No primeiro governo Lula, o Ministro
Márcio Thomas Bastos mudou a face da PF e do combate ao crime organizado
no país. O reaparelhamento da PF, a criação da Sisbin (Sistema
Brasileiro de Inteligência), o preparo de procuradores e policiais
federais para, junto com técnicos da Receita e do Banco Central,
entender os becos intrincados do sistema financeiro, tudo isso fez parte
de um processo que mudou o patamar de competência tanto da PF quanto do
MPF.
Tinha-se, agora, pela primeira vez no
país um sistema de combate ao crime organizado e, ao lado, um modelo
político ancestral trafegando na zona cinzenta da legalidade, cujos
exemplos anteriores foram as revelações trazidas pelas CPIs do Banestado
e dos Precatórios.
Estimulados, os agentes e procuradores
saíram a campo para enfrentar o maior desafio criminal brasileiro:
desbastar a zona cinzenta onde circulavam recursos do narcotráfico, de
doleiros, de corrupção pública e privada, de esquentamento de dinheiro,
das jogadas financeiras, e por onde passavam as intrincadas relações
entre política e negócios que estavam na base da governabilidade do
país.
Quando calhava de delegados e
procuradores encontrarem um juiz justiceiro de primeira instância,
colocava-se em xeque todo o sistema de blindagem historicamente
praticado no país.
Duas das mais expressivas operações - a Satiagraha e a Castelos de Areia - pegavam o coração da máquina tucana.
A primeira centrava fogo em Daniel Dantas(Sobre o mensalão: Eu tenho uma dúvida!), do Banco Opportunity, principal beneficiário do processo de
privatização, sócio da filha de José Serra, administrador dos fundos do
Instituto Fernando Henrique Cardoso, pessoalmente favorecido por ele,
quando presidente da República, em episódios que se tornaram públicos -
como seu jantar no Palácio do Alvorada, cuja sobremesa foi a cabeça de
dirigentes de fundos de pensão que se opunham a ele.
A segunda, a Castelo de Areia, pegava na
veia os acordos de empreiteiras com os governos José Serra e Geraldo
Alckmin. Quem leu o inquérito garantia haver provas robustas, inclusive,
dos acertos para tirar das costas dos presidentes de empreiteiras a
responsabilidade criminal pelas mortes no acidente com o Metrô.
Satiagraha foi abortada pela ação
conjunta do Ministro Gilmar Mendes - defendendo o seu grupo político - e
do próprio Lula, afastando Paulo Lacerda da Abin e os policiais que
conduziam a operação, depois dos factoides plantados pela Veja e por
Gilmar. E também devido às investidas da operação sobre José Dirceu.
Foi a primeira chaga aberta nas relações da PF com o PT e Lula.
No caso da Castelo de Areia, a alegação
foi de que a investigação começou a partir de uma denúncia anônima.
Especialistas que analisaram o inquérito, do lado das empreiteiras,
admitem que não havia erro processual. O inquérito era formalmente
perfeito. Terminou no STJ de forma estranha, negociado pelo ex-Ministro
Márcio Thomas Bastos, na condição de advogado da Camargo Correia.
Foi assim que o PT, através de seus
Ministros e criminalistas, livrou o PSDB dos seus dois maiores pepinos,
mas ficou com uma conta alta espetada nas costas.
A revanche veio no pacto da Lava Jato,
entre PF, MPF e o sucessor de Fausto De Sanctis: Sérgio Moro - que teve
papel central não apenas na Lava Jato mas na AP 470, do mensalão, como
assessor da Ministra Rosa Weber.
A rebelião da primeira instância
A anulação da Satiagraha e da Castelo de
Areia nos tribunais superiores produziu intensa revolta entre juízes de
primeira instância, MPF e PF.
Tome-se o caso da Satiagraha.
A lei diz que decisão de juiz de
primeira instância precisa passar primeiro pela segunda e terceira
instância até chegar ao STF (Supremo Tribunal Federal). No controvertido
episódio da concessão de dois habeas corpus, Gilmar Mendes atropelou a
lei e as próprias decisões do juiz Fausto De Sanctis e mandou soltar os
detidos.
Houve abusos, sim. O show midiático com a
TV Globo(O Mercado de notícias - Filme/Projeto do gaúcho Jorge Furtado), a prisão do ex-prefeito Celso Pitta, já doente terminal e
outros. Mas também foi divulgada uma conversa de Dantas afirmando que o
desafio seria passar pela primeira instância, pois nas instâncias
superiores havia "facilidades".
Conseguiu não apenas os dois HCs de
Gilmar, como sua participação em dos factoides criados para a revista
Veja e, depois, trancar a ação no STJ (Superior Tribunal de Justiça), de
onde até hoje não saiu.
Todo o desgaste da Satiagraha e da
Castelo de Areia, perante a opinião pública transformou-se em blindagem
para a Lava Jato. Com o agravante de, no Ministério da Justiça,
encontrar-se o mais inodoro Ministro da história da República.
Se os alvos fossem tucanos e o Ministro
relator do STF Gilmar Mendes, não haveria problemas. Gilmar atropelaria a
lei e concederia os HCs. E o Ministro Cardozo agiria valentemente em
nome do “republicanismo”.
Agora, tem-se na relatoria do STF um
Ministro técnico, formalista, sem vinculações partidárias. No Ministério
da Justiça, um Ministro anódino, incapaz de conter os abusos “em nome
do republicanismo”. Na Procuradoria Geral da República, um procurador
geral empenhado com a sua reeleição tendo como principal opositor um
colega que critica sua "leniência" (!!!) na Lava Jato. Finalmente, uma
imprensa que ajudou a liquidar com a Satiagraha pelas mesmas razões que,
hoje em dia, defende a Lava Jato (As empresas da Lava-jato = Os Verdadeiros proprietários do Brasil = Os Verdadeiros proprietários da mídia.).
Como é um jogo de poder, procuradores,
delegados, Moro não se pejam em montar alianças com grupos de midia
claramente engajados no jogo de interesses políticos e comerciais,
alguns deles em aliança com o crime organizado.
O jogo poderia ter se equilibrado um
pouco se o PGR aplicasse a lei e atuasse contra vazamentos de inquéritos
sigilosos ou pelo menos aceitasse a denúncia contra Aécio Neves. Seria
uma maneira de mostrar isenção e impedir a exploração política do
episódio.
Mas hoje em dia a corporação MPF é
fundamentalmente anti-PT. A ponto de fechar os olhos quando um ex-PGR,
Antonio Fernandes dos Santos, livrou Dantas do mensalão e, logo depois,
aposentado, ganhou um mega-contrato da Brasil Telecom, quando ainda
controlada pelo banqueiro.
Enfim, o PT colhe o que plantou. E o PSDB planta o que não colheu.
