Melhor Filme
“A Grande Aposta”
“Ponte dos Espiões”
“Brooklyn”
“Mad Max”
“Perdido em Marte”
“O Regresso”
“O Quarto de Jack”
“Spotlight”
“Ponte dos Espiões”
“Brooklyn”
“Mad Max”
“Perdido em Marte”
“O Regresso”
“O Quarto de Jack”
“Spotlight”
Melhor Ator
Bryan Cranston (“Trumbo”)
Matt Damon (“Perdido em Marte”)
Leonardo DiCaprio (“O Regresso”)
Michael Fassbender (“Steve Jobs”)
Eddie Redmayne (“A Garota Dinamarquesa”)
Matt Damon (“Perdido em Marte”)
Leonardo DiCaprio (“O Regresso”)
Michael Fassbender (“Steve Jobs”)
Eddie Redmayne (“A Garota Dinamarquesa”)
Melhor Atriz
Cate Blanchett (“Carol”)
Brie Larson (“O Quarto de Jack”)
Jennifer Lawrence (“Joy”)
Charlotte Rampling (“45 anos”)
Saoirse Ronan (“Brooklyn”)
Brie Larson (“O Quarto de Jack”)
Jennifer Lawrence (“Joy”)
Charlotte Rampling (“45 anos”)
Saoirse Ronan (“Brooklyn”)
Melhor Diretor
Alejandro G. Iñarritu (“O Regresso”)
Tom McCarthy (“Spotlight”)
George Miller (“Mad Max: A Estrada da Fúria”)
Adam McKay (“A Grande Aposta”)
Lenny Abrahamson (“O Quarto de Jack”)
Tom McCarthy (“Spotlight”)
George Miller (“Mad Max: A Estrada da Fúria”)
Adam McKay (“A Grande Aposta”)
Lenny Abrahamson (“O Quarto de Jack”)
Melhor Atriz Coadjuvante
Jennifer Jason Leigh (Os Oito Odiados)
Rooney Mara (Carol)
Rachel McAdams (Spotlight)
Alicia Vikander (A Garota Dinamarquesa)
Kate Winslet (Steve Jobs)
Rooney Mara (Carol)
Rachel McAdams (Spotlight)
Alicia Vikander (A Garota Dinamarquesa)
Kate Winslet (Steve Jobs)
Melhor Ator Coadjuvante
Christian Bale (A Grande Aposta)
Tom Hardy (O Regresso)
Mark Ruffalo (Spotlight)
Mark Rylance (Ponte dos Espiões)
Sylvester Stallone (Creed – Nascido para Lutar)
Tom Hardy (O Regresso)
Mark Ruffalo (Spotlight)
Mark Rylance (Ponte dos Espiões)
Sylvester Stallone (Creed – Nascido para Lutar)
Melhor Animação
“Anomalisa”
“O Menino e o Mundo”
“Divertida Mente”
“Shaun, o carneiro”
“Quando estou com Marnie”
“O Menino e o Mundo”
“Divertida Mente”
“Shaun, o carneiro”
“Quando estou com Marnie”
Melhor Filme Estrangeiro
“Embrace of the Serpent” (Colômbia)
“Cinco Graças” (França)
“O filho de Saul” (Hungria)
“Theeb” (Jordânia)
“A War” (Dinamarca)
“Cinco Graças” (França)
“O filho de Saul” (Hungria)
“Theeb” (Jordânia)
“A War” (Dinamarca)
Melhor Trilha Sonora
“Ponte dos Espiões”
“Carol”
“Os 8 Odiados”
“Sicario”
“Star Wars”
“Carol”
“Os 8 Odiados”
“Sicario”
“Star Wars”
Melhor Roteiro Adaptado
“A Grande Aposta”
“Brooklyn”
“Carol”
“Perdido em Marte”
“O Quarto de Jack”
“Brooklyn”
“Carol”
“Perdido em Marte”
“O Quarto de Jack”
Melhor Roteiro Original
“Ponte dos Espiões”
“Ex Machina”
“Divertida mente”
“Spotlight”
“Straight Outta Compton”
“Ex Machina”
“Divertida mente”
“Spotlight”
“Straight Outta Compton”
Melhor Design de Produção
“Ponte dos Espiões”
“A Garota Dinamarquesa”
“Mad Max”
“Perdido em Marte”
“O Regresso”
“A Garota Dinamarquesa”
“Mad Max”
“Perdido em Marte”
“O Regresso”
Melhor Fotografia
“Carol”
“Os Oito Odiados”
“Mad Max”
“O Regresso”
“Sicario”
“Os Oito Odiados”
“Mad Max”
“O Regresso”
“Sicario”
Melhor Figurino
“Carol”
“Cinderela”
“A Garota Dinamarquesa”
“Mad Max”
“O Regresso”
“Cinderela”
“A Garota Dinamarquesa”
“Mad Max”
“O Regresso”
Melhores Efeitos Visuais
“Ex Machina”
“Mad Max”
“Perdido em Marte”
“O Regresso”
“Star Wars”
“Mad Max”
“Perdido em Marte”
“O Regresso”
“Star Wars”
Melhor Montagem
“A Grande Aposta”
“Mad Max”
“O Regresso”
“Spotlight”
“Star Wars”
“Mad Max”
“O Regresso”
“Spotlight”
“Star Wars”
Melhor Edição de Som
“Mad Max”
“Perdido em Marte”
“O Regresso”
“Sicario”
“Star Wars”
“Perdido em Marte”
“O Regresso”
“Sicario”
“Star Wars”
Melhor Mixagem de Som
“Ponte dos Espiões”
“Mad Max”
“Perdido em Marte”
“O Regresso”
“Star Wars”
“Mad Max”
“Perdido em Marte”
“O Regresso”
“Star Wars”
Melhor Curta de Animação
“Bear Story”
“Prologue”
“Sanjay’s Super Team”
“We can’t live without Cosmos”
“World of Tomorrow”
“Prologue”
“Sanjay’s Super Team”
“We can’t live without Cosmos”
“World of Tomorrow”
Melhor Curta de Live Action
“Ave Maria”
“Day One”
“Everything will be okay (Alles Wird Gut)”
“Shok”
“Stutterer”
“Day One”
“Everything will be okay (Alles Wird Gut)”
“Shok”
“Stutterer”
Melhor Cabelo e Maquiagem
“Mad Max”
“The 100-year-old man who climbed out the window and disappeared”
“O Regresso”
“The 100-year-old man who climbed out the window and disappeared”
“O Regresso”
Melhor Documentário
“Amy”
“Cartel Land”
“The Look of Silence”
“What Happened, Miss Simone?”
