A viagem da imaginação
Com estilo de jogo minimalista, visual belíssimo e trilha sonora perfeita, a aventura ao topo de uma montanha brilhante emociona e provoca sensações diversas nos jogadores
O encapuzado acordou
no meio de um deserto, com o vento soprando os infinitos grãos de areia.
Onde estava? De onde tinha vindo? Por que foi parar ali? As questões
pairavam na sua cabeça quando subiu uma duna e avistou uma montanha,
cujo topo brilhava tanto quanto o sol. Naquele momento, sabia que ir até
lá era a melhor chance de encontrar as respostas. Mas, à medida que se
aproximava de seu destino, a quantidade de perguntas só aumentava. O que
ele era? Por que continuava a andar? E o que encontraria no fim da
estrada?
Jogar o título digital Journey, cujo início é descrito pelo parágrafo acima, é isso: ter mais dúvidas do que certezas durante praticamente toda a aventura. Mas, ao contrário do encapuzado que está em busca de autoconhecimento, você pode encontrar as respostas dentro de si. O game do estúdio norte-americano thatgamecompany, lançado em março (na PlayStation Network, é provavelmente a experiência mais pessoal já vista no meio. Você poderia colocar 10 pessoas para jogá-lo e teria 10 explicações diferentes. Apesar de apresentar cenários, personagens e trama, o jogo pede que você encontre o significado do enredo na própria imaginação.
São três comandos: andar, pular e emitir sons. As habilidades estão relacionadas. Para pular, você precisa de uma energia luminosa, armazenada no cachecol embutido no capuz. Ela pode ser obtida entrando em contato com vários seres de pano que estão pelo caminho. Para chamar a atenção deles, você precisa emitir sons. Tudo isso é ensinado em menos de cinco minutos de jogo, e sem nenhuma palavra. Journey é um jogo completamente sem falas e textos e ainda assim consegue evocar mais sentimentos que a maioria dos enredos complexos dos games de hoje.
O primeiro deles é o deslumbramento, por conta das incríveis vistas que oferece. Mesmo que você já tenha terminado o jogo, é difícil não parar por um tempo para observar o cenário em volta do personagem – e ele até senta, como se estivesse esperando o jogador. O mais interessante é que Journey não pede para ser apreciado. Suas paisagens simplesmente estão lá e, ao passar pelas dunas do deserto ou por um templo abandonado, é impossível ficar indiferente.
A sensação de descoberta e contemplação é amplificada pela trilha sonora, que, apesar de discreta, é tão importante quanto o visual. Uma cena define perfeitamente esse conceito: pouco depois do começo do jogo, depois de passar por ruínas antigas, há uma longa descida pela areia, que parece brilhar com o reflexo do pôr do sol. Você não precisa andar para frente, pois seu personagem escorrega sozinho, mas é necessário dar um pulo para começar a deslizar. A música, que é calma, se agita no momento em que você toca o solo e atinge o ápice exatamente na hora em que a ação culmina em um penhasco. E esse é só um exemplo dos vários momentos em que o jogo trabalha dessa forma.
Detalhes A obsessão por um design de jogo acessível e artisticamente bem trabalhado é marca da thatgamecompany. Em Journey, eles conseguiram refinar essa ideia, que já havia servido de base para o título de estreia Flow (2006) e, principalmente, Flower (2009). Apesar de terem temas diferentes – no primeiro, você ajuda um micro-organismo a se expandir e, no segundo, você controla o vento e usa pétalas para desabrochar outras flores – é fácil detectar as semelhanças de estilo e os padrões que representam a filosofia do estúdio.
A principal diferença entre Journey e seus antecessores é o personagem com forma humana. Ele não só serve como um ponto para ligar você à jornada, mas também é a base para um dos conceitos mais inovadores e interessantes de multiplayer. Se você começa o jogo conectado à PlayStation Network, outros jogadores aparecem no cenário com você. Entretanto, o game não avisa que eles começaram a jogar. Eles simplesmente surgem, como se já estivessem ali há muito tempo.