Outro dia discutindo sobre as manifestações do dia 15, sobre crise do governo e a corrupção da Petrobrás eu perguntei a ele se tinha acompanhado a CPI da Dívida Pública. Então ele me respondeu: Eu lá estou falando de CPI?! Não me lembro de ter falado de CPI nenhuma! Estou falando da roubalheira... A minha intenção era dizer que apesar de ter durado mais de 9 meses e de ter uma importância impar nas finanças do país, a nossa grande mídia pouco citou que houve a CPI e a maioria da população ficou sem saber dela e do assunto... Portanto não quis fugir do assunto... é o mesmo assunto: é a política, é a mídia, é a corrupção, são as eleições, é a Petrobras, a auditoria da dívida pública, democracia, a falta de educação, falta de politização, compra de votos, proprina, reforma política, redemocratização da mídia, a Vale, o caso Equador, os Bancos, o mercado de notícias, o mensalão, o petrolão, o HSBC, a carga de impostos, a sonegação de impostos,a reforma tributária, a reforma agrária, os Assassinos Econômicos, os Blog sujos, o PIG, as Privatizações, a privataria, a Lava-Jato, a Satiagraha, o basômetro, o impostômetro, É tudo um assunto só!...
Depois de perder as eleições com mais de 100.000 votos recebidos em Goiás, Jorge Kajuru voltou a Minas para participar de um programa de televisão e estava rindo a toa: K K K...
É claro que o assunto não foi o seu fracasso eleitoral(fracasso relativo: foi o 10°mais votado, não conseguiu o cargo porque imaginou a estratégia Tiririca/Enéia: Sozinho conseguiria o coeficiente eleitoral e erro feio)... O assunto foi a corrupção no futebol e a operação da FBI americana prendendo os cartolas do futebol mundial.
Ele falou uma coisa que me deixou pensando: Ele está falando sobre essa robalheira a mais de 20 anos.
Ele foi processado.
Perdeu emprego.
Perdeu dinheiro e tempo nos tribunais jurídicos.
Perdeu prestígio.
Alguns até sabiam que ele falava a verdade, mas que era um doido com uma faquinha tentando derrubar uma represa...
Outros achavam que era um Dom Quixote
Kajuru é aquele jornalista/radialista que recebeu um político na sua rádio, o político propôs uma verba mensal (se esse político fosse do PT seria um mensalão), como um acordo para que a rádio só mostrasse boas notícias do governo, sem mostrar as má notícias... É a atual forma de censura.
Tal proposta foi gravada(secretamente) e mostrado na rádio!... Isso gerou uma extrema perseguição e boicote do Político à rádio, que não poupou nem a esposa do Kajuru...
Essa história está no livro Dossiê K.
Livro "Dossiê K" de Jorge Kajuru:
Ele falou na entrevista que só ele e o Juca Kfouri foram os jornalistas que denunciaram e foram processados por denunciar essas ladroagens.
E aqui a quatro anos falando da copa e da corrupção no futebol...
E aqui numa roda viva ele repetiu tudo pouco antes de começar a copa e na entrevistas ele falou:
"Eu avisei! eu avisei!"
E no final do tópico alguns outros antigos links sobre Ricardo Teixeira e José Maria Marin...
Falar agora depois da operação da FBI é fácil...
Esse é o livrinho que o Kfouri cita na entrevista:
O Kalil ex-presidente do Atlético falou na Fox Sports: Falar do Ricardo Teixeira agora é fácil... Queria ver era brigar com ele com a caneta na mão... fui bobo da corte do Futebol brasileiro...
Tanto o Kalil quanto o Kfouri faz coro para falar do estádio Itaquerão. Kalil e Kajuru fazem coro sobre o contrato de exclusividade do futebol com a Globo...Sobre o fato da extinção do clube dos 13, quando este quis fazer uma licitação para a transmissão dos jogos do brasileiro.
O Kalil falava isso a quatro anos:
Apesar de terem outras diferenças...
Quando o Kalil como dirigente de futebol faz o que ele disse: "Se me derem um estádio eu faço!"
Se o cartola atleticano já brigou com o Teixeira quando se sentiu prejudicado, ele se deixou fotografar quando a situação mudou:
Qual é a verdade de Kalil?
Juca Kfouri
Alexandre Kalil, é sabido, jamais primou pelo equilíbrio, embora tenha sido sempre um prato cheio para a imprensa em suas entrevistas provocadoras em defesa de seu Galo.
Errou muito, como quando contratou Vanderlei Luxemburgo, e redimiu-se ao fazer apostas em Ronaldinho Gaúcho e Jô.
Mas deu para desdizer hoje o que disse ontem e de maneira despudorada. Constate:
“Entendo que o Defensores del Chaco tem de ser a casa do Olimpia. Caso contrário, o Olimpia teria de sair do Paraguai para jogar. Agora, nos tiraram o mando de campo, é uma coisa que só o presidente da Conmebol e o presidente da CBF, que se mostraram muito fracos, a CBF principalmente, podem explicar o que aconteceu, pois nenhum dos dois estádios têm capacidade de 40 mil pessoas, como foi provado agora lá na final”, observou Kalil, no dia 23 de julho deste ano, antes de o Galo ganhar a Libertadores.
Agora, no entanto, anteontem, Alexandre Kalil mudou da água para o vinagre e revelou, além de pusilanimidade, profundo desconhecimento da História do Brasil:
“Marin vem pagando porque está processando muita gente. Os generais que fizeram as crueldades estavam todos aí 10 anos atrás. Por que não foram atrás deles? Por que pegaram um pobre governador biônico de São Paulo? Porque a imprensa morre de medo do Exército. Agora, vamos pegar o primo do tio do amigo do sobrinho do governador de São Paulo e culpá-los pela ditadura?”, diz Kalil.
“Tinha cachorro grande pra pegar, os generais estavam todos vivos, mas todo mundo ficou caladinho. Querer CPI na CBF é uma coisa. Misturar alhos com bugalhos, aí não. É covardia misturar política com futebol.”
Pede-se a Kalil que indique um general que seja ou tenha sido presidente da CBF.
E que ele aponte o “primo do tio do amigo do sobrinho” de Marin de quem se conte sua triste participação na ditadura.
Marin também estava no ostracismo antes de assumir a CBF e de “pobre governador” ele nada tem, muito ao contrário.
Que Kalil deixe de confundir os interesses, legítimos, do Galo, com a memória do Brasil.
E que não se candidate ao senado, como seu colega Zezé Perrela, porque isto sim é confundir política com futebol.
Ou ele gosta mesmo é de fazer fumaça?
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K K K
Kajuru
Kfouri
Kalil
Onde esses três personagem se encontram é somente no caso da renovação de contrato que o Clube dos 13 planejava fazer a licitação, fez, a rede TV ganhou mas a Globo+CBF+Corinthians+Flamengo terminaram com o Clube dos 13 e passaram a negociar clube a clube o valor das transmissões...
Somente nessa história esses três personagens concordam:
Da absurda
forma com que a Globo mantém a exclusividade do futebol brasileiro.
Publicado em 16/04/2013 às 20h08
Alexandre
Kalil confessa. “Andrés tinha um estádio para detonar o Clube dos 13.”
Finalmente alguém revelou como o Corinthians conseguiu o Itaquerão.
