As culpas que o presidente tem.
Os méritos que o presidente não tem.
Ninguém tem culpa por aquilo que não fez, somente por aquilo que fez.
Para ter culpa você tem que ter feito errado.
Pode ser que essa pessoa tenha a responsabilidade de fazer algo e não faz.
Mas aí já não é culpa. É falta de mérito.
Quando alguém tem a responsabilidade de fazer e faz, nós elogiamos: Bom trabalho!
E reconhecemos o mérito.
O mérito a pessoa tem quando faz bem feito aquilo que ele tem a responsabilidade de fazer.
Não é culpa do nosso presidente essa pandemia de vírus causando gripe que mata pessoas afogadas, enchendo o seu pulmão de água e a pessoa morre sem conseguir respirar, igual a um peixinho fora do aquário, e sua única possibilidade de sobreviver seria um respirador artificial em um CTI de hospital, público ou privado, nessas horas qualquer um serve.
Aconteceria a pandemia mesmo se nós, a população brasileira, tivéssemos escolhido outro nome qualquer.
Por que hoje nós temos que ficar confinados em casa em uma quarentena por causa desse vírus?
Por que não temos respiradores artificiais em CTI de hospitais suficiente para atender nossa sociedade se a expansão do contágio se der na mesma velocidade que se deu na China, Itália, Espanha, está se dando no Estados Unidos e aqui.
Nesse ponto também não é culpa do nosso presidente não termos respiradores artificiais e vagas de CTI para todo mundo.
Nós brasileiros não produzimos nem a máscara de pano para prevenirmos de pegar a doença(que é de simples complexidade de produção), quanto mais o respirador artificial para nos tratarmos depois que somos contagiados(que a complexidade de produção é infinitamente maior).
Temos que importar os dois do exterior. Não é culpa do povo brasileiro. Pode ser falta de mérito.
É de responsabilidade nossa, da sociedade como um todo, produzir, dar condições de sobrevivência de nós mesmos. Se não fazemos o trabalho que é nossa responsabilidade não é nossa culpa(ninguém tem culpa pelo que não fez) é falta de mérito.
E já estávamos assim antes dessa pandemia chegar. Temos que lembrar que a uns anos atrás quando o exército brasileiro abriu uma licitação para que seja produzido uniformes para as força armadas(uniformes: pano costurado, mesma complexidade de produção de uma máscara de proteção) quem ganhou a licitação foram o chineses. Isso antes mesmo de Bolsonaro e Temer.
Nossa sociedade brasileira é muito contraditória.
Temos de um lado muito trabalho a ser feito:
Uniforme do exército e máscaras de pano para produzir, respiradores artificiais para fabricar(já carros movido a petróleo que polui o ar não precisamos produzir mais tantos não, nem tem mais quem os comprem), casas e esgoto para construir(o déficit habitacional quase chega a casa de dezena de milhões e 50% das casas existentes não tem saneamento básico),
alimento para produzir para uma parcela da população que ainda tem fome(Já começamos a realizar esse trabalho nas últimas décadas, mas ainda temos que termina-lo), cuidar do doente contaminados por vírus que se espalha pelo ar, ou por bactérias que se espalham pelo esgoto ao céu aberto enquanto não terminamos o trabalho de produção das máscaras e da construção do saneamento básico.
E Temos de outro lado muito trabalhador ocioso sem ter o que fazer:
Pela primeira vez nas últimas décadas de história o número de trabalhadores desempregados somado aos trabalhadores informais(sem a proteção da CLT: consolidação da leis trabalhistas) supera o número de trabalhadores com carteira assinada.
Essa nova realidade tem que ser entendida ainda pela sociedade: Nós trabalhadores protegidos pela carteira assinada somos hoje minoria na sociedade.
E muitos desses trabalhadores informais são engenheiros, arquitetos que resolveram usar o seu carro para ganhar dinheiro no UBER ao invés de construir casas e esgoto.
(ser minoria explica muito o fato das leis trabalhistas e da rede de proteção ao trabalho estar sendo esquartejada nos últimos 4 anos e nenhuma vitrine de banco ter sido quebrado por causa disso até agora)
Essa realidade também não é culpa do nosso presidente. Ele já recebeu o Brasil assim.
Na nossa atual sociedade capitalista, por definição, quem tem a responsabilidade de distribuir o trabalho que tem que ser feito aos trabalhadores ociosos é o capital. A iniciativa privada e não estatal.