Não é possível saber quem são seus companheiros de aventura e a única forma de se comunicar com eles é emitindo os mesmos sinais usados para pedir ajuda às criaturas de pano. E só isso já é capaz de tornar a experiência de cada jogador ainda mais pessoal. No teste do Informátic@, por exemplo, encontramos um bom samaritano que, durante duas etapas do caminho ao topo da montanha, nos guiou por praticamente todos os símbolos luminosos.
A característica mais marcante de Journey é, sem dúvida, a capacidade de passar um número enorme de experiências e sensações, com uma estrutura de jogo absurdamente simples e uma duração relativamente curta – é possível terminá-lo em duas horas, sem pausas. Ele pode ser uma experiência transcendental sobre a passagem da vida, ou pode ser aquele joguinho em que você escala uma montanha, ou muitas outras definições entre esses dois extremos. E, mesmo assim, qualquer experiência na travessia até a montanha brilhante terá algo belo a oferecer.
Jogar o título digital Journey, cujo início é descrito pelo parágrafo acima, é isso: ter mais dúvidas do que certezas durante praticamente toda a aventura. Mas, ao contrário do encapuzado que está em busca de autoconhecimento, você pode encontrar as respostas dentro de si. O game do estúdio norte-americano thatgamecompany, lançado em março (na PlayStation Network, é provavelmente a experiência mais pessoal já vista no meio. Você poderia colocar 10 pessoas para jogá-lo e teria 10 explicações diferentes. Apesar de apresentar cenários, personagens e trama, o jogo pede que você encontre o significado do enredo na própria imaginação.
São três comandos: andar, pular e emitir sons. As habilidades estão relacionadas. Para pular, você precisa de uma energia luminosa, armazenada no cachecol embutido no capuz. Ela pode ser obtida entrando em contato com vários seres de pano que estão pelo caminho. Para chamar a atenção deles, você precisa emitir sons. Tudo isso é ensinado em menos de cinco minutos de jogo, e sem nenhuma palavra. Journey é um jogo completamente sem falas e textos e ainda assim consegue evocar mais sentimentos que a maioria dos enredos complexos dos games de hoje.
O primeiro deles é o deslumbramento, por conta das incríveis vistas que oferece. Mesmo que você já tenha terminado o jogo, é difícil não parar por um tempo para observar o cenário em volta do personagem – e ele até senta, como se estivesse esperando o jogador. O mais interessante é que Journey não pede para ser apreciado. Suas paisagens simplesmente estão lá e, ao passar pelas dunas do deserto ou por um templo abandonado, é impossível ficar indiferente.
A sensação de descoberta e contemplação é amplificada pela trilha sonora, que, apesar de discreta, é tão importante quanto o visual. Uma cena define perfeitamente esse conceito: pouco depois do começo do jogo, depois de passar por ruínas antigas, há uma longa descida pela areia, que parece brilhar com o reflexo do pôr do sol. Você não precisa andar para frente, pois seu personagem escorrega sozinho, mas é necessário dar um pulo para começar a deslizar. A música, que é calma, se agita no momento em que você toca o solo e atinge o ápice exatamente na hora em que a ação culmina em um penhasco. E esse é só um exemplo dos vários momentos em que o jogo trabalha dessa forma.
Detalhes A obsessão por um design de jogo acessível e artisticamente bem trabalhado é marca da thatgamecompany. Em Journey, eles conseguiram refinar essa ideia, que já havia servido de base para o título de estreia Flow (2006) e, principalmente, Flower (2009). Apesar de terem temas diferentes – no primeiro, você ajuda um micro-organismo a se expandir e, no segundo, você controla o vento e usa pétalas para desabrochar outras flores – é fácil detectar as semelhanças de estilo e os padrões que representam a filosofia do estúdio.
A principal diferença entre Journey e seus antecessores é o personagem com forma humana. Ele não só serve como um ponto para ligar você à jornada, mas também é a base para um dos conceitos mais inovadores e interessantes de multiplayer. Se você começa o jogo conectado à PlayStation Network, outros jogadores aparecem no cenário com você. Entretanto, o game não avisa que eles começaram a jogar. Eles simplesmente surgem, como se já estivessem ali há muito tempo.
