Leia a íntegra da carta de Michel Temer para os Deputados Federais:
Prezado
Parlamentar.
A minha
indignação é que me traz a você. São muitos os que me aconselham a nada dizer a
respeito dos episódios que atingiram diretamente a minha honra. Mas para mim é
inadmissível. Não posso silenciar. Não devo silenciar.
Tenho sido
vítima desde maio de torpezas e vilezas que pouco a pouco, e agora até mais
rapidamente, têm vindo à luz.
Jamais
poderia acreditar que houvesse uma conspiração para me derrubar da Presidência
da República. Mas os fatos me convenceram. E são incontestáveis.
Começo pelo
áudio da conversa entre os dirigentes da JBS. Diálogo sujo, imoral, indecente,
capaz de fazer envergonhar aqueles que o ouvem. Não só pelo vocabulário chulo,
mas pelo conteúdo revelador de como se deu toda a trajetória que visava a
impedir a prisão daqueles que hoje, em face desse áudio, presos se encontram.
Quem o ouviu
verificou uma urdidura conspiratória dos que dele participavam demonstrando
como se deu a participação do ex-procurador-geral da República, por meio de seu
mais próximo colaborador, Dr. Marcello Miller.
Aquele se
tornou advogado da JBS enquanto ainda estava na PGR. E, dela sendo exonerado,
não cumpriu nenhuma quarentena prevista expressamente no artigo 128, parágrafo
6°, da Constituição Federal.
Também veio
a conhecimento público a entrevista de outro procurador, Ângelo Goulart Vilela,
que permaneceu preso durante 76 dias, sem que fosse ouvido. Nela, evidenciou
que o único objetivo do ex-procurador-geral era "derrubar o presidente da
República".
"Ele
tinha pressa e precisava derrubar o presidente", disse o procurador.
"O Rodrigo (Janot) tinha certeza que derrubaria", afirmou. A ação,
segundo ele, teria dois efeitos: impedir que o presidente nomeasse o novo
titular da Procuradoria-Geral da República, e ser, ou indicar, o novo candidato
a presidente da República. Veja que trama.
Mas não é
só. O advogado Willer Tomaz, que também ficou preso sem ser ouvido, registrou
igualmente em entrevista os fatos desabonadores em relação à conduta do
ex-procurador-geral.
Em
entrevista à revista Época, o ex-deputado Eduardo Cunha disse que a sua delação
não foi aceita porque o procurador-geral exigia que ele incriminasse o
presidente da República. Esta negativa levou o procurador Janot a buscar alguém
disposto a incriminar o Presidente. Que, segundo o ex-deputado, mentiu na sua
delação para cumprir com as determinações da PGR. Ressaltando que ele, Funaro,
sequer me conhecia.
Na
entrevista, o ex-deputado nega o que o dirigente-grampeador, Joesley Batista,
disse na primeira gravação: que comprara o seu silêncio.
No áudio
vazado por "acidente" da conversa dos dirigentes da JBS,
protagonizado por Joesley e Ricardo Saud, fica claro que o objetivo era
derrubar o presidente da República. Joesley diz que, no momento certo, e de
comum acordo com o Rodrigo Janot, o depoimento já acertado com Lúcio Funaro
"fecharia a tampa do caixão". Tentativa que vemos agora em execução.
Tudo
combinado, tudo ajustado, tudo acertado, com o objetivo de: livrar-se de
qualquer penalidade e derrubar o presidente da República.
E agora,
trazem de volta um delinquente conhecido de várias delações premiadas não
cumpridas para mentir, investindo contra o presidente, contra o Congresso
Nacional, contra os parlamentares e partidos políticos.
Eu, que
tenho milhares de livros vendidos de direito constitucional, com mais de 50
anos de serviços na universidade, na advocacia, na procuradoria e nas
secretarias de Estado, na presidência da Câmara dos Deputados e agora na
Presidência da República, sou vítima de uma campanha implacável com ataques
torpes e mentirosos. Que visam a enlamear meu nome e prejudicar a República.
O que me
deixa indignado é ser vítima de gente tão inescrupulosa. Mas estes episódios
estão sendo esclarecidos.
A verdade
que relatei logo no meu segundo pronunciamento, há quase cinco meses, está
vindo à tona. Pena que nesse largo período o noticiário deu publicidade ao que
diziam esses marginais. Deixaram marcas que a partir de agora procurarei
eliminar, como estou buscando fazer nesta carta.
É um
desabafo. É uma explicação para aqueles que me conhecem e sabem de mim. É uma
satisfação àqueles que democraticamente convivem comigo.
Afirmações
falsas, denúncias ineptas alicerçadas em fatos construídos artificialmente e,
portanto, não verdadeiros, sustentaram as mentiras, falsidades e inverdades que
foram divulgadas. As urdiduras conspiratórias estão sendo expostas. A armação
está sendo desmontada.
É preciso
restabelecer a verdade dos fatos. Foi a iniciativa do governo, somada ao apoio
decisivo da Câmara dos Deputados e do Senado Federal, que possibilitou a retomada
do crescimento no país.
Quando se
fala que a inflação caiu, que os juros foram reduzidos, que fomos capazes de
liberar as contas inativas do FGTS e agora de antecipar as idades para
percepção do PIS/Pasep, tudo isso tem um significado: impedir o aumento de
preços, valorizar o salário e melhorar a vida das pessoas.
Quero
acrescentar o que fizemos na área social. No Bolsa Família, por exemplo. Quando
assumimos aumentamos em 12,5% seu valor. E zeramos a fila daqueles que nele
queriam ingressar.
Mas nós não
queremos que os que estão no Bolsa Família nele permaneçam indefinidamente.
Queremos que progridam. Por isso lançamos o programa Progredir, com
participação dos bancos públicos e da sociedade civil com vistas a incluí-los
positivamente na sociedade.
Nenhum
programa social foi eliminado ou reduzido. O Brasil não parou, apesar das
denúncias criminosas que acabei de apontar.
O Brasil
cresceu e vem crescendo. Basta verificar os investimentos estrangeiros e o
interesse acentuado pelas concessões e privatizações que estamos corajosamente
a realizar.
E a agenda
de modernização reformista do País avança com o teto de gastos públicos, lei
das estatais, modernização trabalhista, reforma do ensino médio, proposta de
revisão da Previdência, simplificação tributária.
Em toda a
minha trajetória política a minha pregação foi a de juntar os brasileiros, de
promover a pacificação, de conversar, de dialogar. Não acredito na tese do
"nós contra eles". Acredito na união dos brasileiros.
O que
devemos fazer agora é continuar a construir, juntos, o Brasil. Com serenidade,
moderação, equilíbrio e solidariedade.
Na certeza
de que a verdade dos fatos será reposta, agradeço a sua atenção.
Atenciosamente,
Michel Temer
E agora Leia na integra as informações passadas pelo Michel Temer para os americanos na época que ele era um informante da inteligência americana (vulgo espião)
1. (U) Sensitive but Unclassified - protect accordingly.
2. (SBU) Summary: Federal Deputy Michel Temer, national
president of the Brazilian Democratic Movement Party (PMDB),
believes that public disillusion with President Lula and the
Workers' Party (PT) provides an opportunity for the PMDB to
field its own candidate in the 2006 presidential election.
However, party divisions and the lack of a compelling choice
as a candidate could force the PMDB into an alliance with
Lula's PT or the opposition PSDB. If Lula's polling numbers
do not improve before the PMDB primaries in March, Temer
said his party might nominate its own candidate. This would
still allow the party to forge an alliance with the PT or
PSDB in a runoff, assuming that the PMDB candidate fails to
make the second round. Given its centrist orientation, the
PMDB may hold the balance of votes between the two opposing
forces. It is also likely to remain a force at the local
and state level. Temer believes it has a chance to win as
many as 14 gubernatorial races. End Summary.
---------------------------
With Allies Like This . . .
---------------------------
3. (SBU) Michel Temer, a Federal deputy from Sao Paulo who
served as president of the Chamber of Deputies from 1997
through 2000, met January 9 with CG and poloffs to discuss
the current political situation. Lula's election, he said,
had raised great hope among the Brazilian people, but his
performance in office has been disappointing. Temer
criticized Lula's narrow vision and his excessive focus on
social safety net programs that don't promote growth or
economic development. The PT had campaigned on one program
and, once in office, had done the opposite of what it
promised, which Temer characterized as electoral fraud.
Worse, some PT leaders had stolen state money, not for
personal gain, but to expand the party's power, and had thus
fomented a great deal of popular disillusion.
-------------------------
PMDB Perceives an Opening
-------------------------
4. (SBU) This reality, Temer continued, opens an
opportunity for the PMDB. The party currently holds nine
statehouses and has the second-highest number of federal
deputies (after the PT), along with a great many mayoralties
and city council and state legislative seats. Polls show
that voters are tired of both the PT and the main opposition
party, the Brazilian Social Democratic Party (PSDB). For
example, a recent poll showed former governor (and PMDB
state chairman) Orestes Quercia leading in the race for Sao
Paulo state governor.
-----------------------
Divisions Dog the Party
-----------------------
5. (SBU) Asked why the PMDB remains so divided, Temer said
the reasons were both historical and related to the nature
of Brazilian political parties. The PMDB grew out of the
Brazilian Democratic Movement (MDB) under the military
dictatorship, which operated as an umbrella group for
legitimate opposition to the military dictatorship. After
the restoration of democracy, some members left the PMDB to
form new parties (such as the PT and PSDB), but many of
those who remained now act as power brokers at the local and
regional level. Thus the PMDB has no real unifying national
identity but rather an umbrella organization for regional
"caciques" or bosses. Temer noted that the PMDB is not the
only divided party. Although there are 28 political parties
in Brazil, most of them do not represent an ideology or a
particular line of political thinking that would support a
national vision.
----------------------------
SAO PAULO 00000030 002 OF 003
PMDB Primaries Set for March
----------------------------
6. (SBU) Temer confirmed press reports that he is seeking
to move the March 5 primary date to a date later in the
month. (Note: March 31 is the deadline for executives and
Ministers to resign their offices if they plan to run for
public office. End Note.) There will be some 20,000
electors, he said, including all PMDB members who hold
electoral office (federal and state deputies, governors,
mayors, vice-governors and -mayors, and other elected
municipal officials) as well as delegates chosen at state
conventions.
---------------------------------------
Lula's Numbers Will Drive PMDB Strategy
---------------------------------------
7. (SBU) If, between now and the primary, the Lula
government's standing in the polls improves, it is still
possible the PMDB will seek an electoral alliance with Lula
and the PT, Temer said. If not, the PMDB will run its own
candidate. So far, Rio de Janeiro ex-governor Anthony
Garotinho has been working the hardest, reaching out to the
whole country in search of support. But there is resistance
to him from within the PMDB, in part due to his populist
image, in part because there appears to be a ceiling to his
support. Germano Rigotto, governor of Rio Grande do Sul
(reftels) is a possible candidate, though he is still not
well known outside the south. Nelson Jobim, a judge on the
Supreme Federal Tribunal (STF) who has announced his
intention to step down, is another possibility; however, he
can't campaign until he leaves the Tribunal, and he may not
have time to attract the support necessary to win the
primary.
