Jornada libertadora
"Esta Copa Libertadores já tinha um dono antes mesmo de a bola rolar"
Kelen Cristina - Superesportes Publicação: Jornal Estado de Minas 25/07/2013Não tinha jeito. Esta Copa Libertadores já tinha um dono antes mesmo de a bola rolar pelo primeiro jogo da fase eliminatória. Desde o dia 13 de fevereiro, quando estreou no torneio continental, o Atlético mostrou que a vez dele tinha chegado. A cada jogo, deu demonstração de que os fantasmas do passado seriam exorcizados. Todos os demônios, afugentados. Havia chegado o momento de corrigir o curso da história, que tantas vezes foi impiedosa com o sofrido coração atleticano. O Galo é, finalmente, campeão da Libertadores.
E você, caro torcedor do Galo, achava que a epopeia terminaria de outra maneira? Pensou que não teria drama? Que o time ia levantar a taça depois de uma tranquila goleada sobre o Olimpia? Claro que não!! Quem acompanhou a trajetória alvinegra na Libertadores viu como o título foi sendo forjado a cada obstáculo superado. Todas as dificuldades foram ultrapassadas com raça, fé, sorte e muita, muita competência. Desta vez, não tinha uruca, azar ou macumba a derrubar o Atlético.
O troféu tinha de ser do Galo. E motivos não faltavam. A começar pelos jogadores. Pelas grandes defesas do Victor. As atuações seguras de Réver e Leonardo Silva. A raça de Pierre e a entrega de Leandro Donizete, elas tinham de ser premiadas! O talento de Ronaldinho Gaúcho não poderia ficar escondido sob um vice-campeonato. O arisco Bernard, o garoto que tem alegria nas pernas e que foi parado apenas pelas cãimbras, precisava ter seu esforço recompensado. O brilho de Tardelli, o velho filho que retornou à casa para levantar a taça mais importante da história atleticana, tinha de resultar em triunfo. E Jô, o enfoguetado Jô (como diria meu saudoso amigo Leandro Mattos), merecia ver sua artilharia ser comemorada com a taça.
Os coadjuvantes merecem também menção honrosa. Como não reconhecer os méritos de Gilberto Silva, Rafael Marques, Guilherme (herói contra o Newell’s, nas semifinais) e o desatinado Luan, do gol salvador contra o Tijuana, no México? Marcos Rocha, Richarlyson, Alecsandro, Júnior César… todos os seus pecados são perdoados num momento como esse.
Por fim, não dá para esquecer de Cuca. Sabe aquele Cuca sofrido, de expressão depressiva, desacreditado? O Cuca azarado? Então, ele é campeão da Libertadores. Ele conseguiu traduzir em título toda a sua habilidade para montar bons grupos, de fazer seu time jogar bonito. Ele entrou para o rol dos grandes vencedores.
O Atlético é um campeão legítimo. Tem direito a todas as honras, todos os elogios e homenagens. A torcida merece, mais do que nunca, festejar, soltar o grito agoniado da garganta. Quando todos duvidavam, ela acreditou. Ela sempre acreditou. Ela nunca saiu ao lado do Galo, mesmo nos momentos mais difíceis - e foram muitos. Toda a tristeza já vivida perdeu o sentido na noite desta quarta-feira. A jornada da Libertadores foi, antes de tudo, libertadora para o Galo!
Meu Deus, o Galo ganhou!
Minutos após a conquista do título, ainda no Mineirão, Fred Melo Paiva escreveu a coluna que sempre quis compartilhar com os atleticanos
Fred Melo Paiva - Estado de Minas Publicação:25/07/2013 10:12Ganhou. Meu Deus, o Galo ganhou! O título impossível, aquele que no fundo, bem no fundo, o atleticano já cogitava morrer sem comemorar, como muitos que morreram e não viram. O título da nossa redenção definitiva, a conquista que vai nos ensinar, de novo e de novo, que desistir não vale. Que a justiça, seja dos homens ou de Deus, ela pode falhar e tripudiar da gente – mas que tem uma hora que nem ela se aguenta, e nessa hora ela não falha.
Escrevo estas linhas das cadeiras do Mineirão, outrora as arquibancadas onde aprendi a ser homem. O jogo acaba de acabar, e eu não caibo em mim de felicidade e merecimento. Cada atleticano ao meu lado carrega uma aura em torno de si, uma luz que brilha dos olhos e do coração. A história de cada um deles será diferente a partir de hoje. O amor que floresce em cada uma dessas pessoas nesta noite – pretos, brancos, pobres, ricos – vai tornar o mundo mais justo e humano. Eu quero ter braços gigantes pra abraçar todos eles e dividir a maior emoção das nossas vidas.
O Galo campeão não cabe no jornal, não cabe no Mineirão – o Galo campeão não cabe no atleticano, e por isso precisamos chorar e chorar e chorar. E colocar pra fora 42 anos de uma espera e um amor que só quem torce pra essa entidade pode compreender. Eu me lembro do Vilibaldo Alves em 71: “Quareeeeeenta e cinco minutos!!! As lágrimas escorrem do meu rosto! O Galo é campeão, de fato e de direito! O campeão do Brasil!”. Lembro o Willy Gonzer, e espero que ele tenha narrado sozinho, na sala do seu apartamento, o título que eu quis tanto ouvir na sua voz. Obrigado, Willy. Obrigado ao time todo, por tudo que fizeste por nós nesta noite, que, pra sempre, pra todo o sempre, vai corresponder ao meu ideal de felicidade. Obrigado ao atleticano que me abraçou no Mineirão quando o Sérgio Araújo empatou aquele jogo contra o Flamengo na Copa União. A gente depois perdeu. Agora, é inacreditável, a gente ganhou. Merecimento pouco é bobagem.
Obrigado, meu Deus. Obrigado, Atlético, por me proporcionar a maior emoção da vida. Que eu duvido que alguém já tenha sentido igual, se não for Galo como estes 60 mil aqui do meu lado.
Obrigado, meu Galo querido. Já posso enfartar em paz.
A comemoração dos campeões da Libertadores não para!
Blog do Chico Mais 25 de julho de 2013 às 04:45Senhoras e senhores,
depois de algumas horas de muita tensão no Mineirão, onde o Galo conquistou o seu segundo título este ano, vou deixá-los com o texto escrito pelo colaborador do blog, Sidney Braga, a quem agradeço.
O dia está quase raiando e tão logo eu acorde, e tenha condições, escreverei sobre este título do Clube Atlético Mineiro, campeão da Libertadores da América!
“Sabe quando a gente era criança e zerava um jogo de video-game? Então, podemos dizer que o Galo zerou a Libertadores.
Começou no sorteio dos grupos. Muito azar sair no grupo do campeão argentino, do São Paulo tri-campeão do torneio e do melhorzinho dos times da altitude boliviana.
Passamos o trator. Parecia tudo muito fácil. Mas se perguntássemos a qualquer torcedor de qualquer time no momento do sorteio, todos responderiam que não queriam pegar o grupo que o Galo pegou.
Depois vieram as estatísticas: Somente o River Plate em 1996 havia sido o melhor time da primeira fase e levantado o caneco no final.
Mesmo com a melhor campanha, Galo pegou o time que ninguém queria nas oitavas: O Jason tri campeão da Libertadores. Fiquei chateado ao ver que o Galo ficou no chaveamento dos argentinos e do Corinthians. Mas a fé no título continuava. Atropelamos.
Veio o jogo da grama sintética. Galo foi o único time a fazer gol nos mexicanos na Califórnia do México.
Fizemos um jogo ruim no Horto, mas a qualidade individual do nosso goleiro garantiu a classificação.
