um calendário, queria propor ao Presidente que, como não estarei
aqui na semana após o meu casamento, funcionasse como Relator adjunto o Senador
Davi Alcolumbre, que poderia fazer esse trabalho durante essa semana.
Nós entraríamos na fase do trabalho de ouvir os
segmentos.
Já estamos recebendo informações dos sigilos que foram
quebrados, nós estamos trabalhando nessas informações, e, quando estiverem
identificadas algumas questões relevantes, nós faremos uma reunião secreta com
os membros da Comissão exatamente para discutir o resultado dessa quebra de
sigilo e compartilhar informações que são sigilosas, mas que devem ser de
conhecimento de todos os membros, no sentido de verificar as providências que
nós vamos tomar.
Portanto, esse seria o encaminhamento, Sr. Presidente,
que eu proporia.
O SR. HUMBERTO
COSTA (Bloco Apoio Governo/PT - PE) – Só uma pergunta: esses requerimentos
dos itens 8 e 9 foram retirados?
O SR. PRESIDENTE
(Romário. Bloco Socialismo e Democracia/PSB - RJ) – Foram retirados.
(Intervenção
fora do microfone.)
O SR. PRESIDENTE
(Romário. Bloco Socialismo e Democracia/PSB - RJ) – O item 8 não foi, só o
item 9.
O SR. ROMERO
JUCÁ (Bloco Maioria/PMDB - RR) – O item 8 foi aprovado. É pedido do Coafi.
O SR. HUMBERTO
COSTA (Bloco Apoio Governo/PT - PE) – Foi aprovado, não é?
O SR. PRESIDENTE
(Romário. Bloco Socialismo e Democracia/PSB - RJ) – Na verdade, o
requerimento do item 9 foi retirado...
O SR. ROMERO
JUCÁ (Bloco Maioria/PMDB - RR) – Os requerimentos aprovados foram os dos
itens 5, 7 e 8.
O SR. PRESIDENTE
(Romário. Bloco Socialismo e Democracia/PSB - RJ) – Esclarecido?
Algum Senador quer usar da palavra?
Nada mais havendo a tratar, agradeço a presença de
todos e convido para a próxima reunião, a ser realizada na próxima
quarta-feira, dia 30 de setembro de 2015, às 14h30, para ouvirmos, em audiência
pública, os Presidentes da Federação de Futebol de São Paulo, do Rio de
Janeiro, de Minas Gerais, do Espírito Santo e de Pernambuco.
Declaro encerrada a presente reunião.
Muito obrigado a todos pela presença.
(Iniciada às 15 horas e 16 minutos, a reunião
é encerrada às 15 horas e 52 minutos.)
SENADOR
ROMÁRIO
Presidente
29/09/2015 - 11ª Reunião - CPI do Futebol - 2015Horário 14:35
O SR. PRESIDENTE (Romário. Bloco Socialismo e Democracia/PSB - RJ) – Boa tarde a todos!
Havendo número regimental, declaro aberta a 11ª Reunião da Comissão Parlamentar de Inquérito criada pelo Requerimento nº 616, de 2015, com a finalidade de investigar a situação do futebol brasileiro.
Conforme convocação, a presente reunião destina-se à realização de audiência pública com Presidentes de federações estaduais de futebol, nos termos do plano de trabalho proposto pelo Relator, Senador Romero Jucá, para esclarecer aspectos de organização e funcionamento das entidades regionais de administração do desporto.
Esta audiência pública também tem fundamento no Requerimento nº 14, de 2015, de minha autoria, que convida os Presidentes das federações de futebol para contribuir com informações relativas ao objeto da CPI e apresentar sugestões para o aprimoramento legal e esportivo do futebol nacional.
Peço que componham a Mesa os seguintes convidados presentes: Sr. Rubens Lopes, Presidente da Federação de Futebol do Estado do Rio de Janeiro, e Sr. Castellar Modesto Guimarães Neto, Presidente da Federação Mineira de Futebol. (Pausa.)
Esta audiência pública será realizada em caráter interativo, com a possibilidade de participação popular. Por isso, as pessoas que tiverem interesse em participar com comentários ou perguntas poderão fazê-lo por meio do Portal e-Cidadania, no endereço www.senado.leg.br/ecidadania, e do Alô Senado, através do número 0800-612211.
Para organizar os nossos trabalhos, esclareço que, após a exposição inicial dos nossos convidados, a palavra será concedida aos Senadores na ordem da sua inscrição. Terão preferência para uso da palavra, na seguinte ordem, o Relator, o Presidente, os membros e os não membros.
Com o fim de organizar o tempo disponível nesta audiência pública, sugiro que cada convidado tenha dez minutos para sua exposição.
Concedo a palavra ao Sr. Rubens Lopes.
Antes, eu gostaria de agradecer a presença, nesta Comissão, dos Presidentes de duas das mais relevantes federações do nosso futebol e, claro, como não poderia ser diferente, como Presidente desta Comissão, de convidar todos, não só da Comissão, mas do Senado e do Brasil, a entenderem e ouvirem um pouco do que os senhores têm a dizer sobre o momento atual do nosso futebol.
Com a palavra o Sr. Rubens Lopes.
O SR. RUBENS LOPES – Boa tarde a todos!
Boa tarde, Presidente!
Agradeço, inicialmente, o convite para participar de um evento que tem como objetivo a melhoria do futebol brasileiro e, por consequência, de tudo que daí advém, dos nossos campeonatos estaduais de futebol.
Atendo-me à sua fala, eu acredito que eu talvez pudesse trazer uma contribuição bem mais efetiva, e espero que possa fazê-lo, de repente, numa nova oportunidade, para a qual eu me coloco aqui à disposição de V. Exª e da Comissão, para um retorno a esta Casa, para um retorno a esta Comissão, trazendo proposições e, quem sabe, podendo expor alguma coisa a mais.
Se nós dissermos que o futebol, no momento atual, está agradando a todos, certamente, a probabilidade de estarmos incorrendo em um erro será muito grande. Como é o esporte mais popular do nosso País, todos acham que entendem de futebol e todos, efetivamente, têm sugestões e diagnósticos para as mais variadas situações, diagnósticos esses nem sempre próximos da realidade, possivelmente por falta de subsídios para poder chegar a uma determinada conclusão.
Dentro dessa preliminar, eu acredito que a minha contribuição poderá ser um pouco mais efetiva, mais produtiva se eu responder as perguntas daqueles que as queiram fazer sobre qualquer tipo de assunto, não só especificamente em relação ao futebol do Estado do Rio de Janeiro, mas também ao futebol brasileiro.
Coloco-me aqui à disposição, Presidente, para responder a todas as perguntas. Eu acho que eu talvez possa dar uma contribuição muito melhor do que falar aleatoriamente sobre assuntos que às vezes até não venham a ser de interesse do Plenário.
O SR. PRESIDENTE (Romário. Bloco Socialismo e Democracia/PSB - RJ) – Muito bem, Presidente.
Passo a palavra agora ao Presidente da Federação Mineira, Sr. Castellar Modesto Guimarães Neto.
O SR. CASTELLAR MODESTO GUIMARÃES NETO – Boa tarde a todos!
Cumprimento V. Exª, Senador Romário, e agradeço o convite para participar dos trabalhos desta Comissão. Desde já, coloco-me à disposição para todas e quaisquer oportunidades que esta Comissão entender pertinentes a minha participação.
Eu gostaria, se V. Exªs me permitirem, de, dentro destes dez minutos, apenas apresentar alguns tópicos sobre a realidade do futebol mineiro, a realidade da nossa Federação.
Assumi a Federação há pouco mais de um ano, há um ano e dois meses. Tenho 32 anos, sou casado, advogado criminalista de formação há 10 anos. Sou especialista em Ciências Penais pela PUC e mestre em Direito Penal pela Universidade de Sorbonne, de Paris.
No ano passado, o Ministério Público do Estado de Minas Gerais ajuizou uma ação civil pública pleiteando a remoção daqueles dirigentes que estavam na Federação Mineira de Futebol. Determinou-se, portanto, uma intervenção judicial na Federação Mineira de Futebol, em meados do ano passado. Então, houve um processo eleitoral conduzido pelo juízo da 6ª Vara Cível da Comarca de Belo Horizonte, com participação efetiva do Ministério Público e de uma comissão eleitoral formada por membros da OAB, no qual apresentamos uma proposta justamente de renovação não só etária, mas principalmente mental, de muita transparência. E foi nesse contexto que a nossa chapa se viu alçada ao importante cargo de Presidente da Federação.
Eu encontrei, Sr. Presidente, uma entidade verdadeiramente sucateada. Não tenho vergonha de dizer isto. Eu tenho aqui uma pequena apresentação bem singela – se for do interesse de todos – sobre a forma como encontrei a entidade e a forma como ela se encontra um ano depois.
Encontrei um passivo tributário, naquela casa, de R$36 milhões, que, verdadeiramente, engessava o funcionamento da entidade, com inúmeros bloqueios. A entidade já não movimentava a conta corrente há algumas décadas. Tivemos uma boa oportunidade, tendo em vista a abertura do Refis, e aderimos ao Programa de Refinanciamento Público. Com isso, nós facilitamos nosso trabalho de auditoria, voltamos a movimentar a conta corrente, o que não era a realidade da Federação – hoje, os pagamentos são todos informatizados –, conseguimos incluir no Refis débitos que, acreditem, existiam naquela Federação desde 1963 e que não estavam prescritos, sendo, portanto, exigíveis, e reduzimos nosso passivo tributário de R$36 milhões para R$11 milhões.
Uma série de medidas foram tomadas ao longo deste último ano, na expectativa de melhorar nosso futebol local. Mudamos a sede, investimos de forma muito significativa em ações sociais... Este ano, fizemos uma parceria com o Unicef muito relevante para a gente, porque todos nós sabemos que o Unicef não empresta sua marca a qualquer entidade. Ele reconheceram naquela entidade, atualmente, uma possibilidade de engrandecimento de suas ações sociais, com alimentos, cadeiras de rodas, enfim. E investimos de forma muito significativa no futebol amador, que voltou a fazer preliminares nas grandes arenas em Belo Horizonte. Recentemente, tivemos, inclusive, a final do campeonato amador de Belo Horizonte. Dobramos as categorias de base, com campeonatos Sub-17 e Sub-15. Eu, particularmente, acho que a formação de novos talentos talvez seja a maior das sugestões para o atual momento do futebol. Hoje, nós incentivamos e temos cada vez mais clubes. E há outras questões de menos importância para esta Comissão.
Eu só queria, dentro deste contexto, trazer a V. Exªs alguns números, porque poucas pessoas conhecem a realidade de uma federação da grandeza da Federação de Minas Gerais.
Em Minas, nós temos 45 funcionários na Federação, 228 autônomos, 23 prestadores de serviço e 220 árbitros. Nós estamos falando aqui de 516 famílias que dependem, direta ou indiretamente, da Federação Mineira de Futebol. Não digo que dependam do futebol – nós sabemos que esse leque se amplia infinitamente –, mas da Federação Mineira de Futebol.
Temos, aproximadamente, 50 clubes profissionais no Estado de Minas Gerais e mais de 2.300 clubes amadores divididos em Belo Horizonte, porque nós temos um campeonato na capital, e nas mais de 190 ligas de futebol que nós temos em Minas, ao longo dos nossos 853 Municípios. Minas é um Estado do tamanho da França e, se não me engano, o Estado brasileiro com o maior número de Municípios.
São, aproximadamente, 89.800 atletas entre profissionais e amadores e inúmeros campeonatos organizados ou supervisionados pela Federação. Para V. Exªs terem uma ideia singela, apenas na capital, em Belo Horizonte, nós temos, aproximadamente, 80 jogos realizados nos finais de semana, o que é um número muito expressivo.
Tenho todo esse detalhamento aqui, caso V. Exªs tenham intenção de saber.
Apenas listei aqui.
Em Minas, nós realizamos, através da Federação Mineira de Futebol, o Campeonato Mineiro, o principal, do Módulo I, o da segunda divisão, o da terceira, o campeonato feminino estadual e fazemos a Taça BH, esta há mais de 30 anos.
Não sei se V. Exª, Sr. Presidente, teve oportunidade de jogar a Taça BH. Recentemente, tivemos a ideia de trocá-la por um formato Sub-17, e foram 5 clubes, pela primeira vez na história, que nós trouxemos de fora do País. Tivemos o Shandong Luneng, da China, tivemos o Nacional, do Uruguai, o Guaraní, do Paraguai, o Boston, dos Estados Unidos. Quarenta clubes disputaram a Taça BH. Além dos principais clubes do Brasil, tivemos sses clubes estrangeiros. É um torneio muito importante e significativo.
Temos, no nosso Estado, os Campeonatos Mineiros Sub-20, Sub-17 em duas divisões, e Sub-15, em duas divisões. Na capital, nós temos o campeonato adulto, que é feito em três divisões, o feminino, o júnior, em duas divisões, o juvenil e o infantil.
Só em Belo Horizonte, nós temos, aproximadamente, 1.234 jogos por ano, um número absolutamente expressivo, além de, aproximadamente, 654 campeonatos realizados no interior do Estado, através das ligas de futebol amador, que são, de uma forma ou outra, supervisionados ou incentivados pela Federação.
Eu tenho aqui – eu talvez informe isto em outro momento a V. Exªs – números bem detalhados do nosso Campeonato Mineiro de futebol. Muitas pessoas criticam e, às vezes sem informação, dizem que campeonatos estaduais são deficitários. Tenho aqui receitas líquidas que foram auferidas por cada um dos clubes que disputaram o nosso campeonato estadual, caso V. Exªs queiram conhecer a realidade do Campeonato Mineiro.
Assim como o Presidente Rubens bem disse, coloco-me à disposição dos senhores não só para esta oportunidade, mas para eventuais próximas, na expectativa de atender aos anseios desta Comissão.
Muito obrigado.
O SR. PRESIDENTE (Romário. Bloco Socialismo e Democracia/PSB - RJ) – Muito obrigado, Presidente.
Temos a presença do Senador Omar Aziz, um entusiasta do futebol e, segundo ele, artilheiro, fazedor de 1.860 gols, né?
(Intervenção fora do microfone.)
O SR. PRESIDENTE (Romário. Bloco Socialismo e Democracia/PSB - RJ) – Foram 1.842.
Passo a palavra ao Senador.
O SR. OMAR AZIZ (Bloco Maioria/PSD - AM) – Presidente, Senador Romário, quero cumprimentar o Presidente da Federação Mineira de Futebol, o Castellar, e o Dr. Rubens, Presidente da Federação de Futebol do Rio de Janeiro.
O Senador Romário teve a iniciativa de colher as assinaturas para criar esta CPI, que quer mostrar o que há de errado e aquilo que nós podemos propor, e a presença dos senhores aqui é mais propositiva, para podermos, depois, fazer um relatório e encaminhar ou fazer leis aqui que possam determinar o que deve ser feito.
Os campeonatos mineiro e carioca devem ter quase 100 anos. E, se você fizer uma análise, isto não é só em Minas, pois no Amazonas é a mesma coisa, assim como em São Paulo: o título fica com dois ou três times. No Rio, com quatro; em Minas, com dois. Uma vez ou outra dá uma zebra de outro time ser campeão.
Então, a participação dentro dos Estados já é diferenciada. O tratamento que o Atlético e o Cruzeiro têm em Minas, a torcida que o Atlético e o Cruzeiro têm em Minas não é parecida, nem de longe, com a do Caldense ou de outros times de Minas.
O que fazer para tornarmos um campeonato mais competitivo, em que não saibamos, mais ou menos, de antemão, quem vai ser o campeão regional? No Rio, fica restrito a Botafogo, Vasco, Fluminense e Flamengo. O título raramente não fica com um desses quatro clubes. Muito raramente.
O Rio tem formado times menores, times bons, com uma base boa, mas que, depois, são desfeitos, não conseguem se manter.
Eu estava elogiando, na última reunião da CPI, Santa Catarina por ter quatro times na primeira divisão, mais do que Minas, que só tem dois, mais do que o Rio Grande do Sul, mais do que o Rio, que tem três, e o mesmo tanto de São Paulo, que, parece-me, também tem quatro. E, se você for ver, nesses Estados de que estou falando, comparando com Santa Catarina, estão os campeões brasileiros das últimas edições do campeonato. Ou é carioca ou é paulista ou é mineiro ou é gaúcho, não sai disso, desses quatro Estados. Nós sabemos muito bem quem será o próximo campeão brasileiro: será de Minas, de São Paulo, do Rio Grande do Sul ou do Rio de Janeiro. Não sai disso, há muito tempo!
Quando vamos ver o repasse para os clubes, vemos que o Flamengo, pelos jogos televisionados, tem um repasse muito maior do que tem o Cruzeiro, por exemplo. O Corinthians, com certeza, também tem um repasse maior do que tem o Cruzeiro, do que tem o Fluminense, do que tem o Botafogo, do que tem o Vasco. O meu Botafogo está na segunda divisão, não dá nem para colocá-lo entre esses times.
A minha pergunta é o que a gente pode fazer para que a gente tenha um campeonato mais competitivo, que saia dessa mesmice. A cada ano que passa, ser campeão do Estado não tem mais o mesmo valor. Hoje, o objetivo não é nem ser campeão brasileiro, mas ser um dos times que que vão representar o Brasil na Libertadores. Esse é o foco dos principais clubes, porque a Libertadores passa mais dinheiro, o clube é mais remunerado. O que tenho de experiência é que os times menores que estão na Série A, quando caem para a Série B, caem completamente endividados!
Eu vejo que há uma renovação na Federação de Minas, pois você é um jovem... Isto é importante para o futebol, pois tem de haver renovação, é lógico, mas eu queria a opinião do Rubens e a sua, Castellar, em relação ao que podemos fazer para que a gente possa ter um campeonato pelo menos regional mais competitivo, porque o nacional... A gente vê esse campeonato, diz que ele é competitivo, mas vai chegar um momento em que alguém vai disparar. Sempre foi assim. Os últimos campeonatos, todos eles, têm demonstrado isto: o clube já é campeão por antecipação. Faltando duas, três ou quatro rodadas, Senador Romário, nós já sabemos quem será o campeão brasileiro. Aconteceu isto com o Cruzeiro, no bicampeonato, com o Corinthians... Um campeonato com 38 jogos tem de ter um bom time titular, mas tem de ter um bom banco, porque são muitos jogos, você tem de ter peças para substituir. Então, os times menores até começam bem, mas, depois, não têm como segurar jogador no campeonato. O jogador sai, o time vai sendo desmontado durante o campeonato e depois luta para não ser rebaixado. Isso acontece com os times menores, que não têm condições de segurar isso.
