A banda Engenheiros do Hawaii sempre foi o Humberto Gessinger acompanhado por alguns músicos. Claro que cada um desses músicos deram uma contribuição para a banda.Cada um tem sua competência, grandes qualidades. Mas nenhum dos outros músicos é responsável pela paixão que une a Família EngHaw. Essa sempre seguiu a filosofia, poesia e jogo de palavras do tímido gaúcho Humberto Gessinger.
Talvez por causa da timidez, ou outro motivo qualquer, somente agora ele assumirá o caráter solo do seu trabalho. Está para ser lançado o primeiro disco Solo do Humberto Gessinger: Insular
Ao mesmo tempo o quarto livro: Seis segundos de atenção.
Veja o Video Release - Insular - Novo CD de Humberto Gessinger
Essa notícia acabou de ser dada pelo próprio artista no seu Blog. Veja na integra suas palavras:
Para
quem acompanhou - no blogessinger - a produção do disco e as ideias para o
livro, este é quase um capítulo final. Estranho momento em que, depois
de estar no comando por meses, a gente passa para o banco do carona.
INSULAR e SEIS SEGUNDOS DE ATENÇÃO estão nas respectivas fábricas.
Agora, resta observar o que a vida vai fazer com eles / o que eles farão
da vida.
Foi
um semestre intenso. Confesso que, por vezes, fiquei em dúvida se
estava fazendo a coisa certa, se conseguiria fazer o disco e o livro que
eu imaginava - complementares mas independentes. Faria sentido o
esforço? Já tenho minhas respostas e estou feliz. Fico na torcida para
que a felicidade se reproduza em outras mãos e mentes; a cada clic no play, a cada página virada.
Esta
é a capa do livro. Ele nasceu aqui, no BloGessinger, onde postei
primeiras versões de muitas das crônicas, como se estivesse pensando
alto. Com o tempo, entrou em campo a literatutra propriamente dita:
selecionar, reordenar, reescrever - como o pintor que faz um esboço
trêmulo de uma paisagem vista do sacolejar de um carro, ônibus, avião,
cavalo... e depois pinta o quadro na sua cabeça, no seu ateliê. Espero
que seja uma continuação satisfatória para quem já me lê e a porta de
entrada para muitos outros.
Eu
já estava no estúdio quando me dei conta de que não lançava um disco só
de inéditas havia dez anos, desde o Dançando no Campo Minado. Nesse
ínterim, rolaram duas músicas novas no ACÚSTICO MTV, oito no NOVOS
HORIZONTES e sete no disco do POUCA VOGAL. Mas, como toda gravação ao
vivo, ao lado de clássicos, essas inéditas demoraram mais tempo para
chegar aos seus destinos. Por isso, acho que foi o tempo necessário...
...
foi bom ter esperado: fui muito rigoroso na escolha do material, na
busca dos convidados que as músicas pediam. INSULAR chega na hora certa
e, tomara, pra ficar. Não esperei dez anos pra fazer um disco que só
durasse um instante. Eu sei, nada pode ser maior do que um instante (uma
rajada de vento eternizada num clic), mas desejo pro INSULAR vários deles.
Ops,
nenhuma novidade aqui: quando eu lançava discos anualmente também
queria que durassem mais de 15 minutos. Com os livros, o mesmo. Mas a
permanência não depende só do material nem da nossa vontade. São ouvidos
generosos, olhos atentos e corações abertos que servirão de
solo/alimento para a semente. Tenho tido a sorte de encontrá-los. Espero
que ela(eles) siga(m) me acompanhando.
bah 1: Então, meus companheiros INSULAR e SEIS SEGUNDOS DE ATENÇÃO; crônicas, poemas e canções: bem-vindos à vida real!
Como
prometi na semana passada, a BELAS LETRAS (editora do livro) e a
STEREOPHONICA (que está lançando o disco) sortearão regalos para seis
pessoas.
Assim: vou fazer uma pergunta. Os três primeiros que responderem certo na timeline do twitter da @belasletras e os três primeiros que acertarem na timeline do twitter
da @brstereophonica ganharão um livro ou um disco. Aí, é tudo com eles:
BELAS LETRAS e STEREOPHONICA avisarão, através de seus perfis no twitter, quem ganhou e entrarão em contato pra combinar a entrega, ok?
Pergunta fácil: de que música é a letra que aparece na contracapa do SEIS SEGUNDOS DE ATENÇÃO? Boa sorte!
P.S.:
já sairam os 6 ganhadores. Parabéns a eles. Pra quem não ganhou, fica
minha solidariedade: nunca ganhei nada em sorteio, rifa, etc...
rsrsrsrsrssr A todos, agradeço a participação.
bah 2: Falei em último capítulo lá no início do texto? Até pode ser... mas outro capítulo tá só começando!
capas do INSULAR e do SEIS SEGUNDOS DE ATENÇÃO: Melissa Mattos
abraço 30jul2013
Gravado por Emerson Rickenbacker/RJ em 23 março de 2013, Belo Horizonte/MG.
"Tudo
Está Parado" é uma das músicas do novo disco de Humberto Gessinger,
chamado INSULAR. O lançamento está previsto para abril de 2013.
Abaixo a letra da música.
tudo está parado, por aí esperando uma palavra (2x)
os carros e o metrô o tempo que não para o beija-flor parou sem bater as asas
o braço do pintor o martelo do juiz o disco voador todos os satélites
tudo está parado, por aí esperando uma palavra (2x)
a onda e o surfista o protetor de tela o vento que ventava batendo a janela
a pancadaria no filme de ação o solo de guitarra antes do refrão
tudo está parado, por aí esperando uma palavra (2x)
fiz uma pergunta no escuro deste quarto e agora o mundo inteiro espera uma palavra
a noite que caia o ciclo das marés a fumaça que subia pela chaminé
tudo está parado, por aí tudo está parado, por aí tudo está parado, diz aí uma palavra
"Esta Copa Libertadores já tinha um dono antes mesmo de a bola rolar"
Kelen Cristina - Superesportes Publicação: Jornal Estado de Minas 25/07/2013
Não
tinha jeito. Esta Copa Libertadores já tinha um dono antes mesmo de a
bola rolar pelo primeiro jogo da fase eliminatória. Desde o dia 13 de
fevereiro, quando estreou no torneio continental, o Atlético mostrou que
a vez dele tinha chegado. A cada jogo, deu demonstração de que os
fantasmas do passado seriam exorcizados. Todos os demônios, afugentados.
Havia chegado o momento de corrigir o curso da história, que tantas
vezes foi impiedosa com o sofrido coração atleticano. O Galo é,
finalmente, campeão da Libertadores.
E você, caro torcedor do
Galo, achava que a epopeia terminaria de outra maneira? Pensou que não
teria drama? Que o time ia levantar a taça depois de uma tranquila
goleada sobre o Olimpia? Claro que não!! Quem acompanhou a trajetória
alvinegra na Libertadores viu como o título foi sendo forjado a cada
obstáculo superado. Todas as dificuldades foram ultrapassadas com raça,
fé, sorte e muita, muita competência. Desta vez, não tinha uruca, azar
ou macumba a derrubar o Atlético.
O troféu tinha de ser do Galo. E motivos não faltavam. A começar
pelos jogadores. Pelas grandes defesas do Victor. As atuações seguras
de Réver e Leonardo Silva. A raça de Pierre e a entrega de Leandro
Donizete, elas tinham de ser premiadas! O talento de Ronaldinho Gaúcho
não poderia ficar escondido sob um vice-campeonato. O arisco Bernard, o
garoto que tem alegria nas pernas e que foi parado apenas pelas
cãimbras, precisava ter seu esforço recompensado. O brilho de Tardelli, o
velho filho que retornou à casa para levantar a taça mais importante da
história atleticana, tinha de resultar em triunfo. E Jô, o enfoguetado
Jô (como diria meu saudoso amigo Leandro Mattos), merecia ver sua
artilharia ser comemorada com a taça.
Os coadjuvantes merecem
também menção honrosa. Como não reconhecer os méritos de Gilberto Silva,
Rafael Marques, Guilherme (herói contra o Newell’s, nas semifinais) e o
desatinado Luan, do gol salvador contra o Tijuana, no México? Marcos
Rocha, Richarlyson, Alecsandro, Júnior César… todos os seus pecados são
perdoados num momento como esse.
Por fim, não dá para esquecer de
Cuca. Sabe aquele Cuca sofrido, de expressão depressiva, desacreditado?
O Cuca azarado? Então, ele é campeão da Libertadores. Ele conseguiu
traduzir em título toda a sua habilidade para montar bons grupos, de
fazer seu time jogar bonito. Ele entrou para o rol dos grandes
vencedores.
O Atlético é um campeão legítimo. Tem direito a todas
as honras, todos os elogios e homenagens. A torcida merece, mais do que
nunca, festejar, soltar o grito agoniado da garganta. Quando todos
duvidavam, ela acreditou. Ela sempre acreditou. Ela nunca saiu ao lado
do Galo, mesmo nos momentos mais difíceis - e foram muitos. Toda a
tristeza já vivida perdeu o sentido na noite desta quarta-feira. A
jornada da Libertadores foi, antes de tudo, libertadora para o Galo!
Meu Deus, o Galo ganhou!
Minutos após a conquista do título, ainda no Mineirão, Fred Melo
Paiva escreveu a coluna que sempre quis compartilhar com os atleticanos
Fred Melo Paiva - Estado de Minas Publicação:25/07/2013 10:12
Ganhou.
Meu Deus, o Galo ganhou! O título impossível, aquele que no fundo, bem
no fundo, o atleticano já cogitava morrer sem comemorar, como muitos que
morreram e não viram. O título da nossa redenção definitiva, a
conquista que vai nos ensinar, de novo e de novo, que desistir não vale.
Que a justiça, seja dos homens ou de Deus, ela pode falhar e tripudiar
da gente – mas que tem uma hora que nem ela se aguenta, e nessa hora ela
não falha.
Escrevo estas linhas das cadeiras do Mineirão,
outrora as arquibancadas onde aprendi a ser homem. O jogo acaba de
acabar, e eu não caibo em mim de felicidade e merecimento. Cada
atleticano ao meu lado carrega uma aura em torno de si, uma luz que
brilha dos olhos e do coração. A história de cada um deles será
diferente a partir de hoje. O amor que floresce em cada uma dessas
pessoas nesta noite – pretos, brancos, pobres, ricos – vai tornar o
mundo mais justo e humano. Eu quero ter braços gigantes pra abraçar
todos eles e dividir a maior emoção das nossas vidas.
O Galo
campeão não cabe no jornal, não cabe no Mineirão – o Galo campeão não
cabe no atleticano, e por isso precisamos chorar e chorar e chorar. E
colocar pra fora 42 anos de uma espera e um amor que só quem torce pra
essa entidade pode compreender. Eu me lembro do Vilibaldo Alves em 71:
“Quareeeeeenta e cinco minutos!!! As lágrimas escorrem do meu rosto! O
Galo é campeão, de fato e de direito! O campeão do Brasil!”. Lembro o
Willy Gonzer, e espero que ele tenha narrado sozinho, na sala do seu
apartamento, o título que eu quis tanto ouvir na sua voz. Obrigado,
Willy. Obrigado ao time todo, por tudo que fizeste por nós nesta noite,
que, pra sempre, pra todo o sempre, vai corresponder ao meu ideal de
felicidade. Obrigado ao atleticano que me abraçou no Mineirão quando o
Sérgio Araújo empatou aquele jogo contra o Flamengo na Copa União. A
gente depois perdeu. Agora, é inacreditável, a gente ganhou. Merecimento
pouco é bobagem.
Obrigado, meu Deus. Obrigado, Atlético, por me
proporcionar a maior emoção da vida. Que eu duvido que alguém já tenha
sentido igual, se não for Galo como estes 60 mil aqui do meu lado.
Obrigado, meu Galo querido. Já posso enfartar em paz.
A comemoração dos campeões da Libertadores não para!
Blog do Chico Mais 25 de julho de 2013 às 04:45
Senhoras e senhores,
depois de algumas horas de muita tensão no Mineirão, onde o Galo
conquistou o seu segundo título este ano, vou deixá-los com o texto
escrito pelo colaborador do blog, Sidney Braga, a quem agradeço. O dia está quase raiando e tão logo eu acorde, e tenha
condições, escreverei sobre este título do Clube Atlético Mineiro,
campeão da Libertadores da América!
“Sabe quando a gente era criança e zerava um jogo de video-game? Então, podemos dizer que o Galo zerou a Libertadores.
Começou no sorteio dos grupos. Muito azar sair no grupo do campeão
argentino, do São Paulo tri-campeão do torneio e do melhorzinho dos
times da altitude boliviana.
Passamos o trator. Parecia tudo muito fácil. Mas se perguntássemos a
qualquer torcedor de qualquer time no momento do sorteio, todos
responderiam que não queriam pegar o grupo que o Galo pegou.
Depois vieram as estatísticas: Somente o River Plate em 1996 havia
sido o melhor time da primeira fase e levantado o caneco no final.
Mesmo com a melhor campanha, Galo pegou o time que ninguém queria nas
oitavas: O Jason tri campeão da Libertadores. Fiquei chateado ao ver
que o Galo ficou no chaveamento dos argentinos e do Corinthians. Mas a
fé no título continuava. Atropelamos.
Veio o jogo da grama sintética. Galo foi o único time a fazer gol nos mexicanos na Califórnia do México.
Fizemos um jogo ruim no Horto, mas a qualidade individual do nosso goleiro garantiu a classificação.
Vieram os argentinos, recém campeões no seu país. Pensei, o Galo deu
tanto azar, que pegou o campeão do clausura argentino na primeira fase.
Aí a Argentina tem um novo campeão do clausura e o Galo o tem como
adversário. Primeira vez que um time enfrenta dois atuais campeões
argentinos na mesma Libertadores.
Aí veio a semifinal. Que azar: perdemos a zaga titular pro jogo na
Argentina. Fudeu! Perdemos os dois volantes titulares pro mesmo jogo.
Galo se preparou pro jogo sem os 2 zagueiros, 2 volantes e os 3 da
seleção. Ou seja, a preparação foi feita com apenas 3 jogadores de linha
do time titular. Era muito azar.
O Pierre se recuperou um dia antes do jogo e Newell\’s jogou muita
bola em Rosário. Isso engrandeceu a campanha atleticana. É grande demais
eliminar um time que tem Maxi Rodrigues e Scocco.
Tivemos problemas com a arbitragem no jogo da volta. Problemas superados com bom futebol.
De novo precisamos da nossa qualidade individual pra decidir.
Veio a final contra o Olímpia, um velho conhecido. Não fizemos boa
partida em Assunção, mas não era pra 2 x 0. O goleiro olimpista fez
milagre nos pés de Jô e eles ainda acharam uma falta faltando 5 segundos
pro juiz apitar o final do jogo.
Mas estava escrito que seríamos campeões. A torcida acreditava, ou
melhor, tinha certeza. Estava na hora da história fazer as pazes com
Galo. Todos sabiam disso.
Tinha que ser no ano 13, o número do Galo, o número do azar. Azar que virou a nossa sorte.
Tinha que ser no gol da direita, o mesmo gol do fantasma de 1977.
Desde aquela disputa de pênaltis em 77, a história tinha contas a
acertar com esse time.
E nos primeiros minutos do dia 25 de julho, a história do futebol
começou a pagar a sua dívida com os atleticanos. As lágrimas da dor no
passado viraram lágrimas de felicidade.