Vieram os argentinos, recém campeões no seu país. Pensei, o Galo deu tanto azar, que pegou o campeão do clausura argentino na primeira fase. Aí a Argentina tem um novo campeão do clausura e o Galo o tem como adversário. Primeira vez que um time enfrenta dois atuais campeões argentinos na mesma Libertadores.
Aí veio a semifinal. Que azar: perdemos a zaga titular pro jogo na Argentina. Fudeu! Perdemos os dois volantes titulares pro mesmo jogo. Galo se preparou pro jogo sem os 2 zagueiros, 2 volantes e os 3 da seleção. Ou seja, a preparação foi feita com apenas 3 jogadores de linha do time titular. Era muito azar.
O Pierre se recuperou um dia antes do jogo e Newell\’s jogou muita bola em Rosário. Isso engrandeceu a campanha atleticana. É grande demais eliminar um time que tem Maxi Rodrigues e Scocco.
Tivemos problemas com a arbitragem no jogo da volta. Problemas superados com bom futebol.
De novo precisamos da nossa qualidade individual pra decidir.
Veio a final contra o Olímpia, um velho conhecido. Não fizemos boa partida em Assunção, mas não era pra 2 x 0. O goleiro olimpista fez milagre nos pés de Jô e eles ainda acharam uma falta faltando 5 segundos pro juiz apitar o final do jogo.
Mas estava escrito que seríamos campeões. A torcida acreditava, ou melhor, tinha certeza. Estava na hora da história fazer as pazes com Galo. Todos sabiam disso.
Tinha que ser no ano 13, o número do Galo, o número do azar. Azar que virou a nossa sorte.
Tinha que ser no gol da direita, o mesmo gol do fantasma de 1977. Desde aquela disputa de pênaltis em 77, a história tinha contas a acertar com esse time.
E nos primeiros minutos do dia 25 de julho, a história do futebol começou a pagar a sua dívida com os atleticanos. As lágrimas da dor no passado viraram lágrimas de felicidade.
O Galo fez o que quase nenhum time foi capaz: zerou a Libertadores da América, como nos vídeo-games. Fomos os melhores na primeira fase e copamos. Vencemos a chave mais complicada. Vencemos as contusões. Vencemos os problemas de arbitragem.
Nenhum time nesse continente merecia mais esse título do que o Clube Atlético Mineiro. Todos irão lembrar das defesas do Victor, dos gols do capitão Rever, do gol salvador do Leo Silva, da parede invisível do Gilberto Silva, dos motorzinhos Donizete, Pierre e Josué, do jogo que fez o Bernard na semifinal, da liderança e assistências do mágico R10, do gol do Luan em Tijuana, do gol abençoado do Guilherme, dos 6 gols e da garra do Tardelli e do artilheiro da Libertadores Jô.
Podem comemorar atleticanos, a história é testemunha de que finalmente a América é nossa. O gigante acordou!”
Sidney Braga
E esta semana até atleticano Duke andou zombando do “Eu acredito”, da massa do Galo.
Libertas quae sera tamen
Juca Kfouri
Simón Bolívar o Libertador da América, nasceu, 230 anos atrás, num 24 de julho igualzinho ao de ontem.
Que marca a data da Independência do Atlético Mineiro, o Galo vingador.
E vingado.
Agora, dos 12 grandes clubes do Brasil, só Botafogo e Fluminense ainda não têm a Libertadores, o que não os faz menores, diga-se de passagem.
Mas a epopeia do Mineirão lotado faz do Galo ainda maior.
Se os primeiros tempos do velho Mineirão marcaram a ascensão do rival Cruzeiro, o primeiro ano do novo estádio apresenta o canto do Galo rei do terreiro da América.
A vitória nasceu nos pés de Victor que, com 15 minuos de jogo, salvou o que seria o primeiro gol do Olimpia.
Antes, Jô não abrira o placar por uma fração de segundo, em bola cruzada da direita.
Se o primeiro tempo foi tenso e sofrido para os atleticanos, ao observador pareceu amarrado e nada que se assemelhasse ao clima de decisão de Libertadores e com as melhores oportunidades nos contra-ataques paraguaios.
Nem Ronaldinho nem Bernard brilhavam.
A festa estava marcada para o segundo tempo.
Cuca tirou Pierre e pôs Rosinei.
Que, no primeiro minuto, em sua primeira jogada, cruzou para Pittoni furar e Jô marcar, sem perdão.
Azarado o Cuca?
Era a senha para sanha atleticana que com Tardelli e Jô criou mais duas chances de gol antes dos dez minutos.
Aos 14, numa jogada esquisita, Leonardo Silva cabeceou no cocoruto do travessão num Mineirão ensandecido e, três minutos depois, Salgueiro jogou o empate para fora.
Mas o goleiro Silva era quem impedia o segundo gol brasileiro, em nova cabeçada de Leonardo Silva.
Corajoso, Cuca sacou Michel e pôs Alecsandro.
Era o tudo ou tudo, para mais de 56 mil torcedores que viram um fabuloso escorregão de Ferreira impedir o empate paraguaio.
Aí, o zagueiro Mansur foi expulso por pegar Alecsandro (azarado o Cuca?) e no minuto seguinte, enfim, a santa cabeça de Leonardo Silva fez 2 a 0, como o Atlético Nacional da Colômbia, em 1989, contra o mesmo Olimpia, que havia vencido pelo mesmo placar o jogo de ida.
Veio a sonhada prorrogação, mas só porque o apitador, colombiano, não marcou pênalti claro em Jô.
Onze contra dez. Quer dizer, 56 mil e onze contra dez.
E Réver cabeceou na trave aos 8.
Mas o Galo não conseguia fazer valer a vantagem.
Não tomava sustos, mas também não assustava, como se tivesse relaxado depois de conseguir o empate no placar agregado.
Os paraguaios, naturalmente, jogavam pelos pênaltis e, no derradeiro minuto, salvaram a cavadinha de Alecsandro que valeria o título.
Que venham os pênaltis. E vieram, meu santo padre!
Haja!
Miranda, o do escorregão, bateu no meio do gol e Victor se adiantou para defender.
Alecsandro, o da cavadinha, bateu no canto e fez 1 a 0!
Ferreyra empatou.
Guilherme, o que eliminou o NOB, fez 2 a 1!!
Candia empatou.
Jô, o dos gols salvadores, fez 3 a 2!!!
Aranda empatou.
Leonardo Silva, outro dos gols salvadores, fez 4 a 3!!!!
Gimenez, o Baggio do Galo, bateu na trave.
Galo liberto, mesmo que tarde, já na madrugada.
O novo dono da América
Você é o campeão de fato e de direito. Comemore, torcedor alvinegro. Hoje você é o dono da América
Jaeci Carvalho - Estado de Minas Publicação: 25/07/2013 10:18Não foi do jeito que sonhei, 4 a 0, mas o Galo é o grande campeão da Libertadores. Foi sofrido, no sangue e no suor, como sempre acontece com o Atlético. Foram necessários 90 minutos para que o alvinegro fizesse dois gols, e mais 30 minutos de prorrogação, em que nada aconteceu. Aí o torcedor, que acreditou até o fim, sabia que havia um tal de “São Victor” no gol, e nas penalidades ele seria, mais uma vez, o grande nome. Foi dele a primeira defesa e coube a ele também olhar a bola explodir no travessão, na quinta cobrança do Olimpia, enquanto Jô, Alecsandro, Leonardo Silva e Guilherme não erraram. Galo 4 a 3, sem precisar de Ronaldinho Gaúcho, o grande maestro, cobrar o pênalti.