--------------------------------------------
PMDB's Fallback - PT or PSDB in Second Round
--------------------------------------------
8. (SBU) Temer was confident that despite its current
division, the PMDB will unite for the election, whether in
support of its own candidate or in alliance with another
party. If it runs a candidate who fails to make it to the
second round, the party will seek to negotiate an alliance
with one of the two finalists. He noted that the PMDB had
supported the government of PSDB former president Fernando
Henrique Cardoso, and said there should be a "re-fusion" of
the two parties into a permanent grand alliance. The PMDB
would have no problem with either Sao Paulo Mayor Jose Serra
or Sao Paulo state governor Geraldo Alckmin, who are
competing for the PSDB nomination. In 2002, the PMDB
supported Serra against Lula.
9. (SBU) Asked about the party's program, Temer indicated
that the PMDB favors policies to support economic growth.
It has no objection to the Free Trade Area of the Americas
(FTAA). It would prefer to see Mercosul strengthened so as
to negotiate FTAA as a bloc, but the trend appears to be
moving the other way.
------------------------------
Comment: PMDB As Power Broker?
------------------------------
10. (SBU) For now, the PMDB is keeping its options open.
Though Temer didn't mention it, the party's leadership is
waiting to see whether the "verticalizacao" rule will remain
in force for the 2006 elections. This rule, decreed by a
2002 decision of the Supreme Electoral Tribunal (TSE),
dictates that electoral alliances at the national level must
be replicated in races for governors and federal deputies.
The Senate passed a measure repealing the rule, and the
lower chamber is expected to vote on it shortly, with
prospects uncertain. There is also a legal challenge to the
rule pending which the TSE will likely take up in February.
The PMDB wants to know the rules of the game before deciding
on possible alliances, since most observers believe that a
SAO PAULO 00000030 003 OF 003
PMDB presidential candidate would not fare well under the
current system of "verticalizacao." Temer appeared open to
the possibility of an alliance with either the PT or the
PSDB, or to a stand-alone PMDB candidate. Given its
centrist orientation, the PMDB may hold the balance of votes
between Lula's PT and the opposition PSDB, and thus bears
watching closely in the months ahead. End Comment.
11. (U) Biographic Note: Michel Miguel Elias Temer Lulia
has served as federal deputy from Sao Paulo since 1987,
except for a two-year period (1993-94) when he was Secretary
for Public Security in the Sao Paulo state government. He
studied at the University of Sao Paulo and earned a
Doctorate in Law from the Catholic University of Sao Paulo.
From 1984 through 1986 he was the state's Prosecutor
General. He served as the PMDB's leader in the Camara de
Deputados 1995-97 and as President of the Camara 1997-2000.
He was national president of the PMDB 2001-03 and 2004-
present.
12. (U) This cable was cleared/coordinated with Embassy
Brasilia.
McMullen
Tradução pelo google Tradutor:
1. (U) Sensível, mas não classificado - proteja de acordo.
2. (SBU) Resumo: deputado federal Michel Temer, nacional
presidente do Partido do Movimento Democrático Brasileiro (PMDB),
acredita que a desilusão pública com o presidente Lula e a
O Partido dos Trabalhadores (PT) oferece uma oportunidade para o PMDB
campo seu próprio candidato na eleição presidencial de 2006.
No entanto, as divisões do partido e a falta de uma escolha convincente
Como um candidato poderia forçar o PMDB a uma aliança com
PT de Lula ou o PSDB da oposição. Se os números de votação de Lula
não melhore antes das primárias do PMDB em março, Temer
disse que seu partido pode nomear seu próprio candidato. Isso seria
ainda permite que a festa forja uma aliança com o PT ou
PSDB em um segundo turno, assumindo que o candidato PMDB falha
faça a segunda rodada. Dada a orientação centrista, a
PMDB pode manter o saldo de votos entre os dois adversários
forças. Também é provável que continue a ser uma força no local
e nível estadual. Temer acredita que tem a chance de ganhar como
muitos como 14 corridas governamentais. Resumo final.
---------------------------
Com os aliados gostam disso. . .
---------------------------
3. (SBU) Michel Temer, deputado federal de São Paulo que
serviu como presidente da Câmara dos Deputados de 1997
até o ano de 2000, reuniu-se em 9 de janeiro com CG e poloffs para discutir
a situação política atual. A eleição de Lula, ele disse,
suscitou grande esperança entre os brasileiros, mas seu
O desempenho no escritório foi decepcionante. Temer
criticou a visão estreita de Lula e seu foco excessivo em
programas de segurança social que não promovam o crescimento ou
desenvolvimento Econômico. O PT havia feito campanha em um programa
e, uma vez no cargo, tinha feito o oposto do que
prometeu, que Temer caracterizou como fraude eleitoral.
Pior ainda, alguns líderes de PT roubaram dinheiro do Estado, não para
ganho pessoal, mas para expandir o poder do partido, e teve assim
fomentou uma grande desilusão popular.
-------------------------
PMDB Percebe uma Abertura
-------------------------
4. (SBU) Esta realidade, Temer continuou, abre uma
oportunidade para o PMDB. O partido atualmente tem nove
estadias e tem o segundo maior número de
deputados (após o PT), juntamente com grandes adiantamentos
e conselhos municipais e assentos legislativos estaduais. Enquete de enquete
que os eleitores estão cansados do PT e da principal oposição
festa, o Partido Social Democrata Brasileiro (PSDB). Para
Por exemplo, uma pesquisa recente mostrou o ex-governador (e PMDB
presidente do estado) Orestes Quercia liderando a corrida por São
Governador do estado de Paulo.
-----------------------
Divisões Dog the Party
-----------------------
5. (SBU) Perguntado por que o PMDB permanece tão dividido, Temer disse
os motivos eram históricos e relacionados à natureza
dos partidos políticos brasileiros. O PMDB surgiu do
Movimento Democrático Brasileiro (MDB) sob os militares
ditadura, que operava como um grupo guarda-chuva para
oposição legítima à ditadura militar. Depois de
a restauração da democracia, alguns membros deixaram o PMDB para
formar novas partes (como o PT e o PSDB), mas muitos
aqueles que permaneceram agora atuam como corretores de poder no local e
nível regional. Assim, o PMDB não possui um verdadeiro nacional unificador
identidade, mas sim uma organização guarda-chuva para
"caciques" ou chefes. Temer observou que o PMDB não é o
apenas partido dividido. Embora haja 28 partidos políticos
No Brasil, a maioria deles não representa uma ideologia ou uma
linha particular de pensamento político que apoiaria uma
visão nacional.
----------------------------
SAO PAULO 00000030 002 OF 003
PMDB Primaries Set for March
----------------------------
6. (SBU) Temer confirmou relatórios de imprensa que ele está procurando
para mover a data principal de 5 de março para uma data posterior no
mês. (Nota: 31 de março é o prazo para executivos e
Os ministros devem demitir seus cargos se planejam concorrer a
escritorio publico. Nota final.) Haverá cerca de 20.000
eleitores, ele disse, incluindo todos os membros do PMDB que possuem
escritório eleitoral (deputados federais e estaduais, governadores,
prefeitos, vice-governadores e -mayores, e outros eleitos
funcionários municipais), bem como delegados escolhidos no estado
convenções.
---------------------------------------
Os números de Lula direcionarão a estratégia PMDB
---------------------------------------
7. (SBU) Se, entre agora e o primário, o Lula
O estado do governo nas pesquisas aumenta, ainda é
possível, o PMDB buscará uma aliança eleitoral com Lula
e o PT, disse Temer. Caso contrário, o PMDB executará o seu próprio
candidato. Até agora, o ex-governador do Rio de Janeiro, Anthony
Garotinho tem trabalhado o mais difícil, alcançando o
país inteiro em busca de apoio. Mas há resistência
para ele dentro do PMDB, em parte devido ao seu populista
imagem, em parte porque parece haver um teto para o seu
Apoio, suporte. Germano Rigotto, governador do Rio Grande do Sul
(reftels) é um possível candidato, embora ainda não seja
bem conhecido fora do sul. Nelson Jobim, um juiz no
Supremo Tribunal Federal (STF) que anunciou seu
intenção de desistir, é outra possibilidade; no entanto, ele
não pode fazer campanha até sair do Tribunal, e ele não pode
tem tempo para atrair o apoio necessário para ganhar o
primário.
--------------------------------------------
Retoque do PMDB - PT ou PSDB na segunda rodada
--------------------------------------------
8. (SBU) Temer estava confiante de que, apesar de sua atual
divisão, o PMDB se unirá para a eleição, seja em
apoio de seu próprio candidato ou em aliança com outro
festa. Se é executado um candidato que não consegue chegar ao
segunda rodada, o partido procurará negociar uma aliança
com um dos dois finalistas. Ele observou que o PMDB tinha
apoiou o governo do ex presidente do PSDB, Fernando
Henrique Cardoso, e disse que deveria haver uma "re-fusão" de
as duas partes em uma grande aliança permanente. O PMDB
não teria nenhum problema com o prefeito de São Paulo, José Serra
ou o governador do estado de São Paulo Geraldo Alckmin, que são
concorrendo para a indicação do PSDB. Em 2002, o PMDB
apoiou Serra contra Lula.
9. (SBU) Perguntado sobre o programa da festa, Temer indicou
que o PMDB favorece políticas para apoiar o crescimento econômico.
Não tem objeção à Área de Livre Comércio das Américas
(FTAA). Preferiria fortalecer o Mercosul de modo que
para negociar a ALCA como um bloco, mas a tendência parece ser
movendo o outro caminho.
------------------------------
Comentário: PMDB como Power Broker?
------------------------------
10. (SBU) Por enquanto, o PMDB mantém suas opções abertas.
Embora Temer não tenha mencionado isso, a liderança do partido é
esperando para ver se a regra "verticalizacao" permanecerá
em vigor para as eleições de 2006. Esta regra, decretada por um
Decisão de 2002 do Tribunal Supremo Eleitoral (TSE),
determina que as alianças eleitorais a nível nacional devem
ser replicado em corridas para governadores e deputados federais.
O Senado aprovou uma medida que revoga a regra, e a
A câmara baixa deverá votar em breve, com
perspectivas incertas. Há também um desafio legal para o
regra pendente que a TSE provavelmente ocorrerá em fevereiro.
O PMDB quer conhecer as regras do jogo antes de decidir
sobre possíveis alianças, já que a maioria dos observadores acredita que uma
SAO PAULO 00000030 003 OF 003
O candidato presidencial do PMDB não seria bem abaixo do
sistema atual de "verticalização". Temer apareceu aberto a
a possibilidade de uma aliança com o PT ou o
PSDB, ou para um candidato de PMDB autônomo. Dado seu
orientação centrista, o PMDB pode manter o saldo de votos
entre o PT de Lula e o PSDB da oposição, e, portanto, carrega
Observando atentamente nos próximos meses. Termine o comentário.
11. (U) Nota Biográfica: Michel Miguel Elias Temer Lulia
atuou como deputado federal de São Paulo desde 1987,
exceto por um período de dois anos (1993-94) quando ele era secretário
para Segurança Pública no governo estadual de São Paulo. Ele
estudou na Universidade de São Paulo e obteve uma
Doutorado em Direito pela Universidade Católica de São Paulo.
De 1984 a 1986, ele foi o procurador do estado
Geral. Ele atuou como líder do PMDB na Camara de
Deputados 1995-97 e como presidente da Camara 1997-2000.
Ele foi presidente nacional do PMDB 2001-03 e 2004-
presente.
12. (U) Este cabo foi limpo / coordenado com a Embaixada
Brasília.
McMullen
E Agora todo o Depoimento do Funaro:
LÚCIO BOLONHA FUNARO CONTA TUDO.