Estádio de um bilhão de reais que abrirá a Copa do Mundo de 2014…
"O Andrés Sanchez tinha um estádio prometido para detonar a mesa.
Ele ia ganhar um estádio.
Estou falando aqui porque ele falou comigo e não pediu segredo.
Falei com ele e perguntei: ‘Que sacanagem é essa?’.
Porque ele é tudo, menos bobo. ‘Kalil, estou ganhando um estádio’.
Virei as costas e saí andando.
Porque eu também se me dessem um estádio detonava a mesa."
Sem meias palavras.
Alexandre Kalil revelou como o Corinthians ganhou o Itaquerão.
Com Andrés Sanchez implodindo o Clube dos 13.
Os beneficiados: TV Globo e Ricardo Teixeira.
Andrés foi perfeito.
E teve como recompensa o estádio um bilhão, que abrirá a Copa do Mundo.
Valeu todo seu esforço.
É preciso recordar como tudo aconteceu.
O Clube dos 13 foi fundado em 1987.
Com o objetivo de juntar os clubes para brigar por melhores cotas de transmissão.
E mais: enfrentar a CBF.
Acabar com torneios intermináveis, com dezenas de clubes insignificantes.
A ideia original era formar uma liga independente.
Exigiu um enxugamento no Brasileiro.
E os 16 maiores clubes do País disputaram a Copa União.
Formaram o Módulo Verde
O Flamengo foi o campeão.
Outros 16, teoricamente, a Série B, lutaram pelo módulo amarelo.
O campeão foi o Sport.
A CBF exigiu o confronto entre os dois, o Flamengo recusou.
A entidade presidida por Octávio Pinto Guimarães foi firme.
Tendo a Fifa como cúmplice fez com que o Sport disputasse a Libertadores.
O time pernambucano ocupou o cargo de campeão brasileiro.
Com medo de sanções, como desfiliação, os dirigentes recuaram.
Acabou o motim pela liga.
O Clube dos 13 se tornou a entidade que negociava com a televisão.
O presidente consultava os clubes e o que conseguisse da tevê era dividido.
A TV Globo ganhava todas as disputas, tinha a prioridade.
Tudo era fechado, sigiloso até.
Quando as outras emissoras tentavam disputar, a questão já estava resolvida.
Mas tudo poderia mudar em 2010.
A emissora carioca soube que outras tevês estavam decididas.
Deveriam fazer uma proposta irrecusável.
Poderiam passar da casa dos bilhões de reais pelos Brasileiros de 2012 a 2014.
Fabio Koff já havia resolvido: todas as propostas seriam entregues ao mesmo tempo.
Seria uma concorrência normal, sem favorecimento.
E aberta, com ampla cobertura da imprensa.
Ricardo Teixeira e a Globo resolveram agir.
Elas eram parceiras íntimas desde 1989, quando Ricardo foi eleito.
Era interesse de Ricardo Teixeira que a Globo continuasse com o futebol.
E Andrés Sanchez teve a promessa de um estádio para o Corinthians.
Sua missão seria apoiar Kléber Leite na disputa da eleição do Clube dos 13.
Iria enfrentar Fábio Koff.
Tinha chances reduzidas, já que não haveria tempo para grandes articulações.
Mas se perdesse, deveria implodir o Clube dos 13.
Sem dó.
Cumprindo a missão, teria a recompensa.
Ou seja: tudo seguiu o roteiro de uma novela.
Foi assim que aconteceu.
Fábio Koff ganhou a eleição de Kléber Leite.
Andrés se aplicou, deu a alma.
A vitória foi apertada, 12 a 8.
A eleição aconteceu em abril de 2010.
Andrés ficou até fevereiro de 2011.
E convenceu os presidentes dos grandes clubes do Brasil a largar o Clube dos 13.
Negociar diretamente com a Globo, como o Corinthians iria fazer.
Garantiu que teriam vantagem.
E eles o seguiram.
Fabio Koff ainda realizou a concorrência.
Os clubes estavam fechados com a Globo.
Seria perda de tempo outras emissoras participarem.
Ninguém entendeu porque os dirigentes resolveram ganhar menos.
Mas assim foi.
Na concorrência só a Rede TV! foi para a briga inútil.
Ofereceu R$ 1,548 bilhão e ficou com as edições de 2012 a 2014.
Isso se as regras valessem.
Na prática não significou nada.
Os clubes nem se importaram em dar satisfação.
Seus presidentes disseram que o Clube dos 13 não os representava mais.
E fecharam diretamente com a Globo.
E o Clube dos 13 perdeu sua razão de ser.
Vitória de Andrés Sanches.
Em março de 2011, o presidente corintiano vibrou.
Sabia que seria premiado.
E em outubro do mesmo ano, a FIFA anunciou o Itaquerão abrindo a Copa.
Com o respaldo do Mundial, o dinheiro público seria fundamental ao estádio.
O dirigente corintiano foi duplamente premiado.
Como revelou explicitamente hoje Alexandre Kalil à ESPN.
No novo contrato, Corinthians e Flamengo são os que mais recebem da Globo.
Ganham R$ 120 milhões por ano.
Mas sem dúvida o clube do Parque São Jorge não tem do que se queixar.
Em mais de cem anos nunca teve um estádio à altura de sua torcida.
Pelo empenho de Andrés Sanchez, como revela o presidente atleticano.
Além de Ricardo Teixeira, houve a parceria de Lula.
O ex-presidente corintiano brigou pelo surgimento do Itaquerão.
Assim que a Fifa declarou que o Morumbi não poderia sediar a Copa.
Pela sua localização e falta de área para a construção de um centro de imprensa.
Dificuldades que surgiram na hora certa.
E abriram brecha para o governo federal trabalhar pelo estádio do Corinthians.
Clube que roubou o coração do então presidente da República.
Não há segredo que o tempo não revele.
Foi o que fez hoje Alexandre Kalil.
Confirmou o que muita gente já sabia.
Mas faltava a voz oficial.
Alguém que acompanhou de dentro toda a implosão do Clube dos 13.
E que tivesse ouvido de Andrés a confissão.
"Kalil, estou ganhando um estádio."
Foi o que o presidente do Atlético Mineiro ouviu.
E tudo se cumpriu.
O Clube dos 13 acabou.
Fabio Koff voltou a ser presidente do Grêmio.
Ricardo Teixeira renunciou.
E vive exilado para Boca Ratón, nos Estados Unidos.
Andrés Sanchez cuida, orgulhoso, do Itaquerão.
Articula também a sua candidatura à CBF.
E a TV Globo continua com o futebol brasileiro a seus pés.
Como acontece desde os tempos da Ditadura Militar...
Dizem que 1968 foi o ano que não terminou. Pode até ser, mas para o torcedor brasileiro apaixonado por futebol, 1987 é o ano que nunca vai terminar. E essa história se repete novamente não apenas como tragédia, mas como farsa. E por trás dessa trama a especialista em novelas segue dissimulando sua estratégia.