O que não é sofrido neste Galo? Disse que os jogadores tinham a obrigação de dar esse título ao presidente Alexandre Kalil, e, principalmente, ao fantástico e fanático torcedor. E eles cumpriram. Fizeram 2 a 0 no segundo tempo, e buscaram o terceiro gol o tempo todo. Jô, que não marcava havia tempo, fez o primeiro. Leonardo Silva, o gigante contratado por Eduardo Maluf quando ninguém mais acreditava nele, fez o segundo. Faltava mais um, porém, ele não veio nem mesmo na prorrogação.
Eh Galo! Como você faz sua gente sofrer. Mas ontem ela te perdoou. Afinal, você deu o título com o qual ela sonhou a vida toda. Aquele título, tirado do Atlético em 1981, naquele escândalo no Serra Dourada, demorou 32 anos, quase a idade de Cristo, mas você conseguiu. Fiquei feliz, Galo, mesmo não sendo seu torcedor. Mas ontem fui. Quero ver os times mineiros sempre no alto do pódio e torci como nunca. Como foi legal ver o capitão Réver, levantar aquela taça.
Você, Galo, que saiu das páginas policiais para as esportivas pelas mãos do ex-presidente Nélio Brant. Foi salvo da falência pelo também ex-presidente Ricardo Guimarães, um homem apaixonado por você. Chegou às mãos de Alexandre Kalil. E ele disse que, daquele momento em diante, você decidiria títulos. Você chegou pertinho no Brasileiro do ano passado. Mas logo neste primeiro semestre você premiou aqueles que lhe fizeram bem, dando o maior orgulho à sua gente.
Galo! Quantos amigos me ligaram chorando. Daqui e do exterior. O Gustavo Faleiro, o dr. Luiz Flávio, brilhante advogado, e o Brunão (Dog), lá de Miami. Viu, Galo, como você é querido mundo afora? BH não dormiu ontem e não vai dormir por vários dias. Você garantiu a passagem de uma legião de fanáticos para o Marrocos. Sim. Você acha que acabou? De jeito nenhum. Cuca, que como disse deu um chute na bunda do azar, quer o mundo. Kalil quer. A torcida quer. E, se eles querem, você vai dar. Que bom, Galo! Ver essa gente sofrida comemorando é muito legal. Você deixou milhões e milhões felizes.
É, Galo. Vou me despedindo por aqui. Como jornalista, radicado em Minas há quase 30 anos, fico feliz de ver colegas do Brasil e do exterior, estampando nos jornais, revistas, tevês, que você é o novo dono da América. Você honrou seu nome, sua história e tradição. Disse que Kalil dedicaria esse título ao ex-presidente Elias Kalil e para a Dona Leila, seus pais. E o Kalil confirmou isso na entrevista, logo depois da conquista. Tenha a certeza, Galo, esse título é de toda essa nação apaixonada, que acredita sempre e não desiste nunca. Parabéns, grande campeão! Você deixou para trás todos os favoritos e ressurgiu das cinzas, como a fênix, nos momentos mais difíceis. Por isso, você é o campeão de fato e de direito. Comemore, torcedor alvinegro. Hoje você é o dono da América. E o mundo espera você, em dezembro, no Marrocos. Até lá. A torcida acredita em você. Yes, you CAM, Clube Atlético Mineiro. Sim, você pode!
Ida:
OLI
2
-
0
CAM
Belo Horizonte, MG / Mineirão,
Quarta-Feira, 24/07/2013 - 21:50
Min:15 - Max:25 ºcSol com algumas nuvens
Atlético-MG
2
x
0
Olimpia
Gols:
Jô
,
Leonardo Silva
Final
Histórico! Galo bate Olimpia nos pênaltis e é campeão da Libertadores
Atlético-MG tira vantagem paraguaia no
tempo normal, suporta prorrogação e leva torcida ao delírio nos
pênaltis, no maior dia de sua história de amor
A CRÔNICA por
Alexandre Lozetti
“Mas quando o lado heroico do Atlético prevalece, ele sempre sai de campo glorificado” (DRUMMOND, Roberto)
O Atlético-MG é campeão da Libertadores. O Atlético-MG é campeão da Libertadores. O Atlético-MG é campeão da Libertadores... Leia, releia, diga, repita, fale no espelho para ver se acredita. Acredita. Acredita sempre!
O Atlético-MG da fé, dos dribles, da raça, da torcida, dos versos de Drummond, da voz de Beth Carvalho. O Atlético-MG dos pênaltis, de uma idolatria sem tamanho, sem fronteiras, que foi à Bolívia, à Argentina, a São Paulo, ao México, ao Paraguai, e terminou no Mineirão com um final feliz, esperado, desejado.
Os campeões do gelo fervem! Derretem os corações de sua Massa
apaixonada. Com tudo, absolutamente tudo a que têm direito. Nenhuma
palavra vai explicar a vitória por 2 a 0 sobre o Olimpia no tempo
normal, o 0 a 0 da prorrogação, os 4 a 3 nos pênaltis.
As lembranças de cada pessoa que foi ao estádio ou viu pela televisão contarão à sua maneira como a bola passava a um fiapo de cabelo dos pés de Bernard, mas não entrava. Como os chutes de Diego Tardelli e Ronaldinho teimavam em encontrar obstáculos.
A eternidade vai tratar de dar uma satisfação a Ferreyra, que poderia ter exterminado o sonho atleticano, mas escorregou. Teria sido o olhar de São Victor, que já ficara para trás? Teria sido a camiseta de Cuca? E o que provocou a expulsão de Manzur logo em seguida? E segundos depois, o gol de Leonardo Silva, de onde veio? De onde ele surgiu?
Alguém, um dia, conseguirá dizer como os jogadores tiveram tanta calma e categoria para se encaminharem diretamente para a história.
O jogo que começou no dia 24 e terminou em 25 de julho de 2013. Belo Horizonte, hoje, é branca e preta. Luta, luta, luta com toda raça para vencer. E faz as malas rumo ao Marrocos, onde alguns duelos memoráveis podem acontecer: Cuca contra Guardiola, Ronaldinho versus Schweinsteiger... Que venha o Bayern! E que o mundo descubra, em dezembro, o imponderável, a paixão e a fé que moveram o Galo ao melhor e maior dia de sua história.
Futebolista dos melhores que foi Djalma Santos, deve ter abençoado o minuto de barulho em sua homenagem: 60 segundos de hino do Atlético-MG cantado a plenos pulmões. O tempo... Esse ingrediente cruel das decisões.
O Galo tinha 90 minutos para fazer dois gols, mas parecia ter 90 segundos, tamanha pressa no início. Pressa inimiga da perfeição, todos aprenderam. A bola pouco parou no chão. Ronaldinho, que tão bem sabe o que fazer com ela, abusou dos lançamentos.
O Olimpia teve o peso da camisa tricampeã da Libertadores, mas não só isso. Os paraguaios não parecem ter sido tratados com a devida consideração. Os destaques do Galo foram mal no primeiro tempo, como já havia ocorrido no Paraguai. Não haveria mérito do técnico Hugo Almeida e sua linha neutralizadora de cinco defensores?
Bola para o Jô, que é final de campeonato. Sempre nele, que só conseguiu receber e fazer o pivô uma vez, mas o chute de Tardelli saiu alto. “Eu acredito! Eu acredito!” O mantra ecoava, e a Massa não acreditava que a bola cruzada por Tardelli passou a milímetros do pé de Bernard. Ah, se ele fosse um tiquinho mais alto...