Parte1:
Parte2:
Parte3:
Parte4:
Parte5(nessa parte ele conta detalhes daquela história que o Ex-marido da Patrícia Pilar, aquele que popularizou o termo "Tatu no Toco" e teve um dia que mandou matar a turma do Sérgio Moro, sempre reclama: Quando o Ciro Pediu para que Lula não entregasse Furnas para o Cunha, o Lula disse que não entregaria, e depois foi só o Ciro virar as costas e o Lula entregou):
Parte6:
Parte7:
Parte8:
Parte9:
Parte10:
Parte11:
Parte12:
Com o Funaro dando a versão dele, o Eduardo Cunha teve que contra-atacar.
E o Fez usando a Revista Época do Grupo Globo.
Preso há quase um ano, o homem que derrubou Dilma fala pela primeira
vez. Ele denuncia um mercado clandestino de delações – e diz estar pronto para
contar o que sabe à nova procuradora-geral da República
DIEGO ESCOSTEGUY
29/09/2017 - 22h21 -
Atualizado 06/10/2017 20h42
O ex- presidente da Câmara Eduardo Cunha. Ele se julga um “preso político”
Trezentos e quarenta e cinco dias no
cárcere não quebraram Eduardo Cunha.
O homem que derrubou Dilma Rousseff,
encerrando abruptamente 13 anos do PT no poder, pária para boa parte dos
brasileiros, herói para alguns poucos, o homem que se consagrou como o mais
vistoso preso da Lava Jato, esse homem que segue gerando memes e açulando
paixões – eis um homem que se recusa a aceitar o destino que se lhe impôs, da
política como passado e das grades como futuro. Cunha não aceita ser o que
esperam dele: um presidiário obsequioso, a cumprir sem muxoxos sua sentença.
“Sou um preso político”, disse, num encontro recente em Brasília, aquele cuja
delação o presidente Michel Temer mais teme. Na primeira entrevista
desde que foi preso, Cunha, cujo corpo, fala e espírito não traem um dia
submetido ao xilindró, foi, bem, puro Cunha: articulado, incisivo, bélico.
Falou da vida na prisão, da negociação frustrada de delação com o então
procurador-geral da República,Rodrigo Janot,
e do que considera uma clara perseguição judicial contra ele. Acusou a
existência de um mercado de delações premiadas, revelando detalhes
substantivos. Pôs-se à disposição da sucessora de Janot para voltar a negociar
sua delação, talvez sua única saída viável para escapar da cadeia – ele foi
condenado em primeira instância e responde a processos por corrupção em
Curitiba, Brasília e no Rio de Janeiro. A seguir, trechos da entrevista.
ÉPOCA – O ex-procurador-geral da
República Rodrigo Janot não aceitou sua proposta de delação premiada. O senhor
ainda está disposto a colaborar, caso a nova procuradora-geral, Raquel Dodge,
aceite negociar?
Eduardo Cunha – Estou pronto para revelar tudo o que sei, com provas, datas, fatos, testemunhas, indicações de meios para corroborar o que posso dizer. Assinei um acordo de confidencialidade com a Procuradoria-Geral da República, de negociação de colaboração, que ainda está válido. Estou disposto a conversar com a nova procuradora-geral. Tenho histórias quilométricas para contar, desde que haja boa-fé na negociação.
Eduardo Cunha – Estou pronto para revelar tudo o que sei, com provas, datas, fatos, testemunhas, indicações de meios para corroborar o que posso dizer. Assinei um acordo de confidencialidade com a Procuradoria-Geral da República, de negociação de colaboração, que ainda está válido. Estou disposto a conversar com a nova procuradora-geral. Tenho histórias quilométricas para contar, desde que haja boa-fé na negociação.
ÉPOCA – Não houve boa-fé na
negociação com Janot?
Cunha – Claro que não. Nunca acreditei que minha delação daria certo com o Janot. Tanto que não deu.
Cunha – Claro que não. Nunca acreditei que minha delação daria certo com o Janot. Tanto que não deu.
ÉPOCA – Então, por que negociou com a
equipe dele?
Cunha – Topei conversar para mostrar a todos que estou disposto a colaborar e a contar a verdade. Mas só uma criança acreditaria que Janot toparia uma delação comigo. E eu não sou uma criança. O Janot não queria a verdade; só queria me usar para derrubar o Michel Temer.
Cunha – Topei conversar para mostrar a todos que estou disposto a colaborar e a contar a verdade. Mas só uma criança acreditaria que Janot toparia uma delação comigo. E eu não sou uma criança. O Janot não queria a verdade; só queria me usar para derrubar o Michel Temer.
ÉPOCA – Como assim?
Cunha – Tenho muito a contar, mas não vou admitir o que não fiz. Não recebi qualquer pagamento do Joesley (Batista, dono da JBS) para manter silêncio sobre qualquer coisa. Em junho, quando fui depor à Polícia Federal sobre esse episódio, disse que tanto não mantinha silêncio algum que ninguém havia me chamado a colaborar, a quebrá-lo. Naquele momento, o Ministério Público e a Polícia Federal me procuraram para fazer colaboração. Autorizei meus advogados a negociar com o MP.
Cunha – Tenho muito a contar, mas não vou admitir o que não fiz. Não recebi qualquer pagamento do Joesley (Batista, dono da JBS) para manter silêncio sobre qualquer coisa. Em junho, quando fui depor à Polícia Federal sobre esse episódio, disse que tanto não mantinha silêncio algum que ninguém havia me chamado a colaborar, a quebrá-lo. Naquele momento, o Ministério Público e a Polícia Federal me procuraram para fazer colaboração. Autorizei meus advogados a negociar com o MP.
ÉPOCA – O que deu errado?
Cunha – Janot queria que eu colocasse mentiras na delação para derrubar o Michel Temer. Se vão derrubar ou não o Michel Temer, se ele fez algo de errado ou não, é uma outra história. Mas não vão me usar para confirmar algo que não fiz, para atender aos interesses políticos do Janot. Ele operou politicamente esse processo de delações.
Cunha – Janot queria que eu colocasse mentiras na delação para derrubar o Michel Temer. Se vão derrubar ou não o Michel Temer, se ele fez algo de errado ou não, é uma outra história. Mas não vão me usar para confirmar algo que não fiz, para atender aos interesses políticos do Janot. Ele operou politicamente esse processo de delações.
ÉPOCA – O que há de político nas
delações?
Cunha – O Janot, na verdade, queria um terceiro mandato. Mas seria difícil, tempo demais para um só. O candidato dele era o Nicolao Dino (vice de Janot), mas a resistência ao Dino no PMDB era forte. Se o Dino estivesse fora, a Raquel Dodge, desafeto do grupo dele, seria escolhida. É nesse contexto que aparece aquela delação absurda da JBS. O Janot viu a oportunidade de tirar o Michel Temer e conseguir fazer o sucessor dele na PGR.
Cunha – O Janot, na verdade, queria um terceiro mandato. Mas seria difícil, tempo demais para um só. O candidato dele era o Nicolao Dino (vice de Janot), mas a resistência ao Dino no PMDB era forte. Se o Dino estivesse fora, a Raquel Dodge, desafeto do grupo dele, seria escolhida. É nesse contexto que aparece aquela delação absurda da JBS. O Janot viu a oportunidade de tirar o Michel Temer e conseguir fazer o sucessor dele na PGR.
ÉPOCA – O que há de absurdo na
delação da JBS? Ou o senhor se refere aos benefícios concedidos aos delatores?
Cunha – O Joesley fez uma delação seletiva, para atender aos interesses dele e do Janot. Há omissões graves na delação dele. O Joesley poupou muito o PT. Escondeu que nos reunimos, eu e Joesley, quatro horas com o Lula, na véspera do impeachment. O Lula estava tentando me convencer a parar o impeachment. Isso é só um pequeno exemplo. Eu traria muitos fatos que tornariam inviável a delação da JBS. Tenho conhecimento de omissões graves. Essa é uma das razões pelas quais minha delação não poderia sair com o Janot. Ele, com esses objetivos políticos, acabou criando uma trapalhada institucional, que culminou no episódio do áudio da JBS. Jogou uma nuvem de suspeição no Supremo sem base alguma.
Cunha – O Joesley fez uma delação seletiva, para atender aos interesses dele e do Janot. Há omissões graves na delação dele. O Joesley poupou muito o PT. Escondeu que nos reunimos, eu e Joesley, quatro horas com o Lula, na véspera do impeachment. O Lula estava tentando me convencer a parar o impeachment. Isso é só um pequeno exemplo. Eu traria muitos fatos que tornariam inviável a delação da JBS. Tenho conhecimento de omissões graves. Essa é uma das razões pelas quais minha delação não poderia sair com o Janot. Ele, com esses objetivos políticos, acabou criando uma trapalhada institucional, que culminou no episódio do áudio da JBS. Jogou uma nuvem de suspeição no Supremo sem base alguma.
ÉPOCA – Mas o que houve de político
na negociação da delação do senhor?
Cunha – A maior prova de que Janot operou politicamente é que ele queria que eu admitisse que vendi o silêncio ao Joesley para poder usar na denúncia contra o Michel Temer. Não posso admitir aquilo que não fiz. Como não posso admitir culpa do que eu não fiz, inclusive nas ações que correm no Paraná. Estava disposto a trazer fatos na colaboração que não têm nada a ver com o que está exposto nas ações penais. Eles não queriam.
Cunha – A maior prova de que Janot operou politicamente é que ele queria que eu admitisse que vendi o silêncio ao Joesley para poder usar na denúncia contra o Michel Temer. Não posso admitir aquilo que não fiz. Como não posso admitir culpa do que eu não fiz, inclusive nas ações que correm no Paraná. Estava disposto a trazer fatos na colaboração que não têm nada a ver com o que está exposto nas ações penais. Eles não queriam.
ÉPOCA – Havia algum outro fato que os
procuradores queriam que você admitisse? Que não foi uma admissão espontânea,
como determina a lei?
Cunha – Janot queria que eu colocasse na proposta de delação que houve pagamentos para deputados votarem a favor do impeachment. Isso nunca aconteceu. Um absurdo. Se o próprio Joesley confessou o contrário na delação dele, dizendo que se comprometeu a pagar deputados para votar contra o impeachment, de onde sai esse tipo de coisa? Qual o sentido? Mas aí essa história maluca, olha que surpresa, aparece na delação do Lúcio (Funaro, doleiro próximo a Cunha). É uma operação política, não jurídica. Eles tiram as conclusões deles e obrigam a gente a confirmar. Os caras não aceitam quando você diz a verdade. Queriam que eu corroborasse um relatório da PF que me acusa de coisas que não existem. Não é verdade. Então não vou. Não vou.
Cunha – Janot queria que eu colocasse na proposta de delação que houve pagamentos para deputados votarem a favor do impeachment. Isso nunca aconteceu. Um absurdo. Se o próprio Joesley confessou o contrário na delação dele, dizendo que se comprometeu a pagar deputados para votar contra o impeachment, de onde sai esse tipo de coisa? Qual o sentido? Mas aí essa história maluca, olha que surpresa, aparece na delação do Lúcio (Funaro, doleiro próximo a Cunha). É uma operação política, não jurídica. Eles tiram as conclusões deles e obrigam a gente a confirmar. Os caras não aceitam quando você diz a verdade. Queriam que eu corroborasse um relatório da PF que me acusa de coisas que não existem. Não é verdade. Então não vou. Não vou.