“Winter on Fire: Ukraine’s Fight for Freedom”
“Cartel Land”
“The Look of Silence”
“What Happened, Miss Simone?”
“Winter on Fire: Ukraine’s Fight for Freedom”
Melhor Documentário de Curta-metragem
“Body Team 12″
“Chau, beyond the lines”
“Claude Lanzmann: Spectres of the Shoah”
“A Girl in the River: The Price of forgiveness”
“Last day of freedom”
“Chau, beyond the lines”
“Claude Lanzmann: Spectres of the Shoah”
“A Girl in the River: The Price of forgiveness”
“Last day of freedom”
Melhor Canção Original
“Earned It” (“Cinquenta Tons de Cinza”)
“Manta Ray” (“Racing Extinction”)
“Simple Song #3″ (“Youth”)
“Writing’s On The Wall” (“007 Contra Spectre”)
“Til It Happens To You” (“The Hunting Ground”)
“Manta Ray” (“Racing Extinction”)
“Simple Song #3″ (“Youth”)
“Writing’s On The Wall” (“007 Contra Spectre”)
“Til It Happens To You” (“The Hunting Ground”)
Discurso inteiro do Chris Rock na abertura do Oscar
"O que a gente quer é oportunidade"; leia o monólogo de Chris Rock no Oscar
Em meio a uma campanha pela diversidade no Oscar, o apresentador e comediante Chris Rock fez um monólogo de abertura em que ataca e ironiza, ao mesmo tempo,a falta de indicações de atores negros nas principais categorias desta edição. Confira a seguir a transcrição da íntegra do discurso, que ocorreu logo após a exibição de um clipe com os principais indicados do ano:
"Cara, eu contei pelo menos 15 negros naquela montagem. Bem, estou aqui no Oscar, também conhecido como o White People Choice Awards."
"Já pensaram que se eles tivessem indicações para apresentador eu sequer teria conseguido esse emprego? Vocês estariam vendo o Neil Patrick Harris agora!".
"Este é o Oscar mais louco para se apresentar, com toda essa controvérsia, nenhuma indicação para negros, e as pessoas dizendo: 'Você deveria boicotar, você deveria desistir'. Por que será que são só as pessoas desempregadas que falam para você desistir de alguma coisa?"
"Eu pensei em desistir. Eu pensei seriamente. Daí eu pensei: eles vão fazer o Oscar de qualquer jeito. Não vão cancelar só porque eu desisti. E a última coisa que eu preciso é perder um trabalho para o [comediante negro] Kevin Hart!"
"A grande questão é: por que estamos protestando? Por que nesse Oscar? É a 88ª edição do prêmio. Quer dizer que essa coisa toda de não indicarem negros aconteceu pelo menos outras 71 vezes. Você imagina que poderia ter acontecido nos anos 50, nos 60... e tenho certeza de que não houve indicações. Sabe por quê? Porque nós tínhamos coisas de verdade para protestar contra naquela época. Estávamos ocupados demais sendo estuprados e linchados para se importar com quem venceu [na categoria] melhor direção de fotografia. Quando a sua avó está enforcada em uma árvore, é realmente difícil pensar em quem venceu o melhor curta-metragem de documentário estrangeiro."
"Mas o que aconteceu este ano? As pessoas ficaram furiosas! Spike [Lee] enfureceu-se, Jada [Pinkett-Smith] enfureceu-se, Will [Smith] enfureceu-se. Todos ficaram enfurecidos. Jada disse que não viria, em protesto. Jada boicotar o Oscar é como eu boicotar a calcinha da Rihanna. Eu nem fui convidado! Está aí um convite que eu não recusaria."
"Mas entendo que tenham ficado furiosos. Jada, Will... eu entendo. Entendo que Will é tão bom e nem foi indicado. Também não acho justo que Will tenha recebido US$ 20 milhões por 'As Loucas Aventuras de James West'!"
"Este ano as coisas vão ser um pouco diferentes no Oscar. Na parte do In Memoriam vão mostrar pessoas negras que foram baleadas por policiais a caminho do cinema. Sim, eu disse!"
"Você quer indicados negros todo ano? Você só precisa ter categorias para negros. Vocês já têm para homens e mulheres...Pense bem, não faz sentido ter uma categoria para homem e outra para mulher em atuação. Não tem por quê! Robert De Niro nunca pensou: Vou aliviar um pouco nessa interpretação para que a Meryl Streep me alcance. Não, de jeito nenhum!"
"Se quiser atores negros indicados todo ano, apenas tenha categorias para negros, como 'melhor amigo negro'."
