A pouco tempo eu coloquei um post sobre a Comissão da verdade ,
A maior crítica à comissão da verdade é que ela mostra só metade de verdade.
Fico pensando: É claro que é assim! É uma comissão brasileira.
Como tudo no Brasil é mostrado apenas uma parte da verdade...
a outra versão deixa que outro mostra!
(Outra pessoa, outra empresa, outro órgão de imprensa, outro blog, outro policial, outro partido político...)
Tem um radialista em Belo Horizonte que repete a frase filosófica que todo fato tem duas versões e uma verdade que fica no meio dessas versões.
Ao ler um jornal, assistir um noticiário na TV ou acompanhar um blog na internet, antes de tirar conclusões e formar nossa opinião temos que saber qual o órgão de imprensa que está divulgando e qual o seu financiamento e/ou interesses.
Essa é a conclusão ao assistir o documentário "O mercado de notícias" outro post que coloque a um tempo atrás ( O Mercado de notícias - Filme/Projeto do gaúcho Jorge Furtado )
Esse vídeo que inicia o post é baseado no curta premiadíssimo nos anos 80 chamado
"Ilha das flores" já postado no blog a algum tempo.
Vamos imaginar a seguinte situação que todo mundo percebe por está aos olhos vistos:
Vamos imaginar uma igreja evangélica.
Vamos imaginar um pastor dessa igreja, que a um tempo atrás passava uma sacolinha pedindo doações para a igreja, e a partir de um certo momento passou a passar uma maquina de cartão de crédito/débito para facilitar a doação dos fiéis.
Vamos agora imaginar uma reportagem sobre essa evolução em um canal de televisão.
Imaginaram?
Em qual televisão vai passar essa reportagem?
Em qual televisão que não vai passar essa reportagem de maneira nenhuma?!
Alguém discorda que na TV Record não vai passar uma reportagem dessas?
Alguém discorda que na TV Globo passaria sim, sem nenhum problema?
Acredito que não...
Usando o mesmo raciocínio aplicado para a TV Record agora pergunto:
Qual reportagem não vai passar na Rede Globo, mas de maneira nenhuma e que a TV Record passaria sem problema nenhum?!
O mesmo raciocínio vale também para a mídia escrita.
Recentemente o Romário deu esse depoimento no Senado federal:
Mas o que fez a Veja surpreendeu alguém?
Sim! Muita gente! Mas nem todo mundo...
Pessoas que já conheciam o Dossiê Veja, feita pelo Luis Nassif já sabiam como eram feitas as reportagens da revista Veja:
O Dossiê saiu em 2008! Isso muito antes das eleições de 2014 onde a Veja protagonizou a capa nas vésperas das eleições tentando mudar o voto dos brasileiros.
E antes mesmo de chegar à mídia as ligações de Veja com políticos corruptos/bicheiros.
Observatório da imprensa do início do mês(agosto/2015) discutiu essa questão.
Em maio/2015 o programa VerTV já tinha feito outro programa discutindo:
E em fevereiro/2015 a Brasilianas.org também tinha debatido sobre o tema:
Você já tinha visto alguma dessas discussões?
Não?!
É... Precisamos democratizar a mídia...
O que a democratização da mídia deve fazer, além de garantir voz a todos o que lhe são de direito, é poder dar opções a todos entre o bom e o mal jornalismo.
Com mais opções de mídia talvez(só talvez), a Veja tomaria mais cuidado antes de mostrar um documento falso incriminando o Romário ou publicaria matéria feita por bicheiro/político corrupto.
Censura é falar e não deixar mais ninguém te contradizer... A censura pode ser feita através da força política(nos casos de governos ditatoriais) ou através da força do dinheiro (vide As empresas da Lava-jato = Os Verdadeiros proprietários do Brasil = Os Verdadeiros proprietários da mídia. )
Sobre o InterVozes, que participou do debate no programa do Brasilianas, eu já tinha colocado um post sobre ela:
http://jogosdinheirointernet.blogspot.com.br/2015/02/intervozes-coletivo-brasil-de.html
InterVozes - Coletivo Brasil de Comunicação Social
Hoje é possível nos proteger desse mal jornalismo?
Temos que ficar alerta, como diz no Documentário "Mercado de notícias", sobre o financiamento dos órgãos de imprensa.
