Hoje começa a primeira liga. Que de primeira não tem nada... já houve o clube dos treze, que nasceu com 13 times em 1987 e morreu com 40 filiados em 2011. Além disso existe a Copa do Nordeste e a Copa Verde, hoje na ativa reunindo equipes do Norte e Nordeste...
Essa é a primeira liga, que não se desliga daqueles que sempre estiveram ligados...
Nasce um Natimorto, pois foi assassinada antes de nascer.
A liga que seria uma forma do futebol brasileiro se libertar da ditadura midiática, do oligopólio das comunicações brasileira (e por consequência da CBF, já que Globo = CBF = Globo = CBF = Globo = CBF = Globo = CBF = Globo = CBF)...
Seria...
Foi detonado por dentro...
A Liga Sul-Minas-Rio, antes do natal demitiu o Alexandre Kalil e...
depois do natal assinou com a Globo...
O raciocínio é simples e lógico:
O dinheiro da transmissão da Globo já irá para os clubes via campeonato brasileiro.
Assinar com a Globo para é simplesmente adiantar um dinheiro que já chegaria aos clubes via campeonato brasileiro.
Deveria assinar(ou pelo menos fazer concorrência) com outros canais e realmente aumentar as receitas dos clubes...
Mas concorrência é coisa que a Globo não suporta...
Somente aqueles concorrentes que ele própria Globo escolhe como nos foi contado pelo PHA no seu último livro "O quarto Poder"
Antes do Natal antes de definir a televisão que terá os direitos de transmissão:
(aqui ele explica um pouco dos bastidores da CBF, inclusive as denuncias contra o Romário)
Depois do Natal momentos antes da definição da televisão:
Começa hoje com a CBF fazendo biquinho. "Autorizou" somente a primeira rodada...
Como se eles tivesse no direito de autorizar alguma coisa...
O presidente da liga (que é também presidente do Cruzeiro) declarou que serão apenas "amistosos"...
Hahahaha ele que não sabe o que é um Atlético MG X Flamengo para chamar de amistoso...
O Juca Kfouri em seu blog chamou o a copa de "Copa Contra Nada e Contra Ninguém" chamando a CBF de nada e ninguém, e realmente a corda rompeu no lado mais fraco, ou atualmente mais fragilizado. A Toda poderosa CBF hoje está fragilizada e a Globo (lembre-se CBF=Globo=CBF=Globo=CBF=Globo=CBF=Globo=CBF=Globo=CBF=Globo=CBF=Globo= ), está tentando uma separação traumática...
A CBF traumatizada faz biquinho porque ficou de fora da "negociação" GloboX Primeira Liga. Foi abandonada pela sua irmã e companheira por décadas e agora tenta não reconhece a liga, só de pirraça.
Os reinados aqui no Brasil custam a cair.
É claro que com o J. Awilla, dono de emissoras da Globo no interior de São Paulo e parceiro do Futebol e da CBF por décadas, preso em solo Ianque, confessando seus crimes, devolvendo parte do dinheiro fruto desses crimes e colaborando com a justiça para capturar outros bandidos, a Globo tenta agora uma separação, a relação não será a mesma.
Aqui o Juca Kfouri conta que a Globo compra Primeira Liga por 5 milhões, valor muito abaixo que sonhava o agora ex-executivo da liga Alexandre Kalil
Esses dois juntos com o Kajuru são protagonistas de outro post que fiz ano passado.
Juca Kfouri
05/01/2016 11:08
A Primeira Liga deve anunciar daqui a pouco que vendeu os direitos de transmissão de seu torneio por 5 milhões e 200 mil reais para a Rede Globo de TV.
Segundo o presidente do Flamengo, Bandeira de Mello, o dinheiro ainda é pouco, embora também as passagens e hospedagens fiquem por conta da emissora, “porque o torneio é curto, de apenas cinco rodadas, e cercado por muitos problemas”.
“Mas posso garantir que é melhor que disputar o Carioca”, disse ao blog.
Alexandre Kalil não confirma e diz que por estar fora da Liga não quer comentar nenhum tema ligado a ela, mas o blog tem a informação de que, inicialmente, a pedida era de quase 20 vezes mais, de 100 milhões de reais, para fechar em torno de 60 milhões.
Só da exploração de placas, já havia um compromisso fechado com uma empresa chamada Show Time na casa dos 5 milhões e 600 mil reais.
Havia, ainda, em andamento, uma negociação praticamente fechada com o cartão de crédito Elo, em torno de 20 milhões de reais.
O valor fechado com a Globo deve causar mais turbulência na nascente Primeira Liga porque, claramente, o futebol brasileiro ainda se vende muito mal.
É bom que o futebol encontre outras fontes de rendas para que ele dependa menos do nosso dinheiro, nosso cidadão comum, pois a Caixa Econômica Federal, que não pode financiar programas sociais sem que o mandato da presidenta corra risco, mas pode sim financiar o futebol... A Caixa é hoje a segunda entidade que mais injeta dinheiro no futebol, veja pelo Blog do Planalto:
Do Blog do Planalto
A presidenta Dilma Rousseff anunciou ontem ter assinado o decreto que regulamenta a Autoridade Pública de Governança do Futebol (Apfut), que será a instância fiscalizadora da Lei do Futebol (Profut), garantindo a efetiva modernização da gestão dos clubes.
A informação foi transmitida pela presidenta durante a assinatura de contratos de patrocínio de futebol entre a Caixa e 10 clubes brasileiros, no valor total de R$ 83 milhões para 2016.
“A Autoridade Pública de Governança do Futebol contará com a participação paritária de atletas, de dirigentes, de treinadores, de árbitros. Acompanharemos com interesse, rigor e transparência o cumprimento das contrapartidas assumidas pelos clubes. O Profut permitirá que os patrocinadores tenham mais confiança na boa aplicação dos recursos investidos e que continuem apostando no fortalecimento do futebol brasileiro. Marca o início da maior reforma já vivenciada pelo futebol e tenho certeza que nós iremos adiante”, afirmou a presidenta.
A presidenta destacou o sucesso do Profut, que já conta com 111 clubes inscritos. Além da modernização da gestão do esporte, o programa exige regras de transparência para o setor em troca de benefícios de refinanciamento das dívidas dos clubes de futebol com a União.
Dilma também anunciou que encaminhará neste ao Congresso Nacional a proposta de revisão da Lei Pelé e do Estatuto do Torcedor.
Ela afirmou ainda que o governo quer propor uma legislação trabalhista própria para o futebol que deixe mais claro as responsabilidades dos clubes e proteja os atletas nas especificidades da sua profissão.
“Todas essas mudanças, elas vão dar velocidade ao processo de modernização da indústria do futebol, fazendo com que essa cadeia produtiva gere ainda mais emprego, mais renda e, sobretudo, mais vitórias para o País”.
Patrocínios
Os clubes patrocinados pela Caixa são Flamengo (RJ), Cruzeiro (MG), Atlético Mineiro (MG), Atlético Paranaense (PR), Coritiba (PR), Chapecoense (SC), Figueirense (SC), Sport (PE), Vitória (BA) e CRB (AL). Os contratos assinados têm vigência até 31 de dezembro de 2016. O banco mantém, ainda, negociações com o Corinthians, que tem contrato vigente até fevereiro de 2016.
A presidenta disse que o investimento reafirma o compromisso do governo com a qualidade do esporte brasileiro.
“É uma parceria comercial que tem se mostrado positiva tanto para o futebol quanto para a Caixa. Está alinhada com o compromisso do governo com o desenvolvimento do futebol brasileiro em bases sustentáveis dos pontos de vista financeiro, de gestão, da relação profissional dos atletas e da valorização do espetáculo”.
Além do patrocínio aos clubes, a Caixa vai apoiar várias competições, como a Copa do Nordeste, a Copa Verde, as séries B e C do campeonato brasileiro, além de torneios femininos, como o campeonato brasileiro e o torneio internacional.
“Essas competições são importantes para o fortalecimento do futebol em todas as regiões do Brasil, e em especial do futebol feminino”, destacou Dilma.
Caixa está alinhada com o governo para profissionalizar o futebol brasileiro
A presidenta da Caixa, Miriam Belchior, afirmou que os patrocínios do banco aos times do País já estão sendo feitos de acordo com os critérios estabelecidos no Programa de Modernização do Futebol Brasileiro (Profut).
Segundo ela, “a vinculação dos patrocínios da Caixa ao Profut demonstra que o banco está alinhado a essa iniciativa do governo federal para a profissionalização do futebol: gestão fiscal, governança, fortalecimento do futebol feminino, melhoria das condições de trabalho dos atletas e formação de categoria de base”.
As declarações foram dadas por ocasião da cerimônia realizada no Palácio do Planalto, com a presença da presidenta Dilma Rousseff, para a assinatura de contratos de patrocínio de futebol entre a Caixa e dez clubes brasileiros, no valor total de R$ 83 milhões para 2016.
Os dez clubes com patrocínio assinado hoje são: Flamengo (R$ 25 milhões); Cruzeiro e Atlético-MG (R$12,5 milhões cada); Atlético-PR, Coritiba, Sport e Vitória (R$ 6 milhões cada); Chapecoense e Figueirense (R$ 4 milhões cada) e CRB (R$ 1 milhão).
Além destes, o Corinthians (SP) tem contrato vigente até 23 de fevereiro e as negociações para a renovação estão em andamento. De acordo com a Caixa, as negociações em andamento com clubes e organizações de campeonatos devem elevar os valores investidos a mais de R$ 100 milhões.
Caixa manterá investimentos em 2016
O superintendente de Promoções e Eventos da Caixa, Gerson Bordignon, destacou a importância desta iniciativa para o banco, que hoje está entre os maiores patrocinadores do esporte nacional, com investimentos no atletismo, na ginástica, no ciclismo e na luta olímpica, além do apoio ao paradesporto. Em 2016, os investimentos em esporte devem somar R$ 269 milhões.
“A Caixa mantém o seu investimento em esporte como um todo. No esporte olímpico, paralímpico, corridas de rua e também no futebol. A concorrência no mercado financeiro continua, seja ano de dificuldade maior ou não. O investimento continua”, garantiu Bordignon.
A presidenta Dilma Rousseff anunciou ontem ter assinado o decreto que regulamenta a Autoridade Pública de Governança do Futebol (Apfut), que será a instância fiscalizadora da Lei do Futebol (Profut), garantindo a efetiva modernização da gestão dos clubes.
A informação foi transmitida pela presidenta durante a assinatura de contratos de patrocínio de futebol entre a Caixa e 10 clubes brasileiros, no valor total de R$ 83 milhões para 2016.
“A Autoridade Pública de Governança do Futebol contará com a participação paritária de atletas, de dirigentes, de treinadores, de árbitros. Acompanharemos com interesse, rigor e transparência o cumprimento das contrapartidas assumidas pelos clubes. O Profut permitirá que os patrocinadores tenham mais confiança na boa aplicação dos recursos investidos e que continuem apostando no fortalecimento do futebol brasileiro. Marca o início da maior reforma já vivenciada pelo futebol e tenho certeza que nós iremos adiante”, afirmou a presidenta.
A presidenta destacou o sucesso do Profut, que já conta com 111 clubes inscritos. Além da modernização da gestão do esporte, o programa exige regras de transparência para o setor em troca de benefícios de refinanciamento das dívidas dos clubes de futebol com a União.
Dilma também anunciou que encaminhará neste ao Congresso Nacional a proposta de revisão da Lei Pelé e do Estatuto do Torcedor.
Ela afirmou ainda que o governo quer propor uma legislação trabalhista própria para o futebol que deixe mais claro as responsabilidades dos clubes e proteja os atletas nas especificidades da sua profissão.
“Todas essas mudanças, elas vão dar velocidade ao processo de modernização da indústria do futebol, fazendo com que essa cadeia produtiva gere ainda mais emprego, mais renda e, sobretudo, mais vitórias para o País”.
Patrocínios
Os clubes patrocinados pela Caixa são Flamengo (RJ), Cruzeiro (MG), Atlético Mineiro (MG), Atlético Paranaense (PR), Coritiba (PR), Chapecoense (SC), Figueirense (SC), Sport (PE), Vitória (BA) e CRB (AL). Os contratos assinados têm vigência até 31 de dezembro de 2016. O banco mantém, ainda, negociações com o Corinthians, que tem contrato vigente até fevereiro de 2016.
A presidenta disse que o investimento reafirma o compromisso do governo com a qualidade do esporte brasileiro.
“É uma parceria comercial que tem se mostrado positiva tanto para o futebol quanto para a Caixa. Está alinhada com o compromisso do governo com o desenvolvimento do futebol brasileiro em bases sustentáveis dos pontos de vista financeiro, de gestão, da relação profissional dos atletas e da valorização do espetáculo”.
Além do patrocínio aos clubes, a Caixa vai apoiar várias competições, como a Copa do Nordeste, a Copa Verde, as séries B e C do campeonato brasileiro, além de torneios femininos, como o campeonato brasileiro e o torneio internacional.
“Essas competições são importantes para o fortalecimento do futebol em todas as regiões do Brasil, e em especial do futebol feminino”, destacou Dilma.
Caixa está alinhada com o governo para profissionalizar o futebol brasileiro
A presidenta da Caixa, Miriam Belchior, afirmou que os patrocínios do banco aos times do País já estão sendo feitos de acordo com os critérios estabelecidos no Programa de Modernização do Futebol Brasileiro (Profut).
Segundo ela, “a vinculação dos patrocínios da Caixa ao Profut demonstra que o banco está alinhado a essa iniciativa do governo federal para a profissionalização do futebol: gestão fiscal, governança, fortalecimento do futebol feminino, melhoria das condições de trabalho dos atletas e formação de categoria de base”.
As declarações foram dadas por ocasião da cerimônia realizada no Palácio do Planalto, com a presença da presidenta Dilma Rousseff, para a assinatura de contratos de patrocínio de futebol entre a Caixa e dez clubes brasileiros, no valor total de R$ 83 milhões para 2016.
Os dez clubes com patrocínio assinado hoje são: Flamengo (R$ 25 milhões); Cruzeiro e Atlético-MG (R$12,5 milhões cada); Atlético-PR, Coritiba, Sport e Vitória (R$ 6 milhões cada); Chapecoense e Figueirense (R$ 4 milhões cada) e CRB (R$ 1 milhão).
Além destes, o Corinthians (SP) tem contrato vigente até 23 de fevereiro e as negociações para a renovação estão em andamento. De acordo com a Caixa, as negociações em andamento com clubes e organizações de campeonatos devem elevar os valores investidos a mais de R$ 100 milhões.
Caixa manterá investimentos em 2016
O superintendente de Promoções e Eventos da Caixa, Gerson Bordignon, destacou a importância desta iniciativa para o banco, que hoje está entre os maiores patrocinadores do esporte nacional, com investimentos no atletismo, na ginástica, no ciclismo e na luta olímpica, além do apoio ao paradesporto. Em 2016, os investimentos em esporte devem somar R$ 269 milhões.
“A Caixa mantém o seu investimento em esporte como um todo. No esporte olímpico, paralímpico, corridas de rua e também no futebol. A concorrência no mercado financeiro continua, seja ano de dificuldade maior ou não. O investimento continua”, garantiu Bordignon.
Aqui como a globo noticia os fatos... Eu gosto do André Rezek, ele faz um bom trabalho na SporTV com o seu programa Redação... E eu prevejo que ele ao sair da Globo (e com certeza vai sair um dia), terá o mesmo destino do Azenha, do Paulo Henrique Amorim e etc...
Você que conhece alguma coisa veja essa cobertura:
http://sportv.globo.com/videos/redacao-sportv/t/ultimos/v/jornalistas-analisam-cpi-do-futebol-presidida-por-romario/4682037/
http://sportv.globo.com/videos/redacao-sportv/t/ultimos/v/reportagem-da-bbc-mostra-andrew-jennings-tentando-conversar-com-dirigentes-da-fifa/4666620/
http://sportv.globo.com/videos/redacao-sportv/t/ultimos/v/ronaldo-sobre-cbf-muita-sujeira-ainda-vai-aparecer/4666689/
http://sportv.globo.com/videos/redacao-sportv/t/ultimos/v/consultor-analisa-lucros-da-cbf-e-compara-com-financas-de-grandes-clubes/4663967/
Eu juro para vocês que eu previ isso... Não queria falar de futebol, porque se na política eu posso tranquilamente dizer que não sou petista ou tucano e olhar com a distância necessária para os dois lados, no futebol eu não posso dizer a mesma coisa. Eu sou Atleticano e não posso negar... Está no blog as evidências... E por azar o Alexandre Kalil que foi presidente do meu clube foi o executivo da Liga, e fica parecendo que estou defendendo o Kalil... E estou mesmo!... Mas não pelo motivo dele ser atleticano, mas pelo fato dele tentar criar concorrência à Globo...
E na CPI do futebol, comandada pelo centroavante Romário, o atual presidente da CBF, que saiu somente um período pequeno, podemos dizer que tirou umas férias, finalmente compareceu e deu seu depoimento no final do ano passado. Foi a 18a reunião, eu já coloquei aqui até a 14a, hoje tiro o atraso e coloco todos o restante.
O Marco Polo del Nero (Palavras do Juca Kfouri que adorei: aquele que gosta de viajar, tem nome de viajador, mas não viaja), disse que não lembra de muita coisa do que aconteceu naquele histórico dia na Suíça onde a FBI publicitou o trabalha que vinham fazendo a algum tempo.
E garantiu com todas as letras: "Eu não sou corrupto"!
Ele que nessas férias nomeou o coronel Nunes como presidente da CBF, a agencia APública conta um pouquinho dele aqui...
Na CPI ele escorregou ao tentar explicar o porque nomeia tantos deputados federais como
vices-da-CBF. O melhor momento com certeza foi quando o RRR "Está em todas" (Randolfe Rodrigues da REDE), perguntou sobre a gravação em posse da FBI que revelam uma conversa entre José Maria Marin e J. Hawilla. onde Marin, pede que o dinheiro destinado a Ricardo Teixeira passe a ser entregue a ele e ao Del Nero. Ele nervoso responde: "Eu nunca estive juntamente com Marin e Hawilla em qualquer reunião! Mesmo porque, à essa época que falam, que comentam que o Sr. Marin estava lá e que conversou com o Sr. Hawilla, eu não estava nos Estados Unidos!!"
E o RRR retruca: "Mas a gravação não diz o local em que ela ocorreu."
Hahahahahaha
RsRsRsRsRsRsRsRsRsRsRsRs
KKKKKKKKKKKKKKK
Se entregou!!
Juca Kfouri 02/01/2016 13:22
O juiz Raymond Dearie (foto) aceitou diminuir de 15 para 4 milhões de dólares a fiança que permite ao ex-presidente da CBF, José Maria Marin cumprir prisão domiciliar em Nova Iorque.
Dearie teria se convencido de que Marin não pode movimentar todas as suas contas bancárias porque algumas delas são em conjunto com Marco Polo Del Nero e dependem também da assinatura do presidente licenciado da CBF.
Há quem veja na nova decisão do juiz da corte federal de NY um sinal de que Marin dirá tudo o que sabe, pelo menos sobre Del Nero.
Direito de resposta
Juca Kfouri 03/01/2016 13:14
O blog recebeu, a título de direito de resposta, a seguinte nota da assessoria de imprensa da CBF:
“Ao contrario do informado neste blog, o presidente licenciado da CBF, Marco Polo Del Nero, não tem e jamais teve conta corrente bancária individual ou conjunta no exterior.”
O blog repete a nota a publicada ontem:
“O juiz Raymond Dearie (foto) aceitou diminuir de 15 para 4 milhões de dólares a fiança que permite ao ex-presidente da CBF, José Maria Marin cumprir prisão domiciliar em Nova Iorque.
Dearie teria se convencido de que Marin não pode movimentar todas as suas contas bancárias porque algumas delas são em conjunto com Marco Polo Del Nero e dependem também da assinatura do presidente licenciado da CBF.
Há quem veja na nova decisão do juiz da corte federal de NY um sinal de que Marin dirá tudo o que sabe, pelo menos sobre Del Nero.”
Em nenhum momento o blog afirmou que Nero tem conta no exterior.
Atualização às 13h22: Minutos após a publicação desta nota, veio outro pedido da CBF, que fosse acrescentado que “igualmente, não mantém ou manteve conta conjunta com o ex-presidente José Maria Marin”.
O blog espera que não venha novo esclarecimento dando conta de que Nero não conhece Marin.
Transmitido ao vivo em 16 de dez de 2015
A
CPI DO Futebol realiza audiência pública interativa com a participação
do presidente licenciado da Confederação Brasileira de Futebol (CBF),
Marco Polo Del Nero, e do atual presidente, deputado Marcus Vicente.Esse vídeo é antigo, mas não tinha visto nem compatilhado, o faço agora:
Mauro Cezar Pereira/ESPN - Escândalos no Futebol Programa Ponto de Equilibrio Exibido em 12 de Julho de 2015.
Comissão Parlamentar de Inquérito, criada pelo Requerimento do
Senado Federal nº 616, de 2015, destinada a investigar a Confederação
Brasileira de Futebol (CBF) e o Comitê Organizador Local da Copa do Mundo FIFA
Brasil 2014 (COL).
ATA DA 15ª REUNIÃO
Ata Circunstanciada da 15ª
Reunião, realizada em 28 de outubro de 2015, às 14 horas e 43 minutos, no
Plenário 02 - Ala Senador Nilo Coelho do Senado Federal, sob a presidência do Senador Romário e com a presença dos
Senadores: Zezé Perrela, Ciro Nogueira,
Donizeti Nogueira, Romero Jucá, Davi Alcolumbre e Wellington Fagundes. Deixaram
de comparecer os Senadores: Humberto
Costa, João Alberto Souza, Omar Aziz, Paulo Bauer e Fernando Collor. Na
oportunidade, foi realizada audiência pública com os seguintes participantes:
Cesarino Oliveira, Presidente da Federação de Futebol do Piauí; Antônio Américo
Lobato Gonçalves, Presidente da Federação Maranhense de Futebol; João Carlos
Oliveira Santos, Presidente da Federação Matogrossense de Futebol; Felipe de
Omena Feijó, Presidente da Federação Alagoana de Futebol; Antonio Aquino Lopes,
Presidente da Federação de Futebol do Acre; Dissica Valério Tomaz, Presidente
da Federação Amazonense de Futebol; Antonio Carlos Nunes de Lima, Presidente da
Federação Paraense de Futebol; e Leomar Quintanilha, Presidente da Federação
Tocantinense de Futebol.
O SR. PRESIDENTE (Romário. Bloco
Socialismo e Democracia/PSB - RJ) – Boa tarde a todos.
Havendo
número regimental, declaro aberta a 15ª Reunião da Comissão Parlamentar de
Inquérito, criada pelo Requerimento nº 616, de 2015, com a finalidade de
investigar a situação do futebol brasileiro.
Conforme
convocação, a primeira parte da presente reunião destina-se à realização de
audiência pública com os presidentes de
Federações Estaduais de Futebol, nos termos do plano de trabalho proposto pelo
Relator, Senador Romero Jucá, e do Requerimento nº 14, de 2015, de minha
autoria.
Vamos
chamar, primeiro, o Sr. Cesarino Oliveira, Presidente da Federação de Futebol
do Piauí; Sr. Antônio Américo Lobato Gonçalves, Presidente da Federação
Maranhense de Futebol; Sr.João Carlos Oliveira Santos, Presidente da Federação
Mato-grossense de Futebol; Sr. Felipe Omena Feijó, Presidente da Federação
Alagoana de Futebol.
Sejam
todos bem-vindos!
É
um prazer tê-los aqui.
Nós
vamos dividir esta audiência pública hoje em dois grupos. Esse é o primeiro
grupo e, logo em seguida, entrará o segundo grupo, que é composto pelos outros
quatro presidentes convidados.
Esta
audiência pública será realizada em caráter interativo com a possibilidade de
participação popular. Por isso, as pessoas que tenham interesse em participar
com comentários ou perguntas podem fazê-lo por meio do Portal e-Cidadania, no
endereço www.senado.leg.br/ecidadania, e do Alô Senado, através do número
0800-612211.
Para
organizar nossos trabalhos, esclareço que, após a exposição inicial dos nossos
convidados, a palavra será concedida aos Senadores na ordem de inscrição. Terão
preferência ao uso da palavra, na seguinte ordem, o Relator, o Presidente, os
membros e os não membros. Com o fim de organizar o tempo disponível nesta
audiência pública, sugiro que cada convidado tenha dez minutos para sua
exposição.
Agradeço
a presença dos Deputados Federais Roberto Góes e Marcus Vinicius. Sejam
bem-vindos. Obrigado pela presença, Senador Ciro, e a todos os que aqui estão.
Não
preciso dizer a importância da vinda do senhores presidentes. Nós estamos
vivendo um momento no futebol bem complicado, todos nós sabemos disso. Muitas
coisas ruins, negativas estão acontecendo no futebol mundial e no nosso também,
portanto, está mais do que na hora de a gente dar, cada um da sua forma, a sua
ajuda, sua participação para que a gente possa melhorar o nosso futebol em
todos os sentidos. Obrigado pela presença dos senhores. Eu tenho certeza de que
será uma grande relevância a presença dos senhores hoje aqui nesta audiência
pública.
Concedo
a palavra agora ao nosso primeiro orador Cesarino Oliveira, Presidente da
Federação de Futebol do Piauí.
O SR. CESARINO
OLIVEIRA –
Boa tarde, Presidente da CPI, Senador Romário.
Gostaria
de cumprimentar aqui o nosso companheiro, o Presidente da Federação, Deputado
Federal Roberto Góes, o Vice-Presidente
da CBF, Deputado Federal Marcos Vicente, em especial o Senador da República e
do meu Estado, o Senador Ciro Nogueira.
Eu
sou Cesarino de Oliveira Souza, Presidente da Federação de Futebol do Piauí.
Este ano estou completando quatro anos à frente da federação, uma federação
que, quando eu assumi, se encontrava numa situação bastante ruim, desde as
instalações até em termos de colocação nas competições.
Nossa
federação hoje tem suas instalações condignas a representar, a receber bem. Em
tempos de competição, nós fizemos um planejamento para que, em cinco anos,
pudéssemos ter um resultado – e esse resultado já veio bem antes. Nós estamos,
neste ano, na Terceira Divisão do futebol brasileiro, através da equipe do
River Atlético Clube, da qual o presidente Ciro também foi presidente, e está
em vias de decidir o título brasileiro da Quarta Divisão.
Isso
é importante, mas a importância veio lá de trás. Quando assumimos, nós tínhamos
um público médio de 200 pessoas – 206 pessoas, sendo mais exato – nas competições
locais. Hoje nós temos um público médio de 1.100, por jogo. Já houve um avanço
considerável. Na Série D, em que nós tínhamos um público de 600 pessoas, hoje,
nós temos, em termos de renda, cerca de R$6 mil e, com a participação e hoje,
com a participação do River, nós atingimos uma média, por jogo, de R$170 mil, e
um público médio de 14 mil pessoas.
Então,
uma importância, desde que também nós conseguirmos inserir na Copa do Nordeste,
e esse desempenho do River vem desse trabalho, bem como o incentivo à base. Nós
encontramos a federação sem realização desses categorias de Sub-15, Sub-17 e Sub-19, e nós, então,
efetivamos essas categorias. E elas, hoje, já preenchem o nosso calendário, bem
como o futebol feminino. E futebol feminino também, porque o Piauí está na
semifinal, com a representação do Tiradentes no título brasileiro deste ano.
Isso
é de grande importância para o soerguimento do futebol. Acreditamos que, com
isso, nós possamos realmente ter a companhia, a parceria do Poder Público
estadual, do Poder Público municipal, da iniciativa privada em termos de poder
avançar mais no futebol.
Aqui,
coloco-me à disposição para ser útil e poder sugerir, estando inteiramente à
disposição dos senhores naquilo em que possamos contribuir.
Meu
muito obrigado.
O SR. PRESIDENTE (Romário. Bloco
Socialismo e Democracia/PSB - RJ) – Obrigado, presidente.
Passo
a palavra, agora, ao Sr. Antônio Américo Lobato Gonçalves, Presidente da
Federação Maranhense de Futebol.
O SR. ANTÔNIO
AMÉRICO LOBATO GONÇALVES –
Boa tarde a todos!
Saúdo
o Senador Romário, aos demais Senadores membros desta Comissão.
Vou
fazer um breve histórico de como era o futebol no Maranhão e como ele está
hoje, como o nosso amigo Cesarino fez.
Em
outubro de 2011, em obediência a uma liminar deferida em uma ação de
improbidade, movida pelo Ministério Público contra a Federação Maranhense de
Futebol, nós fomos – como Presidente do Tribunal de Justiça Desportiva do
Estado do Maranhão, representante da OAB – nomeados interventor. Vendo a
situação caótica por que passava o futebol, isso nos motivou à nossa eleição,
para cumprir o mandato do presidente afastado, e fomos reeleito agora em 2015.
O
futebol maranhense, à época, tínhamos uma média de público de 600 torcedores no
estádio, hoje nós temos uma média de público de 2.000. O Sampaio Corrêa que não passava da Série D, hoje está
aí brigando para ter acesso à Série A do futebol, à elite do futebol
maranhense. Lá, nos fizemos uma ampla reforma.
Senador
Romário, eu gostaria de, nessa oportunidade, passar a V. Exª e pedir que faça
chegar aos membros da CPI um relatório fotográfico daquilo que nós encontramos
na Federação e aquilo que hoje representa, também com os termos de posse que
nós fizemos.
Encontramos
dívidas no montante de R$1,4 milhão. Todos os fornecedores da federação, nós,
em um ano, quitamos todas as dívidas, e hoje estamos negociando as dívidas
fiscais. Promovemos lá o Sub-13, o Sub-15, o Sub-17, o Sub-19, o Sub-20, o
futebol feminino e o futebol de Liga, no interior.
Nossa
federação é uma federação absolutamente pobre. Nós temos um custeio mensal, da
federação, de algo em torno de R$85 mil. E, para nós, lá do Maranhão, é
fundamental e providencial a ajuda da CBF. Se não fosse ela, nós teríamos que
fechar as portas. Estamos lá funcionando muito bem. Para que se tenha uma
ideia, dos cinco computadores que nós encontramos lá, apenas dois funcionavam.
Hoje nós temos 15 computadores. Todos os ambientes estão equipados com
ar-condicionado, e temos uma relação muito boa com todos os clubes, tanto amadores
como profissionais, e viemos administrando no vermelho quase que o tempo todo.
Mas o futebol tem vencido, o futebol maranhense tem subido. A exemplo disso,
como disse há pouco, é a provável subida do Sampaio Corrêa para a Série A.
Coloco-me
à disposição dos Srs. Senadores para ajudar e fazer proposições, porque eu
tenho proposições, sim, para o futebol brasileiro. Viemos fazendo isso ao longo
dos anos, junto a CBF, que tem nos escutado. A CBF tem discutido conosco todas
as propostas que nós levamos. Infelizmente, algumas não são deferidas, não são
aprovadas, e nós nos submetemos àquilo que decide democraticamente a maioria da
assembleia geral.
Senador,
com essas palavra iniciais, coloco-me à sua disposição.
O SR. PRESIDENTE (Romário. Bloco
Socialismo e Democracia/PSB - RJ) – Muito obrigado, presidente.
Agora,
a palavra é do Sr. João Carlos Oliveira Santos, Presidente da Federação
Mato-grossense de Futebol.
O SR. JOÃO CARLOS
OLIVEIRA SANTOS –
Boa tarde a todos e ao Presentes da CPI, Senador Romário. Cumprimento Roberto
Góes e Marcus Vicente, nossos companheiros de futebol, e todos os seus pares
desta CPI.
A
Federação Mato-grossense de Futebol se encontra hoje num estágio muito bom,
haja vista que temos clube nas Séries B, C e D. É uma federação praticamente
enxuta. Temos, realmente, uma arena a que levamos grandes espetáculos neste
ano. Temos as categorias de base. O próprio Luverdense, está vindo muito bem na
Série B; praticamente, tirou o Santos, tirou o Internacional. Estamos,
realmente, em uma caminhada. Estamos lutando pelas categorias de base. Eu peço
aos senhores que, para as federações menores, que nem a nossa, nos ajudem a
obter recursos, porque, sem as categorias de base, estamos fadados a vários
insucessos.
Nós
nos colocamos também à disposição para qualquer assunto que seja pertinente ao
futebol brasileiro, para que possamos dar a nossa cooperação. Nós precisamos
discutir, debater a fundo.
Quando
eu cheguei a Mato Grosso, eu vim de Minas Gerais, Senador Zeze Perrella, de
Governador Valadares. Viemos justamente também ajudar o futebol brasileiro. No
Mato Grosso, estamos bem. Temos o Cuiabá que disputa o Campeonato Sul-Americano
de 2016.
Eu
acho que vocês têm que nos ajudar muito mais e têm que nos mostrar um caminho,
para que nós não sejamos empecilhos para ninguém e para termos um futebol
glorioso como está sendo o futebol brasileiro.
É
isso o que eu tenho a dizer.
E
eu me coloco à disposição.
O SR. PRESIDENTE (Romário. Bloco
Socialismo e Democracia/PSB - RJ) – Muito obrigado, presidente.
Passo,
agora, a palavra ao Sr. Felipe de Omena Feijó, Presidente da Federação Alagoana
de Futebol.
O SR. FELIPE DE
OMENA FEIJÓ –
Boa tarde a todos.
Eu
queria cumprimentar todos os presentes na pessoa do Senador Romário e queria
agradecer a oportunidade de estar participando desta Comissão.
Meu
nome é Felipe, eu tenho 24 anos, concluí o curso de Direito pela Universidade
Federal de Alagoas e, há cerca de seis meses, fui eleito Presidente da Federação
do Estado de Alagoas. Ao contrário dos meus companheiros, eu peguei a federação
já em estágio de evolução. Mas, como qualquer jovem, tenho algumas outras
ideias, e um ímpeto, talvez um pouco maior e uma ansiedade, de implementar
algumas situações. É dessa maneira que nós estamos procurando trabalhar na
Federação de Alagoas.
Hoje,
nós possuímos um clube na Série B, um clube na Série C e um clube na Série D.
Já possuímos dois clubes na Série B e quase conseguimos isso neste ano
novamente com o Asa, de Arapiraca, que acabou sendo eliminado pelo Tupi.
Como
meus colegas, eu acho que contribuímos muito mais nos colocando à disposição
para tentar contribuir para aquilo que for proposto e para dar nossas opiniões.
Então,
eu me coloco à disposição dos companheiros aqui presentes para esclarecer e dar
minhas opiniões naquilo que for necessário.
Obrigado
a todos.
O SR. PRESIDENTE (Romário. Bloco
Socialismo e Democracia/PSB - RJ) – Obrigado, presidente.
Passo
a palavra, agora, ao nosso Relator da CPI, Senador Romero Jucá.
O SR. ROMERO JUCÁ (PMDB - RR) – Sr.
Presidente, dentro da mesma linha que nós tivemos na reunião anterior com os
presidentes de federações, eu gostaria, para os novos presidentes que estão
aqui, de reforçar o nosso posicionamento de que, além da investigação das
irregularidades e de possíveis malfeitos no futebol brasileiro, nós temos como
meta também, na relatoria da CPI, apresentar muitas propostas que possam
fortalecer e modernizar o futebol, fortalecer os clubes, fortalecer o processo
organizativo do futebol brasileiro e dar mais transparência. Nós temos de dar
modernidade a essas ações.
Eu
queria pedir aos presidentes de federações que encaminhassem sugestões e
propostas. No dia a dia de cada um de vocês, vocês convivem com muita
dificuldade e muita disparidade, com muitas diferenças no futebol brasileiro,
porque temos Estados ricos e Estados mais pobres, futebol de capitais e futebol
de interior. Como é que nós podemos, efetivamente, fortalecer a captação de
jogadores? Como manter esses jogadores no Brasil? Que tipo de legislação tem de
ser ajustada?
Eu
quero aqui saudar o Senador Leomar Quintanilha, nosso parceiro de Tocantins,
que tanto fez pelo Estado de Tocantins aqui no Senado, e que continua fazendo
pelo esporte de Tocantins e do Brasil.
Não
tenho pergunta direta a fazer, por enquanto, Sr. Presidente, mas eu gostaria de
reforçar meu discurso feito na semana passada. Quero pedir, realmente, a
colaboração. Acho que esta CPI – volto a dizer –, independentemente de punir
aqueles que cometeram algum tipo de irregularidade, tem a condição histórica
efetiva, depois do fiasco da Copa do Mundo, depois do fiasco da Copa América,
de propor tanto mudanças nas leis que estão vigendo quanto avanços para modelos
novos que possam, como eu disse, fortalecer o futebol brasileiro e fazer com
que possamos novamente sentir orgulho da camisa da Seleção e dos times
brasileiros que disputam Copa Internacional e todos os torneios da maior
categoria no Brasil e no mundo.
Então,
é essa a minha colocação. Eu me resguardo no sentido de, posteriormente, fazer
algum tipo de pergunta sobre respostas que sejam colocadas.
Muito
obrigado.
O SR. PRESIDENTE (Romário. Bloco
Socialismo e Democracia/PSB - RJ) – Obrigado, Senador.
Estão
aqui o Senador Zeze Perrella e o Senador Ciro Nogueira, que querem usar da
palavra.
O SR. ZEZE
PERRELLA (Bloco
Apoio Governo/PDT - MG) – Só quero, na verdade, cumprimentar os presidentes das
federações.
Acho
– já conversamos sobre isto com o Senador Romário; sei que o espírito do
Senador Romário também é este – que tínhamos de trabalhar pelo fortalecimento
do futebol. Sabemos – já repeti isto por várias vezes aqui – das dificuldades
por que as federações estaduais passam. Isso vale para a do meu Estado, Minas
Gerais. Talvez, com exceção das Federações de São e do Rio, todas estejam em
muita dificuldade. E sabemos também que o apoio da CBF para que essas
federações continuem existindo é fundamental.
Então,
quero só dizer que admiro o trabalho de vocês. Sei o que é ser dirigente
esportivo. Fui Presidente do Cruzeiro por 18 anos e sei a dificuldade por que a
gente passa. Ser presidente de um clube grande não é fácil. Imaginem ser
presidente de um clube pequeno do Norte ou do Nordeste! O Ciro sabe muito bem
disso, porque ele foi Presidente do glorioso River. Ele sabe as dificuldades
por que passou.
Mas
é isso. Quero dizer para vocês qual é o nosso espírito principal. Obviamente,
queremos corrigir e mudar o futebol. Isso é óbvio. Se existirem irregularidades
comprovadas, é claro que esta CPI está aqui para isso. Esse é um dos nossos
objetivos, mas o objetivo principal, seguramente, é ouvir os senhores, para que
possamos formular projetos de lei que venham, realmente, ajudar o trabalho de
vocês e o futebol brasileiro.
Não
tenho perguntas a fazer. Vim aqui mais para ouvir. Mas foi um prazer recebê-los
aqui.
O SR. PRESIDENTE (Romário. Bloco
Socialismo e Democracia/PSB - RJ) – Muito obrigado, Senador Zeze.
Passo,
agora, a palavra ao Senador Ciro Nogueira.
O SR. CIRO
NOGUEIRA (Bloco
Parlamentar Democracia Progressista/PP - PI) – Sr. Presidente, quero saudar
todos e agradecer a presença dos nossos convidados.
Quero
dizer de dois aspectos sobre os quais eu gostaria de ouvir um pouco mais dos
nossos convidados, até porque as federações se parecem um pouco pelo tamanho,
pela sua importância e pelo caráter dos seus clubes que disputam os
campeonatos. Dois aspectos têm me preocupado no que diz respeito à formação de
jogadores no nosso País. Esse é um dos aspectos que eu gostaria que os senhores
abordassem. Tenho essa preocupação.
Tenho
mais conhecimento da questão do futebol do meu Estado. O Cesarino tem
desempenhado um grande papel lá, tem sido um grande Presidente da Federação,
pois conseguiu unificar o nosso futebol piauiense. O futebol piauiense está
vivendo um grande momento.
Mas
tenho preocupação, Cesarino, com a formação dos jogadores. Praticamente nenhum
clube no Piauí investe em formação de jogadores. Essa situação que foi criada
pela Lei Pelé, praticamente, tirou os grandes atrativos para se investir na
formação de jogadores. No meu Estado, no Estado do Piauí, praticamente nenhum
clube investe em categorias de base.
Eu
gostaria de saber o que poderíamos modificar na legislação para incentivar a
formação de jogadores. Hoje, a formação de jogadores no País está restrita aos
grandes clubes, que podem investir. Hoje, um clube de futebol de ponta investe
de R$30 milhões a R$40 milhões por ano na formação de jogadores. Para isso, tem
de se ter retorno.
Outro
ponto que eu gostaria de abordar: nós tivemos um crescimento muito grande no
nosso Estado, graças à participação do nosso glorioso River Atlético Clube, na
Quarta Divisão. Hoje, nós conseguimos nos classificar para a Terceira Divisão.
Estamos nas finais. Se Deus quiser, vamos à final do campeonato da Quarta
Divisão.
Eu
queria saber o investimento que a CBF tem feito nessas divisões. Tem sido um
investimento significativo? Pode melhorar? O que nós podemos fazer? Porque, aí,
sim, se tivermos as Séries D, C e B rentáveis, com investimentos, nós vamos ter
um futebol que saia do eixo Rio-São Paulo-Minas e, no máximo, Rio Grande do
Sul. Tem que haver valorização dessas Séries.
Eu
gostaria de saber dos senhores se está, realmente, acontecendo isso? O que a
CBF, a grande gestora do nosso futebol, pode fazer para melhorar, para que
esses campeonatos tenham ainda maior importância e para que haja mais
investimento para que o futebol brasileiro tenha sucesso nos próximos anos?
Muito
obrigado pela presença dos senhores.
O SR. PRESIDENTE (Romário. Bloco
Socialismo e Democracia/PSB - RJ) – Obrigado, Senador Ciro.
Senador
Davi Alcolumbre, com a palavra.
O SR. DAVI
ALCOLUMBRE (Bloco
Oposição/DEM - AP) – Presidente, apenas vim prestigiar a nossa CPI, que V. Exª
preside. No mesmo sentido dos Senadores que me antecederam, assim como o Senador
Romero Jucá, Relator desta Comissão, todos nós temos o intuito – e acho que este é o papel da CPI – de
conseguir fazer com que a grande paixão nacional dos brasileiros dê orgulho
para todos nós, corrija os erros e avance para melhorar o futebol nacional.
O SR. PRESIDENTE (Romário. Bloco
Socialismo e Democracia/PSB - RJ) – Muito bem, Senador.
O
Senador Donizeti Nogueira quer usar da palavra.
O SR. DONIZETI
NOGUEIRA (Bloco
Apoio Governo/PT - TO) – Sr. Presidente, boa tarde; boa tarde, senhores
convidados; nosso Relator, Senador Romero Jucá.