Não é possível saber quem são seus companheiros de aventura e a única forma de se comunicar com eles é emitindo os mesmos sinais usados para pedir ajuda às criaturas de pano. E só isso já é capaz de tornar a experiência de cada jogador ainda mais pessoal. No teste do Informátic@, por exemplo, encontramos um bom samaritano que, durante duas etapas do caminho ao topo da montanha, nos guiou por praticamente todos os símbolos luminosos.
A característica mais marcante de Journey é, sem dúvida, a capacidade de passar um número enorme de experiências e sensações, com uma estrutura de jogo absurdamente simples e uma duração relativamente curta – é possível terminá-lo em duas horas, sem pausas. Ele pode ser uma experiência transcendental sobre a passagem da vida, ou pode ser aquele joguinho em que você escala uma montanha, ou muitas outras definições entre esses dois extremos. E, mesmo assim, qualquer experiência na travessia até a montanha brilhante terá algo belo a oferecer.
Pagina oficial: http://thatgamecompany.com/games/journey/
Journey
- Online
- Para maiores de seis anos
- Aprendizado 15min
- 1-2 Jogadores
Publicação
Equipe Baixaki 13 de Março de 2012
Sob o seu comando há uma espécie de tuaregue (povo nômade que habita o deserto do Saara) extraterrestre. Ademais, o botão “círculo” enviará chamados para os demais jogadores — o que é representado na tela por um símbolo desconhecido e por um círculo que se expande enquanto o botão for mantido apertado — enquanto que “x” fará com que o seu protagonista voe durante algum tempo.
Embora traga uma experiência essencialmente multiplayer, Journey não representa o tipo clássico de multijogador. Na verdade, assim como não há menus em Journey, também não há um lobby para contados e nem qualquer outro artifício semelhante. Após um breve período de andança, você encontrará uma montanha toda iluminada, na qual se pode divisar o nome “Journey”. Isso é o máximo de contato que o jogo fará com você nos moldes clássicos.
Entretanto, conforme você vaga pela imensidão arenosa de Journey, haverá outros jogadores, igualmente perdidos. Nesse momento, você poderá escolher entre ignorar os demais ou partir em uma peregrinação conjunta. Vale dizer que alguma companhia pode ser bastante útil, já que alguns dos puzzles são particularmente penosos de se resolver sozinho. Mas seguir por conta própria também é uma opção — de fato, é possível jogar mesmo sem possuir conexão com a internet.
Avaliar Journey seguindo os mesmos critérios de grandes blockbusters da
indústria do entretenimento parece um óbvio desserviço à criação da thatgamecompany.
Quer dizer, quem são os inimigos aqui? Qual é a história? Com o que se
poderiam comparar, em um caráter puramente técnico, as texturas e as
perspectivas que constroem uma imensidão de areia que traz mais dúvidas
do que respostas? Isso para não falar da jogabilidade e da porção
multiplayer...
Não, Journey não é exatamente um jogo. Por falta de definição melhor, pode-se dizer que tudo aqui evoca uma experiência estética, emocional e incrivelmente subjetiva — algo que não deve surpreender quem conhece o histórico da relação comercial entre a softhouse de Jenova Chen e a Sony, cujos primeiros esforços trouxeram flOw e também Flower.
Na verdade, sequer existem menus ou um início formal aqui — pelo menos, nada além de um “Iniciar nova viagem”. Após um início sutil, você perceberá que há apenas uma enorme montanha emanando um facho de luz. O restante é apenas areia, sons do vento e, eventualmente, outro peregrino, provavelmente tão perdido e abismado quanto você. Sim, isso pode ser muito interessante.
De fato, ao deslizar por dunas brilhantes, voar, ativar mecanismos de natureza desconhecida e contemplar alguns dos cenários mais singulares e belos já produzidos para um jogo, você invariavelmente deve acabar com a sensação de que jamais encarou algo semelhante. E isso deve se tornar cada vez mais intenso. Vamos aos detalhes.
Não há pontuações em Journey. Também não há vidas ou qualquer tipo de estatística. Aqui você será sumariamente arremessado para um infinito arenoso, com ventos cortantes soprando entre ruínas desgastadas — adornos e estruturas misteriosas, que são também resquícios de épocas remotas, sobre as quais você saberá tanto no início quanto no final do jogo.