Essa nossa questão é muito importante, porque a nossa organização, do futebol... Você cita Minas, e o Rio de Janeiro também é um Estado que tem muitos clubes... Minas tem 850 Municípios. Cada Município desses tem, no mínimo, um time de futebol. Você fala em dois mil e poucos times de futebol. Imaginem dois mil times de futebol com um calendário somente no início do ano e ficando totalmente fechados no restante do ano. Você contrata um jogador para jogar três meses e depois o clube fica nove meses sem atividade. Vai para o campeonato regional, pode não ser deficitário para os grandes clubes, mas, com certeza, o é para os pequenos. E aí forma um time na marra para poder disputar o campeonato, para fazer parte daquele campeonato, mas sem nenhuma perspectiva de ganhar o título, sem nenhuma perspectiva de crescer, só por participar. Essa é a realidade da maioria dos Estados brasileiros, é a realidade da maioria das estruturas. Não é diferente.
Então, eu queria aqui pedir a opinião dos senhores sobre como melhorar essa competitividade dentro do próprio Estado e em que podemos ajudar aqui.
O SR. PRESIDENTE (Romário. Bloco Socialismo e Democracia/PSB - RJ) – Senador Wellington Fagundes, V. Exª gostaria de fazer alguma pergunta, de dar alguma sugestão para os nossos convidados?
O SR. WELLINGTON FAGUNDES (Bloco União e Força/PR - MT) – Bom, quero, primeiro, registrar a presença, Presidente. Mas quero dizer da satisfação de receber os dois convidados.
Como sempre temos insistido aqui, nosso objetivo é fazer com que o futebol brasileiro possa crescer, possa continuar sendo a paixão da sociedade brasileira.
Eu acho, principalmente, que vocês podem aqui estar contribuindo, apesar de a nossa vida ser muito agitada, mas é importante registrar que tudo isto aqui está sendo gravado. Portanto, isto aqui serve também para que nós depois possamos estudar.
Minha pergunta vai mais ou menos na linha da pergunta do Senador. O que os Estados do interior... Por exemplo, no meu Estado, o Mato Grosso, tivemos essa herança da mesma gestão por muito tempo e, ao invés de uma evolução, tivemos uma involução nos clubes, diminuiu o número de clubes. Às vezes, numa cidade do interior, consegue-se formar um time temporário, alguém investe, aquilo ali funciona por um tempo, mas depois também acaba.
Mas nosso Estado, o Mato Grosso, também foi subsede da Copa do Mundo, e o que se diz lá é que o Estado jogou dinheiro fora ao construir um estádio... Inclusive, nosso projeto foi um dos mais bem avaliados, tanto no projeto da arquitetura como no funcionamento durante os espetáculos, sem nenhum incidente durante a Copa do Mundo, sem nenhum problema. E até nos surpreendemos com a capacidade do próprio Estado de organizar o evento com uma boa nota, que o Mato Grosso acabou tendo.
Mas, de repente, vemos lá, em matérias na imprensa, só o lado negativo, só se mostra, por exemplo, o estádio abandonado... Antes, discutiu-se muito que esses estádios teriam muito resultado com atividades múltiplas, com outras atividades.
Eu gostaria de que vocês falassem um pouco dessa experiência de vocês.
Eu tive a oportunidade de, em Portugal, logo depois da Eurocopa, uns três anos depois, discutir muito com os organizadores, que transmitiram também essa preocupação, porque havia estádios que tinham que ser demolidos, porque não havia como custear aquilo.
Mas eu também fui ao Catar e vi toda uma estrutura sendo feita, com planejamento, e eles me disseram, inclusive, que alguns estádios já seriam construídos para serem desmontados depois e doados para países do Terceiro Mundo.
Então, com essa experiência, o que vocês poderiam falar do dia a dia aqui, que vocês podem contribuir, e também, claro, o nosso objetivo principal da CPI também é averiguar, investigar por que as coisas andaram mal ou por que estão mal e o que pode ser corrigido. Eu gostaria também de, mesmo não podendo ficar aqui, ter essa posição de vocês.
Muito obrigado.
O SR. JOÃO ALBERTO SOUZA (Bloco Maioria/PMDB - MA. Fora do microfone.) – Não.
Obrigado.
O SR. PRESIDENTE (Romário. Bloco Socialismo e Democracia/PSB - RJ) – Muito obrigado, Senador.
Senador João Alberto, V. Exª gostaria de...?
O SR. JOÃO ALBERTO SOUZA (Bloco Maioria/PMDB - MA) – Não.
Obrigado.
O SR. PRESIDENTE (Romário. Bloco Socialismo e Democracia/PSB - RJ) – Não.
Senador Paulo Bauer? (Pausa.)
Presidente, eu tenho aqui apenas, na verdade, algumas perguntas que eu vou fazer já para que, quando os senhores responderem, já respondam todas juntas.
A primeira é sobre a visão do senhor, a opinião sobre essa iniciativa da criação dessa liga independente que alguns desses clubes têm interesse de fazer, principalmente em relação ao Rio, Minas e algum Estado do Sul, não sei se Santa Catarina ou Rio Grande do Sul. O que vocês entendem... Qual seria o benefício e o prejuízo para os nossos campeonatos estaduais?
A outra pergunta é se os senhores têm algum conhecimento de alguma irregularidade praticada pela atual gestão da CBF. Se tiverem, possuem algum tipo de documento que comprove alguma denúncia?
E, para finalizar, qual a opinião dos senhores sobre o atual formato de venda de direitos de televisão na Série A do Campeonato Brasileiro? O senhor acha que esse modelo promove algum desequilíbrio entre os clubes?
Estas são as minhas perguntas.
Podemos começar com o Sr. Presidente Rubens.
O SR. RUBENS LOPES – Bom, eu peço licença para responder na ordem das perguntas.
Senador Omar, primeiramente, a previsibilidade do resultado, evidentemente, é um fator de desinteresse por uma competição. Se eu praticamente já sei quem vai ser o ganhador da luta, a atratividade desse evento não vai ser tão intensa.
Entretanto, em relação ao futebol, isso acontece no mundo inteiro. No mundo inteiro! Em Portugal – nós fizemos um levantamento dos últimos 50 anos de campeonato –, nós vamos ter Porto, Benfica e, uma vez ou outra, o Boavista.
(Intervenção fora do microfone.)
O SR. RUBENS LOPES – Na Inglaterra temos o Chelsea, o Manchester, o Liverpool, pontualmente. Na Espanha, a mesma coisa, o Real Madrid e o Barcelona. Na Itália, idem. Na Alemanha, idem. Então, no mundo inteiro, efetivamente, esse fenômeno acontece. E não é diferente no Brasil. Quase 80% dos campeonatos nacionais ficaram com o Rio ou São Paulo. Se nós somarmos os campeonatos do Rio e de São Paulo, vai dar quase 75%, por aí, em torno de 80% de todos os campeonatos.
Nos últimos cinco anos, das últimas dez competições nacionais, o Rio ganhou a metade. Mas isso não significa, de maneira nenhuma, que não se deva ou que não se tenha que não digo nem equilibrar isso, porque isso vai ser impossível, porque não se consegue equilibrar, por um motivo muito simples: econômico.
Eu vou misturar a estação em relação à comparação com Portugal e com o Catar.
Eu fui Presidente do Bangu. Num determinado ano, nós recebemos uma proposta para fazer um jogo no Catar. O clube recebeu uma cota, mas dentro do estádio não havia ninguém, literalmente, ninguém. Havia alguns camelos no entorno, na pista, e mais ninguém. Por quê? Porque o sheik queria treinar a sua seleção e levar para lá um time do Brasil fazer um determinado treinamento.
Então, esse fator econômico é decisivo por esse resultado que o senhor acabou de assinalar. É decisivo! E essa diferença enorme entre o que recebe mais e o que recebe menos provoca, efetivamente, esse desequilíbrio. Como é que nós podemos fazer um campeonato...
O SR. OMAR AZIZ (Bloco Maioria/PSD - AM) – Pois é. Vamos colocar aqui o Flamengo. O Flamengo recebe R$120 milhões pela transmissão dos jogos, pelo pay per view...
O SR. RUBENS LOPES – No Brasileiro.
O SR. OMAR AZIZ (Bloco Maioria/PSD - AM) – Recebe R$120 milhões por ano. Sabe quanto o Criciúma recebe? Recebe R$20 milhões.
O SR. RUBENS LOPES – Como equilibrar essas forças?
O SR. OMAR AZIZ (Bloco Maioria/PSD - AM) – Como você equilibra...
O SR. RUBENS LOPES – Como equilibrar isso?
O SR. OMAR AZIZ (Bloco Maioria/PSD - AM) – ... um time que ganha R$10 milhões por mês, como o Flamengo – R$120 milhões de transmissão de televisão dá R$10 milhões por mês –, com um time que ganha menos de R$2 milhões por mês? Para se manter na Série A, ele precisa pegar emprestado, endividar-se todo. Ele não se mantém na Série A, porque, se você for verificar, o número de pessoas assistindo aos jogos desses times que não vêm ao campeonato, vai ver que esse número caiu assustadoramente, o que compromete mais as finanças do clube.
Então, hoje, chegar à Série A um time de porte médio não é uma vitória, administrativamente. Há um grande risco de o time quebrar e levar 10 ou 15 anos para pagar a dívida. O Presidente da Federação disse que tem dívidas de 1960. Isso ninguém controla. Uma coisa é um cara passar 20 ou 30 anos numa federação...
Então, Rubens, eu posso ter interpretado de modo igual, mas pelo menos que o clube seja rebaixado, porque alguém vai ter que ser rebaixado, quatro deles serão rebaixados, mas que ele não chegue todo quebrado à Série B ou à Série C, e assim por diante.
O SR. WELLINGTON FAGUNDES (Bloco União e Força/PR - MT) – Sr. Presidente, pela ordem.
Como eu disse aqui, eu tenho outro compromisso e não tenho como faltar. Na verdade, eu fiz aqui uma explanação pequena e tenho duas perguntas. Vou passá-las a V. Exª, Sr. Presidente, e gostaria, se possível, que V. Exª pudesse passá-las para os dois Presidentes que aqui estão para que eles possam respondê-las. Se não for aqui, pode ser até por escrito, depois.
Obrigado.
O SR. PRESIDENTE (Paulo Bauer. Bloco Oposição/PSDB - SC) – O.k, Sr. Senador.
O SR. RUBENS LOPES (Fora do microfone.) – Posso continuar?
O SR. PRESIDENTE (Paulo Bauer. Bloco Oposição/PSDB - SC) – O senhor está com a palavra. Por favor.
O SR. RUBENS LOPES – Então, Senador, a variável econômica, financeira é fator decisivo para esse desequilíbrio. Enquanto isso não for corrigido, enquanto os clubes não entenderem que, nessa atividade comercial, você precisa do seu adversário, você precisa do outro... Eu posso ter um monopólio de supermercado, mas, no futebol, eu tenho que competir com alguém. Então, eu preciso de alguém para competir comigo. Isso não acontece na NBA. Por quê? "Ah, porque o sucesso da NBA..." Existe um equilíbrio financeiro. Lá não é permitido que um receba um milhão para entrar em campo e outro receba quinhentos mil para fazer o campeonato inteiro.
Então, a primeira coisa que os clubes deveriam fazer é repensar na sobrevivência do produto, porque é esse caminhar que, certamente, vai levar a cada vez menores...
O SR. OMAR AZIZ (Bloco Maioria/PSD - AM) – Mas não é a CBF que organiza o campeonato?
O SR. RUBENS LOPES – Mas a negociação com a televisão quem faz são os clubes.
O SR. OMAR AZIZ (Bloco Maioria/PSD - AM) – Pois é. Mas, agora, com a criação desse novo grupo do Sul, Sudeste...
O SR. RUBENS LOPES – Vamos falar nisso.
O SR. OMAR AZIZ (Bloco Maioria/PSD - AM) – Aliás, eu vi uma entrevista do Presidente do Flamengo em que ele dizia que vai entrar com o time reserva no Campeonato Carioca.Veja a que estão reduzindo o Campeonato Carioca.
O SR. RUBENS LOPES – Vamos chegar lá. Vou responder isso também.
Então, com relação à negociação com a televisão, abrindo aqui um parênteses, todos os contratos de transmissão são negociados pelos clubes, sem interferência de terceiros. O clube, diretamente, negocia com a televisão, seja no Campeonato Brasileiro, seja em competição regional ou competição estadual. E não querem permitir que os menores tenham condição de sobrevivência. E aí acontece isso tudo que o senhor está acabando de falar. Por quê? Como é que eu vou chegar para um profissional e dizer: "Atleta, o senhor quer jogar no meu time?" Primeiro, ele pergunta: "Por quantos meses eu vou ficar empregado? Quanto tempo vai durar o meu emprego? Eu não posso chegar lá e ficar dois meses empregado e, depois, ficar como um doido pensando em como vou sustentar a minha família o resto do ano."
Especificamente em relação ao Rio de Janeiro, esta cidade tem atividades o ano inteiro: ele sai da primeira divisão, ele joga a Copa Rio, que é classificatório para o Campeonato Brasileiro, para a Copa do Brasil, mas esse não é o quadro de todos os Estados brasileiros.
Então, a primeira coisa é você tentar corrigir esse desequilíbrio financeiro, e isso passa muito pela consciência desses clubes.
No que diz respeito, por exemplo – eu ouvi a sua frase –, ao Campeonato Carioca, campeonato regional, deficitário. Falando especificamente do Rio de Janeiro, o campeonato do Rio de Janeiro não é um campeonato deficitário. Se nós levarmos em conta que déficit se dá quando a despesa é maior do que a receita, isso não acontece no Rio. Por que não acontece isso? Porque a receita não pode ser especificamente a receita de bilheteria. Se não houvesse jogo, não haveria cota de televisão. Se não houvesse jogo, não haveria cota de patrocínio. Se não houvesse jogo, não haveria várias propriedades transformadas em recursos. Então, quando se fala em déficit, isso não se aplica ao Rio de Janeiro. Nós temos que desmistificar esse conceito, porque, se nós pegarmos... "Quanto você recebe para jogar um campeonato, por hipótese?" "Ah, eu recebo R$7,5 milhões para jogar um campeonato". "Quantas partidas são?" "Quinze. Eu ganho R$500 mil para entrar em campo". Isto independentemente da bilheteria, independentemente do patrocínio, da exposição da marca, etc, etc. Então, não é deficitário.
Agora, se nós quisermos focar: "Ah, só o que o bar vende..." Tá bom, porque a despesa que o jogo deu não dá. "Ah, só o que o ambulante vendeu..." Não pode. Então, necessariamente, temos que incluir todas as rubricas de receita para saber se é deficitário ou não, mas eu afirmo, com certeza, que isso não acontece no Rio de Janeiro para nenhum clube, grande ou pequeno, mas isto não significa, de forma nenhuma, que os menores não ganhem mal. Certamente, eles poderiam e deveriam ganhar muito mais.
Acho que talvez eu tenha respondido em parte a sua pergunta. O que fazer para melhorar? Corrigir o desequilíbrio financeiro que existe entre essas equipes. Esse é um ponto fundamental.
Calendário. O senhor falou aqui em calendário. Houve época em que não existia o campeonato brasileiro, competição nacional. Tínhamos um campeonato estadual durando o ano inteiro. Durava o ano inteiro em Minas. Cada Estado tinha o seu campeonato pelo tempo que melhor lhe aprouvesse, Isto na época do amadorismo, no início do profissionalismo, muito tempo depois.
Depois, começamos um torneio Rio-São Paulo, no qual entrou clube de Minas Gerais, e ele se transformou, então, no embrião do Campeonato Brasileiro. Houve um período em que o Campeonato Brasileiro ocupava metade do ano. Era um semestre para a competição nacional e outro semestre para o campeonato estadual. E aí os campeonatos regionais, os campeonatos estaduais foram, cada vez mais, encolhendo, foram, cada vez mais, perdendo data para as competições nacionais. Como se não bastasse, até as datas de escape, a Copa do Brasil passou a ter 84 clubes, sem nenhuma folga no meio de semana.
E o campeonato nacional contempla um número muito pequeno de clubes em relação à quantidade de clubes que existem no País inteiro!
O SR. OMAR AZIZ (Bloco Maioria/PSD - AM) – Mas qual o campeonato nacional de que você fala?
O SR. RUBENS LOPES – É do Campeonato Brasileiro que eu estou falando.
O SR. OMAR AZIZ (Bloco Maioria/PSD - AM) – Mas ele não é nacional!
O SR. RUBENS LOPES – Séries A, B, C, D...
O SR. OMAR AZIZ (Bloco Maioria/PSD - AM) – Não! Não! Não! O Campeonato Brasileiro de série A é de cinco ou seis Estados, não é do Brasil. Eu estou falando é no Brasil!
O SR. RUBENS LOPES – Mas, Senador...
O SR. OMAR AZIZ (Bloco Maioria/PSD - AM) – Quando você...
Só um minutinho.
O SR. RUBENS LOPES – Desculpe.
O SR. OMAR AZIZ (Bloco Maioria/PSD - AM) – Deixa eu lhe falar, Rubens: longe da gente debater aqui conhecimento, o seu, o meu... Não é isso. Nós queremos é... Eu acho que o equilíbrio é uma coisa importante. Em qualquer circunstância, o equilíbrio... Se eu disputar uma eleição para Governador e tiver muito menos dinheiro do que o meu adversário, com certeza, eu estarei quase que fadado a não ter êxito. Isso ocorre em qualquer situação. O equilíbrio financeiro é importante. Em qualquer disputa, o equilíbrio financeiro é importante. É um princípio básico, se se trata de um negócio...
O SR. RUBENS LOPES – Atividade econômica.
O SR. OMAR AZIZ (Bloco Maioria/PSD - AM) – É, financeiramente. Até porque hoje, com a Lei Pelé, clube não é mais proprietário de jogador, você pode investir o que for num jogador... Então, ninguém mais, nenhum clube hoje...
O SR. RUBENS LOPES – Outro fator.
O SR. OMAR AZIZ (Bloco Maioria/PSD - AM) – É um fator negativo.
O SR. RUBENS LOPES – Outro fator.
O SR. OMAR AZIZ (Bloco Maioria/PSD - AM) – Antigamente, o clube dava assistência odontológica, médica, tudo, mas hoje não. Vai gastar dinheiro com dentista, se o jogador não pertence ao clube, se ele vai embora em tantos anos? Ele assina um contrato de três anos e tchau e bênção, acabou. Não deve nada a ninguém, zero. O clube não tem por que investir, se empresários, hoje, estão fazendo isso pelo Brasil afora.
O SR. RUBENS LOPES – É uma distorção da lei.
O SR. OMAR AZIZ (Bloco Maioria/PSD - AM) – É uma distorção da lei.
A gente não debate isso aqui. Ninguém quer debater. Os maiores formadores dos jogadores brasileiros foram as bases dos clubes brasileiros, mas eles eram proprietários desses jogadores.
O SR. RUBENS LOPES – Concordo.
O SR. OMAR AZIZ (Bloco Maioria/PSD - AM) – Os craques saíram daí. Agora não há mais craques, é um ou outro que surge. O Romário veio daí, da base, mas teve todo o início da sua carreira financiado. Depois, ele se tornou o grande jogador que foi e hoje é um Senador da República que representa bem o Rio de Janeiro e o Brasil aqui.