O Galo fez o que quase nenhum time foi capaz: zerou a Libertadores da
América, como nos vídeo-games. Fomos os melhores na primeira fase e
copamos. Vencemos a chave mais complicada. Vencemos as contusões.
Vencemos os problemas de arbitragem.
Nenhum time nesse continente merecia mais esse título do que o Clube
Atlético Mineiro. Todos irão lembrar das defesas do Victor, dos gols do
capitão Rever, do gol salvador do Leo Silva, da parede invisível do
Gilberto Silva, dos motorzinhos Donizete, Pierre e Josué, do jogo que
fez o Bernard na semifinal, da liderança e assistências do mágico R10,
do gol do Luan em Tijuana, do gol abençoado do Guilherme, dos 6 gols e
da garra do Tardelli e do artilheiro da Libertadores Jô.
Podem comemorar atleticanos, a história é testemunha de que finalmente a América é nossa. O gigante acordou!” Sidney Braga
E esta semana até atleticano Duke andou zombando do “Eu acredito”, da massa do Galo.
Libertas quae sera tamen
Juca Kfouri
Simón Bolívar o Libertador da América, nasceu, 230 anos atrás, num 24 de julho igualzinho ao de ontem.
Que marca a data da Independência do Atlético Mineiro, o Galo vingador.
E vingado.
Agora, dos 12 grandes clubes do Brasil, só Botafogo e Fluminense ainda não têm a Libertadores, o que não os faz menores, diga-se de passagem.
Mas a epopeia do Mineirão lotado faz do Galo ainda maior.
Se
os primeiros tempos do velho Mineirão marcaram a ascensão do rival
Cruzeiro, o primeiro ano do novo estádio apresenta o canto do Galo rei
do terreiro da América.
A vitória nasceu nos pés de Victor que, com 15 minuos de jogo, salvou o que seria o primeiro gol do Olimpia.
Antes, Jô não abrira o placar por uma fração de segundo, em bola cruzada da direita.
Se
o primeiro tempo foi tenso e sofrido para os atleticanos, ao observador
pareceu amarrado e nada que se assemelhasse ao clima de decisão de
Libertadores e com as melhores oportunidades nos contra-ataques paraguaios.
Nem Ronaldinho nem Bernard brilhavam.
A festa estava marcada para o segundo tempo.
Cuca tirou Pierre e pôs Rosinei.
Que, no primeiro minuto, em sua primeira jogada, cruzou para Pittoni furar e Jô marcar, sem perdão.
Azarado o Cuca?
Era a senha para sanha atleticana que com Tardelli e Jô criou mais duas chances de gol antes dos dez minutos.
Aos
14, numa jogada esquisita, Leonardo Silva cabeceou no cocoruto do
travessão num Mineirão ensandecido e, três minutos depois, Salgueiro
jogou o empate para fora.
Mas o goleiro Silva era quem impedia o segundo gol brasileiro, em nova cabeçada de Leonardo Silva.
Corajoso, Cuca sacou Michel e pôs Alecsandro.
Era o tudo ou tudo, para mais de 56 mil torcedores que viram um fabuloso escorregão de Ferreira impedir o empate paraguaio.
Aí,
o zagueiro Mansur foi expulso por pegar Alecsandro (azarado o Cuca?) e
no minuto seguinte, enfim, a santa cabeça de Leonardo Silva fez 2 a 0,
como o Atlético Nacional da Colômbia, em 1989, contra o mesmo Olimpia,
que havia vencido pelo mesmo placar o jogo de ida.
Veio a sonhada prorrogação, mas só porque o apitador, colombiano, não marcou pênalti claro em Jô.
Onze contra dez. Quer dizer, 56 mil e onze contra dez.
E Réver cabeceou na trave aos 8.
Mas o Galo não conseguia fazer valer a vantagem.
Não tomava sustos, mas também não assustava, como se tivesse relaxado depois de conseguir o empate no placar agregado.
Os
paraguaios, naturalmente, jogavam pelos pênaltis e, no derradeiro
minuto, salvaram a cavadinha de Alecsandro que valeria o título.
Que venham os pênaltis. E vieram, meu santo padre!
Haja!
Miranda, o do escorregão, bateu no meio do gol e Victor se adiantou para defender.
Alecsandro, o da cavadinha, bateu no canto e fez 1 a 0!
Ferreyra empatou.
Guilherme, o que eliminou o NOB, fez 2 a 1!!
Candia empatou.
Jô, o dos gols salvadores, fez 3 a 2!!!
Aranda empatou.
Leonardo Silva, outro dos gols salvadores, fez 4 a 3!!!!
Gimenez, o Baggio do Galo, bateu na trave.
Galo liberto, mesmo que tarde, já na madrugada.
O novo dono da América
Você é o campeão de fato e de direito. Comemore, torcedor alvinegro. Hoje você é o dono da América
Jaeci Carvalho - Estado de Minas Publicação: 25/07/2013 10:18
Não foi
do jeito que sonhei, 4 a 0, mas o Galo é o grande campeão da
Libertadores. Foi sofrido, no sangue e no suor, como sempre acontece com
o Atlético. Foram necessários 90 minutos para que o alvinegro fizesse
dois gols, e mais 30 minutos de prorrogação, em que nada aconteceu. Aí o
torcedor, que acreditou até o fim, sabia que havia um tal de “São
Victor” no gol, e nas penalidades ele seria, mais uma vez, o grande
nome. Foi dele a primeira defesa e coube a ele também olhar a bola
explodir no travessão, na quinta cobrança do Olimpia, enquanto Jô,
Alecsandro, Leonardo Silva e Guilherme não erraram. Galo 4 a 3, sem
precisar de Ronaldinho Gaúcho, o grande maestro, cobrar o pênalti.
O
que não é sofrido neste Galo? Disse que os jogadores tinham a obrigação
de dar esse título ao presidente Alexandre Kalil, e, principalmente, ao
fantástico e fanático torcedor. E eles cumpriram. Fizeram 2 a 0 no
segundo tempo, e buscaram o terceiro gol o tempo todo. Jô, que não
marcava havia tempo, fez o primeiro. Leonardo Silva, o gigante
contratado por Eduardo Maluf quando ninguém mais acreditava nele, fez o
segundo. Faltava mais um, porém, ele não veio nem mesmo na prorrogação.
Eh
Galo! Como você faz sua gente sofrer. Mas ontem ela te perdoou. Afinal,
você deu o título com o qual ela sonhou a vida toda. Aquele título,
tirado do Atlético em 1981, naquele escândalo no Serra Dourada, demorou
32 anos, quase a idade de Cristo, mas você conseguiu. Fiquei feliz,
Galo, mesmo não sendo seu torcedor. Mas ontem fui. Quero ver os times
mineiros sempre no alto do pódio e torci como nunca. Como foi legal ver o
capitão Réver, levantar aquela taça.
Você, Galo, que saiu das
páginas policiais para as esportivas pelas mãos do ex-presidente Nélio
Brant. Foi salvo da falência pelo também ex-presidente Ricardo
Guimarães, um homem apaixonado por você. Chegou às mãos de Alexandre
Kalil. E ele disse que, daquele momento em diante, você decidiria
títulos. Você chegou pertinho no Brasileiro do ano passado. Mas logo
neste primeiro semestre você premiou aqueles que lhe fizeram bem, dando o
maior orgulho à sua gente.
Galo! Quantos amigos me ligaram
chorando. Daqui e do exterior. O Gustavo Faleiro, o dr. Luiz Flávio,
brilhante advogado, e o Brunão (Dog), lá de Miami. Viu, Galo, como você é
querido mundo afora? BH não dormiu ontem e não vai dormir por vários
dias. Você garantiu a passagem de uma legião de fanáticos para o
Marrocos. Sim. Você acha que acabou? De jeito nenhum. Cuca, que como
disse deu um chute na bunda do azar, quer o mundo. Kalil quer. A torcida
quer. E, se eles querem, você vai dar. Que bom, Galo! Ver essa gente
sofrida comemorando é muito legal. Você deixou milhões e milhões
felizes.
É, Galo. Vou me despedindo por aqui. Como jornalista,
radicado em Minas há quase 30 anos, fico feliz de ver colegas do Brasil e
do exterior, estampando nos jornais, revistas, tevês, que você é o novo
dono da América. Você honrou seu nome, sua história e tradição. Disse
que Kalil dedicaria esse título ao ex-presidente Elias Kalil e para a
Dona Leila, seus pais. E o Kalil confirmou isso na entrevista, logo
depois da conquista. Tenha a certeza, Galo, esse título é de toda essa
nação apaixonada, que acredita sempre e não desiste nunca. Parabéns,
grande campeão! Você deixou para trás todos os favoritos e ressurgiu das
cinzas, como a fênix, nos momentos mais difíceis. Por isso, você é o
campeão de fato e de direito. Comemore, torcedor alvinegro. Hoje você é o
dono da América. E o mundo espera você, em dezembro, no Marrocos. Até
lá. A torcida acredita em você. Yes, you CAM, Clube Atlético Mineiro.
Sim, você pode!
Histórico! Galo bate Olimpia nos pênaltis e é campeão da Libertadores
Atlético-MG tira vantagem paraguaia no
tempo normal, suporta prorrogação e leva torcida ao delírio nos
pênaltis, no maior dia de sua história de amor
A CRÔNICApor
Alexandre Lozetti
“Mas quando o lado heroico do Atlético prevalece, ele sempre sai de campo glorificado” (DRUMMOND, Roberto)
O Atlético-MG é campeão da Libertadores. O Atlético-MG é campeão da
Libertadores. O Atlético-MG é campeão da Libertadores... Leia, releia,
diga, repita, fale no espelho para ver se acredita. Acredita. Acredita
sempre!
O Atlético-MG da fé, dos dribles, da raça, da torcida, dos versos de
Drummond, da voz de Beth Carvalho. O Atlético-MG dos pênaltis, de uma
idolatria sem tamanho, sem fronteiras, que foi à Bolívia, à Argentina, a
São Paulo, ao México, ao Paraguai, e terminou no Mineirão com um final
feliz, esperado, desejado.
Os campeões do gelo fervem! Derretem os corações de sua Massa
apaixonada. Com tudo, absolutamente tudo a que têm direito. Nenhuma
palavra vai explicar a vitória por 2 a 0 sobre o Olimpia no tempo
normal, o 0 a 0 da prorrogação, os 4 a 3 nos pênaltis.
As lembranças de cada pessoa que foi ao estádio ou viu pela televisão
contarão à sua maneira como a bola passava a um fiapo de cabelo dos pés
de Bernard, mas não entrava. Como os chutes de Diego Tardelli e Ronaldinho teimavam em encontrar obstáculos.
A eternidade vai tratar
de dar uma satisfação a Ferreyra, que poderia ter exterminado o sonho
atleticano, mas escorregou. Teria sido o olhar de São Victor, que já
ficara para trás? Teria sido a camiseta de Cuca? E o que provocou a
expulsão de Manzur logo em seguida? E segundos depois, o gol de Leonardo
Silva, de onde veio? De onde ele surgiu?
Alguém, um dia, conseguirá dizer como os jogadores tiveram tanta calma e
categoria para se encaminharem diretamente para a história.
O jogo que começou no dia 24 e terminou em 25 de julho de 2013. Belo
Horizonte, hoje, é branca e preta. Luta, luta, luta com toda raça para
vencer. E faz as malas rumo ao Marrocos, onde alguns duelos memoráveis
podem acontecer: Cuca contra Guardiola, Ronaldinho versus
Schweinsteiger... Que venha o Bayern! E que o mundo descubra, em
dezembro, o imponderável, a paixão e a fé que moveram o Galo ao melhor e
maior dia de sua história.
O grande momento: atleticanos comemoram o título da Libertadores no Mineirão (Foto: AFP)
Vai, Jô! Pega, Jô! Assim não, Galo...
Futebolista dos melhores que foi Djalma Santos, deve ter abençoado o
minuto de barulho em sua homenagem: 60 segundos de hino do Atlético-MG
cantado a plenos pulmões. O tempo... Esse ingrediente cruel das
decisões.
O Galo tinha 90 minutos para fazer dois gols, mas parecia ter 90
segundos, tamanha pressa no início. Pressa inimiga da perfeição, todos
aprenderam. A bola pouco parou no chão. Ronaldinho, que tão bem sabe o
que fazer com ela, abusou dos lançamentos.
O Olimpia teve o peso da camisa tricampeã da Libertadores, mas não só
isso. Os paraguaios não parecem ter sido tratados com a devida
consideração. Os destaques do Galo foram mal no primeiro tempo, como já
havia ocorrido no Paraguai. Não haveria mérito do técnico Hugo Almeida e
sua linha neutralizadora de cinco defensores?
Bola para o Jô, que é final de campeonato. Sempre nele, que só
conseguiu receber e fazer o pivô uma vez, mas o chute de Tardelli saiu
alto. “Eu acredito! Eu acredito!” O mantra ecoava, e a Massa não
acreditava que a bola cruzada por Tardelli passou a milímetros do pé de
Bernard. Ah, se ele fosse um tiquinho mais alto...
A unha de Cuca sofria tal qual a garganta e o coração do torcedor, que
viu Bareiro e Silva entrarem livres na área, mas finalizarem mal, sem
força, nas mãos de São Victor dos Milagres.
Bernard trocou empurrões com Benítez. Victor socou o ar quando o
árbitro interrompeu sua saída rápida. Ronaldinho não se conformou com
mais um passe errado. E o primeiro tempo, que acabou com Josué como
destaque, jogando e orientando, se foi. Hora de Cuca rezar, roer a unha e
botar os nervos no lugar.
O momento da esperança: Leonardo Silva cabeceia e supera Martín Silva, fazendo 2 a 0 (Foto: Reuters)
Esperança, angústia, medo e alegria
Assim que Wilmar Roldán encerrou a primeira etapa, Cuca foi apressado
ao vestiário. Pensava no que fazer. Talvez pedindo uma luz à Virgem da
camiseta e do coração. A luz veio em forma de Rosinei. E que luz
rápida... Um minuto! O cruzamento dele não foi perfeito, mas Pittoni
furou. A bola encontrou Jô, aquele a que todos procuravam. Gol! A Massa
tirou o grito do peito.
Jô virou artilheiro isolado da Libertadores com sete gols, mas queria
mais. Recebeu outra vez de Rosinei e tentou duas vezes. Uma nas mãos de
Silva, outra para fora.
Faltava um. Só um... Tão pouco para o ataque que já fez quatro aqui,
cinco ali. Mas uma enormidade para chegar ao título. Que ruído era
aquele no Mineirão? Era esperança, aflição. Era inexplicável. O Olimpia
se tornou absolutamente coadjuvante. Pareciam fantoches à espera do que
aconteceria. Eles também têm fé. Como devem ter orado...
Como explicar o chute de Diego Tardelli, sem goleiro, por cima do gol?
Estava impedido, o que alivia o erro incrível. Ele saiu logo depois, e
entrou Guilherme. Substituição também de fé, de confiança em sua
técnica, de superstição na expectativa que ele repetisse a semifinal e
fizesse o segundo gol salvador.
Como explicar o escorregão de Ferreyra, sem goleiro, sem ninguém à sua
frente? Ele não estava impedido. Um lance incrível, surreal, que
arrancou mais um coro de “Eu acredito!”. Coro reforçado com a expulsão
de Manzur. E era pra acreditar mesmo.
Como explicar que Leonardo Silva tenha precisado de três cabeçadas? Na
primeira, não foi possível espichar o travessão para que ela entrasse.