Nessa
corrida, eu estava na Comissão Mista, da 685; agora tenho que relatar a 696,
mas a expectativa – quero parabenizar, agradecer aos convidados e o empenho do
nosso Presidente nesse processo, e do nosso Relator – de que possamos, ao
final, mais do qualquer punição, ter um marco legal mais seguro e que possa
haver encaminhamento melhor para o futebol brasileiro, que é patrimônio do povo
brasileiro. Portanto, nosso comentário aqui é de elogio e de agradecimento.
Quero
dizer da expectativa que temos de que o resultado desta CPI seja para podermos
contribuir para melhorar a gestão do futebol brasileiro, porque com a bola a
rapaziada é boa. Talvez tenhamos é que melhorar a gestão.
Obrigado.
O SR. PRESIDENTE (Romário. Bloco
Socialismo e Democracia/PSB - RJ) – Muito bem, Senador.
Senador
Wellington Fagundes, V. Exª quer fazer alguma colocação?
Por
favor.
O SR. WELLINGTON
FAGUNDES (Bloco
União e Força/PR - MT) – Quem chega por último não tem direito à preferência!
Na
verdade, eu queria saudar aqui todos os Presidentes. Não pude acompanhar. Tive
uma informação do nosso assessor. Temos aqui algumas perguntas, mas eu
precisaria de mais tempo para fazê-las.
Porém,
quero cumprimentar todos aqui, em nome do João Carlos de Oliveira Santos, que
representa a Federação Mato-grossense, sempre, claro, com o objetivo, como já
colocamos aqui em outras reuniões, de buscar o aperfeiçoamento também daquilo
que representa a paixão brasileira, que é o futebol; poder deixar aqui, através
desta CPI, um legado, no sentido de que possamos responder à sociedade que nós
melhoramos. E melhorar significa que até aquilo que está bom pode ser
melhorado.
Então,
claro, queremos aqui averiguar aquilo que aconteceu de errado, essa é a função
da CPI, mas eu já tive oportunidade de participar, como Deputado Federal,
inclusive, da CPI do Banco do Brasil. E, na época, havia um movimento muito
grande dos funcionários do Banco do Brasil, preocupados. Achavam que nós íamos
acabar com a instituição. Na verdade, o objetivo principal, naquela época, era
aperfeiçoar as atividades do Banco do Brasil. E, após a CPI, a conclusão de
todo o nosso trabalho foi exatamente encaminhamentos dos próprios funcionários
do Banco do Brasil, que entenderam e participaram efetivamente daquilo que
representou realmente um crescimento do Banco do Brasil.
Por
isso, quero aqui fazer esse registro.
Não
vou fazer perguntas agora. Se tivermos oportunidade, ainda poderei fazê-las.
Mas
eu quero aqui pedir a vocês, que representam as federações, como aconteceu na
última reunião, que tragam as contribuições para a CPI, mesmo posteriormente,
indicando aos membros da CPI, ao Presidente, ao Relator ou individualmente a
qualquer um de nós, a cada um, inclusive, de seu Estado ou região.
Mas
eu tenho aqui apenas uma pergunta a fazer, que entendo ser genérica, pois pode
ser dirigida a todos também, em relação a esses recursos que são liberados e
que praticamente custeiam as federações, e, principalmente em caso de as
federações passarem agora, todas elas, como a CBF, a ter mandato com tempo
definido, com no máximo uma reeleição, se todas elas adotarem isso da mesma
forma, se elas teriam também a condição de independência e, principalmente, de
sobrevivência com recursos próprios, ou de que forma vocês entendem que se
poderia democratizar mais ainda esses recursos que a CBF repassa para as
federações de acordo com critérios. Aliás, quanto a esses critérios, eu até
gostaria que vocês fizessem comentários sobre se acham justos esses critérios,
se eles podem também ser melhorados.
Quando
nós estivemos aqui, na última reunião, o presidente da Federação de Rondônia,
mostrou interesse que de lá houvesse um estádio. E eu gostaria até de saber do
representante da Federação de Mato Grosso, porque eu fiz aqui esse comentário.
Lá não há, e para nós que temos, e foi uma grande conquista, pois a população
imaginava que seríamos uma das subsedes da Copa do Mundo, mas hoje há o
questionamento, e já vimos muitas matérias em rede nacional, dando conta de que
aquilo é um elefante branco.
Então,
eu gostaria de estar aqui também questionando o nosso representante da
federação sobre como ele analisa o que foi a Copa do Mundo no Estado de Mato
Grosso e, principalmente, quais são os benefícios, ou até malefícios, que V. Sª
entende que aquele estádio representa para o Estado de Mato Grosso. Ou seja,
valeu a pena para a população de Mato Grosso se endividar ou buscar os recursos
necessários para fazer a Copa do mundo em Mato Grosso? Valeu a pena construir
aquele estádio, ou foi um caminho errado? E qual é o caminho que os recursos do
futebol brasileiro devem tomar para melhor satisfazer, digamos, o
aperfeiçoamento da atividade futebolista no Brasil?
Até
sugeri, na última reunião, quem sabe, da possibilidade de criarmos um fundo
nacional – e isso eu não tenho aqui pronto e acabado, até gostaria até de
ouvir, porque quando sugeri isso aqui houve um consentimento de positividade de
todos os presidentes que estavam à frente – e que esse fundo fosse no sentido
de que, como estamos discutindo muito, um fundo de compensação das perdas que
os Estados exportadores têm hoje para exportar as commodities brasileiras; também os Estados menores, que, às vezes
não têm um time que possa competir, porque o sistema e, principalmente, o
financiamento não permitem que um Estado como Rondônia ou até Mato Grosso possa
ter, de forma perene, um time para representar em um campeonato nacional...
Antigamente,
Sr. Presidente, nós tínhamos até os times que eram formados pela seleção do
Estado. Hoje, isso não existe mais. Convocava-se lá a seleção do Estado, que se
transformava em um time no Estado. E ele ia automaticamente competir como
representante daquele Estado em um campeonato nacional de envergadura , enfim,
de acordo com o que a gente tem agora.
Então,
é uma sugestão sobre a qual eu gostaria de ver uma análise também por parte de
todos vocês.
Muito
obrigado.
O SR. PRESIDENTE (Romário. Bloco
Socialismo e Democracia/PSB - RJ) – Obrigado, Senador Wellington.
Quero
agradecer a presença do Deputado Andres Sanchez, Deputado Federal por São
Paulo, agradecer a presença do Deputado Maurício Quintella, companheiro durante
quatro anos na Câmara. Obrigado. Seja bem-vindo!; Senador Leomar Quintanilha,
hoje Presidente da Federação do Tocantins, obrigado pela presença.
Agora
vou abrir os microfones para os Deputados presentes, aqueles que quiserem se
manifestar. O primeiro será o nosso Marcus Vicente, Deputado Federal pelo
Espírito Santo.
O SR. MARCUS
VICENTE (Bloco/PP
- ES) – Muito obrigado, Presidente.
O SR. PRESIDENTE (Romário. Bloco
Socialismo e Democracia/PSB - RJ) – Acertei, não é?
O SR. MARCUS
VICENTE (Bloco/PP
- ES) – Agora acertou. Na outra reunião eu ia reclamar – Marcus Vinícius –, mas o Senador tem a
prerrogativa do foro especial.
Quero
informar ao Senador Ciro que, na Câmara, nós temos uma Comissão Especial – o
Andres é o Presidente e o Relator é o Deputado Rogério Marinho, que já estuda a
questão da reformulação da legislação que fala principalmente do passe. Então,
a Câmara já está atenta a isso, porque foi um longa discussão da 671, em uma
comissão mista das duas Casas. Nós acreditamos que vamos fazer algumas
modificações importantes para o futebol brasileiro, para as categorias de base.
Sendo
breve, meu caro Senador, só para retornar àquela notícia de V. Exª, na semana
passada, que desde 30 de janeiro de 2008 – e eu me enganei com a data, porque
não posso ser tão preciso – que a Federação de Futebol do Espírito Santo, então
presidida por mim, foi excluída em sentença do juiz em primeiro grau, da lide
daquele processo da Desportiva Capixaba, arrimada pelo art. 267, que então o
juiz utilizou para extinguir o feito contra a particularidade de a Federação
participar, sem julgamento do mérito.
E
a segunda informação, que julgo importante, é que desde 14 de dezembro de 2014,
a Justiça, em primeiro grau – está faltando só a publicação –, também fez a
dissolução da sociedade entre a Desportiva Capixaba e a Desportiva Ferroviária.
Então, elas não existem mais. A empresa mãe da Desportiva Capixaba faliu
também. Era um grupo composto por postos
de gasolina e que não havia razão mais de existir. Então, a Desportiva
Ferroviária, que é a tradicional Vale do Rio Doce lá de trás, readquiriu seu
patrimônio. É apenas para informar a V. Exª e a esta Comissão, à luz da verdade
e dos fatos, que posso dizer que todas as questões estão absolutamente claras e
não há nada que não possa estar em cima da mesa para que seja questionado por
todos. Inclusive está tudo publicado no site
da Justiça do Município de Cariacica, onde fica a sede da Desportiva Capixaba e
da Desportiva Ferroviária.
Obrigado,
Presidente.
O SR. PRESIDENTE (Romário. Bloco
Socialismo e Democracia/PSB - RJ) – Muito bem, Deputado.
Agora
passo a palavra ao Deputado Roberto Góes.
O SR. ROBERTO GÓES
(PDT
- AP) – Presidente, Senador Romário, quero agradecer por esta oportunidade e
parabenizar e agradecer aos colegas presidentes que estão aqui.
Na
última audiência que nós tivemos eu fiquei de trazer a resposta com relação a
algumas informações do legado da Copa do Mundo aos Estados que não tiveram
jogos na última Copa do Mundo. Eu já entreguei esse material à Mesa, com todas
as informações de todos os Estados, com todas as questões técnicas, com os
programas e os valores que estão no fundo e como deve ser executado. Há também a
questão dos impostos, tanto os impostos da parte física, como também dos
projetos que estão sendo executados ou que vão ser executados.
No
mais, era isso.
E
quero parabenizar, mais uma vez, a Comissão pelo trabalho que vem fazendo, ao
Senador Romero Jucá, que é um homem de muita experiência. E, lá no nosso Amapá,
o Senador é muito querido pelo nosso Governador Waldez, que tem um carinho
especial por V. Exª. Eu tenho certeza de que, fazendo desse limão uma limonada,
nós vamos, no final desse relatório, ter muitas coisas para mudar no futebol
brasileiro. Logicamente sabemos que o futebol já evoluiu muito e com certeza o
que nós queremos é uma evolução cada vez maior e uma melhor organização no
futebol em todos os sentidos. Nós estamos discutindo, como eu falei, na
Comissão de Esportes, eu faço parte da Subcomissão que trata da questão da
violência nos estádios, questão que deve ser discutida também com os
presidentes das federações, com o próprio Ministério da Justiça. Já tivemos
reunião com o próprio Ministro.
Então,
tenho certeza de que, no final, o relatório deve ser encaminhado à Comissão, à
CPI do Esporte, para que se tenha um diagnóstico geral da questão da segurança
nos estádios nos eventos de futebol, tanto em nível estadual como em nível
nacional.
Obrigado,
Sr. Presidente.
O SR. PRESIDENTE (Romário. Bloco
Socialismo e Democracia/PSB - RJ) – Muito obrigado, Deputado.
Passo
a palavra agora ao Deputado Andres Sanchez.
O SR. ANDRES
SANCHEZ (PT
- SP) – Primeiro, obrigado por me conceder a palavra, Sr. Presidente, obrigado
ao Relator, Senador Jucá. Todos os convidados são muito bem-vindos, é um prazer
vê-los novamente.
Quero
ser bem rápido e objetivo com relação as palavras que foram ditas aqui. Se a
CBF não fomentar o futebol nas 21 federações...
(Intervenção fora do microfone.)
O SR. ANDRES
SANCHEZ (PT
- SP) – ... mas essas seis ou sete não
precisam. Pelo contrário. Essas seis ou sete têm que ajudar as outras
federações. Se a CBF não fomentar o futebol, os campeonatos, dentro dessas
federações menores, aqui nós vamos ficar dando chutes, vamos ficar falando e
não vai mudar nada. Então, quem tem de fomentar isso é a CBF. A CBF não pode
ficar com R$200, R$300, R$400 milhões na conta e as federações não terem um
campeonato mais forte.
Obrigado.
O SR. PRESIDENTE (Romário. Bloco
Socialismo e Democracia/PSB - RJ) – Obrigado, Deputado.
Deputado
Maurício, V. Exª vai usar da palavra?
O SR. MAURÍCIO
QUINTELLA LESSA (PR
- AL) – Presidente, somente para parabenizar a iniciativa da CPI, saudar o
Senador Romero Jucá, os presidentes de algumas federações, em especial o Felipe
Feijó, que é Presidente da Federação Alagoana de Futebol, e, como todo
brasileiro, desejar que esta CPI passe o nosso futebol a limpo, a CBF, e que, a
partir desse relatório, a gente tenha outra situação no futebol. No mais,
desejar bom trabalho a toda a Comissão e aos presidentes de federações aqui
presentes.
O SR. PRESIDENTE (Romário. Bloco
Socialismo e Democracia/PSB - RJ) – Obrigado, Deputado.
Os
senhores presidentes gostariam de responder à pergunta do Senador Wellington
Fagundes? (Pausa.)
Sr.
Cesarino Oliveira, Presidente da Federação de Futebol do Piauí.
O SR. CESARINO
OLIVEIRA –
A respeito da pergunta, Senador, da formação de valores, nós temos a certeza
absoluta de que dependemos disso para melhorar o futebol. Temos encontrado até
maiores dificuldades, mas acho que essas dificuldades, como o Deputado Marcus
Vicente disse haver, na Comissão, junto aos Deputados, a vontade de uma
melhora, mas, veja bem, nós somos cinco vezes campeões mundiais. Nós não temos
sequer uma escola, ao menos no meu Estado, quiçá nos outros Estados do Brasil,
que tenha um campo de futebol. Então, o Governo não dá a contribuição dele. Sou
professor de Educação Física, tenho formação, fui treinador e sei da
importância e da necessidade disso.
Então,
a partir do momento em que houver o engajamento de todos nessa situação,
principalmente na educação, nós teremos outro resultado, mas já há um
comprometimento nosso com todos os clubes de que isso seja inserido na base do
nosso futebol.
A
respeito do que disse o Senador Wellington Fagundes sobre o problema da
Seleção, quero dizer que fui treinador de uma seleção, inclusive o Presidente
desta CPI, o Senador Romário, dela participou, a seleção do Rio e seleção do
Piauí, no Vasco e Fluminense, no Cefan, ele representando a seleção do Rio, eu
dirigindo a seleção piauiense. Isso tinha e continua tendo uma grande importância.
Nós estamos advogando essa questão junto à CBF para que possamos reativar a
competição entre seleções. Porque, ao tempo em que você revela o atleta, você
revela a comissão também, os dirigentes e isso tem uma importância grande.
Outra
inspiração nos dá a certeza de que esse momento está chegando, em resposta ao
Deputado Andres Sanchez, faz parte do legado. Para o Estado do Piauí, a
construção de um legado com dois campos de futebol e toda a estrutura nos dará
uma obrigação e a certeza de você poder exigir e realizar esse trabalho, já que
temos dificuldades. Eu não diria que somos de um Estado pobre, mas há
dificuldades, tanto em nível municipal como em nível de Estado, em relação aos
locais. Os campos são grandes.
O
progresso, a modernidade, a construção de equipamentos de moradia tiram,
consequentemente, aqueles espaços que nós tínhamos. Para se ter uma ideia, no
bairro onde nasci, Vila Operária, tinham 23 campos de futebol e hoje têm três.
Então, os espaços somem e, consequentemente, a droga impera, enfim, há outras
várias situações.
Penso
que esse interesse tem que ser de todos, de CBF, de Governo, de todos nós, para
que possamos dar essa contribuição também ao jovem que tenha o anseio de se
tornar um atleta e, acima de tudo, um homem. Acredito ser extremamente
importante.
A
respeito da resposta do investimento na Série D e na Série C, os clubes do
Piauí, e principalmente o River, estão participando e fazendo essa figura por
conta desses investimentos, já que temos conhecimento, por parte da CBF, de que
nas Séries C e D são gastos cerca de R$70 milhões, para que as duas competições
possam acontecer.
A
nossa equipe que disputa não tem nenhum gasto com deslocamento e também com
hospedagem. Isso representa um valor grande. Então, é uma ajuda essencial para
que ela pudesse... Ela não tinha. Ela foi instituída a partir do momento em que
o Presidente Marinho assumiu. Foi ele quem instituiu que essa despesa fosse
paga pela CBF na Quarta Divisão, e fez com que houvesse uma melhora sensível
nessas competições.
Espero
ter respondido.
O SR. WELLINGTON
FAGUNDES (Bloco
União e Força/PR - MT) – Só queria acrescentar a questão dos critérios. Como V.
Sª colocou, o Presidente Marinho decidiu, como se fosse um socorro, atendeu ou
pode, amanhã, preferencialmente o presidente vota em mim e vou mandar mais
recursos para aquele Estado, para aquela federação.
O
objetivo nosso, claro, é democratizar o máximo possível. Então, queremos a
contribuição na experiência de vocês, porque aqui estamos no Parlamento.
O
que vocês podem sugerir, quem sabe até o Estatuto do Futebol, enfim, outras
alternativas que possamos também, no aspecto legislativo, democratizar esses
recursos. Se quiserem fazer um comentário... Porque não tem time de futebol que
sobreviva só com profissionalismo. Mesmo que ele seja profissional, tem que
investir alguma coisa em base.
Nos
Municípios do interior, a maior dificuldade de um time de várzea é saber quem
ajuda. Eles acabam nos procurando, porque, no Ministério do Esporte, para onde
estariam indo os recursos que poderiam ser canalizados de forma mais
organizada, a começar pelo recurso público e o recurso da CBF, que não é
público, mas, como é, digamos, um patrimônio nacional, eu acho que tem caráter
público.
O SR. CESARINO
OLIVEIRA –
Sempre dizíamos, no Piauí, que, primeiro, quando se participava da Terceira
Divisão, quando não tinha a Quarta, era castigo. Por quê? Porque a equipe iria
disputar e teria que arcar com o seu deslocamento e, consequentemente, com as
despesas. Todos os presidentes se reuniram e conversarem com a direção da CBF
naquela oportunidade, que se demonstrou sensível, sem o problema de
individualizar, determinou que essa ajuda fosse para todos. Dessa forma, ela
tem acontecido e tem ajudado sobremaneira.
O SR. PRESIDENTE (Romário. Bloco
Socialismo e Democracia/PSB - RJ) – Algum outro presidente quer responder? (Pausa.)
Por
favor, Presidente Antônio Américo Lobato Gonçalves, da Federação Maranhense.
O SR. ANTÔNIO
AMÉRICO LOBATO GONÇALVES –
Sr. Presidente, respondendo os questionamentos dos Senadores, é óbvio que é de
suma importância essa formação de atletas. O Brasil, de modo geral, faz um
baixo investimento nas categorias de base. Sabemos que o Sul e Sudeste fazem.
No meu Estado, especificamente no Maranhão, apenas o Sampaio Corrêa faz, tem
equipe de base, de formação. Mas temos novos horizontes abrindo com a nova
postura da CBF que vem, ao longo desses últimos anos, fazendo planejamentos
para que isso possa ocorrer.
Os
centros de treinamentos estão aí, vão atender 15 Estados. Esses centros de
treinamentos serão de propriedade da CBF, mas administrados pelas federações, e
é uma programação para atender 700 jovens por ano. Isso é de fundamental
importância nos Estados. A CBF também tem planejamentos, sabem disso, de não
permanecer apenas com esses 15 centros de treinamentos. Posteriormente, ela
deverá criar outros centros de treinamentos nos Estados.
Afora
isso, há também um regulamento que deve estar, a partir de janeiro, em vigor na
CBF, que é muito rígido na criação de novos clubes. Cria uma das exigências
primordiais de que para o clube se profissionalizar, tem que haver investimento
maciço na categoria de base.
Eram
apenas essas informações, Senador. Não sei se eu omiti...Salvo engano, aqui tem
também sobre os recursos liberados pelas federações. Nos nossos Estados,
vivemos no limite. O Piauí não é pobre, como disse o Cesarino, mas o Maranhão é
um Estado pobre, mas vivemos no limite, e eu acho que poderia ser melhorado,
sim. Eu tenho essa opinião lá, na CBF. Entramos muito em conflito lá; eu já
entrei em conflito por várias coisas nesse sentido, porque eu acho que nós
temos que tirar do Brasil... Nós temos, por exemplo, Série A, Senador, na Série
A, nós temos, hoje, 18 clubes do Sul e Sudeste, um clube do Centro-Oeste e um
clube do Nordeste. Absolutamente desigual.
O
Sampaio Corrêa, o glorioso Sampaio Corrêa, se subir para a Série A, deverá
receber, de direito de imagem, algo em torno de R$16 milhões; o Flamengo recebe
R$120 milhões. Fica absolutamente desigual. É uma situação que se tem que
discutir, que se tem que melhorar, para que esses clubes possam receber
recursos para, pelo menos, aproximarem-se ali do ideal de formar uma boa
equipe.
Nós
temos que ver que o futebol, outrora, há muitos anos, pagava-se todo o custeio
de um clube com as rendas. Hoje em dia, a situação econômica do País não
permite. Os valores dos ingressos não podem ser altos, têm que ser pequenos, e
com as rendas, às vezes, não dá para pagar o salário de apenas um atleta.
Então,
a situação é transitória, a situação é difícil. Os repasses, nós achamos que
têm que ser melhores para os clubes, têm que ser melhorados esses repasses. A
CBF vem fazendo a sua parte, a partir do instante em que está custeando essas
outras Séries, que essas são as Séries mais pobres, mas tem que também haver a
modificação dos regulamentos. Nós temos lá as propostas, Deputado Andres, de
melhorar. Por exemplo, a Série C e a Série D, que até 2013 eram regionalizadas,
os clubes do Norte e Nordeste, jogam entre si, e os do Sul e Sudeste entre eles
e Centro-Oeste, e depois se cruzavam no final. Hoje em dia, não. Quer dizer, a
tendência, como os clubes do Sul e Sudeste são melhores preparados, é que subam
cada vez mais clubes do Sul, e nós, lá, vamos ficando para trás, vamos ficando
para trás!
Essas
mudanças vão ocorrer. Não se pode fazer isso do dia para a noite. É um trabalho
amplo de discussão, afinal, mexe com interesses de muita gente. E eu acho que
nós estamos no caminho certo e vamos fazer esse trabalho sim.
O SR. PRESIDENTE (Romário. Bloco
Socialismo e Democracia/PSB - RJ) – Muito obrigado, presidente.
Agradeço
a presença dos senhores aqui, nesse primeiro bloco, e aproveito a oportunidade
para chamar aqui os próximos convidados.
Sr.
João Carlos, o senhor vai responder? (Pausa.)
Por
favor, Sr. João Carlos Oliveira Santos.
O SR. JOÃO CARLOS
OLIVEIRA SANTOS –
O questionamento é realmente sobre a nossa Arena Pantanal. Vou dizer para o
senhor o seguinte: realmente é viável, o Governador Pedro Taques tem de
realmente colocar as pessoas certas, entendeu? Eu acho que o Secretário, que é
o Leandro, quando estamos com um grande evento, não quer nos ceder a arena.
Então,
eu acho que tudo isso só vem nos atrapalhar, também futebolisticamente. O Mato
Grosso tem um grande potencial, o senhor conhece muito bem. O seu Estado, as
categorias de que nós estivemos falando, tem o Valdívia, no Internacional; o
REC – Rondonópolis Esporte Clube – é um
grande formador; tem a União de Rondonópolis com grande potencial. Então, o que
nós estamos falando é que, realmente, eu acho que o que a CBF, muitas vezes,
repassa não é o suficiente. Mas o Presidente Marco Polo está interessado, está
conversando e precisa ajudar, porque as federações menores, como o Andres
conhece o nosso problema, nós temos, por exemplo, o Paulo Vitor, saiu lá do
nosso querido Operário Várzea-grandense, porque as categorias de base, lá tem
Rogério Ceni, que vai encerrar agora, lá em Cuiabá, agora em dezembro, são
craques que vieram de Mato Grosso. Precisam realmente, sim, Andres, nos ajudar
com toda essa pauta, para que possamos investir mais nas categorias de base.
Os
próprios Governos, como eu disse, Estadual e Municipal têm que ajudar a
favorecer. Não é só... Lá, nós temos a Juíza Patrícia Ceni, que nos proibiu
fazer o campeonato Sub-19, em que chegamos à semifinal, no Dutra, que o senhor
conhece, no Dom Aquino e no CPA. Onde essa juventude vai jogar?
Nós
também comentamos. Realmente, a especulação imobiliária acabou com vários
campos. Inclusive o Vila Aurora, da sua cidade, está com esse problema.
Então,
eu gostaria que a gente unisse as forças, realmente. Vamos mandar nossas
sugestões para cá, porque nós não podemos ficar omissos nisso aí. O futebol
brasileiro merece o quê? Que nós tenhamos grande respeito e grande admiração.
Muito
obrigado.
O SR. WELLINGTON
FAGUNDES (Bloco
União e Força/PR - MT) – Sr. Presidente, eu só queria fazer um comentário nesse
aspecto.
O
que acontece no Mato Grosso? Lá, a Copa do Mundo foi um sucesso. Não tivemos
sequer um incidente lá. Mas, claro, nós nos submetemos – à época, aqui no
Congresso, nós votamos – à Lei Geral da Copa; e, claro, a FIFA veio com todo o
seu know-how e expertise em realizações no mundo inteiro. A FIFA foi embora, nesse
aspecto da organização, mas a representante da FIFA no Brasil é a CBF. Eu
acredito que faltou, da nossa parte, exigir também que esse legado de
organização da FIFA fosse imposto à CBF, e que ela fizesse então a manutenção,
como obrigação, inclusive, da legislação. Acho que faltou, talvez, a gente
pensar no pós-Copa do Mundo. O que a população mais cobra de todos nós é: valeu
a pena? Fica aquela sensação... Por exemplo, nós temos lá uma situação em que
mudou o governo. Então, um governo que foi oposição na campanha chega e diz que
tudo que foi feito no passado, mesmo que tenha dado tudo muito certo, estava
errado, superfaturado, o estádio não tinha que ter aquela obra, enfim. No caso
específico do Verdão, em Cuiabá, além de todo o sucesso, foi um estádio cujo
projeto de arquitetura foi premiado. Ou seja, pode ter algum defeito da
construção, mas o certo é que a Copa em si foi um sucesso. Mas o legado disso
para a população é a sensação de que não valeu a pena. Foram só quatro, naquele
momento todo mundo torceu, todo mundo achou bom demais. Foi todo mundo embora e
nós não tivemos a responsabilidade suficiente de mostrar, ou de fazer que isso
tivesse uma sequência.
Eu já falei aqui em outra reunião: eu tive a
oportunidade, quando o Mato Grosso foi – e nós dizíamos – contemplado com a
subsede da Copa do Mundo, eu fui a Portugal conhecer um pouco do que aconteceu
da Eurocopa lá. Portugal é um país pequeno. Eles construíram, em um espaço
muito menor do que a maioria dos Estados pequenos, de Mato Grosso, oito
estádios. A minha preocupação era exatamente essa questão: o que ficaria para
depois? E aí é onde eu quero a consideração, não necessariamente agora. Que
vocês depois possam fazer as considerações, porque também, Relator, foi de
responsabilidade da CBF, naqueles Estados em que não houve a Copa do Mundo –
essa me parece que foi uma coisa boa –, construir pelo menos os centros de
treinamento. Ficou sob a responsabilidade da CBF.
Mas
eu acredito que a CBF também poderia, assim como essa responsabilidade que
ficou, talvez ter essa capacidade gestora para fazer com que os estádios que
foram construídos também tivessem a oportunidade de funcionar. Por exemplo,
quando acontece alguns jogos do campeonato nacional no interior, sempre o
estádio está lotado, mesmo que seja no começo do campeonato. É um exemplo de
que o interior, se tiver estímulo, porque, claro, o torcedor brasileiro é
apaixonado em qualquer Estado, seja pelo Flamengo, seja pelo Corinthians.
O
Brasil é um País único. Nós não temos nenhuma dificuldade, falamos a mesma
língua, não temos dialeto. Temos um sistema de comunicação que o que acontece...
Os campeonatos são vistos ao mesmo tempo em todo lugar. Então, acho que aí é
uma questão talvez de gestão de quem cuida desse maior volume de recursos, que
é a CBF. Como aqui o alvo também é a CBF, eu acho que a gente precisa
contribuir, ou seja, buscar a solução.
Por
isso, eu gostaria que depois a gente tivesse, durante um tempo... Vocês estão
vindo aqui à audiência, mas a gente continua trabalhando aqui.
O SR. PRESIDENTE (Romário. Bloco
Socialismo e Democracia/PSB - RJ) – Obrigado, Senador.
Sr.
Antônio Américo.
O SR. ANTÔNIO
AMÉRICO LOBATO GONÇALVES –
Senador Fagundes, obviamente que, depois do sete a um, nós ficamos um pouco com
a visão negativa e abalada. Mas o legado da Copa também se traduz em mobilidade
urbana, se traduz em saneamento básico e, principalmente, em turismo. O Brasil
foi notícia no mundo inteiro durante um ano, aproximadamente, ou talvez um
pouco mais. Esse foi o grande legado.
Agora,
para o futebol, acredito que os centros de treinamento vêm suprir essa lacuna.
É um trabalho de planejamento e de longo tempo, isso haveremos de alcançar.
O SR. PRESIDENTE (Romário. Bloco
Socialismo e Democracia/PSB - RJ) – Muito bem, presidente.
Muito
obrigado pelas presenças dos senhores.
Vamos
chamar aqui agora o Sr. Antônio Aquino Lopes, Presidente da Federação de
Futebol do Acre; o Sr. Dissica Valério Tomaz, Presidente da Federação
Amazonense de Futebol; o Sr. Antônio Carlos Nunes de Lima, Presidente da
Federação Paranaense de Futebol; e...
O SR. CIRO
NOGUEIRA (Bloco
Parlamentar Democracia Progressista/PP - PI) – Sr. Presidente...
O SR. PRESIDENTE (Romário. Bloco
Socialismo e Democracia/PSB - RJ) – ... o Presidente atual, Senador Leomar
Quintanilha, se quiser participar desta Mesa, sendo Presidente da Federação de
Tocantins, será um prazer.
O SR. CIRO
NOGUEIRA (Bloco
Parlamentar Democracia Progressista/PP - PI) – Presidente, só uma informação,
eu vejo que também nós temos uma pauta deliberativa. O senhor vai colocar em
votação esses requerimentos ainda hoje ou não?
O SR. PRESIDENTE (Romário. Bloco Socialismo
e Democracia/PSB - RJ) – Creio que não.
O SR. CIRO
NOGUEIRA (Bloco
Parlamentar Democracia Progressista/PP - PI) – Não, porque nós não temos número
para deliberar.
O SR. PRESIDENTE (Romário. Bloco
Socialismo e Democracia/PSB - RJ) – Não há quórum. (Pausa.)
Obrigado
pelas presenças.
Vamos
dar segmento a esta audiência pública.
Passo
a palavra ao Sr. Antonio Aquino Lopes, Presidente da Federação de Futebol do
Acre.
O SR. ANTONIO
AQUINO LOPES –
Queremos, neste momento, agradecer o convite da CPI, através do Senador
Romário, que é o grande mentor desta Comissão Parlamentar de Inquérito. Dar o
nosso boa-tarde aos outros Parlamentares, nominar aqui seria muito difícil,
porque não conheço todos. Mas parabenizar a todos pela presença e pelo esforço
de estar presente, acompanhando esta Comissão Parlamentar, no intuito de que
nós possamos encontrar caminhos para o futebol brasileiro.
Eu,
inicialmente, gostaria de falar um pouco sobre a minha trajetória no futebol.
Ex-atleta, dirigente de clube, diretor de federação e, hoje, Presidente da
Federação do Acre. Quando eu assumi a federação, ela era eclética, composta por
aquelas entidades que comandavam todos os esportes. E, por coincidência, essa
mesma federação não era, legalmente, de direito. Ela era de fato, mas de
direito não existia, porque o seu estatuto, à época, fazia-se necessário ser
aprovado na CBF, no CND e homologado, então, pelo Ministério da Educação.
Nós,
no decorrer desses anos, transformamos a antiga FAD em Federação de Futebol do
Acre, com toda a sua legalidade. Temos, hoje, uma entidade funcionando na maior
normalidade dentro daquilo que o nosso Estado oferece.
Quando
eu assumi a federação, nós não tínhamos nenhuma credibilidade na cidade, em
nenhuma casa comercial. Hoje nós temos toda essa atividade reconhecida. Quero
dizer aos senhores que a Federação do Acre não tem nenhuma dívida em nível
Federal, temos certidões. E dizer também que é muito difícil para entidades
como as do Norte do Brasil, porque as distâncias entre uma e outra dificultam o
intercâmbio. Tudo, lá, tem que ser por via aérea.
E
os senhores sabem mais do que todos nós que por via aérea, no Brasil, é uma
coisa muito cara. Esse assunto tem sido até tema do Senador Jorge Viana, que
questiona as empresas aéreas em função dos preços das passagens na nossa
região. Isso, lógico, dificulta muito o intercâmbio.
Eu,
como Presidente da Federação, encontrei uma federação que não tinha crédito no
comércio, o menor possível. Construí, primeiramente, uma sede e, depois,
construí um estádio para 10 mil pessoas; estádio este no qual o próprio Senador
esteve presente, fazendo uma partida de solidariedade, convidado pelo Senador
Petecão.
Temos
lutado muito para que o futebol da nossa região possa crescer, mas as
distâncias são grandes. A televisão também atrapalha, porque ninguém quer ver
futebol local, quando você tem todos os níveis de futebol, em nível mundial,
dentro da sua casa, a custo zero. Isso tem sido para nós muito ruim. No
passado, quando o futebol ainda era amador, os estádios eram cheios, porque o
momento era outro. Naquela época, o cinema tinha muito valor. Hoje, já não se
vai mais a cinema. Cinema, hoje, é uma coisa mais social.
Então,
meus amigos, quero dizer a vocês que estou aqui, aberto, para algum
esclarecimento e deixar já uma proposta para os Congressistas, porque se fala
muito em renovação do futebol brasileiro. Se possível, que se faça uma lei, a
exemplo do que existe nas escolas estaduais, porque toda escola tem que ter uma
quadra, que as cidades, os Municípios possam fazer campos de pelada na
periferia. A comunidade toma conta. Para isso, seria necessário que se fizesse
uma lei. E que também se contemplasse um outro modelo de escolinha, porque nem
todo mundo tem direito ou tem possibilidade de entrar nas escolinhas dos clubes.
Refiro-me às escolinhas de bairro. Existem muitos ex-atletas que trabalham com
as categorias de base. Eu posso dar um exemplo vivo dessa situação: o goleiro
do Atlético Paranaense Weverton, que veio de uma escolinha de bairro, e hoje é
titular do Atlético Paranaense. Ele veio para São Paulo na Copa São Paulo, foi
visto pelo Corinthians, ficou no Corinthians, depois foi emprestado para um
clube do interior, foi para a Portuguesa e, hoje, está no Atlético Paranaense.
Entendo
que precisamos criar alternativas para os jovens brasileiros em todas as
cidades, em todos os Municípios. Acredito que as prefeituras possam, com pouca
coisa, fazer campos de pelada na periferia. Não precisa ser no centro da
cidade, porque, na realidade, o craque, a meu ver, vem da pelada.
Seriam
essas as minhas considerações.
O SR. PRESIDENTE (Romário. Bloco
Socialismo e Democracia/PSB - RJ) – Muito obrigado, presidente.
Passo
a palavra, agora, ao Presidente da Federação Amazonense de Futebol, Sr. Dissica
Valério Tomaz.
O SR. DISSICA VALÉRIO
TOMAZ –
Boa tarde a todos.
Boa
tarde, Presidente; boa tarde Senador Jucá. É um prazer estar presente nesta
CPI, poder trazer algumas ideias, mas também poder dizer como chegamos a
dirigente da Federação.
Quero
saudar todos os nossos companheiros que aqui estão, Senadores e Deputados,
parceiros da nossa Confederação Brasileira.
Fui
jogador de futebol desde as categorias de base. Fui jogador infantil do
Atlético Rio Negro Clube; juvenil, do São Raimundo...
O SR. PRESIDENTE (Romário. Bloco
Socialismo e Democracia/PSB - RJ) – Presidente, mas não foi jogador igual ao
Senador Omar Aziz, não, né?
O SR. DISSICA
VALÉRIO TOMAZ –
Não, não. (Risos.)
O SR. PRESIDENTE (Romário. Bloco
Socialismo e Democracia/PSB - RJ) – Porque ele foi bom, quase 1.800 gols!
O SR. DISSICA
VALÉRIO TOMAZ –
Não, bem melhor que ele. Ele, como político, como gestor público, nota dez!
Fui
dirigente de futebol profissional do Atlético Rio Negro. Depois, deixei o
futebol profissional porque fui cuidar da vida. Vi que futebol, naquela
ocasião, também não garantia muito o futuro, não. Então, fui cuidar da parte
empresarial, trabalhar, para poder chegar à velhice com certa tranquilidade.
Mas,
antes de chegar à Federação, sou fundador, Senadores, da Federação Amazonense
de Tênis de Mesa. Fui atleta, dirigente e treinador, polivalente mesmo.
Inclusive, o Amazonas é um dos quatro Estados do Brasil que detém o título de
Campeão Brasileiro de Tênis de Mesa, fora eixo Rio-São Paulo e Minas Gerais. O
Amazonas detém um título no infantil masculino.
Fui
campeão do Norte e Nordeste de tênis de mesa individual, mas vi que não dava
mais para ser campeão brasileiro e resolvi fundar a Federação de Tênis. Fundei
a Federação de Tênis, fui jogador, mas não fui tão bom quanto no tênis de mesa.
Posteriormente,
fui à direção do Clube Atlético Mineiro, fui ser dirigente de futebol. Após
seis anos, o Nacional, do nosso querido Senador Omar Aziz, já era hexacampeão,
e nós fomos, então, para o Rio Negro, para quebrar essa hegemonia do Nacional.
E conseguimos.
Aí
vem o lado que eu acho extramente importante: fazer o futebol regional não
sucumbir. Naquele momento, levado pelo presidente do Clube Atlético Mineiro,
fiz uma seleção amazonense dos melhores jogadores do campeonato amazonense,
peguei dois juniores, inclusive o Berg, que o senhor deve ter conhecido, pois
ele jogou no nosso Botafogo – não é o seu, mas é o meu e do Senador Omar Aziz
–, e trouxemos jogadores pontuais. Prestigiamos o futebol do Estado, trouxemos
jogadores de renome nacional para o time, pontuais – no caso, o goleiro Tobias,
que havia sido campeão pelo Corinthians, do Adãozinho, do Alcino, que jogou no
Remo, fez história no futebol paraense e no futebol brasileiro; trouxemos o
Tiquinho, ponta-esquerda que foi da Seleção Brasileira, e ganhamos, então, naquele
ano de 1982, o título Amazonense.
E
fomos, então, para o Campeonato Brasileiro Primeira Divisão, na época em que o
Flamengo fora campeão do mundo, e o Flamengo, para o senhor ter uma ideia,
Senador, empatou conosco lá em Manaus. No final do jogo, aos 44 minutos, o Zico
cobrou um escanteio, e o meu ponta-direita foi desviar e jogou para dentro do
gol. Então, nós nos classificamos naquele ano, na Primeira Divisão do futebol
brasileiro, para uma segunda etapa, e naquela chave estavam: o Moto Club de São
Luís; o Clube do Remo do Pará; o Santos, do Serginho Chulapa; o Flamengo, do
Zico; o Rio Negro, do Alcino e do Tobias. Então, nós conseguimos, depois desse
trabalho, ser levados à Federação de Futebol.
Nós
fomos guindados à Federação de Futebol exatamente por todo esse trabalho que
havíamos feito na parte desportiva e também nessas modalidades esportivas
amadoras. E fomos para a federação, e encontramos a federação, a exemplo de
todos os companheiros que aqui já deram o seu relato, em dificuldade. A
federação era um prédio antigo, comprado pelo saudoso Flaviano Limongi,
patriarca do nosso futebol, fundador da Federação Maranhense de Futebol.
Flaviano Limongi comprou um prédio antigo, reformou todinho, mas, quando o
recebemos, depois de três gestões de presidentes, estava totalmente
deteriorado. Só tinha uma sala que funcionava, e eu recebi os documentos do
Livro de Atas numa sacola de uma loja que é do Belmiro Vianez, antigo
comentarista de futebol e grande empresário amazonense.
Assumimos
esse futebol e passamos, então, a participar dos momentos vivenciados, bons e
maus, do futebol brasileiro. Nós não viemos para cá dizer que tudo está às mil
maravilhas, mas eu posso dizer aos senhores que, no decorrer dessa nossa
conversa aqui, haverá de surgir algumas ideias, e eu tenho uma das ideias para
que se possa unificar verdadeiramente o futebol brasileiro como uma
confederação brasileira, porque nós somos um País continental e precisamos
estar integrados sempre.
Como
já foi dito aqui – não me lembro bem se foi por um Parlamentar –, somos um País
extremamente grande, mas tivemos a sorte e o privilégio de falar a mesma
língua. Isso para nós é bom, mas só que, no futebol, isso não está se
traduzindo. E eu já disse isso em diversas reuniões, tenho colegas presidentes
aqui, sabem que eu já levantei esta ideia e defendo esta ideia: a participação
de todos os Estados em campeonatos nacionais, a obrigatoriedade de todo Estado
ter um representante pelo menos na Série C. No decorrer da nossa conversa, eu
poderei pormenorizar a ideia, para talvez termos essa propositura no relatório.
Se nós não conseguirmos isso antes, através do nosso trabalho perante a
Confederação Brasileira de Futebol, que nós possamos ter reforçado esse nosso
pleito através do relatório final desta CPI.
Estou
à disposição de todos.
Muito
obrigado. É um prazer estar aqui com todos os senhores.
O SR. PRESIDENTE (Romário. Bloco
Socialismo e Democracia/PSB - RJ) – Muito obrigado, presidente.
Passo
a palavra agora ao Sr. Antonio Carlos Nunes de Lima.
O SR. ANTONIO CARLOS
NUNES DE LIMA –
Senador Romário, Presidente desta Comissão; Senador Romero Jucá, Relator também
desta Comissão; Srs. Senadores presentes, Srs. Deputados Federais; companheiros
de infortúnio como presidentes de federações de futebol, eu me chamo Antonio
Carlos Nunes de Lima, sou Presidente da Federação Paraense de Futebol e estou
envolvido no futebol, como dirigente, há alguns anos. Comecei como presidente
de Liga Esportiva Municipal, do interior, da cidade de Santarém, região oeste
do Pará. Depois, em Belém, passei a integrar a diretoria do Paysandu, onde
cheguei a diretor de futebol. Na época, carregando também o saco nas costas,
nós conquistamos o primeiro título de Campeão Brasileiro da Série B, ascendendo
à Série A.