Mas eu estou dizendo outra coisa para você. Por exemplo, você fala que o Campeonato Carioca não é deficitário. Mas isso é por causa dos jogos, que são transmitidos... A pay per view é comprada lá no Norte. Eu acho que há mais audiência com o Flamengo jogando...
O SR. RUBENS LOPES – O campeonato estadual é o que mais é visto em todas as cidades do Brasil.
O SR. OMAR AZIZ (Bloco Maioria/PSD - AM) – Sim.
Por quê? Porque é um campeonato que, aparentemente, tecnicamente, é superior aos outros, mas não é. Se fosse, não estaria na situação que está hoje.
O SR. RUBENS LOPES – Ouso discordar.
O SR. OMAR AZIZ (Bloco Maioria/PSD - AM) – Ouso dizer a você que o Vasco da Gama, que foi campeão carioca, um time que disputou e foi campeão carioca, está em penúltimo lugar. Então, ouso lhe dizer que o campeão carioca deste ano está prestes a ser rebaixado. Espero que não seja rebaixado, até porque respeito muito o trabalho deles.
O SR. RUBENS LOPES – Eu também.
O SR. OMAR AZIZ (Bloco Maioria/PSD - AM) – Não sou vascaíno, mas gosto do Vasco, tenho um carinho muito grande pelo Vasco. É um grande time que espero que não seja rebaixado. Mas o campeão carioca está em penúltimo lugar. E você vai dizer para mim...
O SR. RUBENS LOPES – É uma situação sazonal.
O SR. OMAR AZIZ (Bloco Maioria/PSD - AM) – Sazonal, não.
O SR. RUBENS LOPES – Pontual.
O SR. OMAR AZIZ (Bloco Maioria/PSD - AM) – Pelo amor de Deus!
Eu assisto aos jogos do Vasco. Eu assisti a 18 partidas do primeiro turno e já assisti a umas 9 ou 10 do segundo turno. A qualidade está longe.
O SR. RUBENS LOPES – Não é só do Vasco.
O SR. OMAR AZIZ (Bloco Maioria/PSD - AM) – Mas eu estou falando do campeão carioca. Eu não estou falando do Vasco. Eu estou falando do Campeonato Carioca, que você está dizendo que é superavitário e que o Brasil todo acompanha, por paixão, Rubens, não pela qualidade. Não é isso.
O SR. RUBENS LOPES – Pode ser.
O SR. OMAR AZIZ (Bloco Maioria/PSD - AM) – Qual é o grande craque, que jogador diferenciado joga no campeonato carioca hoje? Quem é o Romário do Campeonato Carioca hoje?
O SR. RUBENS LOPES – E quem é o Romário do campeonato mineiro hoje?
O SR. OMAR AZIZ (Bloco Maioria/PSD - AM) – Ninguém. Não tem ninguém.
O SR. RUBENS LOPES – E do gaúcho?
O SR. OMAR AZIZ (Bloco Maioria/PSD - AM) – Não é Romário, não. Eu estou dizendo que não tem Zé Dirceu, não tem Tostão, não tem nada.
O SR. RUBENS LOPES – Isso.
O SR. OMAR AZIZ (Bloco Maioria/PSD - AM) – Não tem.
(Intervenção fora do microfone.)
O SR. RUBENS LOPES – Zé Dirceu, não.
O SR. PRESIDENTE (Romário. Bloco Socialismo e Democracia/PSB - RJ) – Dirceu Lopes. (Risos.)
O SR. OMAR AZIZ (Bloco Maioria/PSD - AM) – Vocês entenderam o que eu quis dizer.
O SR. RUBENS LOPES – Não tem Nelinho, não tem Renato Gaúcho... É verdade. Não tem ídolo.
O SR. OMAR AZIZ (Bloco Maioria/PSD - AM) – Então, o que eu estou dizendo para vocês é o seguinte: a referência do campeonato carioca, que o Brasil ainda tem, ou a referência do campeonato paulista, que também é bem visto, não é a referência que nós...
Então, quando a gente fala em "tecnicamente"...
O SR. RUBENS LOPES – Está fraco.
O SR. OMAR AZIZ (Bloco Maioria/PSD - AM) – Está fraco.
O SR. RUBENS LOPES – Concordo.
O SR. OMAR AZIZ (Bloco Maioria/PSD - AM) – O que fazer para a gente mudar isso?
Eu até disse, não sei se foi tolice...
O SR. RUBENS LOPES – Quer a solução?
O SR. OMAR AZIZ (Bloco Maioria/PSD - AM) – Não. Eu disse que acho que jogador nenhum do Brasil deveria sair daqui com menos de 23 anos de idade. Nenhum jogador. Eu acho que deveríamos proibir de se tirar jovens de 16 ou 17 anos do Brasil, porque, depois, eles vêm jogar pela Seleção Brasileira e a gente não sabe nem o nome dele. Nunca os vimos mais gordos na nossa vida.
Agora mesmo, a Seleção Brasileira está formada...
O SR. PRESIDENTE (Romário. Bloco Socialismo e Democracia/PSB - RJ) – E muitos deles não vêm pela qualidade.
O SR. OMAR AZIZ (Bloco Maioria/PSD - AM) – Sim.
O SR. PRESIDENTE (Romário. Bloco Socialismo e Democracia/PSB - RJ) – Só isso. E, às vezes, aparecem em um jogo só e somem.
O SR. OMAR AZIZ (Bloco Maioria/PSD - AM) – Tanto é, Romário, que, em um campeonato são convocados 200 jogadores para a Seleção Brasileira. Quer dizer, todo dia é uma relação nova de jogadores que aparece.
Mas eu não vou entrar nesse mérito. Eu estou dizendo para você o seguinte: o mérito aqui da nossa CPI é saber, especificamente, o comportamento das pessoas que estão na CBF e o que podemos fazer para contribuir para o futebol brasileiro.
O SR. RUBENS LOPES – Perfeito.
O SR. OMAR AZIZ (Bloco Maioria/PSD - AM) – Tanto é que o Senador Romário convidou todos os presidentes de federações – é um convite, a pessoa vem se quiser, pois não está sendo convocada – mais para trazerem experiência, pois cada um tem sua experiência. O campeonato carioca é uma coisa, o paulista é outra, o mineiro é outra, o amazonense é outra, o mato-grossense é outro, o catarinense é outro, e assim por diante. É experiência para a gente...
Então, hoje nós já temos uma coisa, um diagnóstico, que não é feito por você ou por mim, mas o equilíbrio financeiro das equipes, para termos uma cobertura maior, é uma coisa em que nós temos que trabalhar, Senador Romário. Nós não podemos achar... Por exemplo, está bom, vai pagar... Eu estou falando do Flamengo porque é o maior time brasileiro. Vai-se pagar R$120 milhões para o Flamengo, mas, se nenhum time jogar contra o Flamengo, o Flamengo não pode transmitir nenhuma partida. É ou não é verdade?
O SR. RUBENS LOPES – É isso.
O SR. OMAR AZIZ (Bloco Maioria/PSD - AM) – Então, o Criciúma, o Joinville, que recebe 20 milhões por ano, diz: "Não. No meu jogo com o Flamengo, só entro em campo se receber a mesma cota do Flamengo". Divide R$120 milhões por 38 e vê quanto dá por partida. São 38 jogos do Flamengo no Campeonato Brasileiro. Se ele recebe R$120 milhões, é dividir R$120 milhões por 38. Aí você pega o Joinville, que recebe R$20 milhões. Esse valor dividido por 38 dá em torno de R$500 mil por partida. Então, o Criciúma, o Joinville, sei lá que time, diz: "Não. Eu entro para jogar com o Flamengo. Vai transmitir esse jogo no pay-per-view? Mas eu quero pelo menos a mesma cota do Flamengo para esse jogo. Senão, não há jogo. Senão, não há futebol. Então, não vai transmitir. Está proibido transmitir". Correto?
E hoje, para você ver como está o Campeonato Brasileiro, estão se vendendo jogos para os Estados. Por exemplo, já houve uns três ou quatro jogos em Brasília. Por quê? Porque, se for fazer no Estado de origem, a renda vai ser bem abaixo daquela que está esperando o time mandante. Então, ele prefere vir para cá.
O SR. RUBENS LOPES – Também porque o custo está muito alto. O custo das arenas está excessivamente alto. No Rio de Janeiro, especificamente, o Maracanã é a arena deste País que tem o maior custo.
Se o senhor me permite uma complementação, o senhor falou na base. Durante praticamente cinco anos, eu tive a oportunidade de participar aqui, na Câmara, das discussões, dos debates do PL nº 5.186, que alterou a Lei Pelé. Um dos motivos, um dos objetivos da alteração dessa lei era a criação de mecanismos para impedir a saída precoce dos atletas deste País, para se impedir a ação de empresários, para que os clubes pudessem voltar a ter o domínio sobre os contratos dos seus atletas e para que a formação desse atleta começasse o mais cedo possível.
Enfrentamos obstáculos que foram intransponíveis com a OIT, com o Conanda e com o Ministério Público do Trabalho, que não permitiu que a formação do atleta se desse a partir dos 12 anos de idade. A FIFA admite a partir de 12 anos, mas, aqui, esses obstáculos foram intransponíveis, de modo que a formação passou a ser a partir dos 14 anos. Como é uma lei geral, não é lei do futebol, houve uma primeira distorção, porque eu nunca vi ginasta começar sua formação a partir de 14 anos, eu nunca vi nadador começar sua formação a partir de 14 anos.
Essa pequena diferença, que parece um detalhe insignificante, favoreceu os empresários, porque esses meninos de 12 ou 13 anos já estão nas mãos de empresários. Eles já chegam ao clube com alguém os trazendo pela mão e negociando alguma coisa.
O SR. OMAR AZIZ (Bloco Maioria/PSD - AM) – Porque há uma inversão. Não há jogador se não houver clube. O clube está acima de jogador. O jogador passa e o clube fica.
Profissionalmente, como ser humano, nós temos que tratá-los com dignidade, como profissionais, como trabalhadores, mas não se pode esquecer que há um investimento feito na base, que não é feito por empresário nenhum. O empresário vai lá e convence o pai e a mãe a darem uma procuração, engana as pessoas, na perspectiva de aparecer um craque para vender e ficar milionário com uma transação. Então, ele faz isso com 10, 20, tira 20 mil daqui, tira 30 mil. Porque quem é dirigente de futebol pequeno, como eu sou, no meu Estado...
O SR. RUBENS LOPES – Qual é o seu clube?
O SR. OMAR AZIZ (Bloco Maioria/PSD - AM) – O Nacional.
O SR. RUBENS LOPES – Eu fui do Bangu, menos que o seu.
O SR. OMAR AZIZ (Bloco Maioria/PSD - AM) – Eu sei muito bem como é isso. Você não fala mais com jogador de futebol ou com presidente de clube para arranjar jogador, você fala com o empresário. Ele é que negocia valores.
O SR. RUBENS LOPES – Verdade.
O SR. OMAR AZIZ (Bloco Maioria/PSD - AM) – Você não tem que ligar mais para o presidente. Se você está interessado num jogador do Flamengo, você não liga para o Presidente do Flamengo.
O SR. RUBENS LOPES – Liga para o empresário do atleta.
O SR. OMAR AZIZ (Bloco Maioria/PSD - AM) – O empresário é maior do que o clube. Está errado.
O SR. RUBENS LOPES – Distorção da lei.
O SR. OMAR AZIZ (Bloco Maioria/PSD - AM) – Completa distorção, porque ele, primeiro, não tem afinidade com o clube. Ele joga uma vez, beija o escudo, e no dia seguinte está beijando o escudo de outro clube. Sabe aquele jogador que beija o escudo do Vasco um dia e duas semanas depois, transferido para o Corinthians, está beijando o escudo do Corinthians, como se tivesse um amor platônico pelo Corinthians ou pelo Flamengo. Tudo mentira! Não há mais jogador torcedor, é tudo profissionalismo. Está certo, tem que ser profissional, mas o que levou o futebol brasileiro a ser pentacampeão mundial foi a paixão, não foi o profissionalismo.
O SR. RUBENS LOPES – Verdade. Concordo.
O SR. OMAR AZIZ (Bloco Maioria/PSD - AM) – Foi a grande paixão que nós brasileiros temos pelo futebol. E essa paixão, hoje...
O Dunga convocou a Seleção.
O SR. RUBENS LOPES – O senhor consegue escalar a seleção?
O SR. OMAR AZIZ (Bloco Maioria/PSD - AM) – Eu não conheço, não sei nem quem são, sinceramente. E olha que eu gosto de futebol, acompanho futebol há muito tempo, sou torcedor de carteirinha do meu time, todo mundo sabe disso no meu Estado. No meu Estado, todo mundo sabe por quem eu torço. Pode ter cem pessoas no estádio. Eu serei uma dessas cem a assistir ao meu time jogar, quando estou na cidade de Manaus. Não tem esse negócio de só ir quando o time está bem. Vou em qualquer circunstância.
Mas o meu empenho agora, como membro desta CPI, é para que a gente pelo menos volte a ter alguma coisa como uma paixão. É muito fácil formar um time como o Real Madrid. Tu chega com o treinador, contrata um bom treinador e pergunta: "Quem tu quer?" Ele responde quem quer e vai buscar. Qualquer um forma um time assim com dinheiro. Até o Nacional de Manaus se torna campeão do mundo se tiver dinheiro. "O que você quer?" "Quero o Neymar." "Quanto ele custa?" Custa 80 milhões de euros." "Traz o cara. Está aqui o cheque." É fácil montar um time assim, muito fácil. Agora, aquelas equipes que querem formar um time da base não conseguem segurar o garoto.
O SR. RUBENS LOPES – Não resistem.
O SR. OMAR AZIZ (Bloco Maioria/PSD - AM) – Não resistem, não aguentam. Nenhum aguenta. Chegou a 21 ou 22 anos, tem que vender.
O SR. RUBENS LOPES – O poder econômico...
O SR. OMAR AZIZ (Bloco Maioria/PSD - AM) – Acabou.
Veja que o maior craque do futebol mineiro no ano passado foi para a China. Ele nem convocado é mais. Não dá para mandá-lo para o futebol chinês, onde o cara joga um futebol de baixa qualidade, e querer que depois ele venha jogar aqui um futebol de alta qualidade, mesmo uma competição sul-americana de alta qualidade. Então, esse jogador, que era um craque, que, no bicampeonato do Cruzeiro, fez uma grande diferença, foi para o futebol chinês. Ele não volta, não vai ser nunca mais da Seleção Brasileira. O empresário dele já fez o negócio da vida dele. Acabou! Não tem mais interesse de trabalhar isso.
O SR. PRESIDENTE (Romário. Bloco Socialismo e Democracia/PSB - RJ) – O empresário e aqueles que fazem parte da CBF, que também ganham o pedaço deles.
Eu gostaria de passar a palavra para o Presidente da Federação de Minas Gerais, Sr. Castellar.
O SR. CASTELLAR MODESTO GUIMARÃES NETO – Bom, eu tomei nota dos principais questionamentos. Espero, mesmo que de forma sucinta, responder a V. Exªs.
Na realidade específica de Minas Gerais, dos 12 times que disputam o nosso campeonato da primeira divisão, oito deles estão disputando os campeonatos nacionais: dois na série A, dois na B, dois na C, dois na D. Assim como o carioca, o campeonato mineiro não é deficitário para nenhum dos times. Tenho aqui o levantamento preciso, jogo a jogo. Agora, é evidente que há, assim como no cenário nacional, uma grande distorção em relação à verba recebida por cada um dos times, principalmente no que diz respeito à televisão. Para V. Exª ter uma ideia, se o Atlético e o Cruzeiro recebem, pelo contrato com a televisão, no campeonato mineiro, aproximadamente, R$8 milhões, compreendidas a TV aberta e a TV fechada, uma equipe como a Caldense recebe R$700 mil. Então, estamos falando de uma receita mais de dez vezes superior, só de televisão, além do disparate que existe em bilheteria.
Em Minas, na nossa realidade, o que nos foi possível fazer, neste ano que estou à frente do futebol, foi tentar reduzir ao máximo as despesas de cada um dos clubes, para que eles tivessem condição de buscar novas receitas sem um comprometimento maior delas.
No que diz respeito aos novos estádios, à realidade de Minas Gerais, nós temos duas novas arenas, que foram utilizadas durante a Copa do Mundo, o Mineirão e a Arena Independência, que foi espaço para treinamentos, que têm tido, sim, utilizações esparsas, mas com outros eventos, em shows, enfim, para várias outras situações que lá acontecem.
Acredito, sim, que, com a chegada, vamos dizer assim, das novas arenas, nós encarecemos muito o produto. Como o presidente Rubens disse, hoje é muito caro para os times mandarem os seus jogos nas novas arenas, que têm uma série de custos de segurança, operacionais, enfim, todas as despesas.
Em relação a sugestões, eu vejo como fundamental e necessária a revisão justamente no formato do contrato de televisão. Antes, os clubes, queiramos ou não, tinham, através do Clube dos 13 – não sei se era o melhor formato – uma mesa-redonda onde discutiam os seus interesses, que eram, depois, levados de forma conjunta para a televisão. Hoje, como os clubes negociam diretamente com a televisão, eu sinto que falta, por parte dos clubes, uma organização maior justamente para efetuar essa barganha que V. Exa disse, no seguinte sentido: eu não vou jogar se eu não receber...
O SR. OMAR AZIZ (Bloco Maioria/PSD - AM) – Sim. Eu não estou falando que a cota tem que ser aumentada. Eu acho que ela tem que ser dividida, redistribuída.
O SR. CASTELLAR MODESTO GUIMARÃES NETO – Claro, dividida. Sim.
O SR. OMAR AZIZ (Bloco Maioria/PSD - AM) – Porque não existe o Vasco sem o Flamengo.
O SR. CASTELLAR MODESTO GUIMARÃES NETO – Claro. Eu, particularmente...
O SR. OMAR AZIZ (Bloco Maioria/PSD - AM) – É ou não é verdade? O Vasco precisa do adversário. Eu digo sempre que tem dois bois importantes lá no Parintins: o Garantido e o Caprichoso. Todo ano um ganha e o outro perde. Sempre vai ser assim. Mas um não existe sem o outro, Romário. Senão, não tem festival. Eles se atacam, mas não podem se destruir. Uma coisa é você atacar, divergir, ter tudo, mas você não pode destruir. Você não pode destruir a galinha dos ovos de ouro.
Então, para o Flamengo existir, é preciso que as outras 19 equipes que jogam o campeonato com ele, duas vezes cada uma, aceitem jogar por aquele valor. Então, não adianta chamar um clube ou não. Eu estou falando isso do Flamengo, não estou aqui... Estou citando o Flamengo porque é o maior clube brasileiro, é a maior torcida brasileira, todo mundo sabe disso. Isso é incontestável, não adianta. Se o Andres Sanchez estivesse aqui, ele iria dizer que é o Corinthians. Não é o Corinthians, é o Flamengo. Todo mundo sabe disso. Mas nós estamos colocando uma situação, Castellar, Presidente da Federação Mineira, em que um depende do outro. Não se pode querer destruir o outro. Pode querer vencê-lo em uma partida, mas não destruí-lo. E o que está acontecendo é a destruição dos clubes.