Na segunda, não foi possível tirar Martín Silva do caminho. Na terceira
não houve trave ou goleiro que impedisse a catarse mineira, o delírio do
"uai", a explosão absoluta de alegria. Alegria, alegria, alegria...
O Galo tinha um jogador a mais, 56 mil torcedores a mais e 30 minutos mais para entrar na história.
O momento da dor: Cuca socorre Bernard, que ficou em campo mesmo sem condições (Foto: EFE)
O ato final
9-0-0. Ok, não era bem esse o esquema do Olimpia na prorrogação, mas
era quase esse. Contra a paciência do Galo, que virava para cá, para lá,
achava espaços. A bola aérea era um trunfo. Réver acertou o travessão.
“O Galo é o time da virada, o Galo é o time do amor!”. Josué, que
jogador. Grande, vitorioso. Que chutaço. E que defesa do ótimo Martín
Silva, uruguaio ícone da resistência paraguaia.
Na teoria, 9-0-0. Na prática, o esquema era “não tem mais jogo”. Valia
puxar o braço de Victor, ir direto ao corpo de Bernard... Valia tudo. O
Olimpia queria pênaltis. De novo?
Cuca já estava sem agasalho. Sem ar. Sem unhas. O Galo não pressionou
como se esperava. Bravos paraguaios, valorosos. Bernard desabou, sem a
menor condição de jogar. Mas voltou. Falta para o Olimpia. Igualzinha
àquela em Assunção. No mesmo lugar, no mesmo pé direito de Pittoni.
Alecsandro dessa vez não correu para o gol. A bola saiu. Pênaltis. De
novo!
Todas as orações a Victor. Todas. Até Miranda parecia devoto. O
zagueiro abriu as cobranças tão mal... Como se o goleiro precisasse de
ajuda. Pegou no meio do gol. Alecsandro pensou, olhou, bateu com
perfeição e reverenciou o público. Ferreyra também bateu mal, mas fez.
Era a vez de Guilherme, o talismã. Categoria pura. Galo na frente!
Candía bateu no meio. Fez o simples, fez o gol. Jô não perdoou. Gols em
decisões por pênaltis não contam na artilharia do torneio. Nem
precisou. Na cobrança de Aranda, São Victor mal viu a bola.
Indefensável. Assim como o chute de Léo Silva, zagueiro que tem calma de
centroavante para botar a bola na rede.
Se Giménez errar... Se São Victor pegar, o Galo é campeão. Se a bola
não entrar, o Galo é campeão. Era esse o cenário no Mineirão quando
Giménez tomou distância. A torcida sabia que acabaria ali. A bola
acertou o travessão, acertou o coração de milhares, milhões de
atleticanos. Milhões de campeões. Valeu a pena acreditar!
O momento do alívio: Cuca, com sua camisa de Nossa Senhora, festeja a conquista (Foto: AFP)
Pode acreditar! Atlético-MG vence Olimpia nos pênaltis e é campeão da Libertadores
Por Antônio Strini e Marcus Alves, de Belo Horizonte (MG), para o ESPN.com.br
58.620 acreditaram, cantaram e rezaram por mais de 120 minutos.
A
comunhão das arquibancadas do Mineirão bastou para dar ao Atlético-MG o
primeiro título da Libertadores de sua história. Atuando fora do
Independência, o time sentiu demais a falta do alçapão, exagerou na bola
aérea, mas conseguiu na base da pressão reverter nesta quarta-feira a
vantagem construída pelo Olimpia na primeira partida. Com um gol de Jô
marcado no primeiro minuto do segundo tempo e outro de Leonardo Silva
aos 41, a equipe fez 2 a 0 no tempo normal, anulou a vantagem dos
paraguaios e venceu por 4 a 3 nos pênaltis.
Dono
da melhor campanha no torneio sul-americano, o time encerra um jejum de
42 anos sem um título expressivo, coroa um trabalho iniciado ainda em
2011 com Cuca e realiza o sonho do presidente Alexandre Kalil de
alcançar uma grande conquista antes de se despedir do cargo.
O
confronto teve renda de R$ 14.176.146, a maior da história do futebol
nacional, superando a despedida de Neymar entre Santos e Flamengo, em
maio, no Mané Garrincha, em Brasília.
O Atlético-MG fez um
primeiro tempo horrível e forçou demais no chuveirinho. Ao todo, foram
18 bolas levantadas na área nos 45 minutos iniciais. Faltava
criatividade ao time, que exagerava na ligação direta ao ataque. O
Olimpia chegou a desperdiçar chance de ouro com Bareiro.
EFE
Elenco do Atlético-MG posa para foto antes da partida
Na
volta para a etapa complementar, o Atlético-MG veio com outra atitude e
não precisou de mais do que um minuto para abrir o placar, com Jô, em
falha de Pittoni após cruzamento de Rosinei, substituto de Pierre. A
equipe seguiu em cima tentando furar a frente de zaga congestionada dos
adversários e acertou o travessão de Martín Silva. Aos 38 minutos, o
zagueiro Manzur foi expulso. Com um a mais, o clube aproveitou o maior
espaço e conseguiu o segundo gol em cabeçada de Leonardo Silva para
levar o duelo para a prorrogação.
No tempo adicional, mais pressão
e outra bola no travessão, dessa vez com Rever após cobrança de
escanteio de Bernard, que atuou no sacrifício nos últimos minutos.
Guilheme e Josué também passaram perto do terceiro, mas ficou no zero.
Por 4 a 3, o Atlético-MG levou a melhor nos pênaltis.
O árbitro
colombiano Wilmar Roldán, que teve o seu nome contestado fortemente
pelos dirigentes paraguaios, teve atuação tranquila, sem chamar a
atenção e repreendendo a cera dos visitantes.
Antes da partida, em
confusão na entrada do estádio, torcedores sem ingresso aproveitaram
falha da organização e pularam as catracas. Em contato com a reportagem do ESPN.com.br, a Polícia Militar informou que eles foram detidos por seguranças contratados pela Minas Arenas em seguida.
O
Atlético-MG volta as suas atenções para o Campeonato Brasileiro. O time
faz campanha apenas razoável e tem a chance de se aproximar dos líderes
a partir do fim de semana, em clássico com o Cruzeiro, no Mineirão.
Existe também a expectativa em torno do destino de Bernard, acompanhado
nesta quarta-feira por um olheiro do Arsenal no estádio. O meia-atacante
conta com uma oferta mais vantajosa do Shakhtar Donetsk, mas não quer
ir. O Porto também está na briga.
O Olimpia entra em recesso e não
tem a continuidade do técnico Ever Hugo Almeida assegurada. Outra
preocupação da equipe é com a frágil situação financeira que rondeia os
seus cofres. O jogo
Na
saída de bola, passe de Diego Tardelli para Ronaldinho, que recua para
Rever. O zagueiro chutou para frente na busca de Jô. Não era o
Independência, mas o Atlético-MG, atuando num Mineirão com as mesmas
dimensões de sua casa, repetia a tradicional jogada.
Em busca do
primeiro gol ainda nos minutos iniciais, o time partiu com tudo para
cima. Logo aos 2, veio excelente chance, em roubada de bola pelo lado
direito, passe de Michel para Tardelli na frente e excelente chute
cruzado do atacante. Bernard e Jô chegaram atrasados e desperdiçaram
grande oportunidade.
Na sequência, Tardelli despencou no chão e precisou de atendimento médico.
Com
uma postura mais defensiva em campo, o Olimpia ameaçava no
contra-ataque. Em subida, o polivalente Alejandro Silva, autor de um gol
no jogo de ida, quase saiu cara a cara com Victor.
EFE
Réver e Victor se abraçam depois do gol de Jô
Pedindo
bola a todo o momento, Ronaldinho tentava clarear o congestionado
meio-de-campo. Em jogada na meia lua, ele resolveu arriscar e testou
Martin Silva. O uruguaio rebateu mal, mas não havia ninguém do
Atlético-MG no centro.
A equipe insistia nas bolas alçadas de um lado para o outro. Faltava maior toque de bola.
Aos
15 minutos, o Olimpia chegou com perigo duas vezes. Primeiro, em troca
de passes na entrada de área interceptada pela defesa e depois em saída
falha de Victor em cobrança de escanteio batida por Salgueiro.
Os
paraguaios aumentaram a pressão e tiveram uma oportunidade de ouro para
abrir o placar. Bareiro invadiu a retaguarda alvinegra pela esquerda e,
sozinho, chutou em cima de Victor. Ele também havia perdido chance clara
na partida de ida. Mais um milagre para a conta do goleiro atleticano
na Libertadores.
O Atlético-MG retomou o controle do jogo em
seguida, mas falhava na transição do meio para o ataque. As principais
jogadas do time vinham em bolas abertas pelas laterais e chuveirinhos na
defesa do Olimpia. Mesmo com cinco atletas em sua linha de trás, os
visitantes davam espaço. Em um dos cruzamentos, Tardelli ‘furou' sozinho
e perdeu chance preciosa.
Substituto de Marcos Rocha, suspenso,
Michel atuava quase como um ponta e era a válvula de escape do time para
fugir da forte marcação paraguaia.
Com a ligação direta matando a
maioria das tentativas atleticanas, o Olimpia aproveitava os
contra-ataques e levava perigo. Aos 33, Alejandro Silva, sempre ele,
arrancou pela esquerda e chutou rasteiro. Victor fez a defesa com
tranquilidade.
Atlético-MG teve atuação fraca no primeiro tempo.
Ao todo, foram 18 bolas levantadas nos 45 minutos iniciais. A sensação
era a de que o time sentia falta do Independência e o seu formato
acanhado.
Para a segunda etapa, Cuca mexeu no time, saiu Pierre e
entrou Rosinei; Almeida colocou o grandalhão Ferreyra no lugar de
Bareiro. E o Olimpia mostrou na saída de bola qual seria a sua proposta:
no segundo toque na bola, chutão para "tentar" surpreender Victor.
O
time paraguaio, porém, contou com uma falha terrível do seu herói no
primeiro jogo, e o Atlético-MG abriu o placar aos 2 minutos: após
cruzamento rasteiro da direira, Pittoni furou dentro da área, e a bola
sobrou para Jô, que pegou de direita, firme, e fez explodir o Mineirão.
No
lance seguinte, Ronaldinho cobrou lateral pela esquerda direto na área,
em direção a Tardelli; o atacante tocou por cima de Martin Silva, mas a
zaga tirou, colocando para escanteio.
Acuado, o Olimpia pouco
ficou com a bola e apostou nos chutões para Ferreyra. Em um
contra-ataque, quase o time mineiro fez o segundo. Bernard veio pela
direita, cruzou alto, o goleiro Martin Silva ficou olhando a bola
passar, e Diego Tardelli chegou por trás; o uruguaio fez uma defesa
parcial, e Jô, de cabeça, mandou o rebote para fora.
A pressão
atleticana no início da etapa final continuou, e Jô teve duas novas
chances na mesma jogada: em ótima tabela na ponta direita, Rosinei tocou
para o centroavante, que girou e chutou em cima de Silva; o rebote
voltou para o ex-corintiano, mas a bola foi por cima.
Aos 14, em
nova bola alçada na área, Leonardo Silva apareceu sozinho após
cruzamento de Michel pela esquerda, cabeceou alto, mas viu a bola bater
no travessão.
Dois minutos depois, os paraguaios conseguiram uma
boa jogada no ataque, Candia cruzou para Salgueiro, mas frente a frente
com Victor cabeceou para fora do gol.
Aos 19, Ronaldinho acha
Tardelli entre os zagueiros, e o atacante dá um tapa de primeira para
Júnior César avançar livre pela esquerda, invadir a área, mas bater em
cima de Martin Silva.
O duelo, então, ficou ainda mais
emocionante e imprevisível. Primeiro, Silva fez uma defesaça em chute de
fora da área, e no rebote Tardelli, sozinho, isolou - sorte que estava
em impedimento. Na sequência, em contra-ataque, Ferreyra conseguiu
ganhar de Victor na dividida, mas na hora de ajeitar o corpo para bater,
escorregou.
A situação do Olimpia ficou bastante complicada com a expulsão de Manzur, que já tinha amarelo, por falta quase na meia-lua.
E
foi então que o milagre mais uma vez aconteceu: aos 41 minutos,
cruzamento da direita de Bernard, Leonardo Silva cabeceou no segundo
pau, a bola encobriu Martin Silva e morreu no canto esquerdo. Explosão
de emoções no Mineirão, torcedores aos prantos, narradores quase sem
voz. O Galo voltou a igualar um confronto após ficar em desvantagem.
‘Yes, we C.A.M.'
A final foi para a prorrogação.
Com
um a mais em campo e milhares nas arquibancadas gritando, pulando e
cantando, o Atlético-MG transformou o duelo em um verdadeiro Davi x
Golias. O time paraguaio não conseguia passar do meio-de-campo, rifava a
bola a todo momento; o Atlético-MG pressionava.
Réver cabeceou no
travessão. Bernard cruzou fechado, mas Silva espalmou para escanteio.
Josué arrisca de fora da área, e o uruguaio defendeu. Réver outra vez de
cabeça, mas agora por cima do gol. As chances pareciam não acabar para o
Atlético-MG nos primeiros 15 minutos.
A etapa final foi mais
equilibrada, tudo porque Bernard sofreu com câimbras e pouco pôde ajudar
os companheiros. Pittoni, que falhou no primeiro gol atleticano, ficou
muito próximo da redenção em nova cobrança de falta: a bola passou pela
barreira e tirou tinta da trave direita de Victor.
Alecsandro teve
a chance da consagração aos 14 minutos: em rápida trama do ataque, o
centroavante recebeu cara a cara com Silva, encobriu o goleiro, mas
Miranda salvou de cabeça.
O título, agora, seria decidido nos pênaltis.
Miranda
foi o primeiro a bater, e mal, no meio do gol, para a defesa de Victor;
Alecsandro chutou convicto, forte, no canto direito alto de Silva, e
abriu o placar.
O
grandalhão Ferreyra cobrou rasteiro, baixo, na direita, mas a bola
passou por baixo do goleiro atleticano, empate do Olimpia, 1 a 1.
Guilherme foi o próximo e balançou as redes do uruguaio, Galo em
vantagem. Candia chutou com força no meio do gol, mas dessa vez não deu
para Victor, nova igualdade no placar.
Jô, autor do primeiro gol
no Mineirão, bateu com estilo, deslocando Silva, 3 a 2 Atlético-MG.
Aranda deixou o Olimpia vivo com um chute forte, alto, no meio do gol.
Leonardo Silva acertou bem sua cobrança, colocando o Galo com uma mão na
sonhada taça Libertadores.
E então Giménez foi para a cobrança.
Chute alto, no canto direito, deslocando Victor. Mas a bola acertou a
trave direito. A América, agora, é do Atlético-MG.
FICHA TÉCNICA: ATLÉTICO-MG 2 (4) X (3) 0 OLIMPIA Local: Estádio Mineirão, em Belo Horizonte (MG) Data: 24 de julho de 2013, quarta-feira Horário: 21h50 (de Brasília) Árbitro: Wimar Roldan (COL) Assistentes: Humberto Clavijo e Eduardo Ruiz (ambos da Colômbia) Público: 56.557 pagantes Renda: R$ 14.176.146,00 Cartões Amarelos: Bernard, Luan (Atlético-MG), Salgueiro, Martín Silva, Ferreyra, Giménez e Benítez (Olimpia)
Cartão Vermelho: Manzur Gols:
ATLÉTICO-MG: Jô, a 1, e Leonardo Silva, aos 40 minutos do segundo tempo ATLÉTICO-MG:
Victor; Michel (Alecsandro), Réver, Leonardo Silva e Júnior César;
Pierre (Rosinei), Josué, Tardelli e Ronaldinho; Bernard e Jô
Técnico: Cuca OLIMPIA:
Martín Silva; Manzur, Miranda e Candia; Alejandro Silva (Giménez),
Mazacotte, Aranda, Pittoni e Benítez; Salgueiro (Baez) e Bareiro
(Ferreyra)
Técnico: Ever Hugo Almeida
Já dizia em 1988 Humberto Gessinger, Roqueiro e Poeta Gaúcho:
é impossível repetir
o que só acontece uma vez
é impossível reprimir
o que acontece toda vez
que chega a hora
de dizer chega...