Em suma, Journey pode ser considerado como uma experiência estética interativa. Todas as perspectivas aqui parecem minuciosamente estudadas, milimetricamente encaixadas entre efeitos de luz, elementos pitorescos e um senso de progressão e desenvolvimento absolutamente único. Enfim, melhor do que se preocupar com o desempenho do seu misterioso protagonista é manter olhos e ouvidos atentos.
Multiplayer? Mais ou menos
Journey apresenta um dos conceitos multijogador mais singulares de que se tem conhecimento. De fato, não há lobby aqui, assim como também não há qualquer tipo de chat. Na verdade, nem sequer há uma forma de identificar os nomes dos viajantes ocasionais que, às vezes, dividirão parte da jornada com você.
Eis toda a extensão da proposta multiplayer de Journey: em determinados pontos da sua trajetória, outros viajantes cruzarão o seu caminho. O que fazer? Seguir em peregrinação conjunta? Ignorar? Auxiliar em puzzles eventuais? Basicamente, qualquer uma das opções é válida, já que a interação entre personagens aqui é tão restrita quanto o restante do jogo — quer dizer, simplesmente não há restrição.
Entretanto, há, é claro, benefícios em dividir a aventura com outro jogador. Além da mencionada colaboração nos puzzles — alguns envolvem ativar mecanismo espalhados por uma vasta porção de cenário —, os jogadores também podem se ajudar para voar por mais tempo ou, simplesmente, compartilhar ideias quanto ao caminho que deve ser tomado, ou a forma de se evitar perigos.
O incrivelmente pequeno...
Journey é incrivelmente rico em detalhes. Desde a interação do seu beduíno com objetos do jogo, passando pelos pequenos símbolos místicos que adornam as suas ruínas ancestrais e pela forma cuidadosa com que as suas pegadas são representadas na areia — cuja impressão é de algo incrivelmente dinâmico... Muito diferente de boa parte do tratamento dado ao elemento em jogos anteriores.
... E o absurdamente grande
Você se sentirá incrivelmente pequeno em Journey. Minúsculo mesmo. Isso porque o game passa uma sensação única de imensidão, de grandiosidade. Entre os passos tateantes e o deslizar do seu herói, parece haver toda uma realidade sublime, imperturbável, que simplesmente ignora a sua viagem. São construções que parecem tocar o sol, ventos violentos, tão hostis quanto indiferentes. Parece excessivamente filosófico? Jogue... Provavelmente isso fará sentido.
Atmosfera sublime
O espetáculo sensorial de Journey com certeza deve muito à excelente trilha sonora e aos efeitos de som que embalam a sua viagem. Nada invasivo, nem excessivamente sutil. Há um crescendo agradável nas músicas, assim como, em alguns momentos, a fúria cega da natureza provocará estrondos e ruídos terríveis durante as tempestades de areia.
O que Journey significa para você?
Afinal, qual é o sentido de Journey? Trata-se de uma missão? Uma viagem de autoconhecimento? Uma “parábola” (conforme se refere o próprio Jenova Chen)? Talvez a melhor conclusão aqui seja: o significado de Journey depende exclusivamente de você. A história não é contada entre CGs didáticas. Não há nada escrito em nenhuma língua remotamente humana. Enfim, prossiga com a peregrinação, e encontre o seu próprio sentido.
A duração relativamente curta de Journey não é exatamente um ponto negativo. Na verdade, ao analisar o seu percurso ao final do jogo, é perfeitamente possível que você simplesmente diga: “Ok, mostrou o que tinha que mostrar, e terminou quando foi necessário”. Entretanto, para alguns jogadores — sobretudo alguns fãs intolerantes de blockbusters quilométricos — podem acabar com a sensação de que poderia ter mais um pouco.
Não que algum tipo de comparação não seja possível. Qualquer bom apreciador da biblioteca do PlayStation 2 reconhecerá na solidão de Journey alguns genes do inesquecível Shadow of the Colossus, por exemplo. Entretanto, mesmo isso soa tremendamente vago — a não ser, talvez, que se acrescente uma viagem lisérgica e uma mística alienígena.
