Galera, vamos ser sinceros... Todo mundo sabe que a seleção brasileira está e sempre esteve na mão de empresários... Seja na hora de convocar jogadores, na hora de marcar amistosos contra Portugal...
A gente acompanha assim mesmo!
No sábado, 16 de maio de 2015, saiu uma reportagem no jornal Estadão(o Estado de São Paulo), assinado por Jamil Chade, correspondente de genebra, mostrando a guerra empresarial para a renovação de contrato para a exploração dos jogos e amistosos feitos pela seleção brasileira no período de 10 anos... A matéria(e a repercussão) dá enfase à trechos do contrato que obriga a seleção sempre jogar com seus principais jogadores... Para mim a coisa mais grave é você vender para a Arábia Saudita os direitos da seleção brasileira e essa empresa da Arábia Saudita usar uma empresa de fachada sediada nas ilhas Cayman... O dinheiro movimentado nesse país não conseguimos rastrear para saber para onde foi... numa imensa e absurda falta de transparência... Alias sabemos sim para onde o dinheiro vai... basta procurar a CBF que em nota termina dizendo: " A CBF se põe à disposição, de forma transparente, para esclarecimentos de dúvidas remanescentes."
Em vídeo o Jamil Chade fala que é apenas a ponta do Iceberg sobre o assunto, portanto vou lembrar dois detalhes históricos antes de entrar na matéria propriamente dita:
1º: Dentre os 2% de nomes que já foram divulgados na lista do HSBC (o SwissLeaks) estão "amigos" do Ricardo Teixeira (os empresários Renato Tiraboschi e Octávio Koeler)
2º: E ex-todo-poderoso Ricardo Teixeira caiu após o auge de uma investigação sobre um super-faturamento de um amistoso entre BrasilXPortugal... Envolvia até o presidente do Barcelona....
PS.: A parte da CBF que explica o que eu acho mais grave da história está aqui:
"Se a ISE tem sede nas Ilhas Cayman ou em qualquer outro lugar, este critério para a localização de sua sede é dela e não da CBF. A sua existência é legal e protegida por leis internacionais."
Isso em uma nota oficial!! Está rindo do meu cabelo ( e da nossa cara...)
A matéria da Folha:
Documentos mostram como a CBF 'vendeu' a seleção
brasileira
Contrato feito por Ricardo Teixeira favorece
empresários
Jamil
Chade / CORRESPONDENTE GENEBRA
16 Maio
2015 | 17h 00
A seleção brasileira virou uma mina de ouro
para empresários e CBF. Contratos secretos obtidos pelo Estado revelam,
de forma inédita, como a entidade leiloou a seleção em troca de milhões de
dólares em comissões a agentes, cartolas, testas de ferro e empresas em
paraísos fiscais, longe do controle da Receita Federal brasileira.
Pelos
acordos, a lista de jogadores convocados precisa atender a critérios
estabelecidos pelos parceiros comerciais e qualquer substituição precisa ser
realizada em "mútuo acordo" entre CBF e empresários. O contrato deixa
claro: o jogador que substituir um "titular" precisa ter o mesmo
"valor de marketing'' do substituído.
As
condições fazem parte de minutas de contratos secretos obtidos pelo Estado e
que revelam, de forma inédita, como a CBF leiloou a seleção brasileira, em
troca de milhões de dólares em comissões a agentes, cartolas, testas de ferro e
o envolvimento de empresas em paraísos fiscais, longe do controle da Receita
Federal brasileira.
Desde
2006, a CBF mantém um contrato com a companhia ISE para a realização dos
amistosos da seleção. O acordo foi mantido em total sigilo por quase dez anos.
Documentos obtidos pelo Estado revelam agora que a ISE é uma empresa de
fachada com sede nas Ilhas Cayman. Não tem escritório nem funcionários. É mera
Caixa Postal, número 1111, na rua Harbour Drive, em Grand Cayman. A ISE é
apenas uma subsidiária do grupo Dallah Al Baraka, um dos maiores conglomerados
do Oriente Médio, com 38 mil funcionários pelo mundo.
Em 2011
esse contrato de 2006 foi renovado por dez anos pelo então presidente da CBF,
Ricardo Teixeira, em um encontro em Doha, no dia 15 de novembro. Ele seria
oficializado no dia 27 de dezembro daquele ano. Entre 2006 e 2012, a ISE
sublicenciou a operação para a Kentaro, companhia que passou a implementar cada
partida da seleção com base no acordo.
Em 2012,
o contrato de operação passou para as mãos da Pitch International, depois de
uma negociação com a ISE e a CBF que continua em vigência.