...a hora...
...de dizer chega...
Pois Bem: CHEGA!
Afasta de nós este cale-se!' Texto de Selma Sueli Silva
'Afasta de nós este cale-se!' Texto de Selma Sueli Silva
Publicação Site da Rádio Itatiaia 29/06, 11:47 Blog do José Lino Souza Barros.
As
fumaças do gás lacrimogêneo e do spray de pimenta estão baixando e já é
possível enxergar melhor. Com uma pauta de reivindicações que vai desde
a volta da tomada de dois pinos até o fim da impunidade e corrupção, as
manifestações seguem, há quase um mês, por todo o país, causando
espanto aos especialistas que tentam explicar o fenômeno: como tudo
começou sem a gente saber, sem a gente prever? Como tanta gente foi
mobilizada sem uma liderança clara e definida?
Desde que o mundo é
mundo sabemos que mudanças vem da ousadia do jovem mas que foco e
equilíbrio vem da experiência da idade madura que conquistamos após
muita, muita vivência. Portanto, é inútil querer descobrir um ponto
certo onde tudo começou. Na verdade, tudo pode ser apenas uma sequencia.
Quem
acompanha as redes sociais sabe que a insatisfação vem crescendo: é
escândalo do mensalão, denúncias diárias de corrupção, casos apurados e
comprovados seguidos da mais vergonhosa impunidade, casas legislativas
infiltradas por bandidos, Renan Calheiros no comando do Senado, e por aí
vai, tornando difícil achar trigo em meio a tanto joio. Mas, como
disse o poeta, há o dia em que “de tão usada, a faca já não corta”. Os
donos do poder esqueceram-se disso. Eles estavam tão acostumados com a
nossa aparente apatia que acharam que tudo que sempre acabou em pizza,
agora ia terminar em Copa. Mas o caldo entornou e o povo foi às ruas
dizer NÃO a uma longa, larga e funda lista de palavras de ordem:
Brasil vamos acordar, professor vale mais que o Neymar;
Isso é mais que um protesto contra o aumento das tarifas, isso é o grito de quem não aguenta mais tanta corrupção;
Por favor não nos machuque, nós não temos hospitais;
Desculpem o transtorno, estamos mudando o país;
Já que a bomba é de efeito moral, joga no Congresso Nacional;
Fome, miséria e opressão, nisso o Brasil é pentacampeão,
Quando seu filho ficar doente, leve-o a um estádio;
O povo acordou, o povo decidiu. Ou para a roubalheira, ou paramos o Brasil;
Queremos hospital e escola no padrão FIFA;
Vandalismo é destruir escola e museu para construir estacionamento;
Não é por 20 centavos é por 40, pois a viagem é de ida e volta;
Jogaram mentos na geração coca cola;
Nossos sonhos são a prova de balas;
Spray de pimenta em baiano é tempero;
Enfia os 0,20 centavos no SUS;
Prender por manifestação é mole, quero ver prender por corrupção.
Se vão importar médicos de cuba para melhorar a saúde, então que importem políticos suecos para acabar com a corrupção;
O povo unido protesta sem partido;
Direita? Esquerda? Eu quero é ir pra frente.
É, "Tem tanta coisa errada que não cabe em um cartaz."
No
início, governo até ensaiou um pulso firme e disse não à redução das
tarifas. Depois percebeu que a coisa era mais séria do que parecia.
Imaginou esvaziar as ruas eliminando os 20 centavos de aumento. Tarde
demais. O povo queria muito mais.
O gostinho da cidadania já havia
se alastrado, apesar de bandidos terem se aproveitado da aglomeração de
pessoas para fazer o que bandido faz de melhor: agir na covardia. E
dá-lhe depredação, fogo e pânico nas ruas. Mais a verdadeira
manifestação acontecia com gente de bem e continuou.
E de
repente, não mais que de repente, a máquina política, emperrada pelo
ferrugem da corrupção, do individualismo, do oportunismo, se mostra
ágil, produtiva, azeitada. Em dois dias, os nobres parlamentares
aprovaram projetos que dormiam, há anos, nas gavetas do legislativo.
Mesmo
que no ano que vem tenhamos eleições, como bem disse Son Salvador, as
manifestações alteraram a saúde dos políticos: 'vossas excelências
ficaram com a pressão alta das ruas'.
E o corre corre começou.
Nos últimos dias, pela primeira vez, o noticiário esteve repleto de
declarações, discursos e propostas de suas excelências, as autoridades
do país. Corrupção virou crime hediondo, a educação vai, enfim, receber
mais dinheiro, haverá confisco de propriedades flagradas com escravos, a
PEC 37 foi para o espaço... além, é claro, da possibilidade de o povo
ser ouvido através de um plebiscito.
Mas, e sempre há um mas,
muitas das propostas dependem de uma Reforma Política. E onde é que o
avanço do Brasil sempre fica travado? É isso! No Congresso Nacional. Não
na Instituição, tão necessária à democracia, mas em quem colocamos lá
dentro.
O eleitor elege um deputado ou senador que possa
representá-lo e, há muito, isso não acontece mais. A distância entre o
eleito e o eleitor ficou enorme, graças a ação dos intermediários, dos
lobistas de setores da indústria, do comércio, dos bancos, das empresas,
de segmentos religiosos e até de times de futebol.
Sai de cena a bancada do povo para entrarem as bancadas ruralista, evangélica, da bola, do bingo e outras mais.
E
é aí que surge a pergunta: em que ponto a criatura se virou contra seu
criador? Em que momento de nossa história, partidos políticos tão
necessários à democracia, se distanciaram dos anseios populares? Em que
ponto o deputado passou a valer mais do que quem o elegeu e começou a
promover uma vergonhosa dança das cadeiras, de acordo com interesses que
garantissem sua reeleição ad infinitum, se transformando em político
profissional, até que um escândalo o empurre a uma renúncia e a renúncia
a uma polpuda aposentadoria.
Mas o gigante acordou e grita: "Se
vão importar médicos de Cuba para melhorar a saúde, então que importem
políticos suecos para acabar com a corrupção."
Protestar é preciso, para que viver seja possível.
Calados, nunca mais! "Direita? Esquerda? Não. Nós queremos é ir pra frente!
O Gigante Acordou - Hino da Revolução dos Vinte Centavos
Esse gigante acordou, mas levantar assim não é de uma hora para outra; alguns já estão fazendo barulho a muito tempo para ver se o gigante levanta... um deles é o Luciano Pires, do PodCast Café Brasil, Ele apareceu a uns 7 anos com o Melô do Pocotó, onde um burrinho dançava de forma ridícula e jogava na cara do "Gigante" que um país onde a televisão fica o domingo todo dançando eguinha pocotó tem a educação, saúde e políticos que merecem... Esses são trechos dos últimos PodCasts sobre as manifestações, além de um artigo dizendo de onde vem esses gritos... mais detalhes em: http://www.lucianopires.com.br/ http://www.portalcafebrasil.com.br
357 - Nunca serão
Download do programa 26 MB
Bom dia, boa tarde, boa noite. E ai? Já foi pra rua? Fez a sua parte?
Fez o seu cartaz? Teve a sensação de participar de um movimento cívico?
Ou ainda está desconfiado? Bem...eu to. Eu to muito desconfiado. Por um
lado, feliz com a movimentação, com o fim da pasmaceira. Por outro
preocupado com o que vem pela frente. No programa de hoje vamos tentar
entender o que é que anda acontecendo com o grito das ruas.
Pra começar, outra frase de Mahatma Gandhi:
Temos de nos tornar a mudança que queremos ver.
a Izabela, que comentou assim o programa SOLTO
NAS RUAS: “Luciano, boa tarde. Confesso que fiquei meio desapontada com seu texto. Em 1977 você escreveu: "Se não houver a participação agora da
classe considerada “pensante” (e portanto “perigosa”) na resolução dos
problemas nacionais, não como causadora (como se quer fazer parecer),
mas como apresentadora de possíveis soluções, como esperar que mais
tarde aqueles que hoje são impedidos de se manifestar e, portanto, de
errar e acertar, possam resolver outros problemas, quiçá mais
complicados?" Confesso que fiquei desapontada porque...você não fez
isso...tenho buscado, tenho lido...e poucos têm feito isso! Poucos têm
apresentado soluções. O que é normal, já que a realidade é complexa,
está em constante transformação e não dá pra olhar pra o presente com o
olhar e a lente do passado. É preciso atualizar e o ritmo está tão acelerado que ninguém
dá conta de responder prontamente a ele. É normal, e seria leviano e
pretensioso sair apontando soluções. Mas eu, como parte dessa geração, me sinto cobrada, inclusive
por você, quando fala que se orgulha "de ter, de alguma forma, ajudado a
fazer a história do Brasil. Agora é a sua vez." Me sinto cobrada e sem amparo, sem o amparo que você mesmo
viu necessário quando viveu sua vez. Temos recebido críticas, temos sido
chamados de vazios, baderneiros, inconstantes, massa de manobra. O que não temos recebido é cuidado, dessa massa pensante. Passaram o bastão e estão pagando pra ver. Procurei pelos meus referenciais, mas estou quase pensando como na música: "Hoje eu sei Que quem me deu a idéia De uma nova consciência E juventude Tá em casa Guardado por Deus Contando vil metal..." Eu gosto muito dos seus textos, te tenho como referencial, e
isso não mudou. Mas eu e minha geração precisamos de algo mais do que
ouvir que é nossa vez. A gente já sabe! Com respeito, que sempre tive
por você. Obrigada.”
Izabela, neste momento, o máximo que posso dar é alguns conselhos,
mesmo assim com o pé atrás. Ainda não consegui entender direito o que
está acontecendo. É claro que os indícios superficiais a gente conhece,
mas há muito mais por trás dessa movimentação toda do que podemos saber.
Como eu disse no programa passado, neste momento, prudência me parece
ser o melhor conselho. Não por conservadorismo, por medo ou por falta de
iniciativa. É por inteligência mesmo.
Povo novo Tom Zé
"A minha dor está na rua Ainda crua Em ato um tanto beato, mas Calar a boca, nunca mais! O povo novo quer muito mais Do que desfile pela paz Mas Quer muito mais Quero gritar na Próxima esquina Olha a menina O que gritar ah, o Olha menino, que a direita Já se azeita, Querendo entrar na receita, mas De gororoba, nunca mais Já me deu azia, me deu gastura Essa politicaradura Dura, Que rapa-dura!"
Olha só o Tom Zé, com sua POVO NOVO, que acaba de ser lançada... O povo quer muito mais que passeata pela paz...
Muito bem. Depois de 15 ou 20 dias de protestos nas ruas já é
possível começar a fazer algumas avaliações. Vejamos o que disse o
ex-governador do Rio de Janeiro Cesar Maia: “As eleições de 2012 mostraram números recordes de não voto
(abstenção + brancos + nulos), algo em torno de 35% pelo Brasil todo,
num crescimento de uns 10 pontos sobre os últimos anos. Era certamente
um sinal. No Rio, apenas 14% dos jovens entre 16 e 18 anos com direito a
voto se inscreveram para votar. Era outro sinal. O governo federal - desde Lula - entendeu como ‘paz social’
cooptar os movimentos sociais (sindicatos, associações, UNE, ONGs e até
intelectuais) com generosos - digamos - subsídios. O governo federal
resolveu comprar partidos e políticos ideologicamente conflitantes e
transformar o Congresso num departamento do executivo ao qual chamou de
base aliada. Apoiou e contratou um partido novo (PSD) para minimizar a
oposição. Mensalões se espalharam. Externalidade de riqueza de políticos
idem. Os respiradouros institucionais de opinião pública foram
obstruídos. Era outro sinal. A onda de desqualificação do setor público e exaltação do
setor privado como cogestor dos governos, com consultores substituindo
governantes, privatizações, terceirizações, construíram um ambiente
autoritário em nome da técnica e da modernidade, reprimindo as
manifestações das corporações de servidores. Era outro sinal. A ideia que o povo era o problema e que os governos deveriam
reprimir hábitos e substituir a prevenção pela repressão - apelidando de
choques de tudo -, da urina à exponenciação dos “pardais” de trânsito,
foi criando uma sensação de sufoco. Era outro sinal. O uso e abuso da publicidade pelos governos com gastos
bilionários foram gerando a certeza que se tratava tudo de uma fraude,
tentando iludir as pessoas. O que se mostrava não correspondia à
realidade. Era outro sinal. A blindagem dos governos que a imprensa - especialmente no
Rio - fazia, destacando números e fatos positivos e omitindo tantos
outros, sem equilíbrio entre os apologistas e os críticos, apontou na
mesma direção de divergência entre a opinião publicada e a opinião
pública. Isso foi se esgotando. Era outro sinal. Sem canalização institucional, tudo isso foi sendo canalizado
para as redes sociais. A vaia em Dilma na abertura da Copa das
Confederações foi o primeiro ato. O aumento no preço das passagens de
ônibus foi a gota d´água. No Rio, a coincidência com a proibição de vans
na zona sul no mesmo momento do aumento, foi uma imprudência. Era outro
sinal que a reação não seria uma procissão. A leitura dos dados econômicos por especialistas e pela
imprensa não percebe o mundo fora dos mercados. Por exemplo: O IBGE
apresenta taxa de desOcupação e não de desEmprego. O subemprego e o
emprego precário nas tabelas do IBGE somados aos 5,8% de taxa de
desocupação, somam 26% de - aí sim - desemprego. Jovens são a maioria nas redes sociais. Mas eles têm pais,
professores, parentes, amigos, colegas e chefes de trabalho... Jovens
são a grande maioria nas ruas, não porque sejam a grande maioria dos
Indignados, mas pela característica, até natural, de energia e ousadia.
Quem traduzir como movimento jovem apenas, vai se iludir.”
Chega ( Não é pelos 20 centavos) Seu Jorge Gabriel Moura Pretinho da Serrinha
"Chega" Chega de impunidade, Chega de desigualdade, Chega, todo mundo tá chegando, Não é pelos 20 centavos que estamos lutando.
Chega de não ter casa pra morar, Chega de não ter grana pra pagar, O povo não está brincando, Não é pelos 20 centavos que estamos lutando.
Chega, todo vai pra rua, Você vai ficar na sua, É uma falta de respeito, Canta forte pelos seus diretos.
Brasil, tá na sua hora. Brasil, tem que ser agora. Não é pelos 20 centavos que estamos lutando.
Brasil, pinta sua cara. Brasil, é uma chance rara. Não é pelos 20 centavos que estamos lutando.
Chega todo mundo quer saúde. Chega vamos mudar de atitude. Não estamos aguentando. Não é pelos 20 centavos que estamos lutando.
Chega de violência Chega de vandalismo É pela paz no país que estamos marchando.
Chega, precisamos de escola. Não vivemos só de bola. É o povo brasileiro que sustenta o país inteiro.
Brasil, tá na sua hora. Brasil, tem que ser agora. Não é pelos 20 centavos que estamos lutando.