"Mas a verdadeira questão que todo mundo quer saber é: Hollywood é racista? Você precisa ir com calma aí... É um tipo diferente de racismo. Lembro de uma noite em que eu estava num evento de angariação de fundos do presidente Obama. Vários de vocês estavam lá. E tinha uns quatro negros lá: eu, Quincy Jones, Russell Simons, Questlove, sabe, os suspeitos de sempre. E em certo momento você vai tirar uma foto com o presidente. E eu disse, Sr. Presidente, você vê todos esses roteiristas, esses produtores, atores... eles não contratam pessoas negras. E eles são as pessoas brancas mais legais do mundo. Eles são liberais [progressistas]!"
"Hollywood é racista? Sim, mas não aquele racismo a que você se acostumou. Hollywood é racista de sororidade [termo usado para se referir às repúblicas femininas das universidades americanas]. 'A gente gosta de você Rhonda, mas você não é uma Kappa'. Assim é em Hollywood."
"Mas as coisas estão mudando. Temos um 'Rocky negro' este ano. Alguns chamam de 'Creed', eu chamo de 'Rocky negro'. E isso é uma grande coisa. Porque Rocky se passa num mundo onde atletas brancos são tão bons quanto atletas negros. Então, 'Rocky' é um filme de ficção científica! Tem coisas que acontecem em 'Star Wars' que são mais críveis do que coisas que acontecem em 'Rocky'."
"Estamos aqui para honrar atores, estamos aqui para honrar os filmes. Tem muitos injustiçados. Um dos grandes injustiçados, de que ninguém está falando, um dos meus atores favoritos, é Paul Giamatti. Ele é o maior ator do mundo. Pense no que Paul Gimatti fez nos últimos anos. Ano passado, ele está em '12 Anos de Escravidão' e odeia pessoas negras. Este ano ele está em 'Straight Outta Compton' e ama pessoas negras. Ano passado ele estava chicoteando a Lupita, neste ano ele está chorando no enterro de Eazy E. Isso é que é abrangência. Ben Affleck não conseguiria fazer isso!"
"O que quero dizer é que não se trata de boicotar as coisas. O que a gente quer é oportunidade. Queremos que atores negros tenham as mesmas oportunidades. E só. Não só de vez em quando. Leo [DiCaprio] consegue um grande papel todo ano. Todos vocês conseguem grandes papéis o tempo todo. E os negros?"
"Vejam Jammie Foxx, ele já venceu como melhor ator. Jammie Foxx mandou tão bem em 'Ray' que eles foram ao hospital e desligaram os aparelhos de Ray Charles. 'A gente não precisa de dois desses!'"
"Um dos grandes temas desta noite não é racismo. Você não pode mais perguntar para as mulheres o que elas estão vestindo. Pergunte mais. Você tem que perguntar mais a elas. Nem tudo é sexismo, nem tudo é racismo. Eles perguntam mais aos homens porque eles vestem sempre os mesmos figurinos. Se o George Clooney aparecer com um smoking de linho verde e um cisne saindo do seu rabo alguém vai perguntar: 'O que você está vestindo, George?'"
"Bem-vindos ao 88º Oscar. Vocês querem diversidade? Nós temos diversidade. Por favor deem as boas vindas para Emily Blunt e alguém mais branca ainda Charlize Theron."
Resumão: Tudo o que rolou no surpreendente “Oscar 2016″
A temporada de premiações em Los Angeles chegou a seu ponto alto neste domingo (28), com a 88ª edição do Academy Awards, o “Oscar”! Apresentada diretamente do Dolby Theater, a cerimônia distribuiu bem suas estatuetas e contrariou algumas expectativas. Com a pedofilia na Igreja Católica como mote, “Spotlight” ficou com o principal prêmio da noite (Melhor Filme) e ainda faturou a categoria de “Melhor Roteiro Adaptado”.
Líder absoluto na lista de indicados, “O Regresso” conquistou três das 12 estatuetas às quais concorria. Foram elas: “Melhor Fotografia”, “Melhor Diretor” para Alejandro G. Iñarritu (que já havia vencido a mesma categoria no ano passado por Birdman) e “Melhor Ator” para Leonardo Dicaprio, que finalmente desencantou.
Por sua vez, “Mad Max: Estrada da Fúria” foi o longa com o maior número de vitórias na noite, seis no total. O blockbuster de George Miller que impressiona pela estética, faturou prêmios, como “Melhor Figurino”, “Melhor Cabelo e Maquiagem” e “Melhor Montagem”.
Polêmica Racial
Como já era esperado, o anfitrião Chris Rock não se esquivou da polêmica da falta de negros entre os indicados à premiação. Aliás, todo o seu monólogo inicial foi voltado para a questão. “Contei quinze negros ali fora. Bem vindos ao Oscar, a premiação dos atores brancos. Se a academia também indicasse o apresentador, nem eu estaria aqui agora”, começou o comediante.
O boicote dos atores negros à cerimônia também foi criticado. “A falta de indicação para negros já aconteceu 71 outras vezes. Aconteceu nos anos 1950, 1960. Acho que não havia indicados negros em 1962 e 1963 e ninguém protestou. Tínhamos coisas verdadeiras para protestar naquela época. Estávamos muito preocupados sendo assaltados, linchados, do que preocupados com o cinema“.
Na sequência, Chris endossou o discurso de Beyoncé no single “Formation” sobre a violência da policia norte-americana: “Este ano no ‘in memoriam’, vai ter negros mortos por policiais”. Vraaaaaa! E por fim, pediu maior igualdade racial na indústria. “Não queremos boicotar ninguém. Queremos apenas as mesmas oportunidades“.