Nos
primeiros acordos e emendas entre a CBF e a ISE, os termos não faziam qualquer
menção às regras para a convocação de jogadores. Tudo mudaria em 2011. Os
aspectos esportivos foram colocados em segundo plano. Trata-se, acima de tudo,
de um esquema para explorar a marca da seleção em todos os seus limites,
independentemente do resultado em campo ou do significado de uma partida para a
preparação do time.
Convocados
Pelo
acordo secreto, ficou estipulado que a seleção deveria entrar em campo sempre
com seus principais jogadores, sem qualquer possibilidade de testar jovens
promessas ou usar amistosos para preparar o grupo olímpico. "A CBF
garantirá e assegurará que os jogadores do Time A que estão jogando nas
competições oficiais participarão em qualquer e toda partida", diz o
artigo 9.1.
Qualquer
violação desse acordo significa pagamento menor de cota. "Se acaso os
jogadores de qualquer partida não são os do Time A, a taxa de comparecimento
prevista nesse acordo será reduzida em 50%", estipula o contrato. Por
jogo, a CBF sai com US$ 1,05 milhão (R$ 3,14 milhões) se seguir o acordo.
Caso um
jogador seja cortado por contusão, por exemplo, a CBF precisa provar com um
certificado médico aos empresários da ISE que o atleta não tem condições de
jogar. "Qualquer alteração à lista será comunicada por escrito à ISE e
confirmada por mútuo acordo. Nesse caso, a CBF fará o possível para substituir
com novos jogadores de nível similar, com relação a valor de marketing,
habilidades técnicas, reputação.''
Para
deixar claro o que significa "Time A", a ISE alerta que não aceitaria
o que ocorreu em novembro de 2011 quando o Brasil foi ao Gabão e depois a Doha
para enfrentar o Egito. Na época, o então treinador, Mano Menezes, não contou
com Neymar, Ganso, Lucas, Marcelo, Kaká e Leandro Damião, nomes da lista
original para os amistosos.
No novo
contrato (o que passou a valer em dezembro daquele ano e vai até 2022) a
empresa deixou claro que tal situação passaria a ser punida com uma redução em
50% do cachê pago.
Além
disso, todos os direitos de transmissão, copyright ou qualquer outro aspecto
ficam sob controle total da empresa de fachada registrada nas Ilhas Cayman. Num
dos artigos do contrato, fica ainda estipulado que, mesmo que o acordo for
suspenso, os direitos de copyright são mantidos sem data para acabar. Qualquer
violação significa que a CBF teria de pagar uma multa de US$ 1 milhão.
O
contrato ainda prevê que os períodos de preparação da seleção brasileiras para
as Copas de 2018 e 2022 também serão de exploração exclusiva da ISE.
O acordo
ainda termina com termo bem claro: confidencialidade. "Todos os termos e
condições deste acordo serão tratados pelas partes como informações
confidenciais e nenhuma das partes os divulgará".
Guerra
Os
documentos também revelam uma guerra interna na CBF pela fatia mais importante
dos lucros. Quando Ricardo Teixeira assinou o novo acordo com a empresa de
Cayman (em 15 de novembro de 2011), ele já planejava sua saída da entidade,
passando o controle para José Maria Marin e Marco Polo Del Nero. Mas o que se
viu na transição de poder dentro da CBF foi um braço de ferro que, ao final,
seria vencido por Teixeira, mesmo já fora da entidade.
E-mails
confidenciais obtidos pelo Estado revelam que Marin e Del Nero, o atual
presidente da CBF, estavam negociando um novo contrato com a Kentaro, que
oferecia aos parceiros valores superiores aos que estavam sobre a mesa,
deixados por Teixeira.
Quem
convenceu Marin e Del Nero a se lançar na ofensiva foi o Grupo Figer, que não
poupou recursos e viagens para garantir o que seria um negócio da China.
Documentos mostram que a família Figer, atuando apenas como intermediadora na
assinatura de um contrato entre Kentaro e CBF, ficaria com US$ 132 milhões por
permitir mais de cem jogos da seleção entre 2012 e 2022 - valor superior ao que
a CBF levaria com base no contrato da ISE.
Todos os
detalhes fazem parte de uma ação judicial. De acordo com o relato dos fatos,
documentos e e-mails juntados no processo, a renegociação dos acordos para
realização dos amistosos teria começado logo depois da renúncia de Teixeira, no
dia 8 de março de 2012.
Dias
depois, o CEO da Kentaro, Phillip Grothe, enviou e-mail procurando entender o
que estava ocorrendo, já que a empresa mantinha um contrato com a ISE desde
2006 e queria saber qual seria o futuro de seu acordo - que venceria em outubro
daquele mesmo ano.