Brasil, pinta sua cara. Brasil, é uma chance rara. Não é pelos 20 centavos que estamos lutando.
Você está muito enganado se é isso que está pensando. Chega de blah...blah...blah....Chega...blah...blah...blah
Que bom ouvir o pessoal gritando CHEGA! Você está ouvindo, CHEGA
(NÃO É PELOS 20 CENTAVOS), de e com Seu Jorge, Gabriel Moura e Pretinho
da Serrinha. Que tal?
O sociólogo espanhol, Manuel Castells também falou sobre os protestos que tomaram as principais cidades do Brasil. Ouça: “Todos estes movimentos, como todos os movimentos sociais na
história, são principalmente emocionais, não são pontualmente
indicativos. Em São Paulo, não é sobre o transporte. Em algum momento,
há um fato que traz à tona uma indignação maior. O fato provoca a
indignação e então, ao sentirem a possibilidade de estarem juntos, ao
sentirem que muitos que pensam o mesmo fora do quadro institucional,
surge a esperança de fazer algo diferente. O quê, hein? Não se sabe, mas
seguramente não é o que está aí. Porque, fundamentalmente, os cidadãos do mundo não se sentem
representados pelas instituições democráticas. Não é a velha história da
democracia real, não. Eles são contra esta precisa prática democrática
em que a classe política se apropria da representação, não presta contas
em nenhum momento e justifica qualquer coisa em função dos interesses
que servem ao Estado e à classe política, ou seja, os interesses
econômicos, tecnológicos e culturais. Eles não respeitam os cidadãos. É
esta a manifestação. É isso que os cidadãos sentem e pensam: que eles
não são respeitados. O que muda atualmente é que os cidadãos têm um instrumento
próprio de informação, auto organização e automobilização que não
existia. Antes, se estavam descontentes, a única coisa que podiam fazer
era ir diretamente para uma manifestação de massa organizada por
partidos e sindicatos, que logo negociavam em nome das pessoas. Mas,
agora, a capacidade de auto-organização é espontânea. Isso é novo e isso
são as redes sociais. E o virtual sempre acaba no espaço público. Essa é
a novidade. Sem depender das organizações, a sociedade tem a capacidade
de se organizar, debater e intervir no espaço público.
Nunca serão Gabriel O Pensador
Eu caminhava no meu Rio de Janeiro quando alguém me parou e falou: "Aê parceiro, me dá tua mão que eu quero ver se tá com cheiro Porque eu sou um cara honesto e detesto maconheiro" Eu tinha acabado de sair do banheiro e dei a mão pra ele cheirar Mas foi uma cena bisonha Ele cheirou a minha mão por um tempo e eu disse: Espera, tu não é o Capitão Nascimento? Que vergonha, meu capitão Procurando maconha no calçadão Qual é a tua missão? Eu vi teu filme mas não me leva a mal Não me tortura assim não que eu sou um cara legal Em certas coisas eu concordo contigo Mas não é assim que você vai achar os grandes bandidos Esse país tá fodido
Ele falou: 'Eu sei disso Quando eu entrei na PM, eu assumi um compromisso, eu luto pela justiça' Eu também Sem justiça não tem paz e sem paz eu sou refém A injustiça é cega e a justiça enxerga bem Mas só quando convém A lei é do mais forte, no Bope ou na Febem Na boca ou no Supremo Que justiça a gente tem, que justiça nós queremos?
Os corruptos cassados? Nunca serão! Cidadãos bem informados? Nunca serão! Hospitais bem equipados? Nunca serão! Nunca serão!! Nunca serão!!!
Os impostos bem usados? Nunca serão! Os menores educados? Nunca serão! Todos alfabetizados? Nunca serão! Nunca serão!! Nunca serão!!!
Capitão, não sei se você soube dessa história Que rolou num povoado peruano se não me falha a memória Um político foi morto pelo povo Um corrupto linchado por um povo que cansou de desrespeito E resolveu fazer justiça desse jeito Foi um linchamento, foi um mau exemplo Foi um mau exemplo mas não deixa de ser um exemplo Eu sou contra a violência mas aqui a gente peca por excesso de paciência Com o "rouba mas faz" dos verdadeiros marginais Chamados de "doutor" e "vossa excelência" Cujos nomes não preciso dizer A imprensa publica, mas tudo indica que a justiça não lê Diz que é cega, mas o lado dos colegas ela sempre vê Capitão, isso é um serviço pra você!
Deputado! Pede pra sair! Pede pra sair, deputado! Sabe o que você é? Um muleque, é isso que você é Senador, pede pra sair! (Desisto!) Mais alto senador! (Desisto!) Vagabundo, cadê o dinheiro que você desviou dessa obra aqui? (Eu não sei não!) Fala, Vossa Excelência, é melhor falar! (Eu não sei!) Cadê a verba da merenda que sumiu? 02, o corrupto não quer falar não! Pode pegar o cabo de vassoura! (Tá bom, eu vou falar, eu vou falar!)
Os corruptos cassados? Nunca serão! Cidadãos bem informados? Nunca serão! Hospitais bem equipados? Nunca serão! Nunca serão!! Nunca serão!!!
Os impostos bem usados? Nunca serão! Os menores educados? Nunca serão! Todos alfabetizados? Nunca serão! Nunca serão!! Nunca serão!!!
Conversei com o Nascimento que não pensa como eu penso mas pensando nós chegamos num consenso Nós somos vítimas da violência estúpida que afeta todo mundo, menos esses vagabundos lá da cúpula corrupta hipócrita e nojenta Que alimenta a desigualdade e da desigualdade se alimenta Mantendo essa política perversa Que joga preto contra branco, pobre contra rico e vice-versa Pra eles isso é jogo, esse é o jogo Se morre mais um assaltante ou mais um assaltado, tanto faz Pra eles não importa, gente viva ou gente morta É tudo a mesma merda Os velhos nas portas dos hospitais, as crianças mendigando nos sinais Pra eles nós somos todos iguais Operários, empresários e presidiários e policiais Nós somos os otários ideiais Enquanto a gente sua e morre Só os bandidos de gravata seguem faturando e descansando em paz Enquanto esses covardes continuam livres, nós só temos grades Liberdade já não temos mais!
Nunca serão! Nunca serão! Nunca serão! Nunca serão !! Nunca serão !!!
Nunca serão! Nunca serão! Nunca serão! Nunca serão !! Nunca serão !!!
Boa 06, também atirando com o meu fuzil fica fácil, né? Caveira!
Uau, Gabriel o Pensador, com NUNCA SERÃO... A minha esperança, cara, é que depois dessa aqui, um dia serão...
Perplexidade. É esse o termo: perplexidade. Passei por algumas das
mais importantes manifestações populares deste país, do movimento
estudantil de 1977 às Diretas Já e depois o Fora Collor. E eu nunca vi
nada igual. Algumas reflexões:
1.A emoção dos que estão nas ruas em busca de um país melhor. Não há o
que pague ver o entusiasmo de meu filho mostrando as fotos do protesto,
contando da emoção de ver pessoas sinceramente em busca de um país
melhor. Do alívio de finalmente soltar o grito! Se não houver nenhum
outro mérito na sucessão de protestos, esse amadurecimento político da
garotada já terá valido a pena.
2. Me lembro de uma frase de Washington Olivetto que cabe como uma
luva neste momento: “Se ninguém se incomoda, todo mundo acha que está
tudo correto, tudo certinho, a chance de não acontecer nada é muito
grande.” Esse tem sido o papel do governo: insistentemente nos lembrar
que está tudo bem. Mas não está. E uma hora a paciência acaba. Parabéns a
você que levou seu grito legítimo às ruas.
3. A presença dos vândalos. De cada 10 manifestações, 8 acabam em
vandalismo. Isso coloca por terra a explicação de que “são exceções, são
minorias”. Podem ser minorias entre os que vão às ruas, mas estão longe
de ser exceções. O vandalismo é coisa de bandidos ou de gente
interessada em radicalizar as manifestações. Qualquer que seja a
intenção, a resposta tem que estar na ponta de um cassetete. Não existe
argumento que justifique incendiar uma concessionária, um ônibus, uma
banca de jornal. Isso é coisa de bárbaros, que só entendem a linguagem
da porrada. Rezo diariamente para a polícia perder o medo da imprensa e
baixar o cassetete nos vândalos.
4. A perplexidade dos políticos, do governo. Atarantados.
Desapareceram. E só quem aparece é Dilma Roussef para dizer que está
ouvindo o grito das ruas e oferecer como solução um programa requentado
do PT publicado em 2007 e que faz parte de sua estratégia para manter-se
indefinidamente no poder. Lula desapareceu. E a bagunça é tão grande
que o porta voz do governo passa a ser Aloizio Mercadante, o Ministro da
Educação com seu lero lero costumeiro. A única coisa que o governo
mantém é a pose. Infelizmente pose não resolve crises.
5. Nada como um bafo na nuca, não é? O Executivo, o Legislativo e o
Judiciário já fizeram em uma semana mais do que em dez anos. A classe
média nas ruas despertou o senso de urgência e melhor ainda, destruiu a
sensação de onipotência, de impunidade dos políticos. Pensarão duas
vezes antes de defender os absurdos costumeiros. E olha que os pobres
ainda não saíram às ruas...
Então... estamos vivendo um momento histórico. Eu fiquei preso em
congestionamentos, tive que mudar minha rotina e acho que haverá um
prejuízo imenso ao Brasil por conta das manifestações. Mas eu já pensei
bastante sobre o tema e acho que não havia outra forma. Tudo que
aconteceu nos últimos dias foi necessário. Era o choque que faltava para
o grito de BASTA ser ouvido. E repito o que eu disse no programa
anterior:Já mostramos que queremos mudanças, acuamos os políticos. Agora é
hora de usar a inteligência, cirurgicamente, atingindo quem tem a
responsabilidade de fazer e não faz. A caminho de um novo Brasil.
Espero que melhor...
Brasil em cartaz Thiago Corrêa
Saí do Facebook para mostrar como se faz Tem tanta coisa que não cabe em um cartaz
O Brasil era um país muito engraçado, não tinha escola, só tinha estádio Ninguém podia protestar não, porque a PM sentava a mão O Brasil é o país do futebol porque o futebol não se aprende na escola Mas agora colocaram Mentos na geração Coca-Cola
E olha só, que coincidência, não tem polícia não tem violência O transporte público é pior que a Tim Me chama de Copa e investe em mim
Vem pra rua, vem comigo Mas seu guarda, seja meu amigo A bomba sobe, a gente abaixa Me manda um Halls, odeio bala de borracha 'The jiripoca is going to pew pew' Queremos formatar o Brasil É uma vergonha, a passagem está mais cara que a maconha
Então é assim, ao som de BRASIL EM CARTAZ, que o músico Thiago
Corrêa fez com os dizeres dos cartazes das manifestações, que este Café
Brasil ainda perplexo vai saindo de mansinho.
Com o manifestante Lalá Moreira na técnica, a agitadora Ciça Camargo
na produção e eu, o sempre perplexo Luciano Pires, na direção e
apresentação.
Estiveram conosco a ouvinte Izabela, Tom Zé, Gabriel o Pensador, Thiago Corrêa, Seu Jorge, Gabriel Moura e Pretinho da Serrinha.
O Café Brasil chega até você com o suporte do Auditório Ibirapuera,
um lugar planejado para receber todos os tipos de ideias e manifestações
relacionadas á cultura, mas que no fundo tratam de como vemos e
queremos nosso país. Visite www.facebook.com/auditorioibirapuera, dê uma
olhada na programação e vá até lá. Você tem que conhecer!
E para terminar, uma frase dela:
A
voz das ruas precisa ser ouvida e respeitada. E ela não pode ser
confundida com o barulho e a truculência de alguns arruaceiros.
356 - Solto nas ruas
Download do programa 26 MB
Bom dia, boa tarde, boa noite! Meu, o bicho tá pegando! A estudantada
foi às ruas e o povo foi atrás, em manifestações que explodem por todo o
país! OU será que o povo está acordando? Ou será que é tudo mais uma
grande manipulação com interesses políticos - eleitorais, como aquelas
que fazem parte da história do Brasil? Eu acho que só o tempo dirá, mas
to adorando ver que a turma seguiu aquele conselho do Lula: tirem a
bunda da poltrona! O programa de hoje vai nessa linha.
Pra começar uma frase do ex presidente norte americano Abraham Lincoln:
Pode-se enganar a todos por algum tempo pode-se enganar alguns por todo o tempo mas não se pode enganar a todos todo o tempo.
E o exemplar de meu livro NÓIS...QUI INVERTEMO AS COISA, mais o kit
especial DKT vai para... para... Zuleide Giraldi, que comentou assim o
programa Maioridade Penal 2:
“Então, Luciano... Concordo que a gente tem que exigir o que é
dever do estado. Mas como estariam as coisas se o que existe hoje no
papel estivesse sendo cumprido? Se crianças e adolescentes tivessem o
atendimento estabelecido em lei, se as penitenciárias tivessem a lotação
máxima respeitada, se os menores infratores fossem submetidos às
medidas sócio educativas desde as menores infrações e não apenas quando o
pepino já está torto demais... enfim. Se o que está escrito hoje, nas
leis e na própria constituição, estivesse valendo na prática. Será que
estaríamos discutindo a redução da maioridade? Eu penso que não. Por
isso, não acredito em nenhuma mudança de lei, que não passe pelo
cumprimento das outras que continuarão a ser necessárias. (...) Um jovem que estava pichando o muro da escola na madrugada,
na região de Curitiba, ficou a noite toda na sala do delegado e pela
manhã, pra não ser "fichado", teve que pintar o muro da escola. Detalhe:
na hora da entrada pro colégio, pra que os amigos dele vissem. Não sei
se vai resolver pra esse jovem, mas eu achei ótima a ideia! Uma
verdadeira medida sócio educativa! Mas leva tempo e dá trabalho (o
policial teve que voltar na escola com o jovem, o delegado gastou um
tempo no sermão e deve ter comprado a tinta com o próprio bolso). Não dá
pra deixar as questões práticas de lado na discussão. Reduzir a
maioridade sem garantir a efetivação das medidas, é aumentar o tamanho
do castigo e ficar só na ameaça. Vale enquanto eles têm medo. Mas se a
impunidade continua, o medo acaba.”
Pois é Zuleide, fazer valer as leis que já existem! Se fosse assim,
nem teríamos que estar discutindo uma porção de assuntos que estão nas
primeiras páginas, não é? Esse é o grande nó do Brasil: somos incapazes
de cumprir o que dizemos que temos que fazer. O exemplo que você deu no
final, do garoto pintando o muro na frente de todo mundo é genial! E eu
também tenho certeza que o delegado pagou a tinta e o pincel do bolso
dele... Esse é o Brasil que tem que mudar.
Então...o Brasil está em ebulição. Tenho sido cobrado para manifestar
minha opinião sobre o movimento, mas me recusei a escrever qualquer
coisa antes de entender o que se passa. E eu não entendi ainda. Por todo
lado vejo gente que tenta explicar, quebrando a cara. De um lado
deslumbrados neo marxistas, de outro enraivecidos ultra conservadores,
no meio os...digamos...os sonháticos... Todo mundo quebrando a cara.
Então, pra não falar besteira, preferi observar.