O SR. CASTELLAR MODESTO GUIMARÃES NETO – Claro.
Sr. Senador, eu sou defensor árduo do modelo inglês de distribuição de cotas de televisão. Não sei se... Porque o modelo inglês, na verdade, tem três grandes situações: uma parte da cota da televisão é dividida de forma igualitária entre todas aquelas equipes que disputam o campeonato, uma segunda parte é distribuída em função da classificação da equipe no campeonato anterior e uma terceira parte, salvo engano, em relação à audiência que aquela equipe traz para a televisão.
Eu acho que nós envolvemos aí critérios como meritocracia, critérios como demanda e um critério justo de uma parte razoável e igualitária entre todos os clubes. É claro que diferenças vão sempre existir. Eu não consigo imaginar uma situação em que todos os clubes recebam a mesma quantia da televisão, mas, se nós pudermos diminuir essas diferenças, eu acho que já seria um grande passo.
Em relação, Senador Romário, à pergunta que V. Exª fez sobre a criação da liga, eu sinto, sinceramente, que qualquer tipo de movimento que parta dos clubes é extremamente benéfico para o futebol brasileiro. Acho que os clubes são a última ponta de todo esse sistema e sabem melhor do que ninguém suas necessidades, seus anseios.
Eu tenho um pouco de preocupação... Não conheço o formato da Liga Sul-Minas-Rio, mas tenho um pouco de preocupação justamente em relação ao calendário. O calendário dos estaduais hoje, nós temos um calendário nacional, que é publicado pela CBF e que disponibiliza 19 datas para cada um dos Estados realizar os seus estaduais.
Em Minas, já atento a essa questão, nós utilizamos apenas 15. Em Minas, as 12 equipes jogam entre si, em um turno único de onze rodadas, e depois nós temos só uma semifinal e uma final. Neste ano, particularmente, nós tivemos um problema bem significativo em Minas porque Atlético e Cruzeiro disputavam a Libertadores e, ao mesmo tempo, já disputavam, evidentemente, também o estadual.
Então, em uma situação de semifinal entre os dois clubes, nós tivemos muita dificuldade de cumprir o nosso calendário sem que as equipes se vissem prejudicadas na Copa Libertadores da América.
Então, eu temo que, com a criação de um novo campeonato, através dessa liga, cujo formato, sinceramente, eu não conheço, nós tenhamos ainda mais problemas em relação a calendário.
Em relação ao valor...
América.
Então, eu temo que, com a criação de um novo campeonato, através dessa liga, que, sinceramente, não conheço o formato, nós tenhamos ainda mais problemas em relação a calendário.
Em relação ao valor...
O SR. OMAR AZIZ (Bloco Maioria/PSD - AM) – E cada vez mais diminui o campeonato estadual.
O SR. CASTELLAR MODESTO GUIMARÃES NETO – Sim. Isso.
O SR. OMAR AZIZ (Bloco Maioria/PSD - AM) – Porque, hoje, ser campeão mineiro é mais um título, não tem mais nada. É ou não é verdade?
Diferente dos outros Estados, em que o time que é campeão vai participar da Série D, da Copa Brasil, vocês, os grandes times mineiros e os grandes times cariocas já estão na Copa Brasil, já estão no campeonato da Série A.
Então, não faz diferença. Não faz diferença.
O que eles estão querendo nessa data é algo que, financeiramente, seja melhor para eles.
O SR. CASTELLAR MODESTO GUIMARÃES NETO – Claro.
O SR. OMAR AZIZ (Bloco Maioria/PSD - AM) – Estão fazendo um subcampeonato – um subcampeonato –, achando que, com isso, vai dar uma renda maior ou coisa parecida, uma disputa, mas leva a quê esse campeonato?
Vamos lá. Criam uma liga, tem uma disputa Rio-São Paulo e, sim, é campeão de quê?
O SR. RUBENS LOPES (Fora do microfone.) – Ele te usou e continua prejudicando...
O SR. OMAR AZIZ (Bloco Maioria/PSD - AM) – Sim, leva a quê isso?
Quer dizer, vamos sobreviver nós, vamos matar todo mundo aqui?
É isso?
O SR. CASTELLAR MODESTO GUIMARÃES NETO – Exatamente.
Sr. Senador, na realidade, eu vejo com muita preocupação e digo que não tenho uma posição tomada ainda justamente por não conhecer o formato. Seria precipitado da minha parte, sem ter, evidentemente, um estudo a respeito do que os clubes pretendem.
O SR. OMAR AZIZ (Bloco Maioria/PSD - AM) – Porque, ser campeão brasileiro, os quatro primeiros lugares vão para Libertadores e o quinto, o clube que representa é quem é campeão da Copa Brasil, não é isso?
Isso ainda tem um objetivo: você chegar entre os 4 primeiros, o teu objetivo é a Libertadores, porque a Libertadores te dá o direito de disputar um campeonato muito mais, financeiramente melhor, correto? E também te dá o direito de, ser campeão da Libertadores, disputar o Mundial.
Mas ser campeão de uma Taça Rio-São Paulo, a o que que leva? Vai disputar que competição? Ah, não, nós vamos disputar o quê?
É isso que eu não entendi, qual é a ligação disso...
Você tem que ter objetivo. Se cria uma liga e essa liga é o quê? Ela vai disputar o quê?
O SR. CASTELLAR MODESTO GUIMARÃES NETO – E, no caso, Senador, dos campeonatos estaduais, veja V. Exª que eles servem como classificatória para os campeonatos nacionais.
Então, por exemplo, a Caldense, que fez uma belíssima campanha esse ano no nosso Estado, está disputando a Série D e com chances reais de subir até a Série C, assim como...
O SR. OMAR AZIZ (Bloco Maioria/PSD - AM. Fora do microfone.) – Sim, é o que eu estou dizendo...
Essa liga vai para onde...
O SR. CASTELLAR MODESTO GUIMARÃES NETO – Dos estaduais...
Da liga, nós não sabemos.
(Interrupção do som.)
O SR. OMAR AZIZ (Bloco Maioria/PSD - AM) – Lugar nenhum.
O que eu estou perguntando é o seguinte: a liga vai para onde?
O SR. CASTELLAR MODESTO GUIMARÃES NETO – Nós não sabemos.
Eu até reforço, em razão, justamente, de não conhecer o formato.
Só, terminando, e é só mais um tópico, S. Exª o Senador Romário fez um questionamento se da minha parte eu sei de alguma irregularidade da CBF, eu tenho que dizer que não. Não conheço nenhum fato específico que possa agregar nas investigações dessa Comissão.
E, finalizando, tenho como principal, não vou dizer sugestão, porque é difícil encontrarmos uma fórmula mágica, mas, sem dúvida nenhuma, a formação de jovens do Brasil é essencial para a volta do nosso futebol.
Cada vez mais, os nossos jovens estão saindo, como V. Exªs disseram, cada vez mais cedo. Essa questão de nós não podermos iniciar a formação do atleta aos 12 anos e termos que iniciar somente aos catorze, posso estar enganado, mas acho que essa questão chegou a ser tratada no Profute. Depois, ela não passou, o texto, não sei, mas talvez também fosse uma forma de incentivarmos a formação de novos atletas.
O SR. PRESIDENTE (Romário. Bloco Socialismo e Democracia/PSB - RJ) – Presidente Rubens.
O SR. RUBENS LOPES – Aproveitando aqui um detalhe a respeito da Libertadores, porque todo mundo fala na Libertadores – Libertadores, Libertadores –, hoje, com a cotação do dólar do jeito que está, evidentemente que a cota da Libertadores é até mais atrativa do que muitos campeonatos, mas numa situação de normalidade, por exemplo, a cota dos clubes dos campeonatos de São Paulo e do Rio de Janeiro era maior do que cada clube recebia pela Libertadores na primeira fase.
Cada mando de campo da Libertadores correspondia a US$250 mil, que
O senhor citou o Sanchez, como Presidente do Corinthians, ele foi campeão e ficou devendo, e acabou a Libertadores com uma dívida na Conmebol, pode conferir, que ele vai, certamente, ratificar o que eu estou falando.
A Libertadores vai ser rentável...
O SR. OMAR AZIZ (Bloco Maioria/PSD - AM) – Não foi ele não, porque, quando nós estávamos votando aquela Medida Provisória aqui...
O SR. RUBENS LOPES – Não, mas ele conduziu – ele conduziu.
O SR. OMAR AZIZ (Bloco Maioria/PSD - AM) – Eu não imaginava que o São Paulo tinha uma dívida de R$800 milhões, que sempre foi uma referência de
tinha uma dívida de seiscentos e poucos milhões. O Botafogo pode vender todo o patrimônio e não paga a dívida que tem. Pelas dívidas que nos foram apresentadas quando discutimos aquela medida provisória para fazer o Refis... Nós fizemos várias audiências, trouxeram as dívidas dos clubes brasileiros. O Flamengo é que estava com uma boa administração, caindo a dívida.
O SR. RUBENS LOPES – Acabou de pedir dez milhões emprestados para pagar a folha.
O SR. OMAR AZIZ (Bloco Maioria/PSD - AM) – Pois é, mas vinha caindo a dívida dele, quando o Presidente do Flamengo esteve na medida provisória, discutindo com a gente.
Mas a dívida dos clubes brasileiros, dos principais clubes brasileiros, sem exceção, não há exceção... Os quatro grandes do Rio, os dois de Minas, os dois gaúchos, todos, sem exceção, todos têm dívidas, São Paulo, todos têm dívidas astronômicas, não têm patrimônio para pagar, não têm.
O Morumbi todinho não custa a dívida do São Paulo.
O SR. RUBENS LOPES – Quando o passivo é maior que o patrimônio líquido é sinal de falência.
O SR. OMAR AZIZ (Bloco Maioria/PSD - AM) – Pelos valores apresentados aqui, quase 900 milhões a dívida do São Paulo, o estádio do Morumbi não pode custar 900 milhões, não dá para custar 900 milhões um estádio daquele. O terreno talvez esteja valorizado, mas só o patrimônio não vale.
Então, as dívidas, Presidente Rubens, são bastante...
O SR. RUBENS LOPES – Astronômicas.
O SR. OMAR AZIZ (Bloco Maioria/PSD - AM) – ... astronômicas, é um negócio preocupante. Por quê? Porque não há patrimônio e o cara fica na dependência de pegar um jogador para vender por 20 milhões, 30 milhões, se desfazer de jogador para pagar a folha do mês seguinte. O São Paulo não estava pagando direito de imagem um tempo atrás, só estava pagando o que está assinado na carteira de trabalho do jogador. Está assim o futebol brasileiro. Estamos falando...
O SR. RUBENS LOPES – Senador, na realidade o senhor tocou num ponto extremamente importante, isso é problema de gestão pura, de gestão.
Vou me reportar – quando eu disse aqui na fala anterior, que participei da discussão da alteração da Lei Pelé – e o Relator, na ocasião...
O SR. OMAR AZIZ (Bloco Maioria/PSD - AM) – Sabe o que é a questão, Rubens, eu sei que é gestão. O cara tem um mandato, ele é eleito para ficar três ou quatro anos na Presidência do clube. Sabe o que o torcedor quer?
O SR. RUBENS LOPES – Título, quer ganhar.
O SR. OMAR AZIZ (Bloco Maioria/PSD - AM) – Quer ganhar.
O SR. RUBENS LOPES – E ele, inconsequentemente onera o clube.
O SR. OMAR AZIZ (Bloco Maioria/PSD - AM) – Não, aí o cara que está na Presidência não tem responsabilidade por quem vai sucedê-lo.
O SR. RUBENS LOPES – Isso.
O SR. OMAR AZIZ (Bloco Maioria/PSD - AM) – Não há Lei de Responsabilidade Fiscal para time de futebol, como há de um governador para o outro ou de um prefeito para o outro. Então, o cara assume um clube praticamente quebrado e, se ele entrar numa de "vou organizar as finanças do clube" e não ganhar campeonato, ele não entre no estádio, meu irmão, não entra. Nós sabemos como é isso. Não adianta reclamar três meses na frente de uma entidade dizendo: "Peguei quebrado e tal." Do terceiro mês em diante, o cara não quer nem saber: "E aí, o time não ganha? Vai cair? Tem que contratar." Vemos torcedor: "Contrata jogador." Não quer saber a que preço.
O SR. RUBENS LOPES – Exemplo do Flamengo. Pediu três milhões emprestados há 15 dias e agora mais dez para pagar a folha e fez um contrato como Guerreiro de quase 44 milhões.
O SR. PRESIDENTE (Romário. Bloco Socialismo e Democracia/PSB - RJ) – Senador Paulo Bauer, por favor.
O SR. OMAR AZIZ (Bloco Maioria/PSD - AM) – Eu quero agradecer, Senador. Só um minutinho, Senador, eu tenho uma reunião lá no gabinete do Senador Renan, reunião de Líderes agora, estou sendo chamado aqui para ir para lá.
Quero agradecer, Senador Romário, ao Presidente Rubens e ao Presidente Castellar. Acho que o objetivo é esse de debater. Aqui há um pouco de experiência. Eu tenho experiência política; vocês, como dirigentes. Eu, um pouco dirigente e grande jogador de futebol que eu fui, o Romário sabe disso... Não venha roubar meus gols.
O SR. PRESIDENTE (Romário. Bloco Socialismo e Democracia/PSB - RJ) – Senador.
O SR. PAULO BAUER (Bloco Oposição/PSDB - SC) – Presidente e Senador Romário, naturalmente, não tenho a capacidade de debater com os presidentes convidados sobre tantos detalhes do futebol. Mas, tendo em vista que esta CPI tem a responsabilidade de avaliar e de identificar problemas de gestão na CBF e irregularidades relacionadas à direção da CBF, que hoje estão atraindo a atenção de todos os que têm apreço e paixão pelo futebol no Brasil, eu me sinto à vontade para fazer três perguntas que eu gostaria que ambos respondessem.
A primeira é a seguinte: em momentos de votação para a escolha de dirigentes da CBF...
...para a escolha de dirigentes da CBF. Os senhores conhecem algum procedimento de campanha, por aqueles que pleiteavam a presidência da instituição, que pudesse ser chamado de campanha feita com recursos da própria instituição para angariar simpatias e votos?
A segunda pergunta. As federações obviamente não contam com o patrocínio de empresas, mas os senhores conhecem algum tipo de patrocínio oferecido pela CBF de empresas com as quais ela contatou em favor de clubes de futebol? Ou seja, a CBF alguma vez foi agente de captação de patrocínios para clubes de futebol que estão vinculados às suas federações?
E terceira. A CBF é responsável pela seleção brasileira. Ela que organiza os jogos, ela que promove a seleção. A pergunta que eu faço é se os senhores têm alguma sugestão ou alguma crítica a fazer em relação à escolha dos locais onde a seleção brasileira joga, tanto no Brasil como no exterior, se isso é objeto de consulta ampla aos presidentes de federação ou às federações no Brasil.
Eu explico: eu sou catarinense, eu sei que o meu Estado é pequeno, nós temos quatro bravos times de futebol disputando na Série A. Se lá estão é porque lutaram para chegar a ela. Se estão com dificuldades para se manter nela não é diferente do que a dificuldade que outros grandes times têm, mas nunca a seleção jogou em Santa Catarina. E eu não sei se o critério é de público, se o critério é de infraestrutura, se o critério é político, se o critério é monetário ou se o critério é o dos interesses pessoais. Eu suponho, sempre supus, que a CBF devesse ouvir as federações, e elas estão presentes em todos os Estados brasileiros, para chegar a alguns consensos ou a algum entendimento sobre onde seria mais oportuno e mais adequado desenvolver uma partida da seleção brasileira, que é, sem dúvida nenhuma, uma grande representação do que o Brasil tem de mais apaixonante e mais vibrante.
E, por fim, vou acrescentar só mais uma pergunta que, obviamente, os senhores devem considerar a validade. O fato de a CBF ser dirigida, em oitenta anos, por quatro presidentes lhes parece algo natural e normal, haja vista que em muitas federações dirigentes também comandam as instituições por período quase semelhante ao período da direção da CBF? É difícil, no meu ponto de vista, querer mudar a CBF sem mudar o critério também nas federações. Se estabelecermos mandatos para a CBF, obviamente que teremos que estabelecer, não nós Senadores, mas o próprio sistema do futebol terá que estabelecer mandatos parecidos ou semelhantes para as federações. Qual a opinião dos senhores a respeito desse aspecto?
O SR. PRESIDENTE (Romário. Bloco Socialismo e Democracia/PSB - RJ) – Antes de os senhores responderem, eu quero aproveitar e fazer também mais uma pergunta.
No curso natural do Estatuto da CBF, o próximo presidente é o Sr. Delfim Peixoto, que é da Federação de Santa Catarina. Na possibilidade de uma saída definitiva do Marco Polo del Nero, no caso, comenta-se por aí, pelo menos eu ouvi, que existe, por parte de algumas pessoas da CBF, a possibilidade de um golpe para que esse curso não siga como o do Estatuto. As perguntas que eu faço aos senhores são as seguintes: primeira, se os senhores são sabedores disso; e, segunda, se houver esse golpe, vocês participarão diretamente disso com os votos dos senhores?
Essas são as minhas perguntas.
Por favor, pode começar, Sr. Presidente Rubens.
O SR. RUBENS LOPES – Então vamos lá. Por que eu pedi para começar? Antes de acabar o mandato do Presidente Marin, houve um movimento, vamos dizer assim, de...
O SR. RUBENS LOPES – Então, vamos lá. Por que eu pedi para começar?
Antes de acabar o mandato do Presidente Marin, houve um movimento, vamos dizer assim, de oposição ao Presidente Marco Polo Del Nero, do qual eu participei.
Chegamos a tentar viabilizar – isso foi discutido e debatido – uma candidatura à presidência da CBF. Isso não foi adiante, vamos dizer assim, por um desencontro, um desajuste, não sei que palavra usar. E o presidente da Federação gaúcha quis porque quis – queria, queria, queria ser candidato à presidência. Eu não estava aqui para brigar. Não vamos aqui discutir nem brigar por uma coisa: "você que siga seu trabalho".
Participamos de várias conversas a respeito do assunto, inclusive com o Andres, hoje Deputado, e não houve jeito de demover o presidente da Federação gaúcha da intenção de concorrer à presidência.
Então, eu digo que estou muito à vontade para falar a respeito desse assunto, Senador Romário e Senador Paulo Bauer...
O SR. PRESIDENTE (Romário. Bloco Socialismo e Democracia/PSB - RJ) – O senhor está respondendo a minha pergunta?
O SR. RUBENS LOPES – Também. Vou responder também.
Porque eu fui, praticamente, um dos opositores.