Naquele
momento, Juan Figer e seus filhos André e Marcel decidiram que o fim da 'era
Teixeira' poderia ser ocasião para passar a fazer parte dos intermediários que
lucrariam com a seleção. O encarregado de falar com Del Nero foi Marcel Figer.
Ainda de
acordo com os fatos relatados no processo, encontros se proliferaram na
residência de Marin, na rua Padre João Manuel, esquina com Alameda Franca, num
flat de Del Nero em São Paulo, em hotéis em Londres e Budapeste e até na
Federação Paulista de Futebol.
Depois de
uma série de discussões, a Kentaro, o Grupo Figer, Marin e Del Nero fixaram um
encontro em Londres. No dia 25 de abril de 2012, no hotel Claridge. No dia 2 de
maio, um e-mail enviado por Phillip Grothe resumia o encontro e traçava as
soluções e estratégias para o sucesso da empreitada.
Para que
pudessem montar uma proposta que derrubasse o acordo da ISE, um dos sócios do
Grupo Figer, Marcel, pediu e obteve de Del Nero uma cópia traduzida do contrato
sigiloso entre a entidade e os sauditas, justamente para servir de base para o
novo contrato a ser fechado com a Kentaro.
O
documento foi fornecido por Del Nero a Marcel num encontro na sede da FPF, no
dia 3 de maio de 2012. Marcel aproveitou um momento em que Del Nero se ausentou
para fotografar cada uma das páginas, no intuito de encaminhá-las à Kentaro. No
dia seguinte, Marcel e Juan Figer foram ao apartamento de Marin e conseguiram
dele sinal verde para tocar o acordo.
Contra-ataque
Mas
Teixeira não estava disposto a ver a arquitetura que montara na CBF desabar. No
dia 19 de maio de 2012, ele viajou até a Alemanha para um encontro com Marin e
Del Nero. Ambos estavam em Munique para a final da Liga dos Campeões, vencida
pelo Chelsea. Teixeira, para não ser visto pela imprensa, ficou em uma cidade
mais afastada.
Ainda
assim, as negociações para mudar o parceiro da CBF teriam sido mantidas. No dia
21 de maio, o advogado do Grupo Figer, Alexandre Verri, elaborou a minuta do
contrato entre Figer e Kentaro.
Dois dias
depois, André e Marcel Figer teriam viajado para Londres e, dali, usaram um
jato privado da Kentaro para ir a Budapeste, no Hotel Four Seasons, onde
ocorria uma reunião da Uefa com Marin e Del Nero como convidados. A meta era
fechar os últimos detalhes e impedir a contraofensiva de Teixeira.
Cinco dias
depois, uma versão final do contrato foi acatada por e-mail tanto pela Plausus,
por meio de seu representante legal Santiago Baraibar, como pela Kentaro, pelo
seu CEO Philllip Grothe. Entre os itens do acordo estava a comissão de US$ 132
milhões que a Kentaro pagaria para o Grupo Figer. Os empresários das duas
empresas chegaram a comemorar no lobby do luxuoso hotel The Dorchester, em
Londres.
Mas a
renovação pretendida pela Kentaro não vingou. No dia 16 de agosto de 2012, um
acordo da CBF foi anunciado com a empresa Pitch International, depois de uma
intermediação de Teixeira com os sauditas da ISE. A empresa com sede em
Londres, que jamais havia organizado um jogo de futebol sequer, passaria a
operar as partidas da seleção brasileira como subcontratada da ISE. O esquema
montado por Teixeira estava preservado.
Dias
depois, o CEO da Kentaro, Phillip Grothe, enviou e-mail em que dizia: "O
acordo foi assinado no dia 15 de agosto. Vinte e quatro horas antes Marin e
Marco Polo nunca tinham ouvido falar de Pitch. Nós todos sabemos que a Pitch é
apenas a testa de ferro da Al Jazeera. Eu acho que eles pagaram 50 milhões de
dólares à ISE e aos outros pela assinatura - totalmente loucos".
Teixeira
acabou vencendo e, mesmo fora da CBF, continuou mandando na seleção ao lado de
seus parceiros comerciais. E isso tudo até 2022.
A resposta da CBF:
Esclarecimento sobre o contrato CBF-ISE
Créditos: MoWA Sports
Reportagem publicada neste domingo no jornal Estadão levanta
infundadas suspeitas de irregularidades no tocante ao contrato que a CBF
celebrou com a empresa ISE, que integra o Grupo Dallah All Baraka.