ÉPOCA – Janot estabeleceu uma disputa
entre o senhor e Funaro. Só um fecharia delação, por terem conhecimento de
fatos semelhantes envolvendo o PMDB da Câmara.
Cunha – O Janot tem ódio de mim. Mas o ódio dele pelo Michel Temer passou a ser maior do que a mim. Então, se eu conseguisse derrubar o Michel Temer, ele aceitava. Mas eu não aceitei mentir. E ele preferiu usar o Lúcio Funaro de cavalo.
Cunha – O Janot tem ódio de mim. Mas o ódio dele pelo Michel Temer passou a ser maior do que a mim. Então, se eu conseguisse derrubar o Michel Temer, ele aceitava. Mas eu não aceitei mentir. E ele preferiu usar o Lúcio Funaro de cavalo.
ÉPOCA – Alguma outra razão para a
delação não ter saído?
Cunha – O que eu tenho para falar ia arrebentar a delação da JBS e ia debilitar a da Odebrecht. E agora posso acabar com a do Lúcio Funaro.
Cunha – O que eu tenho para falar ia arrebentar a delação da JBS e ia debilitar a da Odebrecht. E agora posso acabar com a do Lúcio Funaro.
ÉPOCA – O que o senhor tem a contar
de tão grave?
Cunha – Infelizmente, não posso adiantar, entrar no mérito desses casos. Quebraria meu acordo com a PGR. Eu honro meus acordos.
Cunha – Infelizmente, não posso adiantar, entrar no mérito desses casos. Quebraria meu acordo com a PGR. Eu honro meus acordos.
ÉPOCA – Nem no caso de Funaro? O
senhor já mencionou um fato que diz ser falso.
Cunha – Ainda não tive acesso à íntegra da delação do Lúcio Funaro. Mas, pelo que li na imprensa e pelo que já tive conhecimento, há muito contrabando e mentiras ali. A delação do Lúcio Funaro foi feita única e exclusivamente pelo que ele ouviu dizer de mim. O problema é que ele disse que ouviu de mim coisas que não aconteceram. Como um encontro dele com Michel Temer e comigo na Base Aérea em São Paulo. Ou esse episódio da véspera do impeachment, de compra de deputados, que o Janot colocou na boca do Lúcio Funaro. Tudo que ele falou do Michel Temer que disse ter ouvido falar de mim é mentira. Ele não tinha acesso ao Michel Temer ou aos deputados. Eu tinha.
Cunha – Ainda não tive acesso à íntegra da delação do Lúcio Funaro. Mas, pelo que li na imprensa e pelo que já tive conhecimento, há muito contrabando e mentiras ali. A delação do Lúcio Funaro foi feita única e exclusivamente pelo que ele ouviu dizer de mim. O problema é que ele disse que ouviu de mim coisas que não aconteceram. Como um encontro dele com Michel Temer e comigo na Base Aérea em São Paulo. Ou esse episódio da véspera do impeachment, de compra de deputados, que o Janot colocou na boca do Lúcio Funaro. Tudo que ele falou do Michel Temer que disse ter ouvido falar de mim é mentira. Ele não tinha acesso ao Michel Temer ou aos deputados. Eu tinha.
ÉPOCA – Funaro tinha uma relação
forte com o ex-ministro Geddel Vieira Lima.
Cunha – Ele teve convivência com o Geddel porque eu o apresentei ao Geddel. Ele conheceu o Henrique (Eduardo Alves, ex-deputado)através de mim, mas teve pouco contato. Só conheceu deputados quando eu apresentei, em encontros sociais e jantares. Só nesse nível. Aí a delação dele fica nesse “ouvi dizer do Eduardo isso, ouvi dizer do Eduardo aquilo”. Mentira. Fora as omissões.
Cunha – Ele teve convivência com o Geddel porque eu o apresentei ao Geddel. Ele conheceu o Henrique (Eduardo Alves, ex-deputado)através de mim, mas teve pouco contato. Só conheceu deputados quando eu apresentei, em encontros sociais e jantares. Só nesse nível. Aí a delação dele fica nesse “ouvi dizer do Eduardo isso, ouvi dizer do Eduardo aquilo”. Mentira. Fora as omissões.
ÉPOCA – De que tipo?
Cunha – O patrimônio dele. Ele fala que a casa dele em São Paulo foi comprada numa operação de mútuo com Joesley. Mas a casa, na verdade, é quitação de propina. O Janot aceitou essa explicação e ele manteve a casa, os bens, mesmo sendo produto de crime. Ele também não contou do apartamento dele em Portugal. Mas há coisas mais graves.
Cunha – O patrimônio dele. Ele fala que a casa dele em São Paulo foi comprada numa operação de mútuo com Joesley. Mas a casa, na verdade, é quitação de propina. O Janot aceitou essa explicação e ele manteve a casa, os bens, mesmo sendo produto de crime. Ele também não contou do apartamento dele em Portugal. Mas há coisas mais graves.
ÉPOCA – Por exemplo?
Cunha – Lúcio Funaro se esqueceu de dizer na delação que ele me trouxe uma oferta de dinheiro para pagar o advogado Antonio Figueiredo Basto (defensor do doleiro, responsável pela delação dele).Figueiredo era advogado do Alberto Youssef (doleiro, um dos primeiros delatores da Lava Jato). Cobrou para mudar o depoimento do Youssef em relação a mim. Eu recusei.
Cunha – Lúcio Funaro se esqueceu de dizer na delação que ele me trouxe uma oferta de dinheiro para pagar o advogado Antonio Figueiredo Basto (defensor do doleiro, responsável pela delação dele).Figueiredo era advogado do Alberto Youssef (doleiro, um dos primeiros delatores da Lava Jato). Cobrou para mudar o depoimento do Youssef em relação a mim. Eu recusei.
ÉPOCA – Quanto ele cobrou, segundo Funaro?
Quando aconteceu isso?
Cunha – Isso aconteceu por volta de fevereiro do ano passado. O Lúcio me disse isso por Wickr (aplicativo de troca de mensagens criptografadas). Figueiredo Basto pedindo R$ 2 milhões para o Youssef me preservar. Eu não aceitei. Não fiz nada. E mais: recentemente, o Figueiredo tentou me procurar para fazer a delação junto com o Lúcio Funaro, desde que eu o contratasse também. Para combinar versões. Eu não aceitei. Não quis recebê-lo. Não cheguei a conversar com ele. Foi o Figueiredo, aliás, que assumiu o Júlio Camargo (primeiro operador do petrolão a acusar Cunha) e fechou uma nova delação dele nos moldes que o Janot queria, me atribuindo fatos que não existem. E agora fez o Lúcio Funaro confirmar as mentiras do Júlio Camargo. É um processo: a próxima delação precisa confirmar a anterior, mesmo que não seja verdade. Quando um sujeito vai fazer a delação, ele precisa confirmar o que o anterior disse. Senão eles não fazem. Então eles criam um processo que só valida o que eles já acham. É um processo maculado, fraudado.
Cunha – Isso aconteceu por volta de fevereiro do ano passado. O Lúcio me disse isso por Wickr (aplicativo de troca de mensagens criptografadas). Figueiredo Basto pedindo R$ 2 milhões para o Youssef me preservar. Eu não aceitei. Não fiz nada. E mais: recentemente, o Figueiredo tentou me procurar para fazer a delação junto com o Lúcio Funaro, desde que eu o contratasse também. Para combinar versões. Eu não aceitei. Não quis recebê-lo. Não cheguei a conversar com ele. Foi o Figueiredo, aliás, que assumiu o Júlio Camargo (primeiro operador do petrolão a acusar Cunha) e fechou uma nova delação dele nos moldes que o Janot queria, me atribuindo fatos que não existem. E agora fez o Lúcio Funaro confirmar as mentiras do Júlio Camargo. É um processo: a próxima delação precisa confirmar a anterior, mesmo que não seja verdade. Quando um sujeito vai fazer a delação, ele precisa confirmar o que o anterior disse. Senão eles não fazem. Então eles criam um processo que só valida o que eles já acham. É um processo maculado, fraudado.
ÉPOCA – Por que o senhor diz que há
um padrão problemático nas delações? Como o senhor sabe das demais?
Cunha – Porque existe esse padrão. Eu sei, entre outras coisas, porque me relaciono há um ano com os demais presos em Curitiba. A colaboração premiada é um instrumento de defesa importante, mas é preciso investigar como os procuradores estão usando irregularmente esse instituto. Há delações montadas. Há delações fraudadas. Há delações para corroborar outras delações. Há delações combinadas. A idoneidade dessas delações dos últimos tempos está em xeque por causa da atuação desse Marcello Miller (ex-procurador que trabalhava com Rodrigo Janot). Que, por acaso, foi quem conduziu as delações da maioria das pessoas que falam de mim. Começando pelo Fernando Baiano (lobista próximo a Cunha). Pelas informações que eu obtive, Miller foi buscar Fernando Baiano no Complexo Médico-Penal e o convenceu a fazer delação. E a delação tinha de ser sobre mim. Além disso, ele indicou um colega de faculdade dele, Sérgio Riera, para ser o advogado do Baiano. Não é de hoje que ele atua nos dois lados. O procurador indicar o advogado que vai fazer a delação com ele? Isso não tem sentido. É preciso investigar as delações conduzidas pelo Marcello Miller, esse mercado de delações. Ele fez também a do Sérgio Machado (ex-senador do PMDB). Aquela delação é uma pilhéria. Certamente vão encontrar situações iguais a essa. E não tem essa história de que Miller fez sem o conhecimento de Janot. Miller coordenava a delações, era homem de confiança do Janot.
Cunha – Porque existe esse padrão. Eu sei, entre outras coisas, porque me relaciono há um ano com os demais presos em Curitiba. A colaboração premiada é um instrumento de defesa importante, mas é preciso investigar como os procuradores estão usando irregularmente esse instituto. Há delações montadas. Há delações fraudadas. Há delações para corroborar outras delações. Há delações combinadas. A idoneidade dessas delações dos últimos tempos está em xeque por causa da atuação desse Marcello Miller (ex-procurador que trabalhava com Rodrigo Janot). Que, por acaso, foi quem conduziu as delações da maioria das pessoas que falam de mim. Começando pelo Fernando Baiano (lobista próximo a Cunha). Pelas informações que eu obtive, Miller foi buscar Fernando Baiano no Complexo Médico-Penal e o convenceu a fazer delação. E a delação tinha de ser sobre mim. Além disso, ele indicou um colega de faculdade dele, Sérgio Riera, para ser o advogado do Baiano. Não é de hoje que ele atua nos dois lados. O procurador indicar o advogado que vai fazer a delação com ele? Isso não tem sentido. É preciso investigar as delações conduzidas pelo Marcello Miller, esse mercado de delações. Ele fez também a do Sérgio Machado (ex-senador do PMDB). Aquela delação é uma pilhéria. Certamente vão encontrar situações iguais a essa. E não tem essa história de que Miller fez sem o conhecimento de Janot. Miller coordenava a delações, era homem de confiança do Janot.
ÉPOCA – O senhor está preso
preventivamente há quase um ano. Já foi condenado em primeira instância e ainda
enfrenta inquéritos e ações penais em Curitiba e em Brasília. Tem esperança de
sair da cadeia um dia?
Cunha – Minha prisão foi absurda. Não me prenderam de acordo com a lei, para investigar ou porque estivesse embaraçando os processos. Prenderam para ter um troféu político. O outro troféu é o Lula. Um troféu para cada lado. O MP e o Moro queriam ter um troféu político dos dois lados. Como Janot já era meu inimigo, todos da Lava Jato estavam atrás de mim. Mas acredito que o Supremo vá julgar meu habeas corpus, parado desde junho, e, ao seguir o entendimento já firmado na Corte, concedê-lo.
Cunha – Minha prisão foi absurda. Não me prenderam de acordo com a lei, para investigar ou porque estivesse embaraçando os processos. Prenderam para ter um troféu político. O outro troféu é o Lula. Um troféu para cada lado. O MP e o Moro queriam ter um troféu político dos dois lados. Como Janot já era meu inimigo, todos da Lava Jato estavam atrás de mim. Mas acredito que o Supremo vá julgar meu habeas corpus, parado desde junho, e, ao seguir o entendimento já firmado na Corte, concedê-lo.
ÉPOCA – Por que o senhor acredita que
virou um troféu?
Cunha – Eu fui o primeiro que denunciou a atuação destrambelhada do Janot, ainda em 2015. É por causa disso que estou aqui. Eu enfrentei o Janot. E paguei um preço por isso. Ele atuava em dobradinha com Dilma Rousseff. Veja as diferenças de tratamento. Pega o exemplo da delação da Mônica Moura. Ela diz que a Dilma a avisou antes da prisão dela usando um computador do Alvorada, com e-mail frio. Quer indício mais forte de obstrução da Justiça? O que ele fez contra a Dilma? Cadê o pedido de busca e apreensão? O pedido de prisão? Nada. Mônica também diz que foi avisada por Dilma da situação da minha conta na Suíça, antes que viesse a público. Três meses antes de vazar. Como Dilma sabia? PGR, óbvio. Havia uma linha direta entre Janot e Dilma, que passava pelo José Eduardo Cardozo (ministro da Justiça no governo Dilma Rousseff).Uma operação coordenada. Eles precisavam me derrubar, mas eu derrubei a Dilma antes.
Cunha – Eu fui o primeiro que denunciou a atuação destrambelhada do Janot, ainda em 2015. É por causa disso que estou aqui. Eu enfrentei o Janot. E paguei um preço por isso. Ele atuava em dobradinha com Dilma Rousseff. Veja as diferenças de tratamento. Pega o exemplo da delação da Mônica Moura. Ela diz que a Dilma a avisou antes da prisão dela usando um computador do Alvorada, com e-mail frio. Quer indício mais forte de obstrução da Justiça? O que ele fez contra a Dilma? Cadê o pedido de busca e apreensão? O pedido de prisão? Nada. Mônica também diz que foi avisada por Dilma da situação da minha conta na Suíça, antes que viesse a público. Três meses antes de vazar. Como Dilma sabia? PGR, óbvio. Havia uma linha direta entre Janot e Dilma, que passava pelo José Eduardo Cardozo (ministro da Justiça no governo Dilma Rousseff).Uma operação coordenada. Eles precisavam me derrubar, mas eu derrubei a Dilma antes.
ÉPOCA – O senhor já se acostumou com
a vida na prisão?
Cunha – Ninguém fica feliz em ser preso. Mas, como tenho convicção de que minha prisão é política, de que sou inocente, creio em Deus, tenho capacidade de criar condições para suportar. Mas é óbvio que é uma situação degradante. E pior: em alguns momentos te impõem humilhações desnecessárias. Depende do humor das pessoas que te controlam. Não é uma coisa confortável.
Cunha – Ninguém fica feliz em ser preso. Mas, como tenho convicção de que minha prisão é política, de que sou inocente, creio em Deus, tenho capacidade de criar condições para suportar. Mas é óbvio que é uma situação degradante. E pior: em alguns momentos te impõem humilhações desnecessárias. Depende do humor das pessoas que te controlam. Não é uma coisa confortável.
ÉPOCA – No começo o senhor ficou na
carceragem da PF em Curitiba. Em dezembro, foi transferido ao Complexo
Médico-Penal, um presídio. Como foi a adaptação?
Cunha – Como eu não era delator, me forçaram a sair da carceragem e me mandaram para o presídio. A carceragem da
PF é um hotel de delação. Eles te dão toda condição. Se você não delata, vai para o presídio. O princípio deles é este: você só fica lá se for candidato. O presídio é outra coisa, muito mais duro. Dizem que é complexo médico, mas não tem nada de médico. Expliquei que tenho um edema cerebral, o que é verdade, e o presídio fecha a certa hora. Se alguém passar mal, demora até ter atendimento. Mesmo assim me deixaram lá. Mas a situação no Complexo até melhorou bastante. Houve mutirões e saíram alguns inimputáveis. Mas é um presídio, não é? Evito circular, especialmente nas áreas externas, por segurança. Estou misturado a muitos tipos de presos. Todo mundo sabe que sou um preso político.
Cunha – Como eu não era delator, me forçaram a sair da carceragem e me mandaram para o presídio. A carceragem da
PF é um hotel de delação. Eles te dão toda condição. Se você não delata, vai para o presídio. O princípio deles é este: você só fica lá se for candidato. O presídio é outra coisa, muito mais duro. Dizem que é complexo médico, mas não tem nada de médico. Expliquei que tenho um edema cerebral, o que é verdade, e o presídio fecha a certa hora. Se alguém passar mal, demora até ter atendimento. Mesmo assim me deixaram lá. Mas a situação no Complexo até melhorou bastante. Houve mutirões e saíram alguns inimputáveis. Mas é um presídio, não é? Evito circular, especialmente nas áreas externas, por segurança. Estou misturado a muitos tipos de presos. Todo mundo sabe que sou um preso político.
ÉPOCA – Como o senhor preenche os
dias?
Cunha – Tenho uma rotina rigorosa. Acordo às 6 horas, trabalho de manhã, caminho uma hora, cozinho com os outros detentos, estudo meus processos, vejo TV à noite. Durmo por volta da meia-noite.
Cunha – Tenho uma rotina rigorosa. Acordo às 6 horas, trabalho de manhã, caminho uma hora, cozinho com os outros detentos, estudo meus processos, vejo TV à noite. Durmo por volta da meia-noite.
ÉPOCA – Sozinho?
Cunha – Fiquei bastante tempo sozinho. Há dois meses, passei a dividir a cela com Luiz Argolo (ex-deputado federal pelo Solidariedade). Tiveram de remanejar. Encheu mais um pouco.
Cunha – Fiquei bastante tempo sozinho. Há dois meses, passei a dividir a cela com Luiz Argolo (ex-deputado federal pelo Solidariedade). Tiveram de remanejar. Encheu mais um pouco.
ÉPOCA – Que tipo de trabalho o senhor
faz?
Cunha – Faço de tudo. Entrego comida, entrego café, lavo. Já tenho uns três meses a menos de prisão só de tempo de trabalho (risos).
Cunha – Faço de tudo. Entrego comida, entrego café, lavo. Já tenho uns três meses a menos de prisão só de tempo de trabalho (risos).
ÉPOCA – Como é a convivência com os
demais presos?
Cunha – É boa. Cada um na sua. Mas é um museu da Lava Jato. A maioria dos presos são ilegais, irregulares, não deveriam estar lá. Quem é preso preventivamente já está condenado. Não há um caso de absolvição.
Cunha – É boa. Cada um na sua. Mas é um museu da Lava Jato. A maioria dos presos são ilegais, irregulares, não deveriam estar lá. Quem é preso preventivamente já está condenado. Não há um caso de absolvição.
ÉPOCA – Quem compõe esse museu?
Cunha – Uns 14. Jorge Zelada (ex-diretor da Petrobras), Gim Argello(ex-senador pelo PTB), Argolo, João Vaccari (ex-tesoureiro do PT), André Vargas (ex-deputado do PT). Só saíram João Cláudio Genu(operador do PP) e José Dirceu (petista, ex-ministro da Casa Civil), os únicos que tiveram habeas corpus apreciado no Supremo. Depois pararam de julgar habeas corpus – iam ter de soltar todos. Eu já disse que vou recorrer ao papa para ser julgado no Supremo. Mas o papa não adianta. Só recorrendo a Deus.
Cunha – Uns 14. Jorge Zelada (ex-diretor da Petrobras), Gim Argello(ex-senador pelo PTB), Argolo, João Vaccari (ex-tesoureiro do PT), André Vargas (ex-deputado do PT). Só saíram João Cláudio Genu(operador do PP) e José Dirceu (petista, ex-ministro da Casa Civil), os únicos que tiveram habeas corpus apreciado no Supremo. Depois pararam de julgar habeas corpus – iam ter de soltar todos. Eu já disse que vou recorrer ao papa para ser julgado no Supremo. Mas o papa não adianta. Só recorrendo a Deus.
ÉPOCA – Por que o senhor acha que não
julgam seu habeas corpus no Supremo?
Cunha – Porque sabem que vão perder. O entendimento da Segunda Turma está consolidado. A prisão só pode ser feita no cumprimento da sentença. Na delação do Joesley, todo mundo já foi solto, menos eu. Quero que julguem. Quero a posição dos ministros sobre as preventivas alongadas, sobre a minha preventiva alongada. Não há como defender isso.
Cunha – Porque sabem que vão perder. O entendimento da Segunda Turma está consolidado. A prisão só pode ser feita no cumprimento da sentença. Na delação do Joesley, todo mundo já foi solto, menos eu. Quero que julguem. Quero a posição dos ministros sobre as preventivas alongadas, sobre a minha preventiva alongada. Não há como defender isso.
ÉPOCA – Por que não?
Cunha – As prisões preventivas alongadas são arbitrárias, ilegais. É um cumprimento antecipado de sentença. E é usado como instrumento de coação para forçar os presos a fazer delação. É uma forma de impedir o direito de defesa. Não tenho dúvida nenhuma disso. E não só no meu caso. Veja o caso do Vaccari.
Cunha – As prisões preventivas alongadas são arbitrárias, ilegais. É um cumprimento antecipado de sentença. E é usado como instrumento de coação para forçar os presos a fazer delação. É uma forma de impedir o direito de defesa. Não tenho dúvida nenhuma disso. E não só no meu caso. Veja o caso do Vaccari.
ÉPOCA – É curioso ver o senhor
defender alguém do PT…
Cunha – Tenho minhas divergências políticas com o PT, claro, mas isso não me impede de ver que se trata de uma prisão absurda. Vaccari está há dois anos e meio preso. Ele foi absolvido na segunda instância, mas o Moro manda ele continuar preso. Se ele for condenado por uma decisão do segundo ou do terceiro grau, pelo Supremo, que cumpra. Mas não se pode antecipar punição. Para mim, para o
Vaccari – para ninguém.
Cunha – Tenho minhas divergências políticas com o PT, claro, mas isso não me impede de ver que se trata de uma prisão absurda. Vaccari está há dois anos e meio preso. Ele foi absolvido na segunda instância, mas o Moro manda ele continuar preso. Se ele for condenado por uma decisão do segundo ou do terceiro grau, pelo Supremo, que cumpra. Mas não se pode antecipar punição. Para mim, para o
Vaccari – para ninguém.
ÉPOCA – As decisões de Moro sobre a
necessidade das preventivas na Lava Jato têm sido mantidas nas instâncias
superiores. Não é um sinal de que ele está certo?
Cunha – Nós temos um juiz que se acha salvador da pátria. Ele quis montar uma operação Mãos Limpas no Brasil – uma operação com objetivo político. Queria destruir o establishment, a elite política. E conseguiu.
Cunha – Nós temos um juiz que se acha salvador da pátria. Ele quis montar uma operação Mãos Limpas no Brasil – uma operação com objetivo político. Queria destruir o establishment, a elite política. E conseguiu.
ÉPOCA – Se parte da elite política
está na cadeia ou perto dela, isso se deve aos crimes cometidos por essas
pessoas, e não a quem os investiga e os julga, não?
Cunha – Ninguém aqui está dizendo que não existe corrupção e que não há pessoas que merecem ser punidas. O problema é que o devido processo legal não foi e não está sendo adotado.
Cunha – Ninguém aqui está dizendo que não existe corrupção e que não há pessoas que merecem ser punidas. O problema é que o devido processo legal não foi e não está sendo adotado.
ÉPOCA – Que crimes o senhor cometeu?
Não é hora de fazer um mea-culpa? Há provas fortes contra o senhor, e a PGR o
acusa de integrar uma quadrilha, ao lado do presidente da República.
Cunha – Não posso responder a essa questão agora. Não vou entrar no mérito de cometer ou não cometer crimes. Detalhes quebrariam meu acordo com a PGR e prejudicariam minha defesa. Ainda espero uma oportunidade para dizer toda a verdade. Mas isso não significa que meus direitos não estejam sendo violados pelo Moro.
Cunha – Não posso responder a essa questão agora. Não vou entrar no mérito de cometer ou não cometer crimes. Detalhes quebrariam meu acordo com a PGR e prejudicariam minha defesa. Ainda espero uma oportunidade para dizer toda a verdade. Mas isso não significa que meus direitos não estejam sendo violados pelo Moro.
ÉPOCA – O que Moro fez ou deixou de
fazer com o senhor? Não acha que está tendo um julgamento justo?
Cunha – Nem eu nem ninguém. Não existe chance de ter julgamento justo com Moro. Zero. Ele julga por convicção, não por provas. Muda o entendimento jurídico a cada dia.
Cunha – Nem eu nem ninguém. Não existe chance de ter julgamento justo com Moro. Zero. Ele julga por convicção, não por provas. Muda o entendimento jurídico a cada dia.
ÉPOCA – Por mais que o senhor veja
problemas em sua situação jurídica, não enxerga um legado importante da Lava
Jato para o Brasil?
Cunha – Neste momento, Janot conseguiu atingir um objetivo ruim para o país. Jogou o governo no chão, mas deixou o Brasil sem rumo. Ele esqueceu um pequeno detalhe: em política, ninguém tira presidente; você põe presidente. Não adianta achar que você vai tirar um presidente sem ter outro para pôr no lugar. Você tirou a Dilma para pôr o Michel. Se você não tivesse um presidente para pôr, a Dilma não tinha caído. Rodrigo Maia (presidente da Câmara) não é opção. Ele não tem a menor condição de ser presidente da República. Foi um erro de visão estratégica e política do Janot. Se Rodrigo assumisse, a crise do país iria piorar.
Cunha – Neste momento, Janot conseguiu atingir um objetivo ruim para o país. Jogou o governo no chão, mas deixou o Brasil sem rumo. Ele esqueceu um pequeno detalhe: em política, ninguém tira presidente; você põe presidente. Não adianta achar que você vai tirar um presidente sem ter outro para pôr no lugar. Você tirou a Dilma para pôr o Michel. Se você não tivesse um presidente para pôr, a Dilma não tinha caído. Rodrigo Maia (presidente da Câmara) não é opção. Ele não tem a menor condição de ser presidente da República. Foi um erro de visão estratégica e política do Janot. Se Rodrigo assumisse, a crise do país iria piorar.
ÉPOCA – Para muitos brasileiros,
parece não ser possível piorar.
Cunha – Os brasileiros estão cansados de crise. A crise precisa ter um fim. Pode vir na eleição, mas provavelmente não. Vai continuar depois da eleição. Haverá um problema grave. As divisões do país são muito agudas. Só vamos resolver o problema com o Parlamentarismo. Para que você proteja o presidente e, numa crise, possa derrubar o governo sem derrubar o presidente. Se tivéssemos um Parlamentarismo, mesmo que um meio Parlamentarismo, a Dilma não teria caído. Teria caído o governo, não a Dilma. Não teria acontecido o que aconteceu.
Cunha – Os brasileiros estão cansados de crise. A crise precisa ter um fim. Pode vir na eleição, mas provavelmente não. Vai continuar depois da eleição. Haverá um problema grave. As divisões do país são muito agudas. Só vamos resolver o problema com o Parlamentarismo. Para que você proteja o presidente e, numa crise, possa derrubar o governo sem derrubar o presidente. Se tivéssemos um Parlamentarismo, mesmo que um meio Parlamentarismo, a Dilma não teria caído. Teria caído o governo, não a Dilma. Não teria acontecido o que aconteceu.
ÉPOCA – Então o senhor não crê que as
próximas eleições possam pôr fim a essa crise? Com possível renovação de
lideranças políticas, novas ideias…
Cunha – Não vejo como. Seja quem ganhe a próxima eleição, o país estará dividido. E é uma divisão de guerra, não só de oposição política. E essa guerra piorou muito com a Lava Jato. Ela se expressa no Parlamento. Quem governar terá de ter o Parlamento. De Congresso eu entendo profundamente. Você imagina que Ciro Gomes, Jair Bolsonaro ou Marina Silva têm condições de segurar o Parlamento e governar o país? Esquece. Talvez se mudem as coisas quando o próximo presidente não conseguir tocar o país. O Parlamentarismo é a única opção que pode proteger um pouco a estabilidade do sistema político.
Cunha – Não vejo como. Seja quem ganhe a próxima eleição, o país estará dividido. E é uma divisão de guerra, não só de oposição política. E essa guerra piorou muito com a Lava Jato. Ela se expressa no Parlamento. Quem governar terá de ter o Parlamento. De Congresso eu entendo profundamente. Você imagina que Ciro Gomes, Jair Bolsonaro ou Marina Silva têm condições de segurar o Parlamento e governar o país? Esquece. Talvez se mudem as coisas quando o próximo presidente não conseguir tocar o país. O Parlamentarismo é a única opção que pode proteger um pouco a estabilidade do sistema político.
ÉPOCA – A política brasileira não
pode sair melhor dessa depuração?
Cunha – Parte do saldo da Lava Jato é um definhamento irrecuperável da instituição política brasileira. Jogou a instituição política brasileira no chão. Ela faliu. Não há a menor dúvida de que é preciso mudar o sistema político, a causa disso tudo. A Lava Jato queria derrubar o sistema político. Conseguiu. Só que, no fundo, nada mudou. A próxima eleição, com exceção do financiamento empresarial, será igual, com resultados iguais. E resultados iguais vão reeleger boa parte das mesmas pessoas. A reeleição, aliás, é uma coisa nefasta, tinha de acabar, incentiva barbaridades. Alguém espera uma recomposição do sistema político com as mesmas pessoas votando no Congresso?
Cunha – Parte do saldo da Lava Jato é um definhamento irrecuperável da instituição política brasileira. Jogou a instituição política brasileira no chão. Ela faliu. Não há a menor dúvida de que é preciso mudar o sistema político, a causa disso tudo. A Lava Jato queria derrubar o sistema político. Conseguiu. Só que, no fundo, nada mudou. A próxima eleição, com exceção do financiamento empresarial, será igual, com resultados iguais. E resultados iguais vão reeleger boa parte das mesmas pessoas. A reeleição, aliás, é uma coisa nefasta, tinha de acabar, incentiva barbaridades. Alguém espera uma recomposição do sistema político com as mesmas pessoas votando no Congresso?
ÉPOCA – O senhor pensa sobre como o
que a História o retratará?
Cunha – Ninguém vai tirar de mim uma coisa: quem derrubou a Dilma fui eu. Quem tirou o PT fui eu. Se não fosse minha atuação, conduzindo com firmeza e regimentalmente, o impeachment não teria sido concluído. Quem deu curso ao processo do impeachment fui eu. Outros poderiam não ter dado. Essa marca eles não vão conseguir retirar de mim, por mais que eles tentem.
Cunha – Ninguém vai tirar de mim uma coisa: quem derrubou a Dilma fui eu. Quem tirou o PT fui eu. Se não fosse minha atuação, conduzindo com firmeza e regimentalmente, o impeachment não teria sido concluído. Quem deu curso ao processo do impeachment fui eu. Outros poderiam não ter dado. Essa marca eles não vão conseguir retirar de mim, por mais que eles tentem.
ÉPOCA – O senhor foi o maestro do
impeachment. Mas milhões de brasileiros foram às ruas pedir a saída dela. E
havia um crime de responsabilidade.
Cunha – Sim, eu posso ter tirado a Dilma, mas quem pôs o Michel Temer foi quem votou na chapa. Foram os brasileiros. Quem votou sabia que, na hora que tirasse a Dilma, ia botar o Michel Temer. No presídio, tem preso que até hoje fala:
“Eu admiro você porque você tirou a Dilma”.
Cunha – Sim, eu posso ter tirado a Dilma, mas quem pôs o Michel Temer foi quem votou na chapa. Foram os brasileiros. Quem votou sabia que, na hora que tirasse a Dilma, ia botar o Michel Temer. No presídio, tem preso que até hoje fala:
“Eu admiro você porque você tirou a Dilma”.
Onde está Eduardo Cunha e por que ele deu
entrevista à Época. Por Kiko Nogueira
3 de outubro
de 2017
O editor chefe da
Época, publicação da Editora Globo, foi quem levantou a bola no dia 30 de
setembro.
No Twitter, onde
é hiperativo e auto referente como João Doria, Diego Escosteguy escreveu que a
entrevista de Eduardo Cunha, capa da semana, “não foi concedida na Papuda
nem em qualquer local do sistema prisional”.
Onde, então?
Nos últimos dias,
o paradeiro de Cunha virou assunto nas redes sociais. O deputado federal Paulo
Pimenta, presidente da Comissão de Direitos Humanos da Câmara, questionou
a Procuradoria Geral da República na tarde de segunda, dia 2, sobre o
parlamentar cassado.
Mais de 15 horas
depois, uma resposta de Mara Elisa De Oliveira, chefe de gabinete da PGR Raquel
Dodge: “Ela falou que, se não houver nenhum impedimento ou sigilo,
a assessoria criminal da PGR vai comunicar a assessoria de comunicação e
então alguém vai me ligar”, diz Pimenta.
Às 15h29 de
terça, Mara enviou um email ao parlamentar, afirmando que Cunha “está
preso na Delegacia de Polícia Especializada da Polícia Civil”.
“A transferência
dele para Brasília, ocorrida no dia 15 de setembro, se deu em virtude de uma
decisão do magistrado de Brasília [Vallisney Oliveira], que atendeu pedido da
defesa, para que Eduardo Cunha acompanhasse — de Brasília — depoimentos de
testemunhas e participasse pessoalmente do próprio interrogatório marcado para
o mês de outubro”, diz Mara.
Cunha foi
condenado a 15 anos e 4 meses de cana. Seu endereço no momento é a Divisão de
Controle e Custódia de Presos da Polícia Civil, DCCP.
Ou seja, a
entrevista foi, sim, numa instância do “sistema prisional”.
De acordo com o site da instituição, somente recebem
visitas os internos que lá estão em razão do não pagamento de pensão
alimentícia e de mandado de prisão temporária.
Quem autorizou?
De acordo com a
assessoria do DCCP, a conversa “foi concedida no âmbito da Vara
Federal, por intermédio dos advogados de Eduardo Cunha” e “no âmbito da
Justiça”.
Cunha tem tido um
tratamento, digamos, especial em relação a outros detentos da Lava Jato. Não
foi obrigado a cortar o cabelo, não foi fotografado careca como Eike Batista —
e fala com jornalista do grupo Globo.
Sérgio Cabral,
por exemplo, foi proibido pela Justiça Federal de dar depoimento a veículos de
comunicação. A decisão do desembargador federal Abel Gomes, da Primeira Turma
Especializada do TRF2, é a mesma da primeira instância de Marcelo Bretas, da 7ª
Vara Federal Criminal, no Rio.
A capa de Cunha
na Época teve repercussão nula. É mais um blablabla de um homem que calcula
tudo. Mas o recado a quem interessava foi dado.
Segundo
reportagem do Globo, foi positiva para Temer pelo fato de EC “ter declarado que
o ex-procurador-geral da República Rodrigo Janot queria que ele
mentisse para incriminar o presidente”.
Relata o jornal:
A avaliação foi
feita por um dos participantes das reuniões de ontem no Palácio do Jaburu, onde
foi discutida a estratégia de defesa de Temer diante da segunda denúncia contra
ele, que começou a tramitar na Câmara. Para esses aliados, este é mais um
elemento que reforça a fragilidade da denúncia apresentada por Janot.
— O presidente
Temer nunca esteve tão tranquilo — disse um interlocutor.
É evidente que
Eduardo Cunha (que nunca é apenas Cunha, é multidão) usou a revista —
ainda que Escosteguy tente vender o peixe de um “furo” para sua plateia de
otários.
Num artigo
intitulado “Vigaristas do bem”, o jornalista Márcio Chaer, dono do site
jurídico Conjur, escreveu que “a exaltação aos protagonistas do fenômeno
apelidado Operação Lava Jato não faz justiça a um herói quase anônimo dessa
história: os jornalistas, que deixaram a cômoda posição de meros observadores
para se tornarem participantes ativos do processo.”
Segundo Chaer,
“os profissionais mais valorizados do mercado são os que têm relações com
procuradores. O preço: divulgar a informação oficial como verdade absoluta. Os
jornalistas que integram a ‘força-tarefa’ são os roteiristas”.
Na madrugada de 4
de março de 2016, dia da coercitiva de Lula, Escosteguy postou no Twitter:
“Quase duas da manhã. Poucas horas para um amanhecer que tem tudo para ser
especial, cheio de paz e amor”.
Mas ele ficou
famoso, de fato, por uma cascata vexaminosa. Foi em 2014 e o então presidente do STF Joaquim Barbosa contou
o que houve numa carta à redação.
“A matéria ‘Não
serei candidato a presidente’ divulgada na edição nº 823 dessa revista traz em
si um grave desvio da ética jornalística. Refiro-me a artifícios e subterfúgios
utilizados pelo repórter [Escosteguy], que solicitou à Secretaria de
Comunicação Social do Supremo Tribunal Federal para ser recebido por mim apenas
para cumprimentos e apresentação”, afirma.
“Fora o
condenável método de abordagem, o texto é repleto de erros factuais,
construções imaginárias e preconceituosas, além de sérias acusações contra a
minha pessoa”, prossegue.
“No campo
pessoal, as inverdades narradas na matéria são ainda mais ofensivas e revelam
total desconhecimento sobre a minha biografia. Minha mãe nunca foi faxineira”.
Etc etc.
Diego Escosteguy
lamentou os “erros factuais, mesmo os pequenos”. “Falo apenas por meio do
jornalismo que busco, com muitas imperfeições, produzir para vocês”, escreveu,
como se estivesse num show de pagode.
Cunha, por sua
vez, não erra uma. E conta com a mídia amiga para fazer seus acertos.
Wikileaks mostra que Temer é ainda mais próximo dos EUA, diz Greenwald
Jornalista revela que novos documentos demonstram que presidente interino contribui em espionagem
Glenn Greenwald é o jornalista responsável por um conjunto de matérias que revelou ao mundo as espionagem do governo dos Estados Unidos por meio da Agência Nacional de Inteligência (NSA, sigla em inglês). Entre as espionadas estava a presidente Dilma Rousseff.
Nascido nos EUA, Glenn atualmente é correspondente do jornal The Intercept no Rio de Janeiro e foi o primeiro jornalista a entrevistar Dilma após a votação do processo de impeachment na Câmara dos Deputados, em 17 de abril deste ano.
Confira a entrevista completa:
Brasil de Fato - O site Wikileaks chegou a denunciar que o presidente interino Michel Temer seria informante dos Estados Unidos. O que você pensa dessa relação?
Glenn Greenwald - Quando o Wikileaks divulgou esses documentos pela primeira vez, quatro anos atrás, foram feitas algumas matérias no jornal Folha de S. Paulo e em outros jornais. Na época, ninguém prestou muita atenção porque as pessoas não se importavam muito com Temer. Mas agora, claro, o foco está nele. O que o Wikileaks disse agora é que o Temer está espionando o Brasil, junto aos Estados Unidos. Esse documento mostrou um comportamento muito raro, muito estranho, muito suspeito. Para mim esse documento subiu o nível da espionagem ou traição. Eu acho que esses registros são muito interessantes porque mostram que Temer é muito próximo dos EUA. Tem muitas pessoas achando que esse impeachment é para afastar o Brasil dos Brics [grupo formado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul]. Querem o país longe da China e mais próximo dos EUA. E esse documento é uma evidência de que o presidente é uma pessoa que tem um relacionamento muito próximo com os EUA. Na realidade ele estava passando informação não pública a um governo estrangeiro. Acho que, pelo menos isso, deve ser investigado.
Como você vê a postura dos EUA nesse processo de impeachment no Brasil?
Essa questão sobre o envolvimento dos EUA com a política interna do Brasil é muito sensível porque todos os brasileiros, ou a maioria do povo, sabem que os EUA estiveram envolvidos no golpe de 1964 e que apoiou muito a ditadura.
Quando a presidente Dilma deu uma entrevista à RT [canal Russia Today] ela disse que não tinha evidências de que os EUA estariam envolvidos [no processo de impeachment]. O que eu posso falar, com certeza, é que o governo dos EUA tem uma preferência pelo governo Temer, se comparado ao governo do PT [Partido dos Trabalhadores].
O governo Temer oferece muito mais benefícios aos EUA, aos bancos estadunidenses e ao capital de Wall Street [mercado financeiro]. Então, acho que talvez eles não estejam apoiando o processo, mas aprovando, mostrando que eles não vão impedir. Um dia após a votação na Câmara dos Deputados, o líder da oposição, o senador Aloysio Nunes, foi para Washington e encontrou com políticos do alto escalão do governo dos EUA. Ele disse que estava indo dar informações, dizer que não é um golpe. Claro que quando um líder da oposição se encontra com membros do governo em Washington, nesse momento tão importante e sensível, levanta suspeita sobre o papel dos EUA nesse processo.
Como você avalia a cobertura da mídia brasileira no processo de impeachment?
Eu fiz reportagens em muitos países do mundo nos últimos oito anos e eu nunca vi uma mídia se comportando assim como a brasileira. Três famílias ricas são donas de quase todos os grandes meios de comunicação. Quase o total deles unidos contra o PT, contra o governo de Dilma, apoiando o impeachment. Os jornalistas que trabalham nessas organizações estão, quase que em sua unanimidade, apoiando o impeachment. Não estão fazendo jornalismo, não estão priorizando a pluralidade de opiniões. Estão fazendo propaganda para os donos dessas organizações para derrubar o governo que os donos [dos meios de comunicação] não gostam. Estão trabalhando para colocar o governo que eles preferem. Isso pra mim é uma ameaça, não só à liberdade de imprensa, mas também à democracia. Essas organizações têm a responsabilidade de informar o público, mas fazem o contrário. Estão distribuindo propaganda. A parte boa é que, agora, com a internet, essas organizações não podem mais controlar toda a informação que os brasileiros estão recebendo. Também há muitos jornalistas estrangeiros no Brasil, que não são controlados por essas organizações, e que estão fazendo reportagens sobre as mentiras dos líderes do impeachment. As informações que os brasileiros recebem estão mais diversificadas. Acho que essas organizações brasileiras estão perdendo o controle que eles tiveram por muito tempo.
Como você avalia as movimentações recentes da direita na América Latina com a vitória de Macri, na Argentina; a derrota da esquerda no referendo da Bolívia; os golpes contra Fernando Lugo, no Paraguai e Manuel Zelaya, em Honduras?
É preciso dividir as situações. A direita ganhou as eleições na Argentina de maneira mais ou menos limpa e justa. Também no Bolívia teve eleição para manter o limite do mandato do presidente Evo Morales. Se o povo quer votar por mudança, ele tem o direito de fazer. Já em países como Paraguai ou Honduras, assim como no Brasil, e também na Venezuela, existe esse movimento em que governos de esquerda, que foram eleitos, estão sendo tirados por políticos de direita que não foram eleitos.
Podemos observar esses dois movimentos de direita na América Latina. Um que é justo, pois acontece em eleições, e tem outra parte que é atacando à democracia. Precisamos considerar essas diferenças quando analisamos.
Qual sua opinião sobre o processo de impeachment contra Dilma Rousseff?
Acho que agora está muito mais claro que o impeachment não tem nada a ver com corrupção. O PT ganhou quatro eleições seguidas e os mais ricos, as pessoas mais poderosas, não conseguiram derrotar o PT dentro da democracia. Os problemas econômicos e a impopularidade de Dilma serviram como oportunidade para eles finalmente tirarem a presidente e destruírem o PT fora do processo democrático. O impeachment é só isso: as frações mais ricas, mais poderosas, explorando a oportunidade de mudar o governo que eles não conseguiram tirar nas eleições democráticas.
E para sair ligando os pontos não vamos esquecer aquela
Pesquisa Sábado de carnaval: Panamá Papers - José Yunes - Globo - Michel Temer
E aqui algumas respostas de como o Brasil chegou a esse ponto:
Especial: É tudo um assunto só!
Criei uma comunidade no Google Plus: É tudo um assunto só
http://plus.google.com/u/0/communities/113366052708941119914
Outro dia discutindo sobre as manifestações do dia 15, sobre crise do governo e a corrupção da Petrobrás eu perguntei a ele se tinha acompanhado a CPI da Dívida Pública. Então ele me respondeu: Eu lá estou falando de CPI?! Não me lembro de ter falado de CPI nenhuma! Estou falando da roubalheira... A minha intenção era dizer que apesar de ter durado mais de 9 meses e de ter uma importância ímpar nas finanças do país, a nossa grande mídia pouco citou que houve a CPI e a maioria da população ficou sem saber dela e do assunto... Portanto não quis fugir do assunto... é o mesmo assunto: é a política, é a mídia, é a corrupção, são as eleições, é a Petrobras, a auditoria da dívida pública, democracia, a falta de educação, falta de politização, compra de votos, propina, reforma política, redemocratização da mídia, a Vale, o caso Equador, os Bancos, o mercado de notícias, o mensalão, o petrolão, o HSBC, a carga de impostos, a sonegação de impostos,a reforma tributária, a reforma agrária, os Assassinos Econômicos, os Blog sujos, o PIG, as Privatizações, a privataria, a Lava-Jato, a Satiagraha, o Banestado, o basômetro, o impostômetro, É tudo um assunto só!...
A dívida pública brasileira - Quem quer conversar sobre isso?
Escândalo da Petrobrás! Só tem ladrão! O valor de suas ações caíram 60%!! Onde está a verdade?
A revolução será digitalizada (Sobre o Panamá Papers)
O tempo passa... O tempo voa... E a memória do brasileiro continua uma m#rd*
As empresas da Lava-jato = Os Verdadeiros proprietários do Brasil = Os Verdadeiros proprietários da mídia.
Desastre na Barragem Bento Rodrigues <=> Privatização da Vale do Rio Doce <=> Exploração do Nióbio
Trechos do Livro "Confissões de um Assassino Econômico" de John Perkins
Meias verdades (Democratização da mídia)
MCC : Movimento Cidadão Comum - Cañotus - IAS: Instituto Aaron Swartz
Spotniks, o caso Equador e a história de Rafael Correa.
O caso grego: O fogo grego moderno que pode nos dar esperanças contra a ilegítima, odiosa, ilegal, inconstitucional e insustentável classe financeira.
Seminários:
Seminário Nacional - Não queremos nada radical: somente o que está na constituição.
Seminário "O petróleo, o Pré-Sal e a Petrobras" e Entrevista de Julian Assange.
Seminário de Pauta 2015 da CSB - É tudo um assunto só...
UniMérito - Assembleia Nacional Constituinte Popular e Ética - O Quarto Sistema do Mérito
Jogos de poder - Tutorial montado pelo Justificando, os ex-Advogados AtivistasMCC : Movimento Cidadão Comum - Cañotus - IAS: Instituto Aaron Swartz
TED / TEDx Talks - Minerando conhecimento humano
Mais desse assunto:
O que tenho contra banqueiros?! Operações Compromissadas/Rentismo acima da produção
Uma visão liberal sobre as grandes manifestações pelo país. (Os Oligopólios cartelizados)
PPPPPPPPP - Parceria Público/Privada entre Pilantras Poderosos para a Pilhagem do Patrimônio Público
As histórias do ex-marido da Patrícia Pillar
Foi o "Cirão da Massa" que popularizou o termo "Tattoo no toco"
A minha primeira vez com Maria Lúcia Fattorelli. E a sua?
As aventuras de uma premiada brasileira! (Episódio 2016: Contra o veto da Dilma!)
A mídia é o 4° ou o 1° poder da república? (Caso Panair, CPI Times-Life)
O Mercado de notícias - Filme/Projeto do gaúcho Jorge Furtado
Quem inventou o Brasil: Livro/Projeto de Franklin Martins (O ex-guerrilheiro ouve música)
Eugênio Aragão: Carta aberta a Rodrigo Janot (o caminho que o Ministério público vem trilhando)Luiz Flávio Gomes e sua "Cleptocracia"
Comentários políticos com Bob Fernandes.
Quem vamos invadir a seguir (2015) - Michel Moore
Ricardo Boechat - Talvez seja ele o 14 que eu estou procurando...
Melhores imagens do dia "Feliz sem Globo" (#felizsemglobo)
InterVozes - Coletivo Brasil de Comunicação Social
Sobre Propostas Legislativas:
Manifesto Projeto Brasil Nação
A PLS 204/2016, junto com a PEC 241-2016 vai nos transformar em Grécia e você aí preocupado com Cunha e Dilma?!
A PEC 55 (antiga PEC 241). Onde as máscaras caem.
Em conjunto CDH e CAE (Comissão de Direitos Humanos e Comissão de Assuntos Econômicos)
Sugestão inovadora, revolucionária, original e milagrosa para melhorar a trágica carga tributária brasileira.
Debates/Diálogos:
Debate sobre Banco Central e os rumos da economia brasileira...
Diálogo sobre como funciona a mídia Nacional - Histórias de Luiz Carlos Azenha e Roberto Requião.
Diálogo sobre Transparência X Obscuridade.
Plano Safra X Operações Compromissadas.
Eu acuso... Antes do que você pensa... Sem fazer alarde...talvez até já tenha acontecido...
Comissão Especial sobre o impeachment no Senado. Análise do Relatório de acusação(?) do Antônio Augusto Anastasia (AAA)
Pedaladas Fiscais - O que são? Onde elas vivem? Vão provocar o impeachment da Dilma?
Depoimento do Lula: "Nunca antes nesse país..." (O país da piada pronta)
(Relata "A Privataria Tucana", a Delação Premiada de Delcidio do Amaral e o depoimento coercitivo do Lula para a Polícia Federal)
Democratizando a mídia:
Entrevistas e mais entrevistas na TV 247
Entrevistas e depoimentos na TVT/DCM
Um ano do primeiro golpe de estado no Brasil no Terceiro Milênio.
Desastre em Mariana/MG - Diferenças na narrativa.
Quanto Vale a vida?!
Como o PT blindou o PSDB e se tornou alvo da PF e do MPF - É tudo um assunto só!
Ajuste Fiscal - Trabalhadores são chamados a pagar a conta mais uma vez
Resposta ao "Em defesa do PT"
Sobre o mensalão: Eu tenho uma dúvida!
Questões de opinião:
Eduardo Cunha - Como o Brasil chegou a esse ponto?
Sobre a Ditadura Militar e o Golpe de 64:
Dossiê Jango - Faz você lembrar de alguma coisa?
Comissão Nacional da Verdade - A história sendo escrita (pela primeira vez) por completo.
Luiz Carlos Prestes: Coluna, Olga, PCB, prisão, ALN, ilegalidade, guerra fria... Introdução ao Golpe de 64.
A WikiLeaks (no Brasil: A Publica) - Os EUA acompanhando a Ditadura Brasileira.
CPI da Previdência
CPI da PBH Ativos
Sobre o caso HSBC (SwissLeaks):
Acompanhando o Caso HSBC I - Saiu a listagem mais esperadas: Os Políticos que estão nos arquivos.
Acompanhando o Caso HSBC II - Com a palavra os primeiros jornalistas que puseram as mãos na listagem.
Acompanhando o Caso HSBC III - Explicações da COAF, Receita federal e Banco Central.
Acompanhando o Caso HSBC V - Defina: O que é um paraíso fiscal? Eles estão ligados a que países?
Acompanhando o Caso HSBC VI - Pausa para avisar aos bandidos: "Estamos atrás de vocês!"...
Acompanhando o Caso HSBC VII - Crime de evasão de divisa será a saída para a Punição e a repatriação dos recursos
Acompanhando o Caso HSBC VIII - Explicações do presidente do banco HSBC no Brasil
Acompanhando o Caso HSBC IX - A CPI sangra de morte e está agonizando...
Acompanhando o Caso HSBC X - Hervé Falciani desnuda "Modus-Operandis" da Lavagem de dinheiro da corrupção.
Sobre o caso Operação Zelotes (CARF):
Acompanhando a Operação Zelotes!
Acompanhando a Operação Zelotes II - Globo (RBS) e Dantas empacam as investigações! Entrevista com o procurador Frederico Paiva.
Acompanhando a Operação Zelotes IV (CPI do CARF) - Apresentação da Polícia Federal, Explicação do Presidente do CARF e a denuncia do Ministério Público.
Acompanhando a Operação Zelotes V (CPI do CARF) - Vamos inverter a lógica das investigações?
Acompanhando a Operação Zelotes VI (CPI do CARF) - Silêncio, erro da polícia e acusado inocente depõe na 5ª reunião da CPI do CARF.
Acompanhando a Operação Zelotes VII (CPI do CARF) - Vamos começar a comparar as reportagens das revistas com as investigações...
Acompanhando a Operação Zelotes VIII (CPI do CARF) - Tem futebol no CARF também!...
Acompanhando a Operação Zelotes IX (CPI do CARF): R$1,4 Trilhões + R$0,6 Trilhões = R$2,0Trilhões. Sabe do que eu estou falando?
Acompanhando a Operação Zelotes X (CPI do CARF): No meio do silêncio, dois tucanos batem bico...
Acompanhando a Operação Zelotes XII (CPI do CARF): Nem tudo é igual quando se pensa em como tudo deveria ser...
Acompanhando a Operação Zelotes XIII (CPI do CARF): APS fica calado. Meigan Sack fala um pouquinho. O Estadão está um passo a frente da comissão?
Acompanhando a Operação Zelotes XIV (CPI do CARF): Para de tumultuar, Estadão!
Acompanhando a Operação Zelotes XV (CPI do CARF): Juliano? Que Juliano que é esse? E esse Tio?
Acompanhando a Operação Zelotes XVI (CPI do CARF): Senhoras e senhores, Que comece o espetáculo!! ("Operação filhos de Odin")
Acompanhando a Operação Zelotes XVII (CPI do CARF): Trechos interessantes dos documentos sigilosos e vazados.
Acompanhando a Operação Zelotes XVIII (CPI do CARF): Esboço do relatório final - Ainda terão mais sugestões...
Acompanhando a Operação Zelotes XIX (CPI do CARF II): Melancólico fim da CPI do CARF. Início da CPI do CARF II
Acompanhando a Operação Zelotes XX (CPI do CARF II):Vamos poupar nossos empregos
Sobre CBF/Globo/Corrupção no futebol/Acompanhando a CPI do Futebol:
KKK Lembra daquele desenho da motinha?! Kajuru, Kfouri, Kalil:
Eu te disse! Eu te disse! Mas eu te disse! Eu te disse! K K K
A prisão do Marin: FBI, DARF, GLOBO, CBF, PIG, MPF, PF... império Global da CBF... A sonegação do PIG... É Tudo um assunto só!!
Revolução no futebol brasileiro? O Fim da era Ricardo Teixeira.
Onde está a falsidade?? O caso Vladimir Herzog === Romário X Marin === Verdade X Caixa Preta da Ditadura
Videos com e sobre José Maria Marin - Caso José Maria MarinX Romário X Juca Kfouri (conta anonima do Justic Just )
Do apagão do futebol ao apagão da política: o Sistema é o mesmo
Acompanhando a CPI do Futebol - Será lúdico... mas espero que seja sério...
Acompanhando a CPI do Futebol II - As investigações anteriores valerão!
Acompanhando a CPI do Futebol III - Está escancarado: É tudo um assunto só!
Acompanhando a CPI do Futebol IV - Proposta do nobre senador: Que tal ficarmos só no futebol e esquecermos esse negócio de lavagem de dinheiro?!
Acompanhando a CPI do Futebol VII - Uma questão de opinião: Ligas ou federações?!
Acompanhando a CPI do Futebol VIII - Eurico Miranda declara: "A modernização e a profissionalização é algo terrível"!
Acompanhando a CPI do Futebol IX - Os presidentes de federações fazem sua defesa em meio ao nascimento da Liga...
Acompanhando a CPI do Futebol X - A primeira Liga começa hoje... um natimorto...
Acompanhando a CPI do Futebol XI - Os Panamá Papers - Os dribles do Romário - CPI II na Câmara. Vai que dá Zebra...
Acompanhando a CPI do Futebol XII - Uma visão liberal sobre a CBF!
Acompanhando a CPI do Futebol XIII - O J. Awilla está doido! (Santa inocência!)
Acompanhando a CPI do Futebol XIV - Mais sobre nosso legislativo do que nosso futebol
Acompanhando o Governo Michel Temer
Nenhum comentário:
Postar um comentário