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domingo, 12 de abril de 2020

RICARDO CAPPELLI: A Páscoa dos presos (e outros textos de páscoa no Portal Disparada)

https://portaldisparada.com.br/

DISPARADA resulta de um sentimento comum de esgotamento dos projetos políticos hegemônicos no Brasil e da necessidade de debater uma alternativa transformadora da condição periférica brasileira.
DISPARADA é um portal de colunistas que reflete sobre os mais diversos temas, de política nacional e internacional a questões de economia, filosofia, conflitos sociais, cultura e arte.
DISPARADA pretende participar ativa e organizadamente do processo político brasileiro promovendo eventos e aglutinando ideias sobre os desafios nacionais.

RICARDO CAPPELLI: A Páscoa dos presos


Duas imagens marcarão para sempre uma histórica Sexta-feira da Paixão.
Na Praça de São Pedro, o Papa Francisco leu mensagens representando cada uma das 14 estações que marcam a Via-Sacra. As poucas pessoas presentes se revezaram na tarefa de carregar a Cruz de Jesus. Entre elas, presos que escreveram algumas das mensagens, levados especialmente para a cerimônia.
No mesmo dia, no país mais rico do planeta, presos cavavam covas coletivas para enterrar pessoas mortas pela covid-19. Seres humanos que partiram sem que ninguém – parentes ou amigos – procurasse por seus corpos.
Enquanto Jorge Mario Bergoglio estendia a mão do perdão e da misericórdia, cobrindo de amor os crucificados, homens excluídos pelo sistema, “descartáveis”, enterravam almas marcadas pelo abandono.
Por que tanta solidão nos EUA, terra onde supostamente vigora a bonança e a prosperidade? Por que a nação mais rica possui também a maior população carcerária do mundo? Essa é a justiça que buscamos? Este é o modelo de sociedade pregado por Jesus?
Quem são os presos? Os que estão atrás das grades ou os que vivem livres em sociedades atormentadas por uma desigualdade indecente? Que valores movem os cristãos?
Na Páscoa do isolamento a luta não parece ser apenas contra uma grave ameaça sanitária. Vivemos uma disputa muito mais profunda. Quanto vale uma vida?
A ganância de uns poucos justifica a morte de um único cidadão nonagenário? Se não morrer um parente ou um amigo nosso, “não estou nem aí”?
Neste dia sagrado, com o coração angustiado pela distância dos entes queridos, me vem à memória o saudoso Dom Hélder Câmara: “se falo dos famintos, todos me chamam de cristão; se falo das causas da fome, me chamam de comunista’.
Comunismo vem de comum. Remete à comunhão, comunidade, lugar onde todos são iguais. A palavra foi associada à violência, ao autoritarismo, ao “diabo” pelos que praticam a religião da ganância, da usura, do lucro acintoso onde poucos reinam explorando muitos.
O Papa Francisco estende a mão aos que erraram. A confissão e o perdão é um dos postulados mais importantes da Igreja Católica. Bolsonaro diz que “bandido bom é bandido morto”.
O presidente busca o tempo todo dividir, fraturar a nação, encharcá-la de ódio. Não pensa na comunhão, na união. Mira apenas seu projeto mesquinho de poder pessoal.
Jesus Cristo dá comida aos que têm fome, acolhe os que sofrem, cura os doentes, defende que somos todos irmãos, iguais, comuns.
Esta é uma corrente do bem que perpassa gerações e assume variados símbolos civilizatórios. Liberdade, igualdade, fraternidade. Comunhão ou desigualdade? De que lado você está?
Ressuscite seus valores, ainda mais fortes, a cada dia. Fique em casa. Feliz Páscoa.
Por Ricardo Cappelli


O Covid-19 e a farinha pouca. E o nosso pirão?