A CBF, ao mesmo tempo em que repudia, com veemência, tais insinuações maliciosas, aproveita para ressaltar a lisura dessa contratação, esclarecendo o seguinte:
1 – Ao contrário do que diz a reportagem do Estado de S. Paulo de hoje, (17/05/2015), a CBF não “vendeu” a Seleção Brasileira, hipótese ridícula, manchete que não se sustenta em nenhuma evidência e somente se explica pela necessidade do jornalista Jamil Chade de buscar a notícia fácil, que gera escândalos.
2 – A CBF informa também que não leiloou a Seleção Brasileira como diz a reportagem do jornal, outra hipótese infantil, tradição das reportagens deste repórter. O tal contrato citado pelo jornalista não é secreto e em nenhum momento tem influência sobre convocações de atletas e, tampouco, traz prejuízo técnico para a seleção. A matéria, inclusive, pode ser chamada de requentada, já que vários dados deste contrato já foram divulgados, inclusive no próprio jornal.
3 – A CBF afirma que os critérios de escolha dos convocados para os jogos da Seleção Brasileira são e serão, sempre, técnicos. Jogarão e jogaram, sempre, os melhores jogadores em atividade. A população brasileira acompanha, jogo após jogo, a escolha dos convocados, anunciados publicamente, e, portanto, sabe que o jornalista mentiu ao afirmar que as escolhas são feitas por critérios comerciais.
4 – A CBF mantém um contrato com a companhia ISE para a realização de amistosos da Seleção Brasileira. O contrato tem cláusulas de confidencialidade como qualquer outra transação comercial deste nível.
5 – Exceto por causa da leitura mal intencionada que fez o jornalista, o contrato não diz, não aborda, não dá margem a dúvida ou interpretação de que a CBF daria o direito de induzir a convocação de jogadores a quem quer que fosse.
6 – A matéria alardeia, sugere e não prova, a não ser por ilação do autor, que a CBF leiloou a Seleção e distribuiu comissões a agentes, cartolas, testas de ferro e empresas em paraísos fiscais. Nada disto existiu e nada disto foi comprovado na matéria.
7 – A CBF paga rigorosamente todos os tributos em dia, inclusive os pertinentes ao contrato em questão, a despeito de sua formatação jurídica que lhe conferiria isenção fiscal por ser entidade sem fim lucrativo. A CBF informa também que mantém suas contas bancárias sediadas exclusivamente no Brasil.
8 – Se a ISE tem sede nas Ilhas Cayman ou em qualquer outro lugar, este critério para a localização de sua sede é dela e não da CBF. A sua existência é legal e protegida por leis internacionais. A ISE é uma subsidiária do Grupo Dallah Al Baraka, um dos maiores conglomerados do Oriente Médio. O Grupo Baraka tem 38 mil funcionários em todo mundo. A ISE subcontratou direitos à Pitch Internacional, dentro das prerrogativas contratuais que tem.
9 – A leitura de Jamil Chade sobre as cláusulas contratuais foi, como sempre, feita de maneira mal intencionada. No ramo do futebol se um time não se apresenta com a equipe principal o valor do amistoso pode ser reduzido. Se o Barcelona for jogar com o seu time B, sem contar com suas grandes estrelas, como por exemplo Neymar, Messi e Suarez, suas cotas comerciais serão menores. Se uma banda de rock não se apresentar com o seu vocalista, o valor será renegociado.
10 – É natural e compreensível que o contrato de um jogo de futebol de uma grande equipe seja definido com base na presença de seus grandes astros. Caso a Seleção Brasileira viesse a ser representada por jogadores de sua equipe sub-20 ou sub-23, os valores decorrentes poderiam ser inferiores. Importante dizer que esta cláusula tão alardeada jamais foi invocada ou levada a efeito desde o início de vigência do acordo.
11 – Isto não significa direcionamento de convocação do jogador A ou B, segundo a esdrúxula interpretação e conclusão do jornalista Jamil Chade. Trata-se de cláusula meramente de preço e não de ingerência.
12 – É muito importante dizer que muito além do significado comercial estes jogos têm absoluta importância técnica. Servem para avaliação da equipe, a evolução do conjunto dos jogadores e o conhecimento de adversários internacionais.
13 – Os termos do acordo em vigor desde 2006 – portanto, há quase 10 anos – têm inequivocamente proporcionado bons resultados financeiros à Seleção Brasileira.