Na
Federação do Pará, nós temos hoje 29 clubes profissionais, divididos em
Primeira e Segunda divisão, sendo que sete, no momento, estão licenciados por
falta absoluta de recursos para sua manutenção. Temos mais 34 clubes amadores,
diretamente filiados à federação. E, por ser o Estado do Pará, como digo, quase
de dimensões continentais, respeitado o Estado do Amazonas, cuja extensão
territorial é maior – o companheiro Dissica sabe disso aí –, nós temos 117
Ligas municipais, todas elas organizadas, funcionando em seus Municípios. E
todas essas Ligas, clubes amadores, recebem apoio da nossa federação de
futebol. Mas aqui, logo adianto, o apoio é muito pequeno, porque não há
recursos, em nível até nacional – poderá ter, poderá chegar no futuro – para
aplicações nas divisões de base. Nós também mantemos, por conta da federação, o
nosso campeonato feminino, com os clubes do Pará, sempre participando de
Campeonato Brasileiro, Copa do Brasil de Futebol Feminino.
As
categorias Sub-15, Sub-17, Sub-20 de futebol feminino; as categorias até
intermunicipais, de seleções entre Municípios, todas elas são administradas e
orientadas pela federação de futebol. E, eu digo mais, geram em torno de dez
competições, todas oficiais.
No
Campeonato Paraense de divisão de profissionais, houve uma mudança muito
grande. Quando assumimos a federação de futebol, o campeonato, nós o chamávamos
de Campeonato Metropolitano; não se ia mais longe. Hoje, o Campeonato Paraense
de futebol profissional atinge o sul do Pará, região oeste do Pará, região
nordeste do Pará e até o clube de uma nação indígena, que, segundo dizem, é o
primeiro clube profissional indígena do Brasil, que é o Gavião Kyikatejê
Futebol Clube, da Reserva Indígena Mãe Maria, situada no Município de Bom Jesus
do Tocantins, geograficamente ligado ao Município de Marabá, na região sul do
Pará. Então, todos eles disputam essas competições.
Agora,
como nós saímos da capital para o interior, para chegar a Tucuruí, Marabá e
Parauapebas, ao pé da Serra dos Carajás, ou na cidade de Santarém, que teve o
privilégio do primeiro Campeonato Brasileiro da Série D, criado pela CBF,
termos o São Raimundo como o seu primeiro campeão, porque nós conseguimos
mostrar ao governo do Pará de anos passados – e continua até agora – a
necessidade de se fundir, de se levar o futebol profissional ao interior,
porque antes era só o amadorismo entre as Ligas Esportivas municipais.
Hoje
nós temos, no Pará, o Governo do Estado do Pará como patrocinador master do futebol paraense; recursos
para, através de convênios firmados com a Federação de Futebol, transporte,
hospedagem e alimentação das delegações visitantes; publicidade do Banco do
Estado do Pará, diretamente com os clubes, mas via federação; e também a
televisão estatal transmite os jogos e paga, faz o pagamento devido também aos
clubes. Então, o Governo do Pará está nos ajudando a manter, vamos dizer assim,
integrando o Estado do Pará, através do futebol. Há dois anos, houve uma
campanha de divisão do Estado do Pará e usaram muito o futebol para dizer que o
futebol já estava integrado ao futebol
do Pará, não tinha por que dividir. Eles queriam criar o Estado do Tapajós, o
Estado do Carajás e deixar só o Estado do Pará com o que não tinha nada. Então,
dessa maneira nós estamos conseguindo administrar o futebol do Estado do Pará.
Às categorias de base a federação assiste diretamente.
Agora
tenho que dizer aqui, Senador Romário, nós temos, às vezes, o apoio, nós temos
o recurso que poderia ser melhor se tivesse de outro órgão, porque eu vou dizer
até que é um privilégio termos os grandes jogos lá, no nosso Mangueirão, que dá
rendas excelentes, que a federação leva também um percentual. Eu dou um exemplo
recente, o Clube do Remo, na Série D, jogando contra o Operário, de Ponta
Grossa, no Paraná, conseguiu colocar 40 mil torcedores, gerando uma receita de
R$1,6 milhão, agora recente, no Mangueirão. Então, isso é bom para todos.
Então, nessa parte do que nós somos aquinhoados e com algum recurso que chega
mais, nós fazemos esse apoio e incentivo às categorias de base.
Agora
tenho que dizer aqui também que somos a primeira federação a ser contemplada,
pelo que os senhores já ouviram falar aqui e já foi debatido aqui, o projeto do
legado da FIFA. O Estado do Pará é o primeiro que foi contemplado. Nós não
tivemos jogos de Copa do Mundo. Então, nós tínhamos terreno, nós tínhamos todas
aquelas exigências que a FIFA fez.
Então,
o legado da FIFA, lá em Belém, está em via de conclusão. Já estamos com quatro
campos prontos, já estamos com os alambrados e já estamos fazendo também alguns
jogos nos campos que a FIFA exigiu que sejam chamados de eventos-teste, para
saber se está correto, se está sendo feito direito, porque não é a federação
que administra essa construção, é a própria FIFA...
(Soa a campainha.)
O SR. ANTONIO
CARLOS NUNES DE LIMA –
... através dos seus representantes, dos seus engenheiros, que vão
constantemente a Belém acompanhar.
Então,
isso vai representar muito para nós pelo emprego que nós vamos ter das
categorias de base lá. E não vai funcionar só para o futebol. Nós vamos ter
também a fisioterapia, o atendimento médico, o atendimento odontológico, as
aulas e os cursos. Tudo dentro desse projeto do legado da FIFA em Belém,.
Acho
que dei aqui algumas explicações, algumas informações e me coloco à disposição
dos senhores integrantes desta Comissão para responder as arguições que se
fizerem necessárias.
O SR. PRESIDENTE (Romário. Bloco
Socialismo e Democracia/PSB - RJ) – Obrigada, presidente.
Passo
a palavra agora ao Sr. Leomar Quintanilha, ex-Senador e Presidente da Federação
de Tocantins.
O SR. LEOMAR
QUINTANILHA –
Sr. Presidente, Senador Romário, agradeço, preliminarmente, a deferência em
atender meu pedido de me incluir entre os convidados como presidentes de
federação para a rodada desta tarde.
Meu
caro Senador Romero Jucá, eminente Relator desta Comissão; Srs. Deputados
Marcus Vicente e Roberto Góes; meus caros colegas presidentes de federação;
senhores e senhoras; imprensa, é com particular satisfação, Senador Romário,
que nos fazemos presentes, imbuídos do propósito de dar uma contribuição aos
trabalhos desta Comissão em procurar fortalecer e crescer o futebol como
instituição neste País.
Eu
sou torcedor do Flamengo. Na minha geração, as crianças e adolescentes, na
minha época, torciam para o Flamengo, ou para o Vasco, ou para o Corinthians,
ou para o Palmeiras, enfim, torciam para um clube do eixo Rio-São Paulo. O meu
Estado, Goiás, tinha um futebol incipiente. O futebol brasileiro se concentrava
no eixo Rio-São Paulo. De lá para cá, mais de 60 anos, pouca coisa mudou. A
concentração, as principais estrelas do futebol brasileiro, está ainda no eixo
Rio-São Paulo. Alguns Estados do Nordeste despontaram, e, na Região Sudeste, em
alguns Estados também, o futebol melhorou.
Ouvi
a colocação veemente do Deputado Andres Sanchez, que teve uma experiência na
presidência de um dos mais importantes clubes do Brasil e sentiu a importância
e a necessidade da democratização do futebol, do incentivo ao futebol, nos mais
diversos rincões deste País. Primeiro porque talento não escolhe lugar para
nascer, pode nascer, sim, no eixo Rio-São Paulo, mas pode nascer no Tocantins,
no Amazonas, em qualquer lugar. É preciso que haja uma estrutura que,
efetivamente, possa dar oportunidade para que esse talento seja aproveitado.
Aliás,
tenho que cumprimentar V. Exª, que, enquanto jogou futebol, muita alegria e
muito orgulho nos trouxe, a todos os brasileiros, e não esconde as dificuldades
das suas origens. Está aqui no seu informativo a sua origem, de Jacarezinho. Já
ouvi relatos de outros craques importantes do futebol brasileiro, dizendo que,
no seu início, tinham, às vezes, dificuldades de arranjar dinheiro para pagar o
ônibus, sair do seu bairro e chegar ao clube onde eventualmente treinaria.
Agora, imaginem nos outros Estados, longínquos, distantes, pobres, em que a
influência da economia se faz sentir no futebol.
O
time campeão do Tocantins, neste ano, sua folha de pagamento gravitava em torno
de R$150 mil por mês. Então, sem que tenhamos uma participação mais efetiva na
distribuição dos recursos desse futebol nacional, na ideia do Andres Sanchez,
dificilmente teremos uma melhoria mais acentuada. Mas há muitas coisas que
podemos fazer. Eu gostaria, Senador Romário, de dar pelo menos uma
contribuição, que acho muito importante, que esta Casa e a Câmara dos Deputados
podem fazer. Eu me penitencio por não ter observado, não ter tido a
sensibilidade de ter percebido isso à época em que tive o privilégio de,
representando o povo do meu Estado, ter assento nesta Casa.
Mas
foi preciso que o Brasil sofresse aquela derrota vexatória contra a Alemanha,
de 7 a 1, para termos conhecimento de que o modelo do futebol praticado no
Brasil precisa ser revisto, precisa ser melhorado.
O SR. LEOMAR
QUINTANILHA –
Quando se fala em investimento em categoria de base, nós ficamos nos esforçando
muito para fazê-lo, e jogamos para os clubes essa responsabilidade. Os clubes
têm a responsabilidade de fazer os investimentos de categoria de base.
O
meu Estado tem apenas 27 anos. A condição econômica do meu Estado não é das
melhores, é uma das mais difíceis deste País, e o futebol é o reflexo dessa
situação econômica no modelo atual do futebol.
Então,
eu acho que esta Casa pode dar uma contribuição, ainda não só na questão do
aspecto econômico, mas no aspecto normativo. Nós observamos o seguinte: aqui
começamos a trabalhar com os nossos adolescentes na categoria Sub-15. A CBF
investe na categoria de base, mas começa com a categoria Sub-15. Em outros
países, as crianças já estão sendo trabalhadas com idade bem inferior, na casa
dos oito anos. A Alemanha já começa a trabalhar as crianças a partir dos oito
anos de idade. Aqui, no Brasil, nós não podemos, Senador Romário, porque a
nossa legislação não permite. Dentre elas, cito o Estatuto da Criança e do
Adolescente, que cria até dificuldade hoje dentro de casa no exercício da
hierarquia que precisa existir no principal núcleo da sociedade, que é a
família. Hoje os pais, às vezes, têm dificuldades em exercitar a hierarquia
sobre os filhos. As crianças são levadas, às vezes... A legislação está muito
rigorosa com relação a esse tipo de educação. E chega ao ponto de proibir o
trabalho. A criança não pode trabalhar. Eu, quando tinha dez anos, trabalhava,
mas nessa época a legislação não proibia. E eu tenho certeza de que muitas
pessoas da minha geração, os nossos pais, os pais ensinavam as crianças a
trabalharem desde 10 anos, que começam a entender das coisas e aprendem
depressa as coisas ruins na rua.
Então,
Senador Romário, acho que seria bom alvitre que esta Comissão pudesse
constituir um grupo que pudesse promover um estudo com relação a uma possível
modificação ou aprimoramento na legislação, inclusive no Estatuto da Criança e
do Adolescente, que não permite hoje aos clubes fazerem um trabalho efetivo com
crianças abaixo de 14 anos. Acho que essa seria uma contribuição boa que esta
Comissão poderia dar para a melhoria do futebol no nosso País.
O SR. PRESIDENTE (Romário. Bloco
Socialismo e Democracia/PSB - RJ) – Muito obrigado, presidente.
Vou
passar a palavra ao nosso Relator para que possa fazer as suas considerações
finais.
Por
favor, Senador Romero Jucá.
O SR. ROMERO JUCÁ (PMDB - RR) – Sr.
Presidente, na mesma linha quando ouvimos a primeira etapa dos presidentes de
federação, acho que estão patentes aqui as dificuldades dos Estados menos
desenvolvidos, o tipo de construção que tem que se fazer no futebol brasileiro,
o tipo de oportunidade e de sustentabilidade que precisa se fazer, inclusive
com utilização mais racional das condições de competições nacionais. Isso é uma
pauta que nós traremos para discutir com os membros da Comissão.
Eu
tenho anotado, com muita atenção, todas essas condições, e pretendo trazer
algumas propostas para que a Comissão, numa reunião interna, possa realmente
debater e verificar qual a posição majoritária da Comissão. A gente faz o
relatório, mas é importante que esse relatório seja o espírito de toda a
Comissão e que a gente possa realmente apresentar algo novo, um alento para o
futebol brasileiro, para o futebol de base, para a manutenção dos nossos
atletas, para que o futebol possa se espraiar com condições por toda a
sociedade.
E
aqui foi feito, quero reforçar, essa questão do esporte hoje tem que ser um
instrumento não só de ascensão social, mas de resgate dos jovens da
marginalidade, da droga. Quer dizer, a cultura, o esporte, tudo isso tem que
ser instrumento efetivo de transformação social. E há uma estrutura, uma
história no Brasil, no futebol, que pode ser utilizado de uma forma muito
forte.
Eu
acho que nós temos aí vários canhões que não estão atirando. Na verdade, a gente
está aí padecendo de uma série de dificuldades, quando efetivamente algum tipo
de recurso de custeio poderia movimentar de uma forma muito forte todo o
interior do Brasil.
Eu
sou de um Estado também que tem muita dificuldade no futebol. Aqui eu quero louvar
o meu amigo, meu irmão, meu eleitor, meu correligionário, o Zeca Xaud, que é um
guerreiro, é um lutador. O Zeca fica lá brigando com todo mundo para fazer
futebol. Não tem apoio do Estado, não tem nada, é uma dificuldade muito grande.
Então, a gente sabe como é.
Eu
sou torcedor do Sport, porque eu sou de Recife. Vou dizer que a gente está bem.
Vamos ganhar do São Paulo agora no sábado e vai entrar...
(Interrupção do som.)
O SR. ROMERO JUCÁ (PMDB - RR) – Mas
é importante que a gente tenha times em todos os Estados que possam,
efetivamente, participar e ajudar na melhoria da autoestima de cada Estado.
Porque, quando você um time do seu Estado melhorando, jogando, representando,
isso cria uma energia positiva. A gente sabe como é.
A
população precisa ter alegria, e o futebol já foi a alegria do povo e hoje,
infelizmente, tem dado algumas tristezas. Então, a gente quer reverter, mudar
essa página. Com a experiência do Presidente, Senador Romário, eu acho que é
possível a gente agregar, receber todas essas contribuições e, efetivamente,
repassar uma proposta que seja uma proposta que todos possam se unir para
melhorar o futebol brasileiro.
Então,
eu queria agradecer a presença de todos vocês, dizer que é muito importante
ouvir a experiência de cada um. Aqui todos são importantes. Vocês representam
cada Estado do Brasil, com suas diferenças, com suas potencialidades.
E
eu volto a dizer, eu sou do menor Estado do Brasil em população, em condição
econômica. Então, a gente sabe o que é lutar contra a diversidade. Mas eu quero
aqui agradecer a presença e dizer que nós vamos fazer um trabalho – eu espero –
à altura dos anseios e das esperanças de cada Estado brasileiro.
Obrigado,
Presidente.
O SR. PRESIDENTE (Romário. Bloco
Socialismo e Democracia/PSB - RJ) – Muito obrigado, Senador.
Dando
continuidade às palavras do nosso Relator, Senador Romero Jucá, o que eu
poderia propor aqui para os senhores presidentes – e vou fazer para aqueles que
já estiveram e outros que virão – é os senhores passassem para a gente três,
quatro, cinco sugestões, através de e-mail,
porque esta Secretaria entrará, com certeza, em contato com os senhores, do que
pode melhorar hoje no futebol em relação às federações e o que pode acontecer
de novo daqui para frente.
Eu
acho que essas ideias, essas sugestões dos senhores vão ser bem interessantes,
bem importantes e bem oportunas, inclusive na hora de o nosso Relator finalizar
o seu relatório. Eu, particularmente, também não tenho nenhuma pergunta a
fazer.
Coloco
em votação as Atas da 13ª e da 14ª Reuniões, solicitando a dispensa da sua
leitura.
Os
Srs. Senadores que as aprovam permaneçam como se encontram. (Pausa.)
Aprovadas.
Antes
de finalizar, eu vou passar a palavra aqui ao nosso Senador Wellington
Fagundes.
O SR. WELLINGTON
FAGUNDES (Bloco
União e Força/PR - MT) – Sr. Presidente, eu gostaria aqui de saudar o nosso
Senador Leomar Quintanilha, que hoje está aí como presidente. Eu acho que uma
figura como ele, além de carismático, a experiência de conviver aqui, de
repente ele podia ser até o nosso coordenador junto aos presidentes da
federação para fazer esse trabalho. Principalmente para buscar de todos, porque
às vezes há dispersão. Acontece aqui, mas depois cada um vai lá para as suas
atividades e se esquece que tem que contribuir. V. Exª poderia até fazer uma
reunião com os presidentes aí, para vocês conversarem mais amiúde, fora dos
holofotes, enfim, daquilo que a experiência do Leomar, como Parlamentar que
foi, também possa contribuir conosco.
Presidente
Romário, eu sei que toda CPI nasce e, de repente, muitas delas, a grande
maioria fala que foi mais um acordo feito, mais uma pizza fabricada ou
mal-assada, enfim, com um final que a sociedade questiona. No entanto sei que,
principalmente para V. Exª como Presidente e ainda como uma figura exponente aí
na área do futebol, com experiência, claro que todos os brasileiros dizem:
"Agora, com Romário, vai dar certo essa mudança." E também com a
relatoria do nosso Senador Romero Jucá, uma pessoa que, aqui na Casa, tem uma
experiência muito grande e tem a capacidade de fazer esse trabalho de
harmonização de todos nós da classe política, eu acredito que ninguém quer ver
está CPI sem resultado, como mais uma CPI.
Acho
que, minimamente, se a gente puder contribuir. É claro que tem a questão de a
CPI ser uma comissão de investigação, mas o objetivo final dela, acho
extremamente importante.
Há
problemas aí na questão mundial, da FIFA. É claro que, provavelmente, sobre
algumas coisas a CPI vai produzir um relatório para dar satisfação, mas nesse
aspecto acho que é muito importante que a gente produza algo que possa,
realmente, trazer uma satisfação à opinião pública para dizer que valeu a pena
aquele povo ficar gastando tempo lá,
ficar lá reunido, porque a sociedade recebeu alguma coisa de benefício.
Então,
gostaria de saudar a todos, principalmente o Presidente Quintanilha, que é o
nosso companheiro e, com certeza, representa muito lá no seu Estado.
Muito
obrigado.
O SR. PRESIDENTE (Romário. Bloco
Socialismo e Democracia/PSB - RJ) –
Muito obrigado, Senador.
Tenho
uma menina que trabalha comigo, a Elaine, que tem síndrome de Down. Ela me
passou um WhatsApp dizendo para eu
não me esquecer de dar parabéns a todos os servidores, porque hoje é o Dia do
Servidor Público. Então, parabéns! Elaine, para você em especial!
Dentro
do que eu havia falado sobre essas ideias, peço aos senhores que essas ideias,
realmente, possam sair daquilo que os
senhores entendam que pode melhorar e do que, por exemplo, nunca existiu no
futebol, e que vocês entendam ser interessante.
É
claro que eu entendo – e já vivo no
futebol há muitos anos – que a CBF pode vir a ter algum tipo de influência
nessas sugestões. Mas quero dizer aos senhores que é o que é bom para o
futebol, e não para a CBF. Automaticamente a gente tem que saber um pouco
separar as coisas, porque a gente sabe da potência, vamos dizer assim, de uma
confederação como a CBF, e a gente sabe dos problemas que muitas dessas
federações passam no seu dia a dia.
Então,
peço aos senhores que enviem essas ideias para esta Secretaria, ideias que,
realmente, são necessárias para que as federações dos senhores possam ter uma
melhor qualidade e a possibilidade de melhorar o futebol dos seus Estados.
Mais
uma vez, muito obrigado pelas presenças. Foi de grande importância e relevância
as presenças dos senhores e tudo o que foi colocado aqui hoje.
Nada
mais havendo a tratar, agradeço a presença de todos e declaro encerrada a
presente reunião.
(Iniciada às 14 horas e 43 minutos, a reunião
é encerrada às 16 horas e 22 minutos.)
Comissão Parlamentar de Inquérito, criada pelo Requerimento do
Senado Federal nº 616, de 2015, destinada a investigar a Confederação
Brasileira de Futebol (CBF) e o Comitê Organizador Local da Copa do Mundo FIFA
Brasil 2014 (COL).
ATA DA 16ª REUNIÃO
Ata Circunstanciada da 16ª
Reunião, realizada em 11 de novembro de 2015, às 14 horas e 59 minutos, no
Plenário 15 - Ala Senador Alexandre Costa do Senado Federal, sob a presidência do
Senador Romário e com a presença dos
Senadores: Paulo Bauer e Randolfe
Rodrigues. Deixaram de comparecer os Senadores: Humberto Costa, Zeze Perrela, Ciro Nogueira, Donizetti Nogueira, João
Alberto Souza, Romero Jucá, Omar Aziz, Davi Alcolumbre e Fernando Collor.
Os requerimentos pautados para a reunião não foram apreciados por falta de
quórum.
(Texto com revisão.)
O SR. PRESIDENTE (Romário. Bloco
Socialismo e Democracia/PSB - RJ) – Boa tarde a todos.
Havendo
número regimental, declaro aberta a 16ª Reunião da Comissão Parlamentar de
Inquérito, criada pelo Requerimento nº 616, de 2015, com a finalidade de
investigar a situação do futebol brasileiro.
Conforme
convocação, a presente reunião destina-se à apreciação de requerimentos. De
início, esclareço que os primeiros dez itens da pauta são requerimentos cuja
fundamentação contém informações protegidas por sigilo bancário e fiscal.
Eu
gostaria de, antecipadamente, anunciar a vocês que essa reunião, que seria
secreta, não será realizada hoje. Passou para quarta-feira.
De
acordo com conversas realizadas há alguns minutos, entre o Presidente, o meu
caso, o Senador Romero e alguns outros Senadores, nós temos demonstrado aos
Senadores desta Comissão algumas coisas que nós entendemos que são muito
importantes e interessantes no curso desta CPI.
Infelizmente,
quatro ou cinco Senadores ainda não tiveram acesso a todas essas informações;
então, conversamos e acordamos que, até terça-feira, todos esses outros cinco
Senadores terão acesso a tudo que foi levantado pelos órgãos competentes, a fim
de que, na quarta-feira, faremos aqui a nossa reunião secreta, quando
colocaremos em votação esses dez requerimentos, que são vitais para a sequência
dos nossos trabalhos.
E,
ainda, aproveito a oportunidade para dizer que, com tudo o que chegou a esta
CPI pelos órgãos que foram demandados, eu, particularmente, como Presidente
desta CPI, bem como outros companheiros Senadores, entendemos que há a
possibilidade de estendermos o prazo dos nossos trabalhos por mais no mínimo
seis meses, o que será de fundamental importância para que prossigamos na
investigação e que, definitivamente, possamos fazer todos aqueles levantamentos
que são objetos desta CPI.
Queria
passar a palavra ao Senador Randolfe Rodrigues.
Por
favor, Excelência.
O SR. RANDOLFE
RODRIGUES (Bloco
Socialismo e Democracia/REDE - AP) – Sr. Presidente, quero cumprimentar V. Exª
por este encaminhamento. Eu acho importante e necessário que o acesso às
informações de que já tivemos conhecimento e que estão na posse desta CPI também
sejam estendido a todos os colegas membros desta CPI, uma vez que o acesso a
essas informações, o acesso a esses documentos, no meu entender, tornará
inevitável a necessidade de prorrogarmos os trabalhos desta Comissão
Parlamentar de Inquérito.
A
impressão que tenho, Presidente Romário, é a de que, com os documentos que já
temos na CPI, nós encontramos o chamado "fio da meada" do
funcionamento do esquema criminoso que, lamentavelmente, dirige o futebol
brasileiro. Diante disso, logo que se encontra o fio, temos que puxar o
restante do novelo, e, para puxar o restante do novelo, obviamente,
precisaremos de um prazo maior do que o que está estabelecido hoje para esta
Comissão Parlamentar de Inquérito.
Não
tenho dúvida, Senador Romário, de que os demais colegas membros desta CPI, tão
logo tenham acesso às referidas informações, como nós já tivemos, na reunião
secreta que V. Exª está marcando, com o bom senso, indicarão também a
inevitabilidade da prorrogação desta CPI e, além disso, aprovarão esse conjunto
de requerimentos que estão pautados para a reunião que seria no dia de hoje.
Eu
entendo a necessidade, apresentada pelos demais membros desta CPI, de ter um
tempo e, obviamente, nesse tempo necessário, fazer a apreciação, ouvir, ter
contato com os mesmos documentos que nós já conhecemos. E, por saber da
gravidade desses documentos, resultado das investigações que já estão de posse
desta Comissão Parlamentar de Inquérito, é que digo que a proposta de
prorrogação feita por V. Exª, com certeza, será acatada não só por esta
Comissão, mas pelo Plenário do Senado, pela maioria dos Senadores desta Casa,
pela inevitabilidade que há de termos esse tempo a mais para concluirmos as
investigações e seguirmos o novelo de investigação cujo primeiro fio nós já
puxamos.
Cumprimento
V. Exª pela proposição.
O SR. PRESIDENTE (Romário. Bloco
Socialismo e Democracia/PSB - RJ) – Muito obrigado, Senador Randolfe, pelas
palavras.
Eu
só gostaria de acrescentar aqui os nomes dos Senadores que, até o momento, não
tiveram oportunidade de ver o material colhido até este momento.
São
eles: Senador, Relator desta Comissão, Romero Jucá, Senador João Alberto,
Senador Davi Alcolumbre, Senador Fernando Collor, Senador Gladson Cameli e o
Senador Donizeti Nogueira.
A
partir de segunda-feira, esses Senadores tomarão ciência do que já foi apurado
até o momento por esta CPI.
Queria
aproveitar a oportunidade, antes de encerrar esta reunião por falta de quórum,
para agradecer a todos os profissionais que estão envolvidos nas atividades
desta CPI pelo brilhante trabalho até aqui prestado em prol do futebol
brasileiro e do povo brasileiro.
Muito
obrigado a todos! Praticamente todos estão aqui, e posso afirmar que tem sido
uma grande honra e um prazer poder trabalhar com os senhores.
Nada
mais havendo a tratar, agradeço a presença de todos, convidando-os a participar
da próxima reunião, a ser realizada na semana seguinte, com pauta a ser
publicada posteriormente na página da Comissão, e declaro encerrada a presente
reunião.
(Iniciada às 14 horas e 59 minutos, a reunião
é encerrada às 15 horas e 06 minutos.)
Comissão Parlamentar de Inquérito, criada pelo Requerimento do
Senado Federal nº 616, de 2015, destinada a investigar a Confederação
Brasileira de Futebol (CBF) e o Comitê Organizador Local da Copa do Mundo FIFA
Brasil 2014 (COL).
ATA DA 17ª REUNIÃO
Ata Circunstanciada da 17ª
Reunião, realizada em 1 de dezembro de 2015, às 15 horas e 28 minutos, no
Plenário nº 3 - Ala Senador Alexandre Costa do Senado Federal, sob a
presidência do Senador Romário e com
a presença dos Senadores: Zeze Perrela,
Ciro Nogueira, Romero Jucá, Paulo Bauer, Randolfe Rodrigues e Wellington
Fagundes. Deixaram de comparecer os Senadores: Humberto Costa, Donizetti Nogueira, João Alberto Souza, Omar Aziz, Davi
Alcolumbre e Fernando Collor. Na oportunidade, aprovados os seguintes
Requerimentos:
Requerimento
|
Ementa
|
Autoria
|
102/2015
|
Requer que a CPI
solicite à Junta Comercial do Estado do Rio de Janeiro a cópia do processo de
registro, do contrato social e demais documentos da entidade Copa do Mundo
Fifa 2014 Comitê Organizador Brasil Ltda.
|
Senador Romário
|
103/2015
|
Requer a transferência
de informações bancárias e fiscais, incluindo RIF, do período de 1º/1/2007 a
12/3/2012, do Sr. Ricardo Terra Teixeira.
|
Senador Romário
|
105/2015
|
Requer a transferência
dos sigilos bancários e fiscais, incluído o RIF, da COPA DO MUNDO FIFA 2014 -
COMITÊ ORGANIZADOR BRASILEIRO LTDA. no período de 1 de janeiro de 2008 a 12
de março de 2015.
|
Senador Romário
|
106/2015
|
Requer demonstrativos de
resultados e lucros da COPA DO MUNDO FIFA 2014 - COMITÊ ORGANIZADOR
BRASILEIRO LTDA. no período de 1 de janeiro de 2008 a 12 de março de 2015.
|
Senador Romário
|
118/2015
|
Requer compartilhamento,
com reciprocidade, de informações públicas, reservadas ou ostensivas, com o
Departamento de Polícia Federal, relativas ao objeto de investigação desta
CPI.
|
Senador Romário
|
119/2015
|
Requer compartilhamento,
com reciprocidade, de informações públicas, reservadas ou ostensivas, com
Procuradoria Geral da República, relativas ao objeto de investigação desta
CPI.
|
Senador Romário
|
120/2015
|
Requer essa Comissão
Parlamentar de Inquérito solicite aos órgãos cabíveis, em aditamento ao
Requerimento Nº 37/2015, a transferência das informações telefônicas e telemáticas
no período de 12 de março de 2013 em diante, inclusive as de natureza
sigilosa, de MARCO POLO DEL NERO.
|
Senador Randolfe
Rodrigues
|
121/2015
|
Requer essa Comissão
Parlamentar de Inquérito solicite aos órgãos cabíveis, em aditamento ao
Requerimento Nº 83/2015, a transferência das informações telefônicas e
telemáticas no período de março de 2012 a maio de 2015, inclusive as de
natureza sigilosa, do Senhor JOSÉ MARIA MARIN
|
Senador Randolfe
Rodrigues
|
(Texto com revisão.)
O SR. PRESIDENTE
(Romário. Bloco Socialismo e Democracia/PSB - RJ) – Boa tarde a todos.
Havendo número regimental, declaro aberta a 17ª Reunião
da Comissão Parlamentar de Inquérito criada pelo Requerimento nº 616, de 2015,
com a finalidade de investigar a situação do futebol brasileiro.
Conforme convocação, a presente reunião destina-se à
apreciação de requerimentos.
O SR. ROMERO
JUCÁ (PMDB - RR) – Sr. Presidente, pela ordem.
O SR. PRESIDENTE
(Romário. Bloco Socialismo e Democracia/PSB - RJ) – Sim, Senador.
O SR. ROMERO
JUCÁ (PMDB - RR) – Sr. Presidente, apenas para registrar que eu considero
extremamente importante esta reunião, porque nós temos alguns requerimentos
para aprovar.
Nós fizemos um entendimento, já que existem muitos
requerimentos, de que trabalhássemos em etapa na questão da aprovação e da
análise dos requerimentos. E eu apresentei um requerimento que pede para votar
em globo uma série de requerimentos conexos e que dizem respeito à primeira
etapa do pedido de solicitação de informações que estamos fazendo.
Então, queria registrar que existe, sobre a mesa, um
requerimento pedindo para votar em globo vários requerimentos que fazem parte
da pauta.
O SR. PRESIDENTE
(Romário. Bloco Socialismo e Democracia/PSB - RJ) – Muito bem, Senador.
O SR. WELLINGTON
FAGUNDES (Bloco União e Força/PR - MT) – Sr. Presidente, nessa linha aí,
aquilo que não é polêmico poderia ser integrado a esse requerimento. Todos.
O SR. PRESIDENTE
(Romário. Bloco Socialismo e Democracia/PSB - RJ) – É. Estão todos os
Senadores de acordo que esses requerimentos sejam votados em globo? (Pausa.)
O.k.
Estes três primeiros que vamos votar, também em globo,
são requerimentos para os quais não cabe votação nominal.
ITEM 20
Requerimento
Nº 102/2015
Requer que
a CPI solicite à Junta Comercial do Estado do Rio de Janeiro a cópia do
processo de registro, do contrato social e demais documentos da entidade
"Copa do Mundo Fifa 2014 Comitê Organizador Brasil Ltda".
Autoria:
Senador Romário
ITEM 22
REQUERIMENTO
Nº 118, de 2015
Requer
compartilhamento, com reciprocidade, de informações públicas, reservadas ou
ostensivas, com o Departamento de Polícia Federal, relativas ao objeto de
investigação desta CPI.
Assunto:
Compartilhamento de Informações
Autoria:
Senador Romário
ITEM 23
REQUERIMENTO
Nº 119, de 2015
Requer compartilhamento,
com reciprocidade, de informações públicas, reservadas ou ostensivas, com
Procuradoria Geral da República, relativas ao objeto de investigação desta CPI.
Assunto:
Compartilhamento de Informações
Autoria:
Senador Romário
Esses são os três requerimentos que votaremos
individualmente: itens 20, 22 e 23.
Coloco os requerimentos mencionados em votação, itens
20, 22 e 23.
As Senadoras e os Senadores que os aprovam queiram
permanecer como se encontram. (Pausa.)
Os requerimentos estão aprovados.
Sobre os outros itens, votação em bloco.
ITEM 1
REQUERIMENTO
Nº 105, de 2015
Requer a
transferência dos sigilos bancários e fiscais, incluído o RIF, da COPA DO MUNDO
FIFA 2014 - COMITÊ ORGANIZADOR BRASILEIRO LTDA. no período de 1 de janeiro de
2008 a 12 de março de 2015.
Assunto:
Transferência de Sigilo
Autoria:
Senador Romário
ITEM 2
REQUERIMENTO
Nº 106, de 2015
Requer
demonstrativos de resultados e lucros da COPA DO MUNDO FIFA 2014 - COMITÊ
ORGANIZADOR BRASILEIRO LTDA. no período de 1 de janeiro de 2008 a 12 de março
de 2015.
Assunto:
Documentos
Autoria:
Senador Romário
ITEM 11
REQUERIMENTO
Nº 103, de 2015
Requer a
transferência de informações bancárias e fiscais, incluindo RIF, do período de
1º/1/2007 a 12/3/2012, do Sr. Ricardo Terra Teixeira.
Assunto:
Transferência de Sigilo
Autoria:
Senador Romário
ITEM 15
REQUERIMENTO
Nº 120, de 2015
Requer essa
Comissão Parlamentar de Inquérito solicite aos órgãos cabíveis, em aditamento
ao Requerimento Nº 37/2015, a transferência das informações telefônicas e telemáticas
no período de 12 de março de 2013 em diante, inclusive as de natureza sigilosa,
de MARCO POLO DEL NERO.
Assunto: Transferência
de Sigilo
Autoria:
Randolfe Rodrigues
ITEM 16
REQUERIMENTO
Nº 121, de 2015
Requer essa
Comissão Parlamentar de Inquérito solicite aos órgãos cabíveis, em aditamento
ao Requerimento Nº 83/2015, a transferência das informações telefônicas e
telemáticas no período de março de 2012 a maio de 2015, inclusive as de
natureza sigilosa, do Senhor JOSÉ MARIA MARIN
Assunto: Transferência
de Sigilo
Autoria:
Randolfe Rodrigues
Começamos a votação nominal em globo. Os itens em
votação nominal são: 1, 2, 11, 15 e 16. (Pausa.)
O SR. PRESIDENTE
(Romário. Bloco Socialismo e Democracia/PSB - RJ) – Senador Paulo Bauer.
O SR. PAULO BAUER
(Bloco Oposição/PSDB - SC) – "Sim".
O SR. PRESIDENTE
(Romário. Bloco Socialismo e Democracia/PSB - RJ) – Senador Randolfe
Rodrigues.
O SR. RANDOLFE
RODRIGUES (Bloco Socialismo e Democracia/REDE - AP) – "Sim", Sr.
Presidente.
O SR. PRESIDENTE
(Romário. Bloco Socialismo e Democracia/PSB - RJ) – Senador Ciro Nogueira.
O SR. CIRO
NOGUEIRA (Bloco Parlamentar Democracia Progressista/PP - PI. Fora do microfone.) – O que, Sr.
Presidente?
O SR. ROMERO
JUCÁ (PMDB - RR) – "Sim", Sr. Presidente. É o acordo que votamos
do requerimento.
O SR. PRESIDENTE
(Romário. Bloco Socialismo e Democracia/PSB - RJ) – Senador Wellington
Fagundes.
O SR. WELLINGTON
FAGUNDES (Bloco União e Força/PR - MT) – "Sim", Sr. Presidente.
O SR. PRESIDENTE
(Romário. Bloco Socialismo e Democracia/PSB - RJ) – Senador Zeze Perrella.
O SR. ZEZE
PERRELLA (Bloco Apoio Governo/PDT - MG. Fora
do microfone.) – Acompanho a maioria.
O SR. PRESIDENTE
(Romário. Bloco Socialismo e Democracia/PSB - RJ) – O Relator desta
Comissão, Senador Romero Jucá.
O SR. ROMERO
JUCÁ (PMDB - RR) – O Relator vota "sim", Sr. Presidente.
O SR. PRESIDENTE
(Romário. Bloco Socialismo e Democracia/PSB - RJ) – Estão aprovados todos
os itens aqui citados: itens 1, 2, 11,15 e 16.
Antes de encerrar a presente reunião, aprovaremos a ata
da reunião anterior.
O SR. ROMERO
JUCÁ (PMDB - RR) – Sr. Presidente, eu proponho, como a ata é de
conhecimento de todos, que seja dispensada a sua leitura, e que possamos votar
a ata da reunião anterior.
O SR. PRESIDENTE
(Romário. Bloco Socialismo e Democracia/PSB - RJ) – Estão de acordo todos
os Senadores? (Pausa.)
Coloco em votação as atas da 15ª e 16ª Reuniões da
Comissão, solicitando dispensa de sua leitura.
As Srªs e os Srs. Senadores que as aprovam permaneçam
como se encontram. (Pausa.)
Aprovadas.
Nada mais havendo a tratar, agradeço a presença de
todos e declaro encerrada a presente reunião.
Muito obrigado a todos pela presença.
(Iniciada às 15 horas e 28 minutos, a reunião
é encerrada às 15 horas e 37 minutos.)
6/12/2015 - 18ª - CPI do Futebol - 2015
Horário 14:45
O SR. PRESIDENTE (Romário. Bloco Socialismo e Democracia/PSB - RJ) – Boa tarde a todos.
Havendo número regimental, declaro aberta a 18ª Reunião da Comissão Parlamentar de Inquérito, criada pelo Requerimento nº 616, de 2015, com a finalidade de investigar a situação do futebol brasileiro.
Conforme convocação, a presente reunião destina-se à oitiva do Sr. Marco Polo Del Nero, Presidente licenciado da Confederação Brasileira de Futebol, nos termos do plano de trabalho aprovado.
Esclareço que o Sr. Marcus Vicente, Vice-Presidente em exercício da CBF, também foi convidado para esta reunião, mas agradeceu o convite e manifestou a impossibilidade de seu comparecimento em razão da realização da Assembleia Geral da Confederação, marcada para hoje, no Rio de Janeiro.
Convido o Sr. Marco Polo Del Nero para compor a Mesa.
Registro, ainda, a presença do seu advogado, Sr. José Roberto Batochio.
Sejam bem-vindos a esta Comissão! (Pausa.)
Muito obrigado aos convidados pela participação aqui nesta Comissão.
Para organizar os nossos trabalhos, esclareço que, depois da exposição inicial do Sr. Marco Polo Del Nero, a palavra será concedida aos Senadores na ordem da sua inscrição. Terão preferência para uso da palavra, na seguinte ordem, o Presidente, o Relator, os membros e os não membros.
Concedo a palavra ao convidado para sua exposição.
O SR. CIRO NOGUEIRA (Bloco Parlamentar Democracia Progressista/PP - PI) – Queria solicitar a inscrição, Presidente.
O SR. PRESIDENTE (Romário. Bloco Socialismo e Democracia/PSB - RJ) – Está inscrito.
O senhor tem dez minutos para sua exposição, Sr. Marco Polo Del Nero. Por favor, pode usar a palavra.
O SR. MARCO POLO DEL NERO – Exmo Sr. Presidente desta Comissão, Senador Romário, Exmo Sr. Relator Romero Jucá, Exmos Srs. Senadores, foi com enorme respeito que aceitei o convite desta Comissão Parlamentar de Inquérito, para que aqui pudesse espontaneamente comparecer. Venho com o propósito de colaborar e ouvir a voz dos Senadores, que representam a voz do povo brasileiro. Entendi que deveria fazer essas minhas considerações por meio de um texto escrito, para que ficasse formalmente registrado e para que possa constar como uma contribuição objetiva a esta CPI. Tratarei de todas as questões, incluindo as mais delicadas, que hoje frequentam o noticiário, mas julgo importante apresentar aspectos propositivos para contribuir com o diagnóstico do futebol brasileiro.
A CBF é uma instituição privada que não recebe recursos públicos, não se beneficia de qualquer benefício tributário, como imunidades, isenções ou incentivos, não obtém subvenções estatais de nenhum tipo e recolhe pontualmente relevante carga tributária aos cofres públicos.
O futebol mundial vive hoje um momento de grandes transformações, e essa onda de mudanças encontra eco no futebol brasileiro. Desde o início de minha gestão, em abril de 2015, estamos procurando modernizar o nosso futebol. Assim, vale destacar aqui algumas de minhas iniciativas, tais como a adoção, pela CBF, do programa de Governança, Risco e Conformidade – compliance –, atualmente fator imprescindível na transparência da gestão no mundo corporativo. Desde maio deste ano, a CBF passou a implementá-la com adoção de políticas rígidas, gestão de contratos e financeira, governança corporativa, gestão de patrocínios e transparência para federações de clubes. A partir da implantação do Programa de Governança, Risco e Conformidade, apoiada pela Ernst & Young, empresa contratada – repito – no início da minha gestão, com a missão de transformar o futebol brasileiro, foi concebido o primeiro Código de Ética do Futebol, que tive a honra de aprovar em recente reunião de diretoria, em sua versão preliminar. Em breve, será levado à aprovação da Assembleia Geral da CBF. O Código de Ética, a nova Diretoria de Transparência e de Ética, criada na nossa gestão, além do Comitê de Ética, que será instituído com independência funcional – estou certo –, representarão um marco na transformação do futebol nacional.