Moda da revolução Cornélio Pires Arlindo Santana
A revolta aqui em são paulo Para mim já não foi bão Pela notícia que corre Os revoltoso tem razão Eu estou me referindo, A essa nossa situação Se os revoltoso ganhar Aí eu pulo e rolo no chão Quando cheguei em são paulo O que cortou meu coração Eu vi a a bandeira de guerra Lá na torre da estação Encontrava gente morto Por meio dos quarteirão Dava pena e dava dó, Ai era só judiação
Na hora que nós seguimos, Perseguindo o batalhão Saimo por baixo de bala, Sem ter aliviação E a gente ali deitado Sem deixar levantar do chão De bomba lá de são paulo, Ai roncava que nem trovão
Zidoro se arretirou Lá pro centro do sertão Potiguara acompanhou Ai prá fazer a traição Zidoro mandou um presente Que foi feito por sua mão Acabaram com potiguara E acabou-se o valentão
Nós tinha um 42 Que atirava noite e dia Cada tiro que ele dava Era mineiro que caía E tinha um metralhador Que encangaiava com pontaria Os mineiro com os baiano Ai c´os paulista não podia
Que tal a MODA DA REVOLUÇÃO, de Cornélio Pires e Arlindo Santana
com Mineiro e Manduzinho? Olha só, esta deve ter sido composta em
1924...
Muito bem. Tenho uma regra de ouro: sempre espero a poeira assentar
antes de tirar conclusões sobre os grandes acontecimentos, pois a
verdade desaparece sob as cortinas de fumaça e o ruído das ruas. Além
disso, centenas de textos são escritos a respeito e eu acabo me sentindo
mais um, repisando argumentos que já estão espalhados aos quatro
ventos. Mas estão me perguntando o que acho, então vamos lá vai, escolhi
um texto que diz exatamente o que penso. É um Editorial do Jornal
Análise. No final dou a dica sobre esse jornal. Aqui vão os principais
trechos. “Antes de tudo, há que se questionar a validade ou não do
movimento em si, tomando por base suas reivindicações e seu significado,
assim como o momento em que surge. (...) A inquietação das autoridades perante os acontecimentos,
demonstrada pela inabilidade com que foram ou são tratados alguns
problemas (vide as bombas desnecessárias, ou a proibição em péssima hora
das manifestações públicas, assim como a violência adotada – violência
negada pelas autoridades – para “deter” os estudantes, etc), é
facilmente compreensível. Afinal de contas, quantas vezes houve uma
contestação de tal vulto desde os idos de 68? Como aceitar passivamente o
risco de uma mobilização popular de consequências imprevisíveis? Como
resolver esse problema? Se levarmos em consideração que o diálogo foi transformado em
monólogo, que as vias burocráticas já provaram e comprovaram sua
ineficácia (...), veremos que é plenamente justificável a saída às ruas,
as concentrações estudantis e populares, como forma de expressar a
inquietação popular relativa aos problemas que afligem a nação. Se não houver a participação agora da classe considerada
“pensante” (e portanto “perigosa”) na resolução dos problemas nacionais,
não como causadora (como se quer fazer parecer), mas como apresentadora
de possíveis soluções, como esperar que mais tarde aqueles que hoje
são impedidos de se manifestar e portanto, de errar e acertar, possam
resolver outros problemas, quiçá mais complicados? São constantes os apelos das autoridades, alertando sobre a
infiltração, ou infiltrações no movimento. Não negamos que existam
infiltrações de esquerda ou direita, ou mesmo de agitadores em
potencial... Onde não existe? Qual a manifestação popular em que não existe infiltração? Deve-se deixar claro que, se as infiltrações existem, estas
apenas subsistirão se houver condições para tanto, o que, neste caso,
não corresponde à realidade. Pelo contrário. É fácil perceber a
disposição das lideranças em não permitir a agitação, a conturbação, a
inversão de valores, a descambada do movimento para a esquerda ou a
direita. Mas se a desmoralização do movimento não está conseguindo
bons resultados, menos ainda está conseguindo a repressão. Será que os
responsáveis pela violência contra os estudantes não percebem que os
estão transformando em heróis? (...) Será que não percebem para onde
está convergindo a opinião pública? Será que não veem a hostilidade com
que o aparelho repressivo é recebido pelo povo, mesmo em campos de
futebol? Será que não veem que seus próprios filhos podem estar (se não
estão ainda) participando da movimentação? Por isso, e depois de analisar as posições, é que nós (...)
estaremos ao lado do movimento enquanto demonstrar maturidade e firmeza
de propósito. Conservamos, porém, a integridade e liberdade de transformar
nossa posição de apoio em ferrenho antagonismo diante de qualquer
tendência do movimento em deixar a bandeira das liberdades democráticas,
da volta ao estado de direito, optando por objetivos tendenciosos,
assim como radicalismos e violências, que não coadunam com o espírito
estudantil e com as formas de expressão utilizadas até o momento. Resta-nos, finalmente, trabalhar para que toda essa
movimentação atinja seus objetivos, deixando como saldo a ressurreição
de uma classe.”
Eu quero é botar meu bloco na rua Sérgio Sampaio
Há quem diga que eu dormi de touca Que eu perdi a boca, que eu fugi da briga Que eu caí do galho e que não vi saída Que eu morri de medo quando o pau quebrou
Há quem diga que eu não sei de nada Que eu não sou de nada e não peço desculpas Que eu não tenho culpa, mas que eu dei bobeira E que Durango Kid quase me pegou
Eu quero é botar meu bloco na rua Brincar, botar pra gemer Eu quero é botar meu bloco na rua Gingar, pra dar e vender
Eu, por mim, queria isso e aquilo Um quilo mais daquilo, um grilo menos disso É disso que eu preciso ou não é nada disso Eu quero é todo mundo nesse carnaval...
Eu quero é botar meu bloco na rua Brincar, botar pra gemer Eu quero é botar meu bloco na rua Gingar, pra dar e vender
Ah...que clássico! EU QUERO É BOTAR MEU BLOCO NA RUA, de e com o
Sérgio Sampaio. Meu, já passou da hora de receber um Café Brasil só pra
ele...
Então, o texto que eu li é um tanto óbvio, repetindo vários
argumentos que temos ouvido e lido por todo lado, não é? Pois é. Mas
agora vem a surpresa: o texto que acabo de ler foi escrito por mim
mesmo, Luciano Pires, como editorial do Jornal Análise, do Diretório
Central dos Estudantes da Universidade Mackenzie, em Maio de 1977! É,
você ouviu certo, 1977! Quando explodia o movimento estudantil que levou
milhares de estudantes às ruas com reivindicações de caráter político,
como a defesa das liberdades democráticas, o fim das prisões e torturas e
a anistia ampla, geral e irrestrita. Aquele movimento, em plenos anos
de chumbo, se tornou a grande mobilização inicial do processo de
redemocratização do Brasil. Ele abriu caminho para os metalúrgicos do
ABC, que iniciaram as grandes greves, angariando a simpatia popular que
espalhou pelo país o grito de mudança. Foi nessa época que surgiu um
barbudo grosso e nervoso chamado Lula...
Pois é. Eu era o editor do Jornal Análise e estava lá, no olho do
furacão, gritando palavras de ordem contra o Coronel Erasmo Dias...
Você prestou atenção no texto? Pensou que tinha sido escrito a semana
passada e não quase 40 anos atrás, não é? Pois é. Continuo assinando
embaixo do que escrevi quando tinha 21 anos de idade: a energia da
moçada me fascina, tem mesmo é que ir às ruas, mas largou a bandeira das
liberdades democráticas e partiu para o radicalismo e a violência, to
fora!
Minha experiência de 1977 se deu sob uma ditadura. Eram tempos
sombrios, sabíamos que as consequências de expressar nas ruas o que
verdadeiramente sentíamos, poderiam ser muito sérias. E havia motivo de
sobra para odiarmos os “agentes da repressão”. No entanto... não
quebramos bancas de jornal. Não incendiamos ônibus. Nossa energia estava
canalizada para combater a repressão. E me lembro perfeitamente do
cuidado que tínhamos em não deixar que alguns malucos se passassem por
estudantes e radicalizassem Era quase uma obsessão e com razão.
Estávamos rodeados de gente interessada em usar os estudantes como bucha
de canhão... Me orgulho do barulho que fizemos e de ter, de alguma
forma, participado de um pouco da história do Brasil.
Hoje vivemos sob uma democracia. A garotada de 1977 está no comando.
Os que tomaram borrachada nas ruas estão no poder, são eles os
políticos, os donos de empresas, os empresários, os advogados, os que
estão de boca aberta com a força das manifestações atuais. São eles os
que fazem as promessas não cumpridas.
O Brasil se transformou numa panela de pressão. Todo mundo está de
saco cheio com a imagem de um país de corruptos, incompetentes, ladrões e
miseráveis explorados. O governo aposta suas fichas no que um dia foi
“luta de classes”, mas que hoje não passa do surrado “dividir para
conquistar”. Por outro lado, um discurso triunfalista e nacionalista
bocó é utilizado à exaustão, com a copa do mundo sendo o cúmulo da
atitude populista que quer fazer com que nos achemos os maiores do
mundo, enquanto coisas básicas como educação, saúde e infra estrutura
permanecem a miséria que conhecemos.
Mimimi aqui, mimimi ali, mas o povo feliz com o preço da TV LCD 3D de
55 polegadas que não parava de cair. Até que o preço da carne, do pão e
do leite começa a subir. É impossível entrar num supermercado sem se
escandalizar. Não dá para comer a TV. E a Presidente e o Ministro só
repetem: está tudo sob controle! Tá tudo sob controle! Impunidade.
Incompetência. Arrogância... Pronto! Chegamos ao ponto em que faltam 20
centavos para corda arrebentar.
A indignação popular com os desmandos, a incompetência, a
desonestidade, a corrupção e o descaso dos políticos, nunca teve força
para reunir mais que 3000 manifestantes em protestos que se desfaziam em
minutos. Eu sei. Participei de pelo menos quatro passeatas ou atos
contra os desmandos e a corrupção, só para ver acontecer... nada.
Ah, sim, e tem a imprensa. Que quer saaangueeee....
Faltavam ao menos dois elementos: um objetivo palpável, de alto
alcance popular, que não fosse algo difuso como “abaixo a corrupção”.
Vinte centavos, por exemplo...
E faltava um claro inimigo comum. A polícia se encarregou disso. Vamos todos às ruas contra a repressão do estado.
Vinte centavos mais o estado repressor. Isso eu compreendo. Isso me
indigna. Pronto. Jovens, velhos, ricos, pobres e bebês e cachorros nas
ruas.
Pois é... os partidos políticos perderam o bonde da história.
Mas...será? Essa mobilização toda nasceu em meio à militância dos PSOL e
PSTUs da vida, radicais anacrônicos que pregam ideias do século 19.
Não se engane: eles estão maravilhados com a repercussão e antenados
para conduzir as manifestações na direção de seus objetivos. Não deixe!
Acessando as páginas das redes sociais que fazem a crônica do
movimento, é possível ver críticas à Dilma, Lula, Haddad, Alckmin, Rede
Globo, Estadão, Record, Folha de São Paulo, Felipão, Copa do Mundo,
Roberto Carlos, MC Anitta e Madre Teresa de Calcutá. Os vinte centavos
ficaram para trás. O movimento é outro. É o “chega de bandalheira”!
Que bom! Dia 17 de Junho de 2013, com manifestações por todo o país,
com as bandeiras de partidos políticos sendo impedidas, vai entrar na
história. O movimento conseguiu o que queria: mostrou sua força e tem
toda a visibilidade do mundo. Botou os políticos na parede. E eu
acredito sinceramente que a imensa maioria das pessoas que estão nas
ruas quer protestar, não quer vandalizar. Pois agora é hora de usar
Inteligência.
Foco. Agir como sombra dos políticos. Organizadamente e sem
violência, ocupar as galerias das Câmaras de Deputados e de Vereadores
durante as sessões abertas ao público. E se as sessões forem fechadas,
que as manifestações aconteçam do lado de fora. Ocupar a frente da
Prefeitura e do Palácio do Governo. Sem quebrar vidros. Ocupar os
espaços nos quais os políticos fazem seus discursos marqueteiros. Sem
tacar pedras. Fazer um corredor de manifestantes entre a residência do
político e seu local de trabalho. Sem agredir. Inundar os órgãos de
imprensa com emails. Aliás, como a imprensa não dá destaque para
protestos pacíficos, fazer as manifestações na frente das sedes dos
jornais, rádios e emissoras de televisão. Sem incendiar os veículos. E
especialmente, ser absolutamente intolerante com quem tentar descambar o
protesto para a violência,para o quebra-quebra. O movimento precisa de
uma milícia radical contra os radicais. A radicalização só serve a quem
quer deixar as coisas como estão.
Ah, sim! E marchar para Brasília, não é? É muito confortável para eles assistir a movimentação pela televisão.
O mais difícil foi feito. Agora é hora de fazer o inteligente. O som aí embaixo é o instrumental de COME TOGETHER dos Beatles...
Muito bem... Depois das batalhas campais de 1977, mudamos a história
do Brasil duas vezes, com o Movimento diretas jaá e com os carapintadas,
colocando centenas de milhares – se não milhões - de pessoas nas ruas
de todo o país. Sem queimar ônibus, sem depredar. Sem sangue. Dá pra
fazer de novo. É preciso que seja feito de novo. Começou a ser feito de
novo. Mas tem que ser feito com inteligência, cirurgicamente, atingindo
quem tem a responsabilidade de fazer e não faz.
Você sabe quem são e onde eles estão.
Um leão está solto nas ruas Rossini Pinto
Um leão está solto nas ruas Foi descuido do seu domador Sei que ele está faminto Não come desde ontem Preciso encontrar o meu amor
Um leão está solto nas ruas Já faz um dia que ele fugiu A turma está aflita Pra vê-lo outra vez Na jaula de onde ele saiu
Você, que está em casa, um conselho vou dar: Feche as janelas, tranque bem o portão Pois num dado momento sem ninguém esperar Pode aparecer o tal leão, ha
Mas um leão está solto nas ruas Calamidade igual nunca vi Jamais terá problemas De alimentação Se ele encontra o meu broto por aí
Você, que está em casa, um conselho vou dar: Feche as janelas, tranque bem o portão Pois num dado momento sem ninguém esperar Pode aparecer o tal leão, ha
Um leão está solto nas ruas Calamidade igual nunca vi Jamais terá problemas De alimentação Se ele encontra o meu broto por aí Se ele encontra o meu broto por aí
Então é assim, ao som de UM LEÃO ESTÁ SOLTO NAS RUAS, na versão
original que Roberto Carlos gravou em 1964, que este Café Brasil que
vale mais que vinte centavos, vai saindo de mansinho.
Com o ativista Lalá Moreira na técnica, a revolucionária Ciça Camargo
na produção e eu, que acho que nestes momentos a prudência é sinal de
inteligência, Luciano Pires na direção e apresentação.
Estiveram conosco a ouvinte Zuleide Giraldi, Mineiro e Manduzinho,
Rildo Hora, Sérgio Sampaio, um finalzinho da Rita Lee, Roberto Carlos
e... Os Beatles!
E pra terminar, uma frase de Aristóteles:
As revoluções não concernem a pequenas questões, mas nascem de pequenas questões e põem em jogo grandes questões.
De onde virá o grito?