14 – Há dois anos, aproximadamente, a CBF foi procurada por outra empresa para negociar assuntos que fazem parte do objeto em questão. A CBF conversou e chegou à conclusão de que não era um negócio melhor do que o existente com a ISE, razão pela qual o contrato seguiu vigente. O fato de a CBF ter ouvido outros potenciais interessados significa que está atenta ao mercado e que tem gestores responsáveis e que não se acomodam com situações já estabelecidas em contratos.
15 – A CBF lamenta a leitura arbitrária do jornalista que escreveu a matéria. Sobre diálogos e possíveis minutas que nunca se concretizaram em contratos, a CBF não pode se manifestar. São versões unilaterais, especulações, que ficam sob a responsabilidade do que escreveu o jornalista, que deu asas à imaginação, a insinuações, inclusive sobre comissões de contratos que simplesmente não existem.
16 – A CBF se põe à disposição, de forma transparente, para esclarecimentos de dúvidas remanescentes.
A CBF, ao mesmo tempo em que repudia, com veemência, tais insinuações maliciosas, aproveita para ressaltar a lisura dessa contratação, esclarecendo o seguinte:
1 – Ao contrário do que diz a reportagem do Estado de S. Paulo de hoje, (17/05/2015), a CBF não “vendeu” a Seleção Brasileira, hipótese ridícula, manchete que não se sustenta em nenhuma evidência e somente se explica pela necessidade do jornalista Jamil Chade de buscar a notícia fácil, que gera escândalos.
2 – A CBF informa também que não leiloou a Seleção Brasileira como diz a reportagem do jornal, outra hipótese infantil, tradição das reportagens deste repórter. O tal contrato citado pelo jornalista não é secreto e em nenhum momento tem influência sobre convocações de atletas e, tampouco, traz prejuízo técnico para a seleção. A matéria, inclusive, pode ser chamada de requentada, já que vários dados deste contrato já foram divulgados, inclusive no próprio jornal.
3 – A CBF afirma que os critérios de escolha dos convocados para os jogos da Seleção Brasileira são e serão, sempre, técnicos. Jogarão e jogaram, sempre, os melhores jogadores em atividade. A população brasileira acompanha, jogo após jogo, a escolha dos convocados, anunciados publicamente, e, portanto, sabe que o jornalista mentiu ao afirmar que as escolhas são feitas por critérios comerciais.
4 – A CBF mantém um contrato com a companhia ISE para a realização de amistosos da Seleção Brasileira. O contrato tem cláusulas de confidencialidade como qualquer outra transação comercial deste nível.
5 – Exceto por causa da leitura mal intencionada que fez o jornalista, o contrato não diz, não aborda, não dá margem a dúvida ou interpretação de que a CBF daria o direito de induzir a convocação de jogadores a quem quer que fosse.
6 – A matéria alardeia, sugere e não prova, a não ser por ilação do autor, que a CBF leiloou a Seleção e distribuiu comissões a agentes, cartolas, testas de ferro e empresas em paraísos fiscais. Nada disto existiu e nada disto foi comprovado na matéria.
7 – A CBF paga rigorosamente todos os tributos em dia, inclusive os pertinentes ao contrato em questão, a despeito de sua formatação jurídica que lhe conferiria isenção fiscal por ser entidade sem fim lucrativo. A CBF informa também que mantém suas contas bancárias sediadas exclusivamente no Brasil.
8 – Se a ISE tem sede nas Ilhas Cayman ou em qualquer outro lugar, este critério para a localização de sua sede é dela e não da CBF. A sua existência é legal e protegida por leis internacionais. A ISE é uma subsidiária do Grupo Dallah Al Baraka, um dos maiores conglomerados do Oriente Médio. O Grupo Baraka tem 38 mil funcionários em todo mundo. A ISE subcontratou direitos à Pitch Internacional, dentro das prerrogativas contratuais que tem.
9 – A leitura de Jamil Chade sobre as cláusulas contratuais foi, como sempre, feita de maneira mal intencionada. No ramo do futebol se um time não se apresenta com a equipe principal o valor do amistoso pode ser reduzido. Se o Barcelona for jogar com o seu time B, sem contar com suas grandes estrelas, como por exemplo Neymar, Messi e Suarez, suas cotas comerciais serão menores. Se uma banda de rock não se apresentar com o seu vocalista, o valor será renegociado.
10 – É natural e compreensível que o contrato de um jogo de futebol de uma grande equipe seja definido com base na presença de seus grandes astros. Caso a Seleção Brasileira viesse a ser representada por jogadores de sua equipe sub-20 ou sub-23, os valores decorrentes poderiam ser inferiores. Importante dizer que esta cláusula tão alardeada jamais foi invocada ou levada a efeito desde o início de vigência do acordo.