Existem outras medidas estratégicas que estão em curso na CBF. Cito algumas que já estão em ação ou vêm sendo desenhadas. Adotamos o portal da transparência; propusemos espontaneamente e aprovamos, em assembleia geral, a limitação do tempo de mandato em quatro anos, com uma única reeleição; introduzimos a entidade da plataforma de cursos de capacitação; passamos a realizar, em caráter permanente, diversos seminários nas áreas médica, de marketing, gestão de estádios, futebol feminino e treinadores; estamos criando o Centro de Estudos Avançados do Futebol. O objetivo é montar um instituto atuante, criativo e com grande inserção na sociedade, junto aos formadores de opinião. Vamos buscar uma abordagem multidisciplinar, o futebol em suas múltiplas dimensões – o futebol esporte, mas também como negócio, como elemento de inserção social.
Instituímos um plano de saúde vitalício para os jogadores campões mundiais. Está em fase de estudo o plano de Previdência para jogadores e árbitros.
Nunca a CBF foi tão aberta e participativa. Foram instituídas inúmeras comissões e grupos de trabalho, com a participação de todos os segmentos do futebol. Criamos a Comissão Nacional de Clubes, com a missão de dar voz e poder decisório aos times em todas as matérias de seu interesse. Instalou-se a negociação coletiva de direitos de transmissão de TV, com a participação efetiva dos clubes, como acabou de ocorrer na Série B, cujos valores contratados foram duplicados.
Como se sabe, a maioria esmagadora dos jogadores brasileiros tem origem humilde. Em vista disso, a CBF está estruturando um projeto para ajudar jogadores e árbitros a encontrarem seu caminho ao término de suas carreiras.
Iniciamos também a prática de realizar pesquisas de opinião, como a que fizemos com o Ibope em junho deste ano, com o objetivo de avaliar o campeonato e testar, por exemplo, quais seriam os melhores horários para os jogos: 76% dos entrevistados consideraram as transmissões de TV como "ótima" ou "boa"; 61% achavam o mesmo da qualidade dos estádios; entre os entrevistados que declararam não ir aos estádios, a motivação não era a qualidade do espetáculo, supostas falhas de arbitragem ou desorganização, mas, para a maioria, as causas para ausência nos jogos eram a violência, a distância dos estádios e a falta de segurança; apenas 16% avaliaram mal o Campeonato Brasileiro.
Como se vê, há uma distância enorme entre aquilo que é divulgado e a nossa realidade.
Em minha gestão, desde abril de 2015, a porta da Presidência estará sempre aberta. Quero aproveitar a oportunidade deste convite para oferecer a esta Comissão e ao País uma prestação de contas não apenas da CBF, mas do futebol em si, como as duas principais competições organizadas pela CBF: o Brasileirão e a Copa do Brasil.
A disputa teve jogos espetaculares, o nível técnico foi bom, e, apesar da crise econômica, o número de torcedores nos estádios aumentou. A audiência dos jogos na TV permaneceu alta, e a torcida estava empolgada a cada rodada que era completada.
Na Série B, o sucesso foi semelhante.
A Copa do Brasil é hoje o campeonato de futebol mais democrático do Planeta, com 88 clubes representando todos os Estados do País, mas ainda não estamos satisfeitos. Para muitos clubes, a Copa do Brasil ainda é um torneio de um jogo só. Isso dificulta o planejamento e impede investimentos. Estamos estudando uma forma para garantir que esses clubes possam planejar-se para um calendário mais extenso.
Nos últimos dez anos, o futebol brasileiro registrou um dos mais significativos crescimentos proporcionais em receitas do futebol mundial. Importante dizer que ninguém é mais beneficiado do que os clubes. A CBF nada recebe, seja pela bilheteria, seja pelos direitos de transmissão da Série A, provavelmente a competição mais rica do Hemisfério Sul. Pelo contrário, a CBF subsidia e custeia, de forma integral ou parcial, outros tantos campeonatos, como as Séries B, C e D do Brasileiro, competições de base, futebol feminino, Copa do Nordeste, Copa Verde e campeonatos estaduais, através das federações locais.
Fizemos investimentos, em 2014, da ordem de R$100 milhões nesses diversos campeonatos. Elevamos o número de competições coordenadas pela CBF de 6 para 14, no período de 2012 a 2015. Esses investimentos garantem a continuidade de mais de 200 clubes e geram empregos diretos para cerca de 4.500 atletas em todo o País.
Nossa Série D, que já correu o risco de descontinuidade, está consolidada, valorizada e disputada por 40 clubes.
O Brasil é um país de dimensão continental, com características diferentes em cada região, o que torna desafiadora a tarefa de organizar e transmitir todas essas competições. Nossas competições podem ser consideradas um exemplo de organização. A totalidade dos jogos aconteceu exatamente no horário previsto, e o calendário estabelecido foi cumprido rigorosamente.
Quero falar agora de um motivo de orgulho para todos os brasileiros: as nossas Seleções. Somos o país que mais venceu nas Copas, e a CBF continuará fazendo o melhor trabalho para que a nossa Seleção principal seja classificada para a Copa de 2018 e as demais que virão. Esse é um dos pontos da minha gestão, iniciada no mês de abril próximo passado. A Seleção Olímpica, criada pela CBF, vem-se preparando para o grande momento em que iremos celebrar as Olimpíadas em nosso País para a tão almejada busca pela medalha de ouro.
No futebol feminino, identificamos o principal problema de nossas seleções: a falta de preparo físico de excelência para as atletas. Como os clubes não tinham condições de oferecer isso, tomamos a medida audaciosa de criar uma seleção permanente com 25 atletas contratadas e com salários pagos pela CBF, medida que provocou reações de federações importantes, como a dos Estados Unidos, que perderam importantes jogadoras brasileiras que lá atuavam, colaborando com a permanente melhoria do futebol naquele país. Nesse ponto, é importante ressaltar o trabalho técnico desenvolvido pela CBF no futebol, o suporte para as categorias de base, os equipamentos de excelência para as seleções.
Tenho insistido no que direi agora: queremos agora ser também reconhecidos pelo planejamento, pela modernização e busca incessante da responsabilidade financeira e social para clubes, federações e pela CBF. Desde minha posse, lutamos para levar o futebol brasileiro pelo caminho da boa conduta e da responsabilidade ao implementarmos o fair play trabalhista e financeiro fora das quatro linhas.
Tenho certeza de que o equilíbrio financeiro é o desejo de todos os clubes. Quero, neste momento, fazer algumas considerações em relação a questionamentos no plano pessoal de minhas atividades. Como todos sabem, chego a esta Comissão sob o impacto de me ver alvo de duas investigações: uma, do Conselho de Ética da FIFA; outra, das autoridades dos Estados Unidos.
Confesso aos Srs. Senadores que, em nenhum dos procedimentos, até hoje, sequer me foi dada a ciência do conteúdo das acusações. Mas tenho absoluta convicção de que, ao final, ambos servirão apenas para provar a correção de todas as minhas condutas. Anoto apenas que os fatos investigados datam de antes do início da minha gestão.
Tomei conhecimento, por exemplo, através de matéria publicada no jornal O Estado de S.Paulo, no início de dezembro de 2015, que eu teria participado do Comitê Organizador da Copa do Mundo da FIFA Brasil 2014, o COL, e minhas atividades lá seriam motivo de investigação, levada a efeito pelo Comitê de Ética da FIFA, se assim for. Posso afirmar categoricamente que é inverídica a informação de que eu teria ingressado no COL em maio de 2012. Nunca fiz parte do quadro de administradores ou empregados do COL em qualquer momento do processo de planejamento, organização ou realização da Copa do Mundo da FIFA 2014. Assumi o cargo de diretor-presidente do COL em abril de 2015, quase um ano depois da Copa do Mundo, já durante o seu processo de desmobilização.
É igualmente inverídica a afirmação de que eu teria participado de todas as reuniões e decisões do COL. Apenas compareci a reuniões bimestrais de informação do andamento, denominadas board meetings, na qualidade de integrante do Comitê Executivo da FIFA e da comissão interna da FIFA supervisora dos preparativos do evento, sem qualquer gestão ou ingerência sobre os negócios internos do COL, ao contrário do que expõe a matéria.
Segundo me foi relatado, os processos de contratação de bens e serviços pelo COL foram integralmente acompanhados por auditoria internacional, contratada pela FIFA, que fiscalizava e aprovava previamente todos os pagamentos efetuados pelo COL. Todos os contratos foram previamente aprovados pela FIFA, que, inclusive, opinava a respeito dos seus aspectos comerciais e operacionais.
Esclareço que o comitê organizador da entidade privada, com recursos 100% provenientes da FIFA, teve como objetivo principal organizar e realizar a Copa das Confederações da FIFA 2013, a Copa do Mundo FIFA 2014, de acordo com as diretrizes, os regulamentos e as políticas estabelecidas pela FIFA.
O COL iniciou suas atividades em 2009, com uma equipe de seis colaboradores. Ele teve sua estrutura organizacional plena em julho de 2014, atingindo um total de 1.209 colaboradores, entre efetivos e temporários.
O COL encontra-se em processo de desmobilização, sendo que o prazo final para o seu encerramento dependerá do andamento dos processos administrativos e judiciais em curso. A empresa conta hoje com uma estrutura de colaboradores de aproximadamente 13 pessoas, entre funcionários e consultores externos, nas áreas jurídica e contábil, que se ocupam de atividades administrativas, realizar pagamentos, representar o COL em reuniões e audiências e prestar contas à FIFA.
Não há e nunca houve lucro a ser distribuído a quem quer que seja, sendo certo que qualquer sobra orçamentária será devolvida para a FIFA, conforme acordado com aquela entidade.
Sou acusado de forma injusta, mas não surpreendente, tendo em vista a conjuntura atual do futebol mundial. Entendo que todos nós que estamos em cargos de alta direção no futebol, em um momento como este, podemos ser questionados, mesmo por circunstâncias descabidas, como é o meu caso.
Sou responsável pelo cargo que ocupo e pelo ônus que ele traz. Eu me defenderei em todos os foros adequados, com a certeza absoluta da minha inocência. Não tenho o que esconder. Tudo o que tenho está devidamente registrado e declarado, fruto de uma vida inteira de trabalho árduo.
Tomei a iniciativa de me afastar temporariamente do comando da CBF para dedicar o tempo necessário à minha defesa e para evitar qualquer suspeita de influência nas apurações.
Estou nesta Casa para responder, dentro do possível, as perguntas que me forem dirigidas.
Muito obrigado.
O SR. PRESIDENTE (Romário. Bloco Socialismo e Democracia/PSB - RJ) – Passo palavra agora ao Relator, Senador Romero Jucá.
O SR. ROMERO JUCÁ (PMDB - RR) – Sr. Presidente, Senador Romário, Sr. Presidente da CBF licenciado, Dr. Marco Polo Del Nero, Dr. Batochio, que o acompanha; Srªs e Srs. Senadores, eu vou dividir os meus questionamentos em duas fases.
A primeira fase é uma fase que a imprensa tem noticiado, de alguma forma, e é, de certo modo, um dos pontos de averiguação desta CPI, que trata da questão da investigação da possibilidade de irregularidades na CBF, no que diz respeito à questão da Copa do Mundo e de benefícios feitos pelo governo.
A gente sabe que a CBF é uma empresa privada, um empreendimento privado entre clubes, a Confederação e a própria FIFA. Mas, como na Copa do Mundo ocorreram isenções tributárias... Na verdade, esta CPI pediu as informações, no que diz respeito à questão de recursos do COL, exatamente para verificar o tipo de relação e a existência de algum tipo de irregularidade nessa questão.
Então, eu queria, apesar de V. Exª já ter falado na sua apresentação, fazer algumas indagações. Primeiro: como o senhor vê essa investigação que está sendo feita na FIFA pelo governo americano e a prisão de diversos membros de direção na FIFA? Qual seu posicionamento sobre essa questão? V. Exª já foi intimado? V. Exª está respondendo a algum tipo de questionamento?
Esses questionamentos têm a ver com a questão da Copa do Mundo do Brasil, com esses incentivos que foram dados pelo Brasil? De que forma isso tem repercussão na gestão da CBF?
Era a primeira pergunta. A partir daí, eu vou....
O SR. PRESIDENTE (Romário. Bloco Socialismo e Democracia/PSB - RJ) – Presidente, pode responder todas as perguntas, por favor.
O SR. MARCO POLO DEL NERO – Bem, posso começar de trás para adiante, Senador?
O SR. ROMERO JUCÁ (PMDB - RR) – Pois não.
O SR. MARCO POLO DEL NERO – Com relação às investigações da FIFA, é um assunto sobre o qual o governo americano apurou determinados fatos. Está sendo investigado. Para mim, foram uma surpresa muito grande as pessoas envolvidas. Enfim, não tenho detalhes do que está ocorrendo nesses procedimentos que ocorrem nos Estados Unidos da América. Então, não tenho muito o que falar sobre isso. Não sei. Sei que determinadas pessoas foram presas e acusadas de determinados fatos. Temos de ter a presunção de inocência e esperar o final disso tudo para saber se são culpados ou inocentes.
Com relação ao COL, assumi o COL agora em abril de 2015. Sempre estive muito distante. Apenas participava de algumas reuniões e board meetings que a FIFA vinha ao Brasil fazer junto com o COL. Mas está aqui o advogado do COL, o Dr. Alvaro, que pode dar uma explicação, se for permitido.
O SR. ROMERO JUCÁ (PMDB - RR) – Na questão do COL, estou apenas fazendo uma indagação a V. Sª. Nós pedimos a quebra do sigilo do COL, exatamente para verificarmos que tipo de encaminhamento de despesas foi feito. No momento em que as informações forem checadas, vamos convidar o advogado e quem for necessário para fazer qualquer tipo de esclarecimento. Apenas queria saber se V. Sª tem conhecimento de alguma irregularidade na gestão do COL, durante a Copa do Mundo, e se isso tem alguma ramificação com a CBF.
O SR. MARCO POLO DEL NERO – Não tenho nenhuma informação de qualquer irregularidade no COL.
O SR. ROMERO JUCÁ (PMDB - RR) – V. Sª tem alguma informação acerca de irregularidades ou transações da CBF com o Governo brasileiro ou com alguma entidade pública que possa ter desvirtuado o objetivo dessas ações com qualquer tipo de desvio de recursos públicos ou de ação de cobrança de propina, de ações nesse sentido com relação ao Governo ou algum tipo de verba pública?
O SR. MARCO POLO DEL NERO – Não tenho notícia nenhuma a respeito disso, Senador. Nós temos... Mesmo porque o COL acompanhava essas operações. As obras eram governamentais, não tinham nenhuma relação com o COL. O COL tinha um caderno de encargos, e o Governo brasileiro se incumbiu de fazer obras. As obras foram feitas pelo Governo; não foram feitas pelo COL.
O SR. ROMERO JUCÁ (PMDB - RR) – Bom, queria passar agora para a área propositiva e de definição das questões do futebol brasileiro.
Nós temos ouvido aqui...Nós ouvimos presidentes de federações, dirigentes de clubes e constatamos uma situação de extrema dificuldade, tanto da federação quanto dos clubes, no que diz respeito à renda e à sustentação de talentos, de jogadores aqui no campeonato do Brasil. Há meninos de 13, 14 anos, sendo vendidos, indo treinar fora. Estamos discutindo aqui de que forma podemos fortalecer a gestão do futebol brasileiro para possamos ter um outro tipo de situação.
Um dos pontos recorrentes aqui é exatamente a questão dos empresários que são donos dos contratos de jogadores de futebol. Na verdade, terminam os clubes recebendo quase nada. Há um comércio, inclusive, com muitas denúncias de irregularidades nessas transações.
Queria saber, sob a ótica de V. Sª – que é atualmente Presidente licenciado, mas que já tem uma longa experiência nessa questão da federação de São Paulo – , que tipo de visão o senhor tem sobre isso, que tipo de mudança deveria haver no futebol brasileiro, qual a sua visão no sentido de como fortalecer os clubes.
Há uma discussão aqui, por exemplo, de se acabar com a questão do passe para os empresários, e os clubes serem donos dos passes dos jogadores, para que a renda pudesse ser auferida pelos clubes. Eventualmente, alguém poderia ser agente de comercialização, mas não haveria o loteamento de jogadores, como existe hoje no futebol brasileiro, o que gera uma distorção do modelo de arrecadação. Portanto, existem hoje empresários ricos, clubes pobres e jogadores brasileiros jogando no exterior.
Queria saber a opinião de V. Exª sobre isso, com a sua experiência, e que tipo de proposição e análise a CBF está fazendo hoje para tentar reverter esse quadro.
O SR. MARCO POLO DEL NERO – Antigamente, outrora, antes da Lei Pelé, as coisas fluíam muito bem para os clubes e para os atletas, porque os atletas menores de 16 anos, caso quisessem transferir-se para outro clube e não houvesse acordo entre os clubes, eram obrigados a ficar dois anos em estágio no clube sem participar de competições.
Isso impedia que os clubes grandes tirassem os jogadores dos clubes pequenos; isso permitia aos clubes pequenos, num determinado instante, negociar com os clubes grandes sobre determinados jogadores.
Hoje, com a lei aberta como está, os clubes simplesmente vão lá, fazem um depósito de determinado valor, insignificante, e levam o jogador embora. Então, temos de fazer uma legislação apropriada sobre isso. É aqui no Congresso que temos de buscar esse resultado. Muitos Deputados aqui são presidentes de clubes menores, alguns Deputados, presidentes de clubes maiores, e sabem as dificuldades por que passa o futebol em relação a esses fatos.
É sumamente importante que o Congresso Nacional ajude nesse sentido, porque os clubes pequenos estão passando grandes dificuldades exatamente por causa disso. Os meninos são levados sem que haja uma remuneração, sem que seja pactuada uma remuneração entre o amador e o clube que o está adquirindo.
Já há uma melhora, porque há uma lei que protege alguma coisa, mas é muito pouco. Veja, Sr. Senador Relator, que um menino com menos de 14 anos não pode trabalhar no clube, não pode jogar futebol. A lei brasileira proíbe que o menor de 14 anos participe de atividades em clube. O Ministério do Trabalho tem ido aos clubes e os tem multado por entender que é trabalho – e o menor de 14 anos não pode trabalhar. Isso é o que mais rapidamente temos de resolver.
Enquanto, no mundo inteiro, as crianças começam a jogar futebol com seis anos, oito anos nos clubes, aqui no Brasil é proibido. Está aqui um presidente de clube grande, ex-presidente, Deputado Andres Sanchez, que pode testemunhar isso.
Esse é o grande problema que estamos enfrentando e que precisamos resolver imediatamente, porque, no espaço de oito ou dez anos, certamente vai ficar muito distante o Brasil em relação ao mundo. O futebol do mundo inteiro – da Europa, da Ásia, da África – recolhe esses meninos de seis anos, oito anos, que começam a praticar esporte dentro das suas associações. Aqui no Brasil não pode; é proibido por lei federal.
A exportação de jovens talentos é bastante complicada. A FIFA procura coibir isso, mas o que acontece? Os empresários arrumam emprego para os pais lá fora, na Espanha, na Itália, na França, e os pais levam o rebento, levam as crianças junto. A FIFA tem procurado monitorar esse fato, mas é muito difícil. É importante que tivéssemos também algum remédio jurídico no Brasil, uma legislação pertinente para impedir isso, porque essas crianças estão indo para Europa com seis anos, oito anos, e lá eles podem jogar futebol – aqui não podem – em clube grande.
Com essa idade, ele começa a vivenciar a bandeira do país onde está vivendo. Ele começa a amar o local que o recebeu, e muitos jogadores brasileiros já pediram dupla cidadania, estão esquecendo a cidadania brasileira, e um craque já deixou de servir a Seleção Brasileira para servir à seleção da Espanha. Isso é um fato profundamente lamentável. Temos que tomar uma providência urgente no sentido de viabilizar isso. Mas tudo começa no lado infantil. Se só pode jogar futebol a partir de 14 anos, essas crianças vão embora mesmo.
Então, aqui no Congresso, é que nós temos de resolver essa situação, permitindo que essas crianças pratiquem futebol com seis, sete, oito, nove, dez, onze, doze, treze até ela poder desenvolver-se e ter seu sucesso dentro de um clube de futebol.
Não havendo essa modificação, certamente, Senador, nós vamos ficar muito tempo perdendo valores, e o Brasil vai ficar, nesses próximos dez anos, muito distante da realidade do futebol mundial, porque esses grandes talentos começam com seis, oito anos. O Neymar começou cedo a jogar futebol. Perceberam que ele tinha talento para jogar futebol, e já foi protegido. Com essa legislação que nós temos hoje, ele poderia ter sido levado embora naquela época.
Então, nós temos que tomar uma medida drástica, rapidamente, nesse sentido, a meu ver.
O SR. ROMERO JUCÁ (PMDB - RR) – Eu queria tratar agora da questão da transparência e gestão tanto da CBF quanto das federações.
Nós tivemos, recentemente, uma legislação que criou um parcelamento e alguns critérios para a gestão dos clubes. Alguns clubes estão reclamando sobre essa questão, dizendo que vão ficar inviabilizados de participar dos campeonatos por conta das exigências. Eu queria ouvir também a sua posição sobre isso.
Mas, nessa legislação, permitiu-se apenas uma reeleição de presidente de federação, e criaram-se alguns tipos de mecanismos de transparência.
Eu perguntaria se a CBF está acompanhando isso, se há mais algum dispositivo de gestão, de modernização, enfim, de assistência técnica até à modernização das federações. Como a CBF viu essa nova legislação? Existe essa dificuldade de pactuação e de participação nos campeonatos de alguns clubes que não terão certidão da forma como a legislação permite? E que tipo de proposição a CBF está fazendo para modernizar tanto a gestão e a transparência da CBF quanto das federações?
O SR. MARCO POLO DEL NERO – (Fora do microfone.)
...e o Deputado Luiz Sanches também, que acompanharam, em São Paulo, prepararmos esse projeto que virou o Profut.
Não era bem assim; era um projeto completamente diferenciado. O nosso projeto era de que as dívidas dos clubes fossem pagas pelos clubes mediante contrapartida em formação de atividades para as Olimpíadas, tais como arco e flecha, basquete, vôlei. Na medida em que os clubes fizessem essas – porque o clube tem essa experiência; ele conhece profundamente como se faz isso – competições, eles poderiam ir pagando as suas dívidas com a União. Mas, infelizmente, isso tomou um outro rumo, e nós estamos com esse Profut, o que é sumamente delicado.
Há de se dizer, Sr. Relator, que há necessidade de mudanças urgentes. Há, de fato, um paradigma, neste momento, de você proibir que o clube tenha dívidas. Isso é importante. Nós fizemos, em 2004, esse projeto de lei, que, depois, foi aprovado aqui. Isso é muito importante. O clube quer isso. Ele quer pagar a conta, desde que o outro também pague. Agora, um clube paga a conta direitinho; o outro não paga a conta, faz contratações irreais, que não vai pagar, disputa a competição e ganha. Então, os próprios clubes têm muito interesse em que todos sejam iguais, que haja uma lei para todos e que todos sejam punidos se fizerem alguma coisa fora da normalidade que há entre a receita e a despesa.
Esse paradigma eu vejo sumamente importante; está vigendo, mas nós temos de fazer alguns reparos, porque essa certidão inviabiliza os clubes neste instante. Nós temos que dar um tempo para que os clubes se ajustem. Como será o Campeonato Brasileiro de 2016? Todos terão a certidão? Não creio que todos terão a certidão. E daí vai para o aspecto financeiro e deixa o desportivo, sem que ele tivesse tempo suficiente, ou seja, dois ou três anos para a preparação.
É isso que eu entendo que deva ser feito.
O SR. ROMERO JUCÁ (PMDB - RR) – Presidente Romário, para não ficar monopolizando as perguntas, eu me reservo o direito de, depois, perguntar algumas questões. Mas, por enquanto, estou satisfeito e devolvo a palavra para V. Exª.
O SR. PRESIDENTE (Romário. Bloco Socialismo e Democracia/PSB - RJ) – Muito obrigado, Senador.
Eu tenho aqui algumas perguntas. E, da mesma forma que foi feito com o Relator, será feito também comigo e com os outros participantes aqui desta CPI.
O senhor entende que esta CPI foi criada com o objetivo de reorganizar o futebol e, principalmente, de moralizá-lo. Então, no meu entendimento – e acredito que no entendimento de todo os Senadores aqui presentes –, as perguntas feitas são de grande importância, e, suas respostas, com certeza, de grande relevância. Esperamos – eu acredito que não seja diferente – que sejam verdadeiras essas respostas.
Posso afirmar isto, que são verdadeiras as respostas que o senhor tem dado aqui?
O SR. MARCO POLO DEL NERO – Desde que eu possa responder à altura, posso, não há dúvida nenhuma. O que eu puder responder. Estou aqui para responder às perguntas que me for possível responder.
O SR. PRESIDENTE (Romário. Bloco Socialismo e Democracia/PSB - RJ) – Muito bem, a primeira pergunta é: o senhor está formalmente indiciado pela Justiça americana, acusado de participação em esquema criminoso que envolve mais de US$200 milhões em recebimento de propinas. Até então, o senhor negava ser o co-inspirador da denúncia inicial. E agora? Como negar a sua participação nesse esquema?
Essa é a minha primeira pergunta, e eu gostaria que o senhor respondesse.
O SR. MARCO POLO DEL NERO – Senador, as pessoas podem ser indiciadas, mas com o direito de fazerem a sua defesa. E eu vou ter esse direito, e vou provar que há um equívoco muito grande nesse indiciamento do governo americano.
O SR. PRESIDENTE (Romário. Bloco Socialismo e Democracia/PSB - RJ) – Muito bem.
O atual presidente em exercício da CBF, indicado pelo senhor, um aliado histórico, publicou artigo no último domingo em que afirma:
A derrota para a Alemanha na semifinal da Copa de 2014 expôs ao mundo o perigoso estágio de paralisia, letargia e atraso do futebol brasileiro.
O senhor concorda com isso? Sente-se como responsável?
O SR. MARCO POLO DEL NERO – Desculpe, o ex-presidente?
O SR. PRESIDENTE (Romário. Bloco Socialismo e Democracia/PSB - RJ) – O presidente atual da CBF, colocado pelo senhor.
O SR. MARCO POLO DEL NERO – Ah sim, o Deputado Marcus Vicente. Sei.
O SR. PRESIDENTE (Romário. Bloco Socialismo e Democracia/PSB - RJ) – É. A frase dele foi:
A derrota para a Alemanha na semifinal da Copa de 2014 [por sete a um] expôs ao mundo o perigoso estágio de paralisia, letargia e atraso do futebol brasileiro.
A pergunta é: o senhor concorda com isso? E outra: o senhor também se sente responsável por isso?
O SR. MARCO POLO DEL NERO – Acho que todo brasileiro se sente responsável, principalmente aquele que é dirigente. Eu assumi... Há necessidade de entender, e o nobre Presidente conhece isso, como funciona um clube. Quem manda dentro do clube é o presidente da entidade. O diretor de futebol cumpre determinações, faz contratações junto com o presidente e com o apoio do presidente.
Eu entendo que nós temos de fazer algumas melhorias. Nós não podemos dizer que isso aqui é terra arrasada! "O futebol morreu!" "O futebol é fraco!" "O futebol brasileiro não serve para nada!"
O Brasil perdeu da Alemanha. A Alemanha foi jogar com a Argentina, perdeu da Argentina logo em seguida. O Brasil, logo em seguida, foi jogar com a Argentina e ganhou. Então, aquele dia, sete a um, foi uma tragédia! Caiu um prédio em cima dos jogadores brasileiros. Agora, chamar o futebol brasileiro de terra arrasada, eu não posso chamar de terra arrasada não. Os jogadores brasileiros são os melhores jogadores do mundo. Nós temos grande quantidade de valores. Nós temos tudo para poder voltar a ser campeões agora mesmo, nas Olimpíadas, e, muito provavelmente, em 2018.
O SR. PRESIDENTE (Romário. Bloco Socialismo e Democracia/PSB - RJ) – O senhor declarou, na Câmara dos Deputados, em audiência pública em junho, que "renuncia quem tem alguma coisa errada na vida. Eu não renuncio, vou até o final do meu mandato".
Agora que o senhor se licenciou do cargo, pediu para sair dos cargos da FIFA e da Conmebol, enfim, o senhor tem consciência de que errou?
O SR. MARCO POLO DEL NERO – Não, não errei não, Deputado. Não errei não.
O SR. PRESIDENTE (Romário. Bloco Socialismo e Democracia/PSB - RJ) – Então, já que o senhor não errou, eu queria só saber...
O SR. MARCO POLO DEL NERO – Eu tenho consciência absoluta...
O SR. PRESIDENTE (Romário. Bloco Socialismo e Democracia/PSB - RJ) – ... por que o senhor pediu licença da FIFA, da CBF e da Conmebol.
O SR. MARCO POLO DEL NERO – Eu pedi licença da CBF para poder me defender; e da FIFA e da Conmebol, da mesma forma: para poder me defender dessas acusações. Você tem que colher documentos, fazer a preparação, entregar para o seu advogado, para o seu advogado poder fazer a defesa correta. Essa é uma presunção de inocência que todos nós temos, deve ser respeitada. E a Constituição, Carta Magna soberana do nosso povo... E eu tenho o direito e vou demonstrar a minha inocência.
O SR. PRESIDENTE (Romário. Bloco Socialismo e Democracia/PSB - RJ) – Por que o senhor não viajava com a Seleção quando o senhor era Presidente?
O SR. MARCO POLO DEL NERO – Porque os meus advogados me aconselharam a não fazê-lo.
O SR. PRESIDENTE (Romário. Bloco Socialismo e Democracia/PSB - RJ) – Com a preocupação de talvez ser preso pelo FBI?
O SR. MARCO POLO DEL NERO – Não sei. Os advogados aconselharam a não fazê-lo, Deputado.
O SR. PRESIDENTE (Romário. Bloco Socialismo e Democracia/PSB - RJ) – O seu antecessor na presidência da CBF, José Maria Marin, está preso. Ele é acusado de inúmeros atos de corrupção, e o senhor herdou a gestão da CBF. No período da sua presidência – a primeira pergunta –, o senhor investigou a gestão do Sr. José Maria Marin? E o que o senhor teria a dizer sobre os atos praticados pelo seu antecessor?
O SR. MARCO POLO DEL NERO – Eu não vi nada que ele cometesse de irregularidade. Eu não vi nada.
O SR. PRESIDENTE (Romário. Bloco Socialismo e Democracia/PSB - RJ) – Ele é inocente?
O SR. MARCO POLO DEL NERO – Ele tem o direito de defesa, não é? Eu não posso dizer por ele.
O SR. PRESIDENTE (Romário. Bloco Socialismo e Democracia/PSB - RJ) – O FBI está errado então?
O SR. MARCO POLO DEL NERO – Eu não posso falar por ele. Eu posso falar por mim. A pergunta foi destinada a mim; eu vou responder sobre a minha pessoa.
O SR. PRESIDENTE (Romário. Bloco Socialismo e Democracia/PSB - RJ) – Então, tudo isso foi inventado na concepção do FBI?
O SR. MARCO POLO DEL NERO – Não sei. Pode ser que sim.
O SR. PRESIDENTE (Romário. Bloco Socialismo e Democracia/PSB - RJ) – Tanto do senhor como do José Maria Marin?
O SR. MARCO POLO DEL NERO – Pode ser que sim. Não sei. Pode ser que as provas estejam equivocadas. Nós temos que esperar transitar em julgado para considerar alguém culpado. É isso que diz a nossa Constituição.
O SR. PRESIDENTE (Romário. Bloco Socialismo e Democracia/PSB - RJ) – Ele já está preso.
O SR. MARCO POLO DEL NERO – Mas preso não significa que ele seja culpado. Ele não está condenado.
O SR. PRESIDENTE (Romário. Bloco Socialismo e Democracia/PSB - RJ) – Está certo.
Ao longo dos últimos anos, temos visto no noticiário uma série de escândalos envolvendo as gestões da CBF. A compra da sede e os principais torneios promovidos pela CBF nos últimos anos estão envoltos em contratos obscuros e acusações de corrupção.
Os três últimos presidentes da CBF, incluindo o senhor, foram indicados por corrupção, lavagem de dinheiro e outros crimes. Um deles, José Maria Marin, está preso em prisão domiciliar. O senhor acha que o modelo de gestão do futebol brasileiro facilita a corrupção? Em sua opinião, o que precisa mudar?
O SR. MARCO POLO DEL NERO – Nós contratamos... Logo que eu assumi....
O SR. PRESIDENTE (Romário. Bloco Socialismo e Democracia/PSB - RJ) – Antes de responder, na verdade, fora os senhores saírem, o que precisa mudar? Pode responder.
O SR. MARCO POLO DEL NERO – Logo no início da minha administração, em abril de 2015 – portanto, oito, nove meses atrás –, eu contratei uma das maiores empresas que pudesse trazer a governança, que pudesse nos indicar os melhores caminhos de administração. Isso está praticamente terminado. Nós vamos começar a implantar muito proximamente... Tudo isso pode inviabilizar muita coisa que possa estar errada – não estou dizendo que tenha alguma coisa errada –, que possa estar errada no futuro. Também eu era vice-presidente da casa e sempre respeitava as decisões da presidência. Eu não era um fiscal do presidente, também não estou dizendo que ele tenha feito qualquer coisa errada na Confederação Brasileira de Futebol. O que eu posso afirmar é que as contas dele foram aprovadas, mercê de um exame de um conselho fiscal e de uma auditoria terceirizada.
O SR. PRESIDENTE (Romário. Bloco Socialismo e Democracia/PSB - RJ) – A CBF é uma instituição corrupta?
O SR. MARCO POLO DEL NERO – Não. Que eu saiba, não. Eu não sou corrupto.
O SR. PRESIDENTE (Romário. Bloco Socialismo e Democracia/PSB - RJ) – A CBF é uma instituição corrupta?
O SR. MARCO POLO DEL NERO – Não.
O SR. PRESIDENTE (Romário. Bloco Socialismo e Democracia/PSB - RJ) – Acusação recente de...
O SR. MARCO POLO DEL NERO – A CBF é formada da sua presidência e de 200 funcionários. Eu respeito todos.
O SR. PRESIDENTE (Romário. Bloco Socialismo e Democracia/PSB - RJ) – Recentemente, foi divulgado pela Justiça americana (cita nas pp. 48 e 79) que o senhor pediu e recebeu propina do Sr. Alejandro Burzaco, da empresa argentina Torneos y Competencias. Essa propina seria relativa a várias edições da Copa América e da Copa Libertadores.
O senhor conhece o Sr. Alejandro Burzaco? O senhor recebeu propina dessa empresa?
O SR. MARCO POLO DEL NERO – Conversei duas ou três vezes na vida com ele. Quem assinava documentos não era eu. Eu nunca assinei documentos.
O SR. PRESIDENTE (Romário. Bloco Socialismo e Democracia/PSB - RJ) – Quem assinava?
O SR. MARCO POLO DEL NERO – Quem assinava era a Conmebol.
O SR. PRESIDENTE (Romário. Bloco Socialismo e Democracia/PSB - RJ) – No processo de justiça americano, o senhor é acusado de fraude, corrupção, lavagem de dinheiro...
O SR. MARCO POLO DEL NERO – Perdão, posso interromper?
O SR. PRESIDENTE (Romário. Bloco Socialismo e Democracia/PSB - RJ) – Claro.
O SR. MARCO POLO DEL NERO – Não existe nenhum contrato, que eu saiba, da CBF com essa empresa do Alejandro Burzaco.
O SR. PRESIDENTE (Romário. Bloco Socialismo e Democracia/PSB - RJ) – Aqui diz que existe. O senhor desconhece os contratos?
O SR. MARCO POLO DEL NERO – Desconheço os contratos, mas tenho certeza...quase certeza de que não existe.
O SR. PRESIDENTE (Romário. Bloco Socialismo e Democracia/PSB - RJ) – Mas, então, no período em que esteve como presidente da CBF, o senhor não levantou, como tem que fazer qualquer outro presidente, tudo aquilo que a CBF tem ou não tem, principalmente contratos com empresas ou com outra qualquer entidade?
O SR. MARCO POLO DEL NERO – Não... Agora eu sei, porque eu sou o presidente...
O SR. PRESIDENTE (Romário. Bloco Socialismo e Democracia/PSB - RJ) – Mas antes o senhor não sabia que era? O senhor sabe que é o presidente agora. Antes o senhor não sabia, quando assumiu?
O SR. MARCO POLO DEL NERO – O regime é presidencialista, não é? Nós temos que respeitar o presidente. Eu tenho...
O SR. PRESIDENTE (Romário. Bloco Socialismo e Democracia/PSB - RJ) – Não, o senhor não entendeu a pergunta. A pergunta que eu fIz: se o senhor, quando assumiu a CBF como presidente, não viu todos os contratos que existiam entre a CBF e... todos os contratos que a CBF tinha?
O SR. MARCO POLO DEL NERO – Eu cheguei a ver alguns contratos. Muitos contratos eu vi, sim.
O SR. PRESIDENTE (Romário. Bloco Socialismo e Democracia/PSB - RJ) – Não todos?
O SR. MARCO POLO DEL NERO – Todos os contratos datam... Não dá para ver todos; são centenas de contratos.
O SR. ROMÁRIO (Bloco Socialismo e Democracia/PSB - RJ) – E esse, por exemplo, com a empresa argentina, poderia ter sido um que o senhor não percebeu?
O SR. MARCO POLO DEL NERO – Esse contrato, Senador, é feito com a Conmebol; não é com a Confederação Brasileira de Futebol.
O SR. PRESIDENTE (Romário. Bloco Socialismo e Democracia/PSB - RJ) – O.k. Perfeito.
No processo da Justiça americana, o senhor é... Desculpe, eu já fiz essa pergunta.
Em 2013, o senhor declarou ter quitado um contrato de multa no valor de R$700 mil com o advogado Angelo Verospi, no mesmo ano em que ele vendeu um apto de R$2,34 milhões para Wagner Abrahão, um empresário que tem inúmeros negócios com a CBF. O senhor poderia nos explicar qual foi o objetivo desse contrato com o Sr. Angelo Verospi e como o senhor pagou essa dívida?
O SR. MARCO POLO DEL NERO – Está no meu Imposto de Renda. É um mútuo que eu fiz com ele. Eu precisei de um dinheiro emprestado, R$600 ou R$700 mil, não me lembro exatamente quanto, e eu o paguei. Paguei com dinheiro saindo da minha conta corrente.
O SR. PRESIDENTE (Romário. Bloco Socialismo e Democracia/PSB - RJ) – Quem é o Sr. Angelo Verospi? O que ele faz? Onde o senhor o conheceu?
O SR. MARCO POLO DEL NERO – Ele é um advogado. Advogado e um amigo nosso.
O SR. PRESIDENTE (Romário. Bloco Socialismo e Democracia/PSB - RJ) – Advogado?
O SR. MARCO POLO DEL NERO – Advogado.
O SR. PRESIDENTE (Romário. Bloco Socialismo e Democracia/PSB - RJ) – De acordo com as investigações desta CPI, o Comitê Organizador da Copa do Mundo de 2014, o COL, pagou R$985 mil a título de participação nos lucros ou resultados para o Sr. José Maria Marin em 2013, porque ele era o presidente do COL. Esse pagamento contraria o próprio regulamento do COL, que dizia que os lucros deveriam ser alocados em contas de reserva e só poderiam ser distribuídos após a final da Copa do Mundo.
Pois bem. O Sr. José Maria Marin possui apenas uma cota de um total de dez mil cotas do COL. O acionista majoritário é a CBF, da qual o senhor era vice-presidente à época. Se a proporção de distribuição de lucros fosse respeitada, a CBF deveria ter recebido quase R$10 bilhões do COL.
O senhor atualmente é o diretor-presidente do COL e, portanto, conhece a situação pelos dois lados. A CBF recebeu algum recurso do COL a título de participação nos lucros?
O SR. MARCO POLO DEL NERO – Não, não recebeu. Que eu saiba, não recebeu. Está aqui o advogado...
O SR. PRESIDENTE (Romário. Bloco Socialismo e Democracia/PSB - RJ) – E por que o Sr. José Maria Marin recebeu?
O SR. MARCO POLO DEL NERO – Está aqui o advogado do COL, que poderá informar inclusive sobre esse pagamento mencionado pelo senhor. Está aqui o advogado do COL, que tem todos os dados. Se o senhor permitir, ele explica para o senhor agora.
O SR. PRESIDENTE (Romário. Bloco Socialismo e Democracia/PSB - RJ) – A empresa Atena, cujo sócio é o Sr. Wagner Abrahão, velho conhecido dos negócios da CBF, depois de aberta, recebeu um depósito de R$4.782.945,09, vindo da CBF, em março de 2015. Em seguida, a empresa fez um saque de R$1,5 milhão na boca do caixa, além de uma provisão de saque de mais de R$3 milhões. O senhor poderia nos esclarecer por que a CBF contratou uma empresa recém-criada e qual foi o objetivo desse contrato? E qual seria o motivo desse depósito?
O SR. MARCO POLO DEL NERO – Não tenho como informar. Eu assumi em abril de 2015. Não conheço...
O SR. PRESIDENTE (Romário. Bloco Socialismo e Democracia/PSB - RJ) – Pelo que eu estou vendo, o senhor não tem muita noção e muita consciência do que acontece na CBF, né?
O SR. MARCO POLO DEL NERO – Não, tenho consciência a partir de abril de 2015...
O SR. PRESIDENTE (Romário. Bloco Socialismo e Democracia/PSB - RJ) – Não, pelo que eu estou vendo, toda vez o senhor diz que não sabe, "não sei"...
O SR. MARCO POLO DEL NERO – A partir de abril de 2015, o que o senhor perguntar, eu respondo.
O SR. PRESIDENTE (Romário. Bloco Socialismo e Democracia/PSB - RJ) – Mas o senhor era vice nessa época.
O SR. MARCO POLO DEL NERO – O vice é vice. Vice não manda, não é?
O SR. PRESIDENTE (Romário. Bloco Socialismo e Democracia/PSB - RJ) – Está certo.
O SR. MARCO POLO DEL NERO – O vice é sempre vice. Vice é uma expectativa de direito.
O SR. PRESIDENTE (Romário. Bloco Socialismo e Democracia/PSB - RJ) – O senhor sabe que nós, aqui, estamos numa situação bem interessante em relação a uma mudança definitiva para o nosso futebol.
O senhor, hoje, na minha visão – aprendi já há muitos anos a falar por mim –, é uma pessoa muito mal vista dentro do futebol. Para mim, o senhor é uma das pessoas que mais fazem mal ao futebol brasileiro e, consequentemente, ao futebol mundial.
Eu queria, aqui, em público, fazer um pedido a V. Exª, ao senhor: que o senhor se retirasse definitivamente da CBF, para que possamos, daqui para a frente, voltar a ter uma CBF honesta, não corrupta, séria e que possa realmente ajudar o nosso futebol brasileiro, principalmente a Seleção Brasileira. Porque, infelizmente, esses atos de corrupção que o senhor, o Sr. Ricardo Texeira, o José Maria Marin e outros aliados, que são muitos e que são da CBF,... são realmente o câncer do nosso futebol. Por isso, posso afirmar que o nosso futebol está vivendo este momento ridículo, tanto fora quanto dentro de campo.
Isso não é pergunta, não. Isso é afirmação que estou fazendo, aqui, para o senhor.
