Felipe
Pinheiro
Do UOL, em São Paulo
10/07/2019 08h37
O
jornalista e apresentador Paulo Henrique Amorim morreu nesta
madrugada aos 77 anos após sofrer um infarto fulminante. Ele havia acabado de
retornar de um jantar com amigos e estava em casa, no Rio de Janeiro, quando
passou mal. A informação foi confirmada pela Record.
Em entrevista para o telejornal
SP No Ar, o jornalista Michael Keller, que trabalhou com Amorim por quase 10
anos, lamentou a morte do colega:
"Ele era muito do
contraditório. Era contundente nas colocações dele, mas também ouvia quando a
gente falava. Já tive discussões com ele. Nessa hora só procuramos exaltar o
profissional e a pessoa que ele foi. Mas tive discussões no 'Domingo
Espetacular' em situações políticas e profissionais. O Paulo era desse jeito.
Ele tinha um ponto de vista e dificilmente conseguia mudar o ponto de vista
dele. A discussão era salutar. Era uma pessoa com quem que aprendi muito pelo
contraditório".
A apresentadora Ana Hickmann,
que começou a carreira na televisão com Paulo Henrique Amorim no programa Tudo
a Ver, disse que o jornalista acreditava em seu potencial.
"Acabei de chegar na
emissora e recebi essa notícia. Tenho que confessar que ainda estou
extremamente chocada. O Paulo Henrique foi uma pessoa muito importante. Foi ele
que me deu a chance de começar minha nova profissão na televisão e me deu
grandes conselhos na minha vida. Lembro da primeira ligação me convidando para
trabalhar na Record TV. Como um grande jornalista como você vem procurar uma
modelo para fazer esse tipo de trabalho? Ele falou, 'eu acredito em você'. Foi
assim que comecei minha história na TV. Desculpa, estou bastante
emocionada", afirmou Ana Hickmann.
Amorim deixa uma filha e a
mulher, a jornalista Geórgia Pinheiro.
Paulo Henrique Amorim
trabalhava na Record TV desde 2003, onde apresentou o Jornal da Record - 2ª
edição, ajudou a criar o Tudo a Ver e esteve à frente do Domingo Espetacular,
até junho deste ano, quando foi afastado da revista eletrônica. Em nota, a
Record informou que ele havia deixado o programa e que permanecia na emissora à
disposição para novos projetos.
O
jornalista estreou no jornal A Noite, em 1961, foi correspondente em Nova York
da revista Realidade e foi da Veja. Na TV,
passou também por Manchete e Globo, onde teve fases como correspondente
internacional, Band e TV Cultura.
Em 1972, ganhou Prêmio Esso na
categoria informação econômica pela reportagem "A renda dos
brasileiros", pela revista Veja.
Entre
2000 a 2004 ele passou pelo UOL, onde foi âncora
do UOL News, programa pioneiro de jornalismo em vídeo na internet brasileira.
Atualmente ele mantinha um blog, chamado Conversa Afiada, em que abordava
assuntos sobre política e economia.
Jornalista controverso
Paulo Henrique Amorim era
conhecido pelo temperamento forte, por vezes polêmico, e chegou a enfrentar
processos na Justiça.
Em 2016 ele foi condenado por
racismo contra o jornalista Heraldo Pereira, da Globo. Em um post em seu blog
Conversa Afiada, publicado em 2010, Amorim chamou o colega de profissão de
"negro de alma branca".
Ele já havia sido condenado a
pagar 30 salários mínimos por ofensas ao jornalista Merval Pereira.
"Olá, tudo bem?"
Paulo Henrique Amorim fico
famoso pelo bordão "olá, tudo bem?". O conhecido cumprimento surgiu
após a participação do jornalista em uma edição especial da rede americana CNN.
"A editora da CNN disse
que gostaria que correspondentes estrangeiros saudassem o público americano na
sua língua própria. Eu fiz uma vinhetinha falando 'Olá, tudo bem?', que é a
maneira que nós brasileiros saudamos as pessoas", disse ele ao extinto
Programa do Porchat.
De volta ao hotel é que Paulo
Henrique se deu conta de que havia encontrado um bordão: "Um americano que
me viu na CNN me reconheceu e falou 'olá, tudo bem?' [imitando sotaque]. Aí eu
[pensei]: 'Opa, é um bordão'. E como diz o Boni, televisão é bordão".
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