11 – Isto não significa direcionamento de convocação do jogador A ou B, segundo a esdrúxula interpretação e conclusão do jornalista Jamil Chade. Trata-se de cláusula meramente de preço e não de ingerência.
12 – É muito importante dizer que muito além do significado comercial estes jogos têm absoluta importância técnica. Servem para avaliação da equipe, a evolução do conjunto dos jogadores e o conhecimento de adversários internacionais.
13 – Os termos do acordo em vigor desde 2006 – portanto, há quase 10 anos – têm inequivocamente proporcionado bons resultados financeiros à Seleção Brasileira.
14 – Há dois anos, aproximadamente, a CBF foi procurada por outra empresa para negociar assuntos que fazem parte do objeto em questão. A CBF conversou e chegou à conclusão de que não era um negócio melhor do que o existente com a ISE, razão pela qual o contrato seguiu vigente. O fato de a CBF ter ouvido outros potenciais interessados significa que está atenta ao mercado e que tem gestores responsáveis e que não se acomodam com situações já estabelecidas em contratos.
15 – A CBF lamenta a leitura arbitrária do jornalista que escreveu a matéria. Sobre diálogos e possíveis minutas que nunca se concretizaram em contratos, a CBF não pode se manifestar. São versões unilaterais, especulações, que ficam sob a responsabilidade do que escreveu o jornalista, que deu asas à imaginação, a insinuações, inclusive sobre comissões de contratos que simplesmente não existem.
16 – A CBF se põe à disposição, de forma transparente, para esclarecimentos de dúvidas remanescentes.
A repercussão:
Matéria na ESPN com o vídeo divulgado pelo jornalista que assinou a matéria:
Blog do Perrone 17/05/2015
Você nunca mais vai ver as convocações da seleção com os mesmos olhos
Convocação para a Copa América 2015
Dunga durante a convocação da seleção brasileira para a Copa América 2015 Mowa Press
Como mostrou reportagem do jornal “O Estado de S.Paulo” neste sábado, a CBF precisa comunicar os grupos International Sports Events (ISE) e Pitch International sobre os jogadores convocados para os amistosos do time nacional com o prazo máximo de 15 dias de antecedência. Se os melhores não estiverem na relação, a CBF pode perder 50% da cota referente ao jogo. Para isso não acontecer precisa provar que os desfalques foram por problemas médicos e substituir os ausentes por atletas que tenham o mesmo potencial de marketing e reputação, além de similar condição técnica.
Ou seja, em tese, para a coisa funcionar o treinador tem que aceitar mudanças em suas convocações determinadas pelos dirigentes para que a entidade não perca dinheiro. E não é levado em conta só o desempenho do jogador em campo.
Será que todos treinadores aceitam esse controle? Difícil. Ainda mais aqueles que estão no auge da carreira e têm apoio popular.
Saber da existência dessa cláusula muda a forma de se enxergar não só as contratações de treinadores da CBF, mas convocações da seleção brasileira. Um astro veterano que não viva seus melhores dias e que volte a vestir a camisa amarela terá, a partir de agora, que conviver com essa desconfiança: será que foi chamado só para atender aos interesses dos parceiros da confederação?
E como ficam jogadores que estão voando em campo e são esquecidos? Acontece direto, mas não costuma dar muito falatório.
Porém, a partir de agora isso deve mudar. O fator contrato passa a fazer parte das análises das listas de atletas chamados. Em outras palavras, você, provavelmente, nunca mais vai ver as convocações da seleção brasileira com os mesmos olhos. Pelo menos eu não vou.
Após denúncia, Bom Senso cobra transparência da CBF
Estadão Conteúdo
Redação Folha Vitória
O meia Alex, um dos principais líderes do movimento que cobra melhorias no futebol brasileiro, pediu a democratização da CBF. "Sinto-me absolutamente mal, enojado! É mais um sinal daquilo que pedimos: transparência! O Congresso Nacional precisa urgentemente aprovar a MP 671, para que se democratize a CBF, dando participação e direito de voto aos atletas", disse o ex-jogador, que agora é comentarista de tevê.
"O futebol é patrimônio do povo brasileiro e não pode ser usurpado como está sendo, a tanto tempo por uma sociedade privada como é a CBF", acusou o ex-jogador. "Já não jogo mais, mas essa notícia é como um soco enorme no estômago. Que sejam apurados todos os fatos para que saibamos realmente tudo o que acontece no comando do nosso futebol, que se faça uma limpa", declarou Alex.