Performances Musicais
Numa noite em que a grande estrela é o cinema, a música também teve seu espaço. Durante a cerimônia, alguns dos indicados à estatueta de “Melhor Canção Original” interpretaram suas respectivas faixas. Sam Smith cantou “Writing’s On The Wall”; The Weeknd apresentou “Earned It” e Lady Gaga performou “Til It Happens To You”. Ao final, a cantora recebeu no palco, várias vítimas de abuso sexual (tema do documentário do qual a canção faz parte) e emocionou a plateia presente.
A despeito da apresentação fortíssima de Lady Gaga, o prêmio acabou ficando nas mãos de Sam Smith. Ao ser anunciado como vencedor, o cantor se mostrou surpreso e dedicou a estatueta à comunidade LGBT…
A despeito da apresentação fortíssima de Lady Gaga, o prêmio acabou ficando nas mãos de Sam Smith. Ao ser anunciado como vencedor, o cantor se mostrou surpreso e dedicou a estatueta à comunidade LGBT…
Oscar 2016: ‘Spotlight’ leva o prêmio de melhor filme e DiCaprio sai da fila
Mad Max foi o campeão de estatuetas; veja como foi nossa cobertura da cerimônia
Marcado pela polêmica da falta de artistas negros entre os indicados, o Oscar em 2016 teve algumas surpresas, como a vitória de Spotlight como melhor filme, e Mad Max levando seis estatuetas. Mas o ponto alto da cerimônia foi a vitória de Leonardo DiCaprio na categoria de melhor ator por seu papel em O Regresso. Preterido em ao menos cinco outras ocasiões em que teve atuação impecável - principalmente sob a direção de Martin Scorcese -, o ator se dirigiu calmamente ao palco, e discursou sobre aquecimento global.
De atores a filme, Oscar 2016 premiou, de fato, os melhores
Roberto Sadovski
Mark Rylance. Os roteiros. Alicia Vikander. Divertida Mente. Brie Larson. Toda a parte técnica de Mad Max. Spotlight. DiCaprio! O Oscar 2016 deixou a politicagem que muitas vezes rege sua premiação de lado e colocou o careca dourado nas mãos de quem de fato fez por merecer. Fazia tempo que eu não via uma cerimônia tão justa – e, talvez por isso, tão linear. Poucas surpresas, muitos acertos e uma celebração da qualidade. Afinal, a festa da Academia serve justamente para isso, certo?
Bom, quase. A cerimônia do Oscar foi realizada sob a sombra do #OscarSoWhite, o protesto que apontou a pouca diversidade entre os indicados. Mas o apresentador Chris Rock (e os produtores da festa) optaram não por fugir da questão, e sim abraçá-la. Muitas vezes com um humor que deixou seus colegas com medo de esboçar um sorriso – anos e anos de condicionamento do “politicamente correto'' faz com que artistas, em sua maioria pra lá de liberais, não saibam em absoluto reagir a uma piada que cutuca alguma ferida.
Chris Rock não deu a mínima, não poupou os colegas que boicotaram o Oscar, foi às ruas para mostrar gente de verdade falando sobre a questão e contribuiu para que a festa corresse mais veloz, sem barrigas, sem cansar. Não que os discursos ficassem de fora. O diretor duplamente oscarizado Alejandro Iñárritu falou não só sobre a importância da diversidade, mas também sobre o quanto já passou da hora de isso deixar de ter importância. O vice-presidente dos EUA, Joe Biden, apresentou a canção de Lady Gaga e lançou uma campanha contra a violência sexual. E Leo falou sobre a preservação da Terra de uma maneira que não foi discursiva ou doutrinadora, mas direta e honesta.
DiCaprio, por sinal, foi o grande vencedor da noite. Spotlight abriu e fechou a cerimônia garfando o Oscar de roteiro original e melhor filme; Mad Max: Estrada da Fúria passou a mão em praticamente todos os troféus técnicos, seis no total. Mas foi do astro o momento mais aguardado e bacana (ops, Glória…) da noite, quebrando uma série de indicações infrutíferas e sendo premiado como o grande ator que ele é. A verdade é que esse Oscar já devia ser dele desde O Lobo de Wall Street, mas sua vitória por O Regresso celebra um ator íntegro e inteligente, que navega pelo jogo de Hollywood como ninguém. Leo, afinal, nunca fez uma continuação de seus filmes, não molhou os dedos no mundo das “franquias'' e ainda (veja bem, “ainda'') não deu as caras em um filme de super-heróis. Ainda assim, consistentemente protagoniza filmes de qualidade artística e comercial, é eclético e sabe jogar em equipe.
O resto da festa aplaudiu a qualidade – o que deve ser louvado. Embora muitos fãs quisessem ver um momento histórico com Sylvester Stallone com um Oscar em mãos, é inegável a qualidade do trabalho de Mark Rylance em Ponte dos Espiões, que lhe deu a estatueta de ator coadjuvante. Alicia Vikander teve um ano brilhante, é a cara da Hollywood do futuro e mereceu o Oscar, nem que seja por ser a única luz genuína no fraquíssimo A Garota Dinamarquesa. Por sinal, nada melhor do que ver o péssimo Eddie Redmayne, injustamente premiado ano passado, sair de mãos abanando. O Regresso chegou com a força de doze indicações mas levou onde realmente se destacava: direção e fotografia, além de DiCaprio. Divertida Mentesempre foi o único candidato viável entre as animações, apesar da torcida ufanista (e movida apenas por boa vontade) para O Menino e o Mundo.