Em relação ao Presidente Delfim, associando aqui a pergunta do Senador Romário, eu posso dizer que sou legalista. Garanto que sou legalista: se a lei é inadequada, mudemos a lei, mas, enquanto ela existir, vamos cumpri-la.
O SR. PRESIDENTE (Romário. Bloco Socialismo e Democracia/PSB - RJ) – Está se referindo ao Estatuto da CBF?
O SR. RUBENS LOPES – Claro! Tanto ao Estatuto da CBF quanto ao problema dos mandatos. As duas coisas. Estou respondendo as duas coisas.
No que diz respeito ao Estatuto da CBF...
O SR. PRESIDENTE (Romário. Bloco Socialismo e Democracia/PSB - RJ) – Então, eu quero, só para entender melhor: numa possibilidade de golpe...
O SR. RUBENS LOPES – Não, não tem golpe.
O SR. PRESIDENTE (Romário. Bloco Socialismo e Democracia/PSB - RJ) – O.K.
Não tem golpe.
Espere aí: golpe terá. Eu quero saber, por parte do senhor, se o senhor votará a favor do golpe ou não.
O SR. RUBENS LOPES – Chance zero.
O SR. PRESIDENTE (Romário. Bloco Socialismo e Democracia/PSB - RJ) – O.K. Por favor, pode prosseguir.
O SR. RUBENS LOPES – Chance zero. Por isso, estou dizendo que fui opositor, tentei concorrer, e o presidente atual sabe que eu fui oposição. E hoje – está aqui um vice-presidente da CBF e sabe disso –, hoje, eu repito que o Estatuto da CBF é claro: no impedimento definitivo do presidente, assume aquele que tiver a condição x. Se é o mais velho, o mais bonito, o mais alto, o mais gordo, o que começa com três nome, o que tem cinco letras, não importa. Já está previamente definido há algum tempo quem assume a CBF. Qualquer coisa diferente disso é golpe.
O SR. PRESIDENTE (Romário. Bloco Socialismo e Democracia/PSB - RJ) – Quem assume a CBF, Presidente?
O SR. RUBENS LOPES – Delfim.
O SR. PRESIDENTE (Romário. Bloco Socialismo e Democracia/PSB - RJ) – Obrigado.
O SR. RUBENS LOPES – Assume Delfim.
Então, eu não acredito que alguém venha a participar de uma situação dessas. O Rio de Janeiro não participa. Está aqui declarada a minha posição. Acho que já disse isso em assembleia. Então, não há hipótese. Chance zero.
Mesmo que – vou complementar – eu tenha divergências quanto ao Presidente Delfim, não importa. Hoje, ele é o sucessor imediato. Pronto. Vacância é o vice-presidente.
O SR. PAULO BAUER (Bloco Oposição/PSDB - SC) – Mas por que não foi o nomeado? Então, houve um golpe?
O SR. RUBENS LOPES – Não, não houve. O presidente ainda está no cargo.
O SR. PAULO BAUER (Bloco Oposição/PSDB - SC) – Ah, sim.
O SR. RUBENS LOPES – O presidente ainda está no cargo, não saiu.
O SR. PAULO BAUER (Bloco Oposição/PSDB - SC) – Ah, sim, se sair.
O SR. RUBENS LOPES – Claro. A hipótese que o Senador perguntou. Qualquer coisa diferente disso é ilegal.
O SR. PRESIDENTE (Romário. Bloco Socialismo e Democracia/PSB - RJ) – O. K.
Pode responder as perguntas.
Depois, passamos...
O SR. RUBENS LOPES – Continuando no aspecto da legalidade, o senhor aqui colocou que, em 80 anos, a CBF teve quatro presidentes... Quatro: Nabi, Otavio, Ricardo...
O SR. PRESIDENTE (Romário. Bloco Socialismo e Democracia/PSB - RJ) – José Maria Marin.
O SR. RUBENS LOPES – José Maria Marin e teve mais um outro. Teve o Giulite...Houve alguns outros, mas não importa. Os mandatos foram longos. Não tenha dúvida de que, na maioria deles, os mandatos foram longos, mas é uma prerrogativa da lei.
Então, temos de mudar a lei, para que mudemos essa situação, assim como existem Parlamentares que têm 30, 40 anos de mandato, sei lá quantos anos de mandato. É uma prerrogativa legal, e não vejo nenhuma...
Enquanto a lei previr isso, enquanto os eleitores entenderem que assim deva ser, paciência. Vamos trabalhar para mudar isso.
Em relação aos locais dos jogos da Seleção, as federações não têm nenhuma participação na escolha desses locais. Estou falando em nome de todos, mas vou reduzir um pouquinho. O Rio de Janeiro nunca foi consultado, porque isso é prerrogativa exclusiva do presidente ou da presidência da CBF. Acho que Minas Gerais também não foi consultado. Acho que nenhuma das federações foi consultada quanto à opção, à escolha do jogo. Fi-lo porque qui-lo – ponto.
O SR. PAULO BAUER (Bloco Oposição/PSDB - SC) – Mas o senhor acha que os presidentes de federação deveriam ser consultados ou não?
O SR. RUBENS LOPES – Senador, vou dizer por que não: ia ser um inferno, porque a Seleção só tem oito jogos para fazer durante o ano, e são 27 federações. Certamente, o senhor quer em Santa Catarina, e eu quero que nenhum jogo saia do Rio. Por mim, todos os jogos seriam no Rio de Janeiro. Então, acho que a decisão é personalíssima, a decisão é da presidência. E, possivelmente, ela seja tomada em razão de outros interesses: políticos, financeiros, interesses outros que não passam por nenhum crivo...
O SR. PRESIDENTE (Romário. Bloco Socialismo e Democracia/PSB - RJ) – Senador, eu queria só lhe passar um detalhe para V. Exª começar a perceber. Os times de Santa Catarina começaram a cair na tabela. Também ouvi por aí que há uma possibilidade de os quatro clubes de Santa Catarina caírem dessa Primeira Divisão exatamente porque o próximo presidente da CBF pode vir a ser o Sr. Delfim Peixoto, que, em princípio, pelo menos que eu tenha ouvido também por aí – é assim que dizem; todo mundo faz assim –, não faz parte desse quartel que existe dentro da CBF. Só para V. Exª ficar atento a partir de hoje. Os clubes de Santa Catarina começaram a cair. É claro que o pouco recurso que eles recebem também tem muito a ver com isso, mas vamos dar uma olhadinha nos jogos, vamos ver a atuação dos árbitros daqui para frente para não termos nenhum tipo de surpresa.
Continue, Presidente, por favor.
E a arbitragem é braço da CBF, só para V. Exª entender como funciona a sacanagem.
O SR. RUBENS LOPES – Para complementar, Senador, se me permite, por favor, verifiquem na escolha, no sorteio... Se o árbitro que cair para apitar os jogos de Santa Catarina for do Rio de Janeiro e acontecer qualquer anormalidade, podem me cobrar.
O SR. PRESIDENTE (Romário. Bloco Socialismo e Democracia/PSB - RJ) – Farei isso, Presidente.
O SR. RUBENS LOPES – Se depender de mim, árbitro do Rio não apita jogo de Santa Catarina, exatamente para um erro natural e humano não dar margem a alguma coisa e, segundo, para não expô-los a qualquer situação, a qualquer ilação que venha a acontecer, mas acho que a colocação é pertinente.
O SR. PRESIDENTE (Romário. Bloco Socialismo e Democracia/PSB - RJ) – Obrigado.
O SR. RUBENS LOPES – Senador, eu posso lhe pedir para refazer as duas primeiras perguntas? A segunda, porque estou indo de trás para frente: recursos para os clubes e tal.
O SR. PAULO BAUER (Bloco Oposição/PSDB - SC) – Se a CBF já atuou alguma vez como intermediária na captação de patrocínios de empresas para clubes de futebol.
O SR. RUBENS LOPES – Olha, eu não tenho conhecimento disso. E, se aconteceu no Rio de Janeiro, não me foi dado conhecimento, até porque isso não passa por nós. Se houve, foi uma negociação direta. Não tenho conhecimento de ter havido.
O SR. PAULO BAUER (Bloco Oposição/PSDB - SC) – E, se, na última ou penúltima eleição da CBF, houve algum tipo de uso de poder econômico da CBF, dos instrumentos da CBF, em favor de alguma candidatura junto às federações, o que nós chamamos aqui, no mundo político, de abuso de poder econômico.
O SR. RUBENS LOPES – Olha, que eu saiba, não, mas, efetivamente, isso é coisa de que ninguém passa recibo. Não tem recibo. Então, se houve, eu não sei, não tomei conhecimento. Fui opositor. Muito menos para mim.
O SR. PRESIDENTE (Romário. Bloco Socialismo e Democracia/PSB - RJ) – Finalizou?
O SR. RUBENS LOPES – Não. Agora, vou às perguntas, Senador. Foram três perguntas. Acho que respondi à última, em relação ao Presidente Delfim. Ele é, legitimamente, candidato a presidente da CBF no caso de uma vacância, pelo que está no Estatuto, a não ser que se rasgue o Estatuto ou se o jogue fora.
O senhor me perguntou sobre a venda do direito de televisão do campeonato brasileiro, não é?
O SR. PRESIDENTE (Romário. Bloco Socialismo e Democracia/PSB - RJ) – Isso.
O SR. RUBENS LOPES – Pode refazer a pergunta? Porque eu só anotei isso.
O SR. PRESIDENTE (Romário. Bloco Socialismo e Democracia/PSB - RJ) – Qual a visão do senhor sobre as seguidas...
Perdão! (Pausa.)
Qual a sua opinião sobre o atual formato de venda do direito de televisão na Série A do campeonato brasileiro? O senhor não acha que esse modelo promove um desequilíbrio entre os clubes?
Na verdade, o senhor acabou respondendo para o Senador Omar, não é?
O SR. RUBENS LOPES – Eu falei isso aqui no começo. Eu disse que há um desequilíbrio danado. Como o Presidente Castellar falou, anteriormente havia uma uniformidade e um critério de distribuição de recursos, quando o Clube dos 13 ainda estava em vigor. Depois, cada um passou a negociar por si. E aí houve esta distorção, de determinados clubes receberem quase seis vezes mais que outros, e isso causa um desequilíbrio muito grande e uma previsibilidade naqueles que têm fôlego, vamos dizer assim, para chegar a essa competição tão longa.
O SR. PRESIDENTE (Romário. Bloco Socialismo e Democracia/PSB - RJ) – Presidente, no caso do campeonato da Série A, essa divisão da televisão não passa pela CBF. Isso é direto com os clubes, não é isso? E no caso das Séries B, C e D?
O SR. RUBENS LOPES – No caso das Séries B, C e D, eu não sei.
O SR. PRESIDENTE (Romário. Bloco Socialismo e Democracia/PSB - RJ) – Eu sei.
O SR. RUBENS LOPES – Sabe? Eu não sei.
O SR. PRESIDENTE (Romário. Bloco Socialismo e Democracia/PSB - RJ) – É diferente disso.
O SR. RUBENS LOPES – É? Eu não sei.
O SR. PRESIDENTE (Romário. Bloco Socialismo e Democracia/PSB - RJ) – Pode responder, Sr. Castellar, por favor.
O SR. CASTELLAR MODESTO GUIMARÃES NETO – Tomei nota na ordem em que as perguntas foram formuladas.
Em relação à votação para dirigente da CBF, se houve algum tipo de irregularidade, eu, particularmente, não conheço, porque eu entrei depois. Eu nunca participei de eleições. Eu tomei posse no meio do ano passado, quando o atual Presidente já havia sido eleito.
O SR. PRESIDENTE (Romário. Bloco Socialismo e Democracia/PSB - RJ) – A pergunta não foi essa, Presidente. Minha pergunta foi: no curso natural...
O SR. CASTELLAR MODESTO GUIMARÃES NETO – Ah, não! A do senhor está aqui.
Respondendo a outra pergunta que o Senador havia feito, se eu tinha conhecimento de alguma irregularidade na cooptação de votos. Eu digo que não, pois eu entrei depois e não participei nunca de eleições na CBF, respondendo a V. Exª.
Em relação à CBF como agente de captação de patrocínio para os clubes, eu também digo a V. Exª que eu não tenho o menor conhecimento disso. Se esse fato realmente ocorreu, passou longe da Federação Mineira de Futebol.
Em relação à escolha de jogos, eu, em um ano e três meses de mandato, jamais fui consultado. Entendo que as razões são, como o Presidente Rubens disse, próprias da diretoria atual da CBF.
No tocante à outra pergunta do senhor, se eu entendo normal que, em 80 anos, a entidade tenha sido dirigida apenas por quatro, cinco ou seis dirigentes e que outras federações também tenham critério semelhante, eu, particularmente, sou um jurista, como disse aqui no início da minha apresentação, advogado há dez anos, e muito legalista. Eu entendo que, se a regra existe, ela pode ser, sim, um critério de escolha dos filiados. Eu, particularmente, até por ser novo e por estar chegando agora, prego uma renovação, o que eu acho muito saudável para o sistema como um todo.
E, por fim, Senador Romário, a pergunta de V. Exª sobre a saída definitiva do Presidente Marco Polo Del Nero, também por ser legalista e jurista, eu prego, evidentemente, que a regra estatutária seja obedecida, e, no caso de um afastamento definitivo, seria o Presidente de Santa Catarina, Delfim, que assumiria a CBF.
Espero ter abrangido aqui todas as questões.
O SR. PRESIDENTE (Romário. Bloco Socialismo e Democracia/PSB - RJ) – Eu só gostaria de agradecer a presença dos Deputados Federais Marcus Vicente, do PP do Espírito Santo, e Marco Tebaldi, do PSDB de Santa Catarina.
Sejam bem-vindos!
É um prazer tê-los nesta Comissão.
O SR. PAULO BAUER (Bloco Oposição/PSDB - SC) – E aqui estamos os torcedores do JEC em maioria, do Joinville, lanterna, mas sempre lutando com muita disposição.
O SR. PRESIDENTE (Romário. Bloco Socialismo e Democracia/PSB - RJ) – Exatamente.
O SR. MARCO TEBALDI (PSDB - SC) – Romário, temos um amigo em comum, o Pingo, parceiro nosso lá do Joinville, que sempre comenta sobre você.
O SR. PRESIDENTE (Romário. Bloco Socialismo e Democracia/PSB - RJ) – Manda um abraço para ele
O SR. PAULO BAUER (Bloco Oposição/PSDB - SC) – Senador Romário, eu só queria fazer a observação aqui, com base nas respostas oferecidas, de que me chama muito a atenção que a CBF, que nós estamos avaliando e até investigando aqui, porque a Comissão é de investigação, tenha feito e faça tantos contratos de patrocínio, tantos contratos de publicidade, tantos contratos de interesse econômico pelo mundo, não só no Brasil, e nunca tenha tomado nenhum tipo de atitude, de ação em favor das federações, que, no fundo, são os pilares de sustentação da CBF.
Para existir federação, tem que haver clube. Portanto, até onde eu sei, apesar das dificuldades que cada clube enfrenta no Brasil na busca de patrocínio, de sua viabilidade econômica... Eu disse aqui, numa outra reunião da CPI, que, às vezes, até dá pena quando assistimos aos dirigentes de clubes de futebol, principalmente os menores, correndo atrás de patrocínio, correndo atrás de viabilizar recursos para o seu clube, e nós sabemos que as federações, inclusive, cobram uma parcela dos próprios clubes para a sua subsistência. Aliás, eu não sei se as federações também pagam alguma coisa para a CBF. Mas, se elas não pagam, elas são, na verdade, o suporte da CBF.
O SR. PRESIDENTE (Romário. Bloco Socialismo e Democracia/PSB - RJ) – Elas recebem.
O SR. PAULO BAUER (Bloco Oposição/PSDB - SC) – As federações recebem?
O SR. PRESIDENTE (Romário. Bloco Socialismo e Democracia/PSB - RJ) – Recebem.
O SR. PAULO BAUER (Bloco Oposição/PSDB - SC) – Ah, bom! Eu não sabia. Eu pensei que não havia pagamento nenhum. Então, se recebem, certamente, teria que se saber, numa outra oportunidade, qual o critério de distribuição dos recursos. Mas o patrocínio que a CBF viabiliza para a Seleção, em muitos casos, poderia também ser oferecido em parte, em proporção menor, é claro, para as federações poderem atuar nos seus Estados.
Mas era só uma questão que eu queria fazer, e considero-me satisfeito com as respostas.
(Intervenção fora do microfone.)
O SR. PRESIDENTE (Romário. Bloco Socialismo e Democracia/PSB - RJ) – Claro, senhor. Por favor.
O SR. RUBENS LOPES – Senador, em relação à distribuição de recursos para as federações, eu, particularmente, sou contrário. Por que eu sou contrário? Se a instituição não tem o direito de discutir e debater a gestão, o modelo de gestão, os critérios de aplicação dos recursos, não há por que subsidiar desvarios administrativos, que é o que acontece com muitos clubes. Eles querem, de repente, ser carregados; não querem ser ajudados. Só se o dinheiro fosse carimbado.
Eu vou dar um recurso x, mas, obrigatoriamente esse recurso deve ser empregado aqui e ali, dessa forma. Não sendo assim, ele entra e vai ser aplicado nas mais variadas formas, interesses, métodos e sei lá o quê. De verdade, enquanto não houver um critério de aplicação dos recursos e o dinheiro não for carimbado, eu não acho que a CBF tenha que distribuir alguma coisa. Até porque o pessoal precisa andar com as próprias pernas, eles não têm que ser carregados.
Em relação – acho que foi a última pergunta que o Senador Romário me fez... Acho que as suas eu respondi, não foi? (Pausa.)
A respeito da que o Senador Romário me fez, sobre a Liga Sul-Minas, eu já ouvi a posição do presidente Castellar. Eu acho que efetivamente é um movimento separatista, é um movimento de rebeldia, é um movimento elitista, extremamente prejudicial ao futebol como um todo. Por quê? Porque vai haver um confronto com um calendário em que já há uma atividade e que contempla clubes de menor investimento. Impedindo-se ou prejudicando uma atividade de clubes que não têm marca suficiente para captar recursos, como um Corinthians, um clube de grande porte; fazer uma competição paralela, em que irá competir com eles, isso é extremamente prejudicial.
Por que isso não é feito no segundo semestre? – eu pergunto. Vamos fazer competição no segundo semestre! Cadê a coragem para competir com a televisão, que detém os direitos de transmissão, para fazer uma competição paralela ao Campeonato Brasileiro? Faz no segundo semestre. Bota lá Sul-Minas, Rio, Espírito Santo, qualquer que seja, de agosto para frente.
Então, eu acho que é um movimento nocivo, sem propósito, rebelde, separatista e elitista.
Essa é uma opinião pessoal, eu não estou falando pelos demais. Essa é a opinião do Presidente da Federação do Rio de Janeiro. E essa posição que apresento aqui é uma posição do Estado do Rio de Janeiro, é uma posição de todo o futebol do Estado do Rio de Janeiro, posição apoiada por todos os clubes com exceção de dois – todos! Somente dois têm posição contrária àquela que estou transmitindo.