Enfim, a melhor coisa para entender Journey é jogar. Até porque, é bastante provável que as suas conclusões a respeito do significado da trajetória sensorial e da colocação de algo tão único na atual indústria sejam tão únicas quanto o próprio game. Portanto, faça uma boa viagem.
Desde que foi anunciado em 2011, Journey gerou uma enorme curiosidade com seus vídeos e imagens belíssimas. A proposta de um jogo zen ao estilo de Flower intrigava, assim como a promessa de um modo multiplayer "silencioso". Será que a thatgamecompany acertou a mão mais uma vez, ou Journey ficou apenas na promessa?
Journey (PlayStation 3)
Desenvolvedora: Thatgamecompany
Publicadora: Sony Computer Entertainment
Data de lançamento: 15 de março de 2012
Acertou a mão. Também acertou a outra mão, acertou os pés e a cabeça. Ela acertou em tudo! Journey foi a experiência mais magnífica que eu já tive com um videogame. Fantástico, espetacular, incrível, maravilhoso, soberbo ou magnífico são adjetivos que nem precisam ser utilizados para classificá-lo, é perda de tempo. Sério. Journey é o que seu próprio nome diz: uma jornada; uma jornada rumo ao desconhecido mundo da nossa imaginação.
Assim como aconteceu com Flower, para encarar a jornada de Journey é preciso se desligar de tudo o que você conhece (ou acha que conhece) sobre videogames. Não existem fases, barras de energia, chefões e nem comandos complexos. Em Journey tudo é muito simples, tudo é muito sutil, tudo é muito belo.
A grande indagação que existe se os games podem ou não serem considerados como arte, talvez possa ser respondida com Journey. Eu, particularmente continuo sem saber se os games são ou não são arte, mas Journey eu tenho certeza que é, e se não for, eu não sei o que pode ser classificado como tal. Depois de jogar Journey fica evidente que o pessoal da thatgamecompany ou possui uma formação espiritualista muito forte, ou são profundos estudiosos de Budismo, Taoísmo, Hinduísmo, Zen e outras religiões-filosóficas orientais. Eu fico com a primeira opção.
Como falamos mais acima, Journey é sobre uma jornada, uma jornada de um peregrino em direção a uma montanha espiritual (montanha mágica ou montanha encantada também vale). Seu personagem começa o jogo no meio de um deserto, sozinho e sem qualquer explicação do que deve fazer, sua única referência é um trio de rochas como se fossem lápides no topo de uma duna de areia à sua frente. Nada à sua direita, nada à sua esquerda, nada atrás, a única coisa que resta são essas rochas e é preciso ir até elas. Logo nos primeiros movimentos o jogo já impressiona pela sua qualidade gráfica. Os deslocamento da areia conforme caminhamos é absolutamente sensacional ? a thatgamecompany sabe como trabalhar o deslocamento do vento, o efeito está melhor do que em Flower.
Ao chegarmos no topo da duna, uma animação in-game entra em cena e nos mostra que por trás daquela duna existe um objetivo muito maior a ser alcançado: quase perdida no horizonte, vemos uma enorme montanha cortada por um facho de luz vindo dos céus ? montanha que lembra um pouco o Monte Fuji, embora um pouco mais acentuada e sem o facho de luz, evidentemente. É pra lá que devemos ir.
Bem, eu não vou falar muito sobre o jogo porque Journey é curto (em cerca de 2-3 horas você termina a sua jornada) e como o jogo reserva muitas surpresas, quanto menos eu escrever, melhor. O que eu posso adiantar é que Journey é muito mais do que um jogo que se passa no deserto conforme vimos em seus trailers. Durante sua jornada os cenários irão mudar, e a cada mudança uma sensação de satisfação vai te percorrer porque eles são tão bonitos, mas tão bonitos, que não há como não se emocionar com cada mudança visual. E vou além, se você jogar Journey do início ao fim e não se emocionar com nada, absolutamente nada, pode jogar fora sua carteira de humano porque ela já venceu a tempos.