Em junho de 2007 publiquei um artigo
que rodou a internet, especialmente depois que foi atribuído a Arnaldo
Jabor, que mais tarde classificou meu texto como “gay”. Mas à luz dos
acontecimentos recentes, acho que vale ler de novo:
Num texto anterior introduzi o conceito de “Ressentimentos Passivos”. Para relembrar, lá vai um trecho:
“Você
também é mais um (ou uma) dos que preenchem seu tempo com
ressentimentos passivos? Conhece gente assim? Pois é. O Brasil tem
milhões de brasileiros que gastam sua energia distribuindo
ressentimentos passivos. Olham o escândalo na televisão e exclamam “que
horror”. Sabem do roubo do político e falam “que vergonha”. Vêem a fila
de aposentados ao sol e comentam “que absurdo”. Assistem a uma quase
pornografia no programa dominical de televisão e dizem “que baixaria”.
Assustam-se com os ataques dos criminosos e choram ”que medo”. E
pronto! Pois acho que precisamos de uma transição “nestepaíz”. Do
ressentimento passivo à participação ativa.”
Pois
recentemente estive em Recife e em Porto Alegre, onde pude apreciar
atitudes com as quais não estou acostumado, paulista/paulistano que
sou. Em Recife, naquele centro antigo, história por todos os lados. A
cultura pernambucana explícita nos out-doors, nos eventos, vestimentas,
lojas de artesanato, livrarias. Mobilização cultural por todos os
lados. Um regionalismo que simplesmente não existe na São Paulo que,
sendo de todos, não é de ninguém. No Rio Grande do Sul, palestrando num
evento do Sindirádio, uma surpresa. Abriram com o Hino Nacional. Todos
em pé, cantando. Em seguida, o apresentador anunciou o Hino do Estado do
Rio Grande do Sul. Fiquei curioso. Como seria o hino? Começa a tocar e,
para minha surpresa, todo mundo cantando a letra!
“Como a aurora precursora / do farol da divindade, / foi o vinte de setembro / o precursor da liberdade”
Em
seguida um casal, sentado do meu lado, prepara um chimarrão. Com
garrafa de água quente e tudo. E oferece aos que estão em volta. Durante
o evento, a cuia passa de mão em mão, até para mim eles oferecem. E eu
fico pasmo. Todos colocando a boca na bomba, mesmo pessoas que não se
conhecem. Aquilo cria um espírito de comunidade ao qual eu, paulista,
não estou acostumado. Desde que saí de Bauru, nos anos setenta, não sei
mais o que é “comunidade”. Fiquei imaginando quem é que sabe cantar o
hino de São Paulo. Aliás, você sabia que São Paulo tem hino? Pois é...
Foi então que me deu um estalo. Sabe onde é que os “ressentimentos
passivos” se transformarão em participação ativa? De onde virá o grito
de “basta” contra os escândalos, a corrupção e o deboche que tomaram
conta do Brasil? De São Paulo é que não será. Esse grito exige
consciência coletiva, algo que há muito não existe em São Paulo. Os
paulistas perderam a capacidade de mobilização. Não têm mais interesse
por sair às ruas contra a corrupção. São Paulo é um grande campo de
refugiados, sem personalidade, sem cultura própria, sem “liga”. Cada um
por si e o todo que se dane. E isso é até compreensível numa cidade com
12 milhões de habitantes. Penso que o grito – quando vier - só poderá
partir das comunidades que ainda têm essa “liga”. A mesma que eu vi em
Recife e em Porto Alegre. Algo me diz que mais uma vez os gaúchos é que
levantarão a bandeira. Ou talvez os Pernambucanos. Que buscarão em suas
raízes a indignação que não se encontra mais em São Paulo.
Que venham, pois. Com orgulho me juntarei a eles.
Pois vieram. Foi em Porto Alegre, em março de 2013 que começou a
mobilização que explodiu em São Paulo e no Brasil em junho. Espero
sinceramente que a época dos ressentidos passivos seja deixada para
trás. Agora são ressentidos ativos que, se agirem com inteligência e
responsabilidade, podem colocar o Brasil nos eixos.
Mas não vai ser mole.
Luciano Pires
E essa máscara do filme V de vingança? Porque ela virou febre. É um outro culpado por acordar o gigante... Desde 2004 que a idéia do grupo mascarado que representa o povo brasileiro sem liderança, sem querer levantar o nome de ninguém e sim melhorar o país. com planejamento inteligência e ações bem arquitetadas. http://www.anonymousbrasil.com/
'Jamais achei que ele fosse atirar', diz repórter da Folha atingida durante protesto
DE SÃO PAULO
16/06/2013
-
20h00
O "TV Folha" deste domingo foi às ruas acompanhar as manifestações contra o aumento da tarifa de ônibus na cidade de São Paulo.
A jornalista Giuliana Vallone, atingida no olho direito por uma bala de
borracha disparada por um policial durante manifestação na quinta-feira
passada relatou como foi atingida.
"Eles já tinham mirado em mim outras vezes. Jamais achei que ele fosse atirar", diz.
Além de Giuliana, outros 14 jornalistas foram atingidos por policiais
enquanto realizavam a cobertura das manifestações --seis são da Folha.
Segundo o colunista Gilberto Dimenstein, a manifestação é uma resposta
ao "vandalismo metropolitano". Para ele, a educação, a saúde e o
transporte não funcionam como deveriam. "Com a polícia não poderia ser
diferente".
Para o colunista Luiz Felipe Pondé, as manifestações estão revelando um
"saudável hábito de reclamar das coisas" --processo esse, considerado
lento e trabalhoso para o também colunista Contargo Calligaris, "porém é
um projeto de melhoria econômica do país", afirma.
O vereador de São Paulo e ex-capitão da Rota Conte Lopes (PTB) defendeu a
ação da polícia durante os protestos. Para ele, a Tropa de Choque "não
foi feita para dialogar".
De acordo com o coronel da PM Reynaldo Simões Rossi, a atuação da PM não
admite excesso de conduta de seus pares. "Não houve nenhum interesse em
impedir a cobertura jornalística", alegou.
Outro instituto que nasceu antes dos protestos e que foi mais um grito pra tentar acordar o gigante é o Instituto País Melhor , um dos principais componentes é o Luiz Nobre, brasileiro naturalizado canadense que lá do Canadá fica criando vídeos que compara o Brasil com o Primeiro mundo tentando nos abrir os olhos...http://www.paismelhor.com.br/
Sobre o Instituto
O Instituto País Melhor é uma
instituição apartidária, sem fins lucrativos e não-governamental. Criada
em dezembro de 2011, é destinada a ser mais uma ferramenta para o
fortalecimento dos valores da liberdade, da democracia e da cidadania no
Brasil. A denominação “Instituto” compõe parte de seu nome fantasia.
Difundir os valores da Liberdade, da
Democracia e da Cidadania através de ativismo virtual e acadêmico.
Promover o debate político e social no Brasil.
Se tornar uma instituição consolidada e de referência no Brasil nas próximas décadas.
Princípios, Objetivos e Atuação
1
PRINCÍPIOS
A liberdade individual. Não há sociedade saudável sem a valorização do indivíduo. O
respeito às escolhas, à condição e à vontade individual é imprescindível
para a dignidade humana. Acreditamos que não cabe ao Estado ou qualquer
autoridade civil ou militar atropelar as liberdades individuais. O
indivíduo não pode ser um meio para objetivos coletivos, mas sim a
finalidade. Destacamos a liberdade de expressão, de religião e de
associação algumas das mais importantes liberdades individuais. A
liberdade econômica também é uma faceta importante da liberdade
individual.
A liberdade econômica. Entendemos que a liberdade econômica é a garantia de que o
indivíduo é o único dono do seu trabalho, e que portanto poderá usá-lo
da maneira que achar conveniente, inclusive podendo fazer trocas
voluntárias com os demais indivíduos de forma livre. Quando o Estado
impõe demasiadas dificuldades para o trabalho, o comércio e a
livre-iniciativa dos cidadãos, se projeta automaticamente um ambiente
prejudicial para a prosperidade e toda a sociedade acaba empobrecendo.
Defender a liberdade econômica significa compreender que as trocas
comerciais livres e entre indivíduos foram, são e serão fundamentais
para o progresso da humanidade. Aquele que rejeita a liberdade econômica
recusa o fato de que o trabalho é, assim como o corpo, uma propriedade
privada individual.
A democracia. A democracia é um dos conceitos mais debatidos e subjetivos dos
últimos tempos. Entendemos que um regime democrático saudável do século
XXI deve envolver amplo respeito às liberdades individuais,
descentralização administrativa, transparência e consulta à população
para os atos governamentais. Deve-se compreender que apenas o respeito
às minorias é o que diferencia a democracia de uma tirania.
A cidadania. Todos os cidadãos devem gozar de igualdade jurídica sem
distinção de qualquer natureza. A cidadania envolve não apenas equidade
de direitos e deveres, como também a garantia de que todos os indivíduos
tenham a consciência das normas jurídicas e do funcionamento do Estado.
Onde houver alguém que não saiba dos seus direitos, haverá espaço para a
construção da cidadania.
OBJETIVOS
A promoção das liberdades, da democracia e da cidadania. Nossos princípios merecem ser divulgados com veemência. Algumas
instituições já se prezam na propagação das ideias da liberdade, da
democracia e da cidadania, mas cada uma a sua maneira. O Instituto País
Melhor busca reforçar esse grupo, sendo uma ponte entre o indivíduo
comum e a reflexão sobre a importância desses conceitos. Artigos
produzidos ou não por nós, entrevistas, vídeos, ou até mesmo indicações
de livro são maneiras com as quais queremos reforçar a consciência
política dos cidadãos.
A incitação do debate político e social no país.
Não há ideias redondas e indiscutíveis, porque não há verdade absoluta. A
capacidade de se questionar e debater incansavelmente visões e projetos
para o país é o que alimenta a necessidade de se incitar um debate de
forma contínua. Entrevistas ou outras iniciativas que visem o debate
serão abraçadas pelo IPM e constituem um dos seus principais objetivos.
Entendemos que o debate é, portanto, fundamental para o aperfeiçoamento
de ideias e propostas.
A pesquisa e o desenvolvimento de soluções aos problemas do Brasil.
Todos os países tem problemas, e com o Brasil não poderia ser diferente.
Estudá-los, pesquisá-los e colaborar na construção de soluções aos
problemas do nosso país é uma contribuição valiosa que este projeto
também quer deixar como legado. Boas soluções não partem apenas do
governo, mas também (e principalmente) da sociedade. Podemos ser uma
ferramenta para aprimorar e divulgar novas ideias ao Brasil.
ATUAÇÃO
Produção de conteúdo próprio. O Instituto País Melhor não é uma instituição jornalística,
muito embora possa, eventualmente, atuar como. Visa-se principalmente
aqui, portanto, a produção de conteúdo próprio. Nosso time de colunistas
e editores produzem artigos e entrevistas que procuram cumprir os
objetivos supracitados. Também poderão ser criados vídeos, newsletters, podcasts ou qualquer outro material próprio para que se cumpra essa missão.
A constante sugestão de conteúdo. Se um dos objetivos do IPM é a promoção das liberdades, da
democracia e da cidadania, jamais poderíamos nos restringir neste
trabalho de conscientização política apenas ao nosso conteúdo. Por isso
sempre quando possível sugerimos aos nossos leitores artigos, vídeos,
livros ou outros materiais que julgarmos interessante.
Eventos, Seminários e Palestras. Para cumprir seus objetivos, o Instituto País Melhor poderá
organizar, promover ou participar de eventos, seminários e palestras,
seja apresentando a concepção e criação deste Instituto, ou ainda em
mesas de debate sobre inúmeros temas.
Boataria no Facebook
No calor das manifestações que se sucedem
no país e Região Metropolitana de Belo Horizonte nunca se viu tanto
buzz de informação nas redes sociais. Como separar o joio do trigo? Publicação: Jornal Estado de minas 27/06/2013 Repórteres Shirley Pacelli e Marlyana Tavares
Do dia 24 até ontem,
às 11h, pouco antes do fechamento deste caderno e da manifestação
marcada para as 12h, na Praça Sete, as mensagens postadas nas páginas
#bhnasruas e #acordabh impactaram 127,3 mil pessoas. Foi o que mostrou
pesquisa feita, a pedido do caderno Informatic@, ao Grupo
Máquina/Brandviewer, o mesmo que analisou os principais efeitos das
ondas de protestos nas redes sociais entre os dias 19 e 21, quando as
manifestações estavam quentes em São Paulo, Rio, Brasília e ainda
engatinhando em Belo Horizonte. Segundo Leandro Bortolassi, editor de
conteúdo da pesquisa do grupo, o estudo é feito por um robô de busca. A
equipe lança os termos e o software procura em todas as redes sociais.
Depois é feita a análise dos dados. A ferramenta faz monitoramento só de
perfis públicos, logo há muitas outras menções que não entraram na
conta.
A pesquisa mostrou ainda que 70,4% das mensagens estão no
Twitter e 29,6% no Facebook, e que as cidades mais impactadas são, além
de Belo Horizonte, Contagem, Ribeirão das Neves e Nova Lima, embora no
mesmo dia tenham ocorrido passeatas em São João del-Rei e Montes Claros.
Por esses números, dá para entender a proporção que tomaram as
manifestações nas ruas de todo o Brasil, convocadas, reportadas e
replicadas por voluntários que recorrem a ferramentas tecnológicas nas
redes sociais como principal estratégia de informação.
Se as
convocações são feitas pela internet em ritmo crescente, os boatos se
espalham na mesma proporção e fica difícil separar ficção de realidade. O
sumiço de postagens e avisos de segurança do Facebook enviados para
usuários que participam das manifestações são vistos por eles como
censura ou até indício de espionagem de conteúdos em perfis. Além disso,
fatos duvidosos replicados velozmente confundem quem acompanha as
manifestações, gerando até uma espécie de paranoia.
NO BRASIL A
pesquisa nacional mostrou que os protestos impactaram 94 milhões de
brasileiros só nas redes sociais. O total é maior do que o número de
internautas no Brasil – 77 milhões, porque entrou na contagem pessoas
que foram impactadas várias vezes ao longo desses dias. As hashtags mais
usadas foram #vemprarua e #ogiganteacordou. A ferramenta detectou que
praticamente todo o país, com exceção de alguma áreas na região Norte.
Paranoia na rede
Mensagens estranhas que circulam no
Facebook fomentam teoria da caça às bruxas e alimentam boatos que vão
desde espionagem de perfis até invasão de naves espaciais
Juarez Fernandes se diverte com os boatos que chegam em sua página no Facebook
Nestes
dias em que as manifestações se multiplicam nas ruas, somado ao anúncio
oficial da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) sobre
monitoramento na internet e às quedas de serviço do Facebook, não tardou
a surgir a cultura da conspiração. Os temores têm até razão de ser,
alimentados inclusive por recentes polêmicas envolvendo o governo
norte-americano, acusado de espionar dados de milhões de usuários de
redes como o Google e o Facebook, em um projeto chamado Prism.
No
dia 21, o músico Luiz Gabriel Lopes recebeu em seu perfil no Facebook
uma notificação de verificação de segurança com o título “Abranda”,
escrito em português de Portugal. Vários amigos lhe contaram que também
receberam a mensagem do site cujo sentido é “aja com cautela”. Além
disso, Luiz Gabriel contou que eventos no site simplesmente sumiram e
algumas pessoas tiveram dificuldade para postar (rede sobrecarregada?).
“Existe
a suspeita de que esse aviso tem o objetivo de monitorar grupos de
conversa, mas não tenho certeza. Recebi também opiniões contrárias
falando que era antispam e que o Facebook estaria suando a camisa para
dar conta do conteúdo que os brasileiros estão gerando nos últimos
dias”, diz. Além do comunicado, ele recebeu um e-mail bastante técnico
sobre o qual, confessa, não entendeu muita coisa. O texto dizia que,
devido a um bug, outros usuários, ao recorrer a uma ferramenta
específica, receberam informações extras e podem ter tido acesso a dados
sigilosos dele.