Quem não tem o mérito de fazer o trabalho bem feito que é de sua responsabilidade são os donos do capital, pelo menos na sociedade capitalista que estamos inserida nela hoje. Boa parte desses donos de capital não estão querendo transformar o seu capital em produção, preferem casar capital com capital para que eles se reproduzam sozinhos, que é o que chamamos de capital especulativo, ou capital rentista.
É meio estranho e pouco perceptivo dizer isso, mas a décadas existe uma filosofia, um viés ideológico(para usar o termo da moda) que diz que existe(ou existiria) mãos-mágicas-do-mercado-livre que guiaria esses donos do capital, seguindo as necessidades sociais, que iria distribuir a mão-de-obra para as obras a serem feitas.
Existem muitas e muitas pessoas que acreditam piamente nisso. Como se fosse uma religião. As mãos mágicas do mercado livre é como se fosse um Deus, os donos do capital seriam os bispos(deve existir algum papa entre eles), as escolas do Mises e outras afins seriam as igrejas, Alexandre Cardoso seria o Padre Marcelo Rossi e os Youtubers liberais seriam o Edir Macedo e outros pregadores em massa.
Porém a nossa realidade atual é que existem trabalhadores ociosos, muito trabalho a ser feito e uma sociedade capitalista acreditando em mãos mágicas que vai juntar uma coisa na outra.
A filosofia existente e viés ideológico tem se mostrado altamente falho.
Na nossa atual sociedade capitalista o papel do estado bem secundário nesse processo, ajuda, mas só ajuda. É regulamentador, fiscalizador e no máximo, indutor, inspirador, líder do processo produtivo.
Se o nosso presidente não tem o mérito nem de fazer nada disso, nem esse papel secundário, esse desmérito não é exclusividade dele. Também tem essa falta de mérito os seus últimos antecessores, apesar de ter sido esse atual o de mais fácil percepção de que ele não teria esse mérito(e nenhum outro mérito).
Culpa ele tem somente das coisas que fez errada. Quais as culpas que ele tem?
Como ele tem feito muito pouco na sua existência ele tem poucas culpas.
Quando jovem ele querendo aumento de salário para a sua classe resolveu que uma boa forma de protestar seria instalando bombas nos banheiros do Rio de Janeiro.
Disso ele é culpado. Inclusive já pagou penitência por essa culpa: foi por isso que foi expulso do exército. Seria expulso com desonra se não fosse um acordo com os generais e alguém com pena dizendo: ele é jovem, não vamos estragar a vida do rapaz.
Nesse período em que fazia parte do exército ele ouvia histórias do IBAD, um instituto que existia na época, bancado por capital estrangeiro, que tinha como missão dada na época da guerra fria, pregar aos habitantes daqui que é melhor imaginar que as mãos-mágicas-do-mercado-livre é melhor que um estado forte que teria mais responsabilidades do que o atual papel secundário que exerce hoje na nossa atual sociedade capitalista.
Para fazer essa pregação o IBAD inclusive contava muitas mentiras inventadas por eles mesmo. O Bolsonaro acredita em FakeNews desde a década de 60.
Ele também tem culpa de muitas declarações atabalhoadas, tão violentas como tentar colocar bomba no banheiro. Exemplo: Deveríamos ter matado uns 30.000, incluindo aí o presidente(na época Fernando Henrique Cardoso), independente se vai morrer alguns inocentes no processo.
Para nosso presidente a Covid19 está atrasada, deveria ter acontecido bem antes.
E ele pode ter culpa, ainda não confirmada, se ele realmente contratou assessores parlamentares não para trabalhar e sim para fazer rachadinha, se ele realmente superfaturou notas de gastos de combustível, se ele realmente envolveu-se com milícias ilegais que matam pessoas que ousam investigar o que eles fazem de errado.
Essas são as culpas que ele tem.
É impressionante como alguém com essas culpas e nenhum mérito chegou a um cargo tão importante(apesar de ser secundário comparado à responsabilidade dos donos do capital na nossa sociedade capitalista) que precisaria para exercer a responsabilidade do seu papel nenhuma culpa e muitos méritos.
O ideal seria nenhuma culpa e muitos méritos, mas se me derem duas opções para escolher que não encaixem nesse perfil eu prefiro escolher o de mais mérito do que aquele com menos culpa.
Aí é opção pessoal minha.
Alguém com tantas culpas e nenhum mérito chegar ao cargo de presidente é culpa do povo brasileiro. Aí encaixa a culpa, pois houve a ação errada.
É claro que existe o crime culposo e o crime doloso, que é crime da mesma forma, porém um tem a intensão de cometer o crime e outro não houve a intensão, mas fez errado e cometeu o crime, mesmo sem intensão, tem que pagar.