Por fim, um Oscar que começou sem grandes favoritos, quando seus indicados foram anunciados, terminou exatamente da mesma forma, salpicando prêmios sem apontar nenhum “grande vencedor'' – nem em volume, nem em importância. No fim, a vitória talvez seja do bom senso. Hollywood festejou mas ouviu o recado – era óbvia a maior diversidade entre os apresentadores, o que deve ser refletido, para o bem da indústria, no próprio cinema. Muita gente chiou com as “piadas de mau gosto'' e a “pouca importância'' dada à bandeira levantada pelo #OscarSoWhite. Estão todos errados. O Oscar é uma celebração, e seus realizadores mostraram que entenderam o recado – demonstrando, claro à sua maneira. Mas a festa, apesar das bandeiras, ainda é do cinema. E este saiu vencedor.
Animação brasileira 'O menino e o mundo' perdeu para 'Divertida Mente'.
Oscar 2016: Leonardo DiCaprio e 'Spotlight' são os ganhadores da noite
Animação brasileira 'O menino e o mundo' perdeu para 'Divertida Mente'.
'Mad Max' levou seis estatuetas nas categorias técnicas; veja lista completa.
A cerimônia do Oscar neste domingo (28) em Los Angeles foi uma noite de primeiras vezes. Ao menos para Leonardo DiCaprio, que levou a estatueta de melhor ator por "O Regresso". No entanto, o prêmio de melhor filme foi para "Spotlight: segredos revelados".
Os outros atores premiados ganharam em sua primeira indicação. Brie Larson levou por "O quarto de Jack".
A sueca Alicia Vikander foi melhor atriz coadjuvante por "A garota dinamarquesa".Mark Rylance foi melhor coadjuvante por "Ponte dos Espiões".
Foi também uma cerimônia com um bicampeonato (o melhor diretor Alejandro G. Iñárritu) e um tricampeonato (o diretor de fotografia Emmanuel Lubezki). Eles venceram por "O regresso".
Mad Max: prêmios técnicos
Quando o assunto foi prêmios técnicos, não teve para ninguém. "Mad Max: Estrada da Fúria" levou seis estatuetas desse tipo. Ficou com mixagem de som, edição de som, montagem, cabelo e maquiagem, design de produção e figurino.
A animação brasileira "O menino e o mundo" perdeu o Oscar para "Divertida mente" e Lady Gaga perdeu o prêmio de canção original para Sam Smith. Veja no vídeo abaixo o discurso do cantor inglês, que escreveu e gravou a trilha de "007 contra Spectre".
A premiação foi comandada por Chris Rock. O apresentador aproveitou todo seu tempo com piadas mirando o racismo e o boicote ao Oscar proposto por algumas celebridades negras. Ele tratou o assunto com bastante sarcasmo e foi bem recebido pela plateia.
Derrota brasileira
Antes da cerimônia, o diretor Alê Abreu comemorou o fato de estar na premiação. "Estar aqui já é uma grande vitória. É uma grande vitória do Brasil. Sabe, um filme feito com tamanha liberdade de criação", afirmou, no tapete vermelho.
Antes da cerimônia, o diretor Alê Abreu comemorou o fato de estar na premiação. "Estar aqui já é uma grande vitória. É uma grande vitória do Brasil. Sabe, um filme feito com tamanha liberdade de criação", afirmou, no tapete vermelho.
"Estar aqui no meio dessa festa da indústria de Hollywood, competindo de igual para igual com esses filmes de US$ 300 milhões", disse o cineasta de "O menino e o mundo".
Veja abaixo lista com os vencedores em negrito:
Melhor filme
"A grande aposta"
"Ponte dos espiões"
"Brooklyn"
"Mad Max: Estrada da fúria"
"Perdido em Marte"
"O regresso"
"O quarto de Jack"
"Spotlight: Segredos revelados"
"A grande aposta"
"Ponte dos espiões"
"Brooklyn"
"Mad Max: Estrada da fúria"
"Perdido em Marte"
"O regresso"
"O quarto de Jack"
"Spotlight: Segredos revelados"
Melhor ator
Bryan Cranston ("Trumbo")
Matt Damon ("Perdido em Marte")
Leonardo DiCaprio ("O regresso")
Michael Fassbender ("Steve Jobs")
Eddie Redmayne ("A garota dinamarquesa")
Bryan Cranston ("Trumbo")
Matt Damon ("Perdido em Marte")
Leonardo DiCaprio ("O regresso")
Michael Fassbender ("Steve Jobs")
Eddie Redmayne ("A garota dinamarquesa")
Melhor atriz
Cate Blanchett ("Carol")
Brie Larson ("O quarto de Jack")
Jennifer Lawrence (“Joy”)
Charlotte Rampling (“45 anos”)
Saoirse Ronan ("Brooklyn")
Cate Blanchett ("Carol")
Brie Larson ("O quarto de Jack")
Jennifer Lawrence (“Joy”)
Charlotte Rampling (“45 anos”)
Saoirse Ronan ("Brooklyn")
Melhor diretor
Alejandro G. Iñárritu ("O regresso")
Tom McCarthy ("Spotlight: Segredos revelados")
George Miller ("Mad Max: Estrada da fúria")
Adam McKay ("A grande aposta")
Lenny Abrahamson ("O quarto de Jack")
Alejandro G. Iñárritu ("O regresso")
Tom McCarthy ("Spotlight: Segredos revelados")
George Miller ("Mad Max: Estrada da fúria")
Adam McKay ("A grande aposta")
Lenny Abrahamson ("O quarto de Jack")
Melhor canção original
"Earned it", The Weeknd ("Cinquenta tons de cinza")