O SR. PRESIDENTE (Romário. Bloco Socialismo e Democracia/PSB - RJ) – Quais são, Presidente?
O SR. RUBENS LOPES – Flamengo e Fluminense.
O SR. PRESIDENTE (Romário. Bloco Socialismo e Democracia/PSB - RJ) – Muito bem.
Sr. Castellar, tem alguma resposta para dar? Ou já respondeu?
O SR. CASTELLAR MODESTO GUIMARÃES NETO – Não, Sr. Senador, eu acredito que já tenha respondido os questionamentos.
O SR. PRESIDENTE (Romário. Bloco Socialismo e Democracia/PSB - RJ) – Eu vou fazer aqui... O Senador Wellington Fagundes saiu, mas deixou aqui duas perguntas para eu fazer, uma para cada um dos senhores.
Recentemente, após a prisão de José Maria Marin e de outros seis dirigentes da Fifa na Suíça, voltaram à tona as discussões acerca da corrupção no mundo do futebol. Muitas das críticas dizem respeito ao processo eletivo para o comando das entidades, que propicia a perpetuação no poder. A CBF, por exemplo, teve somente três presidentes nos últimos 25 anos. A Federação de Futebol do Estado do Rio de Janeiro, a Ferj, não vive situação diferente: desde sua fundação, em 1978: teve somente três dirigentes [essa pergunta é para o senhor]. V. Sª está no cargo há quase dez anos, tendo ainda mais dois anos para cumprir até o fim do atual mandato. Nesse tempo, enfrentou denúncias de nepotismo, como apontou reportagem exibida pelo Canal ESPN, recebeu queixas de clubes filiados com relação à transparência da entidade e aprovou, no Regulamento Geral de Competições, um artigo que ficou conhecido como Lei da Mordaça, por limitar a liberdade de expressão e de imprensa. V. Sª considera benéfica a alternância de comando nas entidades desportivas para que não se criem redutos no poder?
Essa é a pergunta para o Sr. Rubens.
Agora, a pergunta para o Presidente Castellar.
A Federação Mineira de Futebol, FMF, como muitas das federações estaduais do nosso País, viveu o ano sem dar transparência às suas ações. No ano de 2010, ex-dirigentes de federações foram condenados pela prática de crimes tributários e apropriação indébita de contribuições previdenciárias. V. Sª foi eleito Presidente da FMF em junho de 2014, defendendo lemas como a transparência e a redução de custos. Gostaria que V. Sª dissesse como tem sido a experiência à frente da Federação.
Além disso, em sua opinião, existe correlação entre a perpetuação de poder nas entidades estaduais e na CBF e as denúncias de corrupção que atingem essas entidades? Qual seria a melhor forma para acabar com essa prática de continuísmo maléfica na gestão das entidades desportivas?
Por favor, Sr. Castellar para responder a primeira pergunta.
O SR. CASTELLAR MODESTO GUIMARÃES NETO – Bom, em relação aos ex-dirigentes que foram condenados, eu particularmente não tenho nada a acrescentar, não tenho nenhum vínculo – jamais tive – com qualquer tipo de ex-dirigente da Federação Mineira de Futebol. Fui eleito, justamente, trazendo o lema de novos tempos, de renovação, de transparência, de juventude na gestão.
A experiência – já complementando a pergunta – à frente da Federação tem sido verdadeiramente árdua. Como tive oportunidade de dizer aqui, nós encontramos uma entidade sucateada, com R$36 milhões em passivo tributário, o que fez com que precisássemos fazer um esforço muito grande de redução de custos, de adesão ao Refis, um gasto significativo com o pagamento das parcelas, que vêm sendo cumpridas integralmente e corretamente. Então, tem sido realmente uma missão árdua, mas muito proveitosa, e tenho a expectativa de que, no final do meu mandato, eu possa apresentar bons resultados para o futebol em Minas Gerais.
Existe correlação entre a perpetuação de poder nas entidades e na CBF e as denúncias de corrupção que atingem essas entidades? Eu particularmente entendo que não. Eu entendo que os homens já têm o seu caráter formado desde sempre, e não é o simples fato de um homem ficar, eventualmente, à frente de uma entidade por muito tempo que vai fazer com que ele se corrompa ou não. Acho que isso – essa é a minha opinião – depende da formação do caráter de cada um.
Qual seria a melhor forma para acabar com essa prática do continuísmo maléfico na gestão das entidades desportivas? Em relação ao continuísmo, eu entendo que devemos, sim, alterar os estatutos e as regras que tratam da questão. Lá em Minas Gerais, inclusive – foi uma proposta nossa à frente da Federação – , foi feita uma alteração estatutária para que seja permitida apenas uma reeleição, caso a pessoa tenha interesse. Já houve alteração inclusive nisso.
Acredito que eu tenha respondido à pergunta em sua inteireza.
O SR. PRESIDENTE (Romário. Bloco Socialismo e Democracia/PSB - RJ) – Na verdade já existe essa alteração, que veio por meio da Medida Provisória nº 671.
O próprio Estatuto da CBF?
(Intervenção fora do microfone.)
O SR. PRESIDENTE (Romário. Bloco Socialismo e Democracia/PSB - RJ) – Muito bem.
Eu passo a palavra agora ao Senador Donizeti Nogueira.
Desculpe, Senador.
O SR. DONIZETI NOGUEIRA (Bloco Apoio Governo/PT - TO) – Srs. Presidentes Rubens Lopes e Castellar Modesto, essas recorrentes ausências da CBF nas reuniões da FIFA não prejudicam o futebol brasileiro? Quer-me parecer que isso não é bom.
Eu me limito a essa pergunta. E fico com a impressão de que essa questão de os clubes grandes quererem fazer um campeonato paralelo, uma liga paralela, também não é boa para o futebol.
A pergunta é sobre as ausências recorrentes nas reuniões da FIFA do Presidente da CBF. Se isso não é ruim para o futebol brasileiro.
O SR. PRESIDENTE (Romário. Bloco Socialismo e Democracia/PSB - RJ) – Muito bem, Senador.
Presidente, para responder à pergunta do Senador Wellington Fagundes, por favor. A primeira, por favor. E, depois, a do Senador Donizeti.
O SR. RUBENS LOPES – Eu vou pegar uma carona na última questão que foi feita para o Castellar, porque ela praticamente se superpõe ao final da pergunta do Senador para mim, sobre ser benéfica a alternância no comando das entidades esportivas para que não se criem redutos de poder. Depois, ele pergunta como eu vou acabar bom o continuísmo maléfico.
É evidente que qualquer coisa maléfica tem de ser banida. Então, se o continuísmo é maléfico, não tem nem que existir. Pode até existir, vamos admitir, um continuísmo benéfico. Se eu digo que há continuísmo maléfico, vamos bani-lo.
Essa alternância de poder...
O SR. DONIZETI NOGUEIRA (Bloco Apoio Governo/PT - TO) – Desculpe, Presidente.
Essa questão do continuísmo maléfico...
O SR. RUBENS LOPES – Sempre maléfico.
O SR. DONIZETI NOGUEIRA (Bloco Apoio Governo/PT - TO) – O continuísmo pode ser maléfico ou não, mas o que, do meu ponto de vista, parece razoável é que os instrumentos legais internos, como estatuto e regimento, prevejam as formas com que os eleitores desse colegiado possam acabar com isso.
O SR. RUBENS LOPES – Mas prevê, Senador. Prevê.
Todos os estatutos ou os estatutos de todas as entidades têm essa previsão. Isso está insculpido lá nos artigos do estatuto de cada um.
Agora, eu até acho que a medida provisória, a aprovação dessa lei do Profut, etc., no meu modo de entender, invadiu, se me permitem, a autonomia das instituições um pouquinho quando determinou que seja um mandato apenas, permitida uma reeleição.
Por uma questão de justiça, eu quero aqui assinalar que, antes de essa lei ser aprovada, o defensor desse ponto de vista, de que isso fosse prática em todas as federações, a começar pela CBF, foi o Presidente Castellar, numa assembleia geral. Foi voto vencido na ocasião. Defendeu veementemente apenas um mandato, permitida uma reeleição.
A CBF adotou isso no seu estatuto e recomendou às demais filiadas que assim o fizessem. Minas já o fez, o Rio de Janeiro está fazendo uma alteração estatutária para uma próxima assembleia, sem nenhuma dificuldade. E que isso seja estendido não só para as federações. Que isso seja estendido para todas as entidades desportivas deste País, qualquer que seja a modalidade do esporte.
Especificamente em relação à pergunta dirigida a mim pelo Senador Wellington Fagundes, acho que o momento não poderia ter sido melhor para que nós recebêssemos essas perguntas e pudéssemos ter oportunidade de respondê-las em público.
O processo seletivo para o comando das entidades propicia a perpetuação do poder. O processo é democrático, em que todos os eleitores exercem seu direito de voto, como se elege Deputado, Senador, Presidente da República, igual. Não há nenhuma diferença. Cada um exerce democraticamente seu direito de voto, e, na apuração, escolhe-se aquele que teve maior número de votos.
No Rio de Janeiro, houve três presidentes nos últimos 25 anos, e ele coloca que a Federação de Futebol do Rio de Janeiro não vive situação diferente. Desde sua fundação, em 1978, teve somente três dirigentes. "V. Sª está no cargo há quase dez anos." Oito, tendo ainda mais dois anos para cumprir até o fim do atual mandato. Esse é um fato real, e disse aqui inicialmente: dentro da legalidade, sem nenhuma violação de qualquer dispositivo estatutário, legal, regimental, nada.
"Nesse tempo", aí em relação especificamente ao presidente, a mim, "enfrentou denúncias de nepotismo, como apontou reportagem exibida pelo canal ESPN". Acho que o termo não se aplica a entidade privada, mas não vou aqui negar que efetivamente eu tenho, como subordinados e contratados, pessoas de ligação familiar. Eu não ia botar, como tesoureiro ou no financeiro, ou como diretor de competições ou naquele cargo em que eu precise de fidelidade, seriedade e competência, alguém que eu não conhecesse, de maneira nenhuma.
Não há nenhum porteiro nomeado para piloto de avião na minha federação. Não há nenhum médico exercendo o cargo de advogado. Todos que efetivamente lá estão têm qualificação específica para tal, com currículo à disposição de quem queira, seja na sua experiência profissional no mercado, nas atividades laborativas profissionais outras, quer dizer, em outras instituições... Por isso, não vejo...
Agora, em relação à reportagem pelo ESPN, é bom que se diga, vamos aqui, então, esclarecer: isso faz parte de uma campanha deflagrada pelo Flamengo e pelo Fluminense, ou melhor, vou corrigir, pelo Presidente do Flamengo e pelo Presidente do Fluminense, que, desde o começo do ano, estão num propósito, na contramão de todos os demais. É uma reportagem totalmente infundada; eu vi essa reportagem em que o Presidente do Fluminense teve a coragem de dizer que não recebeu repasse dos recursos da televisão, quando ele próprio assinou recibo. Se quiser, eu boto a fala da reportagem e trago o recibo.
Muito bem, quanto à queixa de filiados em relação à transparência da entidade, vamos aqui falar um pouquinho de como funciona; o Castellar parece que já sintetizou como funciona. O presidente da federação tem poderes extremamente limitados, na do Rio de Janeiro tem. O presidente é o síndico da vontade dos clubes. Ele é o síndico da vontade dos clubes. Não tem direito a voto em nenhum órgão da instituição. Nenhum. O presidente não vota. Quem decide são os clubes. Quem decide sobre campeonato de Série A são exclusivamente os clubes da Série A. Quem decide sobre campeonato de Série B, e assim sucessivamente, são, exclusivamente, os clubes da respectiva série ou divisão, sem nenhuma participação da federação.
Na assembleia geral, quem vota são exclusivamente os filiados, e a federação não tem direito a nenhum voto. Nenhum. E tudo o que é feito, tudo, sem exceção, está à disposição de quem quer que seja e fundamentalmente daqueles que são interessados, que são os filiados. Acontece que esses dois presidentes, rebeldes, insurretos, omissos, que lá não vão, usam vias transversas para tentar desconstruir uma imagem, um conceito, etc.. Mas esses clubes estão na contramão de todos os demais, sem exceção. Todos.
Durante onze semanas – onze semanas – a Federação do Rio de Janeiro abriu um debate para discutir o futebol do Estado do Rio de Janeiro: o que fazer para melhorar, o que não fazer para melhorar. Onze semanas, onze reuniões, e o Presidente do Fluminense não foi a nenhuma. A exemplo do que a CBF fez, copiamos e criamos um grupo de trabalho para analisar qual seria a melhor proposta a respeito do campeonato estadual de futebol de 2016 nos seus mais variados aspectos. Desse grupo de trabalho faziam parte tanto o Presidente do Flamengo quanto o Presidente do Fluminense, e nenhum deles compareceu à reunião alguma. As propostas foram levadas à decisão do Conselho Arbitral, conselho este formado pelos clubes da primeira divisão, do qual fazem parte os clubes Flamengo e Fluminense, com direito à assento, voz e voto. Não foram. Quem sou eu para fazer esta afirmação nesta Casa, que é Casa da democracia?! Os princípios democráticos devem ser respeitados. A minoria tem que se submeter à decisão da maioria, senão vira subversão da ordem, vira subversão da hierarquia, vira subversão da democracia.
No que diz respeito à aprovação do Regulamento Geral das Competições, esses três itens que aqui estão colocados têm impressão digital é retrato. A Federação não criou e não aprovou. A pedido dos clubes, foi inserido no regulamento um artigo com a finalidade de proteger ações, atos, atitudes que fossem deletérias para todos os demais. E isso seria julgado pelos próprios clubes. Se assim entendessem que aquele fato, aquela atitude, aquele ato tivesse sido deletério, isso seria levado aos próprios clubes, onde o hipotético infrator poderia justificar-se, e todos decidiriam se houve ou não houve uma atitude deletéria passível de uma ação sanção.
Por que isso? Isso é um condomínio. Eu quero perguntar: se algum dos senhores aqui fosse sócio de alguma empresa, e o seu sócio começasse a dizer: "Não viaja nesse voo, não; esse avião é uma droga; não compre dessa mercadoria aqui, isso é muito ruim". É a mesma coisa. Isso é um condomínio, e o interesse é de todos. Eles acharam por bem evitar que fossem feitas ações que prejudicassem os demais, como está acontecendo exatamente agora, com essa história de Liga Sul-Minas. Dois clubes estão sendo extremamente prejudiciais a 14. Por quê? "Eu não vou jogar, vou jogar com o time reserva, não vou participar, não jogo." Que investidor vai dizer assim: "Vou comprar uma cota do campeonato, vou patrocinar esse time." Será que vai haver campeonato? Será que vai haver jogo?
O clube A vai jogar? O clube B vai jogar? Olhe o impacto econômico negativo, olhe o prejuízo que está sendo causado a todos os demais. Por isso, os próprios clubes... Se quiserem, eu mostro, numa oportunidade, uma declaração do representante do Flamengo quando esteve na reunião para aprovar o regulamento geral, fazendo elogios a esse tipo de dispositivo, que é exatamente para preservar o bom desempenho do campeonato.
Isso sequer entrou em prática. Não houve isso, não entrou em prática, não houve nenhum caso disso. Nenhum caso. Parênteses: esses mesmos clubes que dizem que nós aprovamos, quando foram eles que aprovaram, calçam bota de sete léguas e fogem da verdade.
A CBF publica – ou melhor, não sei se publicou – ou impõe à arbitragem uma norma, de que o árbitro é obrigado a dar cartão amarelo se o atleta falar com árbitro, uma coisa assim. Se reclamar, tem que tomar cartão amarelo. Se for até a grade, tem que tomar cartão da amarelo; se for comemorar, tem que tomar cartão amarelo. E o árbitro que não fizer assim certamente será punido. Isso é público, todo mundo sabe. Foi dito. Isso é que lei da mordaça. O atleta não tem o direito de se manifestar, sequer de fazer assim.
No entanto, os dois paladinos que aqui estão sequer se insurgiram contra isso. Acabamos de ver...Você é Vasco, Senador? Não, não é?
O SR. HÉLIO JOSÉ (Bloco Maioria/PSD - DF) – Cruzeiro.
O SR. RUBENS LOPES – Cruzeiro? Olha, Castellar!
O senhor é...?
O SR. DONIZETI NOGUEIRA (Bloco Apoio Governo/PT - TO) – Sou santista. (Fora do microfone.)
O SR. PRESIDENTE (Romário. Bloco Socialismo e Democracia/PSB - RJ) – Presidente, para seu conhecimento, esta reunião é gravada. Gostaria de colocar para o senhor que todas as palavras que estão sendo ditas serão gravadas. Se o Presidente do Fluminense ou do Flamengo pedirem, mandaremos para eles.
O SR. RUBENS LOPES – Pode mandar.
O SR. PRESIDENTE (Romário. Bloco Socialismo e Democracia/PSB - RJ) – Se estiver dentro do nosso Regimento.
O SR. RUBENS LOPES – Sem nenhum problema.
O SR. PRESIDENTE (Romário. Bloco Socialismo e Democracia/PSB - RJ) – É bom saber.
O SR. RUBENS LOPES – E digo mais: no dia em que vierem prestar qualquer esclarecimento, podem me convidar que venho junto.
O SR. PRESIDENTE (Romário. Bloco Socialismo e Democracia/PSB - RJ) – Muito bem.
Há mais alguma...
Sr. Castellar.
O SR. CASTELLAR MODESTO GUIMARÃES NETO – Pergunto, é que anotei a pergunta a respeito das ausências de dirigentes no colégio de líderes da FIFA. Particularmente, Sr. Senador, não conheço as decisões tomadas tradicionalmente pelo colégio de dirigentes da FIFA. Não sei se todas as decisões são tomadas sempre de forma presencial ou se são tomadas a distância, de forma que não consigo avaliar. Evidentemente, se os dirigentes estão ausentes, assim o fazem por razões que lhes são próprias e, na condição de maiores dirigentes, têm de avaliar se há um prejuízo ou não. Sinceramente, não tenho como dizer, até por desconhecer o processo.
O SR. PRESIDENTE (Romário. Bloco Socialismo e Democracia/PSB - RJ) – Presidente Castellar, na verdade, entendo que o que o Senador quer dizer é que ultimamente o nosso presidente atual da CBF não tem participado nas últimas reuniões na FIFA, por um motivo simples e claro: ele está com medo de ser preso quando se ausentar do País. Isso automaticamente é prejudicial ao futebol.
Por exemplo, da última reunião na FIFA sobre o futebol nas Olimpíadas, a que a FIFA também está diretamente ligada, o Presidente da CBF atualmente, Sr. Marco Polo Del Nero, não participou. É mais um fato negativo para o nosso futebol. Consequentemente, quem perde com isso é todo mundo que ama, que gosta, que quer um futebol moralizado e organizado.
Acho que era mais ou menos por aí, não é Senador?