Até 1986, os principais clubes pouco lucravam com uma competição longa, desgastante e com péssimos regulamentos. A Confederação Brasileira de Futebol (CBF) se perdia em suas negociatas políticas, prejudicando o espetáculo e a venda do mesmo como produto. Em 1987 a desordem era tanta que o presidente da entidade Octávio Pinto Guimarães decidira não organizar o campeonato nacional de clubes. Em razão disso, e pensando em grandes lucros, 13 dos maiores clubes do país na época (Atlético Mineiro, Bahia, Botafogo, Corinthians, Cruzeiro, Flamengo, Fluminense, Grêmio, Internacional, Palmeiras, Santos, São Paulo e Vasco da Gama), donos de 95% da torcida, criam uma instituição própria chamada Clube dos 13. A principal tarefa era organizar o campeonato de 1987 e gerar bons dividendos para os times (além de fazer frente com a CBF). Varig, Coca-Cola, Editora Abril e a Rede Globo foram os principais patrocinadores da Copa União.
Para não perder a briga, a CBF pressionou os clubes e criou dois campeonatos paralelos: o módulo verde, que reuniu o Clube dos 13 e mais Goiás, Coritiba e Santa Cruz e o amarelo, com 16 times escolhidos pela Confederação. Após a disputa de cada torneio separado, haveria uma final entre os campeões e vices de cada módulo. Como o Clube dos 13 não aceitava esta regra, Flamengo e Internacional (campeão e vice do verde) não disputaram as finais com Sport e Guarani e o time de Recife foi considerado campeão nacional depois de vencer o time de Campinas. Assim, a Copa União terminou mal e o resultado foi parar na justiça. No último dia 21 de fevereiro, 24 anos depois, em mais uma jogada duvidosa, a CBF reconheceu o Flamengo como um dos campeões daquele ano, ao lado do Sport.
Apesar de toda confusão, a união dos clubes contra o desmandos da CBF se tornou um excelente exemplo de organização lucrativa do futebol, aliado aos bons resultados de público – que até hoje é a segunda melhor média da história, além de ser o campeonato mais debatido, estudado e comentado.
A TV Globo ficou bastante satisfeita com a audiência e o retorno financeiro foi imediato. Desde então a emissora vem negociando diretamente com o Clube dos 13 a exclusividade nas transmissões. Entretanto, passados mais de 20 anos, o que se viu não foi um avanço em relação à transmissão e o fortalecimento do futebol como esporte e cultura. Pelo contrário: a exclusividade deu a Globo um retorno financeiro sem tamanho, desbancando toda a concorrência em relação à audiência e contratos publicitários, aumentando ainda mais seu poder de barganha na hora de negociar novos contratos. A transmissão dos jogos, que em 1987 era decidida por sorteio 15 minutos antes das partidas, passou a ser concentrada pela Globo nos jogos de Flamengo e Corinthians, enquanto a diversidade do futebol brasileira fica restrita ao sistema de TV paga. Além da criação de horários esdrúxulos para a prática do futebol, como os de 21h50.
Em 2011, 1987 retornou. E não apenas como tragédia. Após o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (CADE) decidir agir contra o monopólio das transmissões, obrigando o Clube dos 13 e a Globo a acabarem com a garantia que emissora tinha de sempre vencer as “licitações” pelos jogos, a disputa no futebol nacional passou a se esconder por trás do campeão de 1987. A taça das bolinhas virou motivo de discórdia entre o Clube dos 13 e um álibi para Ricardo Teixeira, atual presidente da CBF, e para a Rede Globo. Em tempos de crescimento vertiginoso da emissora do bispo Macedo, a Rede Record entra na disputa pelos direitos de transmissão como franca favorita e não está só nesta briga. Telefônica, Oi e GVT tem capital de sobra para brigar pelas transmissões de TV por assinatura e internet.
Não sendo mais unanimidade entre os times e a direção do Clube dos 13, a Rede Globo tem alardeado que o campeonato brasileiro não é tão lucrativo como antigamente e não pretende fazer uma proposta maior que a atual – em torno de 850 milhões de reais – para garantir a exclusividade de transmissão em todas as mídias. No entanto, o que se vê nos bastidores é uma atitude bastante diferente. Mesmo que a Lei Pelé (Lei 6915/98) tenha permitido a criação de ligas independentes das federações, a CBF ainda mantém um poder muito grande na organização do futebol brasileiro, tanto que no ano passado Ricardo Teixeira articulou uma chapa pró-CBF para a presidência do Clube dos 13 e impediu qualquer projeto de criação de uma liga independente. E hoje existe ainda uma relação muito estreita entre os interesses da Confederação e da Rede Globo, já que esta mantém contratos de exclusividade nas transmissões das partidas da seleção e das Copas do Mundo.
Flamengo, Fluminense, Botafogo, Vasco e Corinthians já decidiram que vão negociar suas cotas de transmissão em separado e ameaçam uma grande ruptura com o Clube dos 13. O que isso significa? Impedir a criação de uma nova liga dos clubes brasileiros? Influir na sucessão de Teixeira na CBF? Significa que a Globo não vai acatar a decisão coletiva do Clube dos 13 e, por meio de uma manobra, vai passar por cima da resolução do CADE. Tudo conforme o padrão Globo de qualidade, contando com o arranjo de Ricardo Teixeira.
Assim, o Clube dos 13 caminha para se dividir em dois. Outros clubes devem se unir aos cariocas e ao Corinthians e os demais manteriam sua antiga organização em torno do Clube dos 13. Nesse jogo, definitivamente, a família Marinho não gosta de perder e utiliza da velha estratégia de guerra: “dividir para conquistar”.
(*) Max Dias é jornalista, mestre em história e associado ao Intervozes – Coletivo Brasil de Comunicação Social. Gésio Passos é jornalista, membro da Comissão de Liberdade de Imprensa do Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Distrito Federal e também associado ao Intervozes. Matéria publicada originalmente no Observatório do Direito à Comunicação.
Leia mais:http://comunicatudo.blogspot.com/2011/03/o-jogo-que-globo-nao-quer-perder-ou-o.html#ixzz3eBsJTWlf Under Creative Commons License:Attribution Non-Commercial No Derivatives
1987: O ANO SEM CAMPEÃO
Vinte e cinco anos depois, Carlos Miguel Aidar, um dos principais responsáveis pela
montagem do Clube dos 13, presidente do novo grupo e então presidente do São Paulo,
lembrou a ideia de que partiu para começar a mudar o rumo do futebol brasileiro, além de
detalhes daquela reunião no Morumbi.