"Manta Ray", J. Ralph & Antony ("Racing extinction")
"Simple song #3", Sumi Jo e Viktoria Mullova ("Youth")
"Writing's on the wall", Sam Smith ("007 contra Spectre")
"Til it happens to you", Lady Gaga ("The hunting ground")
"Earned it", The Weeknd ("Cinquenta tons de cinza")
"Manta Ray", J. Ralph & Antony ("Racing extinction")
"Simple song #3", Sumi Jo e Viktoria Mullova ("Youth")
"Writing's on the wall", Sam Smith ("007 contra Spectre")
"Til it happens to you", Lady Gaga ("The hunting ground")
Melhor trilha sonora
"Ponte dos espiões"
"Carol"
"Os 8 odiados"
"Sicario"
"Star Wars: O despertar da força"
"Ponte dos espiões"
"Carol"
"Os 8 odiados"
"Sicario"
"Star Wars: O despertar da força"
Melhor filme estrangeiro
"O abraço da serpente" (Colômbia)
"Cinco graças" (França)
"O filho de Saul" (Hungria)
"O lobo do deserto" (Jordânia)
"Guerra" (Dinamarca)
"O abraço da serpente" (Colômbia)
"Cinco graças" (França)
"O filho de Saul" (Hungria)
"O lobo do deserto" (Jordânia)
"Guerra" (Dinamarca)
Melhor curta de live action
"Ave Maria"
"Day one"
"Everything will be okay (Alles Wird Gut)"
"Shok"
"Stutterer"
"Ave Maria"
"Day one"
"Everything will be okay (Alles Wird Gut)"
"Shok"
"Stutterer"
Melhor documentário
"Amy"
"Cartel Land"
"The look of silence"
"What happened, Miss Simone?"
"Winter on fire: Ukraine's Fight for Freedom"
"Amy"
"Cartel Land"
"The look of silence"
"What happened, Miss Simone?"
"Winter on fire: Ukraine's Fight for Freedom"
Melhor documentário de curta-metragem
"Body team 12"
"Chau, beyond the lines"
"Claude Lanzmann: Spectres of the Shoah"
"A Girl in the River: The Price of forgiveness"
"Last day of freedom"
"Body team 12"
"Chau, beyond the lines"
"Claude Lanzmann: Spectres of the Shoah"
"A Girl in the River: The Price of forgiveness"
"Last day of freedom"
Melhor ator coadjuvante
Christian Bale ("A grande aposta")
Tom Hardy ("O regresso")
Mark Ruffalo ("Spotlight: Segredos revelados")
Mark Rylance ("Ponte dos espiões")
Sylvester Stallone ("Creed")
Christian Bale ("A grande aposta")
Tom Hardy ("O regresso")
Mark Ruffalo ("Spotlight: Segredos revelados")
Mark Rylance ("Ponte dos espiões")
Sylvester Stallone ("Creed")
Melhor animação
"Anomalisa"
"O menino e o mundo"
"Divertida mente"
"Shaun, o carneiro"
"As memórias de Marnie"
"Anomalisa"
"O menino e o mundo"
"Divertida mente"
"Shaun, o carneiro"
"As memórias de Marnie"
Melhor curta de animação
"Bear Story"
"Prologue"
"Sanjay's Super Team"
"We can't live without Cosmos"
"World of tomorrow"
"Bear Story"
"Prologue"
"Sanjay's Super Team"
"We can't live without Cosmos"
"World of tomorrow"
Melhores efeitos visuais
"Ex Machina"
"Mad Max: Estrada da fúria"
"Perdido em Marte"
"O regresso"
"Star Wars: O despertar da força"
"Ex Machina"
"Mad Max: Estrada da fúria"
"Perdido em Marte"
"O regresso"
"Star Wars: O despertar da força"
Melhor mixagem de som
"Ponte dos espiões"
"Mad Max: Estrada da fúria"
"Perdido em Marte"
"O regresso"
"Star Wars: O despertar da força"
"Ponte dos espiões"
"Mad Max: Estrada da fúria"
"Perdido em Marte"
"O regresso"
"Star Wars: O despertar da força"
Melhor edição de som
"Mad Max: Estrada da fúria"
"Perdido em Marte"
"O regresso"
"Sicario"
"Star Wars: O despertar da força"
"Mad Max: Estrada da fúria"
"Perdido em Marte"
"O regresso"
"Sicario"
"Star Wars: O despertar da força"
Melhor montagem
"A grande aposta"
"Mad Max: Estrada da fúria"
"O regresso"
"Spotlight: Segredos revelados"
"Star Wars: O despertar da força"
"A grande aposta"
"Mad Max: Estrada da fúria"
"O regresso"
"Spotlight: Segredos revelados"
"Star Wars: O despertar da força"
Melhor fotografia
"Carol"
"Os oito odiados"
"Mad Max: Estrada da fúria"
"O regresso"
"Sicario"
"Carol"
"Os oito odiados"
"Mad Max: Estrada da fúria"
"O regresso"
"Sicario"
Melhor cabelo e maquiagem
"Mad Max: Estrada da fúria"
"The 100-year-old man who climbed out the window and disappeared"
"O regresso"
"Mad Max: Estrada da fúria"
"The 100-year-old man who climbed out the window and disappeared"
"O regresso"
Melhor design de produção
"Ponte dos espiões"
"A garota dinamarquesa"
"Mad Max: Estrada da fúria"
"Perdido em Marte"
"O regresso"
"Ponte dos espiões"
"A garota dinamarquesa"
"Mad Max: Estrada da fúria"
"Perdido em Marte"
"O regresso"
Melhor figurino
"Carol"
"Cinderela"
"A garota dinamarquesa"
"Mad Max: Estrada da fúria"
"O regresso"
"Carol"
"Cinderela"
"A garota dinamarquesa"
"Mad Max: Estrada da fúria"
"O regresso"
Melhor atriz coadjuvante
Jennifer Jason Leigh ("Os 8 odiados")
Rooney Mara ("Carol")
Rachel McAdams ("Spotlight: Segredos revelados")
Alicia Vikander ("A garota dinamarquesa")
Kate Winslet ("Steve Jobs")
Jennifer Jason Leigh ("Os 8 odiados")
Rooney Mara ("Carol")
Rachel McAdams ("Spotlight: Segredos revelados")