O SR. DONIZETI NOGUEIRA (Bloco Apoio Governo/PT - TO) – Presidente, para matar até mais uma pergunta e aí responder tudo junto, pelo que entendi na resposta ao Senador Paulo Bauer, as federações recebem um apoio da Confederação. É isso? E isso ocorre de forma discricionária pelo presidente. Se é isso, isso não é ruim, porque o presidente passa a deter influência sobre os presidentes das federações?
...de forma discricionária pelo Presidente, se isso não é ruim, porque o Presidente passa a deter influência sobre os presidentes das federações?
O SR. RUBENS LOPES – Inicialmente, é um dispositivo que é admitido, é estatutário, é admitido para isso. A partir do momento que é feito de forma oficial e igualitária, não há porque... E posso dizer isso do Rio de Janeiro. O Rio de Janeiro efetivamente recebe esse... Plano de ajuda, sei lá, de auxílio às federações de forma igualitária, a mesma coisa talvez que recebe o Acre, e fui oposição ao Presidente...
O SR. DONIZETI NOGUEIRA (Bloco Apoio Governo/PT - TO) – Então, À CBF cumpre só repassar, porque o rateio é igualitário, tem de passar. Ela só cumpre a obrigação de repassar, ela não repassa por um desejo pessoal do seu Presidente ou do tesoureiro?
O SR. RUBENS LOPES – Não.
O SR. DONIZETI NOGUEIRA (Bloco Apoio Governo/PT - TO) – Não, é obrigatório e é igualitário.
O SR. RUBENS LOPES – É igualitário e consta... No balanço do Rio de Janeiro está lá publicado.
O SR. PRESIDENTE (Romário. Bloco Socialismo e Democracia/PSB - RJ) – Para os dois Presidentes: qual é o valor dessa ajuda financeira que a CBF passa para as federações?
O SR. CASTELLAR MODESTO GUIMARÃES NETO – Sr. Senador, especificamente em relação a este tema, eu já disse em duas ou três oportunidades o meu posicionamento de jurista, de legalista. Sempre tenho atuar no estrito limite da minha condição.
Recebi no dia 17, até anotei, de setembro, comunicação formal da CBF, por e-mail, dando conta de que ela havia se insurgido ao fornecimento dessas informações através de um mandado de segurança no Supremo Tribunal Federal e que havia sido deferida medida liminar pelo Ministro Marco Aurélio.
Se eu não me engano, com base em um Requerimento de nº 43, que havia sido formalizado nesta Casa.
Eu, na condição de advogado, digo a V. Exª o seguinte: temo que, fornecendo essa informação – e digo que lamento –, temo que ao fornecer essa informação precisa eu esteja, ainda que por uma via transversa, descumprindo um dispositivo de ordem de um Ministro do Supremo Tribunal Federal.
Digo a V. Exª que, superada essa questão, em relação à federação mineira, evidentemente que todos os valores estão à disposição desta Casa. E digo mais a V. Exªs: que aqueles valores foram efetivamente publicados no último balanço disponibilizado, de forma que a informação é pública.
Só temo descumprir uma decisão judicial.
O SR. PRESIDENTE (Romário. Bloco Socialismo e Democracia/PSB - RJ) – Muito bem. Então, receber o senhor recebe, ou seja, a Federação recebe. Só não pode aqui dizer o quanto pela ordem judicial que foi dada pelo Supremo Tribunal.
Presidente Rubens, eu gostaria de fazer a mesma pergunta: o senhor pode dizer aqui o valor?
O SR. RUBENS LOPES – Eu não recebi nenhum comunicado, a CBF não me comunicou dessa decisão judicial, não chegou ao meu conhecimento, de forma que não tenho esse compromisso. Mas os valores estão publicados no balanço da Federação sob a rubrica "doações".
Está lá publicado. Como eu não recebo doação de lugar nenhum, tudo que está lá escrito foi que a CBF mandou.
O SR. PRESIDENTE (Romário. Bloco Socialismo e Democracia/PSB - RJ) – Então, não existe nenhum tipo de repasse financeiro da CBF para a Federação.
O SR. RUBENS LOPES – Existe. Está publicado no balanço sob a rubrica "doações".
O SR. PRESIDENTE (Romário. Bloco Socialismo e Democracia/PSB - RJ) – Muito bem.
O SR. DONIZETI NOGUEIRA (Bloco Apoio Governo/PT - TO) – Presidente Romário e convidados, vou ter de me retirar pela correria que temos aqui, mas obrigado pela boa vontade, pela presença...
O SR. PRESIDENTE (Romário. Bloco Socialismo e Democracia/PSB - RJ) – Eu é que agradeço, Senador.
Senador Hélio José com a palavra.
O SR. HÉLIO JOSÉ (Bloco Maioria/PSD - DF) – Eu gostaria de parabenizar o nosso Senador Romário pela persistência, capacidade e trabalho intenso para poder estar realizando essa CPI da melhor forma possível, procurando convocar e trazer a todos para poder melhor esclarecer ao Brasil essa questão da caixa preta do futebol.
Quero dizer que é lamentável esta Casa ter tanto trabalho simultâneo. Poderíamos contribuir muito mais, mas é tanta coisa acontecendo simultaneamente que não temos condição de participar como gostaríamos de todos os espaços que temos aqui, e é necessário participar.
Eu quero parabenizar e cumprimentar os Presidentes da Federação Mineira e do Rio de Janeiro e dizer que nós... Eu, por exemplo, sou um dos signatários desse requerimento em que o STF concedeu liminar. Eu acho um absurdo ficar sonegando informação, porque, quanto ao dinheiro, todos nós temos de saber onde foi, porque foi e como foi gasto. Não podemos ficar aqui querendo esconder as questões...
gasto, está certo, então nós não podemos ficar aqui querendo esconder as questões e as dificuldades. O futebol brasileiro passa por uma série de dificuldades, nós temos times de futebol que mal conseguem se autossustentar, o que é importante, outros que gastam milhões, e não se justifica por que estar gastando tantos milhões com coisas. Quando eu fiquei sabendo, por exemplo, que o Ronaldinho gaúcho assinou um contrato com o Fluminense para ganhar R$900 mil por mês, eu estou até pensando aqui, a minha assessoria está fazendo aqui um relato para podermos ver se vamos sobretaxar quem ganhar acima de cem salários mínimos nesse País, um valor muito mais elevado, porque eu acho um absurdo com quem ganha um salário mínimo uma pessoa ganhar R$900 mil por mês, seja de que forma for, e ficar por isso mesmo, está certo? É um absurdo.
Eu quero saber o seguinte, o Presidente da Federação do Rio, o Rubens, sempre, sempre, sempre foi contra essas gestões da CBF. Eu queria saber, Rubens, as principais motivações que levam vocês do Rio, você, principalmente, a ter uma posição clara de não concordar com um monte de coisas que são feitas ali, o que você poderia esclarecer aqui para mim, para o Senador Romário e para outros Senadores desta Casa tão importante, o que leva a esse posicionamento do Rio? Porque eu tenho certeza de que esse posicionamento não é só porque o Presidente era de São Paulo, ou porque antes era, o atual é ou o outro é. Não é briga regional, deve haver algumas questões técnicas, políticas, a sua visão de gerir o futebol e a forma como anda o futebol brasileiro é que deve ter levado a essa posição do Rio de Janeiro, então eu queria entender melhor isso.
Eu queria que o nosso Presidente da Federação mineira... Eu sou cruzeirense, na verdade os mineiros são goianos cansados, saem do Goiás, não conseguem chegar à praia, param no meio do caminho, e eu sou um goiano, nascido aqui em Corumbá de Goiás, mas sou cruzeirense, por causa daquele timaço lá do Dirceu Lopes, do Tostão, Piazza, etc e tal da Copa de 70, que me incentivou a ser Cruzeiro, mas sou amoroso pelo Romário, nosso grande atleta pelo Flamengo, pelo Vasco, por todos os times que ele passou, pelo Ameriquinha, que nós temos que resgatar, não é Romário...
O SR. PRESIDENTE (Romário. Bloco Socialismo e Democracia/PSB - RJ) – Exatamente, Senador.
O SR. PRESIDENTE (Romário. Bloco Socialismo e Democracia/PSB - RJ) – E nós estamos aqui exatamente por causa disso, porque é um absurdo um time, com a história do América, hoje não poder mais viver, existir por causa dessa encrenca toda do futebol que esta CPI tenta passar a limpo. Então, o Romário e nós aqui estamos a fim de fazer isso.
Assim, a gente quer protestar contra essa decisão do STF, esperamos que ela seja mudada o mais breve possível para a gente ter a clareza dos fatos. Eu não sei, Romário, na hora em que a gente for novamente fazer a sessão de requerimentos, Senador, se nós vamos fazer um requerimento direto às federações para eles nos informarem...
O SR. PRESIDENTE (Romário. Bloco Socialismo e Democracia/PSB - RJ) – Eu queria aproveitar, Senador Hélio, a decisão do STF não proíbe a divulgação desses valores pagos ou doados pela CBF. Na verdade, a liminar do Ministro Marco Aurélio apenas desobriga de fazê-lo; o Presidente Castelar, por exemplo, pode ficar à vontade para revelar.
Pode continuar.
O SR. HÉLIO JOSÉ (Bloco Maioria/PSD - DF) – Perfeito. Então, dentro dessa sequência, Castelar, você que hoje é o novo Presidente, está chegando agora, não sei nem se você é cruzeirense ou atleticano, o que interessa é que você é mineiro, lá da nossa Federação, o que você acha, dentro dessa visão nova de administração, você que está chegando, como você vê que uma confederação de futebol pode contribuir, no formato que está aí – porque esse formato que está aí a gente questiona, eu, Romário e outros aqui achamos que não está bom –, mas como você vê, você que está hoje na máquina ali, que a gente pode contribuir para resgatar o futebol brasileiro? É o caso do América, dez anos seguidos campeão do campeonato mineiro e não consegue se ajeitar mais por causa da situação. Foi tetracampeão, Romário, o Ameriquinha lá em Minas Gerais, e nunca mais conseguiu ganhar um título por causa dessa dificuldade de sobrevivência.
O Estado de Minas é tão rico quanto São Paulo, e São Paulo tem, talvez, hoje um dos melhores campeonatos brasileiros, independentemente de outras questões que aconteçam lá por causa da rivalidade, da injeção de recursos em cada time ali, o time do interior é um time que encara o da capital quase em igualdade de condição, o que é que está faltando, não só para Minas, mas para o Brasil inteiro? E aí também serve para o Rio, porque o Rio, embora tendo cidades grandes, não consegue repetir o sucesso de São Paulo, têm muitas dificuldades os nossos times pequenos, Madureira, Olaria, Ameriquinha, está todo mundo sempre ruim das pernas, o que a gente pode fazer com esta CPI no Senado Federal, com a boa vontade do Senador Romário, com a colaboração de nós, que estamos com ele, para a gente passar a limpo e transformar o futebol brasileiro novamente no que já foi?
Eu estava no México esta semana, eu passei uma semana no México em um seminário do Parlatino. Nossa, que nostalgia quando a gente vai no Asteca daquela questão do nosso futebol de 70, de tudo o que nós...
daquela questão do nosso futebol de 70, de tudo que nós já fomos.
Depois de 70, nós só passamos a sobreviver de quê? Do Romário, sobreviver, depois, do Ronaldinho, do Ronaldo Fenômeno, de alguns atletas individuais, porque nós não temos mais condições de fazer o escrete. Foi em 70, aquele do Tele que, lamentavelmente, nós perdemos aquele jogo, e, depois, foi o individualismo mesmo.
O Romário tomou de conta, o Ronaldo tomou de conta de outra e ganhamos as outras Copas. E passamos a vergonha agora do 7 x 1. Então, para isso não se repetir, eu acho que esse é um grande objetivo do nosso Presidente da CPI, que é o Romário, para isso não se repetir, como é que daqui a gente pode, realmente, passar a limpo o nosso futebol brasileiro.
O SR. PRESIDENTE (Romário. Bloco Socialismo e Democracia/PSB - RJ) – Antes de responder, eu gostaria de colocar em votação a ata da 10ª reunião, solicitando a dispensa da leitura.
Os Srs. Senadores que aprovam permaneçam como se encontram. (Pausa.)
Está aprovada a ata.
Por favor, Presidente Castelar para responder a primeira pergunta do Senador Hélio.
O SR. CASTELLAR MODESTO GUIMARÃES NETO – Sr. Senador como V. Exª bem disse, eu sou relativamente novo em todo esse, vamos dizer, sistema, estou à frente da Federação Mineira há apenas um ano e dois meses ou três meses. Disse aqui, no início da minha apresentação, antes da chegada de V. Exª, e mostrei números, e que encontrei a entidade verdadeiramente sucateada, com R$36 milhões em passivo tributário praticamente insustentável.
Tivemos a sorte de estarmos no momento onde Refis ainda estava aberto para parcelamento dessa dívida, o que foi feito pela federação, e, com este ajuste, nós conseguimos reduzir R$36 milhões para R$11 milhões, mas, ainda assim, tem sido um grande esforço administrar e trazer uma nova cara, que é o que a gente pretende para a federação sempre com muita transparência.
O que V. Exª aqui disse em relação a esta nova visão, quais são os conceitos e as sugestões, tive oportunidade aqui de dizer, também, eu vejo, no Brasil, hoje, com muita tristeza, a questão da divisão das cotas dos clubes, que recebem particularmente televisão, como um grande ponto de desequilíbrio nos campeonatos e com toda a consequência esse fato específico gera em todo o processo.
Sugeri, aqui inclusive, eu particularmente gosto muito do formato inglês, onde nós temos três grandes valores, sendo que o primeiro é o valor dividido de forma fixa, o segundo valor ele dividir em função da classificação no último campeonato e um terceiro valor em função de audiência. Acho que, ainda que nós mantenhamos conheço uma pequena disparidade entre os clubes, nós teríamos aí uma forma mais próxima de uma justiça de divisão de rendas com todas as consequências, como disse, que isso traz.
Além disso, principalmente pelo atual momento da Seleção Brasileira, do futebol brasileiro como um todo, a carência de novos ídolos, eu tenho convicção de que a renovação de jovens atletas, o investimento mais consistente em categorias de base, isso pode trazer reflexos positivos no futuro. Em Minas, a nossa experiência positiva foi dobrar o número de clubes que disputam hoje as nossas categoria Sub 15 e Sub 17. Nós tínhamos apenas uma divisão do Campeonato Mineiro Sub 15 e Sub 17 e dobramos.
Hoje temos duas divisões, com mais garotos jogando, temos incentivado o futebol amador da capital e interior de Minas Gerais. Então, basicamente como sugestões que trago – e lógico que nós todos sabemos que ninguém conhece a receita, a fórmula para corrigirmos todas falhas que encontramos, vejo como pertinentes a redivisão das cotas de televisão de uma maneira mais igualitária, ainda que tenha pequenas diferenças, e um investimento mais contundente no que diz respeito à formação de base.
Acho que, com isso, nós colheríamos frutos em curto, médio e longo prazo. São as minhas pequenas sugestões.
O SR. PRESIDENTE (Romário. Bloco Socialismo e Democracia/PSB - RJ) – Diz aqui que a justiça Suíça acabou de extraditar agora Eduardo Li, que é Presidente da Federação de Costa Rica. Faltam apenas, agora, três julgamentos e o Marins será um deles.
Por favor, Presidente, a justiça Suíça extraditou agora Eduardo Li, que é o Presidente da Federação da Costa Rica.
O SR. RUBENS LOPES – Senador, vamos começar pelo que eu penso seja mais difícil e que vai lhe atingir, que é falar do América.
O SR. PRESIDENTE (Romário. Bloco Socialismo e Democracia/PSB - RJ) – Meu América.
O SR. RUBENS LOPES – Seu não, dele.
O SR. PRESIDENTE (Romário. Bloco Socialismo e Democracia/PSB - RJ) – Ah, dele.
O SR. RUBENS LOPES – Dele. O problema do problema do América não é de hoje. Em 1940, e lá se vão quase 75 anos, o América encerrou as atividades do futebol por falta de recurso, não tem mais futebol. Então você veja que não agora. Por que eu estou dizendo isso? Não é que eu seja um estudioso ou um conhecedor de futebol a ponto de saber desses detalhes. É que o meu pai foi profissional de futebol do América.
saber desses detalhes, é que o meu pai foi profissional de futebol do América.
(Intervenção fora do microfone.)
O SR. RUBENS LOPES – É, o América Mineiro, e depois ele veio para o Bangu em função, efetivamente, daquela crise que deu no América em 1940. Então, o problema do América não é de hoje, isso já vem de algum tempo.
Mas, brincadeiras à parte, o Presidente Castellar acho que colocou muito bem que é necessária uma divisão de recursos de forma mais igualitária – o Ruy Barbosa já dizia que a regra da igualdade, que você não pode aquinhoar os desiguais de forma igual, e o inverso, mas há que haver uma melhora nessa proporção –, não que se tenha que tirar recursos dos outros, mas dar a alguns para que eles possam entrar em competição. Por analogia, como se fosse ter uma prova de Fórmula 1 e que os pequenininhos entrassem lá com um Gordine 66, com um fusquinha, e efetivamente é isso que acontece.
Deputado, fiz uma citação aqui do seu nome e depois eu vou repetir.
O SR. PRESIDENTE (Romário. Bloco Socialismo e Democracia/PSB - RJ) – Quero agradecer a presença do Deputado Federal Andres Sanchez, eterno Presidente do Corinthians.
O SR. RUBENS LOPES – Agora, o que tem que se fazer? Todas as vezes que você reduz a prática da modalidade, você reduz a probabilidade de surgimento de novos talentos, e se nós tivermos um pensamento elitista, a tendência é piorar. "Ah, porque na França tem 20 clubes, na Espanha tem 20, em Portugal tem 20", mas a França cabe dentro de Minas Gerais, o Presidente aqui falou que cabe dentro de Minas Gerais.
Então, nós temos efetivamente que pensar, pelo contrário, em aumentar e fomentar a prática desse futebol. E, por isso, nós não podemos persistir no modelo, nesse tipo de coisa, que cada vez mais estamos encolhendo por falta do surgimento de novos talentos e por falta da prática da modalidade, por dificuldades outras, dentre elas a má distribuição de recursos.
Muito bem, acho que foi o senhor que me fez uma pergunta a respeito da divergência com a direção da CBF, etc, etc. Veja, na realidade, eu tive sérias divergências – eu fui quase um candidato, está aqui o Deputado Andres que sabe disso, contei a história de que só não montamos uma chapa pela intransigência do presidente Noveletto de querer ser efetivamente o candidato –, tenho ainda divergências, não tenha dúvida, mas existe uma coisa que, no momento, enquanto eu não tiver conhecimento de, vamos dizer assim, uma irregularidade, porque não passou na minha mão, não tenho conhecimento disso, eu me restrinjo a contestar aquilo que eu acho que deva ser contestado interna corporis e apoiar aquilo que eu acho que esteja correto.