A unha de Cuca sofria tal qual a garganta e o coração do torcedor, que viu Bareiro e Silva entrarem livres na área, mas finalizarem mal, sem força, nas mãos de São Victor dos Milagres.
Bernard trocou empurrões com Benítez. Victor socou o ar quando o árbitro interrompeu sua saída rápida. Ronaldinho não se conformou com mais um passe errado. E o primeiro tempo, que acabou com Josué como destaque, jogando e orientando, se foi. Hora de Cuca rezar, roer a unha e botar os nervos no lugar.
Assim que Wilmar Roldán encerrou a primeira etapa, Cuca foi apressado ao vestiário. Pensava no que fazer. Talvez pedindo uma luz à Virgem da camiseta e do coração. A luz veio em forma de Rosinei. E que luz rápida... Um minuto! O cruzamento dele não foi perfeito, mas Pittoni furou. A bola encontrou Jô, aquele a que todos procuravam. Gol! A Massa tirou o grito do peito.
Jô virou artilheiro isolado da Libertadores com sete gols, mas queria mais. Recebeu outra vez de Rosinei e tentou duas vezes. Uma nas mãos de Silva, outra para fora.
Faltava um. Só um... Tão pouco para o ataque que já fez quatro aqui, cinco ali. Mas uma enormidade para chegar ao título. Que ruído era aquele no Mineirão? Era esperança, aflição. Era inexplicável. O Olimpia se tornou absolutamente coadjuvante. Pareciam fantoches à espera do que aconteceria. Eles também têm fé. Como devem ter orado...
Como explicar o chute de Diego Tardelli, sem goleiro, por cima do gol? Estava impedido, o que alivia o erro incrível. Ele saiu logo depois, e entrou Guilherme. Substituição também de fé, de confiança em sua técnica, de superstição na expectativa que ele repetisse a semifinal e fizesse o segundo gol salvador.
Como explicar o escorregão de Ferreyra, sem goleiro, sem ninguém à sua frente? Ele não estava impedido. Um lance incrível, surreal, que arrancou mais um coro de “Eu acredito!”. Coro reforçado com a expulsão de Manzur. E era pra acreditar mesmo.
Como explicar que Leonardo Silva tenha precisado de três cabeçadas? Na primeira, não foi possível espichar o travessão para que ela entrasse. Na segunda, não foi possível tirar Martín Silva do caminho. Na terceira não houve trave ou goleiro que impedisse a catarse mineira, o delírio do "uai", a explosão absoluta de alegria. Alegria, alegria, alegria...
O Galo tinha um jogador a mais, 56 mil torcedores a mais e 30 minutos mais para entrar na história.
9-0-0. Ok, não era bem esse o esquema do Olimpia na prorrogação, mas era quase esse. Contra a paciência do Galo, que virava para cá, para lá, achava espaços. A bola aérea era um trunfo. Réver acertou o travessão. “O Galo é o time da virada, o Galo é o time do amor!”. Josué, que jogador. Grande, vitorioso. Que chutaço. E que defesa do ótimo Martín Silva, uruguaio ícone da resistência paraguaia.
Na teoria, 9-0-0. Na prática, o esquema era “não tem mais jogo”. Valia puxar o braço de Victor, ir direto ao corpo de Bernard... Valia tudo. O Olimpia queria pênaltis. De novo?
Cuca já estava sem agasalho. Sem ar. Sem unhas. O Galo não pressionou como se esperava. Bravos paraguaios, valorosos. Bernard desabou, sem a menor condição de jogar. Mas voltou. Falta para o Olimpia. Igualzinha àquela em Assunção. No mesmo lugar, no mesmo pé direito de Pittoni. Alecsandro dessa vez não correu para o gol. A bola saiu. Pênaltis. De novo!
Todas as orações a Victor. Todas. Até Miranda parecia devoto. O zagueiro abriu as cobranças tão mal... Como se o goleiro precisasse de ajuda. Pegou no meio do gol. Alecsandro pensou, olhou, bateu com perfeição e reverenciou o público. Ferreyra também bateu mal, mas fez. Era a vez de Guilherme, o talismã. Categoria pura. Galo na frente!
Candía bateu no meio. Fez o simples, fez o gol. Jô não perdoou. Gols em decisões por pênaltis não contam na artilharia do torneio. Nem precisou. Na cobrança de Aranda, São Victor mal viu a bola. Indefensável. Assim como o chute de Léo Silva, zagueiro que tem calma de centroavante para botar a bola na rede.
Se Giménez errar... Se São Victor pegar, o Galo é campeão. Se a bola não entrar, o Galo é campeão. Era esse o cenário no Mineirão quando Giménez tomou distância. A torcida sabia que acabaria ali. A bola acertou o travessão, acertou o coração de milhares, milhões de atleticanos. Milhões de campeões. Valeu a pena acreditar!
A comunhão das arquibancadas do Mineirão bastou para dar ao Atlético-MG o primeiro título da Libertadores de sua história. Atuando fora do Independência, o time sentiu demais a falta do alçapão, exagerou na bola aérea, mas conseguiu na base da pressão reverter nesta quarta-feira a vantagem construída pelo Olimpia na primeira partida. Com um gol de Jô marcado no primeiro minuto do segundo tempo e outro de Leonardo Silva aos 41, a equipe fez 2 a 0 no tempo normal, anulou a vantagem dos paraguaios e venceu por 4 a 3 nos pênaltis.
Dono da melhor campanha no torneio sul-americano, o time encerra um jejum de 42 anos sem um título expressivo, coroa um trabalho iniciado ainda em 2011 com Cuca e realiza o sonho do presidente Alexandre Kalil de alcançar uma grande conquista antes de se despedir do cargo.
O confronto teve renda de R$ 14.176.146, a maior da história do futebol nacional, superando a despedida de Neymar entre Santos e Flamengo, em maio, no Mané Garrincha, em Brasília.
O Atlético-MG fez um primeiro tempo horrível e forçou demais no chuveirinho. Ao todo, foram 18 bolas levantadas na área nos 45 minutos iniciais. Faltava criatividade ao time, que exagerava na ligação direta ao ataque. O Olimpia chegou a desperdiçar chance de ouro com Bareiro.
No tempo adicional, mais pressão e outra bola no travessão, dessa vez com Rever após cobrança de escanteio de Bernard, que atuou no sacrifício nos últimos minutos. Guilheme e Josué também passaram perto do terceiro, mas ficou no zero. Por 4 a 3, o Atlético-MG levou a melhor nos pênaltis.
O árbitro colombiano Wilmar Roldán, que teve o seu nome contestado fortemente pelos dirigentes paraguaios, teve atuação tranquila, sem chamar a atenção e repreendendo a cera dos visitantes.
Antes da partida, em confusão na entrada do estádio, torcedores sem ingresso aproveitaram falha da organização e pularam as catracas. Em contato com a reportagem do ESPN.com.br, a Polícia Militar informou que eles foram detidos por seguranças contratados pela Minas Arenas em seguida.
O Atlético-MG volta as suas atenções para o Campeonato Brasileiro. O time faz campanha apenas razoável e tem a chance de se aproximar dos líderes a partir do fim de semana, em clássico com o Cruzeiro, no Mineirão. Existe também a expectativa em torno do destino de Bernard, acompanhado nesta quarta-feira por um olheiro do Arsenal no estádio. O meia-atacante conta com uma oferta mais vantajosa do Shakhtar Donetsk, mas não quer ir. O Porto também está na briga.
O Olimpia entra em recesso e não tem a continuidade do técnico Ever Hugo Almeida assegurada. Outra preocupação da equipe é com a frágil situação financeira que rondeia os seus cofres.