Alicia Vikander ("A garota dinamarquesa")
Kate Winslet ("Steve Jobs")
Melhor roteiro adaptado
"A grande aposta"
"Brooklyn"
"Carol"
"Perdido em Marte"
"O quarto de Jack"
"A grande aposta"
"Brooklyn"
"Carol"
"Perdido em Marte"
"O quarto de Jack"
Melhor roteiro original
"Ponte dos espiões"
"Ex Machina"
"Divertida mente"
"Spotlight - Segredos revelados"
"Straight Outta Compton"
"Ponte dos espiões"
"Ex Machina"
"Divertida mente"
"Spotlight - Segredos revelados"
"Straight Outta Compton"
Sobre Spotlight - Segredos Revelados - Vencedor do Oscar 2016:
Dirigido por Tom McCarthy. Roteiro de Josh Singer e Tom McCarthy. Com: Michael Keaton, Mark Ruffalo, Rachel McAdams, Brian d’Arcy James, Liev Schreiber, John Slattery, Stanley Tucci, Jamey Sheridan, Gene Amoroso, Neal Huff, Billy Crudup, Paul Guilfoyle e Richard Jenkins.
Há apenas alguns dias, ao menos dois jornalistas de “O Globo”, um dos principais veículos do país, publicaram notícias absolutamente incorretas: um informou que o presidente da Câmara havia embarcado com a família para Cuba, enquanto o outro garantiu, graças às suas “fontes”, que o STF votaria em peso para aprovar o parecer do relator quanto ao rito de impeachment. Ambos erraram grosseiramente e foram desmentidos em poucas horas; nenhum assumiu o equívoco ou publicou uma errata clara para os leitores. Enquanto isso, outros profissionais de renome da mídia tradicional usam seus espaços para martelar mensagens e ideias que empurrem para o público os interesses dos milionários donos de seus veículos, substituindo a imparcialidade e a apuração, dois preceitos básicos do bom jornalismo, por um maniqueísmo óbvio e pela desinformação.
E isto é trágico, já que o Jornalismo, quando realizado com jota maiúsculo, não só é um exercício nobre, mas também um instrumento fundamental da democracia – e não é à toa que uma das primeiras medidas de qualquer ditadura é acabar com a liberdade de imprensa. Praticar a profissão com o único interesse de servir aos patrões e permanecer relevante é usá-la não para buscar a verdade, mas como forma de publicidade pessoal. Assim, assistir a um filme comoSpotlight, que conta a história verdadeira de uma pequena equipe de jornalistas que, em 2001, expôs os esforços da Igreja para proteger padres pedófilos, é no mínimo um lembrete importante do tipo de ferramenta que perdemos quando a imprensa se contenta com o menor denominador comum.
Claro que documentários fortíssimos como Deliver Us from Evil e Mea Maxima Culpa já escancararam, nos últimos anos, as práticas nefastas dos altos círculos do Vaticano para blindar criminosos em seu meio, mas em 2001 a noção de que a prática pudesse envolver um número tão grande de sacerdotes ainda era pouquíssimo difundida – especialmente em cidades como Boston, nas quais a Igreja e seus representantes atuam quase como um Estado paralelo. É neste contexto que a equipe liderada por Walter Robinson (Keaton) decide investigar as denúncias de pedofilia envolvendo um padre local, descobrindo, aos poucos, que estas são só a ponta do iceberg. A partir daí, Mike Rezendes (Ruffalo), Sacha Pfeiffer (McAdams) e Matt Carroll (James) passam a se dedicar a um processo árduo de apuração que consome meses de trabalho e coloca-os diante do dilema de enfrentar alguns dos integrantes mais influentes da sociedade, sendo amparados em seu trabalho pelos editores Marty Baron (Schreiber) e Ben Bradlee Jr (Slattery).
Aliás, se o último nome citado parece familiar, é porque se trata justamente do filho de Ben Bradlee, editor do “The Washington Post” que, na década de 70, supervisionou a investigação feita por Woodward e Bernstein e que resultou na renúncia de Nixon – um processo retratado pelo magnífico Todos os Homens do Presidente e no qual Bradlee era interpretado por Jason Robards. Neste sentido, a comparação com aquele jovem clássico é mais do que apropriada, já que a abordagem narrativa do diretor Tom McCarthy, aqui, é claramente inspirada na do cineasta Alan J. Pakula naquela obra: ambos os filmes buscam acompanhar o cotidiano dos jornalistas em sua peregrinação diária atrás de entrevistas, novas linhas de investigação e de evidências que embasem as descobertas. Assim, se antes víamos Dustin Hoffman e Robert Redford batendo em dezenas de portas, aqui a tarefa surge sendo protagonizada por Rachel McAdams e Mark Ruffalo, enquanto seus colegas de elenco podem ser vistos vasculhando livros de referência antigos e arquivos empoeirados enquanto organizam todos os achados em planilhas no computador. Glamour? Nenhum. Apenas um trabalho exaustivo para que o artigo final possa ser publicado com a certeza de que tudo relatado é verídico.