Na verdade, o e-mail tem a ver com uma falha de
segurança do site, que expôs números de telefone e endereços de e-mail
de aproximadamente 6 milhões de usuários. A rede enviou comunicado para
todos os afetados. O White Hat, programa que oferece recompensa a
pesquisadores que encontrarem problemas no Facebook, foi responsável por
encontrar a falha. A empresa garantiu ter corrigido o problema em menos
de 24 horas após tomar conhecimento do fato e não haver evidência de
que o bug tenha sido explorado maliciosamente.
Luiz Gabriel se
diz preocupado pois é sabido que as redes têm compromisso principal com o
lucro e que as políticas de privacidade são bastantes controversas. “Os
dados são usados para publicidade e isso já é terrível. Mas a situação
se torna inadmissível quando há invasão de privacidade por parte de
órgãos governamentais, criando um ambiente de paranoia”, ressalta. Ele
acredita que o país está vivendo um momento em que é preciso resguardar a
privacidade da troca de informações, uma vez que as redes sociais se
transformaram em ferramentas de grande potencial de exercício
democrático.
TROLLS? Enquanto usuários curtem e
compartilham notícias, fotos e vídeos sem verificar a fonte da
informação, Juarez Fernandes Barbosa Júnior, social media de 28 anos, se
diverte. “Gente, me contaram aqui que tem 32 naves espaciais em cima da
minha casa e 12 ônibus espaciais da Nasa. Estão planejando um golpe,
saiu até na imprensa”, brincou em um post no seu perfil. O social media
acredita que há muita especulação sobre o monitoramento nas redes, mas
há também muito absurdo. Ele conta que, quando amigos próximos divulgam
inverdades, faz questão de corrigi-los.
Para Juarez, na maior
parte dos casos, como o assunto (manifestações) é muito relevante e todo
mundo está falando sobre isso, o site entende como spam e deleta posts
por considerá-los como suspeitos. “Foi a mesma coisa na época do Orkut,
sobre aquela história de poder mudar a cor de fundo. Tenho certeza que
tem um troll por trás dessas coisas”, afirma.
PRISM Em
resposta oficial à polêmica internacional do escândalo do Prism, o
diretor de Segurança do Facebook, Joe Sullivan, afirmou que proteger a
privacidade dos usuários é prioridade para a empresa. “Nós não
disponibilizamos a qualquer organização governamental o acesso direto
aos servidores do Facebook. Quando são solicitados dados ou informações
sobre indivíduos específicos, examinamos cuidadosamente qualquer pedido e
fornecemos informações apenas na medida exigida pela lei.” O
posicionamento oficial foi confirmado por Mark Zuckerberg em seu perfil
no site (http://on.fb.me/11KD84E).
Anti-spam no Face
Para Fábio Assolini, da Kasperky Lab, verificação contra spam explicaria mensagem de segurança do Facebook
O
Facebook define como spam “o contato repetitivo com as pessoas
oferecendo conteúdo ou solicitações indesejadas. Isso inclui o envio de
mensagens em massa, publicações excessivas de links ou imagens nas
linhas do tempo das pessoas e envio de solicitações de amizade a pessoas
não conhecidas pessoalmente”. O envio de spam é uma violação dos
padrões da comunidade do Facebook.
O Estado de Minas fez testes
com as palavras-chave que seriam, na opinião de usuários, chamarizes
para bloqueios de contas e sumiços de posts, como, por exemplo “Força
Nacional”. Não houve nenhuma censura aos posts ou mensagens. Para Fábio
Assolini, analista sênior de malware da Kaspersky Lab, são várias as
situações que podem gerar a mensagem de segurança recebida por Luiz
Gabriel. A mais comum é quando o usuário envia a mesma mensagem, com o
mesmo conteúdo, para diferentes contatos; seja via chat ou postando em
alguma página ou comunidade. O Facebook interpreta isso como suspeito e
pede que o usuário digite a série de letras aleatórias, que em linguagem
técnica é conhecida como CAPTCHA.
Segundo Assolini, essa ação
de segurança visa barrar a ação de worms que poderiam enviar milhares de
mensagens automaticamente para os contatos, em curto espaço de tempo, e
para coibir a ação de spammers. Somente um ser humano pode reconhecer e
digitar o CAPTCHA – mecanismos automatizados não podem fazê-lo
facilmente.
Para o sumiço de posts, há mais de uma explicação. A
mais óbvia é a de que o dono a apagou. A segunda possibilidade é que
muitos usuários tenham denunciado o conteúdo e, como o sistema é
automatizado, o Facebook o retira do ar e só depois analisa a situação.
Os protestos envolvem muitas questões políticas e instigam a troca de
denúncias em massa entre grupos contrários.
Assolini afirma que o
sistema de retirada automática de posts suspeitos funciona bem contra
malwares, mas acaba afetando conteúdo legítimo. “Com qual critério eles
analisam, eu não sei dizer”, pondera. A terceira opção é que o conteúdo
tenha código malicioso. A própria Kaspersky tem cooperação com o site e
reporta warms. O bloqueio temporário e a lentidão nos acessos tem a ver
com o volume compartilhado na rede, afinal todas as mobilizações estão
sendo combinada via rede social.
Protesto ao vivo
Assim como o BH nas
Ruas, a PósTV (postv.org), rede de streaming, tem feito um trabalho de
projeção na cobertura on-line das manifestações na capital mineira. O
projeto começou em junho de 2011, depois do sucesso das transmissões ao
vivo das marchas da maconha e da Liberdade em São Paulo. Vários
coletivos culturais, bandas e grupos fazem seus streamings por meio da
página. Segundo o mineiro de Juiz de Fora Gian Lopes da Motta Martins,
de 23 anos, graduado em comunicação e responsável pela PósTV em Minas, o
objetivo é dar visibilidade para esses movimentos. “As ferramentas da
web já estão todas disponíveis, além de como fazer”, explica.
Gian
foi responsável por transmitir a última assembleia popular das
manifestações, que reuniu cerca de mil pessoas sob o Viaduto Santa
Tereza no domingo. Além disso, ele tem feito coberturas on-line de
dentro das marchas. Durante as manifestações, explica, o sinal do 3G
fica instável, mas a transmissão é feita assim mesmo. O plano 3G
contratado é bom o suficiente para garantir uma estabilidade mínima para
se ter uma taxa de upload satisfatória. Um truque válido para a bateria
do celular não deixá-lo na mão é ligá-lo a um computador acondicionado
na mochila.
Na reunião dos cidadãos ele utilizou o Hangout, além
de filmadora e mesas de som. Mas nas ruas, com celular à mão, ele
experimenta vários aplicativos, como o Twitcam, o Twitcast e o
LiveStream. As transmissões têm audiência alta. As das últimas
manifestações atingiram 9 mil pessoas em Belo Horizonte. Em São Paulo
chegou a 15 mil e em Salvador a 10 mil. As pessoas, inclusive de fora do
país, interagem com a PósTV por meio do Twitter.
Martins também
fez cobertura voluntária, para a Mídia Ninja (http://on.fb.me/11HdKwY),
que, segundo ele, consegue traduzir a narrativa da rua. No protesto de
sábado, havia cinco pessoas na equipe, entre fotógrafos, base da rede
para dar suporte e pessoas responsáveis pelo streaming. Quem quiser
participar pode entrar em contato com o grupo por e-mail
(midianinja@gmail.com).
Os bastidores da mobilização
Ferramentas tecnológicas são armas de
ativistas para organizar e acompanhar manifestações. Um pequeno batalhão
de voluntários alimenta redes sociais e canais de streaming que
transmitem tudo em tempo real
Cerca de 84 mil
pessoas seguem a página BH nas Ruas (facebook.com/BHnasRuas) no
Facebook. Com a grande audiência veio a maior responsabilidade do grupo
de estudantes de comunicação social, com média de 21 anos de idade, que
criaram a fan page informativa quando foi anunciada a segunda
manifestação em Belo Horizonte, do dia 10. A equipe, que prefere não se
identificar, é formada por 25 pessoas, entre administradores e criadores
de conteúdo. Eles se revezam nas ruas de acordo com a disponibilidade
de cada um por causa das aulas e estágios. Fora esse grupo, há pessoas
que atuam como correspondentes.
A ideia surgiu de um estudante
como forma de aproveitar a oportunidade para ganhar experiência por meio
de uma cobertura colaborativa. “Uma cobertura feita por jovens que
também estão nas ruas”, explica o grupo. O fluxo de informações na
página criada ficou tão intenso que não foi possível só uma pessoa ler
as informações, formular textos, colocar tags em fotos e postar. No fim
do dia já eram oito gerindo o conteúdo e o grupo não parou mais de
crescer. Na primeira manifestação que cobriram, a cada atualização
surgiam 200 novos seguidores.
Nos dias de grandes protestos, o
BH nas Ruas chegou a receber 500 mensagens, incluindo Facebook, Twitter e
Gmail. Nos outros dias, esse número chega a 200 contribuições. E como
checar as notícias diante de tantos boatos circulando na rede? Segundo o
grupo, as informações são sempre verificadas com a equipe que está na
rua. “Se eles afirmam que também presenciaram tal situação,
acreditamos”, conta.
Há pessoas que relataram que membros
adentraram em uma confusão só para confirmar se realmente a Polícia
Militar estava atirando balas de borracha contra a população. Quando
recebem declarações polêmicas que não podem ser confirmadas, eles
preferem não divulgar. “Temos recebido muitas informações de gente
desconhecida. Nesses casos, só publicamos se tiver foto ou vídeo para
comprovação”. Por outro lado, assuntos específicos são orientados por
médicos, advogados e órgãos responsáveis.
Quem foi aos protestos
sentiu na pele a dificuldade de usar conexões 3G e, muitas vezes, até o
sinal de operadoras para fazer ligações. O BH nas Ruas explica que
vence esse obstáculo técnico recorrendo às mais variadas formas de
contato virtual. Como a equipe é grande, se o 3G de um falha, o do outro
funciona. SMS, Whatsapp, Facebook e e-mail também são usados. O grupo
conta que todos os dias, no fim da noite, se reúne pelo Hangout, chat de
vídeo do Google +, para discutir a repercussão das publicações e
refletir sobre as manifestações.
“Temos consciência de nossa
responsabilidade social e trabalhamos quase 24 horas por dia, sem
receber um centavo, para ajudar na construção de um país mais
democrático e de livre informação. A maioria de nós ou está trabalhando,
estudando, ou está conectada. Quando não fazemos tudo junto”.
APOIO A ATIVISTAS Com
o objetivo de fornecer auxílio aos manifestantes, surgiu o projeto No
Movimento (nomovimento.com.br). O idealizador Eduardo Furbino, de 23
anos, graduando em ciências sociais com ênfase em ciência política da
Universidade Federal de Minas Gerais, colocou o site no ar na madrugada
do dia 15, durante tumultos em São Paulo. Ele faz o gerenciamento do
portal com o universitário curitibano Pedro Souza. A página oferece
galeria de fotos, manifestos, agenda das cidades e o mais importante:
cadastro de advogados e voluntários, como médicos, para auxiliar os
ativistas. O conteúdo é fruto de esforço coletivo. Por dia, o portal
recebe cerca de 5 mil visitas.
Furbino acredita que a internet
não é essencial para o movimento, mas se tornou indispensável por ser um
meio de comunicação efetivo e barato, que proporciona uma rápida
organização. Ao mesmo tempo, ele argumenta que na rede o controle
policial é mais fácil. “Você disponibiliza fotos, tem sua rede de
contatos lá”, ressalva. Para ele, as fan pages do Facebook funcionam
como braços desses movimentos, garantem que as manifestações sejam
realizadas. Como exemplo, ele lembra a página Habeas Corpus Movimento
Passe Livre Manifestação 17/6 (http://on.fb.me/12PqWY9), que organiza
informações necessárias para pedir habeas corpus a favor dos
manifestantes presos nos protestos.
LOUCOS POR APPS! Experimente três aplicativos de transmissão on-line:
Twitcam
Permite
enviar vídeos ao vivo por meio de uma câmera conectada ao seu
computador. O serviço é vinculado ao Twitter. Os usuários do microblog
podem comentar sobre a transmissão tuitando.
twitcam.livestream.com
Twitcasting
Serviço
para transmissão de vídeo ao vivo a partir de dispositivos Android ou
iOS. Você pode compartilhar o streaming com seus seguidores no Twitter. pt.twitcasting.tv
LiveStream
É
uma plataforma de streaming de vídeo que permite aos seus usuários
assistir e transmitir conteúdo utilizando uma câmera e um computador
ligado à internet. Tem versão para dispositivos móveis.
new.livestream.com
Se você joga bituca de cigarro no chão, você trata a
cidade como o seu lixo particular. Mas a cidade é de todo mundo. As
ruas estão nojentas e a culpa é sua.
A manifestação é contra você.
Ah,
você é ciclista, todo orgulhoso de ser sustentável, um carro a menos,
menos trânsito e CO2. Você reclama da opressão do carro, mais forte,
contra a bicicleta, o mais fraco. Mas você não para no sinal. Não
respeita a faixa de pedestres. Você até anda na calçada, tornando-se o
opressor do pedestre.
Não se iluda: a manifestação é contra você.
Você
leva o cachorro para passear e não recolhe o cocô. Ninguém admite, mas o
resultado está aí: nossas calçadas são um mar de merda. Calçada não é a
privada do seu totó.
A manifestação é contra você.
Você joga
papel no chão, e não faltam desculpas para não fazer o que é certo. Essa
merda de prefeitura que não instala lixeiras, né? Ou, saída de estádio,
você toma uma cerveja e joga a lata por aí. Ah, todo mundo estava
jogando. Depois vem um cara limpar. A responsabilidade não é do Estado. É
sua. E você, manifestante, não pode se esquivar dela nos outros 364
dias da sua vida.
A manifestação é contra você.
Você não
cumprimenta o porteiro. Você exagera horrivelmente no perfume e invade o
nariz do outro. Você dirige bêbado. Você põe um escapamento
superbarulhento na sua moto, que dá para ouvir a quarteirões de
distância, incomoda todo mundo e compra um capacete que ajuda a isolar o
som. ' Você obriga todo mundo do ônibus a
ouvir a sua música. Você suborna o guarda ou qualquer outro serviço
público. Ou ainda, você escreve textos como este, apontando o dedo
contra delitos que já cometeu ou ainda comete, achando que dedo em riste
exime você da responsabilidade.
Você é parte da violência. Você é
parte da corrupção. Se você não mudar, o país não vai mudar. Mas não
adianta todo mundo apenas demandar que “o poder” conserte as coisas.
Quer mudar o país? Não esqueça de mudar a si mesmo, e pagar o preço da
mudança, como um adulto.
Então, vai pra rua, que estava na hora. Mas não esquece: a manifestação é contra você.
Para terminar o filme completo V de Vingança!
Em uma Inglaterra do futuro, onde está em vigor um regime totalitário,
vive Evey Hammond (Natalie Portman). Ela é salva de uma situação de vida
ou morte por um homem mascarado, conhecido apenas pelo codinome V (Hugo
Weaving), que é extremamente carismático e habilidoso na arte do
combate e da destruição. Ao convocar seus compatriotas a se rebelar
contra a tirania e a opressão do governo inglês, V provoca uma
verdadeira revolução. Enquanto Evey tenta saber mais sobre o passado de
V, ela termina por descobrir quem é e seu papel no plano de seu salvador
para trazer liberdade e justiça ao país.