Vale investir $15.00 em um jogo que dura menos de três horas e que eu jogaria no máximo dois playthroughs para caçar troféus?
Pra mim valeu cada centavo, mas para você eu não sei dizer. Não sei porque desconheço a sua intenção ao sentar no sofá e ligar seu PlayStation 3. Você quer apenas atirar e matar em algum server multiplayer? Você quer uma história envolvente com reviravoltas que te deixam com o queixo caído? Ou seu objetivo é puramente caçar troféus para aumentar aquele level imaginário criado pela Sony e que você ainda acredita que serve pra alguma coisa? Nada disso pode ser encontrado em Journey.
Em Journey você encontrará uma jornada rumo ao desconhecido, onde o protagonista não é um ser com de cara alienígena, mas sim você; onde existe muita paz e quase não há ação, salvo pequenos momentos de tensão (tipo àqueles encontrados em Flower); onde ajudar e ser ajudado por um estranho vale mais do que uma jornada solitária; onde a história é uma grande metáfora e a peça principal de toda essa engrenagem é a sua imaginação.
Journey é belo como nenhum outro jogo jamais conseguiu ser e merece uma nota que nenhum outro jogo recebeu por aqui.
Não, Journey não é exatamente um jogo. Por falta de definição melhor, pode-se dizer que tudo aqui evoca uma experiência estética, emocional e incrivelmente subjetiva — algo que não deve surpreender quem conhece o histórico da relação comercial entre a softhouse de Jenova Chen e a Sony, cujos primeiros esforços trouxeram flOw e também Flower.
Na verdade, sequer existem menus ou um início formal aqui — pelo menos, nada além de um “Iniciar nova viagem”. Após um início sutil, você perceberá que há apenas uma enorme montanha emanando um facho de luz. O restante é apenas areia, sons do vento e, eventualmente, outro peregrino, provavelmente tão perdido e abismado quanto você. Sim, isso pode ser muito interessante.
De fato, ao deslizar por dunas brilhantes, voar, ativar mecanismos de natureza desconhecida e contemplar alguns dos cenários mais singulares e belos já produzidos para um jogo, você invariavelmente deve acabar com a sensação de que jamais encarou algo semelhante. E isso deve se tornar cada vez mais intenso. Vamos aos detalhes.
Aprovado
Uma obra de arte interativaNão há pontuações em Journey. Também não há vidas ou qualquer tipo de estatística. Aqui você será sumariamente arremessado para um infinito arenoso, com ventos cortantes soprando entre ruínas desgastadas — adornos e estruturas misteriosas, que são também resquícios de épocas remotas, sobre as quais você saberá tanto no início quanto no final do jogo.
Em suma, Journey pode ser considerado como uma experiência estética interativa. Todas as perspectivas aqui parecem minuciosamente estudadas, milimetricamente encaixadas entre efeitos de luz, elementos pitorescos e um senso de progressão e desenvolvimento absolutamente único. Enfim, melhor do que se preocupar com o desempenho do seu misterioso protagonista é manter olhos e ouvidos atentos.
Multiplayer? Mais ou menos
Journey apresenta um dos conceitos multijogador mais singulares de que se tem conhecimento. De fato, não há lobby aqui, assim como também não há qualquer tipo de chat. Na verdade, nem sequer há uma forma de identificar os nomes dos viajantes ocasionais que, às vezes, dividirão parte da jornada com você.
Eis toda a extensão da proposta multiplayer de Journey: em determinados pontos da sua trajetória, outros viajantes cruzarão o seu caminho. O que fazer? Seguir em peregrinação conjunta? Ignorar? Auxiliar em puzzles eventuais? Basicamente, qualquer uma das opções é válida, já que a interação entre personagens aqui é tão restrita quanto o restante do jogo — quer dizer, simplesmente não há restrição.
Entretanto, há, é claro, benefícios em dividir a aventura com outro jogador. Além da mencionada colaboração nos puzzles — alguns envolvem ativar mecanismo espalhados por uma vasta porção de cenário —, os jogadores também podem se ajudar para voar por mais tempo ou, simplesmente, compartilhar ideias quanto ao caminho que deve ser tomado, ou a forma de se evitar perigos.
