**Trechos Transcritos da Entrevista:**
Nosso convidado de hoje é um cara especial: Eduardo Moreira, empresário que nasceu do Rio de Janeiro, teve a coragem de largar uma carreira estável no mercado financeiro, carreira de muito sucesso, para viver segundo a sua consciência. Moreira formou-se em engenharia civil pela PUC do Rio de Janeiro, estudou economia na Universidade da Califórnia em San Diego e, na época, foi eleito o melhor aluno do curso nos últimos 15 anos. Foi sócio do Banco Pactual, cofundou a Brasil Plural, uma gestora de ativos, e criou a marca Genial no mercado de investimentos, que revolucionou este segmento. Mas um dia, ele caiu de um cavalo — os cavalos são também suas paixões — e o tempo em que ficou paralisado para recuperação o fez pensar sobre o que realmente importa nessa vida. Foi pioneiro na doma Roberts aqui no Brasil e, com seu livro "Encantadores de Vida", foi o primeiro brasileiro a receber uma condecoração pela rainha Elizabeth II pelo seu esforço em eliminar a violência no adestramento de cavalos. Edu entendeu o que era economia real e o que significa a palavra coletividade quando passou um tempo no MST, o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra. Quis conhecer como é que os quilombolas se organizavam, viu de perto a situação de indígenas no Brasil e saiu transformado dessas experiências. Nascia ali um ativista social. Esse é oitavo livro, "O que os donos do poder não querem que você saiba", ele expôs o funcionamento do mercado financeiro e suas contradições, trocou o trabalho como banqueiro para
[0m1s58] seguir um caminho mais alinhado com seus princípios e daí publicou o livro "Travessia de banqueiro a companheiro", desafiado pelo
[0m2s9] sociólogo Jessé Souza a criar uma estrutura que fosse capaz de oferecer uma educação acessível, libertadora, crítica, profissionalizante e de
[0m2s18] qualidade para todos. Eduardo Moreira fundou o ICL, Instituto Conhecimento Liberta, onde nós estamos agora. O ICL começou com apenas 14
[0m2s30] cursos e hoje são mais de 300 cursos em diversas áreas, com firme propósito de democratizar o conhecimento numa sociedade
[0m2s41] marcada por desigualdades. O que começou como uma live em sua casa na época da pandemia, agora é um canal
[0m2s49] de jornalismo e entretenimento com abordagens progressistas, independentes e com compromisso firme com a verdade. O modelo de negócios é absolutamente
[0m3s0] inovador, onde não há monetização, patrocínio, anúncios, um modelo de muita liberdade. Eduardo Moreira escreveu 13 livros, seis deles alcançaram
[0m3s13] o topo da lista de mais vendidos. Acabou sendo finalista do prêmio Jabuti em 2024 em seu primeiro documentário, "Vai
[0m3s22] pra Cuba", Eduardo ganhou o prêmio de melhor documentário no Los Angeles Brazilian Film Festival. Eduardo Moreira é professor, é
[0m3s31] escritor, é palestrante, apresentador, empresário. Ele acredita que o ódio pode ser respondido com amor, mas lembra: "Precisamos ter uma
[0m3s40] revolução, se possível, pacífica." Acima de tudo, Eduardo é um homem que aceitou o desafio de firmar um compromisso com
[0m3s49] quem se é de verdade.
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ter outra, porque a outra opção é não fazer nada. E se eu não for fazer nada, aí é o seguinte: aí não tem nem chance, porque apesar de eu não ter muita esperança, eu sei que existe chance das coisas melhorarem. Isso é matemática. Se uma coisa tem 5% de chance de melhorar, tem 5%. Então, de cada 20 tentativas, uma vai dar certo. Agora, se você para de tentar, essa chance some, essa chance acaba. Então, acho que existe uma obrigação de quem está vivo e entende essa situação de lutar. Existe uma obrigação porque é a única forma digna de se viver, é a única forma honrada de se viver, você lutar contra isso que está aí. Agora, se você me perguntar de onde viria a chance dessa mudança que vira o jogo de uma revolução, não vem de imposto de renda isento até R$ 5.000, não vem de aumentar o salário mínimo 2% a mais em termos reais, não vem da gente chegar e comprou 200 ambulâncias. Tudo isso é bom, tudo isso ajuda, é claro que ajuda, mas quem acha que R$ 15 por mês, no caso de um aumento real de salário mínimo, muda a vida de alguém, está maluco! Quem acha que R$ 100 a menos de imposto que as pessoas vão pagar, R$ 200, que é mais ou menos a média, se você for pegar todo mundo que está isento — tem um que vai deixar de pagar R$ 400, mas o outro deixa de pagar R$ 50, tu pega na média vai dar R$ 150, R$ 200 de média. Isso muda estruturalmente a vida de alguém? Não muda. O que que muda estruturalmente a vida de alguém, Chico? Não é nem acabar com os super salários, pelos quais você sabe que eu tenho essa luta enorme, o ICL também, da gente acabar com esses super salários dos movimentos ajudarem também da gente chegar e lutar contra isso, mas também não é isso que muda. Não é acabar com a corrupção na política, apesar de que a gente tem que acabar. A gente está vendo essas maluquices todas: INSS de um lado, o não sei o que do outro, que também é um absurdo. O que muda de verdade é mudar a lógica do sistema, porque por dia, por dia, a quantidade de dinheiro que sai da mão do povo trabalhador e cai no bolso da turma da Faria Lima, sem eles fazerem porra nenhuma, é suficiente, por dia, é suficiente para acabar com a fome do país durante mais de um mês. Isso, agora, para mudar isso, essa distribuição de poder, para mudar essa distribuição de riqueza, não é com reforma, não é com MP, é com uma revolução. É por isso que eu digo, eu sou um cara que acredito que a única alternativa é uma revolução e, se possível, apesar de saber que historicamente a gente vê que isso é quase impossível, se possível, pacífica. Bom, é por isso que o ICL luta e é por isso que nós que estamos no ICL vamos seguindo. Muito obrigado, valeu. Bom demais.
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