“Eu era presidente do São Paulo Futebol Clube. Era o primeiro ano do meu segundo
mandato, na época os mandatos eram de dois anos. Na véspera de uma reunião da
Associação dos Presidentes, eu reuni alguns presidentes de clube, os quatro maiores de São
Paulo, os quatro do Rio, dois de Minas e dois de Porto Alegre. Chamei eles de lado e falei:
‘Olha, eu não vou ficar mais. Eu, São Paulo Futebol Clube, não vou ficar mais nessa entidade,
porque ela não serve para nada. Não atende aos meus interesses, os interesses são
conflitantes’. Não só isso. Havia várias razões. Quando eu tive essa ideia, eu tive porque eu
estava indo para algum lugar, ouvindo rádio (porque dentro do carro fico procurando jornal,
notícia de esporte), e eu ouvi uma entrevista do então presidente da CBF, Otávio Pinto
Guimarães. E ele dizia que a CBF não teria condição de realizar o Campeonato Brasileiro,
porque não tinha dinheiro para fazer, não tinha como garantir a viagem dos clubes, a
remuneração dos árbitros, a hospedagem dos clubes, o transporte... Aquilo me deu a ideia.
Se ele não pode fazer, vamos fazer nós, porque nós temos condição. E, em razão disso, eu
sugeri que nós montássemos uma entidade. A ideia partiu de mim. Houve uma indagação:
‘Mas o que é que nós vamos fazer com a reunião?’. E eu falei que eu ia na reunião pedir
minha desfiliação: ‘Não vou explicar a razão e não vou mais ficar nessa entidade.”
Segundo Aidar, os presidentes pareceram concordar com a ideia e também combinaram
de cortar os vínculos de seus clubes com a Associação dos Presidentes de Clubes de Futebol,
de modo a ficarem livres para formar um novo grupo com os times mais expressivos do país.
“A ideia era de nos juntarmos e formarmos uma entidade nossa, que atendesse aos nossos
interesses de clube grande. Façamos pesquisas oficialmente, saiamos vendendo
coletivamente a imagem, vendendo patrocínio, fazendo a coisa juntos. Assim nós íamos
ganhar muito mais.” No dia seguinte, durante a reunião, os doze mandatários, encabeçados
por Aidar, pediram a desfiliação e voltaram para seus estados de origem....
Esse livro conta a história da criação do clube dos 13...
Não tem livros que contam o fim do clube dos 13...
Grande parte de quem assiste futebol pela TV deve se perguntar: “Por que tanto jogo do Corinthians e do Flamengo na TV?”, isso se define pelas chamadas cotas de TV”. No Brasil quem negociava com a emissora detentora dos direitos era o Clube dos 13, fundado em 1987 (ano da Copa União) exclusivamente para cuidar dessa negociação dos direitos de imagem dos clubes com a televisão, passando a cuidar disso a partir do Campeonato Brasileiro de 1988. O presidente da tal instituição era Fabio Koff, hoje mandatário do Grêmio.
Em 1997, Coritiba, Goiás e Sport passaram a fazer parte do grupo. Dois anos depois, Atlético-PR, Guarani, Portuguesa e Vitória também foram incorporados. Em 2000, a CBF teve problemas jurídicos e foi o C-13 quem organizou a Copa João Havelange, dividida em quatro módulos, totalizando 116 times de três divisões. O Clube dos 13 teve seu fim em 2011 após o Corinthians pedir desfiliação por não concordar com a forma em que a entidade estava negociando os direitos de transmissão do Campeonato Brasileiro para os anos de 2012, 2013 e 2014 com os diversos meios de comunicação interessados.
Na distribuição de direitos de imagens pela Cota de TV, a Série B não foi tão ruim assim para o Palmeiras no ano passado: o clube foi o terceiro que mais lucrou em 2013, ficando atrás apenas dos maiores detentores, que são Flamengo e Corinthians -o primeiro levou R$ 111 milhões e o segundo, R$ 103. O Palmeiras, com a Série B, foi o terceiro que mais ganhou com TV, com R$ 76 milhões, sendo assim o clube da Série B que mais lucrou
Em quarto aparece o São Paulo com R$ 72 milhões, seguido de Atlético-MG com R$ 71 milhões (impulsionado pela campanha do título inédito da Libertadores) e em sexto lugar aparece o Vasco, que lucrou R$ 66 milhões em 2013 ainda na Série A – se ocorrer o mesmo que aconteceu com o Palmeiras no ano passado, o Vasco deve ser um dos clubes que mais devem lucrar com as transmissões em 2014.
Abaixo a lista dos dez clubes que mais lucraram em 2013 com cotas de TV:
Flamengo – R$ 111 milhões
Corinthians – R$ 103 milhões
Palmeiras – R$ 76 milhões
São Paulo – R$ 72 milhões
Atlético-MG – R$ 71 milhões
Vasco – R$ 66 milhões
Cruzeiro – R$ 60 milhões
Fluminense – R$ 57 milhões
Grêmio – R$ 55 milhões
Internacional – R$ 54 milhões
A diferença entre os clubes se deve, sobretudo ao fato de que o único critério utilizado pela Globo, emissora detentora dos direitos de transmissão do Campeonato Brasileiro e que negocia com as agremiações, é a audiência. E a diferença deve aumentar ainda mais, já que a previsão para o novo contrato firmado, a partir de 2016, é de que Corinthians e Flamengo passem a receber nada menos que R$ 170 milhões.
O São Paulo deve lucrar, no máximo, R$ 110 milhões. Se for comparado a outros clubes menores, a distância é ainda mais absurda. Chapecoense, Criciúma e Figueirense, por exemplo, precisam sobreviver com cotas que variam de R$ 15 milhões a R$ 20 milhões.
Apesar de o Palmeiras ser o clube que mais lucrou com receita de transmissão da TV em 2013 com a Série B, os clubes mais insatisfeitos com a situação, são os da própria Série A, competição que, em 2014, terá duração de mais de sete meses. Clubes tradicionais, como Ceará, Náutico, Ponte Preta, Portuguesa e Santa Cruz precisam se virar com uma cota de apenas R$ 2,7 milhões, dividida em dez parcelas. Fato que só tem contribuído para os atrasos salariais em praticamente todos os times da divisão. O presidente da Portuguesa, Ilídio Lico, revelou recentemente que a situação do clube é quase insustentável. A Ponte Preta, depois de muitos anos, voltou a conviver com a rotina de salários atrasados.
Nas séries menores (C e D), a situação é muito mais desanimadora: são 61 clubes sendo 20 na Série C e 41 na D. As duas divisões não possuem cotas, há apenas uma ajuda de custo para os clubes por parte da CBF, com pagamento de viagens, traslados, hospedagens e taxas de arbitragem. Apesar da cobrança pela revisão de distribuição de cotas, a única resposta que os clubes menores das série B, C e D tiveram foi a promessa de um fórum para discutir sobre o caso, mas ainda não é certo se tudo isso sairá do papel.
O que está em risco de acontecer por aqui é o que acontece na Espanha, onde Real Madrid e Barcelona ganham 34% da cota destinada a TV, e os outros 38 clubes da primeira e segunda divisões de lá dividem entre si os outros 66%. Já na Inglaterra, 70% das cotas são divididas igualmente para os 20 clubes, outros 15% são de acordo com a performance no ano anterior, e por fim, os 15% restantes são pagos de acordo com a audiência. Como aqui não há uma liga que administra o Brasileirão, é utilizado o sistema “cada um por si e Deus para todos”… Ou seja, os clubes conversam individualmente com a detentora dos direitos televisivos (no caso no Brasil a Globo), que utiliza critérios próprios, baseados apenas em audiência como dito anteriormente.