O incrivelmente pequeno...
Journey é incrivelmente rico em detalhes. Desde a interação do seu beduíno com objetos do jogo, passando pelos pequenos símbolos místicos que adornam as suas ruínas ancestrais e pela forma cuidadosa com que as suas pegadas são representadas na areia — cuja impressão é de algo incrivelmente dinâmico... Muito diferente de boa parte do tratamento dado ao elemento em jogos anteriores.
... E o absurdamente grande
Você se sentirá incrivelmente pequeno em Journey. Minúsculo mesmo. Isso porque o game passa uma sensação única de imensidão, de grandiosidade. Entre os passos tateantes e o deslizar do seu herói, parece haver toda uma realidade sublime, imperturbável, que simplesmente ignora a sua viagem. São construções que parecem tocar o sol, ventos violentos, tão hostis quanto indiferentes. Parece excessivamente filosófico? Jogue... Provavelmente isso fará sentido.
Atmosfera sublime
O espetáculo sensorial de Journey com certeza deve muito à excelente trilha sonora e aos efeitos de som que embalam a sua viagem. Nada invasivo, nem excessivamente sutil. Há um crescendo agradável nas músicas, assim como, em alguns momentos, a fúria cega da natureza provocará estrondos e ruídos terríveis durante as tempestades de areia.
O que Journey significa para você?
Afinal, qual é o sentido de Journey? Trata-se de uma missão? Uma viagem de autoconhecimento? Uma “parábola” (conforme se refere o próprio Jenova Chen)? Talvez a melhor conclusão aqui seja: o significado de Journey depende exclusivamente de você. A história não é contada entre CGs didáticas. Não há nada escrito em nenhuma língua remotamente humana. Enfim, prossiga com a peregrinação, e encontre o seu próprio sentido.
Reprovado
Talvez, um jogo curtoA duração relativamente curta de Journey não é exatamente um ponto negativo. Na verdade, ao analisar o seu percurso ao final do jogo, é perfeitamente possível que você simplesmente diga: “Ok, mostrou o que tinha que mostrar, e terminou quando foi necessário”. Entretanto, para alguns jogadores — sobretudo alguns fãs intolerantes de blockbusters quilométricos — podem acabar com a sensação de que poderia ter mais um pouco.
Vale a pena?
Journey escapa ardilosamente de qualquer tentativa estrita de classificação. Mesmo quando a surpreendente conclusão é alcançada, o que resta é mais deslumbramento do que informações concretas — e isso vale tanto para o estilo quanto para a “história” brilhante concebida pela thatgamecompany.Não que algum tipo de comparação não seja possível. Qualquer bom apreciador da biblioteca do PlayStation 2 reconhecerá na solidão de Journey alguns genes do inesquecível Shadow of the Colossus, por exemplo. Entretanto, mesmo isso soa tremendamente vago — a não ser, talvez, que se acrescente uma viagem lisérgica e uma mística alienígena.
Enfim, a melhor coisa para entender Journey é jogar. Até porque, é bastante provável que as suas conclusões a respeito do significado da trajetória sensorial e da colocação de algo tão único na atual indústria sejam tão únicas quanto o próprio game. Portanto, faça uma boa viagem.
Desde que foi anunciado em 2011, Journey gerou uma enorme curiosidade com seus vídeos e imagens belíssimas. A proposta de um jogo zen ao estilo de Flower intrigava, assim como a promessa de um modo multiplayer "silencioso". Será que a thatgamecompany acertou a mão mais uma vez, ou Journey ficou apenas na promessa?
Journey (PlayStation 3)
Desenvolvedora: Thatgamecompany
Publicadora: Sony Computer Entertainment
Data de lançamento: 15 de março de 2012
Acertou a mão. Também acertou a outra mão, acertou os pés e a cabeça. Ela acertou em tudo! Journey foi a experiência mais magnífica que eu já tive com um videogame. Fantástico, espetacular, incrível, maravilhoso, soberbo ou magnífico são adjetivos que nem precisam ser utilizados para classificá-lo, é perda de tempo. Sério. Journey é o que seu próprio nome diz: uma jornada; uma jornada rumo ao desconhecido mundo da nossa imaginação.