O jogo
Na saída de bola, passe de Diego Tardelli para Ronaldinho, que recua para Rever. O zagueiro chutou para frente na busca de Jô. Não era o Independência, mas o Atlético-MG, atuando num Mineirão com as mesmas dimensões de sua casa, repetia a tradicional jogada.
Em busca do primeiro gol ainda nos minutos iniciais, o time partiu com tudo para cima. Logo aos 2, veio excelente chance, em roubada de bola pelo lado direito, passe de Michel para Tardelli na frente e excelente chute cruzado do atacante. Bernard e Jô chegaram atrasados e desperdiçaram grande oportunidade.
Na sequência, Tardelli despencou no chão e precisou de atendimento médico.
Com uma postura mais defensiva em campo, o Olimpia ameaçava no contra-ataque. Em subida, o polivalente Alejandro Silva, autor de um gol no jogo de ida, quase saiu cara a cara com Victor.
Pedindo bola a todo o momento, Ronaldinho tentava clarear o congestionado meio-de-campo. Em jogada na meia lua, ele resolveu arriscar e testou Martin Silva. O uruguaio rebateu mal, mas não havia ninguém do Atlético-MG no centro.
A equipe insistia nas bolas alçadas de um lado para o outro. Faltava maior toque de bola.
Aos 15 minutos, o Olimpia chegou com perigo duas vezes. Primeiro, em troca de passes na entrada de área interceptada pela defesa e depois em saída falha de Victor em cobrança de escanteio batida por Salgueiro.
Os paraguaios aumentaram a pressão e tiveram uma oportunidade de ouro para abrir o placar. Bareiro invadiu a retaguarda alvinegra pela esquerda e, sozinho, chutou em cima de Victor. Ele também havia perdido chance clara na partida de ida. Mais um milagre para a conta do goleiro atleticano na Libertadores.
O Atlético-MG retomou o controle do jogo em seguida, mas falhava na transição do meio para o ataque. As principais jogadas do time vinham em bolas abertas pelas laterais e chuveirinhos na defesa do Olimpia. Mesmo com cinco atletas em sua linha de trás, os visitantes davam espaço. Em um dos cruzamentos, Tardelli ‘furou' sozinho e perdeu chance preciosa.
Substituto de Marcos Rocha, suspenso, Michel atuava quase como um ponta e era a válvula de escape do time para fugir da forte marcação paraguaia.
Com a ligação direta matando a maioria das tentativas atleticanas, o Olimpia aproveitava os contra-ataques e levava perigo. Aos 33, Alejandro Silva, sempre ele, arrancou pela esquerda e chutou rasteiro. Victor fez a defesa com tranquilidade.
Atlético-MG teve atuação fraca no primeiro tempo. Ao todo, foram 18 bolas levantadas nos 45 minutos iniciais. A sensação era a de que o time sentia falta do Independência e o seu formato acanhado.
Para a segunda etapa, Cuca mexeu no time, saiu Pierre e entrou Rosinei; Almeida colocou o grandalhão Ferreyra no lugar de Bareiro. E o Olimpia mostrou na saída de bola qual seria a sua proposta: no segundo toque na bola, chutão para "tentar" surpreender Victor.
O time paraguaio, porém, contou com uma falha terrível do seu herói no primeiro jogo, e o Atlético-MG abriu o placar aos 2 minutos: após cruzamento rasteiro da direira, Pittoni furou dentro da área, e a bola sobrou para Jô, que pegou de direita, firme, e fez explodir o Mineirão.
No lance seguinte, Ronaldinho cobrou lateral pela esquerda direto na área, em direção a Tardelli; o atacante tocou por cima de Martin Silva, mas a zaga tirou, colocando para escanteio.
Acuado, o Olimpia pouco ficou com a bola e apostou nos chutões para Ferreyra. Em um contra-ataque, quase o time mineiro fez o segundo. Bernard veio pela direita, cruzou alto, o goleiro Martin Silva ficou olhando a bola passar, e Diego Tardelli chegou por trás; o uruguaio fez uma defesa parcial, e Jô, de cabeça, mandou o rebote para fora.
A pressão atleticana no início da etapa final continuou, e Jô teve duas novas chances na mesma jogada: em ótima tabela na ponta direita, Rosinei tocou para o centroavante, que girou e chutou em cima de Silva; o rebote voltou para o ex-corintiano, mas a bola foi por cima.
Aos 14, em nova bola alçada na área, Leonardo Silva apareceu sozinho após cruzamento de Michel pela esquerda, cabeceou alto, mas viu a bola bater no travessão.
Dois minutos depois, os paraguaios conseguiram uma boa jogada no ataque, Candia cruzou para Salgueiro, mas frente a frente com Victor cabeceou para fora do gol.
Aos 19, Ronaldinho acha Tardelli entre os zagueiros, e o atacante dá um tapa de primeira para Júnior César avançar livre pela esquerda, invadir a área, mas bater em cima de Martin Silva.
E foi então que o milagre mais uma vez aconteceu: aos 41 minutos, cruzamento da direita de Bernard, Leonardo Silva cabeceou no segundo pau, a bola encobriu Martin Silva e morreu no canto esquerdo. Explosão de emoções no Mineirão, torcedores aos prantos, narradores quase sem voz. O Galo voltou a igualar um confronto após ficar em desvantagem. ‘Yes, we C.A.M.'
A final foi para a prorrogação.
Com um a mais em campo e milhares nas arquibancadas gritando, pulando e cantando, o Atlético-MG transformou o duelo em um verdadeiro Davi x Golias. O time paraguaio não conseguia passar do meio-de-campo, rifava a bola a todo momento; o Atlético-MG pressionava.
Réver cabeceou no travessão. Bernard cruzou fechado, mas Silva espalmou para escanteio. Josué arrisca de fora da área, e o uruguaio defendeu. Réver outra vez de cabeça, mas agora por cima do gol. As chances pareciam não acabar para o Atlético-MG nos primeiros 15 minutos.
A etapa final foi mais equilibrada, tudo porque Bernard sofreu com câimbras e pouco pôde ajudar os companheiros. Pittoni, que falhou no primeiro gol atleticano, ficou muito próximo da redenção em nova cobrança de falta: a bola passou pela barreira e tirou tinta da trave direita de Victor.
Alecsandro teve a chance da consagração aos 14 minutos: em rápida trama do ataque, o centroavante recebeu cara a cara com Silva, encobriu o goleiro, mas Miranda salvou de cabeça.
O título, agora, seria decidido nos pênaltis.
Miranda foi o primeiro a bater, e mal, no meio do gol, para a defesa de Victor; Alecsandro chutou convicto, forte, no canto direito alto de Silva, e abriu o placar.
O grandalhão Ferreyra cobrou rasteiro, baixo, na direita, mas a bola passou por baixo do goleiro atleticano, empate do Olimpia, 1 a 1. Guilherme foi o próximo e balançou as redes do uruguaio, Galo em vantagem. Candia chutou com força no meio do gol, mas dessa vez não deu para Victor, nova igualdade no placar.
Jô, autor do primeiro gol no Mineirão, bateu com estilo, deslocando Silva, 3 a 2 Atlético-MG. Aranda deixou o Olimpia vivo com um chute forte, alto, no meio do gol. Leonardo Silva acertou bem sua cobrança, colocando o Galo com uma mão na sonhada taça Libertadores.
E então Giménez foi para a cobrança. Chute alto, no canto direito, deslocando Victor. Mas a bola acertou a trave direito. A América, agora, é do Atlético-MG.