O meia, que jogou na seleção brasileira entre 1998 a 2005, é taxativo em relação ao papel dos parceiros comerciais na escolha dos jogadores. "A escolha deveria ser exclusivamente técnica, da preferência do treinador. Diante da denúncia, todos podem pensar o que quiserem", disse. "Como ex-atleta minha maior preocupação é com o futebol brasileiro, que tem clubes muito endividados, pobre de pensamentos e pouco preocupado em melhorar. Enquanto a CBF enriquece em cima da área comercial e pouco se preocupa com o futebol", completou.
CBF REPUDIA ACUSAÇÃO - A reportagem feita com exclusividade pelo jornal O Estado de S. Paulo sobre as suspeitas negociações da CBF junto a agentes, cartolas, testas de ferro e empresas em paraísos fiscais, causa polêmica na entidade. Por meio de nota divulgado na tarde deste domingo, a confederação repudiou as informações da matéria e afirma que suspeitas de irregularidades no acordo com a empresa ISE, do Grupo Dallah All Baraka, são "infundadas".
Por meio de 16 pontos enumerados no comunicado, a CBF diz que "não vendeu" a seleção brasileira, chamando o conteúdo de "insinuação infantil". "A CBF afirma que os critérios de escolha dos convocados para os jogos da seleção brasileira são e serão, sempre, técnicos. Jogarão e jogaram, sempre, os melhores jogadores em atividade".
A entidade explica que amistosos contra seleções menores, como ocorreu em 2011 contra o Gabão, ajudam na montagem do plantel. "É muito importante dizer que muito além do significado comercial estes jogos têm absoluta importância técnica. Servem para avaliação da equipe, a evolução do conjunto dos jogadores e o conhecimento de adversários internacionais."
No fim do comunicado, a CBF se coloca à disposição "de forma transparente" para esclarecer dúvidas que ainda possam surgir a após a publicação da matéria pelo Estado.
A CBF e a máfia
POR NELSON CUNHA, na Folha de S.Paulo
Toda vez que leio sobre a CBF tenho a sensação de ver um episódio de “Os Sopranos”. A série, criada por David Chase e produzida pela HBO, contava a história de um mafioso e seus comparsas, crimes, corrupção, mulheres e dinheiro.
Sou uma das milhares de órfãs de Tony Soprano, o protagonista. Mas o mundo da CBF sempre mata um pouco da saudade da série.
O novo presidente, Marco Polo Del Nero, poderia bem ser um dos amigos do personagem principal. Ou o próprio. Tem nome de mafioso, careca de mafioso, corpulência de mafioso, namoradas com cara de namoradas de mafioso e comanda entidade que, teoricamente, é uma empresa idônea, mas que vira e mexe tem que provar que é idônea.
É só jogar no Google: CBF, escândalos, corrupção. Impressionante.
Na sexta (15), a notícia era a demissão de Ariberto Pereira dos Santos, ex-tesoureiro da entidade na gestão de Don Ricardo Teixeira. Há um ano, ele comandava o departamento de futebol feminino. Sinal de que seus dias estavam contados.
Vamos combinar que é uma baita perda de poder você, um dia, comandar a dinheirama que rola na CBF e, no dia seguinte, ganhar de presente a direção do departamento de futebol feminino.
Nem precisa ser feminista para saber que, para a CBF, o futebol feminino é a irmã feia da família.
Assim como os parceiros de Tony Soprano, Ariberto parece super gente boa. Usava o banco Rural, investigado na época do mensalão, para fazer as operações cambiais da CBF, o que fez com que a entidade perdesse cerca de R$ 30 milhões quando o Banco Central decretou a intervenção do Rural.
Foi investigado pela CPI do Futebol e acusado de operar um caixa dois –aquelas histórias de CPI que quase nunca dão em nada. Por fim, admitiu usar uma conta particular para gerir recursos da CBF.
Ricardo Teixeira, o ex-presidente que reinou no cargo durante 23 anos, está sendo acusado de ter votado no Qatar para sediar a Copa de 2022 em troca de dinheiro, favores e garantias, segundo o livro “Ugly Game”, lançado no mês passado pelos jornalistas ingleses Heide Blake e Jonathan Calvert.
Os jornalistas contam que o ex-secretário da Fifa Michel Zen Ruffinen aparece em vídeo explicando o que cada membro da Fifa esperava em troca de seu voto. “Teixeira é dinheiro”, disse sobre o brasileiro.
Tony Soprano também era chegado em qualquer negociação que envolvesse grana. Tutti buona gente.
Mas o que eu gosto mesmo são as fofocas em que o nome e as fotos de Don Del Nero aparecem. Não precisa nem ler o noticiário esportivo. Elas estão em revistas do tipo “Caras”, “Contigo” ou no “F5″, o site de entretenimento da Folha.