Assim como aconteceu com Flower, para encarar a jornada de Journey é preciso se desligar de tudo o que você conhece (ou acha que conhece) sobre videogames. Não existem fases, barras de energia, chefões e nem comandos complexos. Em Journey tudo é muito simples, tudo é muito sutil, tudo é muito belo.
A grande indagação que existe se os games podem ou não serem considerados como arte, talvez possa ser respondida com Journey. Eu, particularmente continuo sem saber se os games são ou não são arte, mas Journey eu tenho certeza que é, e se não for, eu não sei o que pode ser classificado como tal. Depois de jogar Journey fica evidente que o pessoal da thatgamecompany ou possui uma formação espiritualista muito forte, ou são profundos estudiosos de Budismo, Taoísmo, Hinduísmo, Zen e outras religiões-filosóficas orientais. Eu fico com a primeira opção.
Como falamos mais acima, Journey é sobre uma jornada, uma jornada de um peregrino em direção a uma montanha espiritual (montanha mágica ou montanha encantada também vale). Seu personagem começa o jogo no meio de um deserto, sozinho e sem qualquer explicação do que deve fazer, sua única referência é um trio de rochas como se fossem lápides no topo de uma duna de areia à sua frente. Nada à sua direita, nada à sua esquerda, nada atrás, a única coisa que resta são essas rochas e é preciso ir até elas. Logo nos primeiros movimentos o jogo já impressiona pela sua qualidade gráfica. Os deslocamento da areia conforme caminhamos é absolutamente sensacional ? a thatgamecompany sabe como trabalhar o deslocamento do vento, o efeito está melhor do que em Flower.
Ao chegarmos no topo da duna, uma animação in-game entra em cena e nos mostra que por trás daquela duna existe um objetivo muito maior a ser alcançado: quase perdida no horizonte, vemos uma enorme montanha cortada por um facho de luz vindo dos céus ? montanha que lembra um pouco o Monte Fuji, embora um pouco mais acentuada e sem o facho de luz, evidentemente. É pra lá que devemos ir.
Bem, eu não vou falar muito sobre o jogo porque Journey é curto (em cerca de 2-3 horas você termina a sua jornada) e como o jogo reserva muitas surpresas, quanto menos eu escrever, melhor. O que eu posso adiantar é que Journey é muito mais do que um jogo que se passa no deserto conforme vimos em seus trailers. Durante sua jornada os cenários irão mudar, e a cada mudança uma sensação de satisfação vai te percorrer porque eles são tão bonitos, mas tão bonitos, que não há como não se emocionar com cada mudança visual. E vou além, se você jogar Journey do início ao fim e não se emocionar com nada, absolutamente nada, pode jogar fora sua carteira de humano porque ela já venceu a tempos.
Vale investir $15.00 em um jogo que dura menos de três horas e que eu jogaria no máximo dois playthroughs para caçar troféus?
Pra mim valeu cada centavo, mas para você eu não sei dizer. Não sei porque desconheço a sua intenção ao sentar no sofá e ligar seu PlayStation 3. Você quer apenas atirar e matar em algum server multiplayer? Você quer uma história envolvente com reviravoltas que te deixam com o queixo caído? Ou seu objetivo é puramente caçar troféus para aumentar aquele level imaginário criado pela Sony e que você ainda acredita que serve pra alguma coisa? Nada disso pode ser encontrado em Journey.
Em Journey você encontrará uma jornada rumo ao desconhecido, onde o protagonista não é um ser com de cara alienígena, mas sim você; onde existe muita paz e quase não há ação, salvo pequenos momentos de tensão (tipo àqueles encontrados em Flower); onde ajudar e ser ajudado por um estranho vale mais do que uma jornada solitária; onde a história é uma grande metáfora e a peça principal de toda essa engrenagem é a sua imaginação.
Journey é belo como nenhum outro jogo jamais conseguiu ser e merece uma nota que nenhum outro jogo recebeu por aqui.
Nenhum comentário:
Postar um comentário