Por exemplo:
Já postei sobre a agência de notícias Apublica (http://jogosdinheirointernet.blogspot.com.br/2014/08/apublica-httpwwwapublicaorg.html)
(Divulgados aqui: http://apublica.org/quem-somos/#financiadores)
Fundação Ford
Omidyar Network
Open Society Foundations
Crowdfunding Reportagem Pública
http://observatoriodaimprensa.com.br
órgão nacido na faculdade de campinas (Unicamp) e tem como história/objetivos:
História
O Observatório da Imprensa é uma iniciativa do Projor – Instituto para o Desenvolvimento do Jornalismo (www.projor.org.br) e projeto original do Laboratório de Estudos Avançados em Jornalismo (Labjor), da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). É um veículo jornalístico focado na crítica da mídia, com presença regular na internet desde abril de 1996 (veja aqui a edição nº 1).Nascido como site na web, em maio de 1998 o Observatório da Imprensa ganhou uma versão televisiva, produzida pela TVE do Rio de Janeiro e TV Cultura de São Paulo, e transmitida semanalmente pela Rede Pública de Televisão (confira a grade horária no site do programa).
Em maio de 2005, o Observatório da Imprensa chegou ao rádio, com um programa diário transmitido pela rádio Cultura FM de São Paulo, rádios MEC AM e FM do Rio de Janeiro, e rádios Nacional AM e FM de Brasília. Os áudios dos programas, na forma de um blog, estão disponíveis no site do OI.
Objetivos
O que é o Observatório da Imprensa?
Entidade civil, não-governamental, não-corporativa e não-partidária que pretende acompanhar, junto com outras organizações da sociedade civil, o desempenho da mídia brasileira.O Observatório da Imprensa funcionará como um fórum permanente onde os usuários da mídia – leitores, ouvintes, telespectadores e internautas –, organizados em associações desvinculadas do estabelecimento jornalístico, poderão manifestar-se e participar ativamente num processo no qual, até há pouco, desempenhavam o papel de agentes passivos.
Para que um Observatório da Imprensa?
No caso da mídia, a cidadania foi convertida num conjunto de consumidores, ficticiamente vocalizados por pesquisas de opinião pública que empregam metodologia quantitativa, necessariamente redutora, e com pautas alheias aos reais interesses e necessidades dos opinadores.Os meios de comunicação de massa são majoritariamente produzidos por empresas privadas cujas decisões atendem legitimamente aos desígnios de seus acionistas ou representantes. Mas o produto jornalístico é, inquestionavelmente, um serviço público, com garantias e privilégios específicos previstos em vários artigos da Constituição, o que pressupõe imperiosas contrapartidas em matéria de deveres e responsabilidades sociais.
Será este serviço público (e não as empresas ou os profissionais que executam as suas diretrizes) a matéria-prima das avaliações e diagnósticos. O Observatório da Imprensa não pretende competir, substituir ou alinhar-se às tradicionais entidades associativas, como a ABI, a FENAJ, a ABERT, a ANJ e a ANER.
Num momento em que o debate ideológico confina-se à falsa questão das dimensões e atributos do Estado, é indispensável compreender as múltiplas convocações para que se aumente significativamente a atuação da Sociedade Civil, que não pode continuar reduzida a um conjunto de siglas de prestígio ou, no caso, minimizada como a combinação dos vários segmentos do mercado consumidor de informações.
A Sociedade Civil deve abranger sucessivos níveis de monitoração e atuação, de forma a diminuir a distância entre os poderes e a cidadania, convertendo-se ela própria numa instância. No caso dos meios de comunicação de massa, o Observatório da Imprensa propõe-se a funcionar como um atento mediador entre a mídia e os mediados, preenchendo o nosso “espaço social”, até agora praticamente vazio. Embora pioneiro, este Observatório não pretende ser único. As suas atividades servem como convocação para outros grupos fazerem o mesmo.
Existem similares em outros países?
A ideia do media-watching surgiu nos Estados Unidos agregando-se às experiências anteriores do ombudsman e do media-criticism, como forma de sensibilizar a comunidade e os profissionais da mídia para a complexidade da função jornalística na sociedade moderna.Existem pelo menos duas grandes organizações similares, cada uma com ótica política própria: a FAIR (Fairness & Accuracy in Reporting), fundada em 1986 com o propósito de fiscalizar a intromissão do poder econômico e político na imprensa. Edita uma revista bimestral, Extra!. Sua contrapartida no campo conservador é a Accuracy in Media, mais inclinada para apontar as infiltrações e distorções liberais na grande imprensa americana. Embora concorrentes, completam-se, constituindo um sólido aparelho crítico, pluralista e democrático.