Portanto é culpa da sociedade brasileira (alguns de forma culposa, alguns de forma dolosa) não ter um presidente que consiga, por falta de mérito, realizar o papel de organizar as universidades públicas para fazer parcerias com a iniciativa privada e conseguir produzir máscaras de pano para prevenção de doenças transmitida por vírus(que tem a mesma complexidade produtiva que a produção de uniformes para o exército), utilizar conhecimento de química para produzir a química fina de remédios que tratem as pessoas já infectadas, induzir o crescimento no meio da iniciativa privada de um complexo industrial de saúde que possa produzir vários equipamentos diferentes, incluindo respiradores artificiais(que tem a mesma complexidade produtiva de um carro de última geração)
E é assim: se tem culpa pague por ela. Se tentou por bomba no banheiro: seja expulso do exército. Se escolheu mal o presidente que liderará a nação: leve quatro anos de uma administração dos bens públicos ruinosas.
Alguns podem achar que esse seja o maior dos erros da sociedade brasileira, mas não foi o primeiro. Atrevo a dizer que não acertamos nenhuma vez desde nos foi devolvido a responsabilidade dessa escolha em 1989.
Escolhemos Collor. Nós a sociedade brasileira não tivemos o mérito de perceber que aquela embalagem de caçador de marajás era só uma embalagem que por dentro tinha a filosofia, o viés ideológico, de que as mãos-mágicas-do-mercado-livre vai realocar as forças produtivas ociosas que existe em grande quantidade e de boa qualidade no Brasil para os serviços a serem feitos que existem e já estão bastante atrasado seu início ou conclusão.
A melhor escolha da época teve apenas 16,5% dos votos da população brasileira.
O Collor abriu o mercado brasileiro para as mãos estrangeiras e iniciou o processo de deixar o poder do público cada vez mais secundário no processo, na época era chamado de desestatização, hoje conhecido como privatização.
O Collor não conseguiu terminar seu mandato, tivemos um período de refresco com o Itamar Franco, que teve o mérito de reunir uma equipe que produziu o plano real. Nos deu um período de folego, esse plano teve méritos e culpas, mas o maior problema é ter sido executado só o seu início, quando precisou ser posta em prática a parte do plano que transformaria o capital especulativo para capital produtivo, o povo brasileiro teve a culpa de colocar na presidência alguém que escreveu o livro "Dependência e desenvolvimento na América Latina" que prega que para realocar o trabalhador ocioso para o trabalho a ser executado nós da América Latina dependemos do capital da América do Norte.
E antes mesmo de ser candidato esse Fernando Henrique Cardoso foi aos Estados Unidos conversar com os "Donos do Capital", esses mesmo que inventavam FakeNews e as divulgava no IBAD na década de 60, de que entregaria para as mãos-mágicas-do-mercado-livre as companhias de energia, as mineradoras e principalmente, o principal desejo das mãos-mágicas-do-mercado-livre: a Petrobrás.
O povo brasileiro de novo não teve o mérito de ver o conteúdo ao invés de ser seduzido pela capa.
O Fernando Henrique Cardoso, fez parte do que prometeu nos Estados Unidos seu mais importante feito foi entregar a Vale do Rio doce para ser comandada não pelo interesse público e sim com o interesse de enriquecer os seus donos.
A maior consequência desse seu maior feito nós já conhecemos em dois desastres consecutivos em cidades mineiras e no futuro pode acontecer em cidades paraenses.
A maior promessa não cumprida por ele foi a Petrobras, que ele chegou a mudar o nome para Petrobrax, chegou a indicar a pessoa que faria o serviço, mas o povo brasileiro, com o seu voto interrompeu esse processo com um certo mérito nas eleições de 2002.
Teve um certo mérito, escolheu melhor que antes, mas a melhor escolha teve apenas 12% dos votos. Nesse momento eu também não fiz a melhor escolha. Dava para ver antes de escolher.
A cartinha ao(banqueiros) brasileiros foi escrito antes, e se a população brasileira fosse um pouco mais esperta faria a escolha certa.
O Lula teve bem mais méritos que o Fernando Henrique, colocou o mineiro Patrus para administrar a intensão de "Fome Zero", indexou a aposentadoria dos brasileiros ao salário mínimo e aumentou esse selário mínimo ao valor possível que os seus desméritos permitiam.
Os seus deméritos foi deixar as mãos-mágicas-do-mercado-livre tomar conta das finanças do país enquanto ele brincava de casinha com o minha casa minha vida.