Eu vou aqui, agora, passar a palavra ao Senador Ciro Nogueira para fazer as suas perguntas.
O SR. CIRO NOGUEIRA (Bloco Parlamentar Democracia Progressista/PP - PI) – Sr. Presidente, Sr. Relator, agradeço a presença do nosso Presidente Marco Polo.
Tenho alguns questionamentos, Sr. Presidente.
A minha primeira pergunta é a seguinte: a CBF recebe alguma forma de pressão dos seus patrocinadores a respeito dos locais dos jogos da Seleção Brasileira?
O SR. MARCO POLO DEL NERO – Não, em hipótese alguma. Não! Não.
O SR. CIRO NOGUEIRA (Bloco Parlamentar Democracia Progressista/PP - PI) – Perfeito.
O SR. MARCO POLO DEL NERO – Nunca ouvi falar sobre isso. E agora nós temos um relacionamento, o nosso departamento de marketing faz uma aproximação muito importante com os patrocinadores. Os patrocinadores são pessoas, são empresas que devem ser muito bem tratadas; são parceiros da entidade.
Então, nunca ouvi falar em nada disso. Nem seria cabível isso.
O SR. RANDOLFE RODRIGUES (Bloco Socialismo e Democracia/REDE - AP) – E como são decididos os locais? Desculpe-me, Senador Ciro, só para completar a pergunta. Como são decididos os locais dos jogos da Seleção?
O SR. MARCO POLO DEL NERO – Os locais são decididos da seguinte forma. Por exemplo, foi escolhido o primeiro jogo da Seleção no Estado do Ceará. Eu conversei com o Departamento de Competições, e ele me fez ver que aquele Estado era o melhor para iniciar a competição. O outro jogo que nós fizemos foi no Estado da Bahia. Novamente me reuni com o Departamento de Competições, e nós discutimos qual seria o melhor. A orientação dele foi de que seria melhor no Estado da Bahia. Também conversamos com o Departamento de Seleções. Eles são ouvidos também.
Neste caso, o futuro jogo da Seleção, em março, está previsto para ser em Pernambuco. Então, são discussões administrativas que faço exclusivamente dentro da Seleção Brasileira sem nenhuma solicitação de alguém. Aliás,...
O SR. PRESIDENTE (Romário. Bloco Socialismo e Democracia/PSB - RJ) – Não há nenhuma influência política? Não há nenhuma influência política nessa escolha?
O SR. MARCO POLO DEL NERO – ...houve uma solicitação, houve uma solicitação...
Só respondendo, se o senhor me permite.
Houve uma solicitação, senhor, do Presidente do Uruguai, que queria o jogo do Brasil contra o Uruguai, no Brasil, lá no Estado do Rio Grande do Sul. A Seleção Brasileira e o Departamento de Competições entenderam que não, que tinha de ser em Pernambuco. E assim foi feito. É estratégico, não muito do Presidente, muito mais do Departamento de Competições, muito mais do Departamento de Seleções e muito menos do Presidente. O Presidente só dá o o.k., afirma.
O SR. CIRO NOGUEIRA (Bloco Parlamentar Democracia Progressista/PP - PI) – Complemento a minha pergunta, Sr. Presidente. Eu sei que o senhor está afastado da presidência da CBF e parabenizo a escolha que foi feita, do Deputado Marcus Vicente, que tenho certeza de que vai desenvolver um grande trabalho lá, mas que se levem em conta esses Estados que não foram agraciados com os jogos da Copa do Mundo. Em relação a isso, o meu Piauí está de braços abertos para receber jogos da Seleção.
ORADOR NÃO IDENTIFICADO (Fora do microfone.) – Já que está no Nordeste, não é?
O SR. CIRO NOGUEIRA (Bloco Parlamentar Democracia Progressista/PP - PI) – Já que está no Nordeste...
Mas que se leve isso em conta. Acho que seria justo com o restante do País. Eu acho que dez Estados foram agraciados com jogos da Seleção. Eu tenho certeza de que os outros Estados vão receber muito bem a Seleção Brasileira.
A minha segunda pergunta, Sr. Presidente, diz respeito justamente a esses Estados que não foram agraciados e que ficaram de receber o famoso legado da Copa. Eu gostaria de saber em que pé está a construção desses Centros de Treinamento e se a CBF já definiu quem serão os donos desses Centros de Treinamento nos seus Estados.
O SR. MARCO POLO DEL NERO – Foi acertado em documento com a FIFA que seriam agraciados com esses centros, com esses legados, os 15 Estados que não tiveram a Copa do Mundo. Então, esses 15 Estados serão agraciados com o legado da Copa do Mundo. E esse processo está em andamento. Agora, em face da situação crítica que a FIFA está vivendo, ela pediu que suspendêssemos isso até a nova administração.
O SR. CIRO NOGUEIRA (Bloco Parlamentar Democracia Progressista/PP - PI) – Perfeito.
Minha última pergunta, Sr. Presidente, diz respeito ao fato de que chegou ao nosso conhecimento que a CBF contratou a firma Ernst & Young, não é?
O SR. MARCO POLO DEL NERO – Não entendi, Senador.
O SR. CIRO NOGUEIRA (Bloco Parlamentar Democracia Progressista/PP - PI) – A firma é...
O SR. MARCO POLO DEL NERO – Ernst & Young. Sei, sei!
O SR. CIRO NOGUEIRA (Bloco Parlamentar Democracia Progressista/PP - PI) – A CBF contratou Ernst & Young, não é?
E eu gostaria de saber o que a CBF tem já apresentado sobre esse trabalho e quais são as sugestões – até para o caso de o senhor deixar aqui para o nosso Relator – que possa apresentar. É lógico que nós temos de esclarecer qualquer malfeito que, por acaso, tenha ocorrido em gestões anteriores. Mas o que mais me preocupa é o que a CPI vai deixar de legado para o futebol brasileiro, quais são as propostas que nós podemos ter no trabalho do nosso grande Relator Romero Jucá.
Eu gostaria muito que o senhor falasse, até como forma de sugerir posições e ações que esta CPI possa tomar para que se transformem numa legislação que possa ajudar o nosso futebol.
O SR. MARCO POLO DEL NERO – A Ernst & Young está terminando um caderno de orientação sobre o que deve ser feito para a CBF melhorar a sua forma de administração. E sobre todos os temas: funcionários, cargos, futuro, governança, ética, tudo isso está sendo feito. E esse caderno de encargos deve estar sendo entregue à CBF agora, porque eles estão finalizando o serviço.
Tão logo tenha esse caderno de encargos, eu me comprometo a passar aos senhores...
O SR. CIRO NOGUEIRA (Bloco Parlamentar Democracia Progressista/PP - PI) – Seria importante.
O SR. MARCO POLO DEL NERO – ...e ao comando da Comissão Parlamentar de Inquérito, porque é muito importante. É sumamente importante isso. É muito bom, será muito bem-vindo.
Todos os funcionários da CBF foram ouvidos, todos os departamentos participaram. Foi um trabalho muito bom, muito positivo. Eu tenho certeza de que vai trazer para o futebol brasileiro muita coisa boa, se nós seguirmos essas regras. E nós vamos segui-las.
O SR. CIRO NOGUEIRA (Bloco Parlamentar Democracia Progressista/PP - PI) – Já tem prazo de conclusão esse trabalho?
O SR. MARCO POLO DEL NERO – Eu tenho a impressão de que é por esses dias, Senador.
O SR. CIRO NOGUEIRA (Bloco Parlamentar Democracia Progressista/PP - PI) – Perfeito.
Então, são esses os meus questionamentos, Sr. Presidente.
Muito obrigado.
O SR. MARCO POLO DEL NERO – Obrigado.
O SR. PRESIDENTE (Romário. Bloco Socialismo e Democracia/PSB - RJ) – Presidente, eu perguntei ao senhor, antes, se o senhor falaria a verdade aqui de acordo com as perguntas.
Eu perguntei ao senhor sobre o pagamento ao Sr. Angelo Verospi. O senhor respondeu que estava na sua...
O SR. MARCO POLO DEL NERO – Declaração de Imposto de Renda.
O SR. PRESIDENTE (Romário. Bloco Socialismo e Democracia/PSB - RJ) – Não está, não.
O SR. MARCO POLO DEL NERO – Está, sim.
O SR. PRESIDENTE (Romário. Bloco Socialismo e Democracia/PSB - RJ) – Por acaso, na sua quebra de sigilo bancário, não existe o pagamento ao Angelo Verospi.
O SR. MARCO POLO DEL NERO – Eu posso afirmar ao senhor que está.
O SR. PRESIDENTE (Romário. Bloco Socialismo e Democracia/PSB - RJ) – Eu posso afirmar que o senhor está mentindo. Mas, enfim, vamos dar seguimento.
O SR. MARCO POLO DEL NERO – Não, não estou e vou provar. Vou provar!
O SR. PRESIDENTE (Romário. Bloco Socialismo e Democracia/PSB - RJ) – No art. 7º, sobre a CBF, consta o seguinte:
Art. 7º. A CBF não terá atividades político-partidárias nem religiosas, sendo terminantemente proibida a discriminação de qualquer tipo contra o País...
O senhor colocou mais de quatro Deputados Federais, hoje, dentro da CBF. Por quê?
O SR. MARCO POLO DEL NERO – Porque eles gostam de futebol, se interessaram...
O SR. PRESIDENTE (Romário. Bloco Socialismo e Democracia/PSB - RJ) – Minha mãe também gosta!
O SR. MARCO POLO DEL NERO – ...em trabalhar pelo futebol, e qualquer Parlamentar...
O SR. RANDOLFE RODRIGUES (Bloco Socialismo e Democracia/REDE - AP) – Desculpe-me, Presidente, mas esse critério contempla duzentos milhões de brasileiros. Gostar de futebol...
O SR. MARCO POLO DEL NERO – Eu não discrimino pessoas. Eu não discrimino pessoas.
O SR. RANDOLFE RODRIGUES (Bloco Socialismo e Democracia/REDE - AP) – Mas o senhor está apresentando aqui um critério que, simplesmente, nos chama de ignorantes. Permita-me, porque o senhor está estabelecendo o critério de que, para ser integrante da CBF, basta gostar de futebol, e 200 milhões de brasileiros gostam.
O SR. MARCO POLO DEL NERO – Não só gostar, interessar-se em trabalhar em favor do futebol.
O SR. RANDOLFE RODRIGUES (Bloco Socialismo e Democracia/REDE - AP) – Mas a pergunta que o Presidente da CPI fez...
O SR. PRESIDENTE (Romário. Bloco Socialismo e Democracia/PSB - RJ) – Todos recebem, todos são remunerados.
O SR. RANDOLFE RODRIGUES (Bloco Socialismo e Democracia/REDE - AP) – ... foi a vinculação política.
O SR. PRESIDENTE (Romário. Bloco Socialismo e Democracia/PSB - RJ) – Detalhe: todos gostam, adoram, amam, mas todos são remunerados.
Você vai me responder que ninguém trabalha de graça. Não é isso? Perfeito.
O senhor, como membro do Comitê Executivo da Conmebol, também não sabe sobre esse contrato que eu citei, que o senhor falou que não é a CBF que assina?
O SR. MARCO POLO DEL NERO – Porque, Senador, normalmente eram feitos pelos presidentes dos países...
O SR. PRESIDENTE (Romário. Bloco Socialismo e Democracia/PSB - RJ) – Foi o senhor que assinou os contratos da televisão. O senhor afirma isso, pelo menos?
O SR. MARCO POLO DEL NERO – Não entendi.
O SR. PRESIDENTE (Romário. Bloco Socialismo e Democracia/PSB - RJ) – Os contratos de televisão da Conmebol foi o senhor que assinou?
O SR. MARCO POLO DEL NERO – De 2015, de abril...
O SR. PRESIDENTE (Romário. Bloco Socialismo e Democracia/PSB - RJ) – Na época em que o senhor era membro.
O SR. MARCO POLO DEL NERO – Muito provavelmente não, porque quem assinava era o presidente da entidade.
O SR. PRESIDENTE (Romário. Bloco Socialismo e Democracia/PSB - RJ) – Não. Na verdade, quem assinou foi o senhor.
Enfim, outra mentira.
O SR. MARCO POLO DEL NERO – Eu posso tentar buscar esses contratos da Conmebol, mas quem assinava os contratos...
O SR. PRESIDENTE (Romário. Bloco Socialismo e Democracia/PSB - RJ) – Nós já temos os contratos, pode ficar tranquilo.
O SR. MARCO POLO DEL NERO – ... era o presidente.
O SR. PRESIDENTE (Romário. Bloco Socialismo e Democracia/PSB - RJ) – Pode ficar tranquilo, que nós já temos os contratos. O senhor não precisa buscar não, porque pode parecer para uns que esta CPI não anda, mas anda. Aqui é uma CPI democrática. Nós estamos vendo, mas ela anda.
O SR. MARCO POLO DEL NERO – Eu tenho certeza.
O SR. PRESIDENTE (Romário. Bloco Socialismo e Democracia/PSB - RJ) – O meu papel de Presidente é muito bem feito, graças a Deus, e o será até o final.
Passo a palavra agora ao Senador Randolfe.
O SR. RANDOLFE RODRIGUES (Bloco Socialismo e Democracia/REDE - AP) – Obrigado, Presidente.
Sr. Del Nero, o senhor estava acompanhado do Sr. José Maria Marin, na Suíça, quando ele foi preso, no mesmo hotel, em 27 de maio passado. Pessoas próximas de José Maria Marin dizem que ele não o perdoa por ter deixado sozinha a sua mulher, Neusa Marin, na ocasião da prisão do Sr. José Maria Marin em Zurique.
O senhor tem conhecimento desse ressentimento do Sr. Marin com o senhor?
O SR. MARCO POLO DEL NERO – Não. Não tenho conhecimento.
O SR. RANDOLFE RODRIGUES (Bloco Socialismo e Democracia/REDE - AP) – O senhor tinha prometido ao Sr. Marin que daria assistência a ela, à esposa do Sr. Marin. No entanto, imediatamente, logo após a prisão dele, o senhor tomou um avião de volta ao Brasil.
Eu lhe pergunto: por que o senhor abandonou a Srª Marin no hotel após a prisão do marido?
O SR. MARCO POLO DEL NERO – Eu tinha que voltar ao Brasil. Era um fato grave que acontecera na Suíça, eu estava lá. Não vi a prisão dele, porque provavelmente foi num quarto, às 6h da manhã. Eu acordei mais tarde, fui tomar café, quando soube que isso aconteceu.
O SR. RANDOLFE RODRIGUES (Bloco Socialismo e Democracia/REDE - AP) – Mas o senhor assumiu com ele o compromisso de garantir proteção à Srª Neusa?
O SR. MARCO POLO DEL NERO – Não, de jeito nenhum. Em hipótese alguma, em nenhum momento. Nem conversei com ele, nem conversei com ela.
O SR. RANDOLFE RODRIGUES (Bloco Socialismo e Democracia/REDE - AP) – O senhor não recebeu um telefonema dela pedindo a sua ajuda e dizendo que o senhor tinha prometido ajudá-la? Sim ou não?
O SR. MARCO POLO DEL NERO – Não me lembro se recebi telefonema dela.
O SR. RANDOLFE RODRIGUES (Bloco Socialismo e Democracia/REDE - AP) – O senhor não se lembra?
O SR. MARCO POLO DEL NERO – Eu não me lembro se eu recebi algum telefonema dela.
O SR. RANDOLFE RODRIGUES (Bloco Socialismo e Democracia/REDE - AP) – Deixe-me ver se eu entendi...
O SR. PRESIDENTE (Romário. Bloco Socialismo e Democracia/PSB - RJ) – Faz muitos anos já. Faz dez anos.
O SR. RANDOLFE RODRIGUES (Bloco Socialismo e Democracia/REDE - AP) – O senhor estava em Zurique.
O SR. MARCO POLO DEL NERO – Sim.
O SR. RANDOLFE RODRIGUES (Bloco Socialismo e Democracia/REDE - AP) – Há um episódio da prisão do senhor na CBF...
O SR. PRESIDENTE (Romário. Bloco Socialismo e Democracia/PSB - RJ) – Ano passado, ou melhor, este ano.
O SR. RANDOLFE RODRIGUES (Bloco Socialismo e Democracia/REDE - AP) – ... do qual o senhor é o sucessor, isso neste ano, um episódio dessa gravidade, que foi amplamente divulgado pela imprensa mundial, e o senhor não se lembra dos acontecimentos desse episódio? Alguma memória seletiva neste momento?
O SR. MARCO POLO DEL NERO – Eu não me lembro de ter recebido um telefonema dela sobre esse fato. Eu não me lembro, mesmo porque nós não falamos sobre isso.
O SR. RANDOLFE RODRIGUES (Bloco Socialismo e Democracia/REDE - AP) – O senhor se lembra do fato?
O SR. MARCO POLO DEL NERO – Do fato da prisão dele, sim.
O SR. RANDOLFE RODRIGUES (Bloco Socialismo e Democracia/REDE - AP) – Entre os fatos, o senhor não lembra se houve ou não um telefonema.
O SR. MARCO POLO DEL NERO – A Conmebol, tão logo...
O SR. RANDOLFE RODRIGUES (Bloco Socialismo e Democracia/REDE - AP) – É só uma resposta: houve o telefonema, ou não houve o telefonema.
O SR. MARCO POLO DEL NERO – Eu não me lembro, Excelência.
Como eu vou me lembrar de um telefonema ou não, se tantas pessoas ligaram para mim nesse dia?
O SR. MAGNO MALTA (Bloco União e Força/PR - ES) – Senador Randolfe, só para cooperar.
O SR. RANDOLFE RODRIGUES (Bloco Socialismo e Democracia/REDE - AP) – Pois não, Senador.
O SR. PRESIDENTE (Romário. Bloco Socialismo e Democracia/PSB - RJ) – Senador Malta, com a palavra.
O SR. MAGNO MALTA (Bloco União e Força/PR - ES) – Eu até acho que o senhor está sendo complacente com ele, e deve ser, porque, com um susto do cão desses que eles tomaram lá, o cara se lembra até do nome dele. Então, se ele se esqueceu do telefonema, releve, porque o susto deve ter sido muito grande.
O SR. RANDOLFE RODRIGUES (Bloco Socialismo e Democracia/REDE - AP) – Aceitarei sua ponderação, Senador Magno Malta.
Então, responda para nós: qual foi a sua atitude imediata diante daquela situação? Como o senhor se comportou?
O SR. MARCO POLO DEL NERO – Eu conversei com o Presidente da Conmebol, e ele me disse o seguinte: "Estamos contratando advogado para o Presidente José Maria Marin".
O SR. RANDOLFE RODRIGUES (Bloco Socialismo e Democracia/REDE - AP) – E, em seguida, menos de 24 horas depois, o senhor pegou um avião e veio para o Brasil?
O SR. MARCO POLO DEL NERO – Depois, por compromissos...
O SR. RANDOLFE RODRIGUES (Bloco Socialismo e Democracia/REDE - AP) – Por que tanta pressa para voltar para o Brasil?
O SR. MARCO POLO DEL NERO – Porque eu entendia que deveria estar aqui no meu País para acompanhar os fatos.
O SR. RANDOLFE RODRIGUES (Bloco Socialismo e Democracia/REDE - AP) – Mas abandonando o Congresso da FIFA?
O SR. MARCO POLO DEL NERO – Não, não abandonei o Congresso da FIFA. Tinha os delegados. Eu não votaria no Congresso da FIFA, eu não depositaria o voto. Quem deposita o voto são dos delegados. Os delegados é que votaram.
O SR. RANDOLFE RODRIGUES (Bloco Socialismo e Democracia/REDE - AP) – Sr. Marco Polo, permita-me: o senhor é presidente de uma das principais confederações de futebol do Planeta, do único país do mundo que é pentacampeão de futebol, o único. E não era importante a sua presença no momento ápice da eleição da Federação Internacional de Associações de Futebol?
O SR. MARCO POLO DEL NERO – Eu deixei...
O SR. RANDOLFE RODRIGUES (Bloco Socialismo e Democracia/REDE - AP) – Conte outra, mas essa não...
O senhor está duvidando da nossa inteligência.
O SR. MARCO POLO DEL NERO – Não, não estou duvidando não. Tenho o maior respeito por V. Exªs.
O SR. RANDOLFE RODRIGUES (Bloco Socialismo e Democracia/REDE - AP) – Pois é, mas não insista nesta tese de que não era importante a sua presença, o Presidente da CBF depois que o titular foi preso no Congresso da FIFA!
O SR. MARCO POLO DEL NERO – Mas eu peço a V. Exª que me escute também no sentido de poder explicar.
O SR. RANDOLFE RODRIGUES (Bloco Socialismo e Democracia/REDE - AP) – Por favor, por favor.
O SR. MARCO POLO DEL NERO – Quem vota no Congresso da FIFA são os delegados que o Brasil indica.
E o Brasil votou, estava presente. Naquele instante, eu era membro do Comitê Executivo da FIFA, e não poderia votar. Votariam os delegados, que estavam lá e votaram.
O SR. RANDOLFE RODRIGUES (Bloco Socialismo e Democracia/REDE - AP) – O senhor acha que essa sua pressa para sair da Suíça não caracteriza uma fuga?
O SR. MARCO POLO DEL NERO – Não, porque eu estava lá; no dia em que o Presidente, o ex-Presidente Marin foi preso, junto com outras pessoas, mais cinco ou seis pessoas foram ouvidas.
O SR. PRESIDENTE (Romário. Bloco Socialismo e Democracia/PSB - RJ) – Senador, antes da sua pergunta...
O SR. RANDOLFE RODRIGUES (Bloco Socialismo e Democracia/REDE - AP) – Por favor.
O SR. PRESIDENTE (Romário. Bloco Socialismo e Democracia/PSB - RJ) – O que o senhor foi fazer lá?
O SR. MARCO POLO DEL NERO – Eu fui para a reunião da FIFA.
O SR. RANDOLFE RODRIGUES (Bloco Socialismo e Democracia/REDE - AP) – E por que saiu tão rapidamente?
O SR. MARCO POLO DEL NERO – Porque eu entendi que era mais importante estar no meu País naquele instante.
O SR. RANDOLFE RODRIGUES (Bloco Socialismo e Democracia/REDE - AP) – Deixa eu ver se a gente consegue entender?
O senhor vai para a reunião da FIFA. Quando o titular da linha sucessória da CBF, de quem o senhor é o imediato sucessor, é preso, o senhor decide voltar?
O SR. MARCO POLO DEL NERO – O que eu posso fazer na Suíça por ele? Nada.
Eu tenho que cuidar do nosso Brasil, cuidar da nossa Confederação Brasileira de Futebol.
O SR. RANDOLFE RODRIGUES (Bloco Socialismo e Democracia/REDE - AP) – Mas o senhor tinha que cuidar do quê?
Do que o senhor tinha que cuidar no Brasil que era mais importante do que o Congresso da Federação Internacional de Associações de Futebol?
ORADOR NÃO IDENTIFICADO – Pelo que eu conheço da vida, veio para assumir a CBF.
O SR. MARCO POLO DEL NERO – Eu não poderia fazer nada lá. Eu não sou advogado lá, a Comembol...
O SR. PRESIDENTE (Romário. Bloco Socialismo e Democracia/PSB - RJ) – A CBF precisava dele naquela hora, não é Senador?
O SR. MARCO POLO DEL NERO – A Comembol naquele instante...
O SR. PRESIDENTE (Romário. Bloco Socialismo e Democracia/PSB - RJ) – Era melhor ele estar aqui do que lá na Suíça. Na verdade, ele foi lá só para passear para comprar relógio suíço.
O SR. RANDOLFE RODRIGUES (Bloco Socialismo e Democracia/REDE - AP) – O senhor não acha que seria mais condizente, num momento grave como aquele, em que o Presidente da CBF é preso, o senhor chamar uma entrevista coletiva com toda a imprensa internacional, inclusive para tranquilizar a nós, brasileiros, que somos torcedores de futebol?
O SR. MARCO POLO DEL NERO – Eu fiz isso, Senador. Mas fiz aqui no meu País.
Eu vim para cá, chamei a imprensa e expliquei os fatos.
O SR. RANDOLFE RODRIGUES (Bloco Socialismo e Democracia/REDE - AP) – Diga-me, então, por que, depois desse fato, o senhor não mais viajou para o exterior – reiterando a pergunta do Senador Romário?
O SR. MAGNO MALTA (Bloco União e Força/PR - ES) – Aí é o senhor que está subestimando a inteligência dele.
Você fica perguntando por que ele veio embora, por que foi embora. O senhor está subestimando a nossa inteligência...
O senhor é que está subestimando a dele. Ele veio porque ele é sabido. Ele não foi porque ele é sabido.
Fui bem? (Risos.)
O SR. RANDOLFE RODRIGUES (Bloco Socialismo e Democracia/REDE - AP) – Obrigado, Senador Magno.
Vou fazer uma pergunta inevitável após a provocação e a pergunta do Senador Magno.
O senhor tem medo de ser preso?
O SR. MARCO POLO DEL NERO – Não há motivo para eu ser preso, Senador, nenhum motivo para que eu possa ser preso.
O SR. PRESIDENTE (Romário. Bloco Socialismo e Democracia/PSB - RJ) – Como não, Presidente? Espera aí...
O SR. MARCO POLO DEL NERO – Eu vou provar...
O SR. PRESIDENTE (Romário. Bloco Socialismo e Democracia/PSB - RJ) – Motivo tem de sobra para o senhor ser preso. O FBI está aqui. Como não tem motivo? O senhor está enganado. Há vários motivos: corrupção...
O SR. MARCO POLO DEL NERO – Senador, indiciamento...
O SR. PRESIDENTE (Romário. Bloco Socialismo e Democracia/PSB - RJ) – ...formação de quadrilha; motivo tem um monte.
Como o senhor não tem motivo para ser preso?
O SR. MARCO POLO DEL NERO – Não, eu não.
Eu vou provar, mas eles podem falar.
O SR. PRESIDENTE (Romário. Bloco Socialismo e Democracia/PSB - RJ) – Provar é uma coisa, mas motivo existe. Está aqui nos autos do FBI.
O SR. MARCO POLO DEL NERO – Não, não tem.
Eu discordo e vou provar...
O SR. PRESIDENTE (Romário. Bloco Socialismo e Democracia/PSB - RJ) – O senhor, além de ser corrupto, ladrão, também é mentiroso.
O SR. MARCO POLO DEL NERO – E vou discordar também disso tudo.
O SR. RANDOLFE RODRIGUES (Bloco Socialismo e Democracia/REDE - AP) – Deixe-me falar uma coisa, Sr. Del Nero, ainda no sentido do que o Senador...
O senhor alega que não tem razões. Mas veja só, há gravações do FBI que revelam a sua presença numa conversa entre José Maria Marin e J. Hawilla. Nessa conversa, o Sr. Marin, pede que o dinheiro destinado a Ricardo Teixeira passe a ser entregue a ele e ao senhor. Isso é uma gravação do FBI.
O SR. MARCO POLO DEL NERO – Eu nunca estive juntamente com Marin e Hawilla em qualquer reunião!
O SR. RANDOLFE RODRIGUES (Bloco Socialismo e Democracia/REDE - AP) – Mas essa gravação revela que o senhor ouviu tudo isso calado.
O SR. MARCO POLO DEL NERO – Mesmo porque, à essa época que falam, que comentam que o Sr. Marin estava lá e que conversou com o Sr. Hawilla, eu não estava nos Estados Unidos.
O SR. RANDOLFE RODRIGUES (Bloco Socialismo e Democracia/REDE - AP) – Deixe-me lhe dizer. Essa gravação do FBI é falsificada, então?
O SR. MARCO POLO DEL NERO – Deve ser, porque eu não estava lá!
O SR. RANDOLFE RODRIGUES (Bloco Socialismo e Democracia/REDE - AP) – É falsificada e mentirosa?
O SR. MARCO POLO DEL NERO – Eu não estava lá. Mentirosa. Eu não estava lá!
O SR. RANDOLFE RODRIGUES (Bloco Socialismo e Democracia/REDE - AP) – O senhor nunca esteve nessa reunião?
O SR. MARCO POLO DEL NERO – Nunca, em hipótese alguma.
O SR. RANDOLFE RODRIGUES (Bloco Socialismo e Democracia/REDE - AP) – Mas a gravação não diz o local em que ela ocorreu. Estou lhe dizendo que há uma gravação do FBI.
O SR. MARCO POLO DEL NERO – Sim, mas...
O SR. RANDOLFE RODRIGUES (Bloco Socialismo e Democracia/REDE - AP) – Ela não diz se foi na Suíça, no Brasil...
O SR. MARCO POLO DEL NERO – Não, mas eu posso afirmar para o senhor que eu nunca estive reunido com o Sr. Hawilla e com o Sr. Marin; nem com o Sr. Hawilla particularmente, nem com o Sr. Marin e o Sr. Hawilla juntamente.
O SR. RANDOLFE RODRIGUES (Bloco Socialismo e Democracia/REDE - AP) – Deixe-me ver se entendo. Vou tentar entender mais uma coisa. O senhor era vice do Sr. Marin, e o senhor nunca se reuniu em separado com ele? É normal...
O SR. MARCO POLO DEL NERO – O senhor fez a pergunta sobre o Hawilla e o Marin. Eu nunca estive reunido com o Sr. Hawilla juntamente com o Sr. Marin, e nunca estive conversando com o Sr. Hawilla sobre qualquer assunto.
O SR. RANDOLFE RODRIGUES (Bloco Socialismo e Democracia/REDE - AP) – Pois não, Magno.
O SR. MAGNO MALTA (Bloco União e Força/PR - ES) – Sr. Presidente.
O SR. PRESIDENTE (Romário. Bloco Socialismo e Democracia/PSB - RJ) – Por favor, Senador. Tem a palavra V. Exª, Senador Magno Malta.
O SR. MAGNO MALTA (Bloco União e Força/PR - ES) – Quero cumprimentar o Dr. Batochio, que estou vendo ali bem sereno.
O SR. RANDOLFE RODRIGUES (Bloco Socialismo e Democracia/REDE - AP) – Desculpe. Eu me esqueci de cumprimentá-lo, Dr. Batochio.
O SR. MAGNO MALTA (Bloco União e Força/PR - ES) – Ele acabou contratando o melhor, Batochio. Qualquer outro advogado já teria criado um clima aqui, feito pergunta, mandado calar a boca, cochichado no ouvido do depoente...
O SR. RANDOLFE RODRIGUES (Bloco Socialismo e Democracia/REDE - AP) – Como o senhor disse, o Sr. Del Nero é sabido: escolheu um ótimo advogado. (Risos.)
O SR. MAGNO MALTA (Bloco União e Força/PR - ES) – E eu quero fazer uma referência aqui, porque o Batochio foi Deputado Federal comigo e pertenceu à CPI do Narcotráfico comigo. E uma das razões pelas quais eu não errei, na minha impetuosidade, eu devo a esse nobre colega, que era Deputado do PDT, que prestou um grande serviço ao País naquela ocasião.
O SR. PRESIDENTE (Romário. Bloco Socialismo e Democracia/PSB - RJ) – Parabéns, doutor!
O SR. MAGNO MALTA (Bloco União e Força/PR - ES) – Mas eu sei que o senhor, doutor, está em desvantagem. O cara que depõe em CPI já vem na desvantagem: devendo ou não devendo, ele já está na desvantagem. Ele vai ser inquirido, vai ser exposto, a família dele está vendo.
O senhor tem filhos, deve ter netos, deve ter uma família em torno de si. Não é um momento bom, é um momento ruim. E eu posso, eu que já presidi grandes CPIs, entender o seu momento emocional, a sua desvantagem, o seu medo de jogar com as palavras para não se comprometer.
Mas eu gostaria de saber uma coisa do senhor, com toda a sinceridade: o mundo vive um processo depurativo. Olhe o que está acontecendo com o Presidente da Câmara! Olhe o que está acontecendo aqui com algumas incidências no Senado, um Senador da República preso!
A sociedade foi para cima, e o Judiciário, que passou tanto tempo sendo achincalhado, sem reação, reagiu. Não haverá mais refresco para nenhuma situação. O Judiciário do mundo, por causa da globalização, juntou-se; a informação que está aqui hoje é a mesma dos Estados Unidos de ontem ou de daqui a pouco, ou de daqui a cinco minutos, e qualquer investigação de crime...
Veja: eles foram à Suíça, acharam a conta do Presidente da Câmara. Ele está dizendo que não, não sei o quê, e depois já era, era um trust, pensando que o Brasil é trouxa. Entendeu? E nós não somos trouxas. Sei lá, foi na Suíça.
Não somos trouxas, e há muita gente que é traste, e acha que nós somos trouxas, dizendo que ha trust. E acham que, com essa linguagem embolada... Ninguém está engolindo nada, ninguém está comendo nada. É conversa de boleiro; ninguém está comendo nada.
A minha pergunta é a seguinte: com esse processo investigativo tão minucioso do Judiciário nessa questão da FIFA – o Judiciário é do mundo, da Suíça, dos Estados Unidos, viraram cães farejadores, desses bem preparados, que querem ir às últimas consequências... Diga-me uma coisa, com pureza d'alma: esse processo investigativo chegará ou não chegará ao senhor?
O SR. MARCO POLO DEL NERO – Eu posso dizer que não vai chegar. E posso afirmar para o senhor... O Senador Randolfe Rodrigues falou agora há pouquinho que eu estava presente numa reunião com o Hawilla e o Marin, o que não é verdade. Nunca estive reunido com essas pessoas.
O SR. RANDOLFE RODRIGUES (Bloco Socialismo e Democracia/REDE - AP) – Segundo o FBI, o senhor estava e ficou calado (Fora do microfone.). Isso é informação do FBI.
O SR. MARCO POLO DEL NERO – Nunca estive reunido com essas pessoas em lugar nenhum, nem falando. Nunca estive reunido, nunca estive junto.
O SR. MAGNO MALTA (Bloco União e Força/PR - ES) – Deixe-me falar uma coisa para o senhor, que é amigo do Marin, que já esteve com ele. Isso não compromete, não, porque amigo é amigo. Ele caiu, mas o senhor tem que ter dignidade de...
O SR. MARCO POLO DEL NERO – Claro, claro.
O SR. MAGNO MALTA (Bloco União e Força/PR - ES) – O senhor sempre se reuniu com ele, estava na diretoria...
O SR. MARCO POLO DEL NERO – Sim.
O SR. MAGNO MALTA (Bloco União e Força/PR - ES) – Foi amigo dele. Como ele agora está preso, o senhor não é mais amigo dele?
O SR. MARCO POLO DEL NERO – Sou.
O SR. MAGNO MALTA (Bloco União e Força/PR - ES) – Então, não tem problema nenhum o senhor ter se reunido com ele. Isso não o compromete.
O SR. MARCO POLO DEL NERO – Mas não foi.
O SR. MAGNO MALTA (Bloco União e Força/PR - ES) – Está bem. Estar reunido ou não não quer dizer absolutamente nada.
Eu quero só dizer o seguinte: quando se tem esse tipo de reação... É como isto: o Delcídio foi preso, e o Presidente Lula deu uma declaração chamando o cara de idiota. O cara, que achou que ele era amigo dele, está preso, na desvantagem, e o advogado vem e diz: "Lê isso aqui, porque ele o chamou de idiota agora". E o cara tem uma perspectiva de tomar 30 anos. Sabe o que o cara vai falar? "O idiota agora vai contar quem é de nós dois que é mais idiota".
Quando o senhor fala que não conhece o Marin, o Marin está depondo lá...
O SR. MARCO POLO DEL NERO – Não, não, não.
O SR. MAGNO MALTA (Bloco União e Força/PR - ES) – Desculpe-me. Não é "não conheço, não". Eu que errei a palavra. Perdoe-me. É "eu nunca estive", não sei o quê...
O SR. MARCO POLO DEL NERO – Mas não estive.
O SR. MAGNO MALTA (Bloco União e Força/PR - ES) – Sim, mas não é o "nunca estive" com essas pessoas – com esses caras que foram presas, com esses caras que fraudaram e tal. Essa reação pode ser negativa do outro lado.
O SR. MARCO POLO DEL NERO – Então, desculpe, Senador, eu...
O SR. MAGNO MALTA (Bloco União e Força/PR - ES) – O senhor não ofendeu a mim. Eu só estou dizendo que ele... O senhor imagina que a família dele está toda vendo, que o advogado dele está vendo; está todo mundo vendo. Eu nem pertenço a esta CPI...
O SR. CIRO NOGUEIRA (Bloco Parlamentar Democracia Progressista/PP - PI) – Eu queria que senhor esclarecesse, até para não ficar nenhuma dúvida: o senhor está dizendo que não esteve na reunião com o Hawilla e o Marin? Não é isso?
O SR. MARCO POLO DEL NERO – Eu não estive nessa reunião em hipótese alguma, em momento algum, em tempo algum.
O SR. CIRO NOGUEIRA (Bloco Parlamentar Democracia Progressista/PP - PI) – Foi o que eu entendi.
O SR. MAGNO MALTA (Bloco União e Força/PR - ES) – Dr. Del Nero, não é isso que eu estou falando, não. Senador Ciro, me desculpe, não é isso que eu estou falando, não. V. Exª está querendo ajudá-lo, mas não foi isso que eu quis dizer.
O SR. MARCO POLO DEL NERO – Naquele instante, falei "pessoas", mas, na verdade, respeitosamente...
O SR. MAGNO MALTA (Bloco União e Força/PR - ES) – E vou esclarecer novamente.
V. Exª o ajude da maneira que quiser, mas não foi isso que eu falei. E eu também não estou desajudando o senhor, não. Eu só estou dizendo que há uma pessoa na desvantagem, presa, e, por exemplo, se sou eu, uma frase como "Eu nunca estive com essas pessoas", eu vou dizer: "Agora, eu sou essas pessoas?".
O SR. MARCO POLO DEL NERO – Não...
O SR. MAGNO MALTA (Bloco União e Força/PR - ES) – Agora, me escute. Eu só estou falando... O senhor não ofendeu a mim.
O SR. MARCO POLO DEL NERO – Eu peço...
O SR. MAGNO MALTA (Bloco União e Força/PR - ES) – Quando o senhor daqui, se o senhor ao Batochio se eu estou certo, ele vai falar que eu estou certo no que eu estou falando.
Eu estou perguntando o seguinte... Não sei o que o senhor conversou, o que o senhor falou, o que o senhor investigou, mas, por exemplo, se essas pessoas de que o senhor está falando...
O SR. MARCO POLO DEL NERO – Eu retiro "essas pessoas" e digo o seguinte: nunca estive reunido com o ex-governador, ex-presidente da CBF José Maria Marin,...
O SR. MAGNO MALTA (Bloco União e Força/PR - ES) – Seu amigo.
O SR. MARCO POLO DEL NERO – ... que é meu amigo, e o Sr. José Hawilla, meu conhecido.
O SR. MAGNO MALTA (Bloco União e Força/PR - ES) – Pois é. À medida que eles começarem a depor...
O SR. MARCO POLO DEL NERO – O senhor tem razão, Deputado. Eu fui infeliz. Senador, eu fui infeliz.
(Intervenção fora do microfone.)
O SR. MARCO POLO DEL NERO – Juntos. Não estive reunido junto...
O SR. MAGNO MALTA (Bloco União e Força/PR - ES) – Mas foi Batochio que me ensinou, na CPI do Narcotráfico, a falar desse jeito.
O SR. MARCO POLO DEL NERO – Batochio é Batochio...
O SR. MAGNO MALTA (Bloco União e Força/PR - ES) – Ele que me treinou.
Então, a minha palavra é a seguinte: eles estão depondo lá. O senhor ainda está aqui, e o senhor não é menino, nem eu sou, nem o Romário é menino. Um cara que faz mil gols é menino? Um cara que fez mil gols não é menino. Então, qual é a minha palavra nesse sentido? É que...
(Intervenção fora do microfone.)
O SR. MAGNO MALTA (Bloco União e Força/PR - ES) – É para eu encerrar?
O SR. PRESIDENTE (Romário. Bloco Socialismo e Democracia/PSB - RJ) – Não, não.
O SR. MAGNO MALTA (Bloco União e Força/PR - ES) – Alguém quer que eu pare? Vou parar.
(Intervenção fora do microfone.)
O SR. MAGNO MALTA (Bloco União e Força/PR - ES) – Não, mas, para mim, tudo bem.
(Intervenção fora do microfone.)
O SR. MAGNO MALTA (Bloco União e Força/PR - ES) – Ah, sim. Eu pensei que era igual à Comissão de Ética da Câmara: os que defendem querem que os outros não falem.
(Intervenção fora do microfone.)
O SR. MAGNO MALTA (Bloco União e Força/PR - ES) – Está bom, está bom.
A minha palavra é a seguinte. No que o senhor voltou... Eu não sou menino; eu sei por que o senhor voltou. Então, só de o senhor ficar calado é bom para mim. O senhor não voltou mais ao exterior. Por quê? O senhor calado é bom, porque quem cala não consente? Consente. É a máxima do adágio popular, mas que vale na hora em que a pessoa está depondo. E nós sabemos disso. O Senador Randolfe está insistindo, mas ele sabe, virou Senador com 35 anos de idade, porque também não é menino – de menino, ele só tem a cara, essa cara de Harry Potter – e sabe aonde quer chegar. (Risos.)
(Intervenção fora do microfone.)
O SR. MAGNO MALTA (Bloco União e Força/PR - ES) – Muito obrigado, Senador Romário. Eu acho que o pessoal...
O SR. RANDOLFE RODRIGUES (Bloco Socialismo e Democracia/REDE - AP) – Só concluir as perguntas.
O SR. MAGNO MALTA (Bloco União e Força/PR - ES) – Muito obrigado pelo aparte, Senador.
O SR. RANDOLFE RODRIGUES (Bloco Socialismo e Democracia/REDE - AP) – Por favor, Senador Magno.
Sr. Del Nero, quais são suas relações com o Sr. Sergio Luis de Sousa Gomes?
O SR. MARCO POLO DEL NERO – Ele foi uma pessoa que trouxe alguns patrocínios à Confederação Brasileira de Futebol. Um deles foi a Chevrolet, uma montadora.
O SR. RANDOLFE RODRIGUES (Bloco Socialismo e Democracia/REDE - AP) – Ele teve alguma ruptura com esse patrocínio depois? Houve alguma ruptura da CBF com esse patrocínio?
O SR. MARCO POLO DEL NERO – Que eu saiba, não. Não tenho conhecimento disso.
O SR. RANDOLFE RODRIGUES (Bloco Socialismo e Democracia/REDE - AP) – O senhor tem contas no exterior?
O SR. MARCO POLO DEL NERO – Não, senhor.
O SR. RANDOLFE RODRIGUES (Bloco Socialismo e Democracia/REDE - AP) – Com certeza, não tem?
O SR. MARCO POLO DEL NERO – Com certeza que não.
O SR. RANDOLFE RODRIGUES (Bloco Socialismo e Democracia/REDE - AP) – Esta CPI não chegará, na sua quebra de sigilo, a nenhuma conta no exterior? Com certeza?
O SR. MARCO POLO DEL NERO – Nem truste.