Conforme a crise da pandemia cresce e se instala no Brasil, vão ficando mais claras as faltas e carências relacionadas com nossa empobrecida estrutura produtiva. Em vários vídeos recentes feitos no canal Revolução Industrial Brasileira, temos tentado demonstrar que nossa desindustrialização não se resume a problema teórico, ou estritamente econômico.
Não. A perda de capacidades e volume produtivo em um país de mais de 200 milhões de habitantes e com largas faixas sociais em pobreza ou extrema pobreza é um atentado contra a vida. Nada menos do isso: um atentado contra a vida.
Reconhecer, discutir e propor soluções para isto é a máxima urgência no país, como o Covid-19 tão cruelmente mostra. Não apenas pela incapacidade de o tecido empresarial privado e público em produzir aquilo que agora é indispensável ao socorro material dos cidadãos. Mas, também, porque a arena internacional mostrou sua cara mais suja. Quando a farinha é pouca, cada um cuida do seu pirão primeiro.
Assim, as últimas semanas apresentaram um quadro feio de se ver: na falta de insumos médico-hospitalares para atender uma demanda tão alta, as verdadeiras regras do comércio internacional entraram em campo. Da China, só se consegue materiais essenciais pagando adiantado, mesmo assim a depender da boa vontade da cadeia logística. No caminho entre Oriente Médio e Europa, carregamentos são desviados ou confiscados. Dentro da própria União Europeia, escaramuças políticas e comerciais deixam claro quem ali manda e quem obedece. Finalmente, os Estados Unidos se reservam o direito de atender primeiro os seus e ameaçam deixar a ver navios até mesmo países irmãos, como o Canadá.
A cereja do bolo é a decisão que vem sendo ventilada pelos governos do Japão e dos Estados Unidos em pagar (sim, pagar!) para que suas empresas que têm fábricas na China deixem o gigante asiático e se reinstalem em seus territórios nacionais.
Em síntese, as cadeias globais de valor (nome dado à fragmentação dos fluxos de comércio mundial nas últimas décadas) mostraram sua verdadeira face. Não são uma arena de cooperação global que trabalha pelo atendimento universal das necessidades. São, na realidade, um grande campo de conflito de interesses em que os Estados mais fortes mobilizam seus poderes empresariais e financeiros para atender primeiramente seus próprios países.
No fundo, nenhuma surpresa. Quem ficar surpreso com isso, deverá também se surpreender quando o Brasil voltar a reclamar com toda força por independência industrial. Pois é isto que deverá acontecer nos próximos anos.
Alvíssaras! Na Revolução Industrial Brasileira, martelamos esse ferro frio desde o início, como no vídeo abaixo, em que o professor de Economia da FGV Paulo Gala desfaz o mito das cadeias globais de valor como arena de cooperação internacional.  Mais uma contribuição para um esclarecimento cada vez mais necessário.


Um barco pirata chamado Investimento Estrangeiro Direto (IED)