O então presidente do Bank of Boston, recém-eleito deputado federal por Goiais, Henrique Meireles ficou por 8 anos mantendo as rédeas financeiras controladas para que mesma política de papel secundário do público, papel principal das mãos-mágicas-do-mercado-livre continuassem intactas.
Teve mérito por exemplo de ao não entregar a Petrobrás para o estrangeiro enxergar que era melhor ter um complexo nacional para a industria naval do que contratar frete naval do estrangeiro. Chegou um momento em que a industria naval empregava mais do que a industria automobilística.
Teve o desmérito de não fazer essa prática feita para a industria naval como um modelo para todas as áreas das necessidades brasileira.
Essa melhor escolha do povo brasileiro até durou mais tempo que as mãos-mágicas-do-mercado-livre previa, deu trabalho para trocar, mas trocaram. Deu muito trabalho. A quantidade de mentiras que são contadas ao povo brasileiro desde o IBAD, subiu exponencialmente, igual a contaminação por corona vírus.
Ainda hoje existem pessoas que comemoram o primeiro de abril como uma vitória do povo brasileiro em 1964, fruto das mentiras do IBAD. É desmérito dessas pessoas não conseguirem quebrar a casca da informação mentirosa e ver o conteúdo fantasioso. O presidente incluído.
O povo brasileiro carrega a culpa de um crime culposo de ter feito a pior escolha da história desde 1989. E carrega a falta de mérito de não conseguir até hoje quebrar a casca e perceber o conteúdo.
Crime doloso carrega a culpa as mãos-mágicas-do-mercado-livre que induziu o povo a cometer esse crime culposo. E carregam também a falta de mérito de não conseguir realizar o seu trabalho: realocar a mão-de-obra ociosa e de qualidade para as obras a serem realizadas.
Mas aí não sei se é falta de mérito. Eles tem o mérito de conseguir não fazer isso e convencer a sociedade capitalista de que o papel principal dos donos do capital é do poder publico. Não transforma o seu capital especulativo em produtivo e falam que a culpa é da falta de mérito do presidente. E o povo acredita.
A solução são duas, e qualquer uma das duas tem como premissa largar o viés ideológico, a crença quase religiosa de que as Mãos-Mágicas-do-Mercado-Livre vai conseguir realocar a mão de obra ociosa nas necessidades existentes.
Uma mais ideal, disruptiva e sonhadora. Está no final do Zeitgeist III e nas pregações quase religiosas do concorrente do IBAD, o IELA que tenta sem capital e sem sucesso desmentir as mentiras espalhadas pela sociedade capitalista pelos donos do capital.
Seria tirar o papel principal dos donos do capital, a mãos-mágicas-do-mercado-livre, que não tem feito o papel que a pregação do Mises diz que faria, e colocar no lugar uma revolução brasileira. É uma solução sonhadora, pois o povo não consegue nem ignorar a embalagem e perceber o conteúdo, quanto mais fazer decisões e projetos complexos de realocações de recursos financeiros, humanos, temporal e material para produção de máscaras e respiradores artificiais.
Outra menos ideal e mais factível, que é parar de acreditar em mãos mágicas, não querer brigar com a realidade do poder principal hoje estabelecido, fazer tão bem feito o papel secundário do estado, que deveria só ajudar, mas se ele for bem feito e somar com o trabalho mal coordenado da iniciativa privada, vai por mérito, deixando o seu papel secundário e pouco a pouco tomando o papel primordial.
Qual o papel que o estado deveria fazer bem feito?
Coordenar uma interação saudável entre a iniciativa privada, com um projeto de desenvolvimento da nação. Um projeto é do início ao fim definir quem faz o que, financiado por quem, quais as metas anuais, tri-anuais, da década e qual o desejável daqui a 20 anos. Definir prêmios e punições. Prêmios para o trabalho bem feito, quem tiver mérito em realizar o trabalho de sua responsabilidade, e punições proporcionais para a falta de méritos e para as culpas.
Quando for necessário passar por problemas complexos, que seja a ciência, representado por aqueles que participam das academias/faculdade/universidades brasileiras dar as soluções necessárias.
A ciência e não o achismo a frente das decisões. A verdade acima da mentiras fabricadas. Prisão a todos aqueles que de forma dolosa levou à sociedade brasileira a cometer o crime de ter feito a pior escolha de sua história.
E deixar que esse projeto guie a escolha de todos os nomes escolhidos para executa-lo.
A escolha do presidente inclusive.
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