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segunda-feira, 2 de outubro de 2017

In Memorian - Luis Carlos Cancellier









Reitor exilado


























Não adotamos qualquer atitude para obstruir apuração da denúncia

A humilhação e o vexame a que fomos submetidos — eu e outros colegas da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) — há uma semana não tem precedentes na história da instituição. No mesmo período em que fomos presos, levados ao complexo penitenciário, despidos de nossas vestes e encarcerados, paradoxalmente a universidade que comando desde maio de 2016 foi reconhecida como a sexta melhor instituição federal de ensino superior brasileira; avaliada com vários cursos de excelência em pós-graduação pela Capes e homenageada pela Assembleia Legislativa de Santa Catarina. Nos últimos dias tivemos nossas vidas devassadas e nossa honra associada a uma “quadrilha”, acusada de desviar R$ 80 milhões. E impedidos, mesmo após libertados, de entrar na universidade.
Quando assumimos, em maio de 2016, para mandato de quatro anos, uma de nossas mensagens mais marcantes sempre foi a da harmonia, do diálogo, do reconhecimento das diferenças. Dizíamos a quem quisesse ouvir que, “na UFSC, tem diversidade!”. A primeira reação, portanto, ao ser conduzido de minha casa para a Polícia Federal, acusado de obstrução de uma investigação, foi de surpresa.
Ao longo de minha trajetória como estudante de Direito (graduação, mestrado e doutorado), depois docente, chefe do departamento, diretor do Centro de Ciências Jurídicas e, afortunadamente, reitor, sempre exerci minhas atividades tendo como princípio a mediação e a resolução de conflitos com respeito ao outro, levando a empatia ao limite extremo da compreensão e da tolerância. Portanto, ser conduzido nas condições em que ocorreu a prisão deixou-me ainda perplexo e amedrontado.
Para além das incontáveis manifestações de apoio, de amigos e de desconhecidos, e da união indissolúvel de uma equipe absolutamente solidária, conforta-me saber que a fragilidade das acusações que sobre mim pesam não subsiste à mínima capacidade de enxergar o que está por trás do equivocado processo que nos levou ao cárcere. Uma investigação interna que não nos ouviu; um processo baseado em depoimentos que não permitiram o contraditório e a ampla defesa; informações seletivas repassadas à PF; sonegação de informações fundamentais ao pleno entendimento do que se passava; e a atribuição, a uma gestão que recém completou um ano, de denúncias relativas a período anterior.
Não adotamos qualquer atitude para abafar ou obstruir a apuração da denúncia. Agimos, isso sim, como gestores responsáveis, sempre acompanhados pela Procuradoria da UFSC. Mantivemos, com frequência, contatos com representantes da Controladoria-Geral da União e do Tribunal de Contas da União. Estávamos no caminho certo, com orientação jurídica e administrativa. O reitor não toma nenhuma decisão de maneira isolada. Tudo é colegiado, ou seja, tem a participação de outros organismos. E reitero: a universidade sempre teve e vai continuar tendo todo interesse em esclarecer a questão.
De todo este episódio que ganhou repercussão nacional, a principal lição é que devemos ter mais orgulho ainda da UFSC. Ela é responsável por quase 100% do aprimoramento da indústria, dos serviços e do desenvolvimento do estado, em todas as regiões. Faz pesquisa de ponta, ensino de qualidade e extensão comprometida com a sociedade. É, tenho certeza, muito mais forte do qualquer outro acontecimento.
Luiz Carlos Cancellier de Olivo é reitor da UFSC, afastado por decisão judicial
Em campanha para assumir a Reitoria:
Livro 50 anos da UFSC citado na entrevista:


"Quando entra o Lacerda é que tudo se torna mais difícil e porque também entra
um embate muito grande [...] que é a Maçonaria contra a Igreja Católica. [...] A
Maçonaria é que passa a fazer os futuros reitores. [...] [Ferreira Lima] tinha uma
ligação maior com o PSD. A Maçonaria pode ter pesado ali [em sua eleição para
Reitor], mas não era um grande peso."

As eleições do novo Reitor da UFSC: "De saia justa mais uma vez"


O professor Paulo Cesar Philippi, do Departamento de Engenharia Elétrica da UFSC, envia um artigo sobre o conflito na universidade, que envolveu professores e estudantes enfrentando a Polícia Federal quando combatia o tráfico de drogas no “campus” da Trindade. Tem por título “De saia justa mais uma vez”.
Leia:
“Já não bastasse a Ação Penal Pública movida pelo Ministério Público Federal contra a UFSC, que inclui entre os réus a Reitora Roselane Neckel e o Diretor Paulo Pinheiro Machado do Centro de Filosofia e Ciências Humanas (CFH) e sua vice pintam agora novos motivos para uma exposição pública nada abonadora para a nossa universidade.
Os primeiros motivos estão associados aos seus protagonismos na “Revolta do Bosque” em março de 2014. Os segundos são, em minha opinião, bem mais graves.
Com efeito, em sua reunião do dia 17 de março de 2015, nossos nobres conselheiros decidiram por maioria (28 votos contra 15) aprovar o parecer do Prof. Paulo Pinheiro Machado (o mesmo colega acima referido) que, em síntese “formaliza” a consulta “informal” com regras paritárias.
Bem verdade que o colega Paulo Pinheiro deu uma “suavizada” no seu texto original: “Para evitarmos o risco de ações judiciais, esta consulta deverá ser informal”, mas logo adiante ele ´encrespa` novamente e estabelece textualmente o que não há como não caracterizar como “regramentos”.
Vejamos então o seu parecer.
De acordo com este parecer: “A consulta deverá ser paritária, conduzida por uma comissão eleitoral com 6 representantes das entidades de representação dos 3 segmentos: 2 professores representando a Apufsc e a SSind da Andes na UFSC, 2 estudantes representando a APG e o DCE e 2 representantes dos STAE.”
Vários outros “parâmetros” foram acrescentados (por exemplo: “A eleição deverá ser realizada em dois turnos”).
Ou seja, em seu parecer (aprovado por maioria) o nobre relator estabelece regramentos. E estes regramentos estão em conflito com a Lei.
E foi neste ponto que o Prof. Gregório Varvakis, representante dos professores do CTC no Cun e Relator de Vistas do processo o questionou e, com toda a paciência do mundo, releu (mais uma vez) os itens #22 e #33 da Nota Técnica nº 437/2011-CGLNES/GAB/SESU/MEC, de 26 de setembro de 2011.
Vamos aos textos em suas versões full:
#22. “Nesse sentido, caso determinada IFES, por meio de regramento interno, estabeleça procedimentos para consulta à comunidade universitária que contrariem a votação uninominal e o peso de 70% dos votos dos docentes, terá duas alternativas: (i) reformular o regramento interno no sentido de adequá-lo às disposições da Lei nº 5.540/68 e do Decreto nº 1.916/96, sobretudo naquilo que contrarie o previsto na lei. Nesse caso, anular-se-ia todos os atos decorrentes da votação, se concretizada, e realizar-se-ia nova consulta formal à comunidade universitária respeitando-se o peso de setenta por cento para a manifestação do pessoal docente em relação à das demais categorias; (ii) revogar a norma interna ilegal, dispensar a realização de consulta formal à comunidade universitária e agendar data para reunião do Conselho em que seja organizada a lista tríplice para o cargo de Reitor”.
E mais adiante:
#33. “Disposição estatutária, regimental ou qualquer outra norma interna da Instituição Federal de Educação Superior que contrarie dispositivo do regramento geral sobre a organização da lista tríplice, ainda que aprovada pelo Poder Público, é nula, não possuindo qualquer aplicabilidade”.
Bem que o Prof. Luis Carlos Cancellier de Olivo, Diretor do Centro de Ciências Jurídicas, tentou explicar a insensatez do parecer do nobre conselheiro, Diretor do CFH.
Mas não houve jeito.
Bem que houve vozes de colegas defendendo as razões substantivas que justificam o 70-30 (e aqui destaco os colegas Profs. Daniel Martins e Rogério Portanova).
Mas não houve jeito.
Sim, a Profa. Joana Pedro tem razão quando defende que “ A Universidade não é uma família”.
Mas, muito menos uma república. A UFSC é uma Instituição do Estado Brasileiro. O que temos são Estatutos e não uma Constituição. Acima das nossas leis (as que temos e as que fazemos) estão as leis maiores promulgadas no Congresso Nacional.
Prevaleceram, na reunião do dia 17, as teses da universidade “democrática”, como se democracia em uma instituição pública, significasse igualdade de direitos para os “cidadãos universitários”, mesmo quando os deveres são gritantemente diferentes.
E é como ficamos (mais uma vez) aqui na UFSC.
Em uma condição desconfortável, constrangedora e embaraçosa diante da Sociedade.
De saia justa.
Paulo Cesar Philippi
Professor Titular
Departamento de Engenharia mecânica.”





https://www.redemundonoticias.com/single-post/2017/10/03/OABSC-manifesta-pesar-pela-morte-de-reitor-da-UFSC-%C3%89-chegada-a-hora-de-debater-seriamente-a-forma-espetacular-e-midi%C3%A1tica-como-s%C3%A3o-realizadas-as-pris%C3%B5es-provis%C3%B3rias-no-Brasil


OAB/SC manifesta pesar pela morte de reitor da UFSC: 'É chegada a hora de debater seriamente a forma espetacular e midiática como são realizadas as prisões provisórias no Brasil'

3-Oct-2017
Entidades como a OAB jamais podem calar frente ao estado de exceção que o Brasil está sendo submetido. Veja a íntegra da Nota Oficial da Ordem dos Advogados do Brasil – OAB/SC em que manifesta pesar pela morte do reitor da UFSC

A OAB SC manifesta publicamente seu profundo pesar pela morte do reitor da UFSC, Luiz Carlos Cancelier, ocorrida na manhã desta segunda feira em Florianópolis, em circunstâncias trágicas.

É chegada a hora da sociedade brasileira e da comunidade jurídica debaterem seriamente a forma espetacular e midiática como são realizadas as prisões provisórias no Brasil, antes sequer da ouvida dos envolvidos, que dirá sua defesa.

Reputações construídas duramente ao longo de anos de trabalho e sacrifícios podem ser completamente destruídas numa unica manchete de jornal. Para pessoas inocentes, o prejuízo é irreparável. Cabe-lhes a vergonha, a dor, o sentimento de injustiça. O peso destes sentimentos pode ser insuportável.

Aos familiares e amigos do Prof. Cancelier, nossas sinceras condolências.

A OAB SC está em luto oficial por três dias.

Paulo Marcondes Brincas
Presidente da OAB/SC
Assessoria de Comunicação da OAB/SC

Reitor preso pela PF em SC se atira de shopping e morre

reitor
O reitor afastado da Universidade Federal de Santa Catarina, Luiz Carlos Cancellier, preso pela Polícia Federal por suposta “obstrução da Justiça” no procedimento interno da Universidade, atirou-se esta manhã do vão central do Shopping Beiramar, em Florianópolis.
Cancellier sequer era reitor na Universidade na época em que ocorreram as alegadas irregularidades no programa “Universidade  Aberta do Brasil” , destinado a dar cursos de graduação à distância, sob o argumento de que “poderia constranger professores”.
O ex-senador Nelson Wedekin, que pertenceu a PMDB autêntico e ao PDT, dias atrás protestou contra o ato que, disse, visava “provocar constrangimento e humilhação”, ao reitor, que não tinha qualquer envolvimento no caso investigado. Ele escreveu a Zero Hora:
“Tanto mais nos aprofundamos sobre a prisão de Luiz Carlos Cancellier de Olivo, o reitor da UFSC, tanto mais avulta o exagero, a desproporção, e portanto, a injustiça do ato. Diz a Polícia Federal que as prisões temporárias de Cancellier e de outras seis pessoas eram para evitar constrangimento ou assédio a professores e servidores. O argumento foi abraçado com o mesmo sem cuidado pelo Ministério Público e pela juíza que a prisão.
Estamos então em que para evitar suposto, possível, hipotético, incerto e duvidoso constrangimento, submeteram Cancellier e mais seis cidadãos a um constrangimento imediato e brutal. Ou uma prisão, do modo como se deu, mesmo sem culpa formada, não é um constrangimento tão profundo que nunca se esquece e apaga?
O que se apagou foi a vida de Cancellier, jornalista, doutor em Direito , professor, orientador de dúzias mestrandos jurídicos. Morreu assassinado por uma “convicção”, uma “cognição sumária”.


Ex-senador Wedekin sobre a prisão do reitor da UFSC: "Ninguém merece"

"Cancellier é dono de conjunto invejável de predicados: lealdade, capacidade de trabalho, tolerância, vocação conciliatória, desambição de bens materiais, lisura de procedimentos"
CARLOS DAMIÃO -  - 17/09/2017 15H15





















Wedekin (esquerda), este colunista e Cancellier (em pé), durante entrevista do então senador à Rádio Secom, do Governo do Estado, em 1989 - Acervo Carlos Damião
Wedekin (esquerda), este colunista e Cancellier (em pé), durante entrevista do então senador à Rádio Secom, do Governo do Estado, em 1989. Na parede, o retrato do jornalista e radialista Adolfo Zigelli- Acervo Carlos Damião


O ex-senador e advogado Nelson Wedekin enviou à coluna um longo e contundente desabafo sobre a prisão do reitor da UFSC (Univesidade Federal de Santa Catarina), o também advogado e professor Luiz Carlos Cancellier de Olivo, ocorrida na manhã de quinta-feira, 14/9. Cancellier e mais seis presos na Operação Ouvidos Moucos, da Polícia Federal, foram libertados na noite de sexta-feira, 15/9, por decisão da juíza federal Marjorie Cristina Freiberger.
"As investigações poderiam ser feitas, devem ser feitas no rigor da lei, porém a prisão foi uma violência, um abuso de arbítrio e força bruta, desmedido e desnecessário", diz Wedekin, que foi advogado voluntário de presos políticos durante a ditadura civil-militar de 1964, tendo se tornado célebre por sua incansável defesa dos estudantes presos após o episódio conhecido como Novembrada. 
É preciso lembrar rapidamente a história profissional de Cancellier: ele veio para Florianópolis em 1977 para estudar Direito na UFSC. Acabou atuando no jornalismo durante muitos anos, a maior parte deles no jornal O Estado. Deixando OE, passou a se dedicar à assessoria de imprensa de Nelson Wedekin, com quem trabalhoiu na campanha vitoriosa para o Senado em 1986, prestando serviços ao gobinete do senador catarinense ao longo do mandato (oito anos). Cao, como é conhecido o reitor entre os amigos e ex-colegas de jornalismo, voltou ao curso de Direito, concluiu a graduação, fez mestrado, doutorado e pós-doutorado. Atuava como professor em sua área até a campanha para a Reitoria, em 2015. Vitorioso, tomou posse em maio de 2016;A seguir, a íntegra do desabafo do ex-senador:
"NINGUÉM MERECE
Conheço Luiz Carlos Cancellier de Olivo desde a década de 70. São mais de 40 anos de amizade pessoal, relacionamento político e profissional. Nesse tempo, trabalhamos juntos durante 15 anos, mais ou menos. 
Cancellier é dono de um conjunto invejável de predicados: lealdade, capacidade de trabalho, tolerância em relação ao outro, espírito construtivo, vocação conciliatória, desambição de bens materiais, lisura de procedimentos.
Não esperem de Cancellier que ele altere a voz para defender um argumento ou causa, ou que abrace uma referência negativa a respeito de outra pessoa, porque ele sempre preferirá enxergar nela as suas virtudes e qualidades. Não esperem de Cancellier que, na luta política, ele fique olhando pelo espelho retrovisor, atribuindo culpa aos outros, porque ele prefere olhar para a frente. 
Duas lembranças me vêm à mente, neste momento triste: Cancellier, com dona Madalena, costureira, e com Vitório, operário lavador de carvão de Capivari, na casa de madeira, porém, digna e limpa, no bairro Oficinas, em Tubarão, no convívio harmonioso com a mãe e o pai. E na Constituinte, articulando e participando ativamente de uma reunião com um grupo de promotores de vários estados brasileiros, onde suas excelências faziam lobby em favor das prerrogativas do Ministério Público, que ele, Cancellier, via com entusiasmo. Que ironia! 
Recebemos em meu gabinete do Senado aqueles servidores tão ciosos de sua relevância, tendo a tranquila compreensão de que eles estavam ali cumprindo o papel legítimo. Hoje em dia, boa parte dos senhores membros do MP (e também da Polícia Federal) entenderiam aquela abordagem que consideramos legítima - o esforço de persuadir para uma causa, medida ou providência - como "pressão".
Cancellier foi acordado com os policiais à porta, sem saber do que estava sendo acusado, antes mesmo de dar qualquer declaração ou prestar esclarecimentos, tudo com o aparato espalhafatoso que se tornou costume e rotina. Cancellier era um simples investigado, não era (nem é ainda) réu, e menos ainda sentenciado.
Por favor, ninguém confunda a prisão de Cancellier com algum flagrante sórdido, dinheiro escondido em roupas íntimas, malas e pacotes de dinheiro vivo, licitações viciadas, obras e serviços superfaturados, financiamentos com juros negativos, apartamento na orla, sítio com lago e pedalinhos. Nesta história, não há notas frias ou dinheiro de caixa dois.
A prisão de Cancellier foi um ato despropositado, uma decisão atrabiliária. Uma inaudita violência. As autoridades que tomaram a decisão não se deram conta da desproporção que existe entre o bem que se pretendia preservar e o mal sem cura que dela resultou.
Não que tais autoridades diante de uma denúncia, tenham de calar, fazer ouvidos moucos. Mas por que, pelo amor de Deus por que a prisão temporária (quase disse arbitrária)? Estariam tais autoridades, polícia, ministério público, juizado, agindo com menos exação se abrissem uma investigação pelos cânones normais, que não começasse pela prisão? É verdade que, se tivessem agido com tal moderação, a operação não precisaria ter nome nem causaria tanta repercussão. 
Por que a prisão? Alguém achou que Cancellier não atenderia às intimações das autoridades? Que ele se recusaria a prestar depoimento? Havia risco de fuga? Como, se Cancellier foi preso um dia depois de voltar de Portugal? Cancellier é difícil de ser encontrado, mora em lugar incerto e não sabido?
Sim, as autoridades que prenderam Cancellier estavam cumprindo funções legais. Dizem que o país está sendo passado a limpo. Mas, senhores, tomem cuidado para não jogar o bebê junto com a água suja do banho! 
Estamos diante de crimes tão graves que exigiam a medida extrema do encarceramento? Fora da cadeia não há como elucidar delitos da espécie? O objetivo é levar as pessoas (ainda mais as de certo realce) ao cárcere ou investigar com calma e moderação, medindo efeitos e consequências, para descobrir que mal fizeram e quem fez? É preciso, em caso tão vulgar, levá-los antes às barras da cadeia do que às barras do tribunal?
Cancellier é apenas investigado, não réu. Ainda assim, antes mesmo de dizer bom dia para os seus carcereiros, foi recolhido à cadeia, enquadrado na lei, denunciado e condenado sem apelação. Uma boa parte da sociedade, exaurida pela sucessão de escândalos, incapaz de distinguir situações, passou a ter Cancellier na conta de um malfeitor, mais um ladrão da República. Chegaram a mencionar irresponsavelmente a cifra de R$ 80 milhões de reais - o total da verba do programa investigado, que começou em 2006.
Cancellier será finalmente absolvido, mas a sua reputação foi abalada sem remédio e para sempre. As autoridades responsáveis, os algozes, continuarão na ativa ditando normas, regras, sentenças, e quando errarem, como agora, o azar será de quem atravesse o caminho. Não correm nenhum risco de pagar pelo exagero, leviandade e inconsequência. Me desculpem, mas isso não é Justiça.
Quero insistir para que fique claro: fazem bem as autoridades em averiguar fatos que lhes pareçam violações da lei. O que é despiciendo, como gostam de dizer os juristas, é a prisão temporária e temerária, a prisão por ilação, a mão forçada do raciocínio tortuoso, o olhar que só divisa a intenção criminosa, a postura descuidada sobre os fatos e as suas consequências.
Dizem que Cancellier obstruiu uma investigação, pressionou funcionário para fazer ou deixar de fazer algo em relação ao caso. Mas este é o inverso do seu temperamento e perfil - palavra de quem o conhece há 40 anos. Não sei como os fatos se deram, mas arrisco: Cancellier pode ter tentado convencer um funcionário que, diante de tal circunstância, seria mais recomendável aos interesses gerais, que ele se conduzisse de determinada forma. Este é um procedimento comum de Cancellier diante de um problema: resolvê-lo através do convencimento, da persuasão. Cancellier não combina com pressão.
A certos ouvidos sensíveis, um pedido, uma recomendação, um argumento pode soar como pressão. E por que especial razão as autoridades, em ato singelo, não perguntaram a Cancellier - antes de levá-lo preso - se era verdade e de que maneira a pressão suposta tinha se dado? Por que entender como pressão o que pode, perfeitamente, e ainda mais em se tratando de Cancellier, ser um esforço de persuasão? 
Me perdoem as autoridades do caso, mas não se leva à cadeia um investigado de ficha limpa, sem antecedentes criminais, somente com base na palavra de alguém que diz que foi "pressionado".
Dizem que a UFSC não vinha cumprindo as normativas de controle a que está submetida. Dizem também que esta é a razão que deram à operação o nome de "Ouvidos Moucos". Mas o programa de financiamento estudantil, o FIES, a estas alturas, acumula uma inadimplência de mais de 50 por cento nos créditos concedidos. Durante anos se acumularam vestígios de fraude na concessão de benefícios como auxílio-doença, seguro-desemprego e seguro-defeso. As advertências dos organismos de controle se sucederam incansavelmente, ano após ano, pela falta do cumprimento de normas de controle. Nenhum maldito responsável pela desordem geral, pelo descontrole completo, que causaram bilhões de prejuízo aos cofres da União, está preso.
No Brasil, todos os anos se cometem 60 mil assassinatos. Destes, apenas 8 por cento têm seus autores descobertos e respondem pelo crime. Há milhares de assassinos à solta no Brasil. Todos os anos, religiosamente, os "movimentos sociais" invadem e depredam prédios e bens públicos e propriedades particulares, causando milhões de reais de prejuízos. Nada disso causa a menor comoção em certas autoridades, policiais, promotores e juízes. Ninguém é preso. Preso é Luiz Carlos Cancellier de Olivo, o reitor de uma das maiores universidades do país, não por um crime que cometeu, mas por um crime que, talvez, quem sabe, possivelmente tenha cometido.
Não passou pela cabeça das autoridades responsáveis pela prisão de Cancellier que - talvez - as falhas de controle porventura existentes da UFSC sejam a consequência da penúria de recursos em todas as instâncias do Estado? Não será a notória falta de dinheiro que causa a falta de controle, ainda mais quando se considera o apreço que burocratas em geral têm por normas e instruções, tão exaustivas e preciosistas que é quase impossível cumpri-las?
As autoridades fazem ouvidos moucos aos bilhões perdidos, administrados de forma irresponsável, nos fundos de pensão das grandes estatais, nos financiamentos a juros subsidiados no BNDES. De novo: os responsáveis são raramente incomodados, e quando chamados a dar explicações, o fazem assoviando, indo e voltando das delegacias e tribunais à vontade, com hora marcada e sem mais nada para compeli-los.
Mas aqui, não. O prejuízo, que é menor do que 1 milhão de reais (notem, senhores, milhão, não bilhão), talvez menos do que R$ 500 mil, valores dos quais não existe a menor suspeita de que o reitor tenha se beneficiado, levou o reitor à cadeia.
Justiça? Como, se a matéria já estava no âmbito da Comissão Geral de Investigações, do Tribunal de Contas da União, da CAPES, da própria UFSC, em processo de averiguação? A todos esses organismos se juntaram autoridades da Polícia, do Ministério Público, do Juizado, todas tratando do mesmo assunto. A Polícia Federal mobilizou 105 agentes para a operação, uma operação de guerra para um caso que - convenhamos - conduzido com parcimônia e racionalidade, poderia ocupar quando muito cinco ou seis.
Tomaram a decisão de efetuar a prisão de Cancellier e de outros, ao invés de uma investigação normal, na proporção devida, sem estridências, sem operações apelidadas, com o aparato que não usam para prender traficantes internacionais de drogas. Só as autoridades não viram que do parto da montanha nasceria um rato. Mas quem se importa com a babilônia de gastos inúteis desta malfadada operação?
Distraídos, não parecem perceber que prisões assim equivalem a uma punição antecipada, a um linchamento moral e público. Que Justiça é essa feita de humilhar os concidadãos?
Luiz Carlos Cancellier de Olivo é um cidadão de bem até prova em contrário. Não tem antecedentes criminais, nunca foi condenado. Foi preso uma única vez: neste infortunado episódio. Uma única vez e pela via do arbítrio, em plena vigência do regime que ajudou a construir, o regime democrático. Terão as autoridades responsáveis pela prisão cogitado de que Cancellier é um homem de ficha limpa, não tem condenações nem em primeira instância? E mesmo assim, em caso que envolve uma discutível - muito discutível - obstrução de investigação, recolhem-no ao cárcere, maculando para sempre a sua reputação?
Terão aquelas autoridades levado em conta, minimamente, que os fatos em pauta, os supostos delitos, se deram em período anterior à posse de Cancellier na reitoria? Não, senhores, a única explicação para a prisão de Cancellier era a de que ele estava no lugar errado - a reitoria - e na hora errada, quando certas autoridades, sem cuidado e de forma displicente, resolveram produzir um espetáculo de luz e cor, envolvendo 105 agentes da Polícia federal, mais sabe-se lá quantos funcionários e autoridades do Ministério Público e do Juizado.
É impossível saber no que vai resultar isso tudo. Estamos diante daquelas tragédias que não têm mais conserto.
Na solidão do cárcere, Cancellier deve ter revisitado os tempos sombrios, as reuniões clandestinas, a oposição sem tréguas à ditadura. Deve ter se lembrado de que alternou - como todos nós naquela época - medo e coragem. Vem da noite escura e longa da ditadura, em Cancellier, a paciência, a tolerância, a voz calma e macia. Era tático e uma questão de tempo: apostar no acúmulo de forças, no descompromisso do regime com os interesses populares, na unidade das forças da oposição democrática. O estratégico era superar o ciclo autoritário de poder, estabelecer um regime de liberdades civis e democráticas, de respeito aos direitos fundamentais. 
Deve ter pensado, nas horas amargas, sobre a insensatez e a ignorância de jovens ativistas e de velhos endurecidos de um mundo caduco, que classificavam a sua candidatura a reitor como "de direita". Terá se perguntado em que cova rasa foram enterrados o processo regular, a presunção de inocência, pilares do Estado de Direito, para que ele estivesse vivendo aquele drama.
Deve ter pensado onde estavam os seus algozes quando ele lutava pela democracia, nos anos de chumbo. Eles que agora são senhores, senão da vida e da morte, mas da reputação e da liberdade dos concidadãos, de tanto poder que dispõem.
E se os papéis de Cancellier e dos seus algozes fossem trocados? Eu sei o que aconteceria: Cancellier teria cumprido com exação, competência e senso de medida os seus deveres e atribuições. Ninguém seria acordado de manhãzinha com o camburão da polícia à porta. Se alguém tivesse de pagar por um delito cometido, seria ao final e não no começo do procedimento. Porque esta é a essência deste episódio insólito:: as investigações poderiam ser feitas, devem ser feitas no rigor da lei, porém a prisão foi uma violência, um abuso de arbítrio e força bruta, desmedido e desnecessário.
No final do processo, o resultado - podem ter certeza - será mais ou menos o mesmo. Com as prisões de Cancellier e dos outros ou sem elas. Mas certas autoridades não estão interessadas nos fins, mas nos meios. Pouco se lhes dá se os meios (a prisão temporária e arbitrária ) possam causar danos irreversíveis a quem, no final, provará que nada fez de mal, ou no mínimo, que nada justifica a violência sofrida.
Cancellier deve ter se perguntado se ele mereceu isso tudo. Escrevo estas palavras tão somente para dizer: não, Cancellier, você não merece. Ninguém merece.
 Nelson Wedekin 
PS: Ainda há juízas(es) no Brasil. Uma delas se chama Marjorie Cristina Freiberger".


Wedekin volta a criticar operação que prendeu reitor

“Constrangimento e humilhação”, acusa o ex-senador, que foi advogado de presos político durante a ditadura
CARLOS DAMIÃO -  - 21/09/2017 23H06 
O ex-senador Nelson Wedekin voltou a criticar, com veemência, a Operação Ouvidos Moucos, que prendeu no dia 14/9 o reitor da UFSC (Universidade Federal de Santa Catarina), professor Luiz Carlos Cancellier de Olivo, e seis outras pessoas ligadas à instituição. “Exagero, desproporção, injustiça”, são palavras de Wedekin, advogado que atuou voluntariamente na defesa de presos políticos durante a ditadura civil-militar implantada em 1964. “Submeteram Cancellier e mais seis cidadãos a um constrangimento imediato e brutal”, acusa o ex-senador.
Confira a íntegra da mensagem recebida pela coluna na noite desta quinta-feira, 21/9:
Tanto mais nos aprofundamos sobre a prisão de Luiz Carlos Cancellier de Olivo, o reitor da UFSC, tanto mais avulta o exagero, a desproporção, e portanto, a injustiça do ato.
Diz a Polícia Federal que as prisões temporárias de Cancellier e de outras seis pessoas eram para evitar constrangimento ou assédio a professores e servidores. O argumento foi abraçado com o mesmo sem cuidado pelo Ministério Público e pela juíza que decretou a prisão.
Estamos então em que para evitar suposto, possível, hipotético, incerto e duvidoso constrangimento, submeteram Cancellier e mais seis cidadãos a um constrangimento imediato e brutal. Ou uma prisão, do modo como se deu, mesmo sem culpa formada, não é um constrangimento tão profundo que nunca se esquece e apaga?
Para evitar uma doença que não aconteceu, que talvez viesse a acontecer (constrangimento de professores e servidores), os senhores facultativos deram um remédio que era a própria doença (constrangimento infinitamente mais cruel de Cancellier e dos demais presos ) que se queria combater. E a que constrangimento Cancellier poderia submeter professores e servidores? Diminuir-lhes o salário? Demiti-los? Dar uma porrada na mesa? Mandá-los à cadeia, como aconteceu com ele?
Nenhum dos responsáveis pela operação pensou na desproporção entre a gravidade dos supostos delitos com a magnitude de uma operação que mobilizou 105 agentes federais. Ninguém, dos responsáveis, tinha ideia de que todo o custoso aparato equivalia a um prévio linchamento moral dos envolvidos. Ou a ideia era essa mesma, provocar constrangimento e humilhação? 
Nelson Wedekin
“É uma coisa da qual nunca vou me recuperar”, disse-me durante um longo depoimento no escritório de seus advogados, no dia 20 de setembro
por Carlos Damião
No longo depoimento que me concedeu no dia 20 de setembro de 2017, no escritório de seus advogados, o reitor da UFSC (Universidade Federal de Santa Catarina), Luiz Cancellier, desabafou: “É uma coisa da qual nunca vou me recuperar”. Não se referia apenas à Operação Ouvidos Moucos, desencadeada pela Polícia Federal, com autorização da Justiça Federal, que apura supostos desvios no programa de bolsas de ensino a distância do curso de Administração. Mas à forma degradante como foi tratado quando foi transferido da sede da PF para o Presídio da Agronômica. “Todos os presos são tratados assim, despidos, constrangidos, com as partes íntimas revistadas. Depois são encaminhados ao pessoal do DEAP (Departamento de Administração Prisional), para serem acomodados nas celas”.
Pós-doutorado em Direito, respeitado no Brasil e no exterior por suas pesquisas no campo do Direito Administrativo, Cancellier estava desolado por causa da forma como ocorreu sua prisão. Com endereço conhecido, disse que estaria sempre à disposição da Justiça e de qualquer investigador da Polícia Federal, da CGU (Controladoria Geral da União) e do TCU (Tribunal de Contas da União). “Jamais me recusaria a prestar esclarecimentos e colaborar com as investigações, que não abrangiam nossa gestão, mas as anteriores, desde 2006”, observou.
Cancellier disse-me naquele dia que contava com o apoio da comunidade acadêmica, dos amigos e dos familiares. “É com a força dessas pessoas que eu vou provar minha inocência”, declarou.
Saímos do gabinete dos advogados e fomos para a rua. Oito meses depois que havia parado de fumar voltou a curtir umas baforadas. Foi nosso último encontro, fumando dentro do carro, lembrando histórias da nossa juventude, da militância no movimento estudantil, do congresso de reconstrução da UNE, em 1979, do qual participamos como delegados da UFSC.
Em dois artigos (aqui e aqui) posteriores à prisão, publicados na minha coluna do ND On-line, o advogado e ex-senador Nelson Wedekin trouxe considerações indignadas contra a violência sofrida pelo reitor. Disse Wedekin, amigo e companheiro de Cancellier nas duras lutas contra a ditadura civil-militar de 1964-1985: “Estamos então em que para evitar suposto, possível, hipotético, incerto e duvidoso constrangimento, submeteram Cancellier e mais seis cidadãos a um constrangimento imediato e brutal. Ou uma prisão, do modo como se deu, mesmo sem culpa formada, não é um constrangimento tão profundo que nunca se esquece e apaga?”.
Quem matou o reitor, um homem apaixonado pelo trabalho, pelo Direito e pela UFSC?


Nota de Pesar

A Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior (ANDIFES), profundamente consternada, comunica o trágico falecimento do Prof. Dr. Luiz Carlos Cancellier, reitor da Universidade Federal de Santa Catarina, ocorrido na manhã desta segunda-feira.
O sentimento de pesar compartilhado por todos (as) os (as) reitores (as) das Universidades Públicas Federais, neste momento, é acompanhado de absoluta indignação e inconformismo com o modo como o reitor Cancellier foi tratado por autoridades públicas ante a um processo de apuração de atos administrativos, ainda em andamento e sem juízo formado.
É inaceitável que pessoas investidas de responsabilidades públicas de enorme repercussão social tenham a sua honra destroçada em razão da atuação desmedida do aparato estatal.
É inadmissível que o país continue tolerando práticas de um Estado policial, em que os direitos mais fundamentais dos cidadãos são postos de lado em nome de um moralismo espetacular.
É igualmente intolerável a campanha que os adversários das universidades públicas brasileiras hoje travam, desqualificando suas realizações e seus gestores, como justificativa para suprimir o direito dos cidadãos à educação pública e gratuita.
Infelizmente, todos esses fatos se juntam na tragédia que hoje temos que enfrentar com a perda de um dirigente que, por muitos anos, serviu à causa pública. A ANDIFES manifesta a sua solidariedade aos familiares, à comunidade universitária da UFSC e aos amigos do reitor Cancellier. Continuaremos lutando pelo respeito devido às universidades públicas federais, patrimônio de toda a sociedade brasileira. 
Brasília, 02 de outubro de 2017.

Falece o reitor da UFSC Luiz Carlos Cancellier de Olivo



A Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) informa, com pesar, o falecimento do reitor Luiz Carlos Cancellier de Olivo, na manhã desta segunda-feira, 2 de outubro.
Pró-reitorias e secretarias da Administração Central paralisaram as atividades a partir das 11h, em função do trágico acontecimento.
Luis Carlos Cancellier de Olivo, 60 anos, natural de Tubarão, ingressou em 1977 no curso de Direito da UFSC. Como universitário engajou-se no movimento estudantil, que era um foco de resistência à ditadura militar. Interrompeu os estudos para trabalhar como jornalista, em “O Estado” (Florianópolis) e em Brasília, assessorando parlamentares catarinenses. Também participou ativamente das campanhas pela anistia, pelas diretas-já, pela eleição de Tancredo Neves e pela Constituinte, além do movimento Fora Collor. Em 1996, retomou os estudos, concluindo a graduação em Direito e fazendo em seguida mestrado e doutorado na mesma área. Foi professor e diretor do Centro de Ciências Jurídicas (CCJ) da Universidade.
Publicou livros e artigos sobre temas jurídicos e exerceu uma série de atividades ligadas ao Direito Administrativo e à Administração Pública. Na campanha vitoriosa para a Reitoria, em 2015, pelo movimento “A UFSC Pode Mais”, defendeu um modelo de administração que resgatasse a excelência e a eficiência na instituição, apostando na descentralização da gestão e na valorização e participação de todos os centros e unidades da universidade nas tomadas de decisão.
Quase toda a sua formação acadêmica foi realizada na UFSC: graduação em Direito (1998), mestrado em Direito (2001) e doutorado em Direito (2003). Especialização em Gestão Universitária (2000) e Direito Tributário (Cesusc, 2002). Ministrou as disciplinas de Direito Administrativo II no curso de graduação e Seminário de Direito e Literatura na pós-graduação (PPGD). Foi professor de Direito Administrativo e Instituições de Direito Público da Universidade Aberta do Brasil (UAB), desde 2006, professor de Direito Público e Administrativo no Programa de Pós-Graduação em Administração Universitária da UFSC (PPGAU). Também foi membro do Conselho Editorial da EdUFSC (2009 a 2013). Chefiou o Departamento de Direito da UFSC (2009-2011) e presidiu a Fundação José Arthur Boiteux (Funjab) no período 2009-2010. Foi diretor do Centro de Ciências Jurídicas (CCJ) da UFSC.
Após tomar conhecimento da vitória da eleição para Reitoria, em 2015, Cancellier colocou como “prioridade a busca de verbas para suplementar as despesas da Universidade, especialmente após os cortes anunciados pelo governo federal. Temos que buscar outras alternativas e fontes de recursos financeiros. O ensino, a pesquisa e a extensão não podem ser prejudicados”. Ele também ressaltou “a necessidade de buscar diálogo com todos os setores da comunidade universitária”, uma das marcas de sua gestão.

247 - A delegada Erika Mialik Marena, da Polícia Federal, foi quem pediu e conseguiu da Justiça a decretação da prisão temporária do reitor da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) Luiz Carlos Cancellier por supostas irregularidades cometidas à frente da instituição.
Ela coordenava a Operação Ouvidos Moucos, que tinha Concellier e outros colegas como suspeitos de irregularidades na prestações de contas dos contratos do Ensino à Distância (EaD) oferecidos pela instituição entre 2008 e 2014. Ele era reitor, porém, desde maio de 2016, conforme relata em artigo publicado quatro dias antes de sua morte, no qual também denuncia a "humilhação e vexame" a que foi submetido.
Cancellier foi preso no dia 14 de setembro, junto com outros seis suspeitos da UFSC. Foi solto no dia seguinte, mas ainda proibido de reassumir o cargo e até de entrar na universidade. Após a soltura, a delegada questionou a soltura dos suspeitos, mesmo sem haver nada contar eles. A juíza Marjôrie Cristina Freiberger entendeu que não havia motivos suficientes para manter a prisão (relembre aqui).
Érika Marena é ex-integrante da força-tarefa da Lava Jato em Curitiba (PR) e chegou a Florianópolis, em Santa Catarina, onde o reitor se jogou do vão do prédio do Shopping Beiramar na manhã desta segunda-feira 2, no fim de 2016 para comandar a área de combate à corrupção e desvios de recursos públicos.
Na PF desde 2003, foi ela também quem deu o nome à Lava Jato devido ao uso de uma rede de postos de combustíveis e lava a jato de automóveis, em Brasília, que movimentava recursos ilícitos. O nome Ouvidos Moucos se deveria ao fato de o reitor supostamente não ter feito nada para coibir abusos na UFSC.
No filme "Polícia Federal - A Lei é Para Todos", sobre a operação, ela foi interpretada pela atriz Flávia Alessandra.

As mãos e as vozes que empurraram o reitor da UFSC para a morte, por Luís Nassif


Luís Roberto Barroso tem fixação por sua imagem pública. Algumas denúncias estampadas em blogs de Curitiba, encampadas pelos blogueiros de Veja, foram suficientes para deixa-lo de joelhos.
As denúncias falavam da compra de um apartamento em Miami pela senhora Barroso, através de uma offshore.
Mesmo casados em comunhão de bens, compartilhando um escritório bem-sucedido, o nome de Barroso não entrou na história, até o eixo Curitiba-Veja entrar no tema.
E o Ministro Barroso decidiu defender sua imagem com as armas que conhecia: abandonou suas teses legalistas, seu passado garantista e decidiu aderir aos agressores.
Sua estreia se deu na votação da autorização para a prisão do réu após condenação em Segunda Instância.
Dali em diante, surgiu um novo Barroso, defensor dos métodos policiais, punitivista convicto, defensor da tese de que ou o Brasil acabava com a corrupção ou a corrupção com o Brasil.
Não a corrupção corporativa de seus clientes, ele que se vangloria de preparar anteprojetos de lei para que os clientes possam oferecer a seus deputados de estimação; não a do Poder Judiciário, ou mesmo a impunidade sua ex-cliente, a Globo.
Mas a corrupção do inimigo, a defesa do direito penal do inimigo que chegou ao auge com sua defesa explícita do Estado de Exceção.
Desde então, Barroso se tornou o guru da Lava Jato e dos punitivistas do Ministério Público Federal, o profeta do Estado de Exceção, o principal estimulador das bestas que habitam os porões, onde nenhum direito é respeitado.
Suas frases se tornaram os bordões prediletos dos procuradores nas redes sociais, o alimento legal que engordava os monstros gerados da barriga da Lava Jato.
E das entranhas da Lava Jato a delegada da Polícia Federal Erika Marena saiu de Curitiba e transportou os métodos da Lava Jato para Santa Catarina.
Estrela de cinema, tinha que manter a fama de implacável.
Lá, encontrou como chefe o delegado Marcelo Mosele que, ao assumir a superintendência da PF em Santa Catarina, discursou afirmando que a corrupção é a maior ameaça à humanidade.
Era esse o clima dominante na PF quando chegaram denúncias envolvendo a Universidade Federal de Santa Catarina.
Mencionavam desvios que teriam ocorrido desde 2006 nos cursos de educação à distância. O reitor assumirá apenas em 2016.
No início, denúncias anônimas. Depois, denúncias personalizadas, uma da professora Tais Dias, outra do corregedor da UFSC, Roberto Henkel do Prado.
Escolhido em uma lista tríplice, o corregedor responde ao reitor e também à CGU (Controladoria Geral da União).
Quando o reitor Luiz Carlos Cancellier pediu acesso ao inquérito, imediatamente foi denunciado por Henkel, como tentativa de obstrução da Justiça.
Nesses tempos bicudos, as longas mãos da CGU criaram núcleos de poder em cada universidade, e Henkel pretendeu exercê-lo com a autoridade dos moralistas e com a plenitude dos superpoderosos.
Imediatamente obteve a adesão de Orlando Vieira de Castro Jr, superintendente da CGU em Florianópolis.
E o caso foi parar com o procurador da República André Stefani Bertuol.
A Polícia Federal foi acionada e a sede de sangue atingiu a juíza federal Janaína Cassol Machado, que, consultado o procurador Bertuol, autorizou a prisão preventiva dos professores.
Em Brasília, o eminente Ministro Barroso despejava frases feitas:
— Para ser preso, no Brasil, precisa ser muito pobre ou muito mal defendido.
Ou então:
— Pense o que você poder fazer diariamente pelo bem.
Lá embaixo, nos porões da nova ditadura, a delegada Marena, o delegado Mosele, comandavam policiais treinados nas artes da humilhação.
Os professores foram despidos, ficaram nus, foram jogados em celas
Enquanto isto, Barroso, que se tornou um Ministro choroso quando a imprensa meramente flagrou-o em uma afirmação relativamente racista em relação a Joaquim Barbosa, que se desmanchou em lágrimas tal como uma donzela com a reputação colocava em dúvida, continuava lançando seus dardos no Olimpo e alimentando com princípios pútridos a carne que era servida às hienas.
No dia seguinte, uma juíza substituta, Marjorie Feriberg, ordenou a libertação do grupo.
Foi publicamente admoestada por Janaína, que se atirou sobre ela como uma harpia da mitologia.
Restou a Cancellier a única saída que encontrou para a desonra que se abateu sobre ele: o suicídio.
Depois da tragédia, apareceram notícias dizendo que a única acusação formal contra ele era a de ter impedido a investigação.
Que seu sangue caia sobre todos seus algozes.
Mas, especialmente, sobre os que destruíram os alicerces dos direitos individuais pensando exclusivamente em seus próprios interesses.







Deputado Esperidião Amin faz leitura da nota de pesar que foi veiculada pelo Prof. João dos Passos Martins Neto pelo falecimento do do Prof. Luiz Carlos Cancellier de Olivo, Magnífico Reitor da Universidade Federal de Santa Catarina .

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artigo do advogado criminalista Antonio Carlos de Almeida, o Kakay:

As mortes anunciadas


"Minha morte foi decretada no dia de minha prisão".

Este foi o bilhete encontrado no bolso do reitor da Universidade Federal de Santa Catarina, Luiz Carlos Cancellier, que se suicidou ao não suportar a humilhação de uma prisão injusta.

Na Itália, durante a Operação Mãos Limpas, ocorreram dezenas de suicídios. No Brasil, reputações, uniões familiares e amizades morrem todos os dias com esse Estado policialesco que foi instituído neste momento punitivo.

A investigação já começa com uma exposição midiática que visa quebrar a moral do cidadão, fazer um prejulgamento e jogar a sociedade contra o investigado. É a espetacularização do processo penal. A banalização da prisão preventiva, usada para forçar as delações, como expressamente admitiu um procurador da República. Humilha a pessoa, desagrega a família, causa um clima de terror.

Todos queremos o combate à corrupção, o que questionamos é a maneira de se fazer esse combate. Os que têm visão punitiva e se portam como "salvadores da pátria" usam essa espetacularização para se promover e criar um fosse entre as pessoas.

Irresponsavelmente, passam a mensagem, com apoio de parte da mídia, de que quem critica os excessos é contra o combate à corrupção. Sentem-se com o monopólio da virtude e da verdade. Costumo dizer que não admito que juiz, procurador ou delegado algum diga que quer o combate à corrupção mais do que eu, ou do que o cidadão comum.

Como fazer esse combate é que definirá qual país vai sair deste momento punitivo. Se fizermos o combate como quer parte dos operadores da Lava Jato, com a prisão preventiva como regra, com a banalização das delações, com a espetacularização do processo penal, com a criminalização da política, nós teremos como saldo um país obscurantista.

Se, porém, fizermos o mesmo combate com o respeito aos direitos individuais e à Constituição, sairemos um país mais solidário, justo e igual. Precisamos acreditar nisso e nos posicionar nesta hora triste. É como o poeta fala sobre a utopia. A utopia é como o horizonte. Você anda dois passos, e o horizonte se afasta dois passos. Você anda dez passos, e o horizonte se afasta dez passos. Então, para que serve a utopia? Serve para caminhar. Se caminharmos juntos, terá valido a pena.

O suicídio é uma rendição absoluta. E, infelizmente, a história mostra que um suicídio normalmente leva a outros As pessoas que foram subjugadas, humilhadas, se sentem com "coragem" para também demonstrarem que o escárnio passou de todos os limites. Precisamos usar essa "coragem" para fazer o enfrentamento e para lutarmos contra os excessos. Ja vi pessoas que fizeram delação e que hoje viraram zumbis, sem alma, sem autoestima. Sem espaço na sociedade. Outros que sofreram prisões desnecessárias e que, mesmo soltos, vivem como encarcerados.

É como se andassem com um bilhete no bolso anunciando que morreram, sem que a morte os tenha levado de fato. Tristes e estranhos tempos.

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https://cadernospoliticos.wordpress.com/2017/10/13/o-doloroso-caminho-de-um-adeus/

O doloroso caminho de um adeus

De Florianópolis | Por Hélio Rodak de Quadros Júnior
Decidi começar a escrever sobre estes dias tensos e intensos na universidade, sob o ponto de vista de alguém que foi um adversário político de Luiz Cancellier. Ao contrário de muitos amigos e familiares, as minhas histórias com o Cau eram permeadas por cotidianas disputas políticas, conflitos, competições, críticas ácidas e sutis provocações mútuas; tudo isso em meio a uma linguagem e conjunto de regras incompreensíveis à maior parte da comunidade universitária. Contudo, ao contrário das aparências, aquele mundo de disputas não tinha em si uma atmosfera de ódio e rancor. Era como um eterno clima de final de campeonato, onde o maior prazer era enfrentar um adversário à altura, que lhe fizesse uma goleada em um piscar de olhos caso você deixasse a defesa desprotegida.
Quem acompanhou mais de perto os bastidores da política UFSCiana sabe como era sensacional enfrentar as articulações que o Cau fazia. Ele era político, tinha tesão pela política e não tinha problema nenhum em se assumir como um ser político. Ao contrário de muitos docentes puritanos (aqueles que parecem tratar política como “coisa pecaminosa”, uma “mancha” na carreira acadêmica), o Cau parecia ter um ímã político em seu coração, uma coisa magnética com a política e essa vida universitária. Algo tão forte que cativava ele e uma série de outras pessoas ao seu redor.
Quem teve a honra de sentar-se à mesa com ele, numa noite no tradicional Bar do Silvinho, sabe como ele gostava de falar dessas coisas, e isso bem antes de ter chegado a discussão da eleição da Reitoria em 2015. Quando chegou a época da eleição da Reitoria, muitos o criticavam por ser um daqueles docentes que se misturavam com os alunos e os “servidores” (apelido clássico dado aos TAEs), sendo “flagrado” tomando uma cerveja ou fumando um cigarro com aquela gente. Cancellier parecia escandalizar uma série de docentes por não se encaixar naquela tradicional figura de um acadêmico distante do mundo e das pessoas. Talvez fosse difícil para muitos daqueles professores compreender que justamente uma das suas capacidades mais destacadas era esse dom de fazer do “comum” algo especial, e das pessoas comuns pessoas especiais.
Ele tinha este dom de não estourar, de se jogar no meio da fogueira e saber não entrar em chamas. Eu sempre combati essa coisa que ele chamava de “pacificação universitária”, de conversas discretas, conciliações. Minha pirotecnia textual nas redes sociais e as minhas ações “bombásticas” pareciam não fazer efeito ante a calmaria conduzida por este líder. Cancellier aparecia como o sereno sol a acalentar desamparados, e eu era como aquela tempestade indesejada, que chega de surpresa para estragar a festa alheia.
A morte de Cancellier me chegou como algo pesado, violento, impactante. Eu vi que muitos, assim como eu, tiveram uma certa dificuldade para falar, de externalizar sua dor. De modo discreto, sem querer dar alarde, eu chorei, e chorei muito, sentindo-me profundamente impotente. Eu era um adversário chato, uma pedra no seu sapato. Sobre os atos de sua Administração eu me movia a criticar, a protestar, a fazer textões pesados, a fazer piadas, brincadeiras…
De repente tudo isso desaparece, de modo discreto e rápido. A queda dentro de um shopping, no que seria mais um dia comum em Florianópolis. Olhei para a minha caneta, geralmente tão leve e fácil de manusear, parecia uma imensa pedra, imóvel. As linhas de meu caderno não conseguiam ser preenchidas, não havia mais o que dizer.
Em 2 de outubro, no meu setor de trabalho, meu chefe comunica que estávamos dispensados, que aquela segunda seria dia de luto e que voltaríamos nos próximos dias. No Hall da Reitoria uma imensidão de pessoas, a espera de alguma orientação do que viria ao longo do dia. Eu queria escrever, falar das coisas que eu já havia dito em outros textos, mas eu sabia que de nada adiantaria naquela hora: o Cau não veria os meus textos, ele não retornaria, não haveria mais nada que pudéssemos dizer um ao outro, nem que fosse para ele me cobrar que eu estava pegando no seu pé. Por mais difícil que me fosse admitir, uma parte de mim simplesmente havia perdido a sua razão de ser.
Eu olhava a multidão chegando para aguardar o velório, fiquei impressionado com a quantidade de pessoas que queriam bem o Cau. Vi uma série de jovens preparando as suas homenagens, inclusive uma oração indígena muito bonita. Quando o caixão chegou, a multidão formou um longo corredor para receber o Reitor, que entraria na Reitoria pela porta da frente. Naquela tarde, mesmo sabendo que não era permitido àquele professor pisar no campus por ordem da Justiça, garantiu-se que ele pisaria no campus e ocuparia um lugar de honra. Ainda que de uma forma simbólica, Cancellier era reintegrado à casa da qual ele fora banido por força da Lei, e acolhido nos braços da comunidade universitária com a qual fora proibido de conviver. Ali se manifestava um autêntico gesto de autonomia universitária: independente do que impusesse a força da Lei, um professor que não fosse julgado e condenado não poderia ser privado de pisar na casa onde leciona, e menos ainda de ter contato com as pessoas que dão sentido ao seu ofício de educador.
Na manhã do dia seguinte, terça, 3, outro autêntico gesto de autonomia. A UFSC convocava seu Conselho Universitário para uma sessão aberta, aos moldes de um ato civil e político. Naquela sessão solene, lotada no Centro de Eventos, falou-se abertamente sobre o espetáculo midiático, sobre as mãos invisíveis que empurram uma vida, sobre os medos que temos, sobre o ódio manifesto nas redes sociais e nos jornais, sobre os abusos da Lei, sobre a pátria violentada, sobre as prisões injustas e as condenações antecipadas. Naquela manhã falamos publicamente que o país vai mal, que as universidades públicas estão sendo desqualificadas, que vivemos sob um Estado Policial, que as polícias também matam, que é preciso viver o luto e que também é preciso lutar. Falamos em enfrentar ditaduras, falamos em fazer grandes assembleias, em defender a universidade pública. Falamos em combater novos “Hitlers” ou novos “Mussolinis”.
Tomando como referência aquela sessão tímida e acuada do Conselho Universitário em 26 de setembro, quando a UFSC parecia se orgulhar de “nada fazer” em relação ao banimento de seu Reitor; algo cresceu nessa comunidade naquele dia 3 de outubro. O posicionamento de apoio a Cancellier chegou tardiamente, isso é fato. E também é fato que o gesto de Cancellier despertou em uma comunidade coragem para estabelecer certos limites e para defender certas causas. Em toda a minha participação nesta casa desde 2003, não me recordo de ter visto uma sessão do Conselho Universitário com tamanha envergadura política.
Ainda naquele mesmo dia 3, após a sessão pública do Conselho, realizou-se uma carreata até o Cemitério Jardim da Paz, que ficou lotado para o enterro e a última despedida de Cancellier. Uma série de pessoas compareceu, desde as pessoas mais humildes até as grandes autoridades do Estado. Depois do caixão ter sido enterrado, uma pequena montanha de coroas de flores é construída sobre aquele pedaço de chão que selava o corpo do Reitor.
Era difícil dizer adeus, bem como era quase impossível acreditar que aquilo tudo estava acontecendo. Não adiantaria mais fazer um piquete ou protesto em frente ao gabinete, ele não estaria lá. Não adiantaria um textão criticando “n” coisas da Reitoria, soaria como mero monólogo, uma carta que não chegaria ao seu destinatário. Ele não estaria mais nos corredores da UFSC e tampouco no Bar do Silvinho.
Nos dias que se seguiram, era uma sensação estranha, um caminhar sem rumo pelo campus na expectativa de que algo acontecesse. Acho que nunca conversei com tanta gente nestes últimos dias sobre um mesmo assunto, e fiquei impressionado com a minha incapacidade de publicar algo neste período. Fiquei com medo de dizer algo que não devesse, fiquei com medo de começar a escrever e voltar à memória toda aquela sensação de impotência. Talvez eu devesse ter dito algo, mas o fato é que eu simplesmente não consegui, e não tenho problemas em reconhecer isso.
Por mais estranho que fosse isso tudo, depois daquele duro adeus e dias em que eu fiquei imóvel, eu tentei praticar um pouco daquilo que o Cau tentou me ensinar sobre momentos delicados na UFSC, essa coisa complexa do “diálogo”: sem pretender convencer os outros de meu ponto de vista, procurei por em prática essa coisa de conversar, tanto com aqueles com quem tenho grande amizade até aqueles com quem tive uma série de brigas no passado. E me dei conta de que isso foi muito importante.
Ao tentar praticar esta lição do Cau, descobri que não era apenas eu que me sentia tomado por essa sensação de impotência e que tinha uma dificuldade de dizer que a perda do Cau era uma dor muito profunda. Na medida que eu me permiti conhecer outras pessoas e compartilhar com elas essas dores, fiquei impressionado com o tamanho do preconceito que eu tinha com muitas delas. Era como se eu nunca tivesse me permitido sair dessa pose de “crítico foda”, quando no fundo eu simplesmente era incapaz de assumir as minhas próprias fraquezas e limitações. Criticar o trabalho alheio, eu reconheço, sempre foi mais fácil do que trabalhar a minha própria ação.
Talvez eu pudesse ter feito algo no passado que mudasse o desfecho desta história, e eu sei melhor do que ninguém o que é carregar para o resto da vida essa dúvida e a sensação de que em minhas mãos está parte do “sangue” daquele que foi um dos meus maiores adversários políticos na UFSC. Sem rodeios, eu vejo que eu me encaixaria naquela descrição das “mãos invisíveis” que ajudaram a “empurrar” o Cau, ou daquelas que nada fizeram para impedir que isso ocorresse.
Contudo, e acho que esta é a parte em que devo dar o braço a torcer e reconhecer que o Cau tinha razão: a prática desse tal de “diálogo” foi crucial para eu não ter sido consumido por minhas próprias inquietações, delírios e remorsos. Ao longo destes dias pesados, encontrei uma série de pessoas tomadas por uma sensação semelhante, como se nós não tivéssemos feito tudo o que estava ao nosso alcance para ter evitado a tragédia de 2 de outubro. Ao contrário dos meus medos mais infundados, como o de que falar sobre as minhas dores com os outros seria algo ruim, percebi que quanto mais eu compartilhei esta “ferida aberta” com os outros, assim como os outros compartilharam isso comigo, percebi que mais leve e suportável se tornou esse fardo de caminhar, de seguir em frente.
Talvez o Cau soubesse melhor do que ninguém das insuficiências e limitações da comunidade universitária em assuntos como esse, e uma das coisas que mais me admirou foi a sua persistência de encorajá-la ao longo de todo esse tempo em que foi Reitor. Cau pode ter tido lá as suas contradições, mas sua ação cotidiana encorajou uma série de pessoas simples e comuns a assumirem novas responsabilidades. Falo de pessoas as quais eu, no alto de minha arrogância e estrelismo político, por diversas vezes tomei como “caso perdido”. Cau, por outro lado, agregou estas pessoas e as engajou, cativou-lhes e incutiu-lhes vontade e ambição – mostrando o quanto eu estava errado e carregado de preconceitos. Na ação de Cau, o lema “A UFSC pode mais” não se tratava de mero slogan, era a síntese programática de uma liderança política que colocou sua ambição e sua determinação em curso. Uma liderança que faz muita falta, uma pessoa cuja falta é sentida profundamente até mesmo pelos seus adversários.
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#EXCLUSIVO | Descoberta ficha confidencial de reitor morto em arquivos da repressão
Quando jovem, ele sobreviveu ao golpe militar, ao episódio da Novembrada, às perseguições políticas da ditadura militar contra estudantes e opositores dos partidos clandestinos. Mas não conseguiu sobreviver à...



Quando jovem, ele sobreviveu ao golpe militar, ao episódio da Novembrada, às perseguições políticas da ditadura militar contra estudantes e opositores dos partidos clandestinos. Mas não conseguiu sobreviver à fúria dos liberais que tomaram o poder no Brasil, nem ao regime de exceção disfarçado que sorrateiramente suprimiu o Estado Democrático e de Direito. Gentil e conciliador, Luiz Carlos Cancellier perdeu a radicalidade da juventude e apostou numa política de gestão de consenso, que pretendia fazer aliança de todas as tendências em prol de uma universidade desenvolvimentista. E foi nessa fase mais de centro de sua vida republicana que ele pior sentiu os horrores da supressão das liberdades e do uso da justiça como instrumento de difamação e de repressão.


Em dezembro passado, o estudante de jornalismo da Universidade Federal de Santa Catarina, Mateus Bandeira Vargas, defendeu um Trabalho de Conclusão de Curso sobre os impactos da ditadura militar na universidade, publicado em forma de livro sob o título “Dossiê UFSC; as ações da ditadura na Universidade Federal de Santa Catarina”. Nessas pesquisas, Mateus descobriu no Arquivo Público de São Paulo um fichamento político do reitor na Secretaria de Segurança Pública de Santa Catarina, datado de 1981. Segundo a espionagem, Cao apresentava “tendências de esquerda em todas as suas atividades” desde que ingressou no Curso de Direito da UFSC. Registra como atividade suspeita a entrevista feita por Cancellier, já como jornalista de “O Estado”, a Salomão Malina, último secretário-geral do Partido Comunista Brasileiro antes da cisão que deu origem ao Partido Popular Socialista (PPS), ao qual o reitor passou a pertencer.
O enquadramento repressivo do reitor aparece junto com outros fichamentos, como o do cartunista Sérgio Bonzon, do extinto jornal “O Estado” e membro do conselho editorial do jornal alternativo “Afinal”, também extinto. Consta ainda a delação de Roberto João Motta, advogado e professor da UFSC já falecido, preso em 1975 pela Operação Barriga Verde, que atuou na defesa dos estudantes presos na Novembrada. A lista dos arapongas que vasculharam a vida de milhares de cidadãos brasileiros cita ainda Márcia Denise Jakimiu, na época estudante de Medicina, que segundo a “deduragem”, participou de Congresso da UNE e atuou no movimento grevista de professores universitários. O relatório cita todos como pertencentes ao Partido Comunista Brasileiro e traz anexadas também fotos dos caguetados em reuniões e manifestações públicas, tiradas por agentes dos órgãos de segurança.
Como mostra o livro, as delações não param por aí: um braço do SNI dentro da universidade atuava também na perseguição de estudantes, professores e servidores que participavam de movimentos sociais. Conta Mateus, no capítulo referente à presença de Prestes na UFSC:
“Em maio de 1983, Luiz Carlos Prestes participou de cerimônia na UFSC pelo centenário de Karl Marx. Os passos do gaúcho que cruzou o país com a sua coluna contra a República Velha foram acompanhados por órgãos de segurança e informações na capital catarinense. O diretor da ASI/UFSC, José Antônio Ceccato ficou responsável pela transcrição da palestra e por identificar militantes em fotos. Entre os apontados, está Luis Carlos Cancellier, atual reitor da universidade, à época ligado ao movimento estudantil e PCB”.
A pesquisa do estudante mostra que mesmo depois da abertura, os órgãos de informação continuaram alcaguetando a vida política dos membros da universidade com interesses escusos. Esses fichamentos eventualmente serviam para efetuar demissões ou prejudicar os denunciados em concursos, nomeações, processos judiciais, conforme tem analisado a Comissão da Verdade e Memória da UFSC com farta documentação e testemunhos.
Como exemplo análogo dos antigos fichários dos porões da ditadura, forjados com dinheiro público, o linchamento moral que vitimou o reitor tem sido usado como estratégia moderna de terrorismo de Estado para arruinar a reputação dos que estão à frente de instituições públicas. Através de um conluio entre a mídia, justiça e aparatos de repressão, esses ataques têm como alvo principalmente os organismos que representam a garantia de direitos essenciais de cidadania, como saúde, assistência social, educação, energia. Sobretudo as universidades públicas que primam por sua independência crítica e autonomia, garantida pelo artigo 207 da Constituição Federal, tem sido achacadas pelo estado policialesco que ganhou força com o golpe de 2016.
O link para baixar o arquivo confidencial completo do SNI com todos os fichamentos.
https://we.tl/1Djrny8RH1 #MemoriaEverdade #DitaduraNuncaMais


Fotos: Celso Martins (reitor quando jovem); Agecom\UFSC (Cerimônias de velório e enterro)

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https://jornalistaslivres.org/2017/10/ufsc-afasta-responsavel-pela-deduragem-que-matou-reitor-cancellier-e-instaura-sindicancia/

UFSC afasta responsável pela calúnia que matou reitor e instaura sindicância
Portaria determina investigação dos fatos que levaram à morte de Luiz Cancellier em 60 dias e afasta corregedor de todas as suas atividades
21 outubro, 2017

Ao completar 18 dias do suicídio que abalou o país, a Reitoria da Universidade Federal de Santa Catarina tomou, na sexta-feira (20/10), a primeira medida efetiva contra o processo de deduragem, calúnia e abuso de autoridade que levou o professor Luiz Carlos Cancellier a denunciar com a própria vida um estado de exceção sem saída. A medida que acena com alguma justiça para Cancellier determina a instauração de uma Comissão de Processo Administrativo Disciplinar para apurar os fatos que culminaram com a prisão, linchamento moral do reitor e interdição do seu acesso à universidade, sem direito de defesa nem respeito às garantias constitucionais do Estado Democrático e de Direito.
Assinada pelo chefe de gabinete, Áureo Moraes, a Portaria de Número 12. 2353 determina ainda, o afastamento imediato, pelo prazo de 60 dias  do corregedor da instituição, Rodolfo Hickel do Prado de todas as atividades e funções junto à universidade. Servidor público federal da Advocacia Geral da União, Hikel foi o grande pivô de toda a tragédia, na condição de responsável pela denúncia de obstrução da justiça pelo reitor que sustentou a sua prisão por um contingente de 120 agentes da Polícia Federal na manhã do dia 14 de setembro. Nomeado na gestão anterior, da reitora Roselane Neckel, o corregedor encaminhou a “deduragem” contra o reitor e outros seis integrantes da comunidade universitária à Controladoria Geral da União.
A mesma portaria nomeia os membros da Comissão de Processo Administrativo Disciplinar, com prazo de até 60 dias para concluir as investigações. O professor do Curso de Direito, Carlos Araújo Leonetti, presidirá a comissão, integrada pelo professor da Engenharia Civil, Glicério Trichês e o professor de Engenharia Mecânica, Rolf Bertrand Schroeter. Seu dever, segundo o documento, é “apurar os fatos relatados no processo e eventuais infrações conexas que surgirem no decorrer das apurações”. Conciliador e amigo do diálogo, o jurista que defendia uma universidade pluralista foi envolvido na Operação “Ouvidos Moucos”, comandada pela delegada Érika Marena, natural de Curitiba, apontada como autora do nome de batismo da Lava-Jato, que processa o jornalista Marcelo Auler por tê-la denunciado em manifestações a favor de Aécio Neves e contra o PT nas redes sociais.
Imediatamente após a prisão dos seis indiciados, os supostos desvios e irregularidades na aplicação de verbas do Programa Universidade Aberta tornaram-se uma sentença de condenação moral jurídica, policial e midiática, na qual o reitor foi a vítima fatal. De uma denúncia de obstrução de investigação judicial, o reitor passou a ser linchado na grande mídia como responsável pelo desvio de verbas envolvendo o destino de bolsas de estudo para a Educação a Distância do curso de Administração, ocorridas dez anos antes da sua gestão. A quantia de R$ 80 milhões, correspondente ao valor total do Programa Universidade Aberta ao longo dessa década, foi “confundida” nas notícias de grandes veículos nacionais de comunicação (como Rede Globo e Folha de S. Paulo), com o possível desvio de R$ 500 mil, que ainda estava sendo apurado. O erro continuou sendo repetido, mesmo depois de esclarecido pela própria Justiça Federal.
No culto ecumênico, realizado em homenagem à memória do reitor, o irmão Júlio Cancellier cobrou em seu discurso a instauração da sindicância à vice-reitora Alacoque Lorenzini Erdmann, que foi confirmada como sua substituta pelo Conselho Universitário. Falando em nome da família e dos amigos, Júlio solicitou que a investigação apure os fatos para devolver à vítima sua dignidade. “Queremos que seja provado se ele agiu errado ou seja publicamente reconhecida sua inocência”.
Preso, algemado, submetido a exame vexatório nu e libertado no dia seguinte, junto com os demais indiciados, o jurista Luiz Cancellier foi proibido de entrar no campus por determinação da Juíza Federal Janaína Cassol Machado, como se representasse um perigo. Morando ao lado da universidade, onde foi militante estudantil nos anos de chumbo, formou-se bacharel, mestre, doutor em Direito, diretor do Centro de Ciências Jurídicas e por fim reitor, Cancellier entrou em sofrimento físico e emocional e passou a tomar remédios antidepressivos. Afastado dos amigos, dos companheiros de trabalho e impedido inclusive de receber ajuda espiritual, declarou publicamente em artigo no jornal O Globo que estava sofrendo um exílio insuportável. “A minha morte foi decretada quando fui banido da universidade”, deixou escrito num bilhete encontrado no bolso de sua calça.
A condenação de morte do reitor deu origem a um movimento crescente chamado Floripa Contra o Estado de Exceção, que reúne agremiações suprapartidárias, entidades, organizações e instituições em defesa dos direitos humanos, personalidades, profissionais, professores, alunos e amigos do reitor. Com a perspectiva de tornar-se uma grande frente nacional em defesa do Estado Democrático e de Direito e da Autonomia Universitária, o coletivo luta pela aprovação da Lei Cancellier Contra o Abuso de Poder e pela responsabilização das autoridades policiais, jurídicas e administrativa envolvidas. Uma faixa denunciando a morte do reitor como vítima do estado de exceção foi afixada na fachada do Centro de Cultura e Eventos, na entrada da SEPEX, Feira de Ensino, Pesquisa e Extensão da UFSC, que encerra hoje, com a circulação de cerca de dez mil pessoas. O comitê está recolhendo assinaturas em apoio ao seu manifesto pelo endereço floripacontraestadodeexceção@gmail.com
Veja o manifesto:
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Bob Fernandes/Documentário: o suicídio de Reitor Cancellier e o ferir a lei em nome da lei

Estreou nas redes sociais o documentário "Em nome da Inocência: Justiça". 

Documentário sobre o suicídio de Luiz Carlos Cancellier. Dirigido por Sergio Giron e Edike Carneiro. 

Reitor da Universidade Federal de Santa Catarina, Cancellier se matou há dois meses.          

Depois de ser preso sem acusação formal, sem ser réu e sem ter sido ouvido pela justiça. Foi preso, posto nu, submetido à revista íntima. Solto foi proibido de entrar na Universidade.

Prisão arbitrária. Sob suspeita de tentativa de obstruir uma investigação. De um caso de 10 anos antes da sua gestão. 

Nos dias da prisão, escândalo nacional: "Roubalheira", "80 milhões"... Um pedaço de fato e muita mentira. 

A Operação da Polícia Federal se chamou "Ouvidos Moucos". Ou seja: Ouvidos Surdos.

Passados quase 60 dias, silêncio sobre a sequência de erros e sobre Cancellier. Nem um pio de agentes de Estado. E não foram poucos os chamados a operar.

Da Polícia Federal, 105 policiais para prender Cancellier e mais seis.  O documentário elenca os que, entendem os autores, teriam se envolvido em decisões...
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...O corregedor na Universidade, e "adversário político" de Cancellier, Rodolfo Hickel do Prado... 

...A delegada Erika Marena, ex-estrela na Operação Lava Jato, e a Juíza Janaína Machado.

Nunca é demais lembrar: algo como 40% dos 620 mil presos do Brasil não têm culpa formada. Fosse Cancellier um pobre da periferia nem ouviríamos falar. 

Nessa tragédia, ilegalidades em nome do combate à corrupção. E segue se multiplicando o ferir a lei em nome da lei.  

Some-se a dribles na lei por parte de quem aplica a lei. No serviço público o teto salarial é o dos ministros do Supremo: R$ 33.763. 

Incontáveis reportagens Brasil afora: há juízes que, ao menos uma vez por ano, recebem mais de R$ 100 mil. 

Resultado de penduricalhos acrescidos ao salário. Tudo, claro, tornado dentro da lei. Mas tudo profundamente imoral se feito por qualquer cidadão dito "comum". 

Sempre a certeza dos "Ouvidos Moucos", dos olhos vendados e do temor reverencial.

Em nome da inocencia Justiça

São precisos poucos minutos para destruir a honra de um homem, pois em instantes, rótulos são violentamente colocados em corpos e mentes. A truculência fere a cidadania. A verdade transformou-se em produto descartável e com etiqueta de preço. Um homem que viveu como se a UFSC fosse a sua casa, foi arbitrariamente proibido de frequentá-la. Violou-se direitos humanos, rasgaram os processos legais, sem julgamento foi condenado, humilhado e preso. Quando disse sim ao desafio, também estava dizendo sim a minha consciência, as minhas convicções e meus princípios éticos.




CDH - Luiz Carlos Cancellier - 21/11/2017



 Homenagem no Senado Federal ao Reitor Cancellier e fim do abuso de poder no Brasil.



Melhor amigo do Reitor Cancellier está revoltado: Cadê o crime, delegada? PARTE 01 - INFODIGIT-PC

A Lava Jato é o maior suspeito!
Na segunda parte da entrevista sobre o reitor Luiz Carlos Cancellier, vítima dos excessos do Judiciário brasileiro, o desembargador Lédio Rosa de Andrade trata sobre a Operação Ouvidos Moucos da Polícia Federal e as possíveis consequências para os responsáveis.


Manifestação no Senado de solidariedade ao reitor Cancellier



Padre denuncia abuso na prisão de Reitor Cancellier



A SOCIEDADE E O ESTADO MATARAM O REITOR CANCELLIER
Segundo o criminalista Fábio Simantob, é hora de rever a forma como se usa a prisão preventiva no Brasil: "É preciso rever a forma como se pune antecipadamente no país, é preciso rever essa publicidade excessiva em cima do processo penal, é preciso prever essa exposição do réu a qualquer custo. É preciso rever essa barbárie que se tornou o processo criminal no Brasil."


UFSC Cidade - 06/10/17 - [EDIÇÃO CANCELLIER]
A edição de hoje faz um resumo da semana que marcou tristemente a história da Universidade Federal de Santa Catarina.



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Especial: É tudo um assunto só!

Outro dia discutindo sobre as manifestações do dia 15, sobre crise do governo e a corrupção da Petrobrás eu perguntei a ele se tinha acompanhado a CPI da Dívida Pública. Então ele me respondeu: Eu lá estou falando de CPI?! Não me lembro de ter falado de CPI nenhuma! Estou falando da roubalheira... A minha intenção era dizer que apesar de ter durado mais de 9 meses e de ter uma importância ímpar nas finanças do país, a nossa grande mídia pouco citou que houve a CPI e a maioria da população ficou sem saber dela e do assunto... Portanto não quis fugir do assunto... é o mesmo assunto: é a política, é a mídia, é a corrupção, são as eleições, é a Petrobras, a auditoria da dívida pública, democracia, a falta de educação, falta de politização, compra de votos, propina, reforma política, redemocratização da mídia, a Vale, o caso Equador, os Bancos, o mercado de notícias, o mensalão, o petrolão, o HSBC, a carga de impostos, a sonegação de impostos,a reforma tributária, a reforma agrária, os Assassinos Econômicos, os Blog sujos, o PIG, as Privatizações, a privataria, a Lava-Jato, a Satiagraha, o Banestado,  o basômetro, o impostômetro, É tudo um assunto só!...


A dívida pública brasileira - Quem quer conversar sobre isso?


Escândalo da Petrobrás! Só tem ladrão! O valor de suas ações caíram 60%!! Onde está a verdade?

A revolução será digitalizada (Sobre o Panamá Papers)


O tempo passa... O tempo voa... E a memória do brasileiro continua uma m#rd*


As empresas da Lava-jato = Os Verdadeiros proprietários do Brasil = Os Verdadeiros proprietários da mídia.

Desastre na Barragem Bento Rodrigues <=> Privatização da Vale do Rio Doce <=> Exploração do Nióbio



Trechos do Livro "Confissões de um Assassino Econômico" de John Perkins 

Meias verdades (Democratização da mídia)

Spotniks, o caso Equador e a história de Rafael Correa.

O caso grego: O fogo grego moderno que pode nos dar esperanças contra a ilegítima, odiosa, ilegal, inconstitucional e insustentável classe financeira.



UniMérito - Assembleia Nacional Constituinte Popular e Ética - O Quarto Sistema do Mérito 

Jogos de poder - Tutorial montado pelo Justificando, os ex-Advogados Ativistas
MCC : Movimento Cidadão Comum - Cañotus - IAS: Instituto Aaron Swartz

TED / TEDx Talks - Minerando conhecimento humano




Mais desse assunto:

O que tenho contra banqueiros?! Operações Compromissadas/Rentismo acima da produção

Uma visão liberal sobre as grandes manifestações pelo país. (Os Oligopólios cartelizados)

PPPPPPPPP - Parceria Público/Privada entre Pilantras Poderosos para a Pilhagem do Patrimônio Público



As histórias do ex-marido da Patrícia Pillar

Foi o "Cirão da Massa" que popularizou o termo "Tattoo no toco"

A minha primeira vez com Maria Lúcia Fattorelli. E a sua?

As aventuras de uma premiada brasileira! (Episódio 2016: Contra o veto da Dilma!)  

A mídia é o 4° ou o 1° poder da república? (Caso Panair, CPI Times-Life)

O Mercado de notícias - Filme/Projeto do gaúcho Jorge Furtado



Quem inventou o Brasil: Livro/Projeto de Franklin Martins (O ex-guerrilheiro ouve música)

Eugênio Aragão: Carta aberta a Rodrigo Janot (o caminho que o Ministério público vem trilhando)


Luiz Flávio Gomes e sua "Cleptocracia"



Comentários políticos com Bob Fernandes. 

Quem vamos invadir a seguir (2015) - Michel Moore


Ricardo Boechat - Talvez seja ele o 14 que eu estou procurando...

Melhores imagens do dia "Feliz sem Globo" (#felizsemglobo)

InterVozes - Coletivo Brasil de Comunicação Social



Sobre Propostas Legislativas:

Manifesto Projeto Brasil Nação

A PLS 204/2016, junto com a PEC 241-2016 vai nos transformar em Grécia e você aí preocupado com Cunha e Dilma?!

A PEC 55 (antiga PEC 241). Onde as máscaras caem.

Em conjunto CDH e CAE (Comissão de Direitos Humanos e Comissão de Assuntos Econômicos)

Sugestão inovadora, revolucionária, original e milagrosa para melhorar a trágica carga tributária brasileira.


Debates/Diálogos:

Debate sobre Banco Central e os rumos da economia brasileira...

Diálogo sobre como funciona a mídia Nacional - Histórias de Luiz Carlos Azenha e Roberto Requião.

Diálogo sobre Transparência X Obscuridade.

Plano Safra X Operações Compromissadas.

Eu acuso... Antes do que você pensa... Sem fazer alarde...talvez até já tenha acontecido...


Depoimento do Lula: "Nunca antes nesse país..." (O país da piada pronta)
(Relata "A Privataria Tucana", a Delação Premiada de Delcidio do Amaral e o depoimento coercitivo do Lula para a Polícia Federal)

Democratizando a mídia:

Entrevistas e mais entrevistas na TV 247


Entrevistas e depoimentos na TVT/DCM


Um ano do primeiro golpe de estado no Brasil no Terceiro Milênio.

Desastre em Mariana/MG - Diferenças na narrativa.

Quanto Vale a vida?!

Como o PT blindou o PSDB e se tornou alvo da PF e do MPF - É tudo um assunto só!


Ajuste Fiscal - Trabalhadores são chamados a pagar a conta mais uma vez

Resposta ao "Em defesa do PT" 

Sobre o mensalão: Eu tenho uma dúvida!



Questões de opinião:

Eduardo Cunha - Como o Brasil chegou a esse ponto?



Sobre a Ditadura Militar e o Golpe de 64:

Dossiê Jango - Faz você lembrar de alguma coisa?


Comissão Nacional da Verdade - A história sendo escrita (pela primeira vez) por completo.


CPI da Previdência


CPI da PBH Ativos


Sobre o caso HSBC (SwissLeaks):

Acompanhando o Caso HSBC I - Saiu a listagem mais esperadas: Os Políticos que estão nos arquivos.


Acompanhando o Caso HSBC II - Com a palavra os primeiros jornalistas que puseram as mãos na listagem.


Acompanhando o Caso HSBC III - Explicações da COAF, Receita federal e Banco Central.



Acompanhando o Caso HSBC V - Defina: O que é um paraíso fiscal? Eles estão ligados a que países? 


Acompanhando o Caso HSBC VI - Pausa para avisar aos bandidos: "Estamos atrás de vocês!"... 


Acompanhando o Caso HSBC VII - Crime de evasão de divisa será a saída para a Punição e a repatriação dos recursos


Acompanhando o Caso HSBC VIII - Explicações do presidente do banco HSBC no Brasil

Acompanhando o Caso HSBC IX  - A CPI sangra de morte e está agonizando...

Acompanhando o Caso HSBC X - Hervé Falciani desnuda "Modus-Operandis" da Lavagem de dinheiro da corrupção.



Sobre o caso Operação Zelotes (CARF):

Acompanhando a Operação Zelotes!


Acompanhando a Operação Zelotes II - Globo (RBS) e Dantas empacam as investigações! Entrevista com o procurador Frederico Paiva.



Acompanhando a Operação Zelotes IV (CPI do CARF) - Apresentação da Polícia Federal, Explicação do Presidente do CARF e a denuncia do Ministério Público.

Acompanhando a Operação Zelotes V (CPI do CARF) - Vamos inverter a lógica das investigações?

Acompanhando a Operação Zelotes VI (CPI do CARF) - Silêncio, erro da polícia e acusado inocente depõe na 5ª reunião da CPI do CARF.

Acompanhando a Operação Zelotes VII (CPI do CARF) - Vamos começar a comparar as reportagens das revistas com as investigações...

Acompanhando a Operação Zelotes VIII (CPI do CARF) - Tem futebol no CARF também!...

Acompanhando a Operação Zelotes IX (CPI do CARF): R$1,4 Trilhões + R$0,6 Trilhões = R$2,0Trilhões. Sabe do que eu estou falando?

Acompanhando a Operação Zelotes X (CPI do CARF): No meio do silêncio, dois tucanos batem bico...

Acompanhando a Operação Zelotes XII (CPI do CARF): Nem tudo é igual quando se pensa em como tudo deveria ser...

Acompanhando a Operação Zelotes XIII (CPI do CARF): APS fica calado. Meigan Sack fala um pouquinho. O Estadão está um passo a frente da comissão? 

Acompanhando a Operação Zelotes XIV (CPI do CARF): Para de tumultuar, Estadão!

Acompanhando a Operação Zelotes XV (CPI do CARF): Juliano? Que Juliano que é esse? E esse Tio?

Acompanhando a Operação Zelotes XVI (CPI do CARF): Senhoras e senhores, Que comece o espetáculo!! ("Operação filhos de Odin")

Acompanhando a Operação Zelotes XVII (CPI do CARF): Trechos interessantes dos documentos sigilosos e vazados.

Acompanhando a Operação Zelotes XVIII (CPI do CARF): Esboço do relatório final - Ainda terão mais sugestões...

Acompanhando a Operação Zelotes XIX (CPI do CARF II): Melancólico fim da CPI do CARF. Início da CPI do CARF II

Acompanhando a Operação Zelotes XX (CPI do CARF II):Vamos poupar nossos empregos 



Sobre CBF/Globo/Corrupção no futebol/Acompanhando a CPI do Futebol:

KKK Lembra daquele desenho da motinha?! Kajuru, Kfouri, Kalil:
Eu te disse! Eu te disse! Mas eu te disse! Eu te disse! K K K


A prisão do Marin: FBI, DARF, GLOBO, CBF, PIG, MPF, PF... império Global da CBF... A sonegação do PIG... É Tudo um assunto só!!



Revolução no futebol brasileiro? O Fim da era Ricardo Teixeira. 




Videos com e sobre José Maria Marin - Caso José Maria MarinX Romário X Juca Kfouri (conta anonima do Justic Just ) 





Do apagão do futebol ao apagão da política: o Sistema é o mesmo



Acompanhando a CPI do Futebol - Será lúdico... mas espero que seja sério...

Acompanhando a CPI do Futebol II - As investigações anteriores valerão!

Acompanhando a CPI do Futebol III - Está escancarado: É tudo um assunto só!

Acompanhando a CPI do Futebol IV - Proposta do nobre senador: Que tal ficarmos só no futebol e esquecermos esse negócio de lavagem de dinheiro?!

Acompanhando a CPI do Futebol VII - Uma questão de opinião: Ligas ou federações?!

Acompanhando a CPI do Futebol VIII - Eurico Miranda declara: "A modernização e a profissionalização é algo terrível"!

Acompanhando a CPI do Futebol IX - Os presidentes de federações fazem sua defesa em meio ao nascimento da Liga...

Acompanhando a CPI do Futebol X - A primeira Liga começa hoje... um natimorto...

Acompanhando a CPI do Futebol XI - Os Panamá Papers - Os dribles do Romário - CPI II na Câmara. Vai que dá Zebra...

Acompanhando a CPI do Futebol XII - Uma visão liberal sobre a CBF!

Acompanhando a CPI do Futebol XIII - O J. Awilla está doido! (Santa inocência!)

Acompanhando a CPI do Futebol XIV - Mais sobre nosso legislativo do que nosso futebol



Acompanhando o Governo Michel Temer

Acompanhando o Governo Michel Temer I


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