Com os times pequenos mais fortes, a Premier League consegue montar uma competição com mais qualidade. Tanto que mesmo times como Cardiff ou Fulham contam com jogadores de seleções nacionais. No Brasileirão, os pequenos e até mesmo os grandes sofrem para manter os salários em dia e também para ter jogadores na Seleção Brasileira, a grande prova disso é que na Copa do Mundo em 2014 não havia jogador algum dos clubes paulistas no elenco.
Confira a divisão de cotas na Premier League (2013/2014):
1) Liverpool: R$ 362 milhões
2) Manchester City: R$ 359 milhões
3) Chelsea: R$ 349 milhões
4) Arsenal: R$ 345 milhões
5) Tottenham: R$ 333 milhões
6) Manchester United: R$ 331 milhões
7) Everton: R$ 316 milhões
8) Newcastle: R$ 287 milhões
9) Southampton: R$ 286 milhões
10) Stoke City: R$ 281 milhões
11) Swansea: R$ 275 milhões
12) West Ham: R$ 274 milhões
13) Crystal Palace: R$ 272 milhões
14) Aston Villa: R$ 270 milhões
15) Sunderland: R$ 266 milhões
16) Hull City: R$ 249 milhões
17) West Brom: R$ 244 milhões
18) Norwich: R$ 240 milhões
19) Fulham: R$ 235 milhões
20) Cardiff: R$ 230 milhões
E os valores estabelecidos para o novo contrato de transmissão para 2016:
1) Flamengo e Corinthians: R$ 170 milhões
2) São Paulo: R$ 110 milhões
3) Vasco e Palmeiras: R$ 100 milhões
4) Santos: R$ 80 milhões
5) Cruzeiro, Atlético-MG, Grêmio, Internacional, Fluminense e Botafogo: R$ 60 milhões
6) Atlético-PR, Bahia, Coritiba, Goiás, Sport e Vitória: R$ 35 milhões
7) Demais clubes: Entre R$ 25 milhões e R$ 30 milhões
O Vasco recebe R$ 70 milhões mesmo na Série B e, caso não suba, terá direito a apenas uma porcentagem do valor em 2015.
Nos outros países da América do Sul, os clubes que mais ganham com cotas de TV não chegam perto do que Flamengo e Corinthians ganham aqui no Brasil. Boca e River Plate ganham cerca de R$ 22 milhões, Independiente, Racing, Velez e San Lorenzo entre R$ 10 milhões e 16 milhões, no México, Chivas Guadalajara e América levam R$ 60 milhões, Monterrey, R$ 20 milhões, e Santos Laguna, R$ 16 milhões. Uruguai, Peru e Equador são os países que menos pagam cotas de TV para os chamados “grandes”: o Peñarol recebe R$ 6 milhões, o Alianza Lima, R$ 8 milhões, Universitário, R$ 7 milhões, Juan Aurich e Cesar Vallejo, R$ 4 milhões, e o caso que mais impressiona é no Equador: Barcelona de Guayaquil ganha somente R$ 4 milhões, enquanto LDU e Emelec levam R$ 3,8 milhões.
Estava aqui pensando: não seria melhor e mais justa a volta do Clube dos 13? Ou até a criação de uma nova instituição para cuidar exclusivamente da negociação dos direitos de transmissão na TV? É um caso a se pensar, pois a superexposição de Corinthians e Flamengo na TV acaba prejudicando até os próprios clubes.
Quem é que vai mudar o futebol brasileiro?
Jogadores, jornalistas e torcedores preocupados cobram uma reestruturação que valorize o esporte mais popular do país, mas os desafios para essa evolução são grandes
porGlauco Faria e Nicolau Soarespublicado01/11/2014 14:51
CARLOS VILLALBA RACINE/EFE
Os 7 a 1 daquele 8 de julho foram a gota d’água para comentaristas, jornalistas e torcedores clamarem por mudanças que, até agora, parecem longe de se vislumbrar. É preciso lembrar, porém, que se a seleção reflete a desestruturação do futebol no país, não é o seu retrato mais fidedigno. Basta lembrar que o Brasil foi campeão mundial duas vezes (1994 e 2002) com Ricardo Teixeira na presidência da Confederação Brasileira de Futebol (CBF) e a finalista Argentina teve seu futebol comandado desde 1979 pelo cartola Julio Grondona, morto em agosto. Os números mostram que os problemas de comando do esporte mais popular do planeta foram mascarados por resultados eventuais.
A ausência de torcedores desvaloriza o espetáculo e tira dos clubes brasileiros uma fonte preciosa de receita. Um ranking com as 13 principais agremiações do país feito pelo consultor de marketing e gestão esportiva Amir Somoggi, baseado em balanços financeiros de 2013, mostra que as bilheterias rendem menos aos clubes do que a venda dos direitos federativos de atletas, cotas de TV, patrocínio e publicidade, e quadro social, cerca de 10% das receitas. Algo ainda distante dos principais clubes europeus, que faturam entre 25% e 30% de suas receitas com o público nos estádios.
A melhor média de público dos campeonatos brasileiros recentes aconteceu em 1987, ano em que se experimentou o embrião do que poderia ser uma solução para o fortalecimento do esporte no Brasil: a Copa União, ocasião única em que os clubes brasileiros decidiram tomar a frente da organização do campeonato.
A Copa União nasceu em um momento de crise política e financeira da CBF, que anunciou em junho de 1987 que não teria recursos para realizar o campeonato nacional naquele ano. Nesse momento, 13 dos clubes mais tradicionais do país (os grandes de São Paulo, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul e Minas Gerais, mais o Bahia) articulam a da União dos Grandes Clubes Brasileiros, o Clube dos 13. “Pela primeira vez, o torneio foi tratado como produto, com licenciamento da marca e cuidado para promover cada rodada como se fossem grandes eventos”, avalia o jornalista Ubiratan Leal, em artigo no site Balípodo.
CELSO PUPO/FOTOARENA/
Brasil tem média de público menor que EUA e China
O poder da TV
A proposta do Clube dos 13 era ser uma liga que reunisse apenas os seus membros, com maior capacidade de mobilizar recursos e público para garantir um campeonato financeiramente sustentável. A CBF apoiou a iniciativa e teve como única exigência a inclusão de mais três clubes. Foram convidados Coritiba, Santa Cruz (PE) e Goiás, clubes mais populares de seus estados. O torneio teve patrocínio da Rede Globo, Coca-Cola e Varig.
No entanto, a decisão de deixar de fora clubes bem classificados no ano anterior, como América-RJ, Guarani, Portuguesa e Sport Recife deixou muitos descontentes e a CBF encontrou aí a brecha para recuperar terreno, criando uma celeuma que dura até hoje sobre quem seria o campeão daquele ano. O Flamengo, vencedor da Copa União, ou o Sport, que triunfou na competição que a CBF acabou organizando.