Na escola de samba tem uma máxima que diz o seguinte: antes de escolher o samba enredo, cada um apresenta lá a sua música e começa a competir, e é um desastre, é uma competição, é uma guerra total, mas, depois que é escolhido o samba enredo, vira hino da escola e todo mundo tem que cantar, até que haja alguma coisa diferente.
Então, na realidade, eu discordo, aponto, discuto, protesto as coisas que eu entendo que precisam ser mudadas, que possam ser mudadas, mas também não deixo de reconhecer as coisas boas que são feitas. E tudo que eu puder fazer em prol da entidade, não é em prol do João, da Maria, do Pedro, do Antônio, é em prol da instituição, e, consequentemente, em prol do futebol. Ninguém quer cerrar o galho da árvore em que está sentado; pelo contrário, queremos que floresça e aumente.
O SR. PRESIDENTE (Romário. Bloco Socialismo e Democracia/PSB - RJ) – Os senhores têm alguma objeção em remeter a esta CPI o Estatuto das Federações?
O SR. RUBENS LOPES – Está no ar, o meu está no ar.
O SR. CASTELLAR MODESTO GUIMARÃES NETO – Se não houver problema em enviar por e-mail, eu faço agora até no final da reunião.
O SR. PRESIDENTE (Romário. Bloco Socialismo e Democracia/PSB - RJ) – Obrigado.
O SR. HÉLIO JOSÉ (Bloco Maioria/PSD - DF) – Presidente, só para concluir então, aqui.
Eu sou de Brasília, Senador por Brasília, nós tivemos o Gama agora tentando ser campeão da Série D para ir para a Série C, acabou num jogo de compadre entre o Crac, lá de Catalão, que é no meu Estado
um jogo de compadres entre o craque, lá de Catalão, que é do meu Estado, e o Botafogo de Ribeirão Preto, que são patrocinados pela mesma empresa, no mesmo conjunto de interesses, eliminando, por um empate forçado, o Gama, de seguir na disputa do fato. Como são coisas subjetivas, não há como provar a situação, mas é nítido para quem assistiu aos jogos, e também numa pixotada de tirar o direito do Gama de jogar com a sua torcida num jogo contra o craque aqui no Distrito Federal. O Gama empatou o jogo, com todo mundo do lado de fora do estádio, sem poder entrar para acompanhar. Então, esse tipo de coisa está matando o futebol.
A preocupação que tenho, também, como o senhor colocou, é não tratar desigualmente os desiguais, porque a Constituição prevê este tratamento: tratar desigualmente os desiguais...
Em Brasília, por exemplo, não temos patrocínio algum. O Gama não tinha patrocínio algum para disputar essa série D, depois que Brasília toda está fora dos campeonatos, porque, em Brasília, primeiro, há dificuldade de patrocínio. E, quanto a essa questão igualdade, agora, nesse campeonato que acabou de aconteceu, nivelam-se os times que são um pouco melhores, os dois ou três times que têm torcida e condição, realmente, de fazer o futebol crescer, com os demais, que são bem menores e que não têm condições, porque a cota é igual para todo mundo. Consequentemente, para esse que só está sendo figurativo, há uma situação até razoável de sobrevida nesse período do campeonato, mas aquele que tem uma estrutura bem maior para dar alegria para a torcida, fazer gol, fazer diferença e formar, não tem condição de sobrevivência, de manter o time. É o caso do Gama, por exemplo, que vai ter de praticamente desfazer o time que montou para a série D para sobreviver no campeonato de Brasília, agora, que vai começar. Esse é o tipo de coisa que temos de mudar.
A questão, por exemplo, das ligas. Houve aquela iniciativa lá atrás. Ficou por aquilo mesmo, do Clube dos 13, que ampliou um pouquinho, coisa e tal, morreu por causa da posição da CBF.
Como vocês avaliam isso? Será que seria hora de fortalecermos liga, ou não? Vemos como as coisas funcionam na Europa. O que nós queremos aqui, o que o Romário quer, o que eu quero, o que o Andres quer é acabar com o escândalo, com essa baixaria, com esse desvio de tantas coisas de que ouvimos falar. Até agora, não temos a prova. Queremos, aqui, buscar a prova.
Estamos felizes com o FBI? Estamos felizes com a Justiça, fazendo esses atos, como o Romário acabou de anunciar um aqui? Estamos, porque estão tentando limpar uma situação que, ao longo do tempo, não está limpa ,não está clara.
O futebol brasileiro é um negócio milionário. Não sabemos para onde vão esses recursos. Eu não tenho nada contra as pessoas que têm mérito ganharem muito. Então, nada contra o Ronaldo ganhar muito, mas, como a média salarial brasileira é de dez salários mínimos, acho que ganhar cem salários mínimos é o suficiente para qualquer cidadão brasileiro sobreviver bem. Para os demais, é preciso fazer distribuição de renda. Por isso, acho que é preciso fazer um imposto especial para quem ganha acima de cem salários mínimos. Está certo?
Então, faremos essa discussão no projeto que vamos apresentar nesta Casa, mas o objeto desta nossa CPI, neste momento, é contribuir para passar a limpo o nosso futebol.
Fiz uma visita à CBF antes desta CPI – tive uma visita lá, junto com o Gama, junto com a direção do Brasília – para conversar sobre todas essas confusões que iriam acontecer...
O SR. PRESIDENTE (Romário. Bloco Socialismo e Democracia/PSB - RJ) – V. Exª teve uma ótima impressão, não é?
O SR. HÉLIO JOSÉ (Bloco Maioria/PSD - DF) – Tive.
O SR. PRESIDENTE (Romário. Bloco Socialismo e Democracia/PSB - RJ) – Com certeza.
O SR. HÉLIO JOSÉ (Bloco Maioria/PSD - DF) – Por incrível que pareça, tive uma ótima impressão...
O SR. PRESIDENTE (Romário. Bloco Socialismo e Democracia/PSB - RJ) – Eles são assim mesmo. Exatamente isso.
O SR. HÉLIO JOSÉ (Bloco Maioria/PSD - DF) – E aí, agora...
O SR. PRESIDENTE (Romário. Bloco Socialismo e Democracia/PSB - RJ) – Ainda mais se eles souberem, alguns dias antes... (Risos.)
O SR. HÉLIO JOSÉ (Bloco Maioria/PSD - DF) – Então, o Romário conhece bem, porque é do meio. Viveu isso na pele, saiu de baixo, mostrou o quanto o Brasil forma pessoas qualificadas. E o Romário é qualificado. Por isso, chegou aonde chegou. E ele mostra que é qualificado não só no futebol, mas é qualificado como político, porque hoje é um dos políticos mais respeitados nesta Casa. Defende bandeiras e dá consequência a essas bandeiras.
E para essa bandeira de passar a limpo o futebol, que ele está tocando aqui, ele tem o respeito de todos os 80 Senadores desta Casa. Mesmo que discordem de uma coisinha ou outra, o respeito é total.
E não tenho dúvida de que nós vamos conseguir, Romário, chegar aqui a pelo menos um norte.
O SR. PRESIDENTE (Romário. Bloco Socialismo e Democracia/PSB - RJ) – Com certeza, Senador.
O SR. HÉLIO JOSÉ (Bloco Maioria/PSD - DF) – E ter sua juventude, amigo, para concluir, para nos ajudar. Está entrando sem vicio, agora, para tentar passar a limpo o sistema. E a sua vivência no meio – está há muito tempo nesse meio –, também com a boa vontade de ajudar a consertar o que está errado, tudo isso é importante.
O SR. PRESIDENTE (Romário. Bloco Socialismo e Democracia/PSB - RJ) – Senador, muito bem.
Presidente.
O SR. RUBENS LOPES – Quando era Ministro do Esporte o Ministro Orlando, em mais de uma oportunidade
Em mais de uma oportunidade eu tive a chance de dizer o seguinte... Vou falar em relação exatamente ao que o senhor disse sobre dois clubes serem patrocinados efetivamente pela mesma empresa. Isso tem que ser coibido. Eu disse: "Ministro, vai chegar uma hora em que o campeonato vai ser decidido no escritório da empresa X ou Y!" Como funciona na Fórmula 1? "Puxa o freio! Deixa ele passar!" Não é assim? Então, esse é um ponto que tem que ser modificado. A mesma empresa não pode patrocinar dois concorrentes na mesma competição. Os interesses são conflitantes. Se você está na frente, "ô, ô, tu não vai deixar ele perder, não!" Não vai fazer ele perder. Bom, esse, efetivamente, é um ponto.
Quero aqui...
Posso falar com o Deputado?
O SR. PRESIDENTE (Romário. Bloco Socialismo e Democracia/PSB - RJ) – Como faria no caso da Caixa Econômica Federal, que...
O SR. RUBENS LOPES – Não pode ter. Não importa. Não pode ter.
O SR. PRESIDENTE (Romário. Bloco Socialismo e Democracia/PSB - RJ) – ..., se não me engano, patrocina nove ou dez clubes na mesma divisão. É complicado.
O SR. RUBENS LOPES – Não pode ter. Não tem como. Tem que escolher. Ela pode patrocinar N mais um desde que não na mesma competição, para não haver interesses conflitantes. É o que eu acho.
Agora, posso falar com o Deputado?
O SR. PRESIDENTE (Romário. Bloco Socialismo e Democracia/PSB - RJ) – Pode, claro.
O SR. RUBENS LOPES – Deputado, nós estamos aqui falando sobre campeonato, sobre o que leva, aonde, e todo mundo quer a Libertadores, a Libertadores, a Libertadores... Eu disse que agora, com essa cotação do dólar, a Libertadores passou a ser até mais rentável do que era, porque antes não era rentável. E o senhor, com o Corinthians, foi campeão da Libertadores e ficou devendo. Não é verdade?
O SR. ANDRES SANCHEZ (PT - SP) – Primeiramente, peço desculpas por chegar atrasado. Eu queria participar mais aqui com o Presidente Senador Romário, que tem feito um brilhante trabalho. Sei que é difícil, estou aprendendo. Isso porque é futebol. Imaginem se fosse outro segmento! Talvez não houvesse ninguém aqui. Então, fico triste por isso. Mas a Libertadores da Conmebol realmente não paga nada para os clubes brasileiros. Tanto é que o Corinthians, neste ano, se eles, no mínimo, não dobrarem o faturamento, não vai jogar a Libertadores, mesmo estando classificado. O Corinthians vai se desfiliar, vai falara para convidar outro. O Corinthians jogou em 2010, 2011 e 2012, foi campeão em 2012 e ficou devendo US$600 mil. Então, é uma vergonha! Qualquer campeonato regional paga mais que a Conmebol. Na Conmebol, ninguém sabe quanto tem lá de televisão, ninguém sabe nada. Ou os clubes brasileiros começam pela Conmebol, já que teriam que... Começam externamente, porque realmente é difícil para os clubes brasileiros.
Sobre o patrocínio, eu discordo. Eu acho que as pessoas, até prova em contrário, são honestas. Independentemente de ser Caixa ou ser Volkswagen... No mundo, há vários clubes patrocinados por vários patrocinadores e não tem problema. A Nike patrocina vários clubes no mundo, assim como a Adidas e outras. Então, seria um problema muito, muito grave. Não teria empresa para todos. Hoje, há times grandes em São Paulo, como o São Paulo e Santos, que estão sem patrocínio há um ano e meio. Então, é difícil.
Eu ouvi, pela televisão, o Presidente da Federação Mineira. Eu acho que teríamos que começar as cotas de televisão pelos regionais. Então, em Minas se dividiria tudo por igual. O Atlético e o Cruzeiro ganhariam o mesmo que o Uberlândia. Eu acho que aí já... Começando nos regionais, eu acho que os brasileiros já começam a respirar.
Na Inglaterra, quem ganha mais ganha 4,2 vezes mais do que quem menos ganha. No Brasil, os que mais ganham, no caso o Corinthians e o Flamengo, ganham 3,8 vezes mais que o último. Na Inglaterra, na segunda divisão, da cota do master, pega 9,9; no Brasil, pega 8,9, do pacote do futebol. Então, dá-se muito o exemplo da Europa, mas não é bem como dizem. Não vamos nem falar da Espanha, que lá já é um absurdo total.
Quando tinha o Clube dos 13, que era uma sacanagem, porque tinha muito roubo lá... Lá se gastava R$2 milhões a R$2,5 milhões por mês e ninguém sabia para onde ia. Eu fui um dos que acabaram com o Clube dos 13. Não foi por causa da Rede Globo, por causa da CBF, mas porque o Corinthians achava que não era justo ganhar o mesmo que os cinco ganhavam. Hoje, é antidemocrático o Flamengo e o Corinthians ganharem mais, mas na época cinco ganharem era democrático. Então, ou se divide para os 20 por igual, ou quem tem mais Ibope, mais audiência, mais torcedor ganha mais. Então, é muito difícil casar isso. Eu entendo que temos que ter uma reviravolta, como o Presidente Romário está tentando fazer, uma reviravolta realmente de transparência. Hoje, automaticamente, quase todos
...o Presidente Romário está tentando fazer é realmente uma reviravolta de transparência. Hoje, automaticamente, quase todos os clubes, quase todas as federações, estão dando publicidade aos seus balanços.
O que temos que fazer na CBF e em alguns clubes principalmente é detalhar o tal do "evento", das "outras despesas" e outras rubricas que representam milhões e milhões. E a função da CBF, Senador, não é ajudar o Corinthians, não é ajudar a Federação do Rio, é vir a Brasília e ajudar os clubes de Brasília, é fomentar o futebol, fazer isso onde não há futebol forte. Esta seria a grande mudança no futebol brasileiro: a CBF pegar os seus 500 ou 600 milhões de caixa e gastá-los nos Estados onde não há futebol tão forte como há em São Paulo e no Rio.
O SR. PRESIDENTE (Romário. Bloco Socialismo e Democracia/PSB - RJ) – Caixa de quem?
O SR. RUBENS LOPES – Vamos procurar... (Risos.)
ORADOR NÃO IDENTIFICADO – Por favor, Presidente.
O SR. CASTELLAR MODESTO GUIMARÃES NETO – Deputado, só um esclarecimento.
Evidentemente, eu defendo o modelo inglês, no qual há uma parte fixa e duas partes variáveis, em função de colocação e em função de audiência, mas é claro que esses percentuais podem ser ajustados de forma a diminuir essa diferença, é só uma sugestão porque eu acho que nós teríamos um formato...
(Intervenção fora do microfone.)
O SR. ANDRES SANCHEZ (PT - SP) – O senhor vai lá semana que vem... Chama o Atlético e o Cruzeiro e pergunta: "Olha, quanto é o campeonato mineiro?" "R$80 milhões por ano." Então nós vamos dividir por igual, os 20 aqui.
O SR. CASTELLAR MODESTO GUIMARÃES NETO – Quem nos dera fosse um valor desses!
O SR. ANDRES SANCHEZ (PT - SP) – O senhor tem que começar, o senhor é o Presidente da Federação...
O SR. CASTELLAR MODESTO GUIMARÃES NETO – Claro!
Não, eu digo: quem nos dera fossem R$80 milhões. Isso seria muito bom para Minas!
O SR. ANDRES SANCHEZ (PT - SP) – Não está muito longe, Presidente, não está muito longe...
O SR. PRESIDENTE (Romário. Bloco Socialismo e Democracia/PSB - RJ) – Esta é uma grande ideia mesmo, Presidente: começar pelo próprio Estado.
Bom, muito obrigado pela presença dos dois convidados. Com certeza, esta foi uma das grandes reuniões que tivemos aqui dessas 11 que aconteceram. Foram bastante positivas, foi interessante tudo aquilo que foi falado aqui.
Espero vê-los aqui outras vezes.
Muito obrigado, Presidente Rubens. Muito obrigado, Presidente Castellar.
O SR. RUBENS LOPES – Sr. Presidente, estou à disposição tantas vezes quantas forem necessárias para debater o tema. Eu acho que é interessante. Acho que o objetivo de todo mundo é estabelecer pontos que possam ser reajustados e melhorias para o futebol.
É bom podermos, efetivamente, debater e esclarecer e não só... Há o ouvir falar, mas é bom que se apure e que se comprove...
O SR. PRESIDENTE (Romário. Bloco Socialismo e Democracia/PSB - RJ) – Muito bem, nada mais havendo a tratar...
O SR. RUBENS LOPES – Estou às ordens.
O SR. PRESIDENTE (Romário. Bloco Socialismo e Democracia/PSB - RJ) – ...agradeço a presença de todos e convidamos para a próxima reunião, a ser realizada no dia 7 de outubro de 2015, quarta-feira, às 14h30min, para ouvirmos em audiência pública alguns presidentes de clubes de futebol, por exemplo, Flamengo, Fluminense, Atlético Paranaense, Joinville, Grêmio, Inter, Atlético Mineiro, Cruzeiro – e tentaremos outros.
Muito obrigado pela presença de todos.
Declaro encerrada a reunião.
(Iniciada às 14 horas e 36 minutos, a reunião é encerrada às 17 horas e 07 minutos.)
Especial: É tudo um assunto só!
Criei uma comunidade no Google Plus: É tudo um assunto só
http://plus.google.com/u/0/communities/113366052708941119914
Outro dia discutindo sobre as manifestações do dia 15, sobre crise do governo e a corrupção da Petrobrás eu perguntei a ele se tinha acompanhado a CPI da Dívida Pública. Então ele me respondeu: Eu lá estou falando de CPI?! Não me lembro de ter falado de CPI nenhuma! Estou falando da roubalheira... A minha intenção era dizer que apesar de ter durado mais de 9 meses e de ter uma importância impar nas finanças do país, a nossa grande mídia pouco citou que houve a CPI e a maioria da população ficou sem saber dela e do assunto... Portanto não quis fugir do assunto... é o mesmo assunto: é a política, é a mídia, é a corrupção, são as eleições, é a Petrobras, a auditoria da dívida pública, democracia, a falta de educação, falta de politização, compra de votos, proprina, reforma política, redemocratização da mídia, a Vale, o caso Equador, os Bancos, o mercado de notícias, o mensalão, o petrolão, o HSBC, a carga de impostos, a sonegação de impostos,a reforma tributária, a reforma agrária, os Assassinos Econômicos, os Blog sujos, o PIG, as Privatizações, a privataria, a Lava-Jato, a Satiagraha, o basômetro, o impostômetro, É tudo um assunto só!...
A dívida pública brasileira - Quem quer conversar sobre isso?
Escândalo da Petrobrás! Só tem ladrão! O valor de suas ações caíram 60%!! Onde está a verdade?
O tempo passa... O tempo voa... E a memória do brasileiro continua uma m#rd*
As empresas da Lava-jato = Os Verdadeiros proprietários do Brasil = Os Verdadeiros proprietários da mídia.
Sobre o mensalão: Eu tenho uma dúvida!
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Meias verdades (Democratização da mídia)O caso grego: O fogo grego moderno que pode nos dar esperanças contra a ilegítima, odiosa, ilegal, inconstitucional e insustentável classe financeira.
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Sobre CBF/Globo/Corrupção no futebol/Acompanhando a CPI do Futebol:
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