Como é fácil imaginar, uma narrativa assim depende pesadamente da qualidade de seu elenco – e Spotlight não decepciona: Liev Schreiber, por exemplo, cria um sujeito de voz baixa e controlada que, por baixo de sua discrição, exibe uma personalidade determinada que serve de impulso constante aos subordinados, enquanto Michael Keaton compõe Robinson como um homem habituado a seguir as próprias regras em busca da verdade (e é revelador como, na primeira reunião de editorias, o ator surge não sentado à mesa, como os colegas, mas numa bancada no canto da sala, ilustrando sua condição de independência). Enquanto isso, Mark Ruffalo segue um arco dramático bem delineado, iniciando a projeção retratando Mike como o cão-de-caça da equipe, sempre disposto a ir atrás de fontes e evidências, gradualmente substituindo sua determinação por um cansaço evidente e por uma frustração horrorizada diante do que descobre. E se Rachel McAdams é hábil ao ilustrar os efeitos que a investigação exerce sobre os fiéis, já que sua preocupação crescente com a avó católica se transforma em fonte de angústia, Brian d’Arcy James confere a Matt um outro tipo de incômodo: o de um pai de família que constata que aqueles abusos poderiam facilmente ter sido cometidos contra seus filhos. Fechando o elenco, John Slattery evoca uma disciplina que nos faz lembrar de como a família Bradlee parece ter nascido para o jornalismo, ao passo que Stanley Tucci se destaca como um advogado que, por já estar há muito tempo tentando expor a Igreja, não se permite ter qualquer otimismo diante dos esforços dos novos jornalistas que surgiram em seu caminho.
Já os sobreviventes dos ataques sexuais são interpretados por atores de rosto desconhecido do grande público – uma decisão acertadíssima de McCarthy, que, com isso, leva o espectador a perceber que qualquer um poderia ter sido molestado por aqueles homens e que suas histórias não são de pessoas que nasceram destinadas a ser vítimas, mas sim de indivíduos comuns que tiveram o azar de ter um perfil visto pelos padres pedófilos como susceptível ao ataque: origem humilde, figura paterna ausente, residência em um bairro construído em torno da igreja local e assim por diante. Aliás, um dos vários méritos de Spotlight é não tentar suavizar a natureza dos crimes para evitar chocar o público; embora não mostre os abusos na tela, o longa (escrito por McCarthy e Josh Singer) faz questão de descrever exatamente o que acontecia atrás da sacristia e a crueldade da proteção oferecida pelo Vaticano aos canalhas que usavam a fé alheia como forma de destruir os jovens vulneráveis que encontravam graças ao púlpito.
Aliás, a contraposição entre os bastidores corrompidos da Igreja e a determinação dos jornalistas dedicados a escancará-los é exposta de forma inteligente através do design de produção e da fotografia, que trazem os ambientes ocupados por padres, bispos, cardeais e outras figuras poderosas que os protegem como espaços escuros e dominados por paredes e chão de madeira nobre, sugerindo opulência, ao passo que a redação do “Boston Globe” é apresentada como um ambiente bem iluminado, dominado pelo branco e quase espartano em comparação. Da mesma maneira, é curioso notar como o escritório de Robinson traz, além de sua mesa, apenas um sofá desconfortável e persianas visivelmente sujas, enquanto a sala do advogado interpretado por Tucci é um amontoado de pastas e envelopes que indicam uma atividade frenética que se complementa em seus ternos baratos e na simplicidade do restaurante no qual janta com Mike. Para completar, as locações ressaltam a angústia dos sobreviventes dos abusos ao trazerem igrejas e outros símbolos religiosos em praticamente todos os ambientes, demonstrando como as vítimas não conseguem escapar das memórias traumáticas - e é irônico, também, notar ooutdoor da AOL ao lado do prédio do “Boston Globe”, já que a dominação crescente da Internet viria a desempenhar papel fundamental na decadência econômica da mídia impressa.
Uma decadência que, ao enfraquecer todo o mercado de comunicação e, principalmente, a estabilidade profissional dos jornalistas, contribuiria ainda mais para diminuir os padrões da mídia. Ora, se Spotlight exibe imensa energia apenas ao trazer os personagens digitando furiosamente em seus computadores, é porque sabemos como todo o trabalho feito até que chegassem ao ponto de escrever a matéria foi amplo e exaustivo, tomando meses de investigações e a orientação determinada de um editor competente – uma dedicação que hoje cede lugar à busca por pageviews em “artigos” curtíssimos (para não “desestimular a leitura”) e a matérias rasas que dependem mais do achismo e de pesquisas breves no Google do que de pesquisa e apuração.
Se antes a escrita jornalística era o fim do processo, hoje é cada vez mais também seu início e seu meio, já que boa parte da grande mídia se mostra mais interessada em publicar confirmações de opiniões pré-estabelecidas do que textos que se permitem mudar de acordo com os fatos descobertos.
Se jornalistas como os retratado aqui, em O Jornal, Zodíaco e Todos os Homens do Presidente falhavam, é porque eram humanos, não porque haviam negligenciado o processo de investigação ou pretendiam apenas propagar uma ideia. E é por esta razão que Spotlight deveria ser exibido em todas as faculdades de jornalismo, para que os alunos aprendessem como bons profissionais devem se comportar, e nas redações dos grandes jornais e portais para que seus integrantes se envergonhassem do nível lamentável ao qual chegaram.
30 de Dezembro de 2015