Don Del Nero ganhou dos amigos o apelido de “Olacyr de Moraes do Futebol”. Achei que era por causa do salarião de R$ 200 mil, mas a história por trás do apelido é muito melhor. O dirigente coleciona namoradas que poderiam ser suas netas.
Currículo das moças: modelo. Para uma deu dinheiro para que ela desse entrada num apartamento e mexeu os pauzinhos para que fosse passista de uma escola de samba.
Para outra, um Mercedes Benz, que custava a bagatela de R$ 200 mil. Mas essa tinha posado para a revista “Sexy”, que fique bem entendido. Essa, inclusive, já é passado. A fila anda. Don Del Nero troca de namorada como Dunga troca a escalação da seleção.
Os babados da CBF são sempre muito mais saborosos do que os da ficção. Tony Soprano fez escola. Ou será que foi o contrário?
Toda vez que leio sobre a CBF tenho a sensação de ver um episódio de “Os Sopranos”. A série, criada por David Chase e produzida pela HBO, contava a história de um mafioso e seus comparsas, crimes, corrupção, mulheres e dinheiro.
Sou uma das milhares de órfãs de Tony Soprano, o protagonista. Mas o mundo da CBF sempre mata um pouco da saudade da série.
O novo presidente, Marco Polo Del Nero, poderia bem ser um dos amigos do personagem principal. Ou o próprio. Tem nome de mafioso, careca de mafioso, corpulência de mafioso, namoradas com cara de namoradas de mafioso e comanda entidade que, teoricamente, é uma empresa idônea, mas que vira e mexe tem que provar que é idônea.
É só jogar no Google: CBF, escândalos, corrupção. Impressionante.
Na sexta (15), a notícia era a demissão de Ariberto Pereira dos Santos, ex-tesoureiro da entidade na gestão de Don Ricardo Teixeira. Há um ano, ele comandava o departamento de futebol feminino. Sinal de que seus dias estavam contados.
Vamos combinar que é uma baita perda de poder você, um dia, comandar a dinheirama que rola na CBF e, no dia seguinte, ganhar de presente a direção do departamento de futebol feminino.
Nem precisa ser feminista para saber que, para a CBF, o futebol feminino é a irmã feia da família.
Assim como os parceiros de Tony Soprano, Ariberto parece super gente boa. Usava o banco Rural, investigado na época do mensalão, para fazer as operações cambiais da CBF, o que fez com que a entidade perdesse cerca de R$ 30 milhões quando o Banco Central decretou a intervenção do Rural.
Foi investigado pela CPI do Futebol e acusado de operar um caixa dois –aquelas histórias de CPI que quase nunca dão em nada. Por fim, admitiu usar uma conta particular para gerir recursos da CBF.
Ricardo Teixeira, o ex-presidente que reinou no cargo durante 23 anos, está sendo acusado de ter votado no Qatar para sediar a Copa de 2022 em troca de dinheiro, favores e garantias, segundo o livro “Ugly Game”, lançado no mês passado pelos jornalistas ingleses Heide Blake e Jonathan Calvert.
Os jornalistas contam que o ex-secretário da Fifa Michel Zen Ruffinen aparece em vídeo explicando o que cada membro da Fifa esperava em troca de seu voto. “Teixeira é dinheiro”, disse sobre o brasileiro.
Tony Soprano também era chegado em qualquer negociação que envolvesse grana. Tutti buona gente.
Mas o que eu gosto mesmo são as fofocas em que o nome e as fotos de Don Del Nero aparecem. Não precisa nem ler o noticiário esportivo. Elas estão em revistas do tipo “Caras”, “Contigo” ou no “F5″, o site de entretenimento da Folha.
Don Del Nero ganhou dos amigos o apelido de “Olacyr de Moraes do Futebol”. Achei que era por causa do salarião de R$ 200 mil, mas a história por trás do apelido é muito melhor. O dirigente coleciona namoradas que poderiam ser suas netas.
Currículo das moças: modelo. Para uma deu dinheiro para que ela desse entrada num apartamento e mexeu os pauzinhos para que fosse passista de uma escola de samba.
Para outra, um Mercedes Benz, que custava a bagatela de R$ 200 mil. Mas essa tinha posado para a revista “Sexy”, que fique bem entendido. Essa, inclusive, já é passado. A fila anda. Don Del Nero troca de namorada como Dunga troca a escalação da seleção.
Os babados da CBF são sempre muito mais saborosos do que os da ficção. Tony Soprano fez escola. Ou será que foi o contrário?
Nenhum comentário:
Postar um comentário