FICHA TÉCNICA: ATLÉTICO-MG 2 (4) X (3) 0 OLIMPIA
Local: Estádio Mineirão, em Belo Horizonte (MG)
Data: 24 de julho de 2013, quarta-feira
Horário: 21h50 (de Brasília)
Árbitro: Wimar Roldan (COL)
Assistentes: Humberto Clavijo e Eduardo Ruiz (ambos da Colômbia)
Público: 56.557 pagantes
Renda: R$ 14.176.146,00
Cartões Amarelos: Bernard, Luan (Atlético-MG), Salgueiro, Martín Silva, Ferreyra, Giménez e Benítez (Olimpia)
Cartão Vermelho: Manzur
Gols:
ATLÉTICO-MG: Jô, a 1, e Leonardo Silva, aos 40 minutos do segundo tempo
ATLÉTICO-MG: Victor; Michel (Alecsandro), Réver, Leonardo Silva e Júnior César; Pierre (Rosinei), Josué, Tardelli e Ronaldinho; Bernard e Jô
Técnico: Cuca
OLIMPIA: Martín Silva; Manzur, Miranda e Candia; Alejandro Silva (Giménez), Mazacotte, Aranda, Pittoni e Benítez; Salgueiro (Baez) e Bareiro (Ferreyra)
Técnico: Ever Hugo Almeida
O Atlético-MG é campeão da Libertadores. O Atlético-MG é campeão da Libertadores. O Atlético-MG é campeão da Libertadores... Leia, releia, diga, repita, fale no espelho para ver se acredita. Acredita. Acredita sempre!
O Atlético-MG da fé, dos dribles, da raça, da torcida, dos versos de Drummond, da voz de Beth Carvalho. O Atlético-MG dos pênaltis, de uma idolatria sem tamanho, sem fronteiras, que foi à Bolívia, à Argentina, a São Paulo, ao México, ao Paraguai, e terminou no Mineirão com um final feliz, esperado, desejado.
As lembranças de cada pessoa que foi ao estádio ou viu pela televisão contarão à sua maneira como a bola passava a um fiapo de cabelo dos pés de Bernard, mas não entrava. Como os chutes de Diego Tardelli e Ronaldinho teimavam em encontrar obstáculos.
A eternidade vai tratar de dar uma satisfação a Ferreyra, que poderia ter exterminado o sonho atleticano, mas escorregou. Teria sido o olhar de São Victor, que já ficara para trás? Teria sido a camiseta de Cuca? E o que provocou a expulsão de Manzur logo em seguida? E segundos depois, o gol de Leonardo Silva, de onde veio? De onde ele surgiu?
Alguém, um dia, conseguirá dizer como os jogadores tiveram tanta calma e categoria para se encaminharem diretamente para a história.
O jogo que começou no dia 24 e terminou em 25 de julho de 2013. Belo Horizonte, hoje, é branca e preta. Luta, luta, luta com toda raça para vencer. E faz as malas rumo ao Marrocos, onde alguns duelos memoráveis podem acontecer: Cuca contra Guardiola, Ronaldinho versus Schweinsteiger... Que venha o Bayern! E que o mundo descubra, em dezembro, o imponderável, a paixão e a fé que moveram o Galo ao melhor e maior dia de sua história.
O grande momento: atleticanos comemoram o título da Libertadores no Mineirão (Foto: AFP)
Vai, Jô! Pega, Jô! Assim não, Galo...Futebolista dos melhores que foi Djalma Santos, deve ter abençoado o minuto de barulho em sua homenagem: 60 segundos de hino do Atlético-MG cantado a plenos pulmões. O tempo... Esse ingrediente cruel das decisões.
O Galo tinha 90 minutos para fazer dois gols, mas parecia ter 90 segundos, tamanha pressa no início. Pressa inimiga da perfeição, todos aprenderam. A bola pouco parou no chão. Ronaldinho, que tão bem sabe o que fazer com ela, abusou dos lançamentos.
O Olimpia teve o peso da camisa tricampeã da Libertadores, mas não só isso. Os paraguaios não parecem ter sido tratados com a devida consideração. Os destaques do Galo foram mal no primeiro tempo, como já havia ocorrido no Paraguai. Não haveria mérito do técnico Hugo Almeida e sua linha neutralizadora de cinco defensores?
Bola para o Jô, que é final de campeonato. Sempre nele, que só conseguiu receber e fazer o pivô uma vez, mas o chute de Tardelli saiu alto. “Eu acredito! Eu acredito!” O mantra ecoava, e a Massa não acreditava que a bola cruzada por Tardelli passou a milímetros do pé de Bernard. Ah, se ele fosse um tiquinho mais alto...
A unha de Cuca sofria tal qual a garganta e o coração do torcedor, que viu Bareiro e Silva entrarem livres na área, mas finalizarem mal, sem força, nas mãos de São Victor dos Milagres.
Bernard trocou empurrões com Benítez. Victor socou o ar quando o árbitro interrompeu sua saída rápida. Ronaldinho não se conformou com mais um passe errado. E o primeiro tempo, que acabou com Josué como destaque, jogando e orientando, se foi. Hora de Cuca rezar, roer a unha e botar os nervos no lugar.
O momento da esperança: Leonardo Silva cabeceia e supera Martín Silva, fazendo 2 a 0 (Foto: Reuters)
Esperança, angústia, medo e alegriaAssim que Wilmar Roldán encerrou a primeira etapa, Cuca foi apressado ao vestiário. Pensava no que fazer. Talvez pedindo uma luz à Virgem da camiseta e do coração. A luz veio em forma de Rosinei. E que luz rápida... Um minuto! O cruzamento dele não foi perfeito, mas Pittoni furou. A bola encontrou Jô, aquele a que todos procuravam. Gol! A Massa tirou o grito do peito.
Jô virou artilheiro isolado da Libertadores com sete gols, mas queria mais. Recebeu outra vez de Rosinei e tentou duas vezes. Uma nas mãos de Silva, outra para fora.
Faltava um. Só um... Tão pouco para o ataque que já fez quatro aqui, cinco ali. Mas uma enormidade para chegar ao título. Que ruído era aquele no Mineirão? Era esperança, aflição. Era inexplicável. O Olimpia se tornou absolutamente coadjuvante. Pareciam fantoches à espera do que aconteceria. Eles também têm fé. Como devem ter orado...
Como explicar o chute de Diego Tardelli, sem goleiro, por cima do gol? Estava impedido, o que alivia o erro incrível. Ele saiu logo depois, e entrou Guilherme. Substituição também de fé, de confiança em sua técnica, de superstição na expectativa que ele repetisse a semifinal e fizesse o segundo gol salvador.
Como explicar o escorregão de Ferreyra, sem goleiro, sem ninguém à sua frente? Ele não estava impedido. Um lance incrível, surreal, que arrancou mais um coro de “Eu acredito!”. Coro reforçado com a expulsão de Manzur. E era pra acreditar mesmo.
Como explicar que Leonardo Silva tenha precisado de três cabeçadas? Na primeira, não foi possível espichar o travessão para que ela entrasse. Na segunda, não foi possível tirar Martín Silva do caminho. Na terceira não houve trave ou goleiro que impedisse a catarse mineira, o delírio do "uai", a explosão absoluta de alegria. Alegria, alegria, alegria...
O Galo tinha um jogador a mais, 56 mil torcedores a mais e 30 minutos mais para entrar na história.