O SR. RANDOLFE RODRIGUES (Bloco Socialismo e Democracia/REDE - AP) – Nenhuma conta?
O SR. MARCO POLO DEL NERO – Nada, nada.
O SR. RANDOLFE RODRIGUES (Bloco Socialismo e Democracia/REDE - AP) – O. K.
Só lembrando que o último que fez essa negativa numa CPI está em maus lençóis hoje na Casa vizinha, na Câmara dos Deputados. É o caso do Sr. Eduardo Cunha.
O senhor afirma, então, nesta CPI, que não tem nenhuma conta no exterior?
O SR. MARCO POLO DEL NERO – Não.
O SR. RANDOLFE RODRIGUES (Bloco Socialismo e Democracia/REDE - AP) – Em nenhum lugar? (Pausa.)
O.k..
As contas que o senhor tem são declaradas ao Fisco? Todas?
O SR. MARCO POLO DEL NERO – Cem por cento declaradas.
O SR. RANDOLFE RODRIGUES (Bloco Socialismo e Democracia/REDE - AP) – Senador Romário, só lhe informando, eu perguntei ao nosso depoente, ainda há pouco, se ele possuía contas no exterior, e ele afirmou a esta CPI que não possui; eu me lembrei do que ocorreu com o Sr. Eduardo Cunha, na Câmara dos Deputados; ocorreu uma situação de igual teor, mas ele está afirmando aqui na CPI que não possui contas no exterior, e é fundamental que seja assim registrado.
O SR. PRESIDENTE (Romário. Bloco Socialismo e Democracia/PSB - RJ) – Será.
O SR. RANDOLFE RODRIGUES (Bloco Socialismo e Democracia/REDE - AP) – O senhor frequentou ou frequenta algum paraíso fiscal?
O SR. MARCO POLO DEL NERO – Não.
O SR. RANDOLFE RODRIGUES (Bloco Socialismo e Democracia/REDE - AP) – Não. Nunca frequentou?
O SR. MARCO POLO DEL NERO – Nunca frequentei.
O SR. RANDOLFE RODRIGUES (Bloco Socialismo e Democracia/REDE - AP) – Segundo registros colhidos por esta CPI com autoridades aeronáuticas brasileiras, esteve em Barbados, que é um paraíso fiscal, em 2014. O senhor esteve em Barbados em 2014...
O SR. MARCO POLO DEL NERO – Não! Não estive em Barbados. Não...
O SR. RANDOLFE RODRIGUES (Bloco Socialismo e Democracia/REDE - AP) – ... em um jatinho executivo.
O SR. MARCO POLO DEL NERO – Não conheço. Não conheço Barbados.
O SR. RANDOLFE RODRIGUES (Bloco Socialismo e Democracia/REDE - AP) – O senhor não esteve em Barbados?
O SR. MARCO POLO DEL NERO – Não estive e não conheço Barbados!
O SR. RANDOLFE RODRIGUES (Bloco Socialismo e Democracia/REDE - AP) – Em 2014, o senhor não esteve em Barbados?
O SR. MARCO POLO DEL NERO – Não! Não estive em Barbados, não conheço Barbados!
O SR. RANDOLFE RODRIGUES (Bloco Socialismo e Democracia/REDE - AP) – Nenhum jatinho executivo seu...
O SR. MARCO POLO DEL NERO – Nenhum jatinho executivo...
O SR. RANDOLFE RODRIGUES (Bloco Socialismo e Democracia/REDE - AP) – Nenhum jatinho excecutivo da CBF?
O SR. MARCO POLO DEL NERO – Aí, eu não sei. Não sei...
O SR. RANDOLFE RODRIGUES (Bloco Socialismo e Democracia/REDE - AP) – Não, espere lá.
O SR. MARCO POLO DEL NERO – Não, espere um pouquinho só.
O SR. RANDOLFE RODRIGUES (Bloco Socialismo e Democracia/REDE - AP) – Opa!
O SR. MARCO POLO DEL NERO – Eu sou o presidente...
O SR. RANDOLFE RODRIGUES (Bloco Socialismo e Democracia/REDE - AP) – O senhor estava veementemente dizendo "não" e agora o senhor disse "não sei"; então, espere aí...
O SR. MARCO POLO DEL NERO – Não.
O SR. RANDOLFE RODRIGUES (Bloco Socialismo e Democracia/REDE - AP) – Um jatinho executivo da CBF esteve em Barbados em 2014?
O SR. MARCO POLO DEL NERO – Não sei!
O SR. RANDOLFE RODRIGUES (Bloco Socialismo e Democracia/REDE - AP) – Mas o senhor é presidente da CBF!
O SR. MARCO POLO DEL NERO – Não, eu não sou presidente. Em 15 eu sou presidente. Em abril de 2015, eu sou presidente e sei o que acontece.
O SR. RANDOLFE RODRIGUES (Bloco Socialismo e Democracia/REDE - AP) – Um jato não é um patrimônio qualquer.
O SR. MARCO POLO DEL NERO – Certo.
O SR. RANDOLFE RODRIGUES (Bloco Socialismo e Democracia/REDE - AP) – Eu imagino que qualquer dirigente de qualquer empresa, instituição ou até do governo deve saber os deslocamentos de um patrimônio... Não é comum para uma empresa ou uma instituição ter um jato.
O SR. MARCO POLO DEL NERO – O vice-presidente não teve conhecimento de que alguém esteve em Barbados.
O SR. RANDOLFE RODRIGUES (Bloco Socialismo e Democracia/REDE - AP) – O senhor nunca voou no jatinho executivo da CBF?
O SR. MARCO POLO DEL NERO – Voei.
O SR. RANDOLFE RODRIGUES (Bloco Socialismo e Democracia/REDE - AP) – Nenhum desses voos foi para Barbados?
O SR. MARCO POLO DEL NERO – Barbados nem conheço, Senador. Nunca estive lá, nem sabia que o avião da CBF esteve lá.
O SR. RANDOLFE RODRIGUES (Bloco Socialismo e Democracia/REDE - AP) – E nenhuma aeronave em que o senhor esteve foi fretada para lá, passando por lá?
O SR. MARCO POLO DEL NERO – Não, nunca estive em Barbados.
O SR. RANDOLFE RODRIGUES (Bloco Socialismo e Democracia/REDE - AP) – Nem passando?
O SR. MARCO POLO DEL NERO – Nem passando por Barbados.
O SR. RANDOLFE RODRIGUES (Bloco Socialismo e Democracia/REDE - AP) – Bom...
O SR. MARCO POLO DEL NERO – Eu só viajo em voo de carreira normal, em jato comercial.
O SR. RANDOLFE RODRIGUES (Bloco Socialismo e Democracia/REDE - AP) – Não, o senhor também viaja em jatinho executivo porque o senhor mesmo falou ainda há pouco.
O SR. MARCO POLO DEL NERO – No Brasil.
O SR. RANDOLFE RODRIGUES (Bloco Socialismo e Democracia/REDE - AP) – Sim, mas viaja. Não é só em voo de carreira, não é?
O SR. MARCO POLO DEL NERO – Não.
O SR. RANDOLFE RODRIGUES (Bloco Socialismo e Democracia/REDE - AP) – Quais funções o senhor exercia no COL, comitê organizado para administrar a Copa do Mundo?
O SR. MARCO POLO DEL NERO – Nenhuma função. Eu era um membro da FIFA que, quando havia board meeting, eu participava; quando havia reunião bimestral junto com o Jérôme Valcke, ele estava representando a FIFA, e eu, também.
O SR. RANDOLFE RODRIGUES (Bloco Socialismo e Democracia/REDE - AP) – Mas, em abril de 2015, o senhor assumiu a presidência?
O SR. MARCO POLO DEL NERO – Assumi a presidência do COL.
O SR. RANDOLFE RODRIGUES (Bloco Socialismo e Democracia/REDE - AP) – Quando assumiu a presidência da CBF?
O SR. MARCO POLO DEL NERO – Quando assumi a presidência da CBF, por força estatutária.
O SR. RANDOLFE RODRIGUES (Bloco Socialismo e Democracia/REDE - AP) – Não teve nenhuma relação de sociedade com o Sr. Marin?
O SR. MARCO POLO DEL NERO – Não, não.
O SR. RANDOLFE RODRIGUES (Bloco Socialismo e Democracia/REDE - AP) – Quanto o senhor recebeu no COL, no exercício de suas funções?
O SR. MARCO POLO DEL NERO – Está no Imposto de Renda, Excelência.
O SR. RANDOLFE RODRIGUES (Bloco Socialismo e Democracia/REDE - AP) – O senhor tem uma ideia?
O SR. MARCO POLO DEL NERO – Não tenho ideia não. Não me lembro aqui.
O SR. RANDOLFE RODRIGUES (Bloco Socialismo e Democracia/REDE - AP) – É muito ou é pouco?
O SR. MARCO POLO DEL NERO – Eu acho que é... Eu não tenho os valores exatos.
O SR. RANDOLFE RODRIGUES (Bloco Socialismo e Democracia/REDE - AP) – Sr. Del Nero, permita-me...
O SR. MARCO POLO DEL NERO – Mas o senhor pode ter. O senhor tem minha quebra de sigilo; é fácil ver.
O SR. RANDOLFE RODRIGUES (Bloco Socialismo e Democracia/REDE - AP) – Mas me permita, Sr. Del Nero...
O SR. MARCO POLO DEL NERO – Se eu estivesse com o meu Imposto de Renda aqui, eu diria ao senhor; mas eu não tenho aqui, eu não trouxe.
O SR. RANDOLFE RODRIGUES (Bloco Socialismo e Democracia/REDE - AP) – Mas permita-me: qualquer brasileiro tem ideia do rendimento que recebe. Ele tem ideia. Ele deduz. A não ser que seja dinheiro demais.
O SR. MARCO POLO DEL NERO – Não.
O SR. RANDOLFE RODRIGUES (Bloco Socialismo e Democracia/REDE - AP) – Realmente... Aí, realmente, fica difícil.
O senhor não se lembra de telefonema em Zurique; o senhor não se lembra de quanto recebeu no COL?
O SR. MARCO POLO DEL NERO – Não, mas é só verificar.
O SR. RANDOLFE RODRIGUES (Bloco Socialismo e Democracia/REDE - AP) – O senhor não sabe se era maior ou menor que R$40 mil?
O SR. MARCO POLO DEL NERO – O senhor tem a quebra de sigilo; o senhor pode informar.
O SR. RANDOLFE RODRIGUES (Bloco Socialismo e Democracia/REDE - AP) – Certo. O senhor não sabe se era maior ou menor que R$40 mil?
O SR. MARCO POLO DEL NERO – É por aí. É por aí, sim.
O SR. RANDOLFE RODRIGUES (Bloco Socialismo e Democracia/REDE - AP) – Eu estou ajudando a sua memória?
O SR. MARCO POLO DEL NERO – Está ajudando.
O SR. RANDOLFE RODRIGUES (Bloco Socialismo e Democracia/REDE - AP) – NO COL, o senhor poderia receber valores a título de lucros ou resultados?
O SR. MARCO POLO DEL NERO – Que eu saiba, não.
O SR. RANDOLFE RODRIGUES (Bloco Socialismo e Democracia/REDE - AP) – Que o senhor saiba? Não pode ser "sim" ou "não"?
O SR. MARCO POLO DEL NERO – Que eu saiba, não.
O SR. RANDOLFE RODRIGUES (Bloco Socialismo e Democracia/REDE - AP) – Mesmo porque, se fossem lucros e resultados, o senhor não seria dirigente; seria sócio.
O SR. MARCO POLO DEL NERO – Mesmo porque eu só assumi em abril de 15, já na desmobilização. Já estava desmobilizado o COL.
O SR. RANDOLFE RODRIGUES (Bloco Socialismo e Democracia/REDE - AP) – Certo.
O SR. MARCO POLO DEL NERO – Já tinha...
O SR. RANDOLFE RODRIGUES (Bloco Socialismo e Democracia/REDE - AP) – Veja: o Sr. Marin declarou, no Imposto de Renda, que recebeu, em 2013, valores de R$717.046,00 a título de participação nos lucros ou resultados do COL – o que chama a atenção é "participação nos lucros ou resultados do COL. Isso corresponde a uma cota da sociedade enquanto a CBF detinha 9.999 cotas. Pela proporção, a CBF teria recebido uma quantia dez mil vezes maior, seria algo em torno de R$7 bilhões.
O senhor não tinha conhecimento disso?
O SR. MARCO POLO DEL NERO – Não é da minha gestão e não posso informar nada a respeito disso.
O SR. RANDOLFE RODRIGUES (Bloco Socialismo e Democracia/REDE - AP) – Mesmo como Vice-Presidente?
O SR. MARCO POLO DEL NERO – Nem creio que tenha sido isso. O advogado do COL está aqui e pode informar ao senhor?
O SR. RANDOLFE RODRIGUES (Bloco Socialismo e Democracia/REDE - AP) – O senhor pode dizer qual foi o faturamento do COL? O senhor assumiu depois.
O SR. MARCO POLO DEL NERO – Do COL hoje? Eu não tenho o faturamento.
O SR. RANDOLFE RODRIGUES (Bloco Socialismo e Democracia/REDE - AP) – Não, o faturamento anterior.
Quando o senhor assumiu, o senhor deve ter tido acesso às contas da gestão anterior. Nem isso o senhor pode me dizer?
O SR. MARCO POLO DEL NERO – Não, não posso dizer, porque a contabilidade é que informa.
O SR. RANDOLFE RODRIGUES (Bloco Socialismo e Democracia/REDE - AP) – Sr. Del Nero, Dr. Del Nero, o senhor não lembra o telefonema em Zurique, o senhor não lembra quando recebia do COL e, agora, o senhor está me dizendo que não lembra qual era a contabilidade de uma instituição que o senhor herdou. Qualquer um que herda uma instituição deve ter acesso às contas anteriores.
O SR. MARCO POLO DEL NERO – Se o senhor permitir, o advogado pode lhe responder. Eu não tenho esses dados.
O SR. RANDOLFE RODRIGUES (Bloco Socialismo e Democracia/REDE - AP) – Não, mas eu não estou perguntando para o advogado. Estou perguntando para o senhor, porque o senhor foi o presidente que sucedeu o Sr. Marin no COL.
Qualquer prefeito de qualquer cidade, quando assume uma prefeitura, sabe quanto foi deixado no caixa, na conta da prefeitura. Eu não estou falando de uma prefeitura, mas em qualquer instituição é básico isso.
O senhor não sabe me dizer?
O SR. MARCO POLO DEL NERO – Eu não tenho esse número aqui. Não posso, de cabeça, informá-lo ao senhor.
O SR. RANDOLFE RODRIGUES (Bloco Socialismo e Democracia/REDE - AP) – Deixa eu perguntar ao senhor: o §1º da Cláusula 17 do contrato social do COL permitia a distribuição de lucros só após o final da Copa do Mundo 2014.
Eu lhe pergunto como foi possível distribuir lucros do COL ao então Presidente Marin como consta da declaração dele?
O SR. MARCO POLO DEL NERO – Eu não participava da sociedade.
O SR. RANDOLFE RODRIGUES (Bloco Socialismo e Democracia/REDE - AP) – Quando o senhor assumiu, o senhor não ficou tentado a pedir uma auditoria, que é um procedimento normal?
O SR. MARCO POLO DEL NERO – A auditoria é feita pela FIFA e por uma auditoria nacional....
O SR. RANDOLFE RODRIGUES (Bloco Socialismo e Democracia/REDE - AP) – O senhor não teve acesso aos dados da auditoria?
O SR. MARCO POLO DEL NERO – Não, não tive.
O SR. RANDOLFE RODRIGUES (Bloco Socialismo e Democracia/REDE - AP) – Mas o senhor não pediu?
O SR. MARCO POLO DEL NERO – Não, não pedi.
O SR. RANDOLFE RODRIGUES (Bloco Socialismo e Democracia/REDE - AP) – Como o senhor assume uma entidade e não pede sequer acesso aos dados da auditoria dessa entidade?
O SR. MARCO POLO DEL NERO – Não, eu não pedi. Sinceramente, não pedi.
O SR. RANDOLFE RODRIGUES (Bloco Socialismo e Democracia/REDE - AP) – Como o senhor considera isso?
O SR. MARCO POLO DEL NERO – Eu considero dentro da normalidade administrativa.
O SR. RANDOLFE RODRIGUES (Bloco Socialismo e Democracia/REDE - AP) – O senhor acha normal encontrar uma entidade, não encontrar normalidade nas contas e não ter – não é nem pedir auditoria – pedido acesso aos dados da auditoria?
O senhor acha isso normal?
O SR. MARCO POLO DEL NERO – Eu acho normal dentro de um critério de honestidade e princípios que entendo que todos devem ter.
O SR. RANDOLFE RODRIGUES (Bloco Socialismo e Democracia/REDE - AP) – Bom, desculpe, isso é tudo menos honestidade. Mas, sigamos.
Qual a sua relação com o Sr. Kleber Fonseca de Souza Leite?
O SR. MARCO POLO DEL NERO – Nenhuma, relação de conhecimento. Eu o conheço há muitos anos.
O SR. RANDOLFE RODRIGUES (Bloco Socialismo e Democracia/REDE - AP) – A empresa de Kleber Leite, a Klefer foi alvo de busca e apreensão neste ano, a pedido de investigadores do FBI. Existem contratos vigentes entre a CBF... Eu lhe pergunto: existem contratos vigentes entre a CBF e a Klefer?
O SR. MARCO POLO DEL NERO – Existem.
O SR. RANDOLFE RODRIGUES (Bloco Socialismo e Democracia/REDE - AP) – Que providências o senhor adotou como Presidente da CBF diante a devassa policial que ocorreu na empresa do Sr. Kleber Leite?
O SR. MARCO POLO DEL NERO – Nós temos um contrato; temos contratos com a Klefer, que estão sendo enviados ao Departamento Jurídico para avaliação do que pode ser feito.
É contrato vigente. Eu não tenho notícia de que, até o presente momento, a Klefer tenha sido autuada, proibida de atuar no Brasil...
O SR. RANDOLFE RODRIGUES (Bloco Socialismo e Democracia/REDE - AP) – Não, isso não foi, mas o senhor acha normal uma empresa que tem contrato com a CBF sofrer busca e apreensão?
O SR. MARCO POLO DEL NERO – Mas é um contrato, e temos que cumprir o contrato até...
O SR. RANDOLFE RODRIGUES (Bloco Socialismo e Democracia/REDE - AP) – Mesmo que a empresa seja inidônea?
O SR. MARCO POLO DEL NERO – Mas não está provado que é inidônea ainda.
O SR. RANDOLFE RODRIGUES (Bloco Socialismo e Democracia/REDE - AP) – Não, eu lhe pergunto o seguinte: o senhor acha normal uma empresa receber uma busca e apreensão e – o senhor trata como normal – continua o contrato com essa empresa normalmente?
O SR. MARCO POLO DEL NERO – Só porque recebe uma busca e apreensão?
O SR. RANDOLFE RODRIGUES (Bloco Socialismo e Democracia/REDE - AP) – Só.
O SR. PRESIDENTE (Romário. Bloco Socialismo e Democracia/PSB - RJ) – Só?
O SR. MARCO POLO DEL NERO – Uai...
O SR. RANDOLFE RODRIGUES (Bloco Socialismo e Democracia/REDE - AP) – Só?
O SR. MARCO POLO DEL NERO – É...só porque uma busca e apreensão...
O SR. RANDOLFE RODRIGUES (Bloco Socialismo e Democracia/REDE - AP) – Então, o senhor acha que qualquer empresa do Brasil pode sofrer uma busca e apreensão?
O SR. MARCO POLO DEL NERO – Pode e, por causa disso, ela é culpada?
O SR. RANDOLFE RODRIGUES (Bloco Socialismo e Democracia/REDE - AP) – Não, mas veja o seguinte: o senhor não pede uma auditoria, o senhor acha isso normal. Daqui a pouco, o senhor vai dizer para nós que roubar é normal.
O SR. MARCO POLO DEL NERO – Não, não vou falar isso porque sei que não; sei que é crime, sei que roubar é crime.
O SR. RANDOLFE RODRIGUES (Bloco Socialismo e Democracia/REDE - AP) – Busca e apreensão é uma investigação. Uma empresa está sob investigação. O senhor acha que não tem que ser auditada?
O SR. MARCO POLO DEL NERO – Essa empresa está analisada; estão sendo analisados pelo Departamento Jurídico os contratos dessa empresa.
Esses contratos foram assinados em 2011 e estão vigendo até hoje. O departamento jurídico está avaliando e vamos ver o parecer do departamento jurídico.
O SR. RANDOLFE RODRIGUES (Bloco Socialismo e Democracia/REDE - AP) – Tem prazo para essa avaliação?
O SR. MARCO POLO DEL NERO – Não, não foi dado o prazo. Foi pedido que se fizesse uma avaliação.
O SR. RANDOLFE RODRIGUES (Bloco Socialismo e Democracia/REDE - AP) – Não, mas, assim no infinitivo do pretérito, "foi dado um prazo", "está avaliando", no gerúndio, nunca acaba isso, não é? E continua o contrato com uma empresa que foi objeto de busca e apreensão.
O SR. MARCO POLO DEL NERO – Se ela se tornar inidônea, é evidente que nós temos conhecimento, temos obrigações imediatas.
O SR. RANDOLFE RODRIGUES (Bloco Socialismo e Democracia/REDE - AP) – Mas o senhor vai aguardar isso? O senhor não dá um prazo para o seu departamento jurídico concluir o seu serviço? Qualquer presidente faz isso.
O SR. MARCO POLO DEL NERO – Normalmente se faz isso.
O SR. RANDOLFE RODRIGUES (Bloco Socialismo e Democracia/REDE - AP) – E o senhor não fez?
O SR. MARCO POLO DEL NERO – Não. Eu disse para o departamento: analise os contratos da Klefer, e eles estão analisando.
O SR. RANDOLFE RODRIGUES (Bloco Socialismo e Democracia/REDE - AP) – E quando conclui o trabalho?
O SR. MARCO POLO DEL NERO – São vários contratos.
O SR. RANDOLFE RODRIGUES (Bloco Socialismo e Democracia/REDE - AP) – Imagino. Mas o senhor não deu um prazo? Aos seus subordinados, o senhor não deu um prazo: "Eu quero isso..."?
O SR. MARCO POLO DEL NERO – Não, não dei o prazo. Estou esperando a resposta do departamento jurídico.
O SR. RANDOLFE RODRIGUES (Bloco Socialismo e Democracia/REDE - AP) – E o senhor esperará até quando?
O SR. JOSÉ ROBERTO BATOCHIO – Peço a palavra pela ordem.
O SR. PRESIDENTE (Romário. Bloco Socialismo e Democracia/PSB - RJ) – Senador.
O SR. RANDOLFE RODRIGUES (Bloco Socialismo e Democracia/REDE - AP) – Tudo bem.
O SR. JOSÉ ROBERTO BATOCHIO – Sr. Presidente, gostaria, com todo o respeito, que o eminente Senador fizesse as perguntas ao convidado, de sorte que fizesse uma pergunta e aguardasse a resposta. Porque é uma cachoeira de perguntas, uma em cima da outra. Está ficando impossível.
O SR. PRESIDENTE (Romário. Bloco Socialismo e Democracia/PSB - RJ) – Ele não responde nenhuma.
O SR. JOSÉ ROBERTO BATOCHIO – Por favor. Então, faço esse apelo.
O SR. PRESIDENTE (Romário. Bloco Socialismo e Democracia/PSB - RJ) – Doutor, mas ele tem que responder a pelo menos uma, de verdade. Uma! Pelo menos verdadeira. Uma pelo menos. Ele tem que ajudar a CPI.
O SR. JOSÉ ROBERTO BATOCHIO – Então, quando se fazem mil ao mesmo tempo...
O SR. PRESIDENTE (Romário. Bloco Socialismo e Democracia/PSB - RJ) – Seu cliente não ajuda.
O SR. RANDOLFE RODRIGUES (Bloco Socialismo e Democracia/REDE - AP) – Mas ele está tentando responder. Ele não está é conseguindo, mas tentando ele está.
O SR. JOSÉ ROBERTO BATOCHIO – Não, mas um momento. A minha ponderação é a seguinte: para cada pergunta, uma resposta, por favor. É só isso.
O SR. RANDOLFE RODRIGUES (Bloco Socialismo e Democracia/REDE - AP) – O.k., Dr. José Roberto.
Sr. Del Nero, a Anac e a Polícia Federal acabam de nos informar que o avião era de propriedade da CBF, e os passageiros, segundo a Anac, eram o Sr. José Maria Marin, o Sr. Marco Polo Del Nero e o Sr. Ricardo Teixeira.
O SR. MARCO POLO DEL NERO – Não é verdade.
O SR. RANDOLFE RODRIGUES (Bloco Socialismo e Democracia/REDE - AP) – Não é verdade? A Anac mentiu?
O SR. MARCO POLO DEL NERO – Não é verdade. Eu nunca viajei para Barbados e nunca estive nos Estados Unidos.
O SR. RANDOLFE RODRIGUES (Bloco Socialismo e Democracia/REDE - AP) – A Polícia Federal... Essa informação é da Anac. Acabou de chegar.
O SR. MARCO POLO DEL NERO – Eu nunca estive nos Estados Unidos.
O SR. RANDOLFE RODRIGUES (Bloco Socialismo e Democracia/REDE - AP) – Não, estou falando em Barbados.
O SR. MARCO POLO DEL NERO – Em Barbados. Eu nunca estive em Barbados. Nunca viajei no jato particular, no executivo da CBF...
O SR. MAGNO MALTA (Bloco União e Força/PR - ES) – Não, mas é fácil. É só levantar a data aqui...
O SR. RANDOLFE RODRIGUES (Bloco Socialismo e Democracia/REDE - AP) – Não, já foi levantada.
O SR. MAGNO MALTA (Bloco União e Força/PR - ES) – ...e o senhor levanta na sua vida a data, onde o senhor estava. Pode ser uma data que marque.
O SR. MARCO POLO DEL NERO – Mas eu provo, com certeza.
O SR. MAGNO MALTA (Bloco União e Força/PR - ES) – É o passaporte.
O SR. MARCO POLO DEL NERO – Com certeza, o passaporte. Pronto!
O SR. MAGNO MALTA (Bloco União e Força/PR - ES) – Isso. Então levanta-se a data aqui, e o senhor promete...
O SR. MARCO POLO DEL NERO – Com certeza! Meu passaporte.
O SR. MAGNO MALTA (Bloco União e Força/PR - ES) – O senhor está com o seu passaporte, ou a Justiça o recolheu?
O SR. MARCO POLO DEL NERO – Não, não estou aqui...
O SR. MAGNO MALTA (Bloco União e Força/PR - ES) – Recolheu? O senhor tem ele?
O SR. MARCO POLO DEL NERO – Não, não, eu tenho o meu passaporte, sim.
O SR. MAGNO MALTA (Bloco União e Força/PR - ES) – Então, se não recolheu, nessa data o senhor pode imprimir essa página e mandar à CPI. Pode, Batochio?
O SR. MARCO POLO DEL NERO – Posso. Só a data.
O SR. MAGNO MALTA (Bloco União e Força/PR - ES) – Então, pronto.
O SR. RANDOLFE RODRIGUES (Bloco Socialismo e Democracia/REDE - AP) – Se nós trouxermos a data, o senhor lembra o que fez na data?
O SR. MARCO POLO DEL NERO – Eu mostro o passaporte.
O SR. PRESIDENTE (Romário. Bloco Socialismo e Democracia/PSB - RJ) – Claro que não lembra. Ele não lembra o que aconteceu quatro meses atrás na FIFA? Como é que ele vai lembrar?
O SR. MARCO POLO DEL NERO – Eu passo o passaporte. Eu passo o passaporte.
O SR. RANDOLFE RODRIGUES (Bloco Socialismo e Democracia/REDE - AP) – Eu solicito à Secretaria da CPI trazer a data do voo...
O SR. MARCO POLO DEL NERO – Não viajei para Barbados; nunca viajei em voo comercial.
O SR. RANDOLFE RODRIGUES (Bloco Socialismo e Democracia/REDE - AP) – Eu estou lhe dizendo que é uma informação da Anac. Se a Anac está mentindo, é o primeiro caso na história em que o que foi reportado por um piloto para a Anac foi mentira. Nós vamos ter que montar a CPI da Anac aqui também, daqui a pouco.
O SR. MARCO POLO DEL NERO – Pode montar, mas eu posso informar que não viajei.
O SR. WELLINGTON FAGUNDES (Bloco União e Força/PR - MT) – Mas tem a imigração também, claro.
O SR. MARCO POLO DEL NERO – Tem a imigração, eu tenho meu passaporte.
O SR. GLADSON CAMELI (Bloco Parlamentar Democracia Progressista/PP - AC) – Sr. Presidente, pela ordem.
É fácil para debater esse assunto, esclarecer. O Dr. Marco está dizendo que não esteve em Barbados, e há relatórios da Anac que dizem que ele estava a bordo do avião. É só ele mandar uma cópia com a data do passaporte, com carimbo, e esclarece-se esse fato.
O SR. RANDOLFE RODRIGUES (Bloco Socialismo e Democracia/REDE - AP) – Perfeitamente.
O SR. MARCO POLO DEL NERO – É só esclarecer a data que eu resolvo.
O SR. RANDOLFE RODRIGUES (Bloco Socialismo e Democracia/REDE - AP) – Eu vou passar adiante, enquanto a Secretaria traz a data do voo.
A denúncia da Justiça dos Estados Unidos, Sr. Del Nero, aponta o pagamento de propinas pelas eleições da Copa do Brasil, entre 2015 e 2022. Um dos valores da propina corresponde ao pagamento de US$500 mil da empresa Klefer para um fabricante de iates de luxo, registrado na agência do Banco HSBC em Londres.
O senhor possui alguma embarcação?
O SR. MARCO POLO DEL NERO – Possuo. Embarcação ano 2011.
O SR. RANDOLFE RODRIGUES (Bloco Socialismo e Democracia/REDE - AP) – 2011. E onde está registrada?
O SR. MARCO POLO DEL NERO – Na Capitania dos Portos, não é?
O SR. RANDOLFE RODRIGUES (Bloco Socialismo e Democracia/REDE - AP) – Qual fabricante?
O SR. MARCO POLO DEL NERO – Sunseeker.
O SR. RANDOLFE RODRIGUES (Bloco Socialismo e Democracia/REDE - AP) – Sunseeker.
Como se deu a aquisição e de quem foi comprado esse barco?
O SR. MARCO POLO DEL NERO – É uma lancha que era denominada Rosana 1, ano 2011, que passou para o nome de My Way, e foi vendida a mim por R$1,9 milhão. Eu dei uma embarcação em pagamento por R$1,5 milhão, e dei mais R$400 mil em cheque.
O SR. RANDOLFE RODRIGUES (Bloco Socialismo e Democracia/REDE - AP) – Quem vendeu para o senhor ?
O SR. MARCO POLO DEL NERO – Quem fez a negociação foi a Boats Nautic Center, mas o recibo veio em nome do vendedor, do ex-dono do barco.
O SR. RANDOLFE RODRIGUES (Bloco Socialismo e Democracia/REDE - AP) – Quem era ?
O SR. MARCO POLO DEL NERO – RJM Participações e Empreendimentos.
O SR. RANDOLFE RODRIGUES (Bloco Socialismo e Democracia/REDE - AP) – Pois é, os registros que temos na CPI mostram que esse iate foi vendido pela RJM, que é o vendedor, não para o senhor, mas para Boats Nautic Center.
O SR. MARCO POLO DEL NERO – Sim, acontece que a Boats Nautic Center fez a operação. Quem me passou o recibo foi a RJM. Eu nem conheço essa pessoa.
O SR. RANDOLFE RODRIGUES (Bloco Socialismo e Democracia/REDE - AP) – Sim, é uma pessoa jurídica.
Qual a forma de pagamento?
O SR. MARCO POLO DEL NERO – Nem o dono dessa empresa não conheço. No pagamento, dei uma embarcação, no valor de R$1,5 milhão, mais R$400 mil em cheque.
O SR. RANDOLFE RODRIGUES (Bloco Socialismo e Democracia/REDE - AP) – O senhor conhece a empresa Boats Nautic?
O SR. MARCO POLO DEL NERO – Conheço. Foi a que fez a operação.
O SR. RANDOLFE RODRIGUES (Bloco Socialismo e Democracia/REDE - AP) – O senhor conhece só da relação comercial?
O SR. MARCO POLO DEL NERO – Só da relação comercial.
O SR. RANDOLFE RODRIGUES (Bloco Socialismo e Democracia/REDE - AP) – O Coaf classifica de operação suspeita a informação dada pelo senhor de uma transferência bancária de R$600 mil, feita em seu nome, para empresa NDT Comercial, Importação e Exportação Ltda.
O senhor poderia esclarecer aqui à CPI origem dessa suspeita?
O SR. MARCO POLO DEL NERO – NDT?
O SR. RANDOLFE RODRIGUES (Bloco Socialismo e Democracia/REDE - AP) – N de navio, d de dado, t de tatu; NDT. (Pausa.)
O senhor não se lembra dessa transação comercial?
O SR. MARCO POLO DEL NERO – Quando foi a data?
O SR. RANDOLFE RODRIGUES (Bloco Socialismo e Democracia/REDE - AP) – Foi em 2014.
O SR. MARCO POLO DEL NERO – Não me lembro dessa operação. Eu acho que... Deve estar havendo algum engano aí. Em todo caso...
O SR. RANDOLFE RODRIGUES (Bloco Socialismo e Democracia/REDE - AP) – Mais um engano do Coaf?
O SR. MARCO POLO DEL NERO – Eu preciso examinar; eu não me lembro, eu realmente não me lembro desse detalhe.
O SR. RANDOLFE RODRIGUES (Bloco Socialismo e Democracia/REDE - AP) – O senhor já disse para nós aqui que a Anac está errada, que a Polícia Federal está errada. Agora o senhor está nos dizendo que o Coaf...
O SR. MARCO POLO DEL NERO – Quando eu falo que está errado, está errado.
O SR. PRESIDENTE (Romário. Bloco Socialismo e Democracia/PSB - RJ) – O FBI também.
O SR. RANDOLFE RODRIGUES (Bloco Socialismo e Democracia/REDE - AP) – O FBI também.
O SR. MARCO POLO DEL NERO – Quando eu falo que está errado, está errado. Quando eu não me lembro, eu não me lembro; eu preciso examinar.
O SR. RANDOLFE RODRIGUES (Bloco Socialismo e Democracia/REDE - AP) – Não, eu percebi, mas o que o senhor nos diz dessa informação do Coaf? O senhor não se lembra, está errado?
O SR. MARCO POLO DEL NERO – Não me lembro. R$600 mil, eu não me lembro.
O SR. RANDOLFE RODRIGUES (Bloco Socialismo e Democracia/REDE - AP) – O senhor não se lembra de uma movimentação de R$600 mil?
O SR. MARCO POLO DEL NERO – Não me lembro, não me lembro, não me lembro; realmente não me lembro.
O SR. RANDOLFE RODRIGUES (Bloco Socialismo e Democracia/REDE - AP) – Perfeito.
O senhor sabe que a NDT é uma empresa com endereço de fachada. O senhor não tem essa informação, não?
O SR. MARCO POLO DEL NERO – Não.
O SR. RANDOLFE RODRIGUES (Bloco Socialismo e Democracia/REDE - AP) – Talvez por isso o senhor não se lembre.
Bom, outra operação colocada sob suspeita pelo Coaf indica que o senhor emitiu um cheque de R$900 mil em favor de João do Carmo Mendes.
O senhor sabe dizer do que se trata essa operação financeira?
O SR. MARCO POLO DEL NERO – Acho que foi um apartamento, se não me engano. Foi em 14 isso?
O SR. RANDOLFE RODRIGUES (Bloco Socialismo e Democracia/REDE - AP) – Sim. O Sr. João do Carmo quem é?
O SR. MARCO POLO DEL NERO – Foi o proprietário do meu apartamento.
O SR. RANDOLFE RODRIGUES (Bloco Socialismo e Democracia/REDE - AP) – O Coaf ainda informa que, entre 2013 e 2015, o senhor movimentou um montante de R$27,5 milhões. O senhor acha isso compatível com a sua condição financeira?
O SR. MARCO POLO DEL NERO – Eu acho que sim. A minha declaração de Imposto de Renda está lá; está à disposição.
O SR. RANDOLFE RODRIGUES (Bloco Socialismo e Democracia/REDE - AP) – Esses rendimentos seriam de quê, R$27,5 milhões?
(Intervenção fora do microfone.)
O SR. MARCO POLO DEL NERO – Em 2014? Em 2014? Em 2014?
O SR. RANDOLFE RODRIGUES (Bloco Socialismo e Democracia/REDE - AP) – Entre 2013 e2015.
(Intervenção fora do microfone.)
O SR. MARCO POLO DEL NERO – Não, não tem esse valor, não.
(Intervenção fora do microfone.)
O SR. RANDOLFE RODRIGUES (Bloco Socialismo e Democracia/REDE - AP) – Bom, a informação é do Coaf.
O SR. MARCO POLO DEL NERO – Mas pode ser. O Coaf não pode se enganar?
O SR. PRESIDENTE (Romário. Bloco Socialismo e Democracia/PSB - RJ) – Também está mentindo.
O SR. MARCO POLO DEL NERO – O Coaf não pode se enganar, não pode estar equivocado ?
O SR. RANDOLFE RODRIGUES (Bloco Socialismo e Democracia/REDE - AP) – Não, o senhor já disse que a Anac está errada, o FBI está errado...
O SR. MARCO POLO DEL NERO – Mas eu não tenho esse valor...
O SR. RANDOLFE RODRIGUES (Bloco Socialismo e Democracia/REDE - AP) – [Ininteligível.] está errado também. Não é?
O SR. MARCO POLO DEL NERO – R$27 milhões? Eu não tenho esse valor, não.
O SR. RANDOLFE RODRIGUES (Bloco Socialismo e Democracia/REDE - AP) – Não tem? Então, o Coaf está errado?
O SR. MARCO POLO DEL NERO – Deve estar.
O SR. RANDOLFE RODRIGUES (Bloco Socialismo e Democracia/REDE - AP) – O Coaf está errado. O.k.
O senhor sabe me dizer quanto o senhor pagou pelo apartamento no Les Residences Saint Tropez, adquirido da Srª Lilian Cristina Martins Maia?
O SR. MARCO POLO DEL NERO – Esse apartamento... Sim... Esse apartamento é no Bloco 6, Apartamento 508. O valor – escriturado, porque eu mandei fazer a escritura – é de R$1,6 milhão. O valor venal, em 2015, é de R$1,9 milhão. É um prédio com quatro unidades por andar, que ocupa somente o quadrante de fundos, sem vista frontal para o mar. Ele necessitava de uma reforma e tinha uma penhora.
O SR. RANDOLFE RODRIGUES (Bloco Socialismo e Democracia/REDE - AP) – O.k.
Por que essas informações...
O SR. MARCO POLO DEL NERO – O imóvel estava gravado, em garantia de um processo número tal – eu tenho aqui –, junto à 2ª Vara Cível da Barra da Tijuca. Então, em tese, era um risco adquiri-lo. Mas aceitei o risco. E, logo que eu pude, eu me desfiz dele. Eu não fiquei nem três, quatro meses com ele.
O SR. RANDOLFE RODRIGUES (Bloco Socialismo e Democracia/REDE - AP) – O valor é de R$1,6 milhão.
O SR. MARCO POLO DEL NERO – É.
O SR. RANDOLFE RODRIGUES (Bloco Socialismo e Democracia/REDE - AP) – O senhor não acha abaixo do mercado esse valor?
O SR. MARCO POLO DEL NERO – Se considerar que precisava de reforma, se considerar que estava gravada uma garantia em cima dele, que havia uma hipoteca em cima dele, ou uma garantia judicial, melhor afirmando, sob a promessa de o vendedor pagar, eu acho que está dentro do...
O SR. RANDOLFE RODRIGUES (Bloco Socialismo e Democracia/REDE - AP) – É? Porque o valor de mercado, segundo avaliação da Prefeitura do Rio de Janeiro, é de R$3,3 milhões. E, segundo imobiliárias, o valor de mercado é de R$4 milhões, ou seja, duas vezes o valor pelo qual o senhor comprou.
O SR. MARCO POLO DEL NERO – O que eu posso informar é que isso está sob investigação.
O SR. RANDOLFE RODRIGUES (Bloco Socialismo e Democracia/REDE - AP) – Bom, que está sob investigação nós sabemos.
O SR. MARCO POLO DEL NERO – Fica melhor ainda, não é? Para mim, fica ótimo, porque nós vamos poder mostrar as razões, o porquê do valor um pouco abaixo do mercado. O imóvel estava gravado, com penhora, ou dado em pagamento. Alguma coisa assim.
O SR. RANDOLFE RODRIGUES (Bloco Socialismo e Democracia/REDE - AP) – O senhor declarou, no Imposto de Renda, que pagou, em 2014, a quantia de R$273.334. Esse valor foi pago para quê?
O SR. MARCO POLO DEL NERO – Eu não entendi. Desculpe-me.
O SR. RANDOLFE RODRIGUES (Bloco Socialismo e Democracia/REDE - AP) – Estou fazendo outra pergunta: o senhor declarou no Imposto de Renda que pagou, em 2014, a quantia de R$273.334.
O SR. MARCO POLO DEL NERO – Está indicado lá, não é?
O SR. RANDOLFE RODRIGUES (Bloco Socialismo e Democracia/REDE - AP) – Pois é.
O SR. MARCO POLO DEL NERO – Está indicado. Não me lembro. Não me lembro.
O SR. RANDOLFE RODRIGUES (Bloco Socialismo e Democracia/REDE - AP) – O senhor não se lembra de um pagamento de R$273 mil?
O SR. MARCO POLO DEL NERO – Eu não me lembro. Neste instante, não me lembro.
O SR. RANDOLFE RODRIGUES (Bloco Socialismo e Democracia/REDE - AP) – Pois é. Por isso, eu estou perguntando.
O SR. MARCO POLO DEL NERO – Mas se está aí, por favor, me ajude, porque eu não me lembro.
O SR. RANDOLFE RODRIGUES (Bloco Socialismo e Democracia/REDE - AP) – Não, mas espere lá: é o senhor quem tinha que saber.
O SR. MARCO POLO DEL NERO – Mas como eu vou saber?
O SR. RANDOLFE RODRIGUES (Bloco Socialismo e Democracia/REDE - AP) – Ainda mais um pagamento de R$273 mil... O senhor é quem tinha que ter essa informação. O senhor tinha que nos dar essa informação.
Eu lembro as contas que pago, eu lembro os telefonemas que dou... Os fatos relevantes da minha vida, de movimentação financeira, eu costumo lembrar.
O SR. MARCO POLO DEL NERO – Eu gostaria de ter uma memória igual à sua.
O SR. RANDOLFE RODRIGUES (Bloco Socialismo e Democracia/REDE - AP) – Não, não precisa. Talvez eu não ganhe tanto quanto o senhor. Deve ser por isso.