A média de pagantes naquele ano foi de 20.877, a segunda maior da história do campeonato nacional. Somado ao dinheiro de patrocinadores, o resultado apontou para a viabilidade de uma liga organizada pelos próprios clubes. É o caso das competições nacionais mais valorizadas do mundo: a liga inglesa, com valor de € 3,6 bilhões; a espanhola, € 2,5 bilhões; a alemã, € 2,3 bilhões; e a italiana, € 2,1bilhões. O brasileirão aparece na décima posição, valendo € 672 milhões, atrás de França, Rússia, Turquia, Portugal e Ucrânia, todos campeonatos organizados pelos próprios clubes.
Aqui, o embrião surgido não avançou. O Clube dos 13 rapidamente aliou-se à CBF, que voltou a ser a organizadora do Brasileiro em 1988. Depois disso, a associação dos clubes deixou de lado o plano de controlar sua própria liga e passou a atuar principalmente na venda dos direitos de transmissão para a televisão – tema que, anos mais tarde, seria o motivo de seu fim.
KAI FÖRSTERLING/EFE
Torcedores e clubes e torcedores, reféns da grade e do dinheiro da TV
A TV é outro grande pilar da estrutura do futebol brasileiro. Os direitos de transmissão são a principal fonte de recursos dos clubes, que dá enorme poder para a Rede Globo, como demonstrado em 2011, levando ao fim do Clube dos 13. A polêmica se iniciou com a derrubada, pelo Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade, do Ministério da Justiça), de uma cláusula preferencial no contrato assinado pelo Clube dos 13 com a Globo, que permitia à empresa negociar antecipadamente a renovação do contrato e cobrir eventuais propostas de concorrentes – na prática, inviabilizando a concorrência. Com a derrubada, o Clube dos 13 organizou um processo de licitação para negociar as temporadas de 2012, 2013 e 2014.
A Globo reagiu e passou a negociar individualmente com os clubes, que iniciaram um movimento de debandada. O Corinthians foi o primeiro a se desligar, no que foi seguido pelo Botafogo. Com o tempo, todos os times definiram sua situação com a antiga parceira, num modelo novo e mais desigual de negociação, que ampliou drasticamente a diferença paga entre os 12 clubes de maior torcida (em especial Corinthians e Flamengo) e os demais. Para Amir Somoggi, a distribuição pode ser um problema, ainda que seja normal que os clubes grandes ganhem mais.
“Na Inglaterra, o formato não permite tamanha discrepância como no Brasil. Clubes de ponta como Manchester United e City não ganham 2,5 mais que do que o clube que menos ganha”, afirma. Segundo ele, a fórmula adotada pelos ingleses prevê que 50% do volume seja fixo para todos os clubes, e 50% é dividido em dois grupos de 25% cada: um que premia por desempenho – e que deveria ser implementado no Brasil, de acordo com ele – e a outro correspondente ao número de jogos transmitidos.
As medidas visam a competitividade e valorizam a Premier League como um todo – beneficiando o conjunto dos clubes. “O Manchester United, por exemplo, vai ter mais partidas transmitidas, só que se exige um mínimo de jogos transmitidos pra cada clube. A liga inglesa controla tudo, é responsável pela competição e pela marca Premier League”, explica.
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O Bom Senso foi uma rara iniciativa a denunciar de maneira mais organizada as más condições de trabalho
Mobilização
Outra opção da CBF que prejudica os clubes é o calendário do futebol brasileiro. Mas não veio deles uma reação. A divulgação do calendário causou uma movimentação de atletas dos principais clubes do país no ano passado, resultando na formação do Bom Senso FC, primeira associação que reúne jogadores de futebol em prol de melhorias no esporte. A questão das datas das competições está longe de ser trivial e é ligada intimamente às relações de poder exercidas pela confederação. A estrutura que sustenta a CBF envolve as federações estaduais. O dirigente máximo do futebol brasileiro é eleito por apenas 47 votos: os presidentes das 27 federações e dos 20 clubes da primeira divisão.
As negociações passam por uma relação de favores entre CBF e suas congêneres nos estados. O principal trunfo é o calendário, que mantém um grande espaço para os cada vez mais esvaziados campeonatos estaduais. A média de público nos campeonatos locais é um dos termômetros para o desinteresse. Os 25 principais fecharam 2013 com público médio de 2.526 pagantes por jogo, 9,4% a menos que o registrado em 2012 (2.790). O campeonato mineiro, que teve o melhor desempenho, apresentou média de 6.451 torcedores por jogo.
Mesmo assim, os torneios se mantêm. O Bom Senso FC denuncia o exagerado número de partidas que os times precisam cumprir a cada ano, muito acima de seus concorrentes europeus, expondo jogadores a uma carga de trabalho elevada e forçando os clubes a manter elencos inchados para dar conta de contusões e suspensões.
Em 2013, o Bayern de Munique, que disputou todos os jogos possíveis em seu país no ano passado, tendo sido campeão de três das quatro competições que disputou, fez 59 partidas. Já o Corinthians fez 75 jogos oficias na temporada, 27% a mais que os alemães, isso porque foi eliminado precocemente da Libertadores e da Copa do Brasil – se tivesse avançado até o final em todas as competições, teria feito 85 jogos no ano, 44% a mais. Do total de jogos, 23 foram no campeonato paulista.
“Há diversas maneiras de se agradar as federações, mas nada lhes dá mais prazer, estabilidade e consequente apoio ao ‘candidato’ à CBF, do que a manutenção dos estaduais. Se você prometer não tocar na galinha dos ovos de ouro, nenhum mal lhe acometerá”, afirmou o zagueiro Paulo André, uma das lideranças do Bom Senso, em sua conta no Facebook. Segundo ele, a receita das federações cresceu, em média, 25% em 2013 se comparada com o ano anterior.
“No total, a soma das arrecadações dessas entidades atingiu R$ 132 milhões, mesmo com a decadência técnica e de público dos campeonatos. A Federação do Rio de Janeiro, por exemplo, aumentou 32% de sua receita de 2012 para 2013. Apesar disso, 80% dos clubes da primeira divisão tiveram prejuízo durante o período da competição. Ora, para quem serve esse formato?”, questiona o jogador.
O Bom Senso tem se movimentado para tentar alterar essa situação e já elaborou propostas como o estabelecimento de um número de partidas mais equilibrado entre os clubes grandes – que hoje disputam partidas em excesso – e os pequenos – que passam a maior parte do ano excluídos do calendário.
A CBF divulgou alterações no calendário para 2015, prevendo 25 dias para pré-temporada e diminuindo os estaduais de 23 para 19 datas. O Bom Senso FC considerou que o calendário “não foi reestruturado, apenas espremido”, sem resolver problemas como a escassez de jogos para times do interior. Ainda segundo a associação, o limite imposto de 65 partidas por jogador na temporada é um “me engana que eu gosto”, pois defende que reestruturar o calendário dos clubes não é só limitar o número de jogos dos atletas.