O momento da dor: Cuca socorre Bernard, que ficou em campo mesmo sem condições (Foto: EFE)
O ato final9-0-0. Ok, não era bem esse o esquema do Olimpia na prorrogação, mas era quase esse. Contra a paciência do Galo, que virava para cá, para lá, achava espaços. A bola aérea era um trunfo. Réver acertou o travessão. “O Galo é o time da virada, o Galo é o time do amor!”. Josué, que jogador. Grande, vitorioso. Que chutaço. E que defesa do ótimo Martín Silva, uruguaio ícone da resistência paraguaia.
Na teoria, 9-0-0. Na prática, o esquema era “não tem mais jogo”. Valia puxar o braço de Victor, ir direto ao corpo de Bernard... Valia tudo. O Olimpia queria pênaltis. De novo?
Cuca já estava sem agasalho. Sem ar. Sem unhas. O Galo não pressionou como se esperava. Bravos paraguaios, valorosos. Bernard desabou, sem a menor condição de jogar. Mas voltou. Falta para o Olimpia. Igualzinha àquela em Assunção. No mesmo lugar, no mesmo pé direito de Pittoni. Alecsandro dessa vez não correu para o gol. A bola saiu. Pênaltis. De novo!
Todas as orações a Victor. Todas. Até Miranda parecia devoto. O zagueiro abriu as cobranças tão mal... Como se o goleiro precisasse de ajuda. Pegou no meio do gol. Alecsandro pensou, olhou, bateu com perfeição e reverenciou o público. Ferreyra também bateu mal, mas fez. Era a vez de Guilherme, o talismã. Categoria pura. Galo na frente!
Candía bateu no meio. Fez o simples, fez o gol. Jô não perdoou. Gols em decisões por pênaltis não contam na artilharia do torneio. Nem precisou. Na cobrança de Aranda, São Victor mal viu a bola. Indefensável. Assim como o chute de Léo Silva, zagueiro que tem calma de centroavante para botar a bola na rede.
Se Giménez errar... Se São Victor pegar, o Galo é campeão. Se a bola não entrar, o Galo é campeão. Era esse o cenário no Mineirão quando Giménez tomou distância. A torcida sabia que acabaria ali. A bola acertou o travessão, acertou o coração de milhares, milhões de atleticanos. Milhões de campeões. Valeu a pena acreditar!
O momento do alívio: Cuca, com sua camisa de Nossa Senhora, festeja a conquista (Foto: AFP)
Pode acreditar! Atlético-MG vence Olimpia nos pênaltis e é campeão da Libertadores
- Por Antônio Strini e Marcus Alves, de Belo Horizonte (MG), para o ESPN.com.br
A comunhão das arquibancadas do Mineirão bastou para dar ao Atlético-MG o primeiro título da Libertadores de sua história. Atuando fora do Independência, o time sentiu demais a falta do alçapão, exagerou na bola aérea, mas conseguiu na base da pressão reverter nesta quarta-feira a vantagem construída pelo Olimpia na primeira partida. Com um gol de Jô marcado no primeiro minuto do segundo tempo e outro de Leonardo Silva aos 41, a equipe fez 2 a 0 no tempo normal, anulou a vantagem dos paraguaios e venceu por 4 a 3 nos pênaltis.
Dono da melhor campanha no torneio sul-americano, o time encerra um jejum de 42 anos sem um título expressivo, coroa um trabalho iniciado ainda em 2011 com Cuca e realiza o sonho do presidente Alexandre Kalil de alcançar uma grande conquista antes de se despedir do cargo.
O confronto teve renda de R$ 14.176.146, a maior da história do futebol nacional, superando a despedida de Neymar entre Santos e Flamengo, em maio, no Mané Garrincha, em Brasília.
O Atlético-MG fez um primeiro tempo horrível e forçou demais no chuveirinho. Ao todo, foram 18 bolas levantadas na área nos 45 minutos iniciais. Faltava criatividade ao time, que exagerava na ligação direta ao ataque. O Olimpia chegou a desperdiçar chance de ouro com Bareiro.
EFE
Na
volta para a etapa complementar, o Atlético-MG veio com outra atitude e
não precisou de mais do que um minuto para abrir o placar, com Jô, em
falha de Pittoni após cruzamento de Rosinei, substituto de Pierre. A
equipe seguiu em cima tentando furar a frente de zaga congestionada dos
adversários e acertou o travessão de Martín Silva. Aos 38 minutos, o
zagueiro Manzur foi expulso. Com um a mais, o clube aproveitou o maior
espaço e conseguiu o segundo gol em cabeçada de Leonardo Silva para
levar o duelo para a prorrogação.No tempo adicional, mais pressão e outra bola no travessão, dessa vez com Rever após cobrança de escanteio de Bernard, que atuou no sacrifício nos últimos minutos. Guilheme e Josué também passaram perto do terceiro, mas ficou no zero. Por 4 a 3, o Atlético-MG levou a melhor nos pênaltis.
O árbitro colombiano Wilmar Roldán, que teve o seu nome contestado fortemente pelos dirigentes paraguaios, teve atuação tranquila, sem chamar a atenção e repreendendo a cera dos visitantes.
Antes da partida, em confusão na entrada do estádio, torcedores sem ingresso aproveitaram falha da organização e pularam as catracas. Em contato com a reportagem do ESPN.com.br, a Polícia Militar informou que eles foram detidos por seguranças contratados pela Minas Arenas em seguida.
O Atlético-MG volta as suas atenções para o Campeonato Brasileiro. O time faz campanha apenas razoável e tem a chance de se aproximar dos líderes a partir do fim de semana, em clássico com o Cruzeiro, no Mineirão. Existe também a expectativa em torno do destino de Bernard, acompanhado nesta quarta-feira por um olheiro do Arsenal no estádio. O meia-atacante conta com uma oferta mais vantajosa do Shakhtar Donetsk, mas não quer ir. O Porto também está na briga.
O Olimpia entra em recesso e não tem a continuidade do técnico Ever Hugo Almeida assegurada. Outra preocupação da equipe é com a frágil situação financeira que rondeia os seus cofres.
O jogo
Na saída de bola, passe de Diego Tardelli para Ronaldinho, que recua para Rever. O zagueiro chutou para frente na busca de Jô. Não era o Independência, mas o Atlético-MG, atuando num Mineirão com as mesmas dimensões de sua casa, repetia a tradicional jogada.
Em busca do primeiro gol ainda nos minutos iniciais, o time partiu com tudo para cima. Logo aos 2, veio excelente chance, em roubada de bola pelo lado direito, passe de Michel para Tardelli na frente e excelente chute cruzado do atacante. Bernard e Jô chegaram atrasados e desperdiçaram grande oportunidade.
Na sequência, Tardelli despencou no chão e precisou de atendimento médico.
Com uma postura mais defensiva em campo, o Olimpia ameaçava no contra-ataque. Em subida, o polivalente Alejandro Silva, autor de um gol no jogo de ida, quase saiu cara a cara com Victor.
EFE
Pedindo bola a todo o momento, Ronaldinho tentava clarear o congestionado meio-de-campo. Em jogada na meia lua, ele resolveu arriscar e testou Martin Silva. O uruguaio rebateu mal, mas não havia ninguém do Atlético-MG no centro.
A equipe insistia nas bolas alçadas de um lado para o outro. Faltava maior toque de bola.
Aos 15 minutos, o Olimpia chegou com perigo duas vezes. Primeiro, em troca de passes na entrada de área interceptada pela defesa e depois em saída falha de Victor em cobrança de escanteio batida por Salgueiro.
Os paraguaios aumentaram a pressão e tiveram uma oportunidade de ouro para abrir o placar. Bareiro invadiu a retaguarda alvinegra pela esquerda e, sozinho, chutou em cima de Victor. Ele também havia perdido chance clara na partida de ida. Mais um milagre para a conta do goleiro atleticano na Libertadores.