“Na economia globalizada de hoje, quem não se abre para o investimento estrangeiro, quem não abre seu mercado ao capital internacional, está fadado ao fracasso.” É o que certos economistas dizem. Mas, será que quem repete essa doutrinação barata já olhou os dados do Balanço de Pagamentos do Brasil? Se tivesse, chegaria a uma conclusão bastante diferente. Na verdade, ao se abrir ao capital internacional, os países abrem seus portos para toda sorte de pirata interessado em retirar riquezas das mãos do povo e entregar para empresários de terras distantes. É isso que os dados mostram.
Antes de argumentar com números, vamos rapidamente explicar o que se fala sobre o investimento direto. Em geral, os economistas, mesmo de esquerda, dividem o investimento estrangeiro em dois tipos, e os classifica como ruim ou bom. O investimento estrangeiro em carteira é o investimento financeiro, que é, na verdade, pura especulação em cima da riqueza do país. Nem um centavo do investimento em carteira é transformado em investimento real na economia. Isso é fato descrito até em livros didáticos de economia.
O Investimento Estrangeiro Direto (IED) é aquele que resulta da criação de novas empresas, ou compra de empresas já existentes. Ou seja, quando uma multinacional cria filiais no Brasil – ou quando compra empresas brasileiras e as transforma em suas filiais ou representantes – ela realiza investimento direto. Dizem os manuais, em especial os keynesianos, que esse tipo de investimento é bom. Talvez seja, no fantástico mundo de economistas de manuais.
Na prática, toda empresa busca apenas lucro. Nenhuma empresa investe por ser boazinha. Se ela comprou ou abriu filiais em um país, ela espera obter novos lucro. E está disposta a fazer quase tudo para o garantir. Hoje, há três formas das matrizes das firmas multinacionais retirarem lucro de suas filiais. A primeira é através do envio de rendas, lucros e dividendos, que as filiais devem repassar às suas matrizes. A segunda, já bem conhecida dos brasileiros, é o pagamento de “direitos intelectuais” (royalties). Hoje, é muito comum que as empresas multinacionais, em vez de abrir uma filial nos diversos países, comprem parte de empresas locais já existentes e as transformam em representantes. Nesse caso, passam a também cobrar royalties pela venda dos produtos de sua marca. Isso além de cobrar os lucros e dividendos referentes à sua parte da propriedade da empresa representante.
Mas existe um terceiro rio por qual fluem as riquezas dos países pobres para os países ricos: o pagamento de alugueis de máquinas – leasing. Atualmente, quando empresas multinacionais compram ou criam filiais ou representantes no Brasil, em vez de vender as máquinas necessárias para a produção de suas mercadorias, a matriz aluga as máquinas para as filiais. Em alguns casos, firmas multinacionais chegam a comprar empresas locais com maquinário e tudo, que tem sua propriedade formal transferida para a matriz da firma multinacional. Então, a filial passa a pagar leasing sobre máquinas que jamais foram tocadas por qualquer trabalhador da matriz, ou de outras filiais. Como resultado, além dos lucros e dividendos, e royalties, as filiais ainda devem pagar o leasing do maquinário que usa. Ou seja, se quisermos saber qual a contribuição real do Investimento Estrangeiro Direto no Brasil, devemos comparar os investimentos com tudo que saiu sob a forma de lucro e dividendo, royalties e leasing.
Em 2019, no Brasil, o IED possuiu um saldo de quase 78,6 bilhões de dólares (R$ 408.72 bilhões hoje), resultantes em ingresso de 150,9 bilhões de dólares (R$ 784.68 bilhões hoje) de novos investimentos, e perda de 72,3 bilhões de dólares (R$ 375.96 bilhões hoje) na forma de desinvestimento (venda de empresas multinacionais para empresas locais). Desse número já vemos que os piratas, que chamamos carinhosamente de investidores estrangeiros, retiraram em 2019, sob o governo de Bolsonaro, o equivalente a 52% de tudo que investiram no mesmo ano. Pior, o valor total de gastos do Brasil no exterior, no mesmo ano, com lucros e dividendos, royalties e leasing, somou mais de 70,6 bilhões de dólares (R$ 367.12 bilhões hoje). Ou seja, do saldo do investimento estrangeiro direto no Brasil apenas 7% ficaram no Brasil. Os outros 93% retornaram para os bolsos de estrangeiros. Ainda, se consideramos o fluxo total das operações (compra, venda, envio de lucros, etc.), que expressa o volume da movimentação de riquezas, veremos que o IED movimentou quase 294 bilhões de dólares (R$ 1.529 trilhões hoje) no Brasil. Desses, só cerca de 1,87% ficaram no país.
Enquanto isso, as exportações de bens arrecadaram para o Brasil mais de 224 bilhões de dólares (R$ 1.165 trilhões hoje), e as importações geraram um déficit de 185 bilhões de dólares (R$ 962 bilhões hoje). Ou seja: o Brasil vende propriedades, transforma suas empresas em biombos que vivem de trocar de proprietários, que tem recursos drenados até dizer chega, para adquirir pelo investimento direto um saldo que sequer alcança para pagar importações, que seguem sendo pagas pelas nossas exportações. O curioso de tudo isso é que se não tivéssemos que pagar royaltiesleasing, e remessas de lucro para firmas multinacionais, economizaríamos cerca de 70,6 bilhões de dólares (R$ 367 bilhões hoje). Essa diferença transformaria as transações correntes do Brasil, que em 2019 tiveram o déficit de quase 50,8 bilhões de dólares (R$ 264.16 bilhões hoje), em superavitárias.
O Brasil deixaria de ser dependente da chamada poupança externa (capital estrangeiro), e passaria a ser uma economia de contas externas saudáveis, com autonomia para determinar seu próprio futuro. Mas nós, brasileiros, preferimos vender nossas empresas, entregar nossa riqueza e abandonar nosso futuro. Abrimos nossos portos para navios piratas, e ainda os recebemos com um sorriso no rosto, e preparamos o banquete para que eles possam confortavelmente nos pilhar de barriga cheia. Pelo menos depois, nos emprestam dinheiro para irmos à Disneylândia.
Por Apoena C. Cosenza
A Voz do Brasileirismo: Nacionalidade em Rebeldia