Os membros do Bom Senso já se encontraram com a presidenta Dilma Rousseff, conversaram com o Ministério do Esporte e também foram ao Legislativo. É aí que se trava uma de suas mais recentes batalhas.
O Projeto de Lei 5.201/13, originalmente chamado Programa de Fortalecimento dos Esportes Olímpicos (Proforte) e que se tornou a Lei de Responsabilidade Fiscal do Esporte, está sendo discutido na Câmara dos Deputados e deve voltar à pauta dos parlamentares depois das eleições.
O objetivo é resolver o problema da dívida dos clubes com o fisco, valor estimado em R$ 3,7 bilhões, mas que pode ser maior. De acordo com o projeto, que tem a relatoria do deputado federal Otavio Leite (PSDB-SP), os clubes teriam 25 anos para quitar obrigações com a Receita Federal, a Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional, o Banco Central e pendências com o Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS). No prazo de até um mês antes de uma competição, os clubes deverão apresentar certidão negativa de débito (CND) para poder participar. Casonão tenha sido honrado o acordo de refinanciamento, o projeto prevê o rebaixamento como punição.
Em seu site, o Bom Senso critica o fato de essa ser tida como a única possibilidade de sanção. “Defendemos o rebaixamento em caso de não apresentação da CND, mas não podemos contar apenas com isso. Precisamos de mais instrumentos de fiscalização e mais tipos de punição, para não punir apenas os Málagas, mas também os Real Madris e Barcelonas”, defende a associação.
A entidade sustenta que as certidões não garantem o pagamento das dívidas, apenas que os devedores negociaram com seus credores. “Muitos clubes recebem, por exemplo, patrocínio da Caixa Econômica Federal, empresa pública que exige a CND. E nem por isso estão em dia com as suas dívidas fiscais”, diz a entidade. “Se for aprovada como está, a lei não punirá nenhum clube”, diz o Bom Senso, que se posiciona pela aprovação da lei ressaltando ainda que as “contrapartidas aos clubes precisam ser mais rigorosas e fiscalizadas”. A entidade quer incluir a possibilidade de rescisão do contrato do atleta que tiver seu pagamento de direitos de imagem atrasado por período superior a três meses.
Há ainda outros pontos de divergência, como a aplicação da Taxa de Juros de Longo Prazo (TJLP) para o pagamento das dívidas, que é de 5%, enquanto o governo pretende que ele se dê pela Taxa Selic, hoje em 11%. O especialista em Gestão Esportiva Pedro Trengrouse, da Fundação Getúlio Vargas (FGV), acredita que é necessário também responsabilizar as confederações e federações pela situação financeira dos clubes. “No Rio de Janeiro, no campeonato estadual, nos 120 jogos da primeira fase, os clubes tiveram um prejuízo acumulado de R$ 500 mil, enquanto a federação arrecadou R$ 800 mil nesses mesmos jogos”, disse à Agência Câmara.
Algo que fica claro em todas as etapas da discussão é a responsabilidade dos dirigentes na atual situação do futebol brasileiro, seja nas federações ou nos clubes. “Perceba que quem quer a mudança são as pessoas e as entidades que estão fora do sistema.
Os dirigentes se posicionam de forma alheia a este processo, pois olham tão somente para a proteção dos interesses dos seus grupos e, por contadisso, resistem à inovação, que poderia desarrumar o controle que possuem atualmente”, avalia Geraldo Campestrini, consultor em marketing esportivo e colunista da Universidade do Futebol. Ele destaca a importância da ação dos atletas. “As grandes mudanças no sistema ocorridas no esporte pelo mundo surgiram de atletas a partir do momento que assumiram posições mais drásticas, como greves ou ações individuais ou coletivas na Justiça”, aponta.
Culpa da Lei Pelé?
Quando está em discussão a dificuldade até de clubes grandes para segurar jogadores, muitos a atribuem à Lei 9.615/98, ou Lei Pelé. Mas será? “A Lei Pelé é o resultado de um processo que se iniciou com base na Lei Zico, de 1993, que trazia conceitos de uma legislação mais modernizante com pontos como a auditoria de clubes e possibilidade de transformação do clube em empresa, por exemplo. Isso era parte da lei, que incorporou um movimento que veio da Europa, onde o passe acabou e em seu lugar foi instituído um contrato de trabalho entre clube e jogador”, explica Amir Somoggi.
O episódio envolvendo o jogador belga Jean Marc Bosman é um marco em relação às transferências de atletas. Depois de encerrar seu contrato com o Liège, da Bélgica, o meia foi impedido de se transferir para o francês Dunkerke, por conta de seu passe pertencer ao clube de seu país natal. Ele foi à Justiça e venceu. Com todos os países adaptando suas legislações à decisão, atletas e seus agentes e empresários ganharam maior poder de barganha. Isso foi sentido mais em alguns países do que em outros.
“O problema da lei foi dar muita liberdade dentro de uma estrutura que era arcaica, e ainda hoje é”, explica Somoggi. “Mas a lei foi publicada em 1998 e entrou em vigor em março de 2001, ou seja, houve tempo para os clubes se prepararem, mas eles não o fizeram”, aponta. Como exemplo, Somoggi lembra os casos das saídas de Diego e Robinho do Santos, em 2004 e 2005. “A diretoria do clube deu fatias dos direitos econômicos para os atletas nas negociações, algo ao qual não se viu obrigado. O Santos cedeu porque a negociação estava emperrada. No geral, se fizermos as contas na ponta do lápis, os clubes perdem por conta própria, não por conta do fim da Lei do Passe”, sustenta.
Se as parcerias com empresários ou grupos financeiros podem ajudar a manter atletas de ponta nos clubes grandes, por outro lado diminuem a receita com a transferência do jogador mais adiante. A agremiação ganha no curto prazo, mas perde no longo.
Eu te disse...
Eu te disse...
Mas eu te disse....
K K K
Outro dia discutindo sobre as manifestações do dia 15, sobre crise do governo e a corrupção da Petrobrás eu perguntei a ele se tinha acompanhado a CPI da Dívida Pública. Então ele me respondeu: Eu lá estou falando de CPI?! Não me lembro de ter falado de CPI nenhuma! Estou falando da roubalheira... A minha intenção era dizer que apesar de ter durado mais de 9 meses e de ter uma importância impar nas finanças do país, a nossa grande mídia pouco citou que houve a CPI e a maioria da população ficou sem saber dela e do assunto... Portanto não quis fugir do assunto... é o mesmo assunto: é a política, é a mídia, é a corrupção, são as eleições, é a Petrobras, a auditoria da dívida pública, democracia, a falta de educação, falta de politização, compra de votos, proprina, reforma política, redemocratização da mídia, a Vale, o caso Equador, os Bancos, o mercado de notícias, o mensalão, o petrolão, o HSBC, a carga de impostos, a sonegação de impostos,a reforma tributária, a reforma agrária, os Assassinos Econômicos, os Blog sujos, o PIG, as Privatizações, a privataria, a Lava-Jato, a Satiagraha, o basômetro, o impostômetro, É tudo um assunto só!...