O Atlético-MG retomou o controle do jogo em seguida, mas falhava na transição do meio para o ataque. As principais jogadas do time vinham em bolas abertas pelas laterais e chuveirinhos na defesa do Olimpia. Mesmo com cinco atletas em sua linha de trás, os visitantes davam espaço. Em um dos cruzamentos, Tardelli ‘furou' sozinho e perdeu chance preciosa.
Substituto de Marcos Rocha, suspenso, Michel atuava quase como um ponta e era a válvula de escape do time para fugir da forte marcação paraguaia.
Com a ligação direta matando a maioria das tentativas atleticanas, o Olimpia aproveitava os contra-ataques e levava perigo. Aos 33, Alejandro Silva, sempre ele, arrancou pela esquerda e chutou rasteiro. Victor fez a defesa com tranquilidade.
Atlético-MG teve atuação fraca no primeiro tempo. Ao todo, foram 18 bolas levantadas nos 45 minutos iniciais. A sensação era a de que o time sentia falta do Independência e o seu formato acanhado.
Para a segunda etapa, Cuca mexeu no time, saiu Pierre e entrou Rosinei; Almeida colocou o grandalhão Ferreyra no lugar de Bareiro. E o Olimpia mostrou na saída de bola qual seria a sua proposta: no segundo toque na bola, chutão para "tentar" surpreender Victor.
O time paraguaio, porém, contou com uma falha terrível do seu herói no primeiro jogo, e o Atlético-MG abriu o placar aos 2 minutos: após cruzamento rasteiro da direira, Pittoni furou dentro da área, e a bola sobrou para Jô, que pegou de direita, firme, e fez explodir o Mineirão.
No lance seguinte, Ronaldinho cobrou lateral pela esquerda direto na área, em direção a Tardelli; o atacante tocou por cima de Martin Silva, mas a zaga tirou, colocando para escanteio.
Acuado, o Olimpia pouco ficou com a bola e apostou nos chutões para Ferreyra. Em um contra-ataque, quase o time mineiro fez o segundo. Bernard veio pela direita, cruzou alto, o goleiro Martin Silva ficou olhando a bola passar, e Diego Tardelli chegou por trás; o uruguaio fez uma defesa parcial, e Jô, de cabeça, mandou o rebote para fora.
A pressão atleticana no início da etapa final continuou, e Jô teve duas novas chances na mesma jogada: em ótima tabela na ponta direita, Rosinei tocou para o centroavante, que girou e chutou em cima de Silva; o rebote voltou para o ex-corintiano, mas a bola foi por cima.
Aos 14, em nova bola alçada na área, Leonardo Silva apareceu sozinho após cruzamento de Michel pela esquerda, cabeceou alto, mas viu a bola bater no travessão.
Dois minutos depois, os paraguaios conseguiram uma boa jogada no ataque, Candia cruzou para Salgueiro, mas frente a frente com Victor cabeceou para fora do gol.
Aos 19, Ronaldinho acha Tardelli entre os zagueiros, e o atacante dá um tapa de primeira para Júnior César avançar livre pela esquerda, invadir a área, mas bater em cima de Martin Silva.
O duelo, então, ficou ainda mais
emocionante e imprevisível. Primeiro, Silva fez uma defesaça em chute de
fora da área, e no rebote Tardelli, sozinho, isolou - sorte que estava
em impedimento. Na sequência, em contra-ataque, Ferreyra conseguiu
ganhar de Victor na dividida, mas na hora de ajeitar o corpo para bater,
escorregou.
A situação do Olimpia ficou bastante complicada com a expulsão de Manzur, que já tinha amarelo, por falta quase na meia-lua.E foi então que o milagre mais uma vez aconteceu: aos 41 minutos, cruzamento da direita de Bernard, Leonardo Silva cabeceou no segundo pau, a bola encobriu Martin Silva e morreu no canto esquerdo. Explosão de emoções no Mineirão, torcedores aos prantos, narradores quase sem voz. O Galo voltou a igualar um confronto após ficar em desvantagem. ‘Yes, we C.A.M.'
A final foi para a prorrogação.
Com um a mais em campo e milhares nas arquibancadas gritando, pulando e cantando, o Atlético-MG transformou o duelo em um verdadeiro Davi x Golias. O time paraguaio não conseguia passar do meio-de-campo, rifava a bola a todo momento; o Atlético-MG pressionava.
Réver cabeceou no travessão. Bernard cruzou fechado, mas Silva espalmou para escanteio. Josué arrisca de fora da área, e o uruguaio defendeu. Réver outra vez de cabeça, mas agora por cima do gol. As chances pareciam não acabar para o Atlético-MG nos primeiros 15 minutos.
A etapa final foi mais equilibrada, tudo porque Bernard sofreu com câimbras e pouco pôde ajudar os companheiros. Pittoni, que falhou no primeiro gol atleticano, ficou muito próximo da redenção em nova cobrança de falta: a bola passou pela barreira e tirou tinta da trave direita de Victor.
Alecsandro teve a chance da consagração aos 14 minutos: em rápida trama do ataque, o centroavante recebeu cara a cara com Silva, encobriu o goleiro, mas Miranda salvou de cabeça.
O título, agora, seria decidido nos pênaltis.
Miranda foi o primeiro a bater, e mal, no meio do gol, para a defesa de Victor; Alecsandro chutou convicto, forte, no canto direito alto de Silva, e abriu o placar.
O grandalhão Ferreyra cobrou rasteiro, baixo, na direita, mas a bola passou por baixo do goleiro atleticano, empate do Olimpia, 1 a 1. Guilherme foi o próximo e balançou as redes do uruguaio, Galo em vantagem. Candia chutou com força no meio do gol, mas dessa vez não deu para Victor, nova igualdade no placar.
Jô, autor do primeiro gol no Mineirão, bateu com estilo, deslocando Silva, 3 a 2 Atlético-MG. Aranda deixou o Olimpia vivo com um chute forte, alto, no meio do gol. Leonardo Silva acertou bem sua cobrança, colocando o Galo com uma mão na sonhada taça Libertadores.
E então Giménez foi para a cobrança. Chute alto, no canto direito, deslocando Victor. Mas a bola acertou a trave direito. A América, agora, é do Atlético-MG.
FICHA TÉCNICA: ATLÉTICO-MG 2 (4) X (3) 0 OLIMPIA
Local: Estádio Mineirão, em Belo Horizonte (MG)
Data: 24 de julho de 2013, quarta-feira
Horário: 21h50 (de Brasília)
Árbitro: Wimar Roldan (COL)
Assistentes: Humberto Clavijo e Eduardo Ruiz (ambos da Colômbia)
Público: 56.557 pagantes
Renda: R$ 14.176.146,00
Cartões Amarelos: Bernard, Luan (Atlético-MG), Salgueiro, Martín Silva, Ferreyra, Giménez e Benítez (Olimpia)
Cartão Vermelho: Manzur
Gols:
ATLÉTICO-MG: Jô, a 1, e Leonardo Silva, aos 40 minutos do segundo tempo
ATLÉTICO-MG: Victor; Michel (Alecsandro), Réver, Leonardo Silva e Júnior César; Pierre (Rosinei), Josué, Tardelli e Ronaldinho; Bernard e Jô
Técnico: Cuca
OLIMPIA: Martín Silva; Manzur, Miranda e Candia; Alejandro Silva (Giménez), Mazacotte, Aranda, Pittoni e Benítez; Salgueiro (Baez) e Bareiro (Ferreyra)
Técnico: Ever Hugo Almeida
Nenhum comentário:
Postar um comentário