O SR. MARCO POLO DEL NERO – Talvez, mas, quanto à memória, eu invejo a de V. Exª.
O SR. RANDOLFE RODRIGUES (Bloco Socialismo e Democracia/REDE - AP) – Não precisa, não. A sua é que eu acho que está seletiva.
Bom, o senhor não registrou a aquisição do Apartamento nº 9 no cartório de registro de imóveis, como determina a lei. O senhor sabe informar por quê?
O SR. MARCO POLO DEL NERO – Que imóvel é esse?
O SR. RANDOLFE RODRIGUES (Bloco Socialismo e Democracia/REDE - AP) – O imóvel do qual falamos anteriormente.
O SR. MARCO POLO DEL NERO – Porque eu o vendi em seguida.
O SR. RANDOLFE RODRIGUES (Bloco Socialismo e Democracia/REDE - AP) – Aí o senhor achou por bem não registrar. Mas a lei determina que o senhor registre...
O SR. MARCO POLO DEL NERO – Não, foi feita a escritura pública... e eu não sei se houve o registro, porque você passa isso para o despachante...
O SR. RANDOLFE RODRIGUES (Bloco Socialismo e Democracia/REDE - AP) – O senhor não lembra também se houve o registro...
O SR. MARCO POLO DEL NERO – Não. Escritura pública tinha, porque eu faço com escritura pública e registro no meu Imposto de Renda. A operação está registrada no Imposto de Renda. Se foi feito o registro do imóvel... Existe a escritura e o registro do imóvel. A escritura foi feita e declarada no meu Imposto de Renda. Agora, se foi feito o registro, eu não sei.
O SR. MAGNO MALTA (Bloco União e Força/PR - ES) – Deixe-me fazer uma pergunta ao senhor: diante de tanto registro, de pagamento de R$600 mil, de lancha de R$1 milhão, não sei o quê, qual é a atividade empresarial do senhor? O senhor tem alguma atividade fora do futebol?
O SR. MARCO POLO DEL NERO – Eu sou advogado.
O SR. MAGNO MALTA (Bloco União e Força/PR - ES) – O senhor foi um advogado bem-sucedido?
O SR. MARCO POLO DEL NERO – Fui muito bem-sucedido.
O SR. MAGNO MALTA (Bloco União e Força/PR - ES) – Não, eu não estou duvidando de nada não, porque no Brasil há um que ganhou R$27 milhões só de palestras, em quatro anos. Não estou duvidando de nada.
O SR. MARCO POLO DEL NERO – Eu não tenho 27 milhões, doutor.
O SR. MAGNO MALTA (Bloco União e Força/PR - ES) – Não, eu estou só... Porque a sua movimentação, de acordo com o Coaf, é uma movimentação que passa...
O SR. RANDOLFE RODRIGUES (Bloco Socialismo e Democracia/REDE - AP) – Ele informa que o Coaf está mentindo.
O SR. MAGNO MALTA (Bloco União e Força/PR - ES) – É muito difícil todo mundo estar mentindo, assim, de forma seguida. O senhor tem até o direito constitucional de falar o que o senhor quiser. E é até uma contradição muito séria, porque o nosso ordenamento jurídico é meio esquizofrênico, não é?
Ele é esquizofrênico, porque um cidadão de bem é arrolado como testemunha. Não cometeu crime nenhum, só testemunha. Ele chega na frente do juiz. O juiz: "O senhor jura falar a verdade? Porque, se o senhor mentir, eu o prendo." O cara nem é o criminoso, mas o criminoso pode mentir. E o outro que não é o criminoso, se mentir, vai preso. E a lei diz que o criminoso pode mentir, porque ele não tem obrigação de criar prova contra si mesmo; para mim, o ordenamento jurídico é esquizofrênico.
Agora, um dado errado da Polícia Federal, o senhor vai mostrar no seu passaporte, como eu sugeri – mostra aí que o senhor não não viajou e tal, se equivocaram e tal; o jato era da CBF, tudo bem. O Marin estava dentro, tanto que já botaram a mão nele. Também não sei se ele estava ou não, mas beleza.
Mas todo mundo não dá, não é? Todo mundo não dá. Quando todo mundo está errado, só falta uma coisa na vida: é chover para cima, e aí isso não ajuda ninguém; isso não ajuda ninguém.
Eu acho que, neste momento, além de o senhor não criar prova contra o senhor... O senhor é advogado, nem precisava Batochio falar isso, porque advogado também precisa de advogado, não é? Mas, nem eu que não passei no vestibular já sabia disso também. Então, ninguém precisa ensinar essa parte para ninguém, mas também o senhor precisa fazer alguma coisa que contribua com o senhor, porque quem está no processo investigativo não quer ser chamado de mentiroso. O senhor duvida que o FBI esteja vendo o seu depoimento? O senhor duvida que a Polícia Federal esteja vendo o seu depoimento? Que o Ministério Público Federal... Não, está todo mundo vendo o seu depoimento! Está todo mundo vendo o seu depoimento. Então, não dá para achar que todo mundo é mentiroso.
O senhor pode não ser, pode não ter cometido o crime que estão lhe imputando do tamanho que ele é; agora, tanto nesse bojo, não é possível, que o senhor... Isso só acontece no Palácio do Planalto: "Eu não vi, não sei quem foi. Eu não vi, não estava perto". Porque viu. Sabe. Tem erro? Tem.
Tanto que a Alemanha já sabia tudo o que ia acontecer com a CBF no Brasil. É tanto que deram de 7 a 1. Isso é emblemático: 171. Eles já sabiam; meteram 7 a 1 para dar certo depois. Quer dizer, um placar profético, lá para a frente. Deu no 171.
Agora, o senhor não pode se isentar o tempo inteiro... O senhor está na frente de Senadores, de um processo investigativo, de uma CPI. Ninguém aqui é tolo para dizer: "Eu não fiz, eu não estou, eu não vi, não é bem desse jeito." Porque é um processo investigativo. E essas informações que estão com os Senadores, que estão perguntando ao senhor, não são fruto de imaginação nem do que publicou a revista Veja. É fruto do que foi mandado dessas instituições que estão dentro do processo investigativo.
Quando o Presidente da CPI, Senador Romário, abre e diz que está aqui com o que disse o FBI, esse é o mesmo FBI que prendeu a cúpula da FIFA, que levou o Marin embora; se ele não entrar num acordo, numa delação muito boa, nunca mais ele vai voltar para a Pátria amada aqui; vai ter que ficar por lá mesmo.
Então, o que me intriga é que o processo não é só desta CPI. No final, esse relatório do Senador Romero precisa ter a robustez do tamanho da investigação da Polícia Federal; tem que ter a robustez do tamanho do que disse – não dá para ser menos do que isso – o FBI, porque, lá na frente... O senhor pode até se aliviar neste momento, dizendo que não viu, que não sabe e tal, mas não é o que vai colaborar a seu favor. Ninguém está lhe pedindo delação premiada aqui, mas também não dá para o senhor, o tempo inteiro, dê essas negativas de que não viu, não foi.
No dia das prisões na Suíça, que o senhor veio embora, eu até entendo, porque um momento daquele lá, eu teria esquecido até meu nome. Eu nem saberia mais quem eu era; eu ia sofrer de amnésia para a vida inteira. Eu nem iria lembrar que eu saí do Brasil. E o fato de o senhor ter lavado, certo? Qualquer cidadão no seu lugar em igual oportunidade teria feito a mesma coisa;e voltar, nunca mais.
O senhor quer visitar a Suíça? Nunca mais, nem que a passagem seja de graça. Estou certo? Então, veja, mas... (Risos.)
Não, eu não estou com brincadeira não. Eu estou falando uma coisa séria. Acho que eles ficam sorrindo do meu sotaque; eu sou nordestino, e as pessoas têm esse preconceito conosco, com o nosso sotaque.
Então, veja: nem com passagem paga o senhor volta mais lá.
Então, não dá para o senhor dar essas negativas todo o tempo com valores e tal. Com esse menino aqui, você viu ele falar que ele é colega de vocês, mas ele é um criminalista, é um constitucionalista. Isso sabe tudo, com essa cara de menino; e sabe tudo desse Código doente nosso.
Então, ele não está falando bobagem. Então, isso não colaborará com o relatório do senhor. Certamente, o Senador Romero não pode diminuir uma palavra do que foi posto aqui. O relatório terá a mesma robustez; não colaborará com o senhor.
Aqui não. Aqui não, mas quando esta reunião terminar, e vocês forem para casa, o nobre, excelente, o maioral dos advogados de São Paulo, que é o Batochio, vai dizer que eu estava certo. Até porque isso não está em quatro paredes e aqui, na TV Senado, de baixa audiência. O mundo todo que está nesse processo investigativo está olhando para o senhor.
Então, num eventual aperto em cima do João Havelange, do genro dele, esse menino que é quase inocente... Os presidentes dessas federações do interior do Brasil afora, que mantiveram esse cara no poder tanto tempo só porque o achavam bonito, só porque achavam que ele tinha os olhos azuis, eles votavam nele. Esse processo vai muito a fundo.
Então, penso que o senhor é um homem inteligente, um advogado. O senhor sabe que não pode construir prova contra o senhor. Agora, dar negativa de número: "Eu não sei, desse imóvel aqui eu não me lembrava".
E essa lancha aqui? "Uma lancha?" Isso não é uma canoa. Não estamos falando de uma canoa de tirar areia da beira do rio, não; estamos falando de uma lancha. Então, esse relatório certamente não contribuirá com o senhor.
Eu não estou fazendo nenhuma pergunta porque eu não pertenço a esta CPI e não disponho dos elementos investigativos que estão na CPI. Eu estou tão somente fazendo considerações, com a experiência que sempre tive presidindo grandes CPIs de resultado neste País. Isso não colabora.
Todo mundo que eu vi depor ao meu lado... E olhe que, na CPI do Narcotráfico – eu não estou falando de inocentes, estou falando de feras brabas, de Hildebrando Pascoal e companhia para a frente –, quem tentou usar esse artifício, o final é o final que todos nós conhecemos.
O SR. RANDOLFE RODRIGUES (Bloco Socialismo e Democracia/REDE - AP) – Rapidamente, Presidente, já concluindo.
O SR. PRESIDENTE (Romário. Bloco Socialismo e Democracia/PSB - RJ) – Por favor.
O SR. RANDOLFE RODRIGUES (Bloco Socialismo e Democracia/REDE - AP) – O senhor conhece o Sr. Wagner Abrahão?
O SR. MARCO POLO DEL NERO – Conheço.
O SR. RANDOLFE RODRIGUES (Bloco Socialismo e Democracia/REDE - AP) – O senhor comprou um apartamento da empresa JAT Imóveis, que pertence aos filhos dele?
O SR. MARCO POLO DEL NERO – Comprei.
O SR. RANDOLFE RODRIGUES (Bloco Socialismo e Democracia/REDE - AP) – O senhor sabe me dizer o valor do apartamento?
O SR. MARCO POLO DEL NERO – R$5,2 milhões.
O SR. RANDOLFE RODRIGUES (Bloco Socialismo e Democracia/REDE - AP) – Ainda bem que o senhor se lembra. Há aspectos...
O SR. MARCO POLO DEL NERO – Eu falei do primeiro também.
O SR. RANDOLFE RODRIGUES (Bloco Socialismo e Democracia/REDE - AP) – O senhor sabe que o Sr. Wagner Abrahão é dono do grupo Águia, que é fornecedor da CBF – durante muitos anos foi fornecedor da CBF?
O SR. MARCO POLO DEL NERO – Sim.
O SR. RANDOLFE RODRIGUES (Bloco Socialismo e Democracia/REDE - AP) – O senhor declarou ter pago R$2,82 milhões. Logo em seguida, a empresa JAT Imóveis sacou R$2,85 milhões em espécie, na boca do caixa.
Eu lhe pergunto: houve alguma triangulação aqui, com o Sr. Wagner Abrahão?
O SR. MARCO POLO DEL NERO – Eu sei que eu paguei. O que ele fez com o dinheiro eu não sei. E não foi com o Wagner, não, foi com a JAT.
O SR. RANDOLFE RODRIGUES (Bloco Socialismo e Democracia/REDE - AP) – O senhor não recebeu de volta o dinheiro?
O SR. MARCO POLO DEL NERO – Ah! Em hipótese alguma. Era absurdo, não é, eu receber de volta?
O SR. RANDOLFE RODRIGUES (Bloco Socialismo e Democracia/REDE - AP) – O senhor declarou ter doado, em 2014, a quantia de R$1,14 milhão para Srª Carolina dos Santos Galan. Como e por que foi feita essa doação?
O SR. MARCO POLO DEL NERO – Esse é um problema de que eu não gostaria de falar. Trata-se de uma ex, uma moça com quem eu vivi. É um assunto privado; eu dei esse dinheiro para ela.
O SR. RANDOLFE RODRIGUES (Bloco Socialismo e Democracia/REDE - AP) – Obviamente, nós não queremos...
O SR. MARCO POLO DEL NERO – É quase que uma partilha.
O SR. RANDOLFE RODRIGUES (Bloco Socialismo e Democracia/REDE - AP) – Perfeito. Nós não queremos adentrar ou nos imiscuir na sua vida privada, particular, que diz respeito ao senhor.
O SR. MARCO POLO DEL NERO – Mas foi dado, foi feito, mesmo. Eu tinha que fazer.
O SR. RANDOLFE RODRIGUES (Bloco Socialismo e Democracia/REDE - AP) – Foi feito. O.k.
Mas não consta dos registros bancários nenhuma transferência identificada. Como o senhor fez?
O SR. MARCO POLO DEL NERO – Não, esses R$900 mil do apartamento fazem parte desse valor.
O SR. RANDOLFE RODRIGUES (Bloco Socialismo e Democracia/REDE - AP) – Eu não falei de R$900 mil.
O SR. MARCO POLO DEL NERO – Mas eu estou dizendo para o senhor, eu estou afirmando. O senhor falou de R$900 mil de um apartamento...
O SR. RANDOLFE RODRIGUES (Bloco Socialismo e Democracia/REDE - AP) – Não, mas espere aí: o senhor está falando de R$900 mil dos quais eu não estava falando. O senhor pode me dizer de onde vêm esses R$900 mil?
O SR. MARCO POLO DEL NERO – O senhor me falou agora há pouquinho sobre um apartamento, sobre o nome de uma pessoa a quem eu emiti um cheque de R$900 mil.
O SR. RANDOLFE RODRIGUES (Bloco Socialismo e Democracia/REDE - AP) – Desculpe, repita.
O SR. MARCO POLO DEL NERO – O senhor me falou agora há pouquinho sobre determinada pessoa. O senhor mencionou o nome, eu não me lembro agora novamente.
O SR. RANDOLFE RODRIGUES (Bloco Socialismo e Democracia/REDE - AP) – João do Carmo Mendes?
O SR. MARCO POLO DEL NERO – João do Carmo, é. Eu não sei se é esse, não me lembro do nome dele. Eu sei que eu paguei R$900 mil num apartamento que foi escriturado em favor dela, mas com cheque meu. Quando eu declarei os valores, eu declarei junto esse valor.
O SR. RANDOLFE RODRIGUES (Bloco Socialismo e Democracia/REDE - AP) – Então, deixe-me ver se entendi. Esses R$900 mil têm relação com o R$1,14 milhão?
O SR. MARCO POLO DEL NERO – Foi na separação; faz parte. Desses R$1,14 milhão, os R$900 mil fazem parte.
O SR. RANDOLFE RODRIGUES (Bloco Socialismo e Democracia/REDE - AP) – O senhor declarou que doou, em 2014, R$130 mil a Carolina Oliva Muniz Ferreira. Como e por que foi feita essa doação?
O SR. MARCO POLO DEL NERO – Porque tive uma relação com ela e resolvi presenteá-la com isso.
O SR. RANDOLFE RODRIGUES (Bloco Socialismo e Democracia/REDE - AP) – R$130 mil?
O SR. MARCO POLO DEL NERO – Na verdade, isso faz parte da compra de um carro.
O SR. RANDOLFE RODRIGUES (Bloco Socialismo e Democracia/REDE - AP) – No caso da Carolina do Santos Galan, foi um processo de separação?
O SR. MARCO POLO DEL NERO – De separação.
O SR. RANDOLFE RODRIGUES (Bloco Socialismo e Democracia/REDE - AP) – E no da Carolina de Oliva Muniz Ferreira, foi um presente?
O SR. MARCO POLO DEL NERO – Foi um relacionamento que nós tivemos durante algum tempo...
O SR. RANDOLFE RODRIGUES (Bloco Socialismo e Democracia/REDE - AP) – Não precisa falar detalhes, só... Foi um presente?
O SR. MARCO POLO DEL NERO – Foi um presente.
O SR. RANDOLFE RODRIGUES (Bloco Socialismo e Democracia/REDE - AP) – Só que não constam registros bancários. O senhor passou... Foi pelo banco?
O SR. MARCO POLO DEL NERO – Consta. Cento e trinta mil, declarados no meu Imposto de Renda.
O SR. RANDOLFE RODRIGUES (Bloco Socialismo e Democracia/REDE - AP) – Perfeito.
O SR. MARCO POLO DEL NERO – Está na declaração do Imposto de Renda.
O SR. RANDOLFE RODRIGUES (Bloco Socialismo e Democracia/REDE - AP) – Nós não temos registro bancário. No Imposto de Renda, nós temos; não temos registro bancário. Então, foi em espécie esse dinheiro?
O SR. MARCO POLO DEL NERO – Tinha dinheiro em espécie também.
O SR. RANDOLFE RODRIGUES (Bloco Socialismo e Democracia/REDE - AP) – Essa informação é importante. É uma informação importante que o senhor nos presta.
O SR. MARCO POLO DEL NERO – Está previsto, está no meu Imposto de Renda.
O SR. RANDOLFE RODRIGUES (Bloco Socialismo e Democracia/REDE - AP) – O.k, está no Imposto de Renda.
O SR. MARCO POLO DEL NERO – Tudo está no Imposto de Renda.
O SR. RANDOLFE RODRIGUES (Bloco Socialismo e Democracia/REDE - AP) – Mas o senhor há de convir que não é normal andar com R$130 mil em espécie.
O SR. MARCO POLO DEL NERO – Às vezes, é. Nós tivemos uma fase...
ORADOR NÃO IDENTIFICADO – Senador Randolfe, foi um gesto...
O SR. RANDOLFE RODRIGUES (Bloco Socialismo e Democracia/REDE - AP) – Entendi.
O senhor declarou ainda no Imposto de Renda que doou, em 2014, R$85 mil à Marcia Baldrati Del Nero, que é a sua ex-esposa. Como e por que foi feita essa doação?
O SR. MARCO POLO DEL NERO – Acho que foi um acordo de família. Acordo de família.
O SR. RANDOLFE RODRIGUES (Bloco Socialismo e Democracia/REDE - AP) – Só que também não consta registro bancário. Também foi em espécie?
O SR. MARCO POLO DEL NERO – Provavelmente, sim, mas eu tenho os valores.
O SR. RANDOLFE RODRIGUES (Bloco Socialismo e Democracia/REDE - AP) – É que tem várias movimentações aqui que eu relatei que não tem em registro bancário. O senhor costuma movimentar dinheiro em espécie, então?
O SR. MARCO POLO DEL NERO – Mas o senhor pode examinar o meu Imposto de Renda que...
O SR. RANDOLFE RODRIGUES (Bloco Socialismo e Democracia/REDE - AP) – Não, do Imposto de Renda, Dr. Del Nero, não escapa nada.
O SR. MARCO POLO DEL NERO – O dinheiro... Pode ser feito pagamento em espécie e em cheque, em banco.
O SR. RANDOLFE RODRIGUES (Bloco Socialismo e Democracia/REDE - AP) – Perfeitamente, Dr. Del Nero! E pode ser feito por registro bancário, que é o mais comum e trivial.
O SR. MARCO POLO DEL NERO – É que o real é a moeda circulante, não é?
O SR. RANDOLFE RODRIGUES (Bloco Socialismo e Democracia/REDE - AP) – Claro que é!
O SR. MARCO POLO DEL NERO – Não é proibido.
O SR. RANDOLFE RODRIGUES (Bloco Socialismo e Democracia/REDE - AP) – O que não é comum são movimentações dessa monta, e há três movimentações com pessoas com que o senhor se relacionou em espécie, em que o senhor não utilizou o sistema bancário. O que nos chama, o que nos causa espécie...
O SR. MARCO POLO DEL NERO – Mas não é proibido.
O SR. RANDOLFE RODRIGUES (Bloco Socialismo e Democracia/REDE - AP) – Não, claro que não.
O SR. MARCO POLO DEL NERO – Então!
O SR. RANDOLFE RODRIGUES (Bloco Socialismo e Democracia/REDE - AP) – Só que chama a atenção e é estranho a movimentação ter sido feita em dinheiro em espécie.
O SR. MARCO POLO DEL NERO – Mas tem origem a chegada.
O SR. RANDOLFE RODRIGUES (Bloco Socialismo e Democracia/REDE - AP) – O senhor tem alguma aversão a transferência bancária?
O SR. MARCO POLO DEL NERO – Tem origem a chegada desse dinheiro para mim.
O SR. RANDOLFE RODRIGUES (Bloco Socialismo e Democracia/REDE - AP) – Não, a pergunta que eu lhe faço é a seguinte...
O SR. MARCO POLO DEL NERO – Depois que eu recebo, eu faço o que bem entender dele.
O SR. RANDOLFE RODRIGUES (Bloco Socialismo e Democracia/REDE - AP) – Não, do imposto ninguém escapa, Dr. Del Nero. Ninguém escapa. Tem duas coisas de que ninguém escapa na vida: da morte e dos impostos, principalmente o de renda.
O SR. MAGNO MALTA (Bloco União e Força/PR - ES. Fora do microfone.) – Advogado escapa. (Risos.)
O SR. RANDOLFE RODRIGUES (Bloco Socialismo e Democracia/REDE - AP) – Escapa, né?
Então, eu lhe pergunto, a questão da minha pergunta em relação a isso é a seguinte: o senhor tem alguma aversão a transferência bancária?
O SR. MARCO POLO DEL NERO – Não.
O SR. RANDOLFE RODRIGUES (Bloco Socialismo e Democracia/REDE - AP) – Não?
O SR. MARCO POLO DEL NERO – Nenhuma aversão.
O SR. RANDOLFE RODRIGUES (Bloco Socialismo e Democracia/REDE - AP) – Só que, nesses casos, o senhor resolveu fazer...
O SR. MARCO POLO DEL NERO – Algumas vezes, sim; outras vezes, não.
O SR. RANDOLFE RODRIGUES (Bloco Socialismo e Democracia/REDE - AP) – O.k.
O senhor declarou, ainda, no seu Imposto de Renda, ter doado 1,14 milhão, como já foi dito, para a Srª Carolina Galan, sendo 420 mil em 2013 e 1,14 milhão em 2014. Em seu sigilo bancário não constam operações identificadas equivalentes a esse valor. Então... Mas o senhor já respondeu, foi também em espécie. Todas as transferências em dinheiro, tanto a de 2013 quanto a de 2014, para a Srª Carolina Galan, foram em espécie?
O SR. MARCO POLO DEL NERO – Todas em espécie.
O SR. RANDOLFE RODRIGUES (Bloco Socialismo e Democracia/REDE - AP) – Foi dinheiro vivo?
O SR. MARCO POLO DEL NERO – Moeda corrente nacional parcelada.
O SR. RANDOLFE RODRIGUES (Bloco Socialismo e Democracia/REDE - AP) – Perfeito.
O SR. MARCO POLO DEL NERO – Dentro do exercício.
O SR. RANDOLFE RODRIGUES (Bloco Socialismo e Democracia/REDE - AP) – Perfeito.
Eu concluo, Sr. Presidente, dizendo o seguinte: os últimos três presidentes da CBF – aí incluo o senhor – foram afastados da entidade sob suspeita de corrupção. O senhor pediu afastamento. O senhor considera que a CBF é um terreno fértil para a corrupção?
O SR. MARCO POLO DEL NERO – Não, não considero, não, porque nunca me foi proposto nada e eu nunca aceitaria que alguém propusesse. Eu nunca permitiria que isso ocorresse.
O SR. RANDOLFE RODRIGUES (Bloco Socialismo e Democracia/REDE - AP) – O senhor afirma, então, que não há corrupção na CBF?
O SR. MARCO POLO DEL NERO – Não.
O SR. RANDOLFE RODRIGUES (Bloco Socialismo e Democracia/REDE - AP) – Não tem corrupção na CBF?
O SR. MARCO POLO DEL NERO – Não há corrupção na CBF.
O SR. RANDOLFE RODRIGUES (Bloco Socialismo e Democracia/REDE - AP) – A CBF... E o que aconteceu com o Sr. Ricardo Teixeira e o Sr. José Maria?
O SR. MARCO POLO DEL NERO – A CBF não tem caixa dois, não faz nada errado, paga todos os seus impostos.
O SR. RANDOLFE RODRIGUES (Bloco Socialismo e Democracia/REDE - AP) – E o que aconteceu com o Sr. José Maria Marin? O senhor considera que é um equívoco da Justiça, do FBI?
O SR. MARCO POLO DEL NERO – Eu não sei se... Ele está respondendo por alguma coisa nos Estados Unidos. Eu não sei se aqui, no Brasil, tem alguma coisa contra ele.
O SR. RANDOLFE RODRIGUES (Bloco Socialismo e Democracia/REDE - AP) – Talvez porque lá tenham sido mais espertos do que nós aqui.
O SR. MARCO POLO DEL NERO – Não sei.
O SR. RANDOLFE RODRIGUES (Bloco Socialismo e Democracia/REDE - AP) – Segundo a Procuradora-Geral dos Estados Unidos, ele dirigiu, e uma máfia se apropriou do futebol, em um esquema de corrupção sem precedentes. As palavras não são minhas, são da Procuradora-Geral de Justiça do Estado norte-americano.
O SR. MARCO POLO DEL NERO – É a opinião dela.
O SR. RANDOLFE RODRIGUES (Bloco Socialismo e Democracia/REDE - AP) – Eu lhe pergunto, Sr. Del Nero... O senhor é um presidente licenciado. Eu lhe pergunto, em homenagem a esta CPI, ao Senado e ao povo brasileiro. Eu lhe faço um apelo. Não há dúvidas de que o futebol do nosso País está no fundo do poço. E esse fundo do poço, Presidente Romário, não é por causa dos 7 a 1; é pela sequência de fatos e pelas denúncias que existem em relação à CBF. O senhor não acha que o melhor procedimento de sua parte hoje é renunciar para iniciarmos uma fase nova na história do futebol brasileiro?
O SR. MARCO POLO DEL NERO – É um assunto opinativo de V. Exª, mas eu acho que nós temos que fazer uma reflexão sobre isso. Não é o que eu penso neste momento.
O SR. RANDOLFE RODRIGUES (Bloco Socialismo e Democracia/REDE - AP. Fora do microfone.) – Sem mais perguntas.
O SR. MARCO POLO DEL NERO – Eu só gostaria de esclarecer, mais uma vez, que nunca fui a Barbados, nunca me reuni com o ex-presidente Marin e o Sr. Hawilla juntos, não movimentei 27 milhões de 2014 a 2015, comprei e vendi o apartamento hipotecado e avaliado e com valor venal. Achei que fiz um negócio aparentemente bom, em um momento, mas corri para me desfazer dele, porque fiquei com medo. Depois que fizesse uma reforma, eu poderia perder o apartamento. E aí como eu ficaria? Expliquei a compra da lancha e tenho cópia do cheque.
O SR. PRESIDENTE (Romário. Bloco Socialismo e Democracia/PSB - RJ) – Muito bem.
Passo a palavra agora ao Senador Wellington Fagundes.
O SR. WELLINGTON FAGUNDES (Bloco União e Força/PR - MT) – Sr. Presidente, quero aqui saudar o nosso Presidente Romário, o Relator Romero e o nosso Vice-Presidente Paulo Bauer e, como foi falado aqui também, cumprimentar o nosso ex-companheiro, Deputado, que tem também, como foi dito, uma larga experiência como jurista, mas também uma brilhante atuação nesta Casa, Dr. Batochio, e cumprimentar também o Sr. Marco Polo Del Nero.
Eu tenho algumas perguntas – já estão todas elas prontas –, e o senhor pode responder de acordo com o que entender que fica melhor.
Sr. Marco Polo, há suspeitas de que o senhor teria influenciado os votos das demais federações e dos clubes para a sua eleição a partir de um contrato de patrocínio da Chevrolet com as federações estaduais. Qual foi a sua participação na expansão dos contratos de patrocínio da montadora às federações estaduais?
O SR. MARCO POLO DEL NERO – Todos os dias, já quando Presidente da Federação Paulista de Futebol, que era uma federação muito poderosa, muito grande, todas as federações iam lá e perguntavam: "poxa, me indique um patrocinador, me indique alguém que pudesse..." E a gente, dentro do possível, fala para muita gente, mas não é todo mundo que patrocina.
No caso dessa empresa que o senhor está mencionando, quero afirmar o seguinte: essa empresa também patrocinou pessoas que eram oposição à minha pessoa na candidatura a Presidente da CBF. É o caso do Estado do Rio Grande do Sul, é o caso do Estado de Santa Catarina... Não sei outros, não, mas, com certeza, esses dois foram. Não sei se o Paraná também foi. Não sei. Esses dois, com certeza, eu posso lhe informar. Mas não tem nada a ver.
Não faz muito tempo, não, que eu pedi para a Itaipava, que também patrocina o Campeonato Paulista, que ajudasse as outras federações, porque é voz das federações pedirem para... Se o senhor encontrar um presidente de federação, ele vai pedir para o senhor ajudar. Está aqui o Deputado Góes, que está querendo patrocinador. Se o senhor puder indicar... E todos nós queremos ajudar.
Então, eu conversei com o pessoal da Itaipava. Ele ligou para a Bahia, o único local que tinha interesse, e a Bahia não poderia fazer. E ela não fez. Isso é normal. Você tem a obrigação... Eu tenho a obrigação de ajudar. O senhor não tem, mas eu tenho. Como Presidente da Federação, eu tenho a obrigação de querer ajudar as outras federações.
O SR. WELLINGTON FAGUNDES (Bloco União e Força/PR - MT) – Normalmente, esses patrocínios têm algum agenciamento, empresas que cuidam disso, – como, por exemplo, existe patrocínio na cultura, empresas que fazem a captação? Isso é normal no esporte?
O SR. MARCO POLO DEL NERO – Isso é normal.
O SR. WELLINGTON FAGUNDES (Bloco União e Força/PR - MT) – Isso também faz parte do trivial? Como funciona isso?
O SR. MARCO POLO DEL NERO – Normal. Funciona. Quem traz a empresa recebe uma comissão.
O SR. WELLINGTON FAGUNDES (Bloco União e Força/PR - MT) – Inclusive, também, empresas e até privados, por exemplo, um profissional, um advogado ou outra profissão qualquer. Também isso é normal.
O SR. MARCO POLO DEL NERO – Pode ser.
O SR. WELLINGTON FAGUNDES (Bloco União e Força/PR - MT) – Eu acho que é no sentido de esclarecer.
O SR. MARCO POLO DEL NERO – Eu não vi. Eu não me lembro agora se algum advogado teve essa participação. Creio que não. Mas as pessoas que levam alguma coisa pedem um contrato antes de trazer o patrocinador.
O SR. PRESIDENTE (Romário. Bloco Socialismo e Democracia/PSB - RJ) – Desculpe-me a interferência.
O SR. WELLINGTON FAGUNDES (Bloco União e Força/PR - MT) – Pois não.
O SR. PRESIDENTE (Romário. Bloco Socialismo e Democracia/PSB - RJ) – Nesse caso do contrato com a Chevrolet, quem foi o intermediário?
O SR. MARCO POLO DEL NERO – Foi o Sérgio Gomes.
O SR. PRESIDENTE (Romário. Bloco Socialismo e Democracia/PSB - RJ) – Sérgio Gomes.
Muito obrigado.
Por favor.
O SR. WELLINGTON FAGUNDES (Bloco União e Força/PR - MT) – Nessa linha, isso, normalmente – é claro –, é feito de uma forma profissional.
O SR. MARCO POLO DEL NERO – Profissional
O SR. WELLINGTON FAGUNDES (Bloco União e Força/PR - MT) – As pessoas que vão lá fazem isso...
O SR. MARCO POLO DEL NERO – Sim.
O SR. WELLINGTON FAGUNDES (Bloco União e Força/PR - MT) – ..., recebem o seu honorário, digamos, com toda a documentação da vinculação ou da triangulação, enfim, oficial. É isso?
O SR. MARCO POLO DEL NERO – Sim.
O SR. WELLINGTON FAGUNDES (Bloco União e Força/PR - MT) – Isso é prática normal dentro do futebol?
O SR. MARCO POLO DEL NERO – Prática normal.
O SR. WELLINGTON FAGUNDES (Bloco União e Força/PR - MT) – Quanto ganha um dirigente da CBF? E, também, os dirigentes das federações, normalmente, têm um salário? Como é que funciona isso? As despesas... Como é que funciona?
O SR. MARCO POLO DEL NERO – Algumas federações, sim; outras, não.
O SR. WELLINGTON FAGUNDES (Bloco União e Força/PR - MT) – Vamos falar da CBF, então.
O SR. MARCO POLO DEL NERO – Na CBF, tem salário.
O SR. WELLINGTON FAGUNDES (Bloco União e Força/PR - MT) – Tem salário. E claro, também, todas as despesas de transporte, enfim, tudo isso é de forma...
O SR. MARCO POLO DEL NERO – Sim, sim, todas as despesas.
O SR. WELLINGTON FAGUNDES (Bloco União e Força/PR - MT) – E o salário é público?
O SR. MARCO POLO DEL NERO – Está no meu Imposto de Renda. (Risos.)
O SR. WELLINGTON FAGUNDES (Bloco União e Força/PR - MT) – Está bem. Isso a CPI pode procurar. É claro que o senhor não tem a obrigação, aqui, de estar colocando. Acho que não, não é? Mas aí o Presidente pode, depois, até questionar em relação ao poder da CPI.
Em reportagem publicada no início deste mês, o jornalista Rodrigo Mattos teceu comentários acerca do documento do Departamento de Justiça dos Estados Unidos – que já foi abordado aqui, inclusive, antes – que tornou público o indiciamento de 16 dirigentes ligados à FIFA, entre eles... O seu nome também é indicado e o senhor até já abordou esse assunto aqui.
Eu gostaria que o senhor aqui nos falasse qual o valor oficial pelo qual eram vendidos os direitos de transmissão da Copa do Brasil e quanto era repassado aos clubes participantes da competição ou alguma outra captação de patrocínio.
O SR. MARCO POLO DEL NERO – Eu não tenho o contrato neste momento aqui. Qualquer coisa que eu falaria para V. Exª estaria equivocada.
O SR. WELLINGTON FAGUNDES (Bloco União e Força/PR - MT) – Certo.
O SR. MARCO POLO DEL NERO – Mas esses contratos que foram mencionados, tão logo houve a prisão do pessoal, dos presidentes na Suíça, tão logo isso ocorreu – e foi mencionado –, os contratos da Copa do Brasil e da Nike, imediatamente, a CBF, reunida com o Presidente e o Departamento Jurídico, entendeu que deveriam ser encaminhados à Polícia Federal, ao Ministério Público Federal. Então, esses contratos foram enviados a essas autoridades públicas.
O SR. WELLINGTON FAGUNDES (Bloco União e Força/PR - MT) – Aqui, foi até abordado também que V. Exª pediu licença da CBF tão logo isso aí foi apontado. Eu até quero dizer que é elogiável, porque tivemos aqui, inclusive, o exemplo do Ministro Hargreaves – ele fez o mesmo –, e tão logo tudo foi esclarecido, ele voltou até fortalecido dentro do próprio Ministério, da Casa Civil, à época.
Aqui, o Sr. Marcus Vicente, em recente artigo assinado pelo... Aqui, na Folha de S.Paulo, ele diz:
Não se troca governo, não se exorcizam os fantasmas do esporte nem se concertam as mazelas de gestões infelizes atropelando lei e ritos. Agir assim é ilegal e ilegítimo, tanto na política quanto no futebol. Fora das regras, tudo é jogo sujo.
Levando em consideração as prisões denunciadas e as investigações de dirigentes da CBF em curso, tanto em nível nacional quanto internacional, o senhor consegue identificar algum erro nas gestões anteriores? E quais os planos para a sua gestão? Vou partir do princípio da sua inocência depois de tudo julgado. O senhor pediu licença. Licença é um ato de afastamento. O senhor pretende voltar para a CBF?
O SR. MARCO POLO DEL NERO – Pretendo provar a minha inocência e voltar.
O SR. WELLINGTON FAGUNDES (Bloco União e Força/PR - MT) – O senhor pretende voltar. Voltando...
Esta CPI tem o objetivo de investigar, mas também tem o objetivo de contribuir para a melhoria do futebol brasileiro.
Voltando a assumir a CBF, quais são os seus planos para melhorar aquilo que o senhor entende que foi errado e que precisa ser aperfeiçoado?
Nós gostaríamos, inclusive como fizemos aqui com outros dirigentes das federações, que V. Sª falasse, se tiver um planejamento, porque todo o Brasil espera isso. Nós queremos elucidar, queremos resolver, mas queremos contribuir também para a melhoria do futebol. Nós gostaríamos que V. Sª mandasse para a Comissão aquilo que a CBF pretende fazer – inclusive poderemos incluir as propostas no relatório final – em termos de sugestões, de melhoria da legislação. O senhor poderia abordar esse aspecto? Como o senhor vê isso?
O SR. MARCO POLO DEL NERO – Na minha fala inicial, eu disse o que eu pretendo fazer, o que nós estamos pretendendo fazer na CBF.
Na gestão, a transparência e a ética são fundamentais. Por isso, nós contratamos a empresa Ernst & Young, que fez um trabalho muito grande e conheceu a CBF profundamente. Ela está entregando esse trabalho para nós, e tudo que está lá, muito certamente, será colocado em prática.
O SR. WELLINGTON FAGUNDES (Bloco União e Força/PR - MT) – Mas quando eles vão terminar esse trabalho?
O SR. MARCO POLO DEL NERO – Tenho a impressão de que terminará agora, no final do ano.
O SR. WELLINGTON FAGUNDES (Bloco União e Força/PR - MT) – Não é muito tempo, não é?
O SR. MARCO POLO DEL NERO – Não, não, não.
O SR. WELLINGTON FAGUNDES (Bloco União e Força/PR - MT) – Está bem.
O SR. MARCO POLO DEL NERO – Eles estão lá desde abril. Desde que eu entrei eles estão trabalhando. Então, logo que concluírem, nós vamos colocar em prática. Muitas delas nós já colocamos em prática. Uma delas, por exemplo, refere-se à reeleição. Tudo que eles vão falando nós vamos captando e fazendo. Código de Ética, já colocamos no estatuto da entidade. Há coisas que já vamos colocando em prática.
O SR. WELLINGTON FAGUNDES (Bloco União e Força/PR - MT) – Nessa linha, como nós já estamos... Como a maioria já falou, já o inquiriu, como o senhor se sente neste momento? Está valendo a pena vir à CPI? A sua apreensão era apenas de que esta CPI tivesse a preocupação de inquiri-lo para investigação ou V. Sª entende que é possível aproximar-se mais do Parlamento, inclusive da própria CPI, para promover a melhoria do futebol?
O SR. MARCO POLO DEL NERO – Eu tenho pelo nosso Congresso o mais alto respeito. Sou advogado e sei o quanto é importante um Congresso vivo, trabalhador. Então, eu venho aqui com muita honra e com muita satisfação para poder contribuir com alguma coisa. Modestamente, quero contribuir. A gente fala alguma coisa, e, certamente, os senhores vão avaliar e vão acrescentar algo àquilo que estou fazendo. Mas é uma honra muito grande estar aqui com os senhores.
O SR. WELLINGTON FAGUNDES (Bloco União e Força/PR - MT) – A harmonia entre V. Sª e o Vice-Presidente, que hoje está como Presidente interino, é total?
O SR. MARCO POLO DEL NERO – Perfeita. Eu que indiquei o nome dele. Poderia ter feito a indicação de outras pessoas, mas indiquei o nome dele.
O SR. WELLINGTON FAGUNDES (Bloco União e Força/PR - MT) – Apesar de ter mais algumas perguntas, quero dizer, pela minha experiência como Deputado Federal, que nós já tivemos aqui, no passado, a CPI da CBF.
O SR. MARCO POLO DEL NERO – Da Nike.
O SR. WELLINGTON FAGUNDES (Bloco União e Força/PR - MT) – Exatamente. Mas havia o envolvimento da CBF. Àquela época, a CBF, inclusive, montou uma estrutura aqui. E é normal toda instituição ter aqui a relação parlamentar, contando com funcionários para acompanharem os trabalhos. Por que V. Sª entende que isso foi abandonado?
O SR. MARCO POLO DEL NERO – Não. Não foi abandonado. Desculpe-me. Nós temos aqui uma subsede e um diretor de assuntos parlamentares no Congresso, que é o Dr. Vandenberg, que está presente aqui. Nós nunca deixamos de acompanhar a legislação, de nos aproximar para ver o que acontece. Os projetos dos Deputados, aqueles que nós pudermos apresentar, nós trazermos, não só para os Deputados mais próximos, mas, de uma forma geral, a gente, às vezes, "estarta" para todos.
O SR. WELLINGTON FAGUNDES (Bloco União e Força/PR - MT) – Em relação à Lei Geral da Copa, o senhor entende que a CBF acompanhou pari passu o que nós votamos aqui? Quais foram os erros e o que poderia ter sido melhorado, inclusive em relação àquilo que foi o pós-Copa? Hoje, a população cobra muito de todos nós. Qual o legado que ficou com a Copa do Mundo?
O SR. MARCO POLO DEL NERO – Nós...
O SR. WELLINGTON FAGUNDES (Bloco União e Força/PR - MT) – Só vou concluir.
Fora o sete a um, que foi o trauma maior... Eu me lembro bem que muitos diziam que o Brasil já tinha comprado e que o Brasil ia ganhar e que aquele seria o resultado da eleição, inclusive, presidencial. Eu apoiava a Presidente Dilma, como apoio até hoje. Fazemos parte da Base. Acho que cada um paga pelo seu erro. Mas, naquele momento, todos nós íamos para as praças públicas, principalmente nos grandes centros que foram montados nas capitais, e tínhamos também convicção, como eleitor brasileiro, que queríamos que o Brasil ganhasse. Eu me lembro de que, quando cheguei a um grande centro em Cuiabá...
Como era o nome dos centros onde ficavam os telões, da praça onde havia os shows?
O SR. PRESIDENTE (Romário. Bloco Socialismo e Democracia/PSB - RJ) – Fun Fest.
O SR. WELLINGTON FAGUNDES (Bloco União e Força/PR - MT) – Fun Fest.
Lá, nós estávamos, com meu candidato a Governador, toda a equipe... Na hora que foi um a zero, dois a zero, eu já estava saindo. Meu filho já me ligou: "pelo amor de Deus, pai, o que o senhor está fazendo aí?" Esse, na verdade, foi um resultado que ninguém tinha como conduzir. É claro que nós não queríamos o sete a um.