ELIAS JABBOUR: A Nova Economia do Projetamento e os charlatões do caos sistêmico



A onda agora é falar em “apagar de luzes do neoliberalismo”. Só para lembrar que essa vulgata de tipo Guedes, Mansueto, Lisboa, Pessoa e outros trastes nunca foi aplicado por nenhuma economia que tinha diante de si um país como os Estados Unidos, Alemanha, Japão, enfim G-7. O Vale do Silício está mais próximo de Hilferding do que Friedman ou Hayek. Compras governamentais turbinam bilionárias pesquisas científicas de ponta em muitos destes países. Bancos de desenvolvimento existem na Alemanha antes do nascimento do pai de von Mises.
Nenhum tecnocrata nos países acima citados acreditam em “livre mercado”, “ambiente de negócios”. Suspeito nem que acreditem muito em microeconomia. Não passam de bobagens que se ensinam a jovens em processo de desumanização em cursos de Economia da periferia do sistema. A grande questão é se a financeirização vai continuar rolando frouxa ou não. Eis o “x” da questão.
Para ela refluir, novos pactos sociais deverão ser construídos. Wall Street rever seus assentos conquistados “democraticamente” à Câmara de Representantes dos EUA e a União Europeia flexibilizar completamente suas regras fiscais. Os bancos alemães “promotores da democracia e da liberdade de expressão” em países como a Grécia estarão dispostos a perder?
Editorial recente do Financial Times admite que o Estado deverá retomar (vejam inocentes alunos de Economia: retomar) seu lugar ao leme da economia. Dá para acreditar? Ou seja, a financeirização andará para trás, os bancos colocarão suas mãos para serem algemadas e uma paz perpétua surgirá após a pandemia. Pessoalmente não acredito nisso.
Mesmo o peso do que chamo de reconstrução, no mundo capitalista, das antigas Economias do Projetamento demandará muita luta, elevação da consciência social por parte de milhões de trabalhadores e do chamado “precariado”. Economia do Projetamento é sinônimo de uma economia voltada à consecução de grandes projetos e que tem na demanda seu elemento propulsor. Para isso acontecer no capitalismo (já ocorre na China, sob as hostes de uma “Nova Economia do Projetamento), os “caras” terão de entregar os aneis e os dedos.
Enquanto isso, intelectuais de esquerda (não citarei nomes para não tocar em susceptibilidades. Adianto que são estrangeiros e que circulam artigos sobre a tal “sopa de Wuhan”. No Brasil tem um filósofo que é pródigo) alimentam suas redes de fãs com suas macumbarias levando plateias ao choro. São odes contra a sociedade do consumo e possibilidade de reinvenção de um comunismo a la comunidades agrárias igualitaristas. Continuam presos a noções eurocêntricas e pobres sobre a China, a começar pelo falso cognato (o “eufemismo dos eufemismos”) do “capitalismo de Estado”.
Nenhum deles consegue enxergar virtudes naquela experiência. Vira e mexe vem um reconhecimento. Todos carimbam aquela experiência de Estado Nacional de 2200 anos como uma “ditadura”, ou mesmo o próximo imperialismo. Nenhum deles tratam a questão com a rigidez do historicismo germânico ou o humanismo precoce das filosofias que nasceram no vale dos rios Yangtsé e Amarelo. No fundo não passam de intelectuais do campo colonial, tão cruel quanto os japoneses o foram um dia em Nanjing.
Pela direita (financeirização) um grande impasse a alimentar o caos sistêmico de Obama a Trump. Pela esquerda, o bloqueio mental sobre o que pode ensinar ao mundo a Nova Economia do Projetamento (variação de nível superior do socialismo) que provou sua superioridade ao encerrar uma quarentena em 72 dias impedirá à esquerda a vislumbrar uma alternativa ao impasse que virá após a pandemia. Continuará refém de utopias e de charlatões intelectuais como esses que fazem a cabeça de nossa juventude.
A verdade que vem da China demandará muito tempo para se impor diante do velho. Retirar 840 milhões de pessoas da linha da pobreza em quatro décadas não é nada.
Viveremos mais uma etapa do caos sistêmico.
Por Elias Jabbour


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