Morre, aos 74 anos, o escritor uruguaio Eduardo Galeano
Segundo o jornal uruguaio El País, autor faleceu na manhã desta segunda-feira em Montevidéu
Atualizada em 13/04/2015 | 14h1913/04/2015 | 10h06
Foto:
Nauro Júnior / Agencia RBS
O escritor Eduardo Galeano morreu, aos 74 anos, na manhã desta
segunda-feira. De acordo com o jornal uruguaio El País, o autor de As Veias Abertas da América Latina
estava em sua casa, em Montevidéu. Ele lutava contra um câncer no
mediastino (região da cavidade torácica) que havia entrado em metástase.
Nascido em Montevidéu em 1940, Galeano começou cedo no jornalismo e na literatura — aos 14 anos, já vendia charges para jornais uruguaios.
Famoso pela multiplicidade (escreveu livros de História, ficção e ensaios), denunciou a opressão no continente latino em As Veias Abertas da América Latina, traduzido para dezenas de idiomas e referência no assunto até hoje. Em Montevidéu, foi chefe de redação do semanário Marcha e diretor do jornal Época, carreira encerrada pelo golpe militar no Uruguai. Em 1973, foi preso pela ditadura e exilou-se na Argentina para fugir da prisão. Lá, chegou a lançar livros, mas teve a vida novamente dificultada pelo golpe militar liderado pelo general Jorge Videla, em 1976. Para fugir dos esquadrões da morte, refugia-se na Espanha, de onde sai apenas em 1985, quando da redemocratização do Uruguai — e nunca mais deixa a Capital.
Multipremiado, recebeu o prêmio Casa de Las Américas em 1975 e 1978, e o prêmio Aloa, promovido pelas casas editoras dinamarquesas, em 1993. A trilogia Memória do fogo foi premiada pelo Ministério da Cultura do Uruguai e recebeu o American Book Award (Washington University, EUA) em 1989.
Em 1999, Galeano foi o primeiro autor homenageado com o prêmio à Liberdade Cultural, da Lannan Foundation (Novo México). É autor de De pernas pro ar, Dias e noites de amor e de guerra, Futebol ao sol e à sombra, O livro dos abraços, Memória do fogo (a qual integram Os nascimentos, As caras e as máscaras e O século do vento), Mulheres, As palavras andantes, Vagamundo, As veias abertas da América Latina e Os filhos dos dias.
Apesar de sempre ser badalado por As Veias Abertas da América Latina, Galeano revelou-se cético diante da própria obra.
– Depois de tantos anos, já não me sinto mais ligado a esse texto – disse o escritor em 2014, em Brasília, durante a 2ª Bienal do Livro e da Leitura.
– O tempo passou e descobri diferentes maneiras de conhecer e de me aprofundar na realidade. Considero uma etapa superada. Se eu relesse a obra hoje, cairia desmaiado, não iria aguentar – completou, em tom de brincadeira.
– Para mim, essa prosa da esquerda tradicional é extremamente árida, e meu físico já não a tolera.
Um caso de amor com o futebol
Apaixonado por futebol, Galeano falava com ardor da seleção celeste. Em 2010, durante a Copa do Mundo da África e antes da emocionante disputa de pênaltis com Gana, o autor falou ao repórter Diogo Olivier, de Zero Hora, sobre a relação de seu país com o esporte:
– É uma religião nacional. A única que não tem ateu. Somos poucos: 3,5 milhões. É menos gente do que um bairro de São Paulo. É um país minúsculo. Mas todos futebolizados. Temos um dever de gratidão com o futebol. O Uruguai foi colocado no mapa mundial a partir do bicampeonato olímpico de 1924 e 1928, pelo futebol. Ninguém nos conhecia.
A loucura era tanta que, em tempos de Copa, Galeano pendurava uma placa com os dizeres "Cerrado por fútbol" ("fechado por futebol"), na porta de casa, entre as bandeiras do Uruguai e do Nacional, seu time do coração.
Galeano deixa a esposa, Helena Villagra, com quem era casado desde 1976, e os filhos Claudio, Florencia e Verónica.
Nascido em Montevidéu em 1940, Galeano começou cedo no jornalismo e na literatura — aos 14 anos, já vendia charges para jornais uruguaios.
Famoso pela multiplicidade (escreveu livros de História, ficção e ensaios), denunciou a opressão no continente latino em As Veias Abertas da América Latina, traduzido para dezenas de idiomas e referência no assunto até hoje. Em Montevidéu, foi chefe de redação do semanário Marcha e diretor do jornal Época, carreira encerrada pelo golpe militar no Uruguai. Em 1973, foi preso pela ditadura e exilou-se na Argentina para fugir da prisão. Lá, chegou a lançar livros, mas teve a vida novamente dificultada pelo golpe militar liderado pelo general Jorge Videla, em 1976. Para fugir dos esquadrões da morte, refugia-se na Espanha, de onde sai apenas em 1985, quando da redemocratização do Uruguai — e nunca mais deixa a Capital.
Multipremiado, recebeu o prêmio Casa de Las Américas em 1975 e 1978, e o prêmio Aloa, promovido pelas casas editoras dinamarquesas, em 1993. A trilogia Memória do fogo foi premiada pelo Ministério da Cultura do Uruguai e recebeu o American Book Award (Washington University, EUA) em 1989.
Em 1999, Galeano foi o primeiro autor homenageado com o prêmio à Liberdade Cultural, da Lannan Foundation (Novo México). É autor de De pernas pro ar, Dias e noites de amor e de guerra, Futebol ao sol e à sombra, O livro dos abraços, Memória do fogo (a qual integram Os nascimentos, As caras e as máscaras e O século do vento), Mulheres, As palavras andantes, Vagamundo, As veias abertas da América Latina e Os filhos dos dias.
Apesar de sempre ser badalado por As Veias Abertas da América Latina, Galeano revelou-se cético diante da própria obra.
– Depois de tantos anos, já não me sinto mais ligado a esse texto – disse o escritor em 2014, em Brasília, durante a 2ª Bienal do Livro e da Leitura.
– O tempo passou e descobri diferentes maneiras de conhecer e de me aprofundar na realidade. Considero uma etapa superada. Se eu relesse a obra hoje, cairia desmaiado, não iria aguentar – completou, em tom de brincadeira.
– Para mim, essa prosa da esquerda tradicional é extremamente árida, e meu físico já não a tolera.
Um caso de amor com o futebol
Apaixonado por futebol, Galeano falava com ardor da seleção celeste. Em 2010, durante a Copa do Mundo da África e antes da emocionante disputa de pênaltis com Gana, o autor falou ao repórter Diogo Olivier, de Zero Hora, sobre a relação de seu país com o esporte:
– É uma religião nacional. A única que não tem ateu. Somos poucos: 3,5 milhões. É menos gente do que um bairro de São Paulo. É um país minúsculo. Mas todos futebolizados. Temos um dever de gratidão com o futebol. O Uruguai foi colocado no mapa mundial a partir do bicampeonato olímpico de 1924 e 1928, pelo futebol. Ninguém nos conhecia.
A loucura era tanta que, em tempos de Copa, Galeano pendurava uma placa com os dizeres "Cerrado por fútbol" ("fechado por futebol"), na porta de casa, entre as bandeiras do Uruguai e do Nacional, seu time do coração.
Galeano deixa a esposa, Helena Villagra, com quem era casado desde 1976, e os filhos Claudio, Florencia e Verónica.
O império do consumo
Esta ditadura da uniformização obrigatória impõe, no mundo inteiro, um
modo de vida que reproduz os seres humanos como fotocópias do consumidor
exemplar. Por Eduardo Galeano
por Envolverde
—
publicado
30/12/2010 11:25,
última modificação
04/01/2011 17:23
Por Eduardo Galeano
A produção em série, em escala gigantesca, impõe em todo lado as suas
pautas obrigatórias de consumo. Esta ditadura da uniformização
obrigatória é mais devastadora que qualquer ditadura do partido único:
impõe, no mundo inteiro, um modo de vida que reproduz os seres humanos
como fotocópias do consumidor exemplar.
O sistema fala em nome de todos, dirige a todos as suas ordens imperiosas de consumo, difunde entre todos a febre compradora; mas sem remédio: para quase todos esta aventura começa e termina no écran do televisor. A maioria, que se endivida para ter coisas, termina por ter nada mais que dívidas para pagar dívidas as quais geram novas dívidas, e acaba a consumir fantasias que por vezes materializa delinquindo.
Os donos do mundo usam o mundo como se fosse descartável: uma mercadoria de vida efémera, que se esgota como se esgotam, pouco depois de nascer, as imagens disparadas pela metralhadora da televisão e as modas e os ídolos que a publicidade lança, sem tréguas, no mercado. Mas para que outro mundo vamos mudar-nos?
A explosão do consumo no mundo atual faz mais ruído do que todas as guerras e provoca mais alvoroço do que todos os carnavais. Como diz um velho provérbio turco: quem bebe por conta, emborracha-se o dobro. O carrossel aturde e confunde o olhar; esta grande bebedeira universal parece não ter limites no tempo nem no espaço. Mas a cultura de consumo soa muito, tal como o tambor, porque está vazia. E na hora da verdade, quando o estrépito cessa e acaba a festa, o borracho acorda, só, acompanhado pela sua sombra e pelos pratos partidos que deve pagar.
A expansão da procura choca com as fronteiras que lhe impõe o mesmo sistema que a gera. O sistema necessita de mercados cada vez mais abertos e mais amplos, como os pulmões necessitam o ar, e ao mesmo tempo necessitam que andem pelo chão, como acontece, os preços das matérias-primas e da força humana de trabalho.
O direito ao desperdício, privilégio de poucos, diz ser a liberdade de todos. Diz-me quanto consomes e te direi quanto vales. Esta civilização não deixa dormir as flores, nem as galinhas, nem as pessoas. Nas estufas, as flores são submetidas a luz contínua, para que cresçam mais depressa. Nas fábricas de ovos, as galinhas também estão proibidas de ter a noite. E as pessoas estão condenadas à insônia, pela ansiedade de comprar e pela angústia de pagar. Este modo de vida não é muito bom para as pessoas, mas é muito bom para a indústria farmacêutica. Os EUA consomem a metade dos sedativos, ansiolíticos e demais drogas químicas que se vendem legalmente no mundo, e mais da metade das drogas proibidas que se vendem ilegalmente, o que não é pouca coisa se se considerar que os EUA têm apenas cinco por cento da população mundial.
“Gente infeliz os que vivem a comparar-se”, lamenta uma mulher no bairro do Buceo, em Montevideo. A dor de já não ser, que outrora cantou o tango, abriu passagem à vergonha de não ter. Um homem pobre é um pobre homem. “Quando não tens nada, pensas que não vales nada”, diz um rapaz no bairro Villa Fiorito, de Buenos Aires. E outro comprova, na cidade dominicana de San Francisco de Macorís: “Meus irmãos trabalham para as marcas. Vivem comprando etiquetas e vivem suando em bicas para pagar as prestações”.
Invisível violência do mercado: a diversidade é inimiga da rentabilidade e a uniformidade manda. A produção em série, em escala gigantesca, impõe em todo lado as suas pautas obrigatórias de consumo. Esta ditadura da uniformização obrigatória é mais devastadora que qualquer ditadura do partido único: impõe, no mundo inteiro, um modo de vida que reproduz os seres humanos como fotocópias do consumidor exemplar.
O consumidor exemplar é o homem quieto. Esta civilização, que confunde a quantidade com a qualidade, confunde a gordura com a boa alimentação. Segundo a revista científica The Lancet, na última década a “obesidade severa” aumentou quase 30% entre a população jovem dos países mais desenvolvidos. Entre as crianças norte-americanas, a obesidade aumentou uns 40% nos últimos 16 anos, segundo a investigação recente do Centro de Ciências da Saúde da Universidade do Colorado.
O país que inventou as comidas e bebidas light, os diet food e os alimentos fat free tem a maior quantidade de gordos do mundo. O consumidor exemplar só sai do automóvel par trabalhar e para ver televisão. Sentado perante o pequeno écran, passa quatro horas diárias a devorar comida de plástico.