Mas, nesse aspecto, a população nos cobra, por exemplo, os estádios. Nós já discutimos com o Presidente da Federação, por exemplo, de Rondônia. O que eles mais querem é um estádio lá. Por outro lado, naqueles estádios que foram construídos, existe a crítica de que são os "elefantes brancos". A CBF tem algum planejamento? Até agora, o que a CBF fez para o pós-Copa?
Também há os centros de treinamento. Não sei quantos centros ficaram de obrigação de a CBF construir nas cidades que não foram contempladas como subsedes. Como está isso? A CBF tem um recurso suficiente para a construção desses centros, que foi o compromisso? A CBF tem o planejamento para fazer o desenvolvimento desses centros, para melhorar o esporte do interior?
O SR. MARCO POLO DEL NERO – Ilustre Senador, nós temos que lembrar... A memória da vitória, o prazer da vitória passa rapidamente. A derrota fica amarga, às vezes eternamente. Em 2013, na Copa das Confederações, o Brasil entrou desacreditado e disputou a final contra uma Espanha que era campeã do mundo. Eu me lembro muito bem de que um dirigente da FIFA, antes do jogo, me olhou e falou: "Olha, hoje vai ser quatro a zero para a Espanha". Ele não era espanhol, não; era francês. "Vai ser quatro a zero para a Espanha". E nós fomos campeões da Copa das Confederações. Eu talvez até possa dizer que isso tenha sido um erro, daí para a frente, do grande técnico, do espetacular técnico Scolari, porque ele ficou com essa vitória de um ano pensando que os mesmos jogadores, um ano depois, poderiam dar conta. E o jogador de futebol é de temporadas. No primeiro semestre, ele joga muito bem; no segundo semestre, ele não está bem; dois anos seguidos, ele vai muito bem; dois anos depois, ele passa várias temporadas sem jogar bem.
O SR. WELLINGTON FAGUNDES (Bloco União e Força/PR - MT) – Só o Romário, que foi craque muito tempo e continua craque aqui, na CPI.
O SR. MARCO POLO DEL NERO – Mas os fora de série são os fora de série, e nós temos que respeitar sempre. Nós temos o Neymar também, fora de série, o próprio Ronaldo, e outros tantos jogadores que são fora de série, mas que também tiveram uma fase, às vezes momentânea, muito pequena, não boa.
Eu acredito que o Felipe Scolari, que é um grande técnico, um homem de bem, que merece o maior respeito, ficou com o mesmo time da vitória da Copa das Confederações, e isso fez com que nós não tivéssemos, na Copa do Mundo, os melhores jogadores do mundo, creio eu, os melhores preparados para a Copa, porque um jogador só não ganha. Nós temos que ter um conjunto de jogadores para ganhar uma competição. Eu acho que esse foi o grande erro do grande técnico Felipe Scolari na época e a razão de a gente não ter ganhado essa Copa do Mundo.
Com relação ao legado, como eu lhe falei, muita coisa boa ficou. Nós percebemos que, nos estádios novos, o público faz questão de participar. O clube sente aquilo como se fosse o país dele, num estádio novo. Ele sente uma felicidade muito grande. Nós temos tido públicos espetaculares em São Paulo na Arena Corinthians e na Arena Palmeiras. O Corinthians nem tanto, porque ele sempre teve grande presença de público até no Pacaembu, porque ele sentia que aquela era a sua casa também. Mas na Arena do Corinthians, lá em Itaquera, o público é presente. São 40 mil pessoas presentes em todos os jogos. E isso tem acontecido também com a arena nova construída pelo Palmeiras. Menor, mas são 38, 39 mil pessoas presentes. E em outros Estados também ocorre da mesma forma.
É evidente que o legado tinha que deixar outras coisas. E deixou. Sei que o aeroporto de São Paulo foi melhorado, outros aeroportos foram melhorados, vias de acesso foram construídas... Enfim, muita coisa boa ficou. Talvez devessem ficar muito mais. Mas foi o que pôde ser feito naquela oportunidade.
O SR. WELLINGTON FAGUNDES (Bloco União e Força/PR - MT) – Mas o senhor não colocou... Qual a responsabilidade, como é que o senhor sente que a CBF tem a responsabilidade com esse pós-Copa, em relação à organização do futebol e, principalmente, ao apoio aos Estados menores, como é o caso do Estado de Mato Grosso e de outros Estados em que, infelizmente, o nosso futebol praticamente está acabado.
Aliás, tivemos lá agora o Lucas do Rio Verde, enfim, mas...
O SR. MARCO POLO DEL NERO – Excelentíssimo Senador, outrora nos campeonatos, em qualquer competição...
O SR. WELLINGTON FAGUNDES (Bloco União e Força/PR - MT) – É o Luverdense, para não ficar...
O SR. MARCO POLO DEL NERO – Em qualquer competição estadual...Vamos dar um exemplo de São Paulo. Não se permitia sair de São Paulo para fazer a mando do Corinthians, do São Paulo, do Palmeiras ou do Santos lá no estádio de Curitiba e em qualquer outro local. Não se permitia. Da mesma forma, os clubes grandes do Rio de Janeiro não permitiam isso.
Com a presença, com a criação desses novos estádios, não teve como o presidente da Federação não conversar com os clubes e mostrar a eles que havia necessidade de ajudar esse Brasil maior.
Então, esses clubes, nós autorizamos, a Federação carioca e a Federação de São Paulo começaram a autorizar esses clubes a viajarem para esses outros Estados. Antes, não havia isso. Era muito raramente; agora, costumeiramente.
E, depois disso, depois que começou a realização de grandes partidas fora do Estado, começou também uma reclamação dos clubes, que nós corrigimos em 2015, qual seja... Vamos dar um exemplo: o Oeste, de São Paulo. É um clube pequeno e que teria que jogar no Estado de São Paulo ou na sua cidade. Então, o empresário contratava o Oeste ou ele sabia que a praça de Manaus, que é uma grande praça, daria um público espetacular. Então, ele levava o Flamengo para jogar em Manaus... Evidentemente, as passagens eram pagas, mas isso acarretava para os clubes grandes um grande problema de deslocamento, de cansaço para os seus jogadores, etc.
Então, nós fomos obrigados a colocar na competição, no Regulamento Geral de Competições de 2015, e isso aconteceu, que é possível fazer isso, mas teria de haver a concordância dos clubes.
Por quê? Porque o clube vai – o Flamengo, o Vasco, o São Paulo, o Corinthians, o Palmeiras, todos podem ir –, desde que haja um acordo. É necessário dividir o dinheiro para os clubes. Isso está ocorrendo, e agora já acarretou outros problemas.
Então, nós vamos, aos poucos, procurando resolver essas questões. A primeira eu entendi como ótima. A segunda foi em defesa até dos próprios clubes grandes, porque eles reclamam hoje, mas nós temos que fazer alguma coisa, nós temos que discutir.
Então, a CBF cria grupos de trabalho envolvendo os clubes. Hoje, existe um comitê, uma Comissão Nacional de Clubes – nunca existiu isso – dentro da CBF, que discute esses assuntos e que trazem para nós, administradores, o melhor caminho. E nós analisamos e realizamos.
O SR. WELLINGTON FAGUNDES (Bloco União e Força/PR - MT) – A mudança do estatuto da CBF agora não pode ter mais a permanência ad aeternum dos presidentes, dos dirigentes.
O SR. MARCO POLO DEL NERO – Fui eu que fiz, Senador. Foi no meu mandato, a partir de 15 de abril. Eu acho que fiz uma assembleia em maio, fazendo com que fosse permitida uma só reeleição.
O SR. WELLINGTON FAGUNDES (Bloco União e Força/PR - MT) – O que o motivou a fazer isso? Foi experiência mal...
O SR. MARCO POLO DEL NERO – Eu entendi que havia necessidade de fazer isso, uma vez que haveria uma maior alternância de pessoas no poder, na administração.
E sugerimos também...
O SR. WELLINGTON FAGUNDES (Bloco União e Força/PR - MT) – Aqui a gente está discutindo a questão da reeleição, porque vocês decidiram de forma semelhante à das administrações públicas: de quatro em quatro anos só uma reeleição.
O SR. MARCO POLO DEL NERO – Recomendamos também isso às federações. Nós não podemos determinar que a federação o faça, mas nós recomendamos isso – e muitas estão se preparando para fazê-lo.
O SR. WELLINGTON FAGUNDES (Bloco União e Força/PR - MT) – Mas é bom dizer que realmente, nobre Relator, essa é uma prática que nós temos de procurar abolir. Eu, inclusive, fiz um projeto de lei no sentido de não permitir que haja mais reeleições em todas as entidades, mas ele foi tido como inconstitucional.
Então, é angustiante quando a gente vê algumas entidades, inclusive federações... E esse é o questionamento que eu estou estudando, exatamente porque recebem dinheiro público indiretamente, e fica lá o presidente por 20, 30 anos. Isso não é saudável em nenhuma instituição.
Mas eu quero aqui só fazer uma última pergunta: o jornalista Juca Kfouri, que esteve aqui na CPI, comentou no blogue dele a prisão de Raymond Whelan, diretor da Match Services, empresa licenciada pela FIFA para a venda de ingressos da Copa do Mundo ocorrida em julho de 2014. Afirmou que o esquema de câmbio negro na venda de ingressos funciona, no mínimo, desde a Copa da França, em 1998, e que possui ramificações nos "terceirizados" da CBF, expressão que utilizou entre aspas; ou seja, como se aquilo fosse um acordo entre os dirigentes da CBF, definindo as pessoas para fazer isso.
O senhor pode explicar o procedimento adotado para a venda de ingressos, informando sobre as ramificações desses tidos terceirizados da CBF, e se existe isso?
O SR. MARCO POLO DEL NERO – O senhor vê que essa pessoa que foi detida pertencia a uma empresa Match, que era a vendedora dos bilhetes. E essa empresa Match é que detinha os direitos de vender os bilhetes da Copa do Mundo; ninguém mais. Se ela terceirizou, eu não sei. Não conheço a adminsitração da empresa.
O SR. WELLINGTON FAGUNDES (Bloco União e Força/PR - MT) – Mas o senhor tem conhecimento se isso foi fiscalizado por parte da CBF, se foi feita auditoria?
O SR. MARCO POLO DEL NERO – Foi. Não houve nada disso. A CBF não teve nenhum envolvimento com isso, zero de envolvimento.
O SR. WELLINGTON FAGUNDES (Bloco União e Força/PR - MT) – Certo.
Só para contribuição. Eu também tenho aqui uma preocupação, principalmente nós que somos do interior. Queremos ver o esporte funcionando lá, enfim, os clubes também tendo... Como há 20, 30 anos, havia clubes com mais força. Mas, a cada ano que passa, vê-se uma concentração maior.
Eu gostaria de indagar: isso é em função do nosso sistema de retransmissão? Porque a TV aberta tem uma força muito grande no Brasil. Isso faz com que essa influência acabe ficando só nos grandes, ou haveria uma melhor forma de contribuir para uma melhor sobrevivência desses times do interior, dos campeonatos regionais?
Enfim, como seriam as seleções estaduais, como havia antigamente?
Aqui, sugeri também a possibilidade, inclusive, da criação de um fundo – e aí eu gostaria que a CBF também pudesse contribuir com isso, com ideias – que a gente pudesse captar de todos para ser distribuído para aqueles Estados que mais necessitam.
Há inclusive essa questão da formação de ligas. O senhor vê isso como positivo também? Os times que se juntam e formam ligas? Como o senhor vê isso?
O SR. MARCO POLO DEL NERO – Nós damos muito apoio à Copa do Nordeste. A Copa do Nordeste tem uma diretoria; não é uma liga. Tem uma diretoria, uma forma de liga, que é a parte comercial. Toda parte organizacional pertence à Confederação Brasileira de Futebol, tanto que ela participa do nosso calendário.
Não faz muito tempo, entendi que nós temos de fazer competições para o Brasil inteiro, porque só dá o Sul, o Sul e o Sudeste. Então, nós temos de fazer para o Brasil inteiro. Como? Fortalecendo a Copa do Nordeste. Ela está fortalecida, está realizada, vai muito bem, obrigado. Daí nós criamos a Copa Verde, até um nome que eu sugeri. E o marketing gostou do nome, Copa Verde. Envolve toda a Região Norte e Centro-Oeste. Até o seu Estado também está na Copa Verde. Foi feito o segundo ano, vai para o terceiro ano. Está crescendo, mas tem muita coisa para fazer, Senador.
Posso dizer ao senhor que sinto vontade de fazer muita coisa por este País ainda.
Acho que, nesta Copa do Brasil, temos de fazer uma Pré-Copa do Brasil, para dar vida. Essa Copa do Brasil, só para explicar para o senhor, é dos clubes de cada Estado. São representados no campeonato estadual e indicam alguém para a Copa do Brasil. Mas vão disputar essa Copa do Brasil, na primeira fase, jogam um jogo, são desclassificados, e morre o sonho. E também os jogadores não são mais empregados; ficam desempregados.
Então, temos de fazer uma Pré-Copa do Brasil – mormente no Nordeste, no Norte, mais no Norte, mas também no Centro-Oeste, em várias regiões que têm dificuldades. Haveria um espaço de seis, sete meses, disputando o futebol para se classificarem para a Copa do Brasil. E daí, evidentemente, os clubes seriam remunerados para pagar seus... As contas seriam pagas, como são pagas as contas nas Séries "C" e "D" do Campeonato Brasileiro. A CBF paga tudo; só não paga o salário do jogador. Isso é muito importante.
O SR. WELLINGTON FAGUNDES (Bloco União e Força/PR - MT) – Sr. Presidente, dou-me por satisfeito.
O SR. PRESIDENTE (Romário. Bloco Socialismo e Democracia/PSB - RJ) – Muito obrigado, Senador.
Antes de passar a palavra ao Senador Paulo Bauer, gostaria só de fazer a comunicação de que o aliado do Presidente, o Coronel Nunes, do Pará, acaba de ser reeleito. Dos 55 votos possíveis, ele obteve 44. O golpe da CBF foi dado.
A pergunta que eu tenho para fazer ao senhor é a seguinte: Sr. Marco Polo Del Nero, o senhor vai sair agora da CBF?
O SR. MARCO POLO DEL NERO – Não. Estou de licença. Vou responder a esses problemas que nós temos. Tão logo eu demonstre a minha inocência, eu volto.
O SR. PRESIDENTE (Romário. Bloco Socialismo e Democracia/PSB - RJ) – E o senhor não vai renunciar?
O SR. MARCO POLO DEL NERO – Não vou renunciar.
O SR. PRESIDENTE (Romário. Bloco Socialismo e Democracia/PSB - RJ) – Então, qual é o motivo de colocar o Coronel Nunes, do Pará, como um vice de mais idade, já que existia, dentro do curso natural da CBF...?
O SR. MARCO POLO DEL NERO – Não foi escolha minha. Eu chamo aqui o testemunho do nobre Deputado Góes, Presidente da Federação do Amapá, que estava presente. Foi uma escolha...Como ele representa mais a região...
O SR. PRESIDENTE (Romário. Bloco Socialismo e Democracia/PSB - RJ) – Do Nordeste.
O SR. MARCO POLO DEL NERO – A Região Norte...
O SR. PRESIDENTE (Romário. Bloco Socialismo e Democracia/PSB - RJ) – E o Marin era do Sudeste.
O SR. MARCO POLO DEL NERO – Do Sudeste.
O SR. PRESIDENTE (Romário. Bloco Socialismo e Democracia/PSB - RJ) – Pertinho.
O SR. MARCO POLO DEL NERO – Rio de Janeiro, São Paulo, Minas, Espírito Santo...
O SR. PRESIDENTE (Romário. Bloco Socialismo e Democracia/PSB - RJ) – Hoje não têm um representante.
O SR. MARCO POLO DEL NERO – Eles é que indicaram essa pessoa. Não foi o Presidente da CBF que determinou. Foi em um reunião aberta, como estamos aqui, que foi decidido.
O SR. PRESIDENTE (Romário. Bloco Socialismo e Democracia/PSB - RJ) – Preidente, o senhor pode contar isso para eles; para mim, não.
O SR. MARCO POLO DEL NERO – Democraticamente – desculpe-me, só para concluir, Senador –, os clubes opinaram. "Reinaldo Bastos, você quer ser candidato a Presidente?" "Não"; "Rubens Lopes, quer ser candidato a Presidente?" "Não". E os outros que também foram convidados não aceitaram.
Quem vocês indicam? Indicamos o Coronel Nunes, Presidente da Federação do Pará. E assim foi feito, democraticamente, dentro de um processo eleitoral, normal, aprovado pela Justiça agora.
O SR. PRESIDENTE (Romário. Bloco Socialismo e Democracia/PSB - RJ) – Exatamente. Democrático, como sempre foi a CBF, principalmente na sua gestão.
Passo aqui a palavra ao Senador Paulo Bauer.
O SR. PAULO BAUER (Bloco Oposição/PSDB - SC) – Obrigado, Sr. Presidente.
Quero aqui, inicialmente, registrar que uma das informações – se assim podemos dizer – oferecidas pelo presidente licenciado da CBF foi de que tudo na CBF foi registrado. Quero dizer a V. Sª que não tenho nenhuma dúvida disso.
Na verdade, a contabilidade da CBF deve registrar tudo. Agora, o que nós questionamos e o que nós estamos procurando identificar não são os registros que efetivamente existem na CBF. Nós precisamos identificar os negócios que são feitos a partir desses registros no entorno da CBF, conforme denunciado pelo FBI, conforme várias vezes denunciado por jornalistas especializados e inclusive denunciado por pessoas envolvidas.
A propósito, já que a contabilidade registra tudo, eu queria consultar V. Sª a respeito do seguinte fato: a CBF comprou a sede onde se encontra instalada por cerca de R$70 milhões, e a CBF gastou para reformar esta sede R$23 milhões. O senhor teve alguma participação na decisão das obras que foram feitas, como vice-presidente? O senhor pode me dar alguma informação a respeito da razão que levou a CBF a ter esse volume de despesas para reformar um edifício, uma instalação comprada para sua instalação?
O SR. MARCO POLO DEL NERO – A CBF tinha uma sede alugada, pagava entre R$100 e R$150 mil por mês, não sei exatamente quanto. O Presidente Marin entendeu de comprar uma sede para a CBF. Ele criou uma comissão de compras. Eu não participava dessa comissão de compras, mas alguns presidentes de federações participavam, inclusive o de Santa Catarina.
Esses homens administraram a negociação da compra, ou – posso estar enganado – existia a comissão de compras, compra do imóvel, e a comissão de obras; ou as duas eram a mesma coisa – não tenho bem certeza. Mas havia uma comissão com membros de vários Estados para a compra do imóvel e, provavelmente, para as obras.
O SR. PAULO BAUER (Bloco Oposição/PSDB - SC) – O senhor entende que R$23 milhões de reforma, numa obra que custou R$70 milhões, é um investimento que se justifica?
O SR. MARCO POLO DEL NERO – Se o senhor conhecer a sede da CBF...
O SR. PAULO BAUER (Bloco Oposição/PSDB - SC) – Não tive essa oportunidade.
O SR. MARCO POLO DEL NERO – O senhor está convidado a comparecer, juntamente com os demais Senadores. É uma honra muito grande. É uma sede muito bonita, à altura do futebol brasileiro.
Lá dentro foi criado um museu da história do futebol brasileiro, que é algo espetacular.
Hoje, são 9 mil metros quadrados de área construída. É alguma coisa espetacular. O museu tem mostrado a grandeza do futebol brasileiro, registrado para o mundo a grandeza do futebol brasileiro.
É evidente que essa comissão trabalhou e fez todo o seu papel. Agora, perguntei há pouco tempo para o departamento jurídico, em razão dessas notícias... E falou o departamento jurídico que era o presidente da comissão... "Nós fizemos três avaliações no mercado, todas acima de R$70 milhões." O imposto predial veio com valor de R$71 milhões. O valor venal do imóvel veio com o valor de R$71 milhões.
Então, foram feitas avaliações. Tenho certeza absoluta de que são pessoas de bem, que trabalharam em favor do futebol e fizeram o melhor.
Infelizmente, eu não participei em detalhes das obras.
O SR. PAULO BAUER (Bloco Oposição/PSDB - SC) – Esta é exatamente a questão: se o mercado avalia um imóvel em R$70 milhões, por ele você paga R$70 milhões e o reforma por R$23 milhões, isso significa que o imóvel estava completamente danificado, sem condições de uso, ou se gastou mais dinheiro em cima. Mas a questão não é...
O SR. MARCO POLO DEL NERO – Não, desculpe. Eu posso esclarecer. Quando foram feitas avaliações, era no estado em que se encontrava o prédio.
O SR. PAULO BAUER (Bloco Oposição/PSDB - SC) – Pois não.
O SR. MARCO POLO DEL NERO – Hoje, esse prédio, com essa melhora que foi feita, deve valer pelo menos R$200 milhões.
O SR. PAULO BAUER (Bloco Oposição/PSDB - SC) – Pois não.
O SR. MARCO POLO DEL NERO – Pelo menos, porque eram 4,5 mil metros ou 5 mil metros. Não tenho exatamente quanto, mas quase dobrou a metragem com a reforma, e hoje é um prédio espetacular, à altura do nosso futebol.
O SR. PAULO BAUER (Bloco Oposição/PSDB - SC) – A outra pergunta é: qual é a sua relação com o Sr. José Margulies, também conhecido como José Lázaro?
O SR. MARCO POLO DEL NERO – Zero. Só o conheço.
O SR. PAULO BAUER (Bloco Oposição/PSDB - SC) – O senhor nunca teve nenhuma viagem com ele, nenhuma frequência dele à sua casa ou ao seu escritório, ou sua à dele ou ao escritório dele?
O SR. MARCO POLO DEL NERO – Não.
O SR. PAULO BAUER (Bloco Oposição/PSDB - SC) – Nunca? O senhor pode afirmar isso categoricamente?
O SR. MARCO POLO DEL NERO – Posso afirmar. Nunca tive um relacionamento com ele íntimo. Eu o conheço...
O SR. PAULO BAUER (Bloco Oposição/PSDB - SC) – O senhor consideraria, então, que o acordo de delação premiada que ele firmou com as autoridades norte-americanas e no qual ele, inclusive, se comprometeu a devolver US$9 milhões, que é dinheiro resultante de propina, e ele acusar o senhor de ser um beneficiário desse processo de propinas do qual ele participou, que isso tem alguma razão de uma relação odiosa que ele poderia ter com o senhor? Ou alguma frustração por não tê-lo como seu amigo ou como pessoa do seu contato?
O SR. MARCO POLO DEL NERO – Eu não sei o que ele pensou, mas, com certeza, eu não tive nenhuma participação em qualquer ato que ele menciona, e meu relacionamento com ele era muito distante. Eu entendia até que ele era um homem de segundo, terceiro escalão.
O SR. PAULO BAUER (Bloco Oposição/PSDB - SC) – O.k.
Antes de o senhor assumir a vice-presidência da CBF, o senhor atuava em seu escritório de advocacia, correto?
O SR. MARCO POLO DEL NERO – Também.
O SR. PAULO BAUER (Bloco Oposição/PSDB - SC) – Prestava serviços na área, como advogado?
O SR. MARCO POLO DEL NERO – Sim.
O SR. PAULO BAUER (Bloco Oposição/PSDB - SC) – A sua empresa de advocacia ou o senhor, como pessoa física, teve algum tipo de contrato de prestação de serviço ou de defesa de qualquer fornecedor ou contratado da CBF nos últimos cinco anos anteriores a sua posse como vice-presidente?
O SR. MARCO POLO DEL NERO – Creio que não. Não me lembro, mas creio que não. Não havia razão para fazer esse tipo de contrato.
O SR. PAULO BAUER (Bloco Oposição/PSDB - SC) – Muito bem.
Outra pergunta: o senhor, durante o período em que ocupou a vice-presidência, vivenciou todos os atos e fatos relacionados à Copa do Mundo realizada no Brasil. Correto?
O SR. MARCO POLO DEL NERO – Sim.
O SR. PAULO BAUER (Bloco Oposição/PSDB - SC) – O senhor teve alguma participação, auferiu alguma renda relacionada à Copa do Mundo tanto como pessoa física quanto em seu escritório de advocacia?
O SR. MARCO POLO DEL NERO – Não, zero.
O SR. PAULO BAUER (Bloco Oposição/PSDB - SC) – Nenhuma? O.k.
Outra pergunta que eu lhe faço é que nós sabemos que a CBF realiza negociação para contratar empresas que vão patrocinar a Seleção Brasileira e que também firma contratos para a veiculação dos eventos esportivos. O senhor, desde que assumiu a presidência da CBF, teve algum tipo de modificação ou de substituição de empresa antes do vencimento do respectivo contrato?
O SR. MARCO POLO DEL NERO – Não.
O SR. PAULO BAUER (Bloco Oposição/PSDB - SC) – Continua cumprindo todos os contratos?
O SR. MARCO POLO DEL NERO – Todos os contratos, é.
O SR. PAULO BAUER (Bloco Oposição/PSDB - SC) – Continua cumprindo todos os contratos firmados na gestão anterior?
O SR. MARCO POLO DEL NERO – Sem dúvida.
O SR. PAULO BAUER (Bloco Oposição/PSDB - SC) – E os contratos vencidos? Algum foi renovado ou aditado no prazo – que o senhor lembre?
O SR. MARCO POLO DEL NERO – Não, não teve nenhum contrato vencido ou aditado, que eu me lembre. Na minha administração, não teve.
O SR. PAULO BAUER (Bloco Oposição/PSDB - SC) – Muito bem. Então, não houve, portanto, nenhuma nova contratação também?
O SR. MARCO POLO DEL NERO – Não, não houve.
O SR. PAULO BAUER (Bloco Oposição/PSDB - SC) – Se nenhum venceu, nenhum foi renovado e nenhum foi aditado?
O SR. MARCO POLO DEL NERO – Não, não.
O SR. PAULO BAUER (Bloco Oposição/PSDB - SC) – Continuou apenas na sequência, fazendo o que vinha sendo feito.
Muito bem, uma pergunta: o senhor conhece uma providência...? E quero aqui até justificar essa pergunta, porque o senhor está em uma CPI que também serve para esclarecer algumas coisas que são publicadas e noticiadas como verdades, e V. Sª tem a oportunidade aqui de esclarecê-las. Quando foi dirigente da CBF, na condição de vice-presidente, e também participou da Copa do Mundo, o senhor teve alguma participação naquela distribuição de relógios personalizados, oferecidos pela CBF aos dirigentes da FIFA?
O SR. MARCO POLO DEL NERO – Isso foi uma determinação do Presidente Marin, de comemorar os 100 anos da CBF e entregar um mimo aos participantes da FIFA e das federações participantes da Copa do Mundo.
O SR. PAULO BAUER (Bloco Oposição/PSDB - SC) – Consta que esses relógios custaram, cada um, R$33 mil, embora o seu valor de mercado fosse acima de R$100 mil. O senhor, na época, participou da decisão, da compra e da distribuição?
O SR. MARCO POLO DEL NERO – Não, não participei.
O SR. PAULO BAUER (Bloco Oposição/PSDB - SC) – O Presidente Marin decidiu isso isoladamente e sozinho?
O SR. MARCO POLO DEL NERO – Provavelmente decidiu isso com os departamentos.
O SR. PAULO BAUER (Bloco Oposição/PSDB - SC) – O senhor chegou a receber um relógio desses como presente?
O SR. MARCO POLO DEL NERO – Recebi.
O SR. PAULO BAUER (Bloco Oposição/PSDB - SC) – Tendo em vista que o Comitê de Ética da FIFA decidiu que não era adequado e nem ético...
O SR. MARCO POLO DEL NERO – Devolvi! Devolvi à FIFA.
O SR. PAULO BAUER (Bloco Oposição/PSDB - SC) – O senhor devolveu à FIFA? Recebeu na CBF e entregou para a FIFA? E a FIFA entregou para uma organização beneficente. É isso?
O SR. MARCO POLO DEL NERO – É.
O SR. PAULO BAUER (Bloco Oposição/PSDB - SC) – O.k.
A outra pergunta é: desde que houve e aconteceu o episódio da prisão de Marin, na Suíça, aconteceram várias reuniões do comitê dirigente da FIFA. O senhor, como representante do Brasil na FIFA, recebeu remuneração para essas reuniões acontecidas?
O SR. MARCO POLO DEL NERO – Não.
O SR. PAULO BAUER (Bloco Oposição/PSDB - SC) – Não recebeu. O.k.
Por fim, eu quero só fazer um comentário aqui, dizendo a V. Sª que as Oscips (Organização da Sociedade Civil de Interesse Público), no Brasil, são fiscalizadas pelo Ministério Público; as organizações não-governamentais são fiscalizadas, muitas vezes, pelo Ministério Público e, outras vezes, por tribunais de contas; e a CBF não é fiscalizada por ninguém, apenas pela sua direção e pelo seu conselho.
O senhor considera que a CBF deveria merecer a fiscalização permanente de alguma instituição que não fosse apenas vinculada ao futebol, para atestar a sua transparência e a exatidão das suas contas?
O SR. MARCO POLO DEL NERO – A CBF tem um Conselho Fiscal. É auditada por auditoria externa, e seus balanços são aprovados em assembleia geral. É uma entidade privada.
O SR. PAULO BAUER (Bloco Oposição/PSDB - SC) – Perfeito, mas ela é uma entidade privada que lida com um negócio que, no Brasil, nós devemos considerar como patrimônio público – ou seja, o futebol. E, principalmente, quando falamos da Seleção Brasileira, nós estamos falando de algo que representa o País no exterior, a pergunta é se nós devemos considerá-la como uma instituição privada não sujeita a nenhuma fiscalização pública.
O SR. MARCO POLO DEL NERO – Ela é fiscalizada pelo Imposto de Renda, pela fiscalização federal...
O SR. PAULO BAUER (Bloco Oposição/PSDB - SC) – Eu também sou.
O SR. MARCO POLO DEL NERO – Ela é fiscalizada pela – se for o caso, tiver alguma fraude – Polícia Federal, pelo Ministério Público. Todos nós estamos sujeitos à fiscalização, e a CBF, também. Ela pode ser fiscalizada, sim. Por que não?
O SR. PAULO BAUER (Bloco Oposição/PSDB - SC) – Uma última pergunta: V. Sª pediu licença do cargo de presidente e, conforme o estatuto da instituição – até onde eu tenho informações –, o presidente escolhe quem o sucede em sua ausência. E V. Sª escolheu um Deputado Federal, Marcus Vicente, contra quem eu não tenho nenhuma observação a fazer, porque sequer o conheço. Mas eu pergunto se não teria sido mais lógico V. Sª reunir o colegiado de vice-presidentes e dar a eles a oportunidade de escolherem, entre eles, quem devesse sucedê-lo; ou mesmo escolher aquele que fosse o mais antigo, ou aquele que estivesse em atividade no esporte.
Digo isso porque há – não estou dizendo exclusivamente o de Santa Catarina, porque outros dirigentes também estão envolvidos no esporte – quem entenda e interprete o seu ato e a sua decisão como uma tentativa de fazer com que houvesse uma proximidade política entre o Congresso Nacional, através do novo presidente que ocupa as funções em seu lugar, e esta Casa e também a Câmara dos Deputados, para que não ficasse tão exposta a questão da CBF perante esta Comissão. Apenas por essa razão faço a pergunta.
O SR. MARCO POLO DEL NERO – Não... Marcus Vicente, antes de ser Deputado Federal, ele já foi... No tempo em que eu tive um relacionamento com o Marcus Vicente, ele não era Deputado Federal. Então, ele ficou Deputado Federal agora nesse mandato. Eu sei que, mais atrás, ele foi Deputado Federal.
Mas a escolha lá é o presidente que indica. Tinha o Fernando Sarney, com quem a gente conversou um pouquinho. Fernando estava um pouco atrapalhado. O Feijó havia uma possibilidade. O Delfim estava afastado da gente, é oposição e se mantém como Oposição. E ficou o Marcus Vicente, que aceitou.
O SR. PAULO BAUER (Bloco Oposição/PSDB - SC) – O senhor perdeu uma grande oportunidade: deveria ter dado para a oposição, para vê-la convalidar seus atos. O senhor preferiu um aliado. Agora,...
O SR. MARCO POLO DEL NERO – Não sei, não sei, não sei se a melhor administração é em Santa Catarina.
O SR. PAULO BAUER (Bloco Oposição/PSDB - SC) – Mas é só uma opinião, é só uma opinião.
O SR. MARCO POLO DEL NERO – Eu... Aqui... CBF não tem parente nenhum meu trabalhando lá.
O SR. PAULO BAUER (Bloco Oposição/PSDB - SC) – Perfeito.
O SR. MARCO POLO DEL NERO – Com certeza, não tem.
O SR. PAULO BAUER (Bloco Oposição/PSDB - SC) – Muito obrigado.
O SR. PRESIDENTE (Romário. Bloco Socialismo e Democracia/PSB - RJ) – Presidente, diante disso aí que o senhor falou, o senhor pode afirmar aqui que o senhor não tem nenhum filho ou filhos ligados, como pessoa física ou jurídica, à CBF? E nem à Federação paulista ou a nenhuma federação? Ou seja, filho ou filhos do senhor não prestam nenhum serviço nem à CBF, nem à Federação Paulista, nem às empresas que estão ligadas à CBF e à Federação? O senhor pode afirmar isso aqui?
O SR. MARCO POLO DEL NERO – Eu posso informar ao senhor que eu tenho um filho que é diretor de arte, que trabalha, que não é administrador da empresa, que foi convidado, cinco, seis anos atrás, para trabalhar em uma das empresas que presta serviço à CBF, por qualidade pessoal dele. Ele não é administrador, não tem nenhuma relação, a não ser a arte de trabalhar em um computador.
O SR. PRESIDENTE (Romário. Bloco Socialismo e Democracia/PSB - RJ) – Qual é a empresa?
O SR. MARCO POLO DEL NERO – É Mowa.
O SR. PRESIDENTE (Romário. Bloco Socialismo e Democracia/PSB - RJ) – Muito bem.
O SR. MARCO POLO DEL NERO – E nem fui eu que pedi que ele fosse lá.
O SR. RANDOLFE RODRIGUES (Bloco Socialismo e Democracia/REDE - AP) – Presidente.
O SR. PRESIDENTE (Romário. Bloco Socialismo e Democracia/PSB - RJ) – Senador Randolfe.
O SR. RANDOLFE RODRIGUES (Bloco Socialismo e Democracia/REDE - AP) – Só uma questão, uma informação complementar, ainda sobre o famoso voo, aqui peremptoriamente negado pelo Sr. Del Nero. O senhor pode disponibilizar para esta CPI cópia do seu passaporte entre os dias 1º de fevereiro e 11 de fevereiro de 2014? E pode confirmar para nós, garantir para nós que, nesse período, não há nenhuma passagem pelos Estados Unidos da América?
O SR. MARCO POLO DEL NERO – 1º de fevereiro...
O SR. RANDOLFE RODRIGUES (Bloco Socialismo e Democracia/REDE - AP) – De 1º a 11 de fevereiro de 2014.
A pergunta é: o senhor pode garantir para nós que, nesse período, não há nenhuma passagem pelos Estados Unidos da América?
O SR. MARCO POLO DEL NERO – Estados Unidos eu... me lembro; sim, Excelência. Mas em Barbados com certeza eu não passei.
O SR. RANDOLFE RODRIGUES (Bloco Socialismo e Democracia/REDE - AP) – Pois é, Barbados geralmente não faz o registro, mas os Estados Unidos fazem. O voo seria Estados Unidos – Barbados – Galeão.
O SR. MARCO POLO DEL NERO – Mas também eu posso comprovar que viajei com avião comercial.
O SR. RANDOLFE RODRIGUES (Bloco Socialismo e Democracia/REDE - AP) – Nesse período?
O SR. MARCO POLO DEL NERO – Se eu viajei, eu não me lembro. Se eu viajei...
O SR. RANDOLFE RODRIGUES (Bloco Socialismo e Democracia/REDE - AP) – O senhor continua não se lembrando.
O SR. MARCO POLO DEL NERO – Não, não. Se eu viajei nessa época, eu viajei em avião comercial.
O SR. RANDOLFE RODRIGUES (Bloco Socialismo e Democracia/REDE - AP) – O senhor não viajou no Papa Papa Alpha Alpha Delta?
O SR. MARCO POLO DEL NERO – Não, não. Em hipótese alguma.
O SR. RANDOLFE RODRIGUES (Bloco Socialismo e Democracia/REDE - AP) – Não teve esse voo nesse período?
O SR. MARCO POLO DEL NERO – Não teve, mas eu ofereço o passaporte para V. Exª.
O SR. RANDOLFE RODRIGUES (Bloco Socialismo e Democracia/REDE - AP) – O senhor não estava...
(Intervenção fora do microfone.)
O SR. MARCO POLO DEL NERO – Se não estava no voo? Não.
O SR. CIRO NOGUEIRA (Bloco Parlamentar Democracia Progressista/PP - PI) – O senhor não pode dizer que não existiu o voo. O senhor está dizendo que não estava no voo. Não é isso?
O SR. MARCO POLO DEL NERO – Não, não estava no voo. Foi o que eu falei, que eu não estava no voo.
(Intervenção fora do microfone.)
O SR. RANDOLFE RODRIGUES (Bloco Socialismo e Democracia/REDE - AP) – O senhor não pode informar também se teria uma passagem pelos Estados Unidos nesse período?
O SR. MARCO POLO DEL NERO – Eu não me lembro; preciso verificar.
O SR. RANDOLFE RODRIGUES (Bloco Socialismo e Democracia/REDE - AP) – Essa informação o senhor poderia prestar à CPI? Cópia desse período especificamente?
O SR. MARCO POLO DEL NERO – Posso, de 1º de fevereiro a 11 de fevereiro.
O SR. RANDOLFE RODRIGUES (Bloco Socialismo e Democracia/REDE - AP) – De 1º a 11 de fevereiro. E, em especial, se, no dia 11 de fevereiro,... É porque a informação que temos é que essa aeronave...
O SR. ROMERO JUCÁ (PMDB - RR) – Deixa eu só completar o pedido: a informação, com cópia do passaporte, se houve algum registro nesse período; e, se houve uma viagem para o exterior, cópia da passagem que foi utilizada em voo comercial, para a viagem ao exterior.
O SR. MARCO POLO DEL NERO – A cópia da passagem é mais difícil, mas não é impossível.
O SR. ROMERO JUCÁ (PMDB - RR) – É a informação da empresa, enfim, qualquer coisa que possa comprovar isso.
O SR. RANDOLFE RODRIGUES (Bloco Socialismo e Democracia/REDE - AP) – O senhor pode conseguir a informação da empresa sobre isso?
O SR. MARCO POLO DEL NERO – Da empresa em que eu viajei?
O SR. RANDOLFE RODRIGUES (Bloco Socialismo e Democracia/REDE - AP) – Sim.
O SR. MARCO POLO DEL NERO – Eu acho que sim; vou ter que procurar.
O SR. RANDOLFE RODRIGUES (Bloco Socialismo e Democracia/REDE - AP) – Se o senhor viajou, a informação de por qual empresa o senhor viajou nesse período.
O SR. MARCO POLO DEL NERO – Sem dúvida.
O SR. PRESIDENTE (Romário. Bloco Socialismo e Democracia/PSB - RJ) – Presidente, mais uma pergunta aqui relacionada ao seu filho, com todo o respeito. Não sei se ele trabalha ainda, ou trabalhou nessa empresa chamada Mowa. Não é isso? Por acaso, o dono dessa empresa é Wagner Abrahão.
O SR. MARCO POLO DEL NERO – Não, não é Wagner Abrahão não.
O SR. PRESIDENTE (Romário. Bloco Socialismo e Democracia/PSB - RJ) – Não é? O senhor pode afirmar? Mário Rosa?
O SR. MARCO POLO DEL NERO – Não sei se ele sócio, mas eu acho que não.
O SR. PRESIDENTE (Romário. Bloco Socialismo e Democracia/PSB - RJ) – Muito bem.
Antes de qualquer coisa, eu gostaria de colocar aqui em votação a Ata da 17ª Reunião da Comissão, solicitando a dispensa da sua leitura.
O SR. MARCO POLO DEL NERO – O sócio é o Alfredo e há uma outra pessoa cujo nome eu não lembro.
Eu nunca soube que Mário Rosa fosse...
O SR. PRESIDENTE (Romário. Bloco Socialismo e Democracia/PSB - RJ) – Muito bem.
Alguma coisa, Senador?
Senador Ciro, alguma coisa?
O SR. MARCO POLO DEL NERO – ... sócio dessa empresa ou que Wagner Abrahão fosse sócio. Nunca soube.
O SR. PRESIDENTE (Romário. Bloco Socialismo e Democracia/PSB - RJ) – O.k.
Coloco em votação a Ata da 17ª Reunião da Comissão, solicitando a dispensa da sua leitura.
Os Srs. Senadores que a aprovam permaneçam como se encontram. (Pausa.)
A Ata está aprovada.
Eu gostaria só de fazer um pedido aos nobres pares depois de tudo que foi colocado aqui, principalmente do que nós ouvimos. Nós temos, a partir do ano que vem, alguns requerimentos já colocados. Que os senhores pensem com tranquilidade, com calma, e decidam se realmente nós devemos ou não devemos ajudar o futebol.
Eu acredito que aprovar esses requerimentos – todos sabem quais são – será de uma grande importância para a nossa CPI e para o andamento da moralidade do futebol.
Não havendo mais nada a tratar, agradeço a presença de todos.
O SR. MARCO POLO DEL NERO – Sr. Presidente, o senhor me permite só uma conclusão final?
O SR. PRESIDENTE (Romário. Bloco Socialismo e Democracia/PSB - RJ) – Por favor.
O SR. MARCO POLO DEL NERO – Quero reafirmar que nunca fui a Barbados; que nunca me reuni com o Presidente Marin e o Sr. Hawilla juntos; que não movimentei R$27 milhões entre 2014 e 2015; e que comprei e vendi o apartamento hipotecado e avaliado, como consta em registro de imóveis. Expliquei a compra da lancha, tenho a cópia do cheque.
O SR. PRESIDENTE (Romário. Bloco Socialismo e Democracia/PSB - RJ) – Nem 27,nem 24, não é?
O SR. MARCO POLO DEL NERO – Nem 27, nem 24.
O SR. PRESIDENTE (Romário. Bloco Socialismo e Democracia/PSB - RJ) – Nem R$24, nem R$27 milhões.
O SR. MARCO POLO DEL NERO – É isso que eu gostaria de deixar claro, Sr. Senador.
O SR. PRESIDENTE (Romário. Bloco Socialismo e Democracia/PSB - RJ) – Declaro encerrada a presente reunião.
(Iniciada às 14 horas e 48 minutos, a reunião é encerrada às 17 horas e 48 minutos.)
Especial: É tudo um assunto só!
Criei uma comunidade no Google Plus: É tudo um assunto só
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