Na França foi fundado, em setembro de 1995, o , Observatoire de la Presse, braço do Centre de Formation et de Perfectionnement des Journalistes (CFPJ). A experiência brasileira segue o modelo francês combinando duas entidades, uma formadora (o Labjor/Projor) e outra cívica.
Cumpre registrar que a primeira organização designada como Observatório da Imprensa foi criada em Lisboa, três meses antes da francesa. Com a entidade portuguesa o Projor mantém sólidos laços de cooperação.
A quem pertence o Observatório da Imprensa?
Pertence a todos os que se interessarem pela continuação deste projeto. Foi organizado no Estado de São Paulo pelo Labjor (Laboratório de Estudos Avançados em Jornalismo), da Unicamp, desenvolveu-se sob a égide do Comitê Gestor Internet no Brasil e, nesta versão online, iniciada em abril de 1996, é um projeto do Projor – Instituto para o Desenvolvimento do Jornalismo, organização social sem fins lucrativos constituída em abril de 2001. O Labjor, além das suas atividades de formação, treinamento, reciclagem e consultoria nos campos profissional e empresarial, tem compromissos com a conscientização dos destinatários da mensagem jornalística, sem a qual resultarão insuficientes todos os esforços de qualificação da nossa imprensa.
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Um exemplo sobre como podemos estar sendo manipulados utilizando o Observatório da Imprensa para perceber isso...
No dia 17 deste janeiro, uma sexta-feira, a juíza substituta da 2ª Vara
Criminal de Belo Horizonte, Maria Isabel Fleck, decretou a prisão
preventiva do proprietário do Novo Jornal, Marco Aurélio Flores Carone, em atendimento a pedido do Ministério Público. Em nenhum momento, nas 11 páginas da sentença,
cogitou a juíza da questão do direito à liberdade de expressão. Ela
teve o cuidado de sublinhar, em negrito, que o mandado de prisão deveria
ser remetido “com urgência” ao setor policial encarregado de seu
cumprimento. E assim se fez, com uma rapidez pouco característica. Na
segunda-feira (20/1), ao chegar à sede do seu jornal virtual, Carone foi
preso. Quando há empenho, justiça e polícia podem ser muito eficientes.
A denúncia foi apresentada no dia 12 de novembro de2013 pela Promotoria de Combate ao Crime Organizado e Investigações Criminais. Na edição de 13/12/2013, a revista IstoÉ publicou reportagem a respeito. Nos dias seguintes, diários mineiros deram a notícia. A prisão de Carone foi noticiada com destaque pelos jornais, rádios e televisões. Tal qual a juíza Maria Isabel Fleck, nenhum veículo se preocupou, nesse caso, com a questão da liberdade de imprensa.
Apesar de ter sido dono de diários impressos no passado, antes de fundar o jornal virtual, Marco Aurélio nunca teve acesso ao limitado clube dos donos de jornais mineiros. Ele vem de uma família de políticos. Um avô, Jorge Carone, foi prefeito da cidade mineira de Visconde do Rio Branco. O pai, Jorge Carone Filho, elegeu-se prefeito de Belo Horizonte em 1962, mas foi cassado em janeiro de 1965. Lançou então a candidatura da mulher, Nísia, para deputada federal, pelo então MDB. Eleita, foi cassada pelo AI-5, em 1969. Um irmão do dono do Novo Jornal foi deputado estadual, outro vereador da capital, pelo PMDB.
Achincalhando e ofendendo
A prisão de Marco Aurélio não mereceu dos colegas empresários na imprensa qualquer movimento de solidariedade. O Novo Jornal não a noticiou. Apesar de algumas notícias de que ele seria fechado, jornal continuava na web na quinta-feira (23/1), quando este artigo foi redigido. Com uma discreta tarja, em letras vermelhas e fundo negro: “Estamos censurados”. E sem noticiar em nenhum momento a prisão do dono.
Não se sabe quantos jornalistas Marco Aurélio emprega, mas não seriam muitos. O Sindicato dos Jornalistas Profissionais de Minas Gerais divulgou na terça-feira (21), em seu site, nota de repúdio à ameaça que pesa sobre os que trabalham no único jornal mineiro, virtual ou não, que faz oposição aberta ao governo estadual – um grande anunciante que não anuncia no Novo Jornal. Diz a nota que “tanto a prisão quanto a ordem de retirar do ar o site configuram ataques ao direito e à liberdade de expressão” e que o Sindicato “vem a público reafirmar sua posição intransigente na defesa da Democracia, da Justiça e das Liberdades Civis e Individuais”.
Só há um equívoco nessa manifestação: na sentença da juíza, não existe ordem de retirar o site do ar, embora tenha sido pedido pelo Ministério Público. Nisso, ela preferiu se omitir.
Na opinião do Ministério Público, que desde 2008 tenta fechar a publicação (ver remissões abaixo), não se trata propriamente de um jornal, mas de um balcão de negócios cujo dono deve ser preso. E foi o que a juíza substituta decretou, “tendo em vista a necessidade de garantia da ordem pública, por conveniência da instrução criminal e para garantia da ordem econômica”. Afirma Maria Isabel Fleck, em sua decisão: “Ao verificar o site do ‘novojornal’, fica patente que o mesmo é utilizado para lançar ofensas à honra de autoridades públicas, achincalhando e ofendendo a todos que se posicionam contra os interesses do grupo, imputando verdades àqueles que cumprem seus deveres funcionais.” Entre os quais, diz a juíza, desembargadores, juízes de Direito, membros do Ministério Público e delegados de polícia.
Quem manda
Para respaldar sua decisão, a juíza relaciona 16 ações penais contra Marco Aurélio, nenhuma julgada em última instância. A maioria por calúnia, injúria ou difamação contra autoridades, nenhuma delas tidas como adversárias do senador Aécio Neves. Mas há dois acórdãos do Tribunal de Justiça para impedir “a veiculação de notícias pelo ‘novojornal’ em relação ao deputado federal Alexandre Silveira de Oliveira” e ao desembargador mineiro José do Carmo Veiga. Nenhuma relação, por suposto, com a proibição judicial de notícias sobre um empresário maranhense ligado à política que ainda vigora para o Estado de S.Paulo e que tanta indignação suscitou, nos últimos anos, na grande imprensa.
Se está havendo censura judicial ao Novo Jornal, a imprensa mineira não percebeu. Ao contrário do bloco parlamentar Minas Sem Censura, que reúne deputados estaduais do PT, PMDB e PRB, partidos de oposição ao governo estadual. Um de seus integrantes, o deputado petista Rogério Correia, raciocina: “Ora, se você estabelece a prisão preventiva para evitar a publicação de material jornalístico, está oficializada a censura prévia”. E acrescenta:
Blogs contrários à candidatura de Aécio Neves à presidência da República aproveitam esse movimento do Ministério Público e do Judiciário mineiro para criticar o senador, apontado como o mais forte concorrente de Dilma Rousseff nas eleições de outubro. Mas há blogs que divulgam a notícia da prisão sem tecer comentários, sobretudo em Minas, ou que até mesmo aplaudem.
Se alguns imaginaram que a prisão do dono do Novo Jornal iria intimidar os blogueiros mineiros, eles devem estar felizes. É possível que os jornalistas mineiros permaneçam abaixados em suas trincheiras, intimidados por alguns juízes atentos à defesa das autoridades contra ataques oposicionistas. A menos que o réu Marco Aurélio Fores Carone, vulgo “Marco Florzinha” – como se lê na sentença da juíza Maria Isabel Fleck e na peça acusatória do Ministério Público, mesmo que poucos o conheçam por esse apelido – consiga provar que não faz parte de uma organização criminosa dedicada a extorquir dinheiro de políticos e empresários. E que seu jornal, como todos os outros, encontra amplo amparo na Constituição de 1988, que formalizou o fim da ditadura no Brasil.
A denúncia foi apresentada no dia 12 de novembro de2013 pela Promotoria de Combate ao Crime Organizado e Investigações Criminais. Na edição de 13/12/2013, a revista IstoÉ publicou reportagem a respeito. Nos dias seguintes, diários mineiros deram a notícia. A prisão de Carone foi noticiada com destaque pelos jornais, rádios e televisões. Tal qual a juíza Maria Isabel Fleck, nenhum veículo se preocupou, nesse caso, com a questão da liberdade de imprensa.
Apesar de ter sido dono de diários impressos no passado, antes de fundar o jornal virtual, Marco Aurélio nunca teve acesso ao limitado clube dos donos de jornais mineiros. Ele vem de uma família de políticos. Um avô, Jorge Carone, foi prefeito da cidade mineira de Visconde do Rio Branco. O pai, Jorge Carone Filho, elegeu-se prefeito de Belo Horizonte em 1962, mas foi cassado em janeiro de 1965. Lançou então a candidatura da mulher, Nísia, para deputada federal, pelo então MDB. Eleita, foi cassada pelo AI-5, em 1969. Um irmão do dono do Novo Jornal foi deputado estadual, outro vereador da capital, pelo PMDB.
Achincalhando e ofendendo
A prisão de Marco Aurélio não mereceu dos colegas empresários na imprensa qualquer movimento de solidariedade. O Novo Jornal não a noticiou. Apesar de algumas notícias de que ele seria fechado, jornal continuava na web na quinta-feira (23/1), quando este artigo foi redigido. Com uma discreta tarja, em letras vermelhas e fundo negro: “Estamos censurados”. E sem noticiar em nenhum momento a prisão do dono.
Não se sabe quantos jornalistas Marco Aurélio emprega, mas não seriam muitos. O Sindicato dos Jornalistas Profissionais de Minas Gerais divulgou na terça-feira (21), em seu site, nota de repúdio à ameaça que pesa sobre os que trabalham no único jornal mineiro, virtual ou não, que faz oposição aberta ao governo estadual – um grande anunciante que não anuncia no Novo Jornal. Diz a nota que “tanto a prisão quanto a ordem de retirar do ar o site configuram ataques ao direito e à liberdade de expressão” e que o Sindicato “vem a público reafirmar sua posição intransigente na defesa da Democracia, da Justiça e das Liberdades Civis e Individuais”.
Só há um equívoco nessa manifestação: na sentença da juíza, não existe ordem de retirar o site do ar, embora tenha sido pedido pelo Ministério Público. Nisso, ela preferiu se omitir.
Na opinião do Ministério Público, que desde 2008 tenta fechar a publicação (ver remissões abaixo), não se trata propriamente de um jornal, mas de um balcão de negócios cujo dono deve ser preso. E foi o que a juíza substituta decretou, “tendo em vista a necessidade de garantia da ordem pública, por conveniência da instrução criminal e para garantia da ordem econômica”. Afirma Maria Isabel Fleck, em sua decisão: “Ao verificar o site do ‘novojornal’, fica patente que o mesmo é utilizado para lançar ofensas à honra de autoridades públicas, achincalhando e ofendendo a todos que se posicionam contra os interesses do grupo, imputando verdades àqueles que cumprem seus deveres funcionais.” Entre os quais, diz a juíza, desembargadores, juízes de Direito, membros do Ministério Público e delegados de polícia.
Quem manda
Para respaldar sua decisão, a juíza relaciona 16 ações penais contra Marco Aurélio, nenhuma julgada em última instância. A maioria por calúnia, injúria ou difamação contra autoridades, nenhuma delas tidas como adversárias do senador Aécio Neves. Mas há dois acórdãos do Tribunal de Justiça para impedir “a veiculação de notícias pelo ‘novojornal’ em relação ao deputado federal Alexandre Silveira de Oliveira” e ao desembargador mineiro José do Carmo Veiga. Nenhuma relação, por suposto, com a proibição judicial de notícias sobre um empresário maranhense ligado à política que ainda vigora para o Estado de S.Paulo e que tanta indignação suscitou, nos últimos anos, na grande imprensa.
Se está havendo censura judicial ao Novo Jornal, a imprensa mineira não percebeu. Ao contrário do bloco parlamentar Minas Sem Censura, que reúne deputados estaduais do PT, PMDB e PRB, partidos de oposição ao governo estadual. Um de seus integrantes, o deputado petista Rogério Correia, raciocina: “Ora, se você estabelece a prisão preventiva para evitar a publicação de material jornalístico, está oficializada a censura prévia”. E acrescenta:
“Quando do surgimento da Lista de Furnas, encaminhei o relatório à
Polícia Federal e, por isso, o vice-presidente nacional do PSDB tentou a
cassação do meu mandato. É a mesma situação. A censura tem agentes no
Ministério Público e no Judiciário, mas, quando é com a imprensa, quem
organiza a perseguição é a própria irmã do senador, Andréa Neves.”
Extorsão de políticos e empresáriosBlogs contrários à candidatura de Aécio Neves à presidência da República aproveitam esse movimento do Ministério Público e do Judiciário mineiro para criticar o senador, apontado como o mais forte concorrente de Dilma Rousseff nas eleições de outubro. Mas há blogs que divulgam a notícia da prisão sem tecer comentários, sobretudo em Minas, ou que até mesmo aplaudem.
Se alguns imaginaram que a prisão do dono do Novo Jornal iria intimidar os blogueiros mineiros, eles devem estar felizes. É possível que os jornalistas mineiros permaneçam abaixados em suas trincheiras, intimidados por alguns juízes atentos à defesa das autoridades contra ataques oposicionistas. A menos que o réu Marco Aurélio Fores Carone, vulgo “Marco Florzinha” – como se lê na sentença da juíza Maria Isabel Fleck e na peça acusatória do Ministério Público, mesmo que poucos o conheçam por esse apelido – consiga provar que não faz parte de uma organização criminosa dedicada a extorquir dinheiro de políticos e empresários. E que seu jornal, como todos os outros, encontra amplo amparo na Constituição de 1988, que formalizou o fim da ditadura no Brasil.
Proprietário do Novojornal, Marco Aurélio Flores Carone, é preso por falsificação
Suspeito de integrar quadrilha, dono de jornal na internet também é acusado de intimidar testemunhas que seriam ouvidas em processo contra ele, segundo o Ministério Público
postado em 21/01/2014 06:00 / atualizado em 21/01/2014 07:18Para o promotor Garcia, o Novojornal funciona como uma fachada para práticas de delitos contra a honra. Além disso, ele acusa Carone de integrar uma quadrilha comandada por Nilton Monteiro, que está preso na Penitenciária Nelson Hungria, em Contagem. Monteiro é tratado como lobista e especialista em falsificação de documentos, entre eles, a Lista de Furnas, com nomes de políticos que teriam recebido recursos da empresa para a campanha eleitoral de 2002.
“Ele (Carone) utilizava o fato de ser jornalista para tentar se acobertar alegando liberdade de imprensa. Como se isso fosse uma carta branca para cometer toda a sorte de crimes, publicando notícias inverídicas e tentando desmoralizar autoridades e instituições com o objetivo de facilitar a atuação dessa quadrilha”, denuncia o promotor. “Era a mesma coisa que um traficante preso transportando drogas alegar que não podia ser preso, por que ele tem o direito de ir e vir”, compara.
O advogado de Carone, Hernandes Purificação de Alecrim, afirmou que está analisando o processo e preferiu não se posicionar. Carone é de uma família com tradição política na capital mineira. Seu pai, Jorge Carone, foi prefeito da capital em 1962 e a mãe, Nísia Flores Carone, foi deputada federal. O irmão, Antônio Carlos Carone, foi vereador em Belo Horizonte entre 1977 e 1988. O Novojornal, que começou em versão impressa, mas nos últimos anos é veiculado somente na internet, publicava denúncias constantes contra o grupo político que comanda Minas Gerais. Entre os alvos prediletos de Carone estão o senador Aécio Neves (PSDB), o secretário de Governo Danilo de Castro (PSDB) e o ex-governador e atual deputado federal Eduardo Azeredo (PSDB).
Para o promotor, o site funcionava “como uma arma na mão dele”, que era apontada para quem ele desejasse. “Foi assim durante vários anos até que a investigação envolvendo a quadrilha o pegou”, afirma Garcia. Há um mês, o carro do promotor foi incendiado no Bairro Serra. Ele informou que aguarda a conclusão da investigação da Polícia Civil. “Mas não há dúvida que existe suspeita sobre essa quadrilha”, afirmou o promotor.
‘BALCÃO DE NEGÓCIOS’ A relação entre Monteiro e Carone se dava da seguinte maneira, segundo o promotor: “Muitas coisas que o Nilton Monteiro iria falsificar eram publicadas de antemão pelo site (Novojornal), relatando que isso viria a ser feito”. De acordo com a decisão da juíza: “O grupo de delinquentes tem como líder a pessoa de Nilton Monteiro, atualmente preso, e como relações públicas o indivíduo que se passa por jornalista de nome Marco Aurélio Flores Carone, responsável pelo site Novojornal, que nada mais é senão um balcão para os negócios do bando”.
O promotor afirma que o Novojornal recebia cerca de R$ 60 mil por mês e que o objetivo da investigação é descobrir quem são os patrocinadores. Garcia oferecerá a Carone, que está preso no Ceresp da Gameleira, o benefício da delação premiada, caso ele entregue quem são os financiadores. A prisão preventiva pode durar até 90 dias. A denúncia do MP acusa Carone de sete crimes: falsificação de documentos públicos e particulares, fraude processual, denunciação caluniosa, uso de documentos falsos, formação de quadrilha e falsidade ideológica.
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Mais um exemplo?
No dia do último debate Aécio X Dilma, que aconteceu na rede globo eu coloquei um post, que chamava atenção sobre o que poderia ocorrer no debate e a estratégia da mídia em tomar votos da população...
http://jogosdinheirointernet.blogspot.com.br/2014/10/hoje-tem-o-ultimo-debate-entre-aecio-x.html
Dias depois saiu aquela famosa capa da Veja que tentou vencer as eleições no Brasil:
Eu previ o que isso ocorreria...
Mas a culpa é também da Dilma... Ficou todo o primeiro mandato sem olhar com seriedade o projeto do seu ex-ministro (aquele guerrilheiro que ouve música) e nem parece que vai olhar nesse novo mandato já que tem muito menos crédito para tocar esse projeto do que tinha em 2010...
O grandalhão e o pirralho
Nos EUA, Bill Gates conseguiu unir contra ele conservadores e liberais radicais. Aqui, seria um herói da pátria |
O governo federal e 20 Estados norte-americanos abriram, em 18 de maio, o que o "New York Times" chamou de um processo antitruste "histórico" contra a Microsoft, para "defender valores básicos, historicamente testados, e proteger o consumidor e a liberdade econômica do assalto predatório de um monopolista moderno". Voltaremos à Microsoft depois. Agora, trataremos do grandalhão e do pirralho.
Há um país em que uma só empresa pode controlar, ao mesmo tempo e na mesma área, a TV aberta, a TV paga, o sistema DTH (TV paga com transmissão por miniparabólicas), o telefone local ou o celular, a companhia de telefone interurbano, um satélite para transmitir dados, som e vídeo para aquela área, uma rede de rádio e uma editora. Essa companhia pode ser fechada (não publicar balanço) e estrangeira.
Para ser moderno e global, de acordo com uma teologia secularizada da libertação, esse generoso país resolveu vender seu sistema estatal de telecomunicações. E não fez restrições especiais. Será o único país em que a telefonia local, a interurbana e o sistema pelo qual passam os dados da segurança nacional poderão ser 100% estrangeiros.
Ao contrário de Bill Gates, que percebeu que, daqui a pouco, telefone, TV aberta e paga e computador serão todos a mesma coisa, a lei não distingue entre empresas de TV e de telefone. O que isso significa? Que, nesse país, Gates, Rupert Murdoch, John Malone, Ted Turner, a AT&T e as "baby bells" poderiam ser uma única e alegre família.
Além do mais, estamos falando de uma fortuna. Um ministro dito irresponsável calculou em US$ 30 bilhões o resultado final dessa megaprivatização. Agora, fala-se em US$ 20 bilhões. Muito, muito mais do que as privatizações gigantescas da Rússia e do México, outros campeões de modernização.
Na Rússia, o ministro vendedor foi destituído porque recebeu um presente de US$ 700 mil da empresa que arrematou a maior telefônica estatal. Mas está em liberdade. No México, não. Ali, as instituições continuam de pé, e o privatizador-mor, Raúl, irmão do ex-presidente Carlos Salinas, está atrás das grades (este, por sua vez, é um foragido da Justiça, na Irlanda).
O grandalhão, se quiser, pode comprar uma telefônica nesse país de que falamos. Só ou com um sócio estrangeiro. O grandalhão é muito grande. Ele controla 77% do negócio da publicidade em TV; sozinho, tem 40% de toda a publicidade do país. Isso mesmo: US$ 4 em cada US$ 10 gastos em publicidade nesse país são de uma única empresa familiar. Estamos falando de uma democracia? Nem Bill Gates diria que sim.
Nesse país, há uma grande cidade à beira-mar em que uma só empresa controla a maior rede de TV aberta, a TV paga, o principal sistema de rádio e tem o segundo (não o primeiro) jornal diário. Parece incrível, mas o primeiro é de uma companhia bem menor -aqui chamada de pirralho. No passado, o jornal do pirralho era sensacionalista. Agora, atinge uma audiência maior e mais afluente. O que fez o grandalhão? Lançou, por preço muito menor, um jornal com cara de tablóide, para enfrentar o pirralho cara a cara.
Que beleza! É assim que funciona a livre concorrência! Isso seria verdade, se o grandalhão e o pirralho jogassem com as mesmas regras.
O grandalhão disse que gastaria US$ 10 milhões para vender o novo jornal. Onde? Na TV da família. Mas como saber se o orçamento é mesmo de US$ 10 milhões? Como garantir que o grandalhão paga, na TV da família, o mesmo preço de um concorrente por 30 segundos de um comercial? Difícil dizer.
O pirralho teria US$ 10 milhões para gastar? Nem pensar. E se tivesse? Seus US$ 10 milhões comprariam a mesma quantidade de 30 segundos que o grandalhão compra? Os 30 segundos do grandalhão têm mais segundos que os 30 segundos de qualquer pirralho.
Daqui a pouco, essa megaprivatização estará concluída. Três telefônicas regionais e uma operadora de telefone interurbano e internacional estarão à venda. Os interessados podem pagar em prestações e com financiamento de bancos estatais.
Se o grandalhão comprar uma telefônica, vai ser como se CBS, NBC e ABC, juntas (sim, pois a audiência do grandalhão é igual à soma das três grandes americanas), associadas a John Malone, comprassem a AT&T e a Nynex. Isso faz sentido numa sociedade aberta? Nem Bill Gates concordaria. Quem pode impedir isso? Uma agência governamental sem nenhum poder político?
O grandalhão sempre será o grandalhão? Como se sabe, os grandalhões mudam, como os impérios. A Espanha e a Inglaterra achavam que sempre seriam o que os EUA pensam que serão sempre. Porém, com uma legislação tão liberal (a mais liberal do mundo), sempre haverá um grandalhão. Um.
Esse é o caminho mais curto para o assalto às liberdades de competição e de expressão. Porque tudo isso se passa num ambiente político de uma terra desolada. Que país é esse?
A Bolívia? Não. De acordo com o Banco Mundial, na Bolívia, a porcentagem de crianças que concluem quatro anos de escola é muito maior do que no país desta narrativa. É a Costa Rica? Não. Outra vez de acordo com o Banco Mundial, o salário mínimo real urbano é duas vezes maior na Costa Rica.
É evidente que estou falando do Brasil, onde Bill Gates estaria livre para fazer o que bem entendesse. Nos EUA, Gates conseguiu a proeza de unir contra ele, no Congresso, os conservadores mais radicais e os liberais igualmente radicais. Aqui, seria um herói da pátria.
Para recuar 90 anos, a Standard Oil, que dominava 90% do petróleo distribuído no mundo (como, hoje, o Windows domina 90% do mercado mundial), por causa de um processo antitruste também "histórico", foi obrigada a se dividir. Aqui, a Standard Oil permaneceria una e indivisível.
Vinte anos atrás, as leis antitruste americanas dividiram a AT&T em sete "baby bells", "para defender os valores básicos do capitalismo". Como diria Che Guevara, o governo brasileiro vai criar uma, duas, três... AT&Ts.
Com essa lei de privatização das telecomunicações, qual o futuro da liberdade de expressão no Brasil? O mesmo da tecnologia da era moderna: concentrada, condensada e comprimida.
Mas será a modernidade tão ruim assim para nós, que vivemos em sociedades que precisam ser modernas e globais? Não, foi a resposta do mestre mexicano Octavio Paz: "A modernidade é o inferno com ar-condicionado".
Paulo Henrique Amorim, 55, jornalista, é editor-chefe do "Jornal da Band" (Rede Bandeirantes).
Tradução de Paulo Migliacci
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