Triunfa o lixo disfarçado de comida: esta indústria está a conquistar os paladares do mundo e a deixar em farrapos as tradições da cozinha local. Os costumes do bom comer, que veem de longe, têm, em alguns países, milhares de anos de refinamento e diversidade, são um patrimônio coletivo que de algum modo está nos fogões de todos e não só na mesa dos ricos.
Essas tradições, esses sinais de identidade cultural, essas festas da vida, estão a ser espezinhadas, de modo fulminante, pela imposição do saber químico e único: a globalização do hambúrguer, a ditadura do fast food. A plastificação da comida à escala mundial, obra da McDonald’s, Burger King e outras fábricas, viola com êxito o direito à autodeterminação da cozinha: direito sagrado, porque na boca a alma tem uma das suas portas.
O campeonato mundial de futebol de 98 confirmou-nos, entre outras coisas, que o cartão MasterCard tonifica os músculos, que a Coca-Cola brinda eterna juventude e o menu do MacDonald’s não pode faltar na barriga de um bom atleta. O imenso exército de McDonald’s dispara hambúrgueres às bocas das crianças e dos adultos no planeta inteiro. O arco duplo desse M serviu de estandarte durante a recente conquista dos países do Leste da Europa. As filas diante do McDonald’s de Moscou, inaugurado em 1990 com fanfarras, simbolizaram a vitória do ocidente com tanta eloquência quanto o desmoronamento do Muro de Berlim.
Um sinal dos tempos: esta empresa, que encarna as virtudes do mundo livre, nega aos seus empregados a liberdade de filiar-se a qualquer sindicato. A McDonald’s viola, assim, um direito legalmente consagrado nos muitos países onde opera. Em 1997, alguns trabalhadores, membros disso que a empresa chama a Macfamília, tentaram sindicalizar-se num restaurante de Montreal, no Canadá: o restaurante fechou. Mas em 1998, outros empregados da McDonald’s, numa pequena cidade próxima a Vancouver, alcançaram essa conquista, digna do Livro Guinness.
As massas consumidoras recebem ordens num idioma universal: a publicidade conseguiu o que o esperanto quis e não pôde. Qualquer um entende, em qualquer lugar, as mensagens que o televisor transmite. No último quarto de século, os gastos em publicidade duplicaram no mundo. Graças a ela, as crianças pobres tomam cada vez mais Coca-Cola e cada vez menos leite, e o tempo de lazer vai-se tornando tempo de consumo obrigatório.
Tempo livre, tempo prisioneiro: as casas muito pobres não têm cama, mas têm televisor e o televisor tem a palavra. Comprados a prazo, esse animalejo prova a vocação democrática do progresso: não escuta ninguém, mas fala para todos. Pobres e ricos conhecem, assim, as virtudes dos automóveis do último modelo, e pobres e ricos inteiram-se das vantajosas taxas de juros que este ou aquele banco oferece.
Os peritos sabem converter as mercadorias em conjuntos mágicos contra a solidão. As coisas têm atributos humanos: acariciam, acompanham, compreendem, ajudam, o perfume te beija e o automóvel é o amigo que nunca falha. A cultura do consumo fez da solidão o mais lucrativo dos mercados.
As angústias enchem-se atulhando-se de coisas, ou sonhando fazê-lo. E as coisas não só podem abraçar: elas também podem ser símbolos de ascensão social, salvo-condutos para atravessar as alfândegas da sociedade de classes, chaves que abrem as portas proibidas. Quanto mais exclusivas, melhor: as coisas te escolhem e te salvam do anonimato multitudinário.
A publicidade não informa acerca do produto que vende, ou raras vezes o faz. Isso é o que menos importa. A sua função primordial consiste em compensar frustrações e alimentar fantasias: Em quem o senhor quer converter-se comprando esta loção de fazer a barba? O criminólogo Anthony Platt observou que os delitos da rua não são apenas fruto da pobreza extrema. Também são fruto da ética individualista. A obsessão social do êxito, diz Platt, incide decisivamente sobre a apropriação ilegal das coisas. Sempre ouvi dizer que o dinheiro não produz a felicidade, mas qualquer espectador pobre de TV tem motivos de sobra para acreditar que o dinheiro produz algo tão parecido que a diferença é assunto para especialistas.
Segundo o historiador Eric Hobsbawm, o século XX pôs fim a sete mil anos de vida humana centrada na agricultura desde que apareceram as primeiras culturas, em fins do paleolítico. A população mundial urbaniza-se, os camponeses fazem-se cidadãos. Na América Latina temos campos sem ninguém e enormes formigueiros urbanos: as maiores cidades do mundo e as mais injustas. Expulsos pela agricultura moderna de exportação, e pela erosão das suas terras, os camponeses invadem os subúrbios. Eles acreditam que Deus está em toda parte, mas por experiência sabem que atende nas grandes urbes.
As cidades prometem trabalho, prosperidade, um futuro para os filhos. Nos campos, os que esperam veem passar a vida e morrem a bocejar; nas cidades, a vida ocorre, e chama. Apinhados em tugúrios [casebres], a primeira coisa que descobrem os recém chegados é que o trabalho falta e os braços sobram.
Enquanto nascia o século XIV, frei Giordano da Rivalto pronunciou em Florença um elogio das cidades. Disse que as cidades cresciam “porque as pessoas têm o gosto de juntar-se”. Juntar-se, encontrar-se. Agora, quem se encontra com quem? Encontra-se a esperança com a realidade? O desejo encontra-se com o mundo? E as pessoas encontram-se com as pessoas? Se as relações humanas foram reduzidas a relações entre coisas, quanta gente se encontra com as coisas?
O mundo inteiro tende a converter-se num grande écran de televisão, onde as coisas se olham mas não se tocam. As mercadorias em oferta invadem e privatizam os espaços públicos. As estações de ônibus e de comboios, que até há pouco eram espaços de encontro entre pessoas, estão agora a converter-se em espaços de exibição comercial.
O shopping center, ou shopping mall, vitrine de todas as vitrines, impõe a sua presença avassaladora. As multidões acorrem, em peregrinação, a este templo maior das missas do consumo. A maioria dos devotos contempla, em êxtase, as coisas que os seus bolsos não podem pagar, enquanto a minoria compradora submete-se ao bombardeio da oferta incessante e extenuante.
A multidão, que sobe e baixa pelas escadas mecânicas, viaja pelo mundo: os manequins vestem como em Milão ou Paris e as máquinas soam como em Chicago, e para ver e ouvir não é preciso pagar bilhete. Os turistas vindos das povoações do interior, ou das cidades que ainda não mereceram estas bênçãos da felicidade moderna, posam para a foto, junto às marcas internacionais mais famosas, como antes posavam junto à estátua do grande homem na praça.
Beatriz Solano observou que os habitantes dos bairros suburbanos vão ao center, ao shopping center, como antes iam ao centro. O tradicional passeio do fim de semana no centro da cidade tende a ser substituído pela excursão a estes centros urbanos. Lavados, passados e penteados, vestidos com as suas melhores roupas, os visitantes vêm a uma festa onde não são convidados, mas podem ser observadores. Famílias inteiras empreendem a viagem na cápsula espacial que percorre o universo do consumo, onde a estética do mercado desenhou uma paisagem alucinante de modelos, marcas e etiquetas.
A cultura do consumo, cultura do efêmero, condena tudo ao desuso mediático. Tudo muda ao ritmo vertiginoso da moda, posta ao serviço da necessidade de vender. As coisas envelhecem num piscar de olhos, para serem substituídas por outras coisas de vida fugaz. Hoje a única coisa que permanece é a insegurança, as mercadorias, fabricadas para não durar, resultam ser voláteis como o capital que as financia e o trabalho que as gera.
O dinheiro voa à velocidade da luz: ontem estava ali, hoje está aqui, amanhã, quem sabe, e todo trabalhador é um desempregado em potencial. Paradoxalmente, os shopping centers, reinos do fugaz, oferecem com o máximo êxito a ilusão da segurança. Eles resistem fora do tempo, sem idade e sem raiz, sem noite e sem dia e sem memória, e existem fora do espaço, para além das turbulências da perigosa realidade do mundo.
Os donos do mundo usam o mundo como se fosse descartável: uma mercadoria de vida efêmera, que se esgota como esgotam, pouco depois de nascer, as imagens que dispara a metralhadora da televisão e as modas e os ídolos que a publicidade lança, sem tréguas, no mercado. Mas a que outro mundo vamos nos mudar? Estamos todos obrigados a acreditar no conto de que Deus vendeu o planeta a umas quantas empresas, porque estando de mau humor decidiu privatizar o universo?
A sociedade de consumo é uma armadilha caça-bobos. Os que têm a alavanca simulam ignorá-lo, mas qualquer um que tenha olhos na cara pode ver que a grande maioria das pessoas consome pouco, pouquinho e nada, necessariamente, para garantir a existência da pouca natureza que nos resta.
A injustiça social não é um erro a corrigir, nem um defeito a superar: é uma necessidade essencial. Não há natureza capaz de alimentar um shopping center do tamanho do planeta.
Biografia
Galeano nasceu em 3 de setembro de 1940 em Montevidéu em uma família católica de classe média de ascendência europeia. Na infância, Galeano tinha o sonho de se tornar um jogador de futebol; esse desejo é retratado em algumas de suas obras, como O futebol de sol a sombra (1995). Na adolescência, Galeano trabalhou em empregos nada usuais, como pintor de letreiros, mensageiro, datilógrafo e caixa de banco. Aos 14, vendeu sua primeira charge política para o jornal El Sol, do Partido Socialista.
Galeano iniciou sua carreira jornalística no início da década de 1960 como editor do Marcha, influente jornal semanal que tinha como colaboradores Mario Vargas Llosa e Mario Benedetti. Foi também editor do diário Época e editor-chefe do jornal universitário por dois anos. Em 1971 escreveu sua obra-prima As Veias Abertas da América Latina.
Em 1973, com o golpe militar do Uruguai, Galeano é preso e mais tarde forçado a se exilar na Argentina, onde lançou Crisis, uma revista sobre cultura. Em 1976, com o sangrento golpe militar liderado pelo general Jorge Videla, tem seu nome colocado na lista dos esquadrões de morte e, temendo por sua vida, exila-se na Espanha, onde deu início à trilogia Memória do Fogo. Em 1985, com a redemocratização de seu país, Galeano retornou a Montevidéu, onde viveu até sua morte, em 2015.
Em princípios de 2007 Galeano caiu seriamente doente, mas recuperou-se, após uma bem-sucedida cirurgia em Montevidéu.
Obras
A obra mais conhecida de Galeano é, sem dúvida, As Veias Abertas da América Latina. Nela, analisa a História da América Latina como um todo desde o período colonial até a contemporaneidade, argumentando contra o que considera como exploração econômica e política do povo latino-americano primeiro pela Europa e depois pelos Estados Unidos. O livro tornou-se um clássico entre os membros da esquerda latino-americana. Em Brasília, após mais de 40 anos do lançamento do seu mais famosa obra, durante a 2ª Bienal do Livro e da Leitura, Eduardo Galeano admitiu ter mudado de ideia sobre o que escrevera. Disse ele: "'Veias Abertas' pretendia ser um livro de economia política, mas eu não tinha o treinamento e o preparo necessário". Ele acrescentou que "eu não seria capaz de reler esse livro; cairia dormindo. Para mim, essa prosa da esquerda tradicional é extremamente árida, e meu físico já não a tolera.".2
Memória do Fogo é uma trilogia da História das Américas. Os personagens são figuras históricas: generais, artistas, revolucionários, operários, conquistadores e conquistados, que são retratados em pequenos episódios que refletem o período colonial do continente. Começa com os mitos dos povos pré-colombianos e termina no início da década de 1980. Na obra, Galeano destaca não apenas a opressão colonial, mas também atos individuais e coletivos de resistência. A obra foi aclamada pela crítica literária e Galeano foi comparado a John Dos Passos e Gabriel García Márquez. Ronald Wright, do suplemento literário do The Times, escreveu que "os grandes escritores dissolveram gêneros antigos e encontraram novos. Esta trilogia de um dos mais ousados e talentosos da América Latina é impossível de classificar".
Galeano na abertura da Bienal do Livro de Brasília, abril de 2014 (foto:Fábio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil)
O Livro dos Abraços é uma coleção de histórias curtas e muitas vezes líricas, apresentando as visões de Galeano em relação a temas diversos como emoções, arte, política e valores. A obra também oferece uma crítica mordaz à sociedade capitalista moderna, com o autor defendendo aquilo que acredita ser uma mentalidade ideal à sociedade. Para Jay Parini, do suplemento literário do The New York Times, é talvez a obra mais ousada do autor.
Como ávido fã de futebol, Galeano escreveu O futebol ao sol e à sombra, que revisa a trajetória histórica do jogo. O autor o compara com uma performance teatral e com a guerra; critica sua aliança profana com corporações globais ao mesmo tempo em que ataca intelectuais de esquerda que rejeitam o jogo e seu apelo às massas por motivos ideológicos. Nessa obra, Galeano narra a final da Copa de 1950, Rio de Janeiro, que entrou para a história do futebol como Maracanazo, a virada do Uruguai por 2 a 1 na Seleção Brasileira em pleno Maracanã.3 .
Em seu livro mais recente, Espelhos, o autor tem o intuito de recontar episódios que a história oficial camuflou. Galeano se define como um escritor que remexe no lixão da história mundial.4
Apesar da clara inspiração e relevância histórica de suas obras, Galeano nega o caráter meramente histórico destas, comentando que é "um autor obcecado com a lembrança, com a lembrança do passado da América e, sobretudo, da América Latina, uma terra intimamente condenada à amnésia".
Além de livros, Galeano também escreve artigos para publicações estadunidenses de esquerda como The Progressive, New Internationalist, Monthly Review e The Nation.
Visão política
Uma das citações mais memoráveis de Galeano é "as pessoas estavam na cadeia para que os presos pudessem ser livres", se referindo ao regime militar (1973-1985) de seu país.
Para celebrar a vitória de Tabaré Vázquez e da Frente Ampla nas eleições de 2004, - a primeira eleição de um governo de esquerda na história uruguaia -, Galeano escreveu um artigo intitulado "Onde as pessoas votaram contra o medo", no qual afirma que a população de seu país finalmente usou o "bom senso" para parar de ser "traída" pelos partidos Colorado e Nacional.
Em 2006, Galeano se juntou a outras artistas renomados como Gabriel García Márquez, Mario Benedetti, Ernesto Sábato, Thiago de Mello e Pablo Milanés na assinatura da Proclamação de Independência de Porto Rico do Congresso Latino Americano e Caribenho.
Em uma entrevista ao jornal Zero Hora, disse o seguinte sobre a vitória de Barack Obama nas eleições de 2008: "Agora, ele entra na Casa Branca, que será a sua casa. Tomara que não esqueça que a Casa Branca foi construída por escravos negros. Chegou a hora dos Estados Unidos se libertarem da sua pesada herança racista".4
Em vídeo recente, de 2013, compartilha algumas de suas experiências pessoais para falar sobre a importância da solidariedade, de aprender a viver sem medo e da virtude de saber ganhar e perder. "Para se levantar, é preciso saber cair" (em espanhol com legendas em inglês) - vide referência 3.
Eduardo Galeano em foto de 1984.
Honras
Em 2005, Eduardo Galeano aceitou o convite para integrar o comitê consultivo da Telesur, uma emissora de televisão pan-latino-americana com sede em Caracas, na Venezuela. Em julho de 2008, Galeano foi agraciado com o primeiro título de Cidadão Ilustre do Mercosul.5
Livros
Los días siguientes (1963)
China (1964)
Guatemala (1967)
Reportagens (1967)
Los fantasmas del día del léon y otros relatos (1967)
Su majestad el fútbol (1968)
As veias abertas da América Latina (1971)(P)
Siete imágenes de Bolivia (1971)
Violencía y enajenación (1971)
Crónicas latinoamericanas (1972)
Vagamundo (1973)(P)
La cancion de nosotros (1975)
Conversaciones con Raimón (1977)
Días y noches de amor y de guerra (1978)(P)
La piedra arde (1980)
Voces de nuestro tiempo (1981)
Memória do fogo - trilogia - (1982-1986)(P)
A Pedra Arde (1983)
Aventuras de los jóvenes dioses (1984)
Ventana sobre Sandino (1985)
Contraseña (1985)
El descubrimiento de América que todavía no fue y otros escritos (1986)
El tigre azul y otros artículos (1988)
Entrevistas y artículos (1962-1987) (1988)
O Livro dos Abraços (1989)(P)
Nós Dizemos Não (1989)
América Latina para entenderte mejor (1990)
Palabras: antología personal (1990)
An Uncertain Grace com Fred Ritchin, fotos de Sebastião Salgado (1990)
Ser como ellos y otros artículos (1992)
Amares (1993)
Las palabas andantes (1993)(P)
úselo y tírelo (1994)
O futebol ao sol e à sombra (1995)(P)
Ser como eles (1997)(P)
Mulheres (1997)(P)
Patas arriba: la escuela del mundo al revés (1998)(P)
Bocas del Tiempo (2004)(P)
O Teatro do Bem e do Mal (2002)(P)
Espelhos - uma quase história universal (2008)(P)
Espelhos. Uma história quase universal (2008) (P)
Os Filhos dos Dias (2012) (P)
O corpo não é uma máquina como nos diz a ciência. Nem uma culpa como nos fez crer a religião. O corpo é uma festa.
Eduardo Galeano
O corpo não é uma máquina como nos diz a...
Somos o que fazemos, mas somos, principalmente, o que fazemos para mudar o que somos.
Eduardo Galeano
214
Somos o que fazemos, mas somos, principalmente, o...
A utopia está lá no horizonte. Me aproximo dois passos, ela se afasta dois passos. Caminho dez passos e o horizonte corre dez passos. Por mais que eu caminhe, jamais alcançarei. Para que serve a utopia? Serve para isso: para que eu não deixe de caminhar.
Eduardo Galeano
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A utopia está lá no horizonte. Me aproximo dois...
Os habitantes dos bairros suburbanos vão ao center, ao shopping center, como antes iam até o centro. O tradicional passeio do fim-de-semana até o centro da cidade tende a ser substituído pela excursão até esses centros urbanos. De banho tomado, arrumados e penteados, vestidos com suas melhores galas, os visitantes vêm para uma festa à qual não foram convidados, mas podem olhar tudo.
Eduardo Galeano
Inserida por lucassoleite
Os habitantes dos bairros suburbanos vão ao...
Na luta do bem contra o mal, é sempre o povo que morre
Eduardo Galeano
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Na luta do bem contra o mal, é sempre o povo que...
Não consigo dormir.
Tenho uma mulher atravessada entre minhas pálpebras.
Se pudesse, diria a ela que fosse embora;
mas tenho uma mulher atravessada na garganta.
Eduardo Galeano
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Não consigo dormir. Tenho uma mulher atravessada...
Na parede de um botequim de Madri, um cartaz avisa: Proibido cantar. Na parede do aeroporto do Rio de Janeiro, um aviso informa: É proibido brincar com os carrinhos porta-bagagem. Ou seja: Ainda existe gente que canta, ainda existe gente que brinca.
Eduardo Galeano
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Na parede de um botequim de Madri, um cartaz...
Há aqueles que crêem que o destino descansa nos joelhos dos deuses, mas a verdade é que trabalha, como um desafio candente, sobre as consciências dos homens.
Eduardo Galeano
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Há aqueles que crêem que o destino descansa nos...
Quando as palavras não são tão dignas quanto o silêncio, é melhor calar e esperar.
Eduardo Galeano
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Quando as palavras não são tão dignas quanto o...
"Assovia o vento dentro de mim.
Estou despido. Dono de nada, dono de ninguém, nem mesmo dono de minhas certezas, sou minha cara contra o vento, a contravento, e sou o vento que bate em minha cara."
Eduardo Galeano
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"Assovia o vento dentro de mim. Estou...
"A memória guardará o que valer a pena. A memória sabe de mim mais que eu; e ela não perde o que merece ser salvo."
Eduardo Galeano
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"A memória guardará o que valer a pena. A...
De nuestros miedos
nacen nuestros corajes
y en nuestras dudas
viven nuestras certezas.
Los sueños anuncian
otra realidad posible
y los delirios otra razón.
En los extravios
nos esperan hallazgos,
porque es preciso perderse
para volver a encontrarse.
Eduardo Galeano
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De nuestros miedos nacen nuestros corajes y en...
“As pulgas sonham em comprar um cão, e os ninguéns com deixar a pobreza, que em algum dia mágico de sorte chova a boa sorte a cântaros; mas a boa sorte não chova ontem, nem hoje, nem amanhã, nem nunca, nem uma chuvinha cai do céu da boa sorte, por mais que os ninguéns a chamem e mesmo que a mão esquerda coce, ou se levantem com o pé direito, ou comecem o ano mudando de vassoura.
Os ninguéns: os filhos de ninguém, os dono de nada.
Os ninguéns: os nenhuns, correndo soltos, morrendo a vida, fodidos e mal pagos:
Que não são embora sejam.
Que não falam idiomas, falam dialetos.
Que não praticam religiões, praticam superstições.
Que não fazem arte, fazem artesanato.
Que não são seres humanos, são recursos humanos.
Que não tem cultura, têm folclore.
Que não têm cara, têm braços.
Que não têm nome, têm número.
Que não aparecem na história universal, aparecem nas páginas policiais da imprensa local.
Os ninguéns, que custam menos do que a bala que os mata.”
Eduardo Galeano
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“As pulgas sonham em comprar um cão, e os...
Minhas certezas se alimentam de dúvidas.
E há dias em que me sinto estrangeiro em Montevidéu como seria em qualquer lugar do mundo. E, nestes dias, dias sem sol, noites sem lua, nenhum lugar é meu lugar…
…e não consigo me reconhecer em nada nem em ninguém.
Eduardo Galeano
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Minhas certezas se alimentam de dúvidas. E há...
O mundo
Um homem da aldeia de Negu? no litoral da Colômbia, conseguiu subir aos céus. Quando voltou, contou. Disse que tinha contemplado, lá do alto, a vida
humana. E disse que somos um mar de fogueirinhas.
— O mundo é isso — revelou — Um montão de gente, um mar de
fogueirinhas.
Cada pessoa brilha com luz própria entre todas as outras. Não existem duas fogueiras iguais. Existem fogueiras grandes e fogueiras pequenas e fogueiras
de todas as cores. Existe gente de fogo sereno, que nem percebe o vento, e gente de fogo louco, que enche o ar de chispas. Alguns fogos, fogos bobos, não alumiam nem
queimam; mas outros incendeiam a vida com tamanha vontade que é impossível olhar para eles sem pestanejar, e quem chegar perto pega fogo.
Eduardo Galeano
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O mundo Um homem da aldeia de Negu? no...
...De Cuba em diante, outros países também iniciaram por distintas vias e distintos meios a experiência de mudança: a perpetuação da atual ordem de coisas é a perpetuação do crime.
Os fantasmas de todas as revoluções estranguladas ou traídas, ao longo da torturada história latino-americana, ressurgem nas novas experiências, assim como os tempos presentes tinham sido pressentidos e engendrados pelas contradições do passado. A história é um profeta com o olhar voltado para trás: pelo que foi, e contra o que foi, anuncia o que será...
Eduardo Galeano
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...De Cuba em diante, outros países também...
Não importa de onde vim, mais sim aonde quero chegar
Eduardo Galeano
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Não importa de onde vim, mais sim aonde quero...
A Igreja diz: o corpo é uma culpa. A Ciência diz: o corpo é uma máquina. A publicidade diz: o corpo é um negócio. E o corpo diz: eu sou uma festa.
Eduardo Galeano
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A Igreja diz: o corpo é uma culpa. A Ciência...
Somos porque ganhamos. Se perdemos, deixamos de ser.
Eduardo Galeano
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Somos porque ganhamos. Se perdemos, deixamos de...
A primeira condição para modificar a realidade consiste em conhece-la.
Eduardo Galeano
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A primeira condição para modificar a realidade...
El derecho al delirio
Ya está naciendo el nuevo milenio. No da para tomarse el asunto demasiado en serio: al fin y al cabo, el año 2001 de los cristianos es el año 1379 de los musulmanes, el 5114 de los mayas y el 5762 de los judíos. El nuevo milenio nace un primero de enero por obra y gracia de un capricho de los senadores del imperio romano, que un buen día decidieron romper la tradición que mandaba celebrar el año nuevo en el comienzo de la primavera. Y la cuenta de los años de la era cristiana proviene de otro capricho: un buen día, el papa de Roma decidió poner fecha al nacimiento de Jesús, aunque nadie sabe cuando nació.
El tiempo se burla de los límites que le inventamos para creernos el cuento de que él nos obedece; pero el mundo entero celebra y teme esta frontera.
Una invitación al vuelo
Milenio va, milenio viene, la ocasión es propicia para que los oradores de inflamada verba peroren sobre el destino de la humanidad, y para que los voceros de la ira de Dios anuncien el fin del mundo y la reventazón general, mientras el tiempo continúa, calladito la boca, su caminata a lo largo de la eternidad y del misterio.
La verdad sea dicha, no hay quien resista: en una fecha así, por arbitraria que sea, cualquiera siente la tentación de preguntarse cómo será el tiempo que será. Y vaya uno a saber cómo será. Tenemos una única certeza: en el siglo veintiuno, si todavía estamos aquí, todos nosotros seremos gente del siglo pasado y, peor todavía, seremos gente del pasado milenio.
Aunque no podemos adivinar el tiempo que será, sí que tenemos, al menos, el derecho de imaginar el que queremos que sea. En 1948 y en 1976, las Naciones Unidas proclamaron extensas listas de derechos humanos; pero la inmensa mayoría de la humanidad no tiene más que el derecho de ver, oír y callar. ¿Qué tal si empezamos a ejercer el jamás proclamado derecho de soñar? ¿Qué tal si deliramos, por un ratito? Vamos a clavar los ojos más allá de la infamia, para adivinar otro mundo posible:
el aire estará limpio de todo veneno que no venga de los miedos humanos y de las humanas pasiones;
en las calles, los automóviles serán aplastados por los perros;
la gente no será manejada por el automóvil, ni será programada por la computadora, ni será comprada por el supermercado, ni será mirada por el televisor;
el televisor dejará de ser el miembro más importante de la familia, y será tratado como la plancha o el lavarropas;
la gente trabajará para vivir, en lugar de vivir para trabajar;
se incorporará a los códigos penales el delito de estupidez, que cometen quienes viven por tener o por ganar, en vez de vivir por vivir nomás, como canta el pájaro sin saber que canta y como juega el niño sin saber que juega;
en ningún país irán presos los muchachos que se nieguen a cumplir el servicio militar, sino los que quieran cumplirlo;
los economistas no llamarán nivel de vida al nivel de consumo, ni llamarán calidad de vida a la cantidad de cosas;
los cocineros no creerán que a las langostas les encanta que las hiervan vivas;
los historiadores no creerán que a los países les encanta ser invadidos;
los políticos no creerán que a los pobres les encanta comer promesas;
la solemnidad se dejará de creer que es una virtud, y nadie tomará en serio a nadie que no sea capaz de tomarse el pelo;
la muerte y el dinero perderán sus mágicos poderes, y ni por defunción ni por fortuna se convertirá el canalla en virtuoso caballero;
nadie será considerado héroe ni tonto por hacer lo que cree justo en lugar de hacer lo que más le conviene;
el mundo ya no estará en guerra contra los pobres, sino contra la pobreza, y la industria militar no tendrá más remedio que declararse en quiebra;
la comida no será una mercancía, ni la comunicación un negocio, porque la comida y la comunicación son derechos humanos;
nadie morirá de hambre, porque nadie morirá de indigestión;
los niños de la calle no serán tratados como si fueran basura, porque no habrá niños de la calle;
los niños ricos no serán tratados como si fueran dinero, porque no habrá niños ricos;
la educación no será el privilegio de quienes puedan pagarla;
la policía no será la maldición de quienes no puedan comprarla;
la justicia y la libertad, hermanas siamesas condenadas a vivir separadas, volverán a juntarse, bien pegaditas, espalda contra espalda;
una mujer, negra, será presidenta de Brasil y otra mujer, negra, será presidenta de los Estados Unidos de América; una mujer india gobernará Guatemala y otra, Perú;
en Argentina, las locas de Plaza de Mayo serán un ejemplo de salud mental, porque ellas se negaron a olvidar en los tiempos de la amnesia obligatoria;
la Santa Madre Iglesia corregirá las erratas de las tablas de Moisés, y el sexto mandamiento ordenará festejar el cuerpo;
la Iglesia también dictará otro mandamiento, que se le había olvidado a Dios: «Amarás a la naturaleza, de la que formas parte»;
serán reforestados los desiertos del mundo y los desiertos del alma;
los desesperados serán esperados y los perdidos serán encontrados, porque ellos son los que se desesperaron de tanto esperar y los que se perdieron de tanto buscar;
seremos compatriotas y contemporáneos de todos los que tengan voluntad de justicia y voluntad de belleza, hayan nacido donde hayan nacido y hayan vivido cuando hayan vivido, sin que importen ni un poquito las fronteras del mapa o del tiempo;
la perfección seguirá siendo el aburrido privilegio de los dioses; pero en este mundo chambón y jodido, cada noche será vivida como si fuera la última y cada día como si fuera el primero.
Eduardo Galeano
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El derecho al delirio Ya está naciendo el nuevo...
Nossa derrota esteve sempre implícita na vitória dos outros. Nossa riqueza sempre gerou nossa pobreza por nutrir a prosperidade alheia: os impérios e seus beleguins nativos.
Eduardo Galeano
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Nossa derrota esteve sempre implícita na vitória...
Na alquimia colonial e neocolonial o ouro se transfigura em sucata, os alimentos em veneno.
Eduardo Galeano
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Na alquimia colonial e neocolonial o ouro se...
Em certo sentido, a direita tem razão quando se identifica com a tranquilidade e com a ordem. A ordem é a diuturna humilhação das maiorias, mas sempre é uma ordem - a tranquilidade de que a injustiça siga sendo injusta e a fome faminta.
Eduardo Galeano
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Em certo sentido, a direita tem razão quando se...
A história é um profeta com o olhar voltado para trás: pelo que foi, e contra o que foi, anuncia o que será.
Eduardo Galeano
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Música dos Engenheiros do Hawaii de 1987, que cita "As veias abertas da América menina", em alusão ao principal livro escrito pelo Eduardo Galeano.
Quem tem pressa, não se interessa
Humberto Gessinger
Quando você me olha com seu olhar tranqüilo Sempre diz que falta algo ou isto ou aquilo você não entende e se surpreende seu olhar já não está tranqüilo mas quem tem pressa não se interessa por questões de estilo (questões de estilo) as vozes oficiais dizem: "quem sabe..." dizem:"talvez..." enquanto os vídeos e as revistas mostram imagens sem nitidez você se espanta: "há tanta coisa nos jornais!" mas quem tem pressa não se interessa em andar rápido demais (rápido demais) eles têm razão mas a razão é só que eles têm a lâmina ilumina a mão a lâmpada cria a escuridão há muita grana atrás de uma canção ninguém se engana com uma canção o tempo todo que nos gera também gera generais o tempo nunca espera que cheguem os comerciais (os comerciais) nas veias abertas da américa, menina um mar vermelho de sangue leva navios piratas, negociatas, concordatas, candidatos democratas, sucos e sucatas ternos e gravatas secando cataratas e lavando as mãos dando a impressão de que na areia movediça nada se desperdiça
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Criei uma comunidade no Google Plus: É tudo um assunto só
http://plus.google.com/u/0/communities/113366052708941119914
Outro dia discutindo sobre as manifestações do dia 15, sobre crise do governo e a corrupção da Petrobrás eu perguntei a ele se tinha acompanhado a CPI da Dívida Pública. Então ele me respondeu: Eu lá estou falando de CPI?! Não me lembro de ter falado de CPI nenhuma! Estou falando da roubalheira... A minha intenção era dizer que apesar de ter durado mais de 9 meses e de ter uma importância ímpar nas finanças do país, a nossa grande mídia pouco citou que houve a CPI e a maioria da população ficou sem saber dela e do assunto... Portanto não quis fugir do assunto... é o mesmo assunto: é a política, é a mídia, é a corrupção, são as eleições, é a Petrobras, a auditoria da dívida pública, democracia, a falta de educação, falta de politização, compra de votos, propina, reforma política, redemocratização da mídia, a Vale, o caso Equador, os Bancos, o mercado de notícias, o mensalão, o petrolão, o HSBC, a carga de impostos, a sonegação de impostos,a reforma tributária, a reforma agrária, os Assassinos Econômicos, os Blog sujos, o PIG, as Privatizações, a privataria, a Lava-Jato, a Satiagraha, o Banestado, o basômetro, o impostômetro, É tudo um assunto só!...
Depoimento do Lula: "Nunca antes nesse país..." (O país da piada pronta)
KKK Lembra daquele desenho da motinha?! Kajuru, Kfouri, Kalil:
O sistema fala em nome de todos, dirige a todos as suas ordens imperiosas de consumo, difunde entre todos a febre compradora; mas sem remédio: para quase todos esta aventura começa e termina no écran do televisor. A maioria, que se endivida para ter coisas, termina por ter nada mais que dívidas para pagar dívidas as quais geram novas dívidas, e acaba a consumir fantasias que por vezes materializa delinquindo.
Os donos do mundo usam o mundo como se fosse descartável: uma mercadoria de vida efémera, que se esgota como se esgotam, pouco depois de nascer, as imagens disparadas pela metralhadora da televisão e as modas e os ídolos que a publicidade lança, sem tréguas, no mercado. Mas para que outro mundo vamos mudar-nos?
A explosão do consumo no mundo atual faz mais ruído do que todas as guerras e provoca mais alvoroço do que todos os carnavais. Como diz um velho provérbio turco: quem bebe por conta, emborracha-se o dobro. O carrossel aturde e confunde o olhar; esta grande bebedeira universal parece não ter limites no tempo nem no espaço. Mas a cultura de consumo soa muito, tal como o tambor, porque está vazia. E na hora da verdade, quando o estrépito cessa e acaba a festa, o borracho acorda, só, acompanhado pela sua sombra e pelos pratos partidos que deve pagar.
A expansão da procura choca com as fronteiras que lhe impõe o mesmo sistema que a gera. O sistema necessita de mercados cada vez mais abertos e mais amplos, como os pulmões necessitam o ar, e ao mesmo tempo necessitam que andem pelo chão, como acontece, os preços das matérias-primas e da força humana de trabalho.
O direito ao desperdício, privilégio de poucos, diz ser a liberdade de todos. Diz-me quanto consomes e te direi quanto vales. Esta civilização não deixa dormir as flores, nem as galinhas, nem as pessoas. Nas estufas, as flores são submetidas a luz contínua, para que cresçam mais depressa. Nas fábricas de ovos, as galinhas também estão proibidas de ter a noite. E as pessoas estão condenadas à insônia, pela ansiedade de comprar e pela angústia de pagar. Este modo de vida não é muito bom para as pessoas, mas é muito bom para a indústria farmacêutica. Os EUA consomem a metade dos sedativos, ansiolíticos e demais drogas químicas que se vendem legalmente no mundo, e mais da metade das drogas proibidas que se vendem ilegalmente, o que não é pouca coisa se se considerar que os EUA têm apenas cinco por cento da população mundial.
“Gente infeliz os que vivem a comparar-se”, lamenta uma mulher no bairro do Buceo, em Montevideo. A dor de já não ser, que outrora cantou o tango, abriu passagem à vergonha de não ter. Um homem pobre é um pobre homem. “Quando não tens nada, pensas que não vales nada”, diz um rapaz no bairro Villa Fiorito, de Buenos Aires. E outro comprova, na cidade dominicana de San Francisco de Macorís: “Meus irmãos trabalham para as marcas. Vivem comprando etiquetas e vivem suando em bicas para pagar as prestações”.
Invisível violência do mercado: a diversidade é inimiga da rentabilidade e a uniformidade manda. A produção em série, em escala gigantesca, impõe em todo lado as suas pautas obrigatórias de consumo. Esta ditadura da uniformização obrigatória é mais devastadora que qualquer ditadura do partido único: impõe, no mundo inteiro, um modo de vida que reproduz os seres humanos como fotocópias do consumidor exemplar.
O consumidor exemplar é o homem quieto. Esta civilização, que confunde a quantidade com a qualidade, confunde a gordura com a boa alimentação. Segundo a revista científica The Lancet, na última década a “obesidade severa” aumentou quase 30% entre a população jovem dos países mais desenvolvidos. Entre as crianças norte-americanas, a obesidade aumentou uns 40% nos últimos 16 anos, segundo a investigação recente do Centro de Ciências da Saúde da Universidade do Colorado.
O país que inventou as comidas e bebidas light, os diet food e os alimentos fat free tem a maior quantidade de gordos do mundo. O consumidor exemplar só sai do automóvel par trabalhar e para ver televisão. Sentado perante o pequeno écran, passa quatro horas diárias a devorar comida de plástico.
Triunfa o lixo disfarçado de comida: esta indústria está a conquistar os paladares do mundo e a deixar em farrapos as tradições da cozinha local. Os costumes do bom comer, que veem de longe, têm, em alguns países, milhares de anos de refinamento e diversidade, são um patrimônio coletivo que de algum modo está nos fogões de todos e não só na mesa dos ricos.
Essas tradições, esses sinais de identidade cultural, essas festas da vida, estão a ser espezinhadas, de modo fulminante, pela imposição do saber químico e único: a globalização do hambúrguer, a ditadura do fast food. A plastificação da comida à escala mundial, obra da McDonald’s, Burger King e outras fábricas, viola com êxito o direito à autodeterminação da cozinha: direito sagrado, porque na boca a alma tem uma das suas portas.
O campeonato mundial de futebol de 98 confirmou-nos, entre outras coisas, que o cartão MasterCard tonifica os músculos, que a Coca-Cola brinda eterna juventude e o menu do MacDonald’s não pode faltar na barriga de um bom atleta. O imenso exército de McDonald’s dispara hambúrgueres às bocas das crianças e dos adultos no planeta inteiro. O arco duplo desse M serviu de estandarte durante a recente conquista dos países do Leste da Europa. As filas diante do McDonald’s de Moscou, inaugurado em 1990 com fanfarras, simbolizaram a vitória do ocidente com tanta eloquência quanto o desmoronamento do Muro de Berlim.
Um sinal dos tempos: esta empresa, que encarna as virtudes do mundo livre, nega aos seus empregados a liberdade de filiar-se a qualquer sindicato. A McDonald’s viola, assim, um direito legalmente consagrado nos muitos países onde opera. Em 1997, alguns trabalhadores, membros disso que a empresa chama a Macfamília, tentaram sindicalizar-se num restaurante de Montreal, no Canadá: o restaurante fechou. Mas em 1998, outros empregados da McDonald’s, numa pequena cidade próxima a Vancouver, alcançaram essa conquista, digna do Livro Guinness.
As massas consumidoras recebem ordens num idioma universal: a publicidade conseguiu o que o esperanto quis e não pôde. Qualquer um entende, em qualquer lugar, as mensagens que o televisor transmite. No último quarto de século, os gastos em publicidade duplicaram no mundo. Graças a ela, as crianças pobres tomam cada vez mais Coca-Cola e cada vez menos leite, e o tempo de lazer vai-se tornando tempo de consumo obrigatório.
Tempo livre, tempo prisioneiro: as casas muito pobres não têm cama, mas têm televisor e o televisor tem a palavra. Comprados a prazo, esse animalejo prova a vocação democrática do progresso: não escuta ninguém, mas fala para todos. Pobres e ricos conhecem, assim, as virtudes dos automóveis do último modelo, e pobres e ricos inteiram-se das vantajosas taxas de juros que este ou aquele banco oferece.
Os peritos sabem converter as mercadorias em conjuntos mágicos contra a solidão. As coisas têm atributos humanos: acariciam, acompanham, compreendem, ajudam, o perfume te beija e o automóvel é o amigo que nunca falha. A cultura do consumo fez da solidão o mais lucrativo dos mercados.
As angústias enchem-se atulhando-se de coisas, ou sonhando fazê-lo. E as coisas não só podem abraçar: elas também podem ser símbolos de ascensão social, salvo-condutos para atravessar as alfândegas da sociedade de classes, chaves que abrem as portas proibidas. Quanto mais exclusivas, melhor: as coisas te escolhem e te salvam do anonimato multitudinário.
A publicidade não informa acerca do produto que vende, ou raras vezes o faz. Isso é o que menos importa. A sua função primordial consiste em compensar frustrações e alimentar fantasias: Em quem o senhor quer converter-se comprando esta loção de fazer a barba? O criminólogo Anthony Platt observou que os delitos da rua não são apenas fruto da pobreza extrema. Também são fruto da ética individualista. A obsessão social do êxito, diz Platt, incide decisivamente sobre a apropriação ilegal das coisas. Sempre ouvi dizer que o dinheiro não produz a felicidade, mas qualquer espectador pobre de TV tem motivos de sobra para acreditar que o dinheiro produz algo tão parecido que a diferença é assunto para especialistas.
Segundo o historiador Eric Hobsbawm, o século XX pôs fim a sete mil anos de vida humana centrada na agricultura desde que apareceram as primeiras culturas, em fins do paleolítico. A população mundial urbaniza-se, os camponeses fazem-se cidadãos. Na América Latina temos campos sem ninguém e enormes formigueiros urbanos: as maiores cidades do mundo e as mais injustas. Expulsos pela agricultura moderna de exportação, e pela erosão das suas terras, os camponeses invadem os subúrbios. Eles acreditam que Deus está em toda parte, mas por experiência sabem que atende nas grandes urbes.
As cidades prometem trabalho, prosperidade, um futuro para os filhos. Nos campos, os que esperam veem passar a vida e morrem a bocejar; nas cidades, a vida ocorre, e chama. Apinhados em tugúrios [casebres], a primeira coisa que descobrem os recém chegados é que o trabalho falta e os braços sobram.
Enquanto nascia o século XIV, frei Giordano da Rivalto pronunciou em Florença um elogio das cidades. Disse que as cidades cresciam “porque as pessoas têm o gosto de juntar-se”. Juntar-se, encontrar-se. Agora, quem se encontra com quem? Encontra-se a esperança com a realidade? O desejo encontra-se com o mundo? E as pessoas encontram-se com as pessoas? Se as relações humanas foram reduzidas a relações entre coisas, quanta gente se encontra com as coisas?
O mundo inteiro tende a converter-se num grande écran de televisão, onde as coisas se olham mas não se tocam. As mercadorias em oferta invadem e privatizam os espaços públicos. As estações de ônibus e de comboios, que até há pouco eram espaços de encontro entre pessoas, estão agora a converter-se em espaços de exibição comercial.
O shopping center, ou shopping mall, vitrine de todas as vitrines, impõe a sua presença avassaladora. As multidões acorrem, em peregrinação, a este templo maior das missas do consumo. A maioria dos devotos contempla, em êxtase, as coisas que os seus bolsos não podem pagar, enquanto a minoria compradora submete-se ao bombardeio da oferta incessante e extenuante.
A multidão, que sobe e baixa pelas escadas mecânicas, viaja pelo mundo: os manequins vestem como em Milão ou Paris e as máquinas soam como em Chicago, e para ver e ouvir não é preciso pagar bilhete. Os turistas vindos das povoações do interior, ou das cidades que ainda não mereceram estas bênçãos da felicidade moderna, posam para a foto, junto às marcas internacionais mais famosas, como antes posavam junto à estátua do grande homem na praça.
Beatriz Solano observou que os habitantes dos bairros suburbanos vão ao center, ao shopping center, como antes iam ao centro. O tradicional passeio do fim de semana no centro da cidade tende a ser substituído pela excursão a estes centros urbanos. Lavados, passados e penteados, vestidos com as suas melhores roupas, os visitantes vêm a uma festa onde não são convidados, mas podem ser observadores. Famílias inteiras empreendem a viagem na cápsula espacial que percorre o universo do consumo, onde a estética do mercado desenhou uma paisagem alucinante de modelos, marcas e etiquetas.
A cultura do consumo, cultura do efêmero, condena tudo ao desuso mediático. Tudo muda ao ritmo vertiginoso da moda, posta ao serviço da necessidade de vender. As coisas envelhecem num piscar de olhos, para serem substituídas por outras coisas de vida fugaz. Hoje a única coisa que permanece é a insegurança, as mercadorias, fabricadas para não durar, resultam ser voláteis como o capital que as financia e o trabalho que as gera.
O dinheiro voa à velocidade da luz: ontem estava ali, hoje está aqui, amanhã, quem sabe, e todo trabalhador é um desempregado em potencial. Paradoxalmente, os shopping centers, reinos do fugaz, oferecem com o máximo êxito a ilusão da segurança. Eles resistem fora do tempo, sem idade e sem raiz, sem noite e sem dia e sem memória, e existem fora do espaço, para além das turbulências da perigosa realidade do mundo.
Os donos do mundo usam o mundo como se fosse descartável: uma mercadoria de vida efêmera, que se esgota como esgotam, pouco depois de nascer, as imagens que dispara a metralhadora da televisão e as modas e os ídolos que a publicidade lança, sem tréguas, no mercado. Mas a que outro mundo vamos nos mudar? Estamos todos obrigados a acreditar no conto de que Deus vendeu o planeta a umas quantas empresas, porque estando de mau humor decidiu privatizar o universo?
A sociedade de consumo é uma armadilha caça-bobos. Os que têm a alavanca simulam ignorá-lo, mas qualquer um que tenha olhos na cara pode ver que a grande maioria das pessoas consome pouco, pouquinho e nada, necessariamente, para garantir a existência da pouca natureza que nos resta.
A injustiça social não é um erro a corrigir, nem um defeito a superar: é uma necessidade essencial. Não há natureza capaz de alimentar um shopping center do tamanho do planeta.
Biografia
Galeano nasceu em 3 de setembro de 1940 em Montevidéu em uma família católica de classe média de ascendência europeia. Na infância, Galeano tinha o sonho de se tornar um jogador de futebol; esse desejo é retratado em algumas de suas obras, como O futebol de sol a sombra (1995). Na adolescência, Galeano trabalhou em empregos nada usuais, como pintor de letreiros, mensageiro, datilógrafo e caixa de banco. Aos 14, vendeu sua primeira charge política para o jornal El Sol, do Partido Socialista.
Galeano iniciou sua carreira jornalística no início da década de 1960 como editor do Marcha, influente jornal semanal que tinha como colaboradores Mario Vargas Llosa e Mario Benedetti. Foi também editor do diário Época e editor-chefe do jornal universitário por dois anos. Em 1971 escreveu sua obra-prima As Veias Abertas da América Latina.
Em 1973, com o golpe militar do Uruguai, Galeano é preso e mais tarde forçado a se exilar na Argentina, onde lançou Crisis, uma revista sobre cultura. Em 1976, com o sangrento golpe militar liderado pelo general Jorge Videla, tem seu nome colocado na lista dos esquadrões de morte e, temendo por sua vida, exila-se na Espanha, onde deu início à trilogia Memória do Fogo. Em 1985, com a redemocratização de seu país, Galeano retornou a Montevidéu, onde viveu até sua morte, em 2015.
Em princípios de 2007 Galeano caiu seriamente doente, mas recuperou-se, após uma bem-sucedida cirurgia em Montevidéu.
Obras
A obra mais conhecida de Galeano é, sem dúvida, As Veias Abertas da América Latina. Nela, analisa a História da América Latina como um todo desde o período colonial até a contemporaneidade, argumentando contra o que considera como exploração econômica e política do povo latino-americano primeiro pela Europa e depois pelos Estados Unidos. O livro tornou-se um clássico entre os membros da esquerda latino-americana. Em Brasília, após mais de 40 anos do lançamento do seu mais famosa obra, durante a 2ª Bienal do Livro e da Leitura, Eduardo Galeano admitiu ter mudado de ideia sobre o que escrevera. Disse ele: "'Veias Abertas' pretendia ser um livro de economia política, mas eu não tinha o treinamento e o preparo necessário". Ele acrescentou que "eu não seria capaz de reler esse livro; cairia dormindo. Para mim, essa prosa da esquerda tradicional é extremamente árida, e meu físico já não a tolera.".2
Memória do Fogo é uma trilogia da História das Américas. Os personagens são figuras históricas: generais, artistas, revolucionários, operários, conquistadores e conquistados, que são retratados em pequenos episódios que refletem o período colonial do continente. Começa com os mitos dos povos pré-colombianos e termina no início da década de 1980. Na obra, Galeano destaca não apenas a opressão colonial, mas também atos individuais e coletivos de resistência. A obra foi aclamada pela crítica literária e Galeano foi comparado a John Dos Passos e Gabriel García Márquez. Ronald Wright, do suplemento literário do The Times, escreveu que "os grandes escritores dissolveram gêneros antigos e encontraram novos. Esta trilogia de um dos mais ousados e talentosos da América Latina é impossível de classificar".
Galeano na abertura da Bienal do Livro de Brasília, abril de 2014 (foto:Fábio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil)
O Livro dos Abraços é uma coleção de histórias curtas e muitas vezes líricas, apresentando as visões de Galeano em relação a temas diversos como emoções, arte, política e valores. A obra também oferece uma crítica mordaz à sociedade capitalista moderna, com o autor defendendo aquilo que acredita ser uma mentalidade ideal à sociedade. Para Jay Parini, do suplemento literário do The New York Times, é talvez a obra mais ousada do autor.
Como ávido fã de futebol, Galeano escreveu O futebol ao sol e à sombra, que revisa a trajetória histórica do jogo. O autor o compara com uma performance teatral e com a guerra; critica sua aliança profana com corporações globais ao mesmo tempo em que ataca intelectuais de esquerda que rejeitam o jogo e seu apelo às massas por motivos ideológicos. Nessa obra, Galeano narra a final da Copa de 1950, Rio de Janeiro, que entrou para a história do futebol como Maracanazo, a virada do Uruguai por 2 a 1 na Seleção Brasileira em pleno Maracanã.3 .
Em seu livro mais recente, Espelhos, o autor tem o intuito de recontar episódios que a história oficial camuflou. Galeano se define como um escritor que remexe no lixão da história mundial.4
Apesar da clara inspiração e relevância histórica de suas obras, Galeano nega o caráter meramente histórico destas, comentando que é "um autor obcecado com a lembrança, com a lembrança do passado da América e, sobretudo, da América Latina, uma terra intimamente condenada à amnésia".
Além de livros, Galeano também escreve artigos para publicações estadunidenses de esquerda como The Progressive, New Internationalist, Monthly Review e The Nation.
Visão política
Uma das citações mais memoráveis de Galeano é "as pessoas estavam na cadeia para que os presos pudessem ser livres", se referindo ao regime militar (1973-1985) de seu país.
Para celebrar a vitória de Tabaré Vázquez e da Frente Ampla nas eleições de 2004, - a primeira eleição de um governo de esquerda na história uruguaia -, Galeano escreveu um artigo intitulado "Onde as pessoas votaram contra o medo", no qual afirma que a população de seu país finalmente usou o "bom senso" para parar de ser "traída" pelos partidos Colorado e Nacional.
Em 2006, Galeano se juntou a outras artistas renomados como Gabriel García Márquez, Mario Benedetti, Ernesto Sábato, Thiago de Mello e Pablo Milanés na assinatura da Proclamação de Independência de Porto Rico do Congresso Latino Americano e Caribenho.
Em uma entrevista ao jornal Zero Hora, disse o seguinte sobre a vitória de Barack Obama nas eleições de 2008: "Agora, ele entra na Casa Branca, que será a sua casa. Tomara que não esqueça que a Casa Branca foi construída por escravos negros. Chegou a hora dos Estados Unidos se libertarem da sua pesada herança racista".4
Em vídeo recente, de 2013, compartilha algumas de suas experiências pessoais para falar sobre a importância da solidariedade, de aprender a viver sem medo e da virtude de saber ganhar e perder. "Para se levantar, é preciso saber cair" (em espanhol com legendas em inglês) - vide referência 3.
Eduardo Galeano em foto de 1984.
Honras
Em 2005, Eduardo Galeano aceitou o convite para integrar o comitê consultivo da Telesur, uma emissora de televisão pan-latino-americana com sede em Caracas, na Venezuela. Em julho de 2008, Galeano foi agraciado com o primeiro título de Cidadão Ilustre do Mercosul.5
Livros
Los días siguientes (1963)
China (1964)
Guatemala (1967)
Reportagens (1967)
Los fantasmas del día del léon y otros relatos (1967)
Su majestad el fútbol (1968)
As veias abertas da América Latina (1971)(P)
Siete imágenes de Bolivia (1971)
Violencía y enajenación (1971)
Crónicas latinoamericanas (1972)
Vagamundo (1973)(P)
La cancion de nosotros (1975)
Conversaciones con Raimón (1977)
Días y noches de amor y de guerra (1978)(P)
La piedra arde (1980)
Voces de nuestro tiempo (1981)
Memória do fogo - trilogia - (1982-1986)(P)
A Pedra Arde (1983)
Aventuras de los jóvenes dioses (1984)
Ventana sobre Sandino (1985)
Contraseña (1985)
El descubrimiento de América que todavía no fue y otros escritos (1986)
El tigre azul y otros artículos (1988)
Entrevistas y artículos (1962-1987) (1988)
O Livro dos Abraços (1989)(P)
Nós Dizemos Não (1989)
América Latina para entenderte mejor (1990)
Palabras: antología personal (1990)
An Uncertain Grace com Fred Ritchin, fotos de Sebastião Salgado (1990)
Ser como ellos y otros artículos (1992)
Amares (1993)
Las palabas andantes (1993)(P)
úselo y tírelo (1994)
O futebol ao sol e à sombra (1995)(P)
Ser como eles (1997)(P)
Mulheres (1997)(P)
Patas arriba: la escuela del mundo al revés (1998)(P)
Bocas del Tiempo (2004)(P)
O Teatro do Bem e do Mal (2002)(P)
Espelhos - uma quase história universal (2008)(P)
Espelhos. Uma história quase universal (2008) (P)
Os Filhos dos Dias (2012) (P)
R.I.P. EDUARDO GALEANO (1940 – 2015) [ASSISTA 15 VÍDEOS E BAIXE 15 EBOOKS]
“A razão quando vive solitária gera monstros. Sou um senti-pensante, alguém que intenta atar a emoção e a razão. Conto histórias críticas mas celebrantes. (…) O que mais me fascina na condição humana é sua diversidade. (…) Tudo o que escrevo é na tentativa de recuperação das cores do arco-íris terrestre. Eu creio que o arco-íris terrestre tem muito mais fulgores e cores que o arco-íris celeste. Mas estamos cegos e não o vemos.”* * * * *“O poeta Antônio Machado, em um verso inolvidável, disse: ‘agora qualquer néscio confunde valor e preço’. E este é um sistema em que todos nós temos um preço, e a partir dele se define nosso valor. Ou seja: é um sistema que mente, pois o valor não se mede pelo preço. As coisas mais valiosas podem ser gratuitas.”* * * * *“A fome não é só fome de pão. Há também muita fome de abraço. Este é um mundo esfomeado de pão e abraço. E não seremos humanos, nem deveras democráticos, se não formos capazes de criar um mundo em que não haja fome nem de pão, nem de abraço.”EDUARDO GALEANO
SELEÇÃO DE VÍDEOS
SANGUE LATINO (25 min)
O DIREITO AO DELÍRIO (18 min)
IDENTIDAD Y LUGAR (37 min)
A ORDEM CRIMINOSA DO MUNDO
ES TIEMPO DE VIVIR SIN MIEDO
LA VIDA SEGÚN GALEANO (Episódios 1 a 4)
LA VIDA SEGÚN GALEANO (Episódios 5 a 8)
LA VIDA SEGÚN GALEANO (Episódios 9 a 12)
LA VIDA SEGÚN GALEANO (Episódios 13)
LOS DÍAS DE GALEANO (Capítulos 1 a 5)
LOS DÍAS DE GALEANO (Capítulos 6 a 10)
VOCES
LOS HIJOS DE LOS DIAS (1h10min)
ENTREVISTA COM AURELIO ALONSO
LO PASADO PENSADO
NO VALE A PENA VIVIR PARA GANAR
* * * *
EBOOKS:
- “Las Venas Abiertas de America Latina”
- “The Open Veins of Latin America”
- “As Veias Abertas da América Latina”
- “Upside Down: A Primer for the Looking-Glass World”
- “Bocas del Tiempo”
- “Días y noches de amor y de guerra“
- “El libro de los abrazos”
- “Las palabras andantes”
- “Memoria del fuego I – Los nacimientos “
- “Memoria del fuego II- Las caras y las máscaras”
- “Patas arriba, la escuela del mundo al revés”
- “Espejos, una historia casi universal”
- “Extraño “dictador” este Hugo Chávez”P.S. – Muitos dos ebooks foram compartilhados de teleSur. “Este contenido ha sido publicado originalmente por teleSUR bajo la siguiente dirección: http://www.telesurtv.net/news/10-Libros-para-descargar-de-Eduardo-Galeano-20150413-0018.html. Si piensa hacer uso del mismo, por favor, cite la fuente y coloque un enlace hacia la nota original de donde usted ha tomado este contenido.http://www.teleSURtv.net
Frases de Eduardo Galeano
O corpo não é uma máquina como nos diz a ciência. Nem uma culpa como nos fez crer a religião. O corpo é uma festa.
Eduardo Galeano
O corpo não é uma máquina como nos diz a...
Somos o que fazemos, mas somos, principalmente, o que fazemos para mudar o que somos.
Eduardo Galeano
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Somos o que fazemos, mas somos, principalmente, o...
A utopia está lá no horizonte. Me aproximo dois passos, ela se afasta dois passos. Caminho dez passos e o horizonte corre dez passos. Por mais que eu caminhe, jamais alcançarei. Para que serve a utopia? Serve para isso: para que eu não deixe de caminhar.
Eduardo Galeano
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A utopia está lá no horizonte. Me aproximo dois...
Os habitantes dos bairros suburbanos vão ao center, ao shopping center, como antes iam até o centro. O tradicional passeio do fim-de-semana até o centro da cidade tende a ser substituído pela excursão até esses centros urbanos. De banho tomado, arrumados e penteados, vestidos com suas melhores galas, os visitantes vêm para uma festa à qual não foram convidados, mas podem olhar tudo.
Eduardo Galeano
Inserida por lucassoleite
Os habitantes dos bairros suburbanos vão ao...
Na luta do bem contra o mal, é sempre o povo que morre
Eduardo Galeano
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Na luta do bem contra o mal, é sempre o povo que...
Não consigo dormir.
Tenho uma mulher atravessada entre minhas pálpebras.
Se pudesse, diria a ela que fosse embora;
mas tenho uma mulher atravessada na garganta.
Eduardo Galeano
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Não consigo dormir. Tenho uma mulher atravessada...
Na parede de um botequim de Madri, um cartaz avisa: Proibido cantar. Na parede do aeroporto do Rio de Janeiro, um aviso informa: É proibido brincar com os carrinhos porta-bagagem. Ou seja: Ainda existe gente que canta, ainda existe gente que brinca.
Eduardo Galeano
43
Na parede de um botequim de Madri, um cartaz...
Há aqueles que crêem que o destino descansa nos joelhos dos deuses, mas a verdade é que trabalha, como um desafio candente, sobre as consciências dos homens.
Eduardo Galeano
6
Há aqueles que crêem que o destino descansa nos...
Quando as palavras não são tão dignas quanto o silêncio, é melhor calar e esperar.
Eduardo Galeano
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Quando as palavras não são tão dignas quanto o...
"Assovia o vento dentro de mim.
Estou despido. Dono de nada, dono de ninguém, nem mesmo dono de minhas certezas, sou minha cara contra o vento, a contravento, e sou o vento que bate em minha cara."
Eduardo Galeano
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"Assovia o vento dentro de mim. Estou...
"A memória guardará o que valer a pena. A memória sabe de mim mais que eu; e ela não perde o que merece ser salvo."
Eduardo Galeano
53
"A memória guardará o que valer a pena. A...
De nuestros miedos
nacen nuestros corajes
y en nuestras dudas
viven nuestras certezas.
Los sueños anuncian
otra realidad posible
y los delirios otra razón.
En los extravios
nos esperan hallazgos,
porque es preciso perderse
para volver a encontrarse.
Eduardo Galeano
38
De nuestros miedos nacen nuestros corajes y en...
“As pulgas sonham em comprar um cão, e os ninguéns com deixar a pobreza, que em algum dia mágico de sorte chova a boa sorte a cântaros; mas a boa sorte não chova ontem, nem hoje, nem amanhã, nem nunca, nem uma chuvinha cai do céu da boa sorte, por mais que os ninguéns a chamem e mesmo que a mão esquerda coce, ou se levantem com o pé direito, ou comecem o ano mudando de vassoura.
Os ninguéns: os filhos de ninguém, os dono de nada.
Os ninguéns: os nenhuns, correndo soltos, morrendo a vida, fodidos e mal pagos:
Que não são embora sejam.
Que não falam idiomas, falam dialetos.
Que não praticam religiões, praticam superstições.
Que não fazem arte, fazem artesanato.
Que não são seres humanos, são recursos humanos.
Que não tem cultura, têm folclore.
Que não têm cara, têm braços.
Que não têm nome, têm número.
Que não aparecem na história universal, aparecem nas páginas policiais da imprensa local.
Os ninguéns, que custam menos do que a bala que os mata.”
Eduardo Galeano
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“As pulgas sonham em comprar um cão, e os...
Minhas certezas se alimentam de dúvidas.
E há dias em que me sinto estrangeiro em Montevidéu como seria em qualquer lugar do mundo. E, nestes dias, dias sem sol, noites sem lua, nenhum lugar é meu lugar…
…e não consigo me reconhecer em nada nem em ninguém.
Eduardo Galeano
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Minhas certezas se alimentam de dúvidas. E há...
O mundo
Um homem da aldeia de Negu? no litoral da Colômbia, conseguiu subir aos céus. Quando voltou, contou. Disse que tinha contemplado, lá do alto, a vida
humana. E disse que somos um mar de fogueirinhas.
— O mundo é isso — revelou — Um montão de gente, um mar de
fogueirinhas.
Cada pessoa brilha com luz própria entre todas as outras. Não existem duas fogueiras iguais. Existem fogueiras grandes e fogueiras pequenas e fogueiras
de todas as cores. Existe gente de fogo sereno, que nem percebe o vento, e gente de fogo louco, que enche o ar de chispas. Alguns fogos, fogos bobos, não alumiam nem
queimam; mas outros incendeiam a vida com tamanha vontade que é impossível olhar para eles sem pestanejar, e quem chegar perto pega fogo.
Eduardo Galeano
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O mundo Um homem da aldeia de Negu? no...
...De Cuba em diante, outros países também iniciaram por distintas vias e distintos meios a experiência de mudança: a perpetuação da atual ordem de coisas é a perpetuação do crime.
Os fantasmas de todas as revoluções estranguladas ou traídas, ao longo da torturada história latino-americana, ressurgem nas novas experiências, assim como os tempos presentes tinham sido pressentidos e engendrados pelas contradições do passado. A história é um profeta com o olhar voltado para trás: pelo que foi, e contra o que foi, anuncia o que será...
Eduardo Galeano
2
...De Cuba em diante, outros países também...
Não importa de onde vim, mais sim aonde quero chegar
Eduardo Galeano
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Não importa de onde vim, mais sim aonde quero...
A Igreja diz: o corpo é uma culpa. A Ciência diz: o corpo é uma máquina. A publicidade diz: o corpo é um negócio. E o corpo diz: eu sou uma festa.
Eduardo Galeano
14
A Igreja diz: o corpo é uma culpa. A Ciência...
Somos porque ganhamos. Se perdemos, deixamos de ser.
Eduardo Galeano
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Somos porque ganhamos. Se perdemos, deixamos de...
A primeira condição para modificar a realidade consiste em conhece-la.
Eduardo Galeano
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A primeira condição para modificar a realidade...
El derecho al delirio
Ya está naciendo el nuevo milenio. No da para tomarse el asunto demasiado en serio: al fin y al cabo, el año 2001 de los cristianos es el año 1379 de los musulmanes, el 5114 de los mayas y el 5762 de los judíos. El nuevo milenio nace un primero de enero por obra y gracia de un capricho de los senadores del imperio romano, que un buen día decidieron romper la tradición que mandaba celebrar el año nuevo en el comienzo de la primavera. Y la cuenta de los años de la era cristiana proviene de otro capricho: un buen día, el papa de Roma decidió poner fecha al nacimiento de Jesús, aunque nadie sabe cuando nació.
El tiempo se burla de los límites que le inventamos para creernos el cuento de que él nos obedece; pero el mundo entero celebra y teme esta frontera.
Una invitación al vuelo
Milenio va, milenio viene, la ocasión es propicia para que los oradores de inflamada verba peroren sobre el destino de la humanidad, y para que los voceros de la ira de Dios anuncien el fin del mundo y la reventazón general, mientras el tiempo continúa, calladito la boca, su caminata a lo largo de la eternidad y del misterio.
La verdad sea dicha, no hay quien resista: en una fecha así, por arbitraria que sea, cualquiera siente la tentación de preguntarse cómo será el tiempo que será. Y vaya uno a saber cómo será. Tenemos una única certeza: en el siglo veintiuno, si todavía estamos aquí, todos nosotros seremos gente del siglo pasado y, peor todavía, seremos gente del pasado milenio.
Aunque no podemos adivinar el tiempo que será, sí que tenemos, al menos, el derecho de imaginar el que queremos que sea. En 1948 y en 1976, las Naciones Unidas proclamaron extensas listas de derechos humanos; pero la inmensa mayoría de la humanidad no tiene más que el derecho de ver, oír y callar. ¿Qué tal si empezamos a ejercer el jamás proclamado derecho de soñar? ¿Qué tal si deliramos, por un ratito? Vamos a clavar los ojos más allá de la infamia, para adivinar otro mundo posible:
el aire estará limpio de todo veneno que no venga de los miedos humanos y de las humanas pasiones;
en las calles, los automóviles serán aplastados por los perros;
la gente no será manejada por el automóvil, ni será programada por la computadora, ni será comprada por el supermercado, ni será mirada por el televisor;
el televisor dejará de ser el miembro más importante de la familia, y será tratado como la plancha o el lavarropas;
la gente trabajará para vivir, en lugar de vivir para trabajar;
se incorporará a los códigos penales el delito de estupidez, que cometen quienes viven por tener o por ganar, en vez de vivir por vivir nomás, como canta el pájaro sin saber que canta y como juega el niño sin saber que juega;
en ningún país irán presos los muchachos que se nieguen a cumplir el servicio militar, sino los que quieran cumplirlo;
los economistas no llamarán nivel de vida al nivel de consumo, ni llamarán calidad de vida a la cantidad de cosas;
los cocineros no creerán que a las langostas les encanta que las hiervan vivas;
los historiadores no creerán que a los países les encanta ser invadidos;
los políticos no creerán que a los pobres les encanta comer promesas;
la solemnidad se dejará de creer que es una virtud, y nadie tomará en serio a nadie que no sea capaz de tomarse el pelo;
la muerte y el dinero perderán sus mágicos poderes, y ni por defunción ni por fortuna se convertirá el canalla en virtuoso caballero;
nadie será considerado héroe ni tonto por hacer lo que cree justo en lugar de hacer lo que más le conviene;
el mundo ya no estará en guerra contra los pobres, sino contra la pobreza, y la industria militar no tendrá más remedio que declararse en quiebra;
la comida no será una mercancía, ni la comunicación un negocio, porque la comida y la comunicación son derechos humanos;
nadie morirá de hambre, porque nadie morirá de indigestión;
los niños de la calle no serán tratados como si fueran basura, porque no habrá niños de la calle;
los niños ricos no serán tratados como si fueran dinero, porque no habrá niños ricos;
la educación no será el privilegio de quienes puedan pagarla;
la policía no será la maldición de quienes no puedan comprarla;
la justicia y la libertad, hermanas siamesas condenadas a vivir separadas, volverán a juntarse, bien pegaditas, espalda contra espalda;
una mujer, negra, será presidenta de Brasil y otra mujer, negra, será presidenta de los Estados Unidos de América; una mujer india gobernará Guatemala y otra, Perú;
en Argentina, las locas de Plaza de Mayo serán un ejemplo de salud mental, porque ellas se negaron a olvidar en los tiempos de la amnesia obligatoria;
la Santa Madre Iglesia corregirá las erratas de las tablas de Moisés, y el sexto mandamiento ordenará festejar el cuerpo;
la Iglesia también dictará otro mandamiento, que se le había olvidado a Dios: «Amarás a la naturaleza, de la que formas parte»;
serán reforestados los desiertos del mundo y los desiertos del alma;
los desesperados serán esperados y los perdidos serán encontrados, porque ellos son los que se desesperaron de tanto esperar y los que se perdieron de tanto buscar;
seremos compatriotas y contemporáneos de todos los que tengan voluntad de justicia y voluntad de belleza, hayan nacido donde hayan nacido y hayan vivido cuando hayan vivido, sin que importen ni un poquito las fronteras del mapa o del tiempo;
la perfección seguirá siendo el aburrido privilegio de los dioses; pero en este mundo chambón y jodido, cada noche será vivida como si fuera la última y cada día como si fuera el primero.
Eduardo Galeano
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El derecho al delirio Ya está naciendo el nuevo...
Nossa derrota esteve sempre implícita na vitória dos outros. Nossa riqueza sempre gerou nossa pobreza por nutrir a prosperidade alheia: os impérios e seus beleguins nativos.
Eduardo Galeano
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Nossa derrota esteve sempre implícita na vitória...
Na alquimia colonial e neocolonial o ouro se transfigura em sucata, os alimentos em veneno.
Eduardo Galeano
4
Na alquimia colonial e neocolonial o ouro se...
Em certo sentido, a direita tem razão quando se identifica com a tranquilidade e com a ordem. A ordem é a diuturna humilhação das maiorias, mas sempre é uma ordem - a tranquilidade de que a injustiça siga sendo injusta e a fome faminta.
Eduardo Galeano
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Em certo sentido, a direita tem razão quando se...
A história é um profeta com o olhar voltado para trás: pelo que foi, e contra o que foi, anuncia o que será.
Eduardo Galeano
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Música dos Engenheiros do Hawaii de 1987, que cita "As veias abertas da América menina", em alusão ao principal livro escrito pelo Eduardo Galeano.
Quem tem pressa, não se interessa
Humberto Gessinger
Quando você me olha com seu olhar tranqüilo Sempre diz que falta algo ou isto ou aquilo você não entende e se surpreende seu olhar já não está tranqüilo mas quem tem pressa não se interessa por questões de estilo (questões de estilo) as vozes oficiais dizem: "quem sabe..." dizem:"talvez..." enquanto os vídeos e as revistas mostram imagens sem nitidez você se espanta: "há tanta coisa nos jornais!" mas quem tem pressa não se interessa em andar rápido demais (rápido demais) eles têm razão mas a razão é só que eles têm a lâmina ilumina a mão a lâmpada cria a escuridão há muita grana atrás de uma canção ninguém se engana com uma canção o tempo todo que nos gera também gera generais o tempo nunca espera que cheguem os comerciais (os comerciais) nas veias abertas da américa, menina um mar vermelho de sangue leva navios piratas, negociatas, concordatas, candidatos democratas, sucos e sucatas ternos e gravatas secando cataratas e lavando as mãos dando a impressão de que na areia movediça nada se desperdiça
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Especial: É tudo um assunto só!
Criei uma comunidade no Google Plus: É tudo um assunto só
http://plus.google.com/u/0/communities/113366052708941119914
Outro dia discutindo sobre as manifestações do dia 15, sobre crise do governo e a corrupção da Petrobrás eu perguntei a ele se tinha acompanhado a CPI da Dívida Pública. Então ele me respondeu: Eu lá estou falando de CPI?! Não me lembro de ter falado de CPI nenhuma! Estou falando da roubalheira... A minha intenção era dizer que apesar de ter durado mais de 9 meses e de ter uma importância ímpar nas finanças do país, a nossa grande mídia pouco citou que houve a CPI e a maioria da população ficou sem saber dela e do assunto... Portanto não quis fugir do assunto... é o mesmo assunto: é a política, é a mídia, é a corrupção, são as eleições, é a Petrobras, a auditoria da dívida pública, democracia, a falta de educação, falta de politização, compra de votos, propina, reforma política, redemocratização da mídia, a Vale, o caso Equador, os Bancos, o mercado de notícias, o mensalão, o petrolão, o HSBC, a carga de impostos, a sonegação de impostos,a reforma tributária, a reforma agrária, os Assassinos Econômicos, os Blog sujos, o PIG, as Privatizações, a privataria, a Lava-Jato, a Satiagraha, o Banestado, o basômetro, o impostômetro, É tudo um assunto só!...
A dívida pública brasileira - Quem quer conversar sobre isso?
Escândalo da Petrobrás! Só tem ladrão! O valor de suas ações caíram 60%!! Onde está a verdade?
A revolução será digitalizada (Sobre o Panamá Papers)
O tempo passa... O tempo voa... E a memória do brasileiro continua uma m#rd*
As empresas da Lava-jato = Os Verdadeiros proprietários do Brasil = Os Verdadeiros proprietários da mídia.
Desastre na Barragem Bento Rodrigues <=> Privatização da Vale do Rio Doce <=> Exploração do Nióbio
Trechos do Livro "Confissões de um Assassino Econômico" de John Perkins
Meias verdades (Democratização da mídia)
MCC : Movimento Cidadão Comum - Cañotus - IAS: Instituto Aaron Swartz
Spotniks, o caso Equador e a história de Rafael Correa.
O caso grego: O fogo grego moderno que pode nos dar esperanças contra a ilegítima, odiosa, ilegal, inconstitucional e insustentável classe financeira.
Seminários:
Seminário Nacional - Não queremos nada radical: somente o que está na constituição.
Seminário "O petróleo, o Pré-Sal e a Petrobras" e Entrevista de Julian Assange.
Seminário de Pauta 2015 da CSB - É tudo um assunto só...
UniMérito - Assembleia Nacional Constituinte Popular e Ética - O Quarto Sistema do Mérito
Jogos de poder - Tutorial montado pelo Justificando, os ex-Advogados AtivistasMCC : Movimento Cidadão Comum - Cañotus - IAS: Instituto Aaron Swartz
TED / TEDx Talks - Minerando conhecimento humano
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O que tenho contra banqueiros?! Operações Compromissadas/Rentismo acima da produção
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Quem inventou o Brasil: Livro/Projeto de Franklin Martins (O ex-guerrilheiro ouve música)
Eugênio Aragão: Carta aberta a Rodrigo Janot (o caminho que o Ministério público vem trilhando)Luiz Flávio Gomes e sua "Cleptocracia"
Comentários políticos com Bob Fernandes.
Quem vamos invadir a seguir (2015) - Michel Moore
Ricardo Boechat - Talvez seja ele o 14 que eu estou procurando...
Melhores imagens do dia "Feliz sem Globo" (#felizsemglobo)
InterVozes - Coletivo Brasil de Comunicação Social
Sobre Propostas Legislativas:
Manifesto Projeto Brasil Nação
A PLS 204/2016, junto com a PEC 241-2016 vai nos transformar em Grécia e você aí preocupado com Cunha e Dilma?!
A PEC 55 (antiga PEC 241). Onde as máscaras caem.
Em conjunto CDH e CAE (Comissão de Direitos Humanos e Comissão de Assuntos Econômicos)
Sugestão inovadora, revolucionária, original e milagrosa para melhorar a trágica carga tributária brasileira.
Debates/Diálogos:
Debate sobre Banco Central e os rumos da economia brasileira...
Diálogo sobre como funciona a mídia Nacional - Histórias de Luiz Carlos Azenha e Roberto Requião.
Diálogo sobre Transparência X Obscuridade.
Plano Safra X Operações Compromissadas.
Eu acuso... Antes do que você pensa... Sem fazer alarde...talvez até já tenha acontecido...
Comissão Especial sobre o impeachment no Senado. Análise do Relatório de acusação(?) do Antônio Augusto Anastasia (AAA)
Pedaladas Fiscais - O que são? Onde elas vivem? Vão provocar o impeachment da Dilma?
Depoimento do Lula: "Nunca antes nesse país..." (O país da piada pronta)
(Relata "A Privataria Tucana", a Delação Premiada de Delcidio do Amaral e o depoimento coercitivo do Lula para a Polícia Federal)
Democratizando a mídia:
Entrevistas e mais entrevistas na TV 247
Entrevistas e depoimentos na TVT/DCM
Um ano do primeiro golpe de estado no Brasil no Terceiro Milênio.
Desastre em Mariana/MG - Diferenças na narrativa.
Quanto Vale a vida?!
Como o PT blindou o PSDB e se tornou alvo da PF e do MPF - É tudo um assunto só!
Ajuste Fiscal - Trabalhadores são chamados a pagar a conta mais uma vez
Resposta ao "Em defesa do PT"
Sobre o mensalão: Eu tenho uma dúvida!
Questões de opinião:
Eduardo Cunha - Como o Brasil chegou a esse ponto?
Sobre a Ditadura Militar e o Golpe de 64:
Dossiê Jango - Faz você lembrar de alguma coisa?
Comissão Nacional da Verdade - A história sendo escrita (pela primeira vez) por completo.
Luiz Carlos Prestes: Coluna, Olga, PCB, prisão, ALN, ilegalidade, guerra fria... Introdução ao Golpe de 64.
A WikiLeaks (no Brasil: A Publica) - Os EUA acompanhando a Ditadura Brasileira.
CPI da Previdência
CPI da PBH Ativos
Sobre o caso HSBC (SwissLeaks):
Acompanhando o Caso HSBC I - Saiu a listagem mais esperadas: Os Políticos que estão nos arquivos.
Acompanhando o Caso HSBC II - Com a palavra os primeiros jornalistas que puseram as mãos na listagem.
Acompanhando o Caso HSBC III - Explicações da COAF, Receita federal e Banco Central.
Acompanhando o Caso HSBC V - Defina: O que é um paraíso fiscal? Eles estão ligados a que países?
Acompanhando o Caso HSBC VI - Pausa para avisar aos bandidos: "Estamos atrás de vocês!"...
Acompanhando o Caso HSBC VII - Crime de evasão de divisa será a saída para a Punição e a repatriação dos recursos
Acompanhando o Caso HSBC VIII - Explicações do presidente do banco HSBC no Brasil
Acompanhando o Caso HSBC IX - A CPI sangra de morte e está agonizando...
Acompanhando o Caso HSBC X - Hervé Falciani desnuda "Modus-Operandis" da Lavagem de dinheiro da corrupção.
Sobre o caso Operação Zelotes (CARF):
Acompanhando a Operação Zelotes!
Acompanhando a Operação Zelotes II - Globo (RBS) e Dantas empacam as investigações! Entrevista com o procurador Frederico Paiva.
Acompanhando a Operação Zelotes IV (CPI do CARF) - Apresentação da Polícia Federal, Explicação do Presidente do CARF e a denuncia do Ministério Público.
Acompanhando a Operação Zelotes V (CPI do CARF) - Vamos inverter a lógica das investigações?
Acompanhando a Operação Zelotes VI (CPI do CARF) - Silêncio, erro da polícia e acusado inocente depõe na 5ª reunião da CPI do CARF.
Acompanhando a Operação Zelotes VII (CPI do CARF) - Vamos começar a comparar as reportagens das revistas com as investigações...
Acompanhando a Operação Zelotes VIII (CPI do CARF) - Tem futebol no CARF também!...
Acompanhando a Operação Zelotes IX (CPI do CARF): R$1,4 Trilhões + R$0,6 Trilhões = R$2,0Trilhões. Sabe do que eu estou falando?
Acompanhando a Operação Zelotes X (CPI do CARF): No meio do silêncio, dois tucanos batem bico...
Acompanhando a Operação Zelotes XII (CPI do CARF): Nem tudo é igual quando se pensa em como tudo deveria ser...
Acompanhando a Operação Zelotes XIII (CPI do CARF): APS fica calado. Meigan Sack fala um pouquinho. O Estadão está um passo a frente da comissão?
Acompanhando a Operação Zelotes XIV (CPI do CARF): Para de tumultuar, Estadão!
Acompanhando a Operação Zelotes XV (CPI do CARF): Juliano? Que Juliano que é esse? E esse Tio?
Acompanhando a Operação Zelotes XVI (CPI do CARF): Senhoras e senhores, Que comece o espetáculo!! ("Operação filhos de Odin")
Acompanhando a Operação Zelotes XVII (CPI do CARF): Trechos interessantes dos documentos sigilosos e vazados.
Acompanhando a Operação Zelotes XVIII (CPI do CARF): Esboço do relatório final - Ainda terão mais sugestões...
Acompanhando a Operação Zelotes XIX (CPI do CARF II): Melancólico fim da CPI do CARF. Início da CPI do CARF II
Acompanhando a Operação Zelotes XX (CPI do CARF II):Vamos poupar nossos empregos
Sobre CBF/Globo/Corrupção no futebol/Acompanhando a CPI do Futebol:
KKK Lembra daquele desenho da motinha?! Kajuru, Kfouri, Kalil:
Eu te disse! Eu te disse! Mas eu te disse! Eu te disse! K K K
A prisão do Marin: FBI, DARF, GLOBO, CBF, PIG, MPF, PF... império Global da CBF... A sonegação do PIG... É Tudo um assunto só!!
Revolução no futebol brasileiro? O Fim da era Ricardo Teixeira.
Onde está a falsidade?? O caso Vladimir Herzog === Romário X Marin === Verdade X Caixa Preta da Ditadura
Videos com e sobre José Maria Marin - Caso José Maria MarinX Romário X Juca Kfouri (conta anonima do Justic Just )
Do apagão do futebol ao apagão da política: o Sistema é o mesmo
Acompanhando a CPI do Futebol - Será lúdico... mas espero que seja sério...
Acompanhando a CPI do Futebol II - As investigações anteriores valerão!
Acompanhando a CPI do Futebol III - Está escancarado: É tudo um assunto só!
Acompanhando a CPI do Futebol IV - Proposta do nobre senador: Que tal ficarmos só no futebol e esquecermos esse negócio de lavagem de dinheiro?!
Acompanhando a CPI do Futebol VII - Uma questão de opinião: Ligas ou federações?!
Acompanhando a CPI do Futebol VIII - Eurico Miranda declara: "A modernização e a profissionalização é algo terrível"!
Acompanhando a CPI do Futebol IX - Os presidentes de federações fazem sua defesa em meio ao nascimento da Liga...
Acompanhando a CPI do Futebol X - A primeira Liga começa hoje... um natimorto...
Acompanhando a CPI do Futebol XI - Os Panamá Papers - Os dribles do Romário - CPI II na Câmara. Vai que dá Zebra...
Acompanhando a CPI do Futebol XII - Uma visão liberal sobre a CBF!
Acompanhando a CPI do Futebol XIII - O J. Awilla está doido! (Santa inocência!)
Acompanhando a CPI do Futebol XIV - Mais sobre nosso legislativo do que nosso futebol
Acompanhando